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X FATECLOG - LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 X FATECLOG LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 AS DIFICULDADES LOGÍSTICAS NA EXPORTAÇÃO DE SOJA NO PORTO DE SANTOS CAROLINE PAES RICCI (FATEC ZONA SUL) carpricci@gmail.com JANAYNA ROCHA LIMA (FATEC ZONA SUL) janaynarlima@gmail.com MOACIR DE FREITAS JUNIOR (FATEC ZONA SUL) bicimo@uol.com.br RESUMO O Brasil tem no seu PIB uma grande participação do agronegócio, onde tal segmento é importante pela parcela que representa em sua balança comercial pois o país sempre divide a liderança no volume de produção dessas comodities com os Estados Unidos, sendo que, no ano de 2018 foi o segundo maior produtor de soja. Devido a esse volume, percebe-se a grande necessidade de ajustes nos processos de logística, principalmente no que diz respeito ao transporte e armazenamento. Os modais ferroviário e rodoviário utilizados no transporte de grãos no Brasil apresentam diversas precariedades, como rodovias sem pavimentação, malha ferroviária abandonada, pedágios, fretes com altos custos, etc. Tais problemas logísticos aumentam o custo para seu escoamento, tornando o país menos competitivo com relação aos concorrentes internacionais, principalmente o mercado americano. O presente artigo busca analisar tais dificuldades no escoamento deste produto para o Porto de Santos e apontar possíveis soluções como, maior investimento público em infraestrutura rodoferroviária e portuária, criação de novas rotas, redução da carga tributária e a maior utilização do modal hidroviário. PALAVRAS-CHAVE: Logística. Escoamento. Soja. ABSTRACT Brazil has a large share of its GDP in agribusiness, where this segment is important for the share it represents in its trade balance because the country always divides the leadership in the volume of production of these commodities with the United States, and in 2018 was the second largest soya producer. Due to this volume, one can see the great need for adjustments in logistics processes, especially regarding transportation and storage. The railway and road modalities used to transport grains in Brazil present several precarious conditions, such as unpaved roads, abandoned railroad tracks, tolls, high cost freights, etc. Such logistical problems increase the cost of their disposal, making the country less competitive in relation to international competitors, especially the American market. The present article seeks to analyze these difficulties in the disposal of this product to the Port of Santos and to point out possible solutions such as greater public investment in road and port infrastructures, creation of new routes, reduction of the tax burden and greater use of the waterway modal. KEYWORDS: Logistics. Flow. Soya. X FATECLOG - LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 X FATECLOG LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, tem havido um crescente interesse no conceito de agronegócio no país, principalmente da produção de Soja que de acordo com Brum et al (2005), maior atenção se dá tanto pelo volume físico e financeiro quanto pela necessidade empresarial de administração da atividade por parte dos produtores, fornecedores de insumos, processadores da matéria-prima e negociantes. No entanto, é perceptível as dificuldades logísticas encontradas no escoamento deste produto. A falta de planejamento logístico e estrutura nas rodovias e ferrovias por onde essa oleaginosa é transportada e sua movimentação no Porto de Santos, onde ela é carregada para exportação, comprova tal condição. As vias de chegadas estão cada vez mais complicadas e comprometidas, a falta de organização na chegada dos caminhões provoca grandes congestionamentos nas proximidades portuárias. Cabe salientar que a profundidade do canal não comporta navios de grande porte e a defasada infraestrutura atrasa a movimentação de carga dentro do porto (CAPACLE E RAMOS, 2010). Ainda para Capacle e Ramos (2010) essa ineficiência deve-se ao transporte rodoviário ser o mais utilizado e apresentar maior precariedade em seu sistema logístico, isso devido às rodovias em mal estado, pedágios e combustíveis com altos valores e perda no produto nos trajetos a longas distâncias. O transporte ferroviário, apesar de apresentar grande vantagem em relação aos demais, é subaproveitado pois, possui uma malha abandonada onde poucos investimentos foram gerados e de forma efetiva, tem poucas condições em sua infraestrutura para atender a demanda dessa commoditie onde também nenhum investimento efetivo em sua recuperação e manutenção