Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MULTIVIX Metrologia Professora Márcia Milach Programa ➢ Definições de metrologia ➢ Instrumentos de medição e controle dimensional ➢ Sistema de tolerâncias e ajustes e tolerâncias geométricas ➢ Fundamentos de estatística aplicados na Metrologia, erros de medição e incerteza de medição ➢ Calibração, verificação, regulamentação e confirmação metrológica ➢ Avaliação da conformidade e acreditação de laboratórios 1. Principais conceitos 1.1 Definição de Estatística 1.2 Medidas de posição ou de tendência central 1.3 Medidas de dispersão 2. Erros de medição 2.1 Definições iniciais 2.2 Diferença entre precisão e exatidão 2.3 Exemplo de cálculo do erro sistemático ou tendência e repetibilidade 3. Incerteza de medição 3.1 Definições iniciais 3.2 Estimativa da Incerteza Padrão Tipo A 3.3 Estimativa da Incerteza Tipo B 3.4 Procedimento experimental para cálculo das Incertezas Tipo A e Tipo B Fundamentos de estatística aplicados na Metrologia, erros de medição e incerteza de medição 1. Principais conceitos 1.1 Definição de Estatística É uma ciência que utiliza teorias probabilísticas para explicar eventos, estudos e experimentos. Ela também utiliza métodos científicos para coletar e analisar dados. Tem por objetivo obter, organizar e analisar dados, determinar as correlações que apresentam entre si, tirando delas suas consequências para descrição e explicação do que se passou e para fazer previsão e organização do futuro. 1.2 Medidas de posição ou de tendência central Em que: • xi é o valor genérico das observações • n é o número de observações Em que: • xi é a sequência das medidas • Fi é a frequência que as medidas aparecem • n é o número de observações Em determinado período de tempo, mediu-se a temperatura de uma amostra em C: 58,4; 58,2; 60,1; 58,4; 59,2; 60,1; 59,0; 57,8; 58,4; 59,0. Com base nesses dados, pede-se a distribuição de frequência dos resultados e a média aritmética de dados agrupados. 58,9C Mediana é o valor da variável, para dados não classificados, que ocupa a posição central da distribuição. Veja duas distribuições como exemplos: a) 1; 4; 7; 8; 10; 12; 14 b) b) 3; 5; 6; 8; 10; 11 No caso da primeira distribuição, na qual se tem um número ímpar de elementos, a mediana é o termo central, ou seja: 8. Já no caso da segunda, que tem número par de elementos, a mediana é calculada pela média aritmética dos dois termos centrais, isto é: (6 + 8)/2 = 7 Moda é a observação que ocorre com maior frequência em uma amostra ou distribuição. Feita a seguinte distribuição: 21; 22; 17; 21; 18; 21; 16; 19; 21; 20; 23; 17; 19. Nesse caso, a moda é 21. Mediana (md) e Moda (m) 1.3 Medidas de dispersão Amplitude total (A) Em que: • xmín é o valor mínimo • xmáx é o valor máximo Desvio médio (DM) Exemplo 1: Suponha que uma peça foi medida com um micrômetro e foram encontrados os seguintes resultados: 12,021 mm; 12,023 mm; 12,019 mm; 12,018 mm e 12,025 mm. Pede-se o desvio médio DM = 0,002 mm Exemplo 2: Pede-se o desvio médio da atividade com temperaturas: DM = 6,2/10 = 0,62C Variância (s2) Desvio padrão (s) Exemplo Calcule a variância para a sequência a seguir, que representa, em milímetros, o diâmetro de um eixo que foi torneado. A variância é 0,0096. S2 = 0,01 mm Exemplo Calcular o desvio padrão para a sequência a seguir, que representa o diâmetro, em milímetros, de um eixo que foi torneado. A representação do diâmetro do eixo é 23,33 mm ± 0,1 mm. A variância é 0,0096. S2 = 0,01 mm, logo S = 0,1 mm. 2. Erros de medição 2.1 Definições iniciais Em que: • E é o erro de medição • I é a indicação • VVC é o valor verdadeiro convencional Em que: • Td é a tendência de instrumento de medição • Es é o erro sistemático • MI é a média de n indicações • VVC é o valor verdadeiro convencional O conceito de erro de medição pode ser utilizado: • Quando existir um único valor de referência, o que ocorre se uma calibração for realizada por meio de um padrão com um valor cuja incerteza de medição é desprezível ou se um valor convencional for fornecido. Nesses casos, o erro de medição será conhecido. • Caso se suponha que um mensurando é representado por um único valor verdadeiro ou um conjunto de valores verdadeiros de amplitude desprezível. Nesse caso, o erro de medição será desconhecido. Não se deve confundir erro de medição com erro de produção ou erro humano 2.2 Diferença entre precisão e exatidão Representação da precisão e exatidão