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2014
OrganizaçãO dO 
TrabalhO EducaTivO Em 
ambiEnTE nãO EscOlar
Profª Mônica Conzatti
Copyright © UNIASSELVI 2014
Elaboração:
Prof. Profª Mônica Conzatti
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 370.733
 C882o Conzatti, Mônica
 Organização do Trabalho Educativo em Ambiente 
não Escolar / Mônica Constate. Indaial: Uniasselvi, 2014.
 259 p. 
 ISBN 978-85-7830-852-0
 
 1. Prática de Ensino. 2. Pedagogia. I. Centro 
Universitário Leonardo da Vinci.
III
aprEsEnTaçãO
Caro(a) acadêmico(a)!
A educação direcionada aos ambientes não escolares objetiva ampliar 
as possibilidades de atuação do pedagogo, visando também desmistificar o 
olhar reducionista que a este foi empregado.
Na concepção da pedagogia diferenciada e na busca dos sentidos 
relacionados aos conteúdos a serem ministrados, percebemos a importância 
do pedagogo, enquanto profissional sensível, mediante as diversidades 
apresentadas pelos educandos. Ao tratarmos das diversidades, estamos 
nos referindo a uma vasta manifestação cultural que faz parte da formação 
de cada sujeito envolvido neste processo, sendo a educação uma espécie 
de ponte que liga o indivíduo ao mundo que o cerca em seus campos de 
manifestação, como a família, a escola, a comunidade, as organizações, entre 
outras, que fazem parte de seu cotidiano. Para tanto, cabe-nos mostrar que o 
pedagogo pode desenvolver seu trabalho independentemente da idade dos 
que necessitam da mediação dos seus saberes.
Este Caderno de Estudos objetiva ampliar a visão relacionada à 
organização do trabalho educativo em ambientes não escolares e estará 
acompanhando-o(a) ao longo da sua caminhada por meio das mais diversas 
possibilidades que vão desde a educação de jovens e adultos (mediante os 
conceitos de andragogia e heutagogia), até a pedagogia aplicada às políticas 
públicas, às empresas, aos hospitais e à educação carcerária. 
A cada nova unidade de estudo, precisamos estar cientes de que 
todos os espaços de atuação lidam com um coletivo individualizado, ou seja, 
independentemente do lugar em que o pedagogo atuará, estará carregado de 
crenças, metodologia própria e diretrizes norteadoras, além de contar com 
uma equipe multiprofissional já instaurada em cada um dos espaços.
 
Sendo o pedagogo um profissional preparado para o trabalho em 
equipe, é válido lembrar que os espaços não escolares, em sua maioria, 
contam com profissionais de outras áreas, implicados na busca do bem-estar 
e desenvolvimento dos sujeitos que, muitas vezes, fragilizados, possuem 
condições de crescimento social.
Acreditando que educar é amar, faço votos que seu amor pela 
educação rompa as mais resistentes barreiras, em busca da promoção da 
qualidade de vida e cidadania, a todos que a ela têm direito.
Professora Mônica Conzatti
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES 
 NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS ................................ 1
TÓPICO 1 – A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL ............. 3
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 3
2 PHILIPPE PERRENOUD: UM NOME DE EXPRESSÃO DA PEDAGOGIA 
 DIFERENCIADA .............................................................................................................................. 3
3 A PEDAGOGIA DIFERENCIADA ............................................................................................... 5
4 BREVE INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO NÃO FORMAL ........................................................ 9
5 CONCEITUANDO A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL ................................................................ 12
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 17
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 18
TÓPICO 2 – CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES ............................................. 19
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 19
2 PEDAGOGIA: TEORIA E PRÁTICA ............................................................................................ 19
3 OUTROS SENTIDOS PARA EDUCAÇÃO ................................................................................. 25
4 DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE A EDUCAÇÃO FORMAL, INFORMAL 
 E NÃO FORMAL .............................................................................................................................. 28
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 32
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 34
TÓPICO 3 – A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO .......................................... 35
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 35
2 TODOS POR UM: O GRUPO NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE .................................... 35
3 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PEDAGOGO ........................................................ 41
 3.1 O PAPEL DO PEDAGOGO NA ATUALIDADE ..................................................................... 44
4 ÉTICA APLICADA À PEDAGOGIA – UMA BREVE REFLEXÃO ......................................... 46
5 O PROFESSOR NA PÓS-MODERNIDADE ............................................................................... 50
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................................... 55
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 56
TÓPICO 4 – A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PROFESSOR E ALUNO NA 
 CONSTRUÇÃO DOS SABERES ............................................................................... 57
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................57
2 A RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO NO ENSINAR E APRENDER ...................................... 57
3 AS EXPECTATIVAS NA RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO ................................................... 60
4 O PAPEL DO PROFESSOR NA FORMAÇÃO DA AUTOESTIMA DA CRIANÇA .......... 65
5 A DIDÁTICA ASSERTIVA: UM NOVO CAMINHO PARA O TRABALHO DO 
 PROFESSOR ...................................................................................................................................... 69
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 73
RESUMO DO TÓPICO 4 .................................................................................................................... 76
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 77
sumáriO
VIII
UNIDADE 2 – ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL ....................... 79
TÓPICO 1 – DIVERSIDADE CULTURAL: BASE DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL .......... 81
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 81
2 A CULTURA E SUAS CULTURAS ................................................................................................ 81
3 EDUCANDO PARA A DIVERSIDADE ....................................................................................... 89
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 95
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 96
TÓPICO 2 – INSTRUMENTOS PEDAGÓGICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO NÃO 
 FORMAL ......................................................................................................................... 97
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 97
2 O SIGNIFICADO DO APRENDER E A DEFINIÇÃO DE EDUCADOR .............................. 97
3 O ESTUDO ATIVO E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL ............................................................ 99
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 109
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 110