é trabalhado, continuando a utilizar veículos com bastante tempo de uso e em más condições. Esses problemas atingem nosso meio econômico diretamente, pois as dificuldades no escoamento da Soja causam impacto no valor do frete, nos custos de produção e no quanto a soma desses custos devem repercutir no preço de venda do produto. Diante disso, este artigo visa identificar as dificuldades e apresentar possíveis soluções para que os processos logísticos sejam melhorados. Dessa forma, é de extrema importância a discussão sobre este tema, para que o país possa atingir um melhor desempenho diante seus concorrentes na produção, movimentação e exportação do grão. O presente artigo mostra o panorama da oleaginosa no Brasil, levando em consideração a logística envolvida para o transporte do produto e a identificação dos problemas encontrados durante o mesmo, como falta de estrutura em rodovias, portos e terminais de descarga, e propostas de soluções para que o escoamento seja mais ágil e eficiente para todos os envolvidos no processo. 2. EMBASAMENTO TEÓRICO 2.1 Produção de Soja Em 1914 surgiu o primeiro registro de cultivo de soja no Brasil em Santa Rosa, Rio Grande do Sul, no entanto, foi em 1940 que este cultivo obteve importância econômica com 640 alqueires de área cultivada, 450 toneladas e rendimento de 700 kg/ha. Ainda neste ano, a primeira indústria processadora de soja no Brasil foi instalada e, em 1949, o Brasil foi visto pela primeira vez, como produtor de soja nas pesquisas internacionais com produção de 25.000 ton. (EMBRAPA, 2003). X FATECLOG - LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 X FATECLOG LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 De acordo com Silva et al (2011), a partir dos anos 1970, a produção de soja no Brasil passou a ter grande relevância para o agronegócio, devido ao alargamento das áreas cultivadas e, principalmente pelo avanço de novas tecnologias utilizadas como incremento da produtividade. Em 1990, a cultura da soja passou por uma reestruturação ao longo de sua cadeia devido ao processo de modernização e implementação das tecnologias. Resultado disto foi o aumento da participação da cadeia agroindustrial da soja para a economia do Brasil, tornando- a essencial para o crescimento da renda, emprego e da exportação. Conforme dados da EMBRAPA (2018), o estado de Mato Grosso é líder na produção nacional de soja no Brasil com 31.887 milhões de toneladas, 9.519 milhões de área plantada e produtividade de 3.350 kg/ha. Segundo dados do IMEA (2018), esse estado tem 9,46% da produção mundial e 26% da produção nacional. Na safra2018/19, a expectativa é que Mato Grosso produza 32,32 milhões de toneladas, representando um recuo de 0,64% ou 207,2 mil toneladas em relação à safra 2017/18, conforme mostra a tabela 1. Tabela 1 – Soja: Estimativa de Produção Fonte IMEA 2018 – Unidade: Toneladas *Estimativa O desenvolvimento das exportações do agronegócio brasileiro deve-se ao empenho do governo e da iniciativa privada em estimular o produto e da melhoria competitiva da agricultura e pecuária nos últimos dez anos. Pode-se observar que a longo prazo, o Brasil poderá aumentar a sua produção agrícola devido a vários fatores, como áreas ainda inexploradas ou insuficiente exploradas no país que poderão ser utilizadas na produção agropecuária (SILVA et al., 2011). 2.2 Exportação de Soja no Brasil De acordo com IMEA (2015), nos últimos anos, as exportações mundiais de soja vêm crescendo devido ao avanço da oferta e consumo deste produto. Os principais players produtores de soja no mundo são os Estados Unidos e o Brasil e qualquer alteração no volume da safra nestes países impacta na oferta mundial do produto. O Brasil deverá exportar em torno de 72,30 milhões de toneladas, conforme previsão do CONAB (2018) na safra 2018/19, valor 1,36% menor que o estimado na safra 2017/18 de 73,30 milhões de toneladas conforme tabela 2 abaixo: X FATECLOG - LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 X FATECLOG LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 Tabela 2 - Exportação de Soja Mundo Fonte: USDA – CONAB 2018 Segundo a Abiove (2018), um dos mais importantes pilares da economia brasileira é o agronegócio. “É essencial não só em termos de participação no Produto Interno Bruto (PIB) e geração de empregos, mas também rende saldos positivos na balança comercial.” “O Brasil hoje é um país que alimenta o mundo. É um exportador de alimentos, o que mostra o sucesso das políticas aplicadas para a área agrícola ao longo dos anos” (AMARAL, 2018). 