em medidas experimentais Distribuição de tiros dos quatro atiradores sob a forma de “curva normal Comparação entre precisão ou repetibilidade e exatidão Em que: • Eai é o valor individual do erro aleatório • I é a indicação • MI é a média de n indicações Em que: • Re é a faixa de dispersão dentro da qual se situa o erro aleatório, considerando, neste caso, uma probabilidade P = 95%. • s é desvio padrão experimental • t é o coeficiente t-Studant, em t = f(n, P), em que n é o número de medidas • "P é a probabilidade (n e p são tabelados) e o cálculo t é feito com base na tabela Em que: • RM é resultado da medição • MI é a média aritmética dos valores medidos • Td é a tendência • Re é a repetitividade • n é o número de medições executadas 2.3 Exemplo de cálculo do erro sistemático ou tendência e repetibilidade O diâmetro de um eixo padrão de 25,000 mm (VVC) foi medido com um micrômetro externo de resolução 0,001 mm. Foram encontrados os resultados mostrados na tabela MI = 25,012 mm e VVC = 25,000 mm Com base nesses resultados, qual é o erro sistemático ou tendência do micrômetro? Qual é a repetibilidade desse micrômetro com 95% de probabilidade? s = 0,003 mm P = 95% Grau de liberdade: n-1 = 10 – 1 = 9 n é o número de medições executadas Como se expressa o resultado da medição (RM) do diâmetro do eixo? 3. Incerteza de medição 3.1 Definições iniciais Na avaliação da incerteza total é necessário considerar e incluir, no mínimo, as incertezas provenientes das fontes a seguir: • Definição incompleta do ensaio: os requisitos não estão claramente descritos. Por exemplo, a temperatura de ensaio pode ser dada como “temperatura ambiente”. • Realização imperfeita do procedimento de ensaio: mesmo quando as condições de ensaio são claramente definidas, às vezes não é possível reproduzir as condições requeridas. • Amostragem: a amostra pode não ser totalmente representativa. • Conhecimento inadequado dos efeitos das condições ambientais no processo de medida ou medições imperfeitas das condições ambientais. • Erros de leitura em instrumentos analógicos. • Resolução do instrumento ou erro na graduação da escala. • Valores indicados para os padrões de medida ou materiais de referência. • Mudança nas características ou no desempenho do instrumento de medida desde a última calibração. • Valores de constantes e outros parâmetros utilizados na avaliação de dados. • Aproximações e suposições incorporadas nos métodos e procedimentos de medida. • Variações em repetidas observações feitas sob condições aparentemente idênticas. Esse efeito aleatório pode ser causado por variabilidade do operador As incertezas padrão de entrada u(xi) podem ser estimadas de duas maneiras: • Por meio de uma Avaliação da Incerteza Padrão Tipo A, baseada num conjunto de observações de Xi, por meio de um tratamento estatístico. Quando são executadas medições da grandeza Xi, sob condições de repetibilidade, u(xi) = S(xi) é a estimativa da Incerteza Padrão Tipo A de uma medição da grandeza Xi. Como vemos, a Avaliação da Incerteza Padrão do Tipo A (aleatória) é feita a partir do desvio padrão do conjunto de dados das medições Xi. Portanto, aqui, o problema resume-se ao cálculo ou estimativa do desvio padrão. • Por meio de uma Avaliação Tipo B, ou seja, por outros meios que não dependam de um conjunto de observações (dados de literatura, certificados de calibração, informações do tipo de distribuiçãoetc 3.2 Estimativa da Incerteza Padrão Tipo A Desvio padrão: Incerteza padrão Tipo A: A Incerteza Padrão Tipo A considera apenas fatores estatísticos e, por ser mais simples, é geralmente adotada para cálculo. Deve-se executar uma série de repetições em iguais condições. Para obter bons resultados, o número de repetições deve ser (de preferência) no mínimo 10 e contar com um mensurando de boa qualidade. 3.3 Estimativa da Incerteza Tipo B O conjunto de informações pode incluir: • Dados de medições prévias. • Experiência ou conhecimento geral do comportamento e propriedades de materiais e instrumentos relevantes. • Especificações do fabricante. • Dados fornecidos em certificados de calibrações ou outros certificados. • Incertezas relacionadas a dados de referências extraídos de manuais. Os passos para avaliação e expressão da Incerteza Tipo B são: • Expressar o mensurando em função das grandezas Xi (escrever o modelo matemático). • Determinar xi estatisticamente ou por outros meios. • Classificar cada estimativa em tipo A ou B e estimar a incerteza padrão. • Determinar a incerteza padrão combinada. • Determinar a incerteza expandida. • Estimar o grau de liberdade efetivo. • Definir o valor de k. • Relatar o resultado da medição conjuntamente com a incerteza expandida, o valor de k e a probabilidade de abrangência. 