TÓPICO 3 – ANDRAGOGIA E HEUTAGOGIA ........................................................................... 111
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 111
2 A FASE ADULTA DO DESENVOLVIMENTO ........................................................................... 111
3 PEDAGOGIA OU ANDRAGOGIA .............................................................................................. 116
4 HEUTAGOGIA, QUE MODALIDADE DE ENSINO É ESTA? ............................................... 120
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 122
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................................... 125
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 126
TÓPICO 4 – O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, 
 ANDRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO ..................................................................... 127
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 127
2 O TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇAO INTEGRAL NO BRASIL ...................... 127
3 O TRABALHO PEDAGÓGICO A PARTIR DA VISÃO HOLÍSTICA .................................. 131
 3.1 DEFINIÇÕES, CARACTERÍSTICAS E FINALIDADES DA EDUCAÇÃO 
 HOLÍSTICA .................................................................................................................................. 133
4 O TRABALHO PEDAGÓGICO NA PERSPECTIVA HUMANISTA ..................................... 134
5 AS BASES DA METODOLOGIA ANDRAGÓGICA PARA A APRENDIZAGEM ............ 137
6 ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO 
 HEUTAGÓGICO .............................................................................................................................. 140
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 142
RESUMO DO TÓPICO 4 .................................................................................................................... 150
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 151
UNIDADE 3 – PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES ............ 153
TÓPICO 1 – A PEDAGOGIA SOCIAL E O PAPEL DO PEDAGOGO NAS POLÍTICAS 
 PÚBLICAS ...................................................................................................................... 155
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 155
2 UM PANORAMA SOBRE HISTÓRIA E ATUALIDADE DA PEDAGOGIA 
 SOCIAL ............................................................................................................................................... 155
 2.1 A PEDAGOGIA SOCIAL NA ALEMANHA ........................................................................... 158
 2.2 IDENTIDADE E PERSONALIDADE DA PEDAGOGIA SOCIAL ....................................... 161
 2.3 A PEDAGOGIA SOCIAL E A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO SOCIAL NO BRASIL ......... 164
3 A INSERÇÃO DA PEDAGOGIA SOCIAL NAS POLÍTICAS PÚBLICAS ........................... 166
IX
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 171
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 172
TÓPICO 2 – PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE 
 FRAGILIDADE ............................................................................................................. 173
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 173
2 A CRIANÇA HOSPITALIZADA ................................................................................................... 173
3 A PEDAGOGIA HOSPITALAR ..................................................................................................... 177
4 A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO HOSPITALAR: POSSIBILIDADES E DESAFIOS .......... 179
5 A BRINQUEDOTECA ...................................................................................................................... 183
 5.1 OS BRINQUEDOS ....................................................................................................................... 194
6 A BRINQUEDOTECA HOSPITALAR .......................................................................................... 197
7 COMO FALAR SOBRE A MORTE PARA AS CRIANÇAS? .................................................... 200
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 207
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 208
TÓPICO3 – PEDAGOGIA ORGANIZACIONAL ....................................................................... 209
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 209
2 O PAPEL DO SETOR DE RECURSOS HUMANOS NO TREINAMENTO DE 
 PESSOAL ............................................................................................................................................ 209
3 O PEDAGOGO NAS ORGANIZAÇÕES .................................................................................... 216
 3.1 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO: O ESPAÇO DE TRABALHO DO 
 PEDAGOGO ORGANIZACIONAL ......................................................................................... 220
 3.2 A RELAÇÃO ENTRE PESSOAS E ORGANIZAÇÃO ............................................................ 228
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................................... 234
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 236
TÓPICO 4 – PEDAGOGIA CARCERÁRIA .................................................................................... 237
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 237
2 BREVE HISTÓRICO DAS PRISÕES ............................................................................................ 237
3 LEGISLAÇÃO APLICADA À EDUCAÇÃO DE ADULTOS EM RECLUSÃO ..................... 238
4 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS APLICADA AO CÁRCERE PRIVADO ........... 244
5 O PEDAGOGO E A EDUCAÇÃO CARCERÁRIA: DESAFIOS APLICADOS A 
 ESTE CONTEXTO ............................................................................................................................ 247
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 249
RESUMO DO TÓPICO 4 .................................................................................................................... 251
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 252
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 253
X
1
UNIDADE 1
A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 
PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO 
ESCOLARES: TRABALHANDO OS 
CONCEITOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir desta unidade, você será capaz de:
• conhecer o conceito e a aplicação da Pedagogia Diferenciada de Philippe 
Perrenoud;
• identificar os espaços educativos em ambientes não escolares a partir da 
compreensão do conceito de educação não formal;
• reafirmar a identidade do pedagogo diante do perfil de atuação direciona-
do à educação não formal;
• traçar a importância do estabelecimento dos vínculos entre aluno e professor.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um deles, 
você encontrará atividades que o(a) ajudarão a internalizar os conhecimentos 
estudados.
TÓPICO 1– A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO 
FORMAL 
TÓPICO 2 – CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES
TÓPICO 3 – A IDENTIDADE DO PEDAGOGO EM AMBIENTES NÃO 
ESCOLARES
TÓPICO 4 – A RELAÇÃO ENTRE PROFESSOR E ALUNO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO 
FORMAL
1 INTRODUÇÃO
Para iniciarmos o estudo relacionado à educação não formal, faz-se necessário 
termos clareza de alguns conceitos básicos, que darão suporte a esta modalidade 
educativa. Para tanto, discutiremos, neste primeiro tópico, alguns aspectos que 
marcam a importância da educação não formal na atuação do pedagogo, bem como 
a contribuição na fortificação das relações entre a escola e a comunidade. 