2.3 Logística da Soja No processo da logística é primordial a orientação e a estrutura de planejamento, buscando gerar um plano singular para o fluxo de produtos e de informação no decorrer de um negócio. O gerenciamento de cadeias de suprimentos firma-se nessas estruturas e procura criar vínculos com as coordenações existentes, isto é, fornecedores, clientes e a própria organização. Um dos objetivos das cadeias de suprimentos é reduzir ou eliminar os estoques de seguranças. Desta forma a logística da soja deve ser criteriosamente estudada e planejada para minimizar os custos do produto, visto que esta leguminosa percorre grandes distâncias até chegar aos equipamentos de distribuição e comercialização (SOARES, 2009). 2.3.1 Ferroviário O transporte ferroviário permite o carregamento de grandes volumes de mercadorias por longas distâncias, com custos fixos e variáveis baixos em relação ao transporte rodoviário (IPEA, 2010). Conforme Soares (2009), em 1996, com a conexão aos portos brasileiros, houve resultados positivos como o investimento na Ferronorte e ALL e redução no custo do frete devido a maior utilização da malha ferroviária brasileira. A ferrovia América Latina Logística (ALL) é uma das responsáveis por escoar soja de Mato Grosso, possui 21.300 km de extensão passando pelos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A Ferronorte é a mais utilizada para escoamento deste grão na região do Mato Grosso, chegando ao município de Alto Araguaia através da ponte rodo ferroviária sobre o Rio Paraná e ligando a malha ferroviária de São Paulo para chegar ao Porto de Santos. X FATECLOG - LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 X FATECLOG LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 2.3.2 Rodoviário A Soja possuindo um baixo valor agregado faz com que o valor do frete seja refletido no custo final do produto, sendo assim, o transporte deficiente e a falta de investimento geram maiores custos na logística do escoamento (SCHALCH, 2016). Lavorente (2011) afirma que, a BR-163 e a BR-364 são as principais rodovias utilizadas para seu escoamento. A BR-163 interliga o estado do Mato Grosso aos estados do Pará e Mato Grosso do Sul, e permite a saída sentido Porto de Paranaguá/PR. Já a BR-364 liga as áreas produtoras do Mato Grosso ao estado de Rondônia e permite a saída sentido Porto de Santos/SP. A Confederação Nacional do Transporte (2018) aponta que a grande maioria das estradas mato-grossenses estão em mau estado de conservação. Sua malha rodoviária apresentou apenas 372 km classificados como ótimo. A tabela 3 mostra a classificação geral da malha rodoviária do estado do Mato Grosso. Tabela 3 - Classificação do Estado Geral por Região e Unidade da Federação - 2018 (km) Fonte: CNT (2018) No ano de 1980 o Brasil sofreu grandes dificuldades econômicas o que resultou no abandono das políticas voltadas para infraestrutura de transportes. A precariedade das rodovias e a falta de investimento fez com que houvesse um aumento no custo de transporte da soja na região Centro-oeste e, como resultado, o Brasil apresenta valores maiores dos custos logísticos aplicados na sua distribuição, isso em comparação aos Estados Unidos, seu maior concorrente e a Argentina que, mesmo com menor volume, proporcionalmente também tem menor dispêndio nessa operação. (JUNK et al, 2005). Considerando a distância do centro produtor aos principais pontos de escoamento, temos como consequência a baixa utilização do modal hidroviário , modal esse com pequena participação, prejudicando a competitividade brasileira no mercado externo, pois dentre suas vantagens na utilização, apresenta menores custos em longas distâncias, consome menos combustível e tem capacidade para cargas mais volumosas (MAMEDE et al. 2017). Ainda para Mamede et al (2017) além dessas vantagens, o modal hidroviário também possui vantagem ambiental e econômica, e com um sistema mais eficiente é possível viabilizar o desenvolvimento de parques agroindustriais em regiões pouco habitadas. Como no modal rodoviário, necessário se faz grandes investimentos e maior aplicação de recursos em infraestrutura logística nas hidrovias brasileiras. 