3.4 Procedimento experimental para cálculo das Incerteza Tipo A Esquema do bloco padrão Um bloco padrão foi utilizado para calcular as incertezas Tipo A e Tipo B. A figura apresenta o esquema do bloco padrão, de comprimento nominal 18,000 mm, usado nos procedimentos experimentais e temperatura no local de 25 ± 5°C. 3.4 Procedimento experimental para cálculo das Incerteza Tipo B As incertezas geradas por efeitos sistemáticos e pela força de medição foram desconsideradas, e as incertezas padrão a serem avaliadas serão: incerteza Tipo A das medições (IA); incerteza da Calibração (IC); incerteza da Resolução (IR) (como se trata de um exemplo didático, neste caso não foi feita nenhuma observação ou diferenciação sobre instrumentos analógicos ou digitais); e incerteza devido à variação da temperatura (IT). • Incerteza Tipo A das medições (IA) = 1,7 μm. • Incerteza da Calibração (IC). No certificado de calibração do micrômetro tem-se a informação de que a resolução é 1 μm, e U95% = 0,0025 mm, para um fator de abrangência k = 2,1 (nível de confiança de 95% e grau de liberdade estimado). • Incerteza da Resolução (IR) A resolução do micrômetro introduz um componente adicional de erro devido ao truncamento numérico. Seu efeito é aleatório e pode ser quantificado através dos limites máximos possíveis. O máximo erro de arredondamento corresponde a um terço do valor da resolução e segue uma distribuição retangular. Seu valor é calculado pela equação a seguir, em que res é resolução do micrômetro = 1 μm. • Incerteza devido a variação da temperatura (IT) em que: ∆L: variação no comprimento. L: comprimento inicial. : coeficiente de dilatação térmica do material (aço: = 11,5 μm/mK). ∆T = variação da temperatura (pode ser colocada em °C no cálculo). IT = 0,018 · 11,5 · 5 = 1,035 μm. Cálculo da incerteza combinada A incerteza combinada é obtida ao se utilizarem incertezas padrão individuais associadas às grandezas de entrada em um modelo de medição. Em caso de correlações entre grandezas de entrada em um modelo de medição, as covariâncias também devem ser levadas em consideração no cálculo da incerteza padrão combinada. Ela consiste na soma quadrática das diversas incertezas de medição apresentadas por um instrumento qualquer, que é calculada pela equação: Cálculo da incerteza de medição expandida Para algumas aplicações comerciais, industriais e de regulamentação (por exemplo, a saúde e a segurança), é necessária uma medida de incerteza que defina um intervalo sobre o resultado da medição y, no qual o valor do mensurando Y pode ser confirmado com a confiança adequada e é obtida multiplicando-se uc(y) por um fator de abrangência, cujo símbolo é k. A incerteza expandida é calculada pela equação a seguir em que k é o fator de abrangência e uc é a incerteza combinada. O nível de confiança normalmente é determinado para 95% de confiabilidade. • νef é o número de graus de liberdade efetivos. • uc é a incerteza de medição combinada. • ui é a incerteza de medição para a i-ésima fonte de incerteza. • νi é o número de graus de liberdade para a i-ésima fonte de incerteza O fator de abrangência equivale ao coeficiente de t-Student para desvios padrão. O valor k é obtido através da tabela de correlações k (para 95% de confiabilidade) e vef (número de graus de liberdade efetivos) como mostrado na equação Quando não é possível determinar o número de medições realizadas para a obtenção de uma incerteza padrão, o grau de liberdade será infinito. Nesse caso, ui, u 4 de IR e IT são iguais a zero. A tabela a seguir é utilizada para determinar a soma de u4/vi. IA e IC e fornece valores em m Cálculo de vef: O resultado de medição é RM = (18,002 ± 0,0048) mm A incerteza expandida que foi calculada pode sofre alterações se forem consideradas outras fontes de erro, como a pressão de medição ou a habilidade ou experiência do operador. Logo, a realização imperfeita do procedimento de ensaio pode não reproduzir as condições requeridas. Para o exemplo, a calibração do erro de medição do micrômetro para o ponto 18 mm é 4,8 m, considerando um nível de confiança de aproximadamente 95% e k = 2,06.
Compartilhar