2 PHILIPPE PERRENOUD: UM NOME DE EXPRESSÃO DA 
PEDAGOGIA DIFERENCIADA
Para compreendermos o que virá a seguir, passaremos a conhecer um 
pouco mais sobre o estudioso Philippe Perrenoud e sua contribuição no que 
condiz aos aspectos relevantes da Pedagogia Diferenciada.
FIGURA 1 – PHILIPPE PERRENOUD
FONTE: Disponível em <http://pedagogiaunicidiesdeguaianas.
spaceblog.com.br/624060/PERRENOUD-PHilLIPE-ENSINAR-AGIR-
NA-URGENCIA-DECIDIR-NA-INCERTEZA/>. Acesso em: 13 jan. 2014.
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
4
De acordo com Paula (2011), Philippe Perrenoud é sociólogo e antropólogo 
com doutorado nestas duas áreas. Sua atuação concentra-se às relacionadas ao 
currículo, práticas pedagógicas e instituições de formação, nas faculdades de 
Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Genebra. Para Perrenoud, 
o sucesso e o fracasso escolar não são exclusivos ao ambiente escolar, ou seja, 
o estudioso considera que cada aprendizado objetiva preparar os alunos para 
enfrentarem as etapas subsequentes ao currículo escolar, tornando o aluno capaz 
de mobilizar suas aquisições escolares fora do ambiente escolar, tornando assim 
qualquer ambiente pedagógico, independente de quaisquer situações. 
Perrenoud, conforme Paula (2011), reforça que o problema da transposição 
didática ou da construção das competências, vem de encontro a uma proposta 
norteadora em relação ao desenvolvimento significativo do potencial dos alunos, 
tanto dentro, quanto fora do ambiente escolar. Para ele, competência significa 
capacidade de agir de maneira eficaz em um determinado tipo de situação, 
apoiada em conhecimento, mas sem limitar-se a ela; lembrando que o mundo 
do trabalho se apoia na noção de competência e que a escola deve seguir estes 
passos no intuito de buscar a modernização e a inserção, na corrente de valores 
da economia de mercado.
Em suas obras, Perrenoud abarca o conceito de competência, porém 
enfoca que não há uma definição clara e objetiva do seu significado. Para este 
estudioso existem três aspectos do que pode vir a ser competência: desempenho, 
hábito e sucesso.
Perrenoud em sua proposta, enfatiza também, que quando os professores 
aceitam a ideia de competência, consideram-se encarregados de dar conhecimentos 
básicos aos seus alunos, pensando que antes de mobilizá-los em determinada 
situação, devem prestar-lhes informações básicas e metódicas no contexto do saber. 
Desta forma o estudioso inicia a discussão sobre uma das suas linhas de trabalho a 
transposição didática, assunto que trataremos no decorrer de nossos estudos.
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
5
NOTA
Acadêmico(a)! A fim de esclarecer uma das áreas de formação deste estudioso, 
veremos o conceito de Antropologia, que é a ciência que estuda o homem e as implicações 
e características de sua evolução física (Antropologia Biológica), social (Antropologia Social), 
ou cultural (Antropologia Cultural). A palavra antropologia deriva das palavras gregas antropos 
(humano, ou homem) + logos (pensamento ou razão). Esta é uma ciência tardia que surgiu, 
ou se constituiu como disciplina científica, em meados do século XIX, a partir das descobertas 
de Darwin e sua teoria evolucionista, quando se concentrava na elaboração de teorias sobre 
a evolução do homem, sociedade e cultura. O homem não era mais fruto da criação Divina, 
então os cientistas começaram a procurar pela sua origem: o chamado “elo perdido”, que 
ligaria o homem moderno a seus ancestrais hominídeos. Com o tempo, os estudos sobre 
o homem ganharam forma, os cientistas começaram a se interessar pelos grupos humanos 
primitivos e seus costumes, cultura e características, passando a entender o homem não 
mais como uma criação de Deus, mas da natureza.
FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/ciencias/antropologia/>. Acesso em: 13 
jan. 2014.
3 A PEDAGOGIA DIFERENCIADA
Antes de abordarmos a pedagogia aplicada aos ambientes nãoformais, 
vamos concentrar nossos estudos na pedagogia diferenciada como uma maneira 
de transpormos nossa visão além dos métodos clássicos.
Para Perrenoud (2000) diferenciar (no aspecto social) significa lutar pelas 
desigualdades diante do espaço escolar, objetivando elevar o nível do ensino. 
Diante deste pressuposto, nós pedagogos, devemos ir muito além dos conteúdos, 
valorizando as experiências vivenciadas pelos alunos, objetivando acrescentar 
também estes conhecimentos, inserindo-os no currículo. 
O pedagogo que apresenta sensibilidade aos níveis de fracasso escolar, 
preocupa-se com a forma de ajustar suas aulas às características individuais dos 
alunos, buscando novos métodos de ensino que respeitem a diversidade.
Permanecendo rígido aos métodos tradicionais e posteriormente 
aplicando-os da mesma forma a todos os alunos, o pedagogo estará sendo 
indiferente às diferenças. Perrenoud (2000) deixa claras as consequências a partir 
do momento em que o pedagogo:
a) Evidencia o êxito daqueles que dispõem de maiores condições e acesso a 
estímulos culturais, dos códigos, do nível de desenvolvimento, das atitudes, 
dos interesses e apoios que permitem um aprendizado mais ágil que refletem 
nas notas das provas.
b) Provoca o fracasso nos que não dispõem das mesmas condições, convencendo-
os de que são incapazes de aprender, fazendo-os acreditar que o fracasso é 
sinal de insuficiência pessoal mais do que da inadequação da escola. 
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
6
Acadêmico(a)! Você já presenciou ou vivenciou estas situações enquanto 
frequentava a escola regular? Saiba que a forma como o sucesso e o fracasso escolar é 
exposta pelos professores, influenciam diretamente na construção da personalidade 
do estudante, principalmente no que tange à sua autoestima. Procure refletir sobre 
sua postura em relação a esta problemática enquanto futuro educador.