2.4 Porto de Santos No dia 02 de fevereiro de 1892, a Companhia de Docas de Santos (CDS) entregou os primeiros 260 m de cais à navegação mundial, onde no mesmo dia, atracou o vapor “Nasmith” de bandeira inglês, inaugurando assim o Porto de Santos. A partir deste evento, a cidade de X FATECLOG - LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 X FATECLOG LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 Santos se deparou diante uma nova fase, com construções de via férrea e armazéns para guardar as mercadorias (PORTO DE SANTOS, 2018). Atravessando todos os ciclos de crescimento econômico do país até os dias atuais, o porto desde sua inauguração não parou de se expandir. Mais de 1 bilhão de toneladas de cargas foi movimentada desde sua inauguração em 1892 até hoje conforme dados do Porto de Santos (2018). Gráfico 1 – Movimento geral do Porto de Santos Fonte: Porto de Santos (2018) Sua movimentação de carga de janeiro a julho de 2018 foi de 76.338.046 toneladas de acordo com dados do Porto de Santos (2018). Esse resultado demonstrou um aumento de 4,4%em relação ao primeiro semestre de 2017. O Porto de Santos é o único que possui todas as grandes linhas marítimas regulares, tendo isto como diferencial pois, consegue transportar mercadorias para qualquer parte do mundo. Em 2018, teve um total de embarques de 54,56 milhões de toneladas, crescimento de 2,9% em relação ao mesmo período de 2017. Com 21,55 milhões de toneladas, a soja (grãos e farelos) foi o produto que apresentou maior tonelagem, seguido do açúcar com 8,32 milhões t e do milho com 2,71 milhões t. (PORTO DE SANTOS, 2018). Essa crescente participação da soja no valor das transações comerciais internacionais pelo porto é acompanhada pelo crescimento da quantidade embarcada. Em 2018, o volume cresceu 3,1% em relação a 2017 de acordo com o Porto de Santos (2018), no entanto, os exportadores brasileiros de soja encontram uma precária infraestrutura como, falta de armazéns e estacionamentos para caminhões e espaço nos cargueiros, que chegam a ser 30% maior que a oferta (PONTES et al., 2009). 2.5 Problemas Logísticos Pode-se destacar que o grande problema da matriz de transporte está baseado no modal rodoviário. O acesso ao Porto de Santos apresenta congestionamento devido ao excesso de caminhões, gerando atrasos no embarque e desembarque da mercadoria (SANTOS, 2012). Ainda para Santos (2012), além disso, podemos verificar que há dificuldade na descarga em vias públicas, por espaços insuficientes nos terminais, dificuldades na logística e X FATECLOG - LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 X FATECLOG LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 armazenagem de cargas devido as linhas de ônibus coletivos que circulam próximo ao porto, falta de estacionamento para a frota, falta de acesso rápido à área portuária e precariedade nas rodovias. Esses fatores causam um aumento significativo nos custos do produto, diminuindo a competitividade brasileira no exterior. Os entraves portuários brasileiros também apresentam parcela de contribuição para diminuir a competitividade da soja brasileira, como por exemplo, o elevado custo das tarifas portuárias, demanda superior à capacidade instalada dos terminais e armazéns, falta de investimentos na ampliação de instalações portuárias e a limitação de profundidade do calado, impedindo a atracação de navios de maior porte em alguns portos (SANTOS, 2012). Desta forma, segundo Pontes et al (2009), os principais problemas logísticos são a falta de infraestrutura adequada e de equipamentos (carregadores de navios e esteiras) modernos para o carregamento e descarregamento dos navios, os grandes congestionamentos no acesso terrestre (rodoviário e ferroviário) ao porto durante o escoamento da safra de soja e no acesso marítimo (navios) para atracação durante o mesmo período. Para Santos (2012), no âmbito institucional e administrativo podemos identificar precariedade na infraestrutura portuária brasileira, quase 50% das empresas exportadoras do Brasil classificam a infraestrutura portuária como a mais deficiente. Há também, alto grau de burocracia por parte da Receita Federal no que diz respeito a liberação de carga, os fiscais se encontram em números insuficientes e existem valores altos nos custos de estivas, capatazias e praticagem. A malha ferroviária brasileira encontra-se malconservada e pouco extensa em comparação a demanda, além disso, há deficiência entre os concessionários devido a divergência de bitola e malhas, insuficiência de vagões que possuem idade média avançada e invasão da faixa de domínio das ferrovias nos centros urbanos e nos acessos aos portos. (PONTES, 2009). Conforme Santos (2012), os usuários desse modal, acabam sendo vítimas das dificuldades do transporte ferroviário e dos problemas de infraestrutura no Porto de Santos, como caminhões circulando e estacionando nas linhas do trem, falta de espaço físico e atrasos na liberação da carga. A administração destas dificuldades fica a cargo de um sistema obsoleto com diversas deficiências estruturais, não atendendo adequadamente ao crescimento do mercado interno e externo. Ainda de acordo com Santos (2012), o cenário atual do escoamento da soja que temos é de rodovias sem manutenção, pedágios e fretes com valores elevados, trechos abandonados na malha ferroviária, falta de intermodalidade entre alguns transportes, falta de prioridade para ajuste dos gargalos nos portos e principais rodovias para escoamento de grãos ainda sem pavimentos. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Pode-se observar que existem gargalos em todos os modais utilizados no escoamento da Soja no Brasil, o que vem sendo agravado cada vez mais devido o maior responsável pelo transporte da Soja atualmente ser o modal rodoviário. É evidente a partir deste estudo que os diversos setores que participam da produção, armazenagem e transporte da Soja atuem de forma integrada, desde a origem até o destino. Os custos logísticos demonstrados na Figura 1, estão relacionados diretamente ao escoamento da Soja, sendo assim, a análise de seus valores é importante para tomada de decisão estratégica do transporte, levando a um possível direcionamento de investimentos e políticas no setor agrícola do Brasil. X FATECLOG - LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 X FATECLOG LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 Figura 1 – Modelo de Custos Logísticos Fonte: Kussano; Batalha (2012) Foi identificado que uma possível solução é colocar em prática o Plano Nacional de Logística e Transporte criado pelo governo, que tem como objetivo a integração de corredores de transporte multimodais, reduzindo os custos de produção e de transporte da soja, além de favorecer o desenvolvimento logístico. A intermodalidade entre os meios de transporte auxilia para eliminar os gargalos logísticos e obter ganhos de competitividade impulsionando a economia do país. Em geral, os resultados obtidos, indicam a necessidade de finalizar as obras complementares nas hidrovias brasileiras e instalar novos terminais intermodais como alternativa para incluir o transporte hidroviário na logística da Soja. Além das opções citadas acima, destaca-se também algumas soluções para melhorar a infraestrutura logística da exportação de Soja no Brasil, como, melhorar a capacidade de armazenamento nas fazendas, desenvolver as Parcerias Público-Privadas em todos os setores, efetuar manutenção nas estradas existentes, reorganizar a infraestrutura portuária, organizar no Porto de Santos o tráfego dos caminhões criando um pátio para eles, criar e efetuar manutenção de outras rotas, desenvolver com investimentos públicos a inclusão de outros modais no transporte de Soja, aumentar a malha ferroviária e o sistema ferroviário do porto, criar mais Terminais Graneleiros e pavimentar as rodovias. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do cenário apresentado, percebeu-se que as dificuldades logísticas encontradas no escoamento da Soja, causam na exportação uma grande perda da competitividade afetando os produtores, mercados internos, externos e a economia brasileira como um todo. É visível que a logística do país sofre com a má administração do desenvolvimento da infraestrutura, como estradas e meios de transportes em situações precárias. X FATECLOG - LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 X FATECLOG LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP -BRASIL 31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019 ISSN 2357-9684 Os resultados deste estudo indicam que o Brasil tem capacidade para se tornar líder mundial na produção deste grão, mas para que isso ocorra, quaisquer problemas encontrados que dificulte sua logística, precisam de grande atenção e de soluções rápidas. Uma cadeia de suprimentos eficiente é essencial para o escoamento da Soja ser realizado até o Porto de Santos, pois trata-se de um bem econômico em grande escala. Uma limitação deste estudo é que a ampliação da malha ferroviária e a melhoria geral do transporte rodoviário dependem de altos investimentos e trabalho a longo prazo. REFERÊNCIAS ABIOVE - Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais. 2018 será impactado positivamente pelo B10. Infraestrutura, logística e legislações na área de transportes rodoviários preocupam. 2018. AMARAL, D. F. A Logística de Grãos. Impactos do tabelamento de fretes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília, DF, 2018. BRUM, A. L. et al. A economia mundial da soja: impactos na cadeia produtiva da oleaginosa no Rio Grande do Sul 1970-2000. Anais dos Congressos. XLIII Congresso da Sober em Ribeirão Preto. São Paulo, 2005 CAPACLE, V. H.; RAMOS, P. R. 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