DICAS
O filme Escola de Rock retrata esta questão do reforçamento realizado pelo 
professor referente ao sucesso ou fracasso escolar. 
Dewey Finn (Jack Black) é um músico que acaba de ser demitido de sua banda. Cheio de 
dívidas para pagar e sem ter o que fazer, ele aceita dar aulas como professor substituto 
em uma escola particular de disciplina rígida. Logo Dewey se torna um exemplo para seus 
alunos, sendo que alguns deles se juntam ao professor para montar uma banda local, sem o 
conhecimento de seus pais. Assista!
FONTE: Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-47016/>. Acesso em: 13 
jan. 2014.
Perrenoud (2000) reforça que a pedagogia diferenciada está relacionada à 
didática, ao questionamento sobre o sentido do trabalho escolar, à relação com os 
outros saberes e à utilização dos conteúdos ministrados.
É bem possível que você já se questionou, no período em que frequentou 
a escola regular, sobre a importância de aprender fórmulas matemáticas, 
composições químicas, espaços geográficos e até mesmo fatos históricos, 
buscando um sentido maior do que as reproduções mecanizadas nas avaliações. 
Em relação às dúvidas a respeito da aplicabilidade das informações, 
Perrenoud (2000) aponta que é preciso refletir sobre duas questões:
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
7
• A primeira refere-se à finalidade da informação a ser repassada, pois se 
considerarmos que o objetivo da escola é influenciar o mundo, os conhecimentos 
não transferíveis não despertam interesse. Portanto, para que serve a 
democratização do acesso ao saber, se não for mobilizável fora da escola?
• A segunda refere-se à didática, sendo que a falta de sentido relacionado às 
aprendizagens origina uma parte das dificuldades deste contexto, pois 
traz como consequência uma visão limitada sobre dois campos de grande 
significação: as relações entre os saberes escolares e as práticas sociais.
A educação nos provoca a pensarmos nos sentidos relacionados aos 
conteúdos escolares e, à consciência do trabalhar objetivando favorecer a 
transferência de conhecimentos no intuito de desenvolver competências. Este 
posicionamento nos direciona a outra forma de atuarmos, ou seja, buscar e 
transferir os significados do que queremos ensinar. Podemos arriscar dizer, que 
uma parcela dos alunos em fracasso escolar resiste às aprendizagens escolares, 
por não verem sentido nas informações que o educador fornece. 
Perrenoud (2000, p. 55) reforça esta questão ao comentar que
O melhor a ser dito é que não se deve esperar dominar um saber para 
perguntar-se o que se poderia fazer com ele! Se uma parte dos jovens 
adultos oriundos da escolaridade obrigatória lê com muita dificuldade, 
se alguns correm o risco de tornarem-se analfabetos funcionais, não é 
apenas por não transferir um savoir-faire adquirido, é simplesmente 
por não tê-lo realmente construído durante sua escolaridade.
NOTA
Acadêmico(a)! A expressão savoir-faire significa habilidade para executar algo.
FONTE: Disponível em: <http://www.dicionarioweb.com.br/savoir-faire/>. Acesso em: 21 jan. 
2014.
Neste sentido, o educador necessita estar atento ao constatar que o aluno 
está aquém do esperado para sua idade ou formação, na execução de alguma 
atividade, para que não corra o risco de rotulá-lo precipitadamente, como incapaz. 
É interessante questionar o aluno sobre como foram formadas as bases 
que sustentam aquela atividade, por exemplo: o aluno com dificuldades em 
matemática pode não ter compreendido as operações fundamentais consideradas 
simples, como adição, subtração, divisão e multiplicação, sendo esta a causa de sua 
dificuldade em avançar nos conteúdos mais complexos em relação à disciplina.
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
8
Um educador comprometido com o processo de aprendizagem, fará 
o possível para que este educando possa avançar na aprendizagem, buscando 
métodos alternativos como: aulas extras, encaminhamento a outros profissionais, 
formulação de uma metodologia mais lúdica e realista etc., evitando movimentar-
se de forma desnecessária na busca de culpados pela condição do aluno.
É neste momento que Perrenoud (2000) traz a importância do conceito de 
transferência ao caracterizá-la como a capacidade de um sujeito de reinvestir suas 
aquisições cognitivas, ao se fazerem necessárias mediante outras situações (que 
fogem do contexto escolar), considerando que sem o mínimo de transferência, 
toda aprendizagem seria, portanto, totalmente inútil, visto que corresponderia a 
uma situação passada e não reprodutível em outra ocasião.
A transferência traz à tona a necessidade de pensarmos em novas formas 
de demonstração, no que condiz a possibilidade de tornamos os conteúdos 
menos abstratos e mais próximos da realidade vivenciada naquela comunidade, 
constituída pelos alunos e suas famílias. Desta maneira estaremos preparando-
os para que os conhecimentos adquiridos sejam reinvestidos nos mais variados 
cenários ao longo do seu desenvolvimento, sendo estes: na vida cotidiana, 
política, familiar e pessoal.
FIGURA 2 – TRANSFÊNCIA DE CONHECIMENTO FORA DA ESCOLA
FONTE: Disponível em: <http://paradigmasdapedagogia.blogspot.com.
br/2011_05_01_archive.html>. Acesso em: 22 jan. 2014.
Desta forma, Perrenoud (2000, p. 57) enfatiza que “globalmente, a 
importância atribuída à transferência de conhecimentos está ligada à mobilidade 
das pessoas e ao ritmo de transformação das sociedades”.
Porém, não significa dizer que as formas tradicionais de aprendizagem 
tenham que desaparecer por completo e nem que toda a aquisição precisa ser 
transferível a situações diferentes para ser digna de interesse; mas que seja 
considerada e valorizada a bagagem cultural e os saberes da criança ou adulto no 
decorrer da vida escolar. Pense nisso!
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
9
4 BREVE INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
Sendo a educação não formal um dos campos de atuação do pedagogo, 
torna-se interessanteconhecer os momentos mais importantes da construção desta 
modalidade educacional. Gohn (2011) coloca que até a década de 80, a educação 
não formal era um campo pouco valorizado no Brasil, tanto nas políticas públicas 
quanto entre os educadores, pois todas as atenções estavam voltadas à educação 
formal. Mesmo que de maneira discreta, alguns estudiosos da época, acreditavam 
que se tratava de uma extensão das atividades escolares e enfatizavam esta ideia. 
Nesta época, a visão mais otimista lançada à educação não formal, estava 
relacionada à educação de jovens e adultos, que além de ter um projeto voltado à 
alfabetização, objetivava integrá-los ao contexto urbano-industrial.
 
Gohn (2011, p. 100) enfatiza que:
Genericamente, a educação não formal era vista como o conjunto de 
processos delineados para alcançar a participação de indivíduos e de 
grupos em áreas denominadas extensão rural, animação comunitária, 
treinamento vocacional técnico, educação básica, planejamento familiar 
etc. Os conteúdos a serem adquiridos na aprendizagem via educação 
não formal, incluíam: atitudes positivas em relação à cooperação 
na família, trabalho, comunidade, colaboração para o crescimento 
nacional, progresso etc.; a alfabetização funcional; o conhecimento 
de habilidades funcionais para o planejamento familiar, sustentação 
econômica e participação cívica, além de uma visão científica para 
compreensão elementar de determinadas áreas específicas.
Em 1990, esta modalidade passou a destacar-se devido a mudanças 
significativas na economia, na sociedade e no mundo do trabalho, quando houve 
uma valorização das questões referentes à aprendizagem em grupos e aos valores 
culturais que regiam as comunidades naquela época, considerando que as crenças 
e valores sociais eram determinantes na conduta dos indivíduos. 
Diante disso, outra forma de pensar a educação não formal estava 
surgindo, ou seja, era necessário investir em uma nova cultura organizacional 
que apostasse na aprendizagem de habilidades extraescolares.
Gohn (2011) coloca que a instauração desta nova visão foi muito além 
de configurar um novo campo para esta modalidade educacional. Houve 
organizações importantes posicionando-se em defesa de investimentos nesta 
área, sendo estas: agências internacionais como a ONU (Organização das Nações 
Unidas) e a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência 
e Cultura).
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
10
FIGURA 3 – UNESCO
FONTE: Disponível em: <http://www.concursosmuseologia.com.br/2013/08/
unesco-abre-processo-seletivo.html>. Acesso em: 20 jan. 2014.
Em 1990, foi realizada na Tailândia, uma conferência em que dois 
documentos de considerável expressão foram elaborados, sendo denominados 
“Declaração mundial sobre educação para todos” e “Plano de ação para satisfazer 
necessidades básicas da aprendizagem”; particularidades relacionadas à América 
Latina juntamente com experiências de ONGs (Organizações não Governamentais) 
em programas de educação na região, elencaram novas possibilidades de trabalho 
destinadas a esta área. 
Assim, Gohn (2011, p. 101-102) considera que:
A partir da definição de necessidades básicas de aprendizagem, vistas 
como “ferramentas essenciais para a aprendizagem” e de seus novos 
“conteúdos básicos”, abrangendo, além dos conteúdos teóricos e 
práticos, valores e atitudes para viver e sobreviver, e a desenvolver 
a capacidade humana, os documentos da conferência ampliam o 
campo da educação para outras dimensões além da escola. [...] Os 
documentos prosseguem preconizando a necessidade de mudanças, 
numa visão ampliada da educação, inovando os canais existentes, 
fazendo-se alianças e utilizando-se recursos de forma a universalizar o 
acesso à educação e fomentar a equidade. 
As ONGs ocupam um lugar de grande destaque no cenário educacional 
não formal, devido a trabalhos desenvolvidos no âmbito educativo comunitário e 
intrafamiliar, na área de educação fundamental junto a comunidades indígenas e 
rurais, bem como em programas de educação para o trabalho voltado a entidades 
que promovam programas sobre tecnologias apropriadas, autogestão, agricultura 
sustentável e preservação do meio ambiente.
Gohn (2011) destaca que as ONGs são agências que possuem know-how 
em metodologias, estratégias e programas de ação, tendo se firmado ao longo 
das últimas décadas como incentivadoras do trabalho voluntário, bem como 
destacam-se no resgate do conhecimento, crenças e costumes das culturas locais, 
adotando uma postura de valorização e não de desprezo.
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
11
NOTA
Acadêmico(a)! O termo know-how provém do inglês e significa “saber como”. 
Ao ser aplicado a alguém que apresenta know-how em alguma atividade, refere-se à pessoa 
que sabe desempenhar essa tarefa com conhecimento de causa e experiência. 
FONTE: Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/know-how/. Acesso em: 17 
jan. 2014.
Gohn (2011) coloca que ainda na década de 90, o Brasil sofreu com um 
balanço na economia, provocando uma onda de desemprego motivada por 
políticas globalizantes, com características excludentes que desestabilizaram o 
mercado de trabalho, criando uma situação de precariedade do trabalhador em 
relação a um sistema de direitos. Os trabalhadores perderam seu status, segurança 
e, às vezes, a própria identidade, com o findar do sistema salarial.
Esta situação trouxe à tona o novo modelo desenhado pela ONU em 
que enfatizava-se o poder do conhecimento e não mais da economia, ou seja, 
passava-se a exigir das pessoas o domínio de habilidades consideradas básicas, 
como por exemplo, ter fluência em mais de um idioma, bem como das questões 
relacionadas à gestão, sejam na carreira profissional, nos conflitos, ou no trabalho 
em equipe etc.; visando ao planejamento de todos, na vida pessoal e profissional.
Além disso, passa-se a exigir do trabalhador um perfil criativo e 
compreensivo dos processos, além de uma postura flexível às novas ideias, 
com capacidades que visem ao raciocínio rápido na tomada de decisões e 
responsabilidade com suas atividades e com as outras pessoas, nos campos 
relacionados à sociedade e ao meio ambiente. 
Gohn (2011) ressalta que para a formação desta nova personalidade 
profissional preparada a enfrentar as demandas deste mercado de trabalho, foram 
desenvolvidos alguns cursos por certos programas oficiais, a fim de atender 
às necessidades básicas do cidadão. Diante do fato do maior problema ser o 
desemprego, foi preciso alterar políticas públicas, de forma que se priorizasse 
a retomada do desenvolvimento e a expansão do setor produtivo. Estes cursos 
fizeram parte das políticas do modelo econômico vigente na época, porém 
priorizavam os interesses do capital especulativo internacional em detrimento do 
desenvolvimento nacional.
Na prática, a nova organização mundial trouxe benefícios em nível de 
capacitação profissional e oportunidade de ampliação dos segmentos relacionados 
à indústria, mas como consequência, a sociedade tornou-se mais competitiva, 
individualista e violenta, sendo relevante mencionar o aumento considerável de 
doenças diretamente ligadas ao trabalho.
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
12
5 CONCEITUANDO A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
É comum associarmos a educação somente ao ambiente formal (escolar) 
com suas normativas e diretrizes, mas é necessário lembrar que seu conceito é 
amplo e vai muito além dos muros das escolas, ou seja, está diretamente associado 
ao conceito de cultura. 
Para Gohn (2011) a cultura é concebida como modos, formas e processos 
de atuação na história, onde é construída, passando constantemente por 
modificações, sendo diretamente influenciada por valores que se sedimentam 
em tradições e são transmitidos de uma geração para outra. Considerando 
que a educação de um povo consiste no processo de absorção,reelaboração e 
transformação da cultura existente, entende-se que ela é geradora da cultura 
política de uma nação. 
Nos aspectos relacionados à educação não formal, Gohn (2011, p. 106) 
destaca cinco importantes dimensões que designam este processo: 
O primeiro envolve a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos 
enquanto cidadãos, isto é, o processo que gera a conscientização dos 
indivíduos para a compreensão dos seus interesses e do meio social 
e da natureza que o cerca, por meio da participação em atividades 
grupais. Participar de um Conselho de escola poderá desenvolver 
essa aprendizagem. O segundo, a capacitação dos indivíduos 
para o trabalho, por meio da aprendizagem de habilidades e/ou 
desenvolvimento de potencialidades. O terceiro, a aprendizagem e 
exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem 
com os objetivos comunitários, voltadas para a solução de problemas 
coletivos cotidianos. [...] O quarto, e não menos importante, é a 
aprendizagem de conteúdos da escolarização formal, escolar, em 
formas e espaços diferenciados. Aqui, o ato de ensinar se realiza 
de forma mais espontânea, e as forças sociais organizadas de uma 
comunidade têm o poder de interferir na delimitação do conteúdo 
didático ministrado bem como estabelecer as finalidades a que se 
destinam àquelas práticas. O quinto é a educação desenvolvida na e 
pela mídia, em especial eletrônica.
Vivemos em uma época em que as mídias fazem parte do nosso 
cotidiano e o influenciam diretamente, tornando o acesso à informação quase 
que instantaneamente no ato do acontecimento. A modernização da sociedade 
trouxe uma aceleração da rotina, provocando vários efeitos colaterais entre eles: 
frustração, estresse, relações familiares frágeis, ansiedade, doenças de caráter 
psicossomático etc. 
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
13
NOTA
Acadêmico(a)! A psicossomática é uma doença caracterizada por sinais e 
manifestações apresentadas pelo corpo, onde os exames médicos não conseguem descobrir 
uma origem orgânica ou biológica para o sintoma.
FONTE: Disponível em: <http://elidioalmeida.com/2011/01/doenca-psicossomatica-o-que-
e-isso/>. Acesso em: 20 jan. 2014.
Diante destes atenuantes, a sociedade busca formas alternativas de lidar 
com a fragilidade expressa no corpo, na procura por cursos que visam trabalhar 
maneiras de reduzir os impactos da rotina no organismo, como o: autoconhecimento, 
o relaxamento, a meditação e os alongamentos etc. Estes recursos vêm crescendo 
constantemente, sendo considerados um campo da educação não formal. 
Conforme Gohn (2011), a educação transmitida pela família, nas relações 
de amizade, clubes, nos teatros, na leitura de jornais, nos livros, nas revistas, entre 
outros meios são considerados temas da educação informal. A diferença entre 
educação não formal e informal é que na primeira existem dois sujeitos, ou seja, 
fazem parte desta modalidade alcançar objetivos e/ou desenvolver competências. 
Já a educação informal decorre de processos espontâneos não havendo rigidez 
metodológica na sua condução. 
Os espaços de educação não formal se desenvolvem: nas associações de 
bairro, nos movimentos sociais, nas igrejas, nos sindicatos, nos partidos políticos, 
nas ONGs, nos espaços culturais e nas próprias escolas. As escolas fazem parte 
desta modalidade de ensino ao serem palco de atividades culturais abertas à 
comunidade ou mesmo quando proporcionam aos seus alunos oficinas temáticas 
de trabalho como artesanato, teatro etc.
FIGURA 4 – OFICINA DE TEATRO
FONTE: Disponível em: <http://www.spbarueri.com.br/workshop-teatro-
de-rua-em-barueri-%E2%80%93-inscricoes.html>. Acesso em: 20 jan. 2014.
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
14
Nas atividades relacionadas à educação não formal, as questões referentes 
às categorias de espaço e tempo recebem outra conotação. Gohn (2011) enfatiza 
que o espaço, neste caso, é algo criado e recriado segundo os modos de ação 
previstos nos objetivos maiores que dão sentido ao fato de determinado grupo 
social estar reunido. Já o tempo não é algo fixado a priori e são respeitadas as 
diferenças existentes para a absorção e reelaboração dos conteúdos, implícitos e 
explícitos, no processo de ensino-aprendizagem.
A educação não formal busca evitar o enquadramento dos indivíduos que 
participam desta forma educativa, procurando flexibilizar o currículo com o objetivo 
de atender à demanda da clientela. Considerando que um dos principais objetivos da 
educação não formal é o exercício da cidadania, busca, entretanto pensar suas ações 
voltadas ao coletivo, sendo estas elaboradas em função destes, nos quais destacamos: 
grupos de trabalhadores, grupos de jovens, adultos, mães, terceira idade etc.
Gohn apud Afonso (1992) nos contempla com um quadro comparativo 
entre as escolas tradicionais (educação formal) e as associações democráticas para 
o desenvolvimento não formal:
QUADRO 1 – COMPARATIVO ENTRE AS ESCOLAS TRADICIONAIS (EDUCAÇÃO FORMAL) E AS 
ASSOCIAÇÕES DEMOCRÁTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO NÃO FORMAL
Tipos de Aprendizagem
Escolas tradicionais Associações democráticas para o desenvolvimento
Apresentam um caráter compulsório Apresentam um caráter voluntário
Dão ênfase apenas à instrução Promovem sobretudo a socialização
Favorecem o individualismo e a 
competição Promovem a solidariedade
Visam à manutenção dos status quo Visam ao desenvolvimento
Preocupam-se essencialmente com a 
reprodução cultural e social
Preocupam-se essencialmente com a 
mudança social
São hierárquicas e fortemente 
formalizadas
São pouco formalizadas e pouco ou 
incipientemente hierarquizadas
Dificultam a participação Favorecem a participação
Utilizam métodos centrados no 
professor-instrutor
Proporcionam a investigação-ação e 
projetos de desenvolvimento
S u b o r d i n a m - s e a u m p o d e r 
centralizado
São, por natureza, formas de 
participação descentralizada 
FONTE: AFONSO (1992)
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
15
NOTA
Acadêmico(a)! A expressão “status quo” significa o estado atual das coisas. No 
estado que devem estar as coisas.
FONTE: Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/status%20quo/>. Acesso em: 
20 jan. 2014.
Acadêmico(a)! É importante frisar que as duas modalidades educativas 
(não formal e informal) possuem aspectos considerados positivos e negativos, 
sendo assim, na prática educativa necessitamos filtrar as possibilidades que cada 
uma delas nos oferece.
A aprendizagem relacionada à educação não formal se dá através da 
prática social, sendo pautada no pressuposto que por meio das experiências 
vivenciadas pelo grupo o aprendizado é originado, considerando que esta prática 
educativa é de caráter coletivo. 
FIGURA 5 – APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
FONTE: Disponível em: <http://www.gthidro.ufsc.br/comunidade-de-aprendizagem-
em-governanca-do-saneamento>. Acesso em: 20 jan. 2014.
A respeito disso Gohn (2011, p. 112) nos enfatiza que:
A maior importância da educação não formal está na possibilidade 
de criação de novos conhecimentos, ou seja, a criatividade humana 
passa pela educação não formal. O agir comunicativo dos indivíduos, 
voltado para o entendimento dos fatos e fenômenos sociais cotidianos, 
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
16
baseia-se em convicções práticas, muitas delas advindas da moral, 
elaboradas a partir das experiências anteriores, segundo as tradições 
e as condições histórico-sociais de determinado tempo e lugar. O 
conjunto desses elementos fornece a amálgama para a geração de 
soluções novas, construídas em face dos problemas que o dia a dia 
coloca nas ações dos homens e das mulheres.
A educação não formal proporciona aos seus participantes um espaço 
importante de reflexão e posteriormente, ações que possam vir a beneficiar 
diretamente a comunidade no qual estãoinseridos. Para que isso seja concreto, 
é necessário empenho e determinação dos grupos envolvidos com essa prática 
educativa, motivando a participação da comunidade.
 Gohn (2011) considera que é importante esclarecer que os processos 
metodológicos utilizados na educação não formal estão pouco relacionados à 
leitura e à escrita, ou seja, a discussão e a troca de ideias se dão por meio dos 
saberes disponíveis, no passado e presente e são consideradas prioridades nesta 
modalidade. Estes momentos possibilitam aos participantes a expressão de seus 
desejos, emoções e pensamentos, que por algum motivo (carência socioeconômica, 
direito individual, demanda não atendida) permaneceram calados.
Acadêmico(a)! A educação não formal exige do pedagogo um pensamento 
crítico e aberto às diferentes situações que irão fazer parte do seu cotidiano; pois 
como vimos anteriormente, as modalidades educativas estão separadas somente 
por conceitos teóricos, porém a realidade as une.
Pensar a escola hoje é reconhecer a existência de demandas individuais e 
coletivas, orientando para a liberdade do sujeito, preparando-o para o exercício do 
diálogo democrático e para as mudanças sociais. Buscar desenvolver a capacidade 
do sujeito em compreender o outro em sua cultura, deve fazer parte do conteúdo 
programático das atividades a serem desenvolvidas, quebrando paradigmas.
17
Neste tópico, você aprendeu que:
• Para Perrenoud (2000), o sucesso e o fracasso escolar não são exclusivos ao 
ambiente escolar, pois o estudioso considera que cada aprendizado objetiva 
preparar os alunos para enfrentarem as etapas subsequentes ao currículo 
escolar, tornando o aluno capaz de mobilizar suas aquisições escolares fora 
do ambiente escolar, tornando qualquer ambiente, um ambiente pedagógico, 
independente de quaisquer situações. 
• O conceito de competência enfocado por Perrenoud diz que não há uma 
definição clara e objetiva do seu significado, sendo que para o estudioso existem 
três aspectos do que pode vir a ser competência, como: desempenho, hábitos e 
sucesso.
• Perrenoud (2000) nos coloca ainda que a pedagogia diferenciada está relacionada 
com: a didática, o questionamento sobre o sentido do trabalho escolar, a relação 
com os outros saberes e a utilização dos conteúdos ministrados.
• Um educador comprometido com o processo de aprendizagem, fará o possível 
para que este educando possa avançar na aprendizagem, buscando métodos 
alternativos como: aulas extras, encaminhamento a outro profissional, 
formulação de uma metodologia mais lúdica e realista etc., evitando 
movimentar-se de forma desnecessária na busca de culpados pela condição do 
aluno.
• A diferença entre educação não formal e informal é que na primeira existem 
dois sujeitos, ou seja, fazem parte desta modalidade alcançar objetivos e/
ou desenvolver competências. Já a educação informal decorre de processos 
espontâneos não havendo rigidez metodológica na sua condução. 
• ONGs são agências que possuem know-how em metodologias, estratégias 
e programas de ação, tendo se firmado ao longo das últimas décadas como 
incentivadoras do trabalho voluntário. Elas se destacam no resgate do 
conhecimento, crenças e costumes das culturas locais, adotando uma postura 
de valorização e não de desprezo.
RESUMO DO TÓPICO 1
18
1 Para Perrenoud (2000) diferenciar significa lutar pelas desigualdades diante 
do espaço escolar, objetivando elevar o nível do ensino. Desta forma, como o 
profissional da educação precisa trabalhar este conceito de diferenciar?
2 Como você, acadêmico(a), visualiza a educação não formal e como ela 
acontece dentro desta estrutura? Exemplifique.
AUTOATIVIDADE
19
TÓPICO 2
CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Durante seus estudos nesta disciplina, vamos juntos caminhar pelos 
espaços não escolares, seus significados e forma como o pedagogo se destaca 
neles em seus formatos de atuação. 
Inicialmente, faremos um resgate de alguns conceitos importantes, 
sendo estes: educação formal, informal e não formal, bem como o conceito de 
pedagogia. Posteriormente, veremos alguns dos possíveis ambientes de educação 
não formal, nos quais os saberes pedagógicos contribuem de forma significativa 
no transcorrer dos processos educativos.
Desejamos, acadêmico(a), que seus estudos sejam produtivos e que 
enriqueçam sua visão diante destas possibilidades de trabalho. Bons estudos!
2 PEDAGOGIA: TEORIA E PRÁTICA
Por muito tempo a visão sobre o conceito e missão da Pedagogia, 
permaneceu limitada ao modo como se ensina ou o uso de técnicas de ensino, 
sendo então restritos ao ambiente escolar. Porém, um novo cenário da educação 
inicia-se a partir de novas perspectivas para o profissional, tornando seu 
significado mais amplo e complexo.
Libâneo (2010, p. 29) aponta que a Pedagogia
[...] é um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa 
na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz 
orientadora da ação educativa. O pedagógico refere-se às finalidades 
da ação educativa, implicando objetivos sociopolíticos a partir dos 
quais se estabelecem formas organizativas e metodológicas da ação 
educativa. Nesse entendimento, o fenômeno educativo apresenta-se 
como expressão de interesses sociais em conflito com a sociedade. É 
por isso que a Pedagogia expressa finalidades sociopolíticas, ou seja, 
uma direção explícita da ação educativa. 
A pedagogia ensaia novos passos que vão além dos muros das escolas 
direcionando o ato educativo a uma prática concreta realizada para a sociedade 
como um todo, respondendo aos novos movimentos que estão sendo estabelecidos 
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
20
como a globalização, o neoliberalismo, o terceiro setor, e a educação on-line, 
exigindo dos profissionais pedagogos maior qualificação e preparo.
Diante destes novos movimentos, Libâneo (2010) nos mostra que a 
educação é um conjunto de ações, processos, influências e estruturas, que através 
de suas práticas intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos, 
estabelecendo uma relação ativa com o meio natural e social, diante de um 
determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais.
O campo de atuação da pedagogia é vasto, pois a educação ocorre em 
várias instâncias como na família, no trabalho, na rua, nas organizações, nos 
meios de comunicação, na política, entre outras. 
FIGURA 6 – EDUCAÇÃO NA FAMÍLIA
FONTE: Disponível em: <http://www.novabrasilfm.com.br/blog/marcio-cruz/
familia-familia-acorda-junto-todo-dia-nunca-perde-essa-mania/>. Acesso em: 
6 jan. 2014.
Estas modalidades educativas manifestam-se de diferentes formas e 
são classificadas em: educação formal, não formal e informal. Libâneo (2010) as 
diferencia da seguinte forma:
a) Educação informal: corresponde às ações e influências exercidas pelo meio, ou 
seja, o ambiente sociocultural em que o indivíduo está inserido, por meio das 
relações do indivíduo com outros indivíduos ou grupos em vários aspectos, 
sejam estes: social, ecológico, físico e cultural. Este envolvimento resulta em 
conhecimentos, experiências e práticas que não estão ligadas à uma instituição, 
sendo assim, não apresentam uma função intencional ou organizada.
TÓPICO 2 | CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES
21
FIGURA 7– EDUCAÇÃO INFORMAL
FONTE: Disponível em: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2011/03/
fundamentos-historicos-e-filosoficos-da.html>. Acesso em: 6 jan. 2014.
b) Educação não formal: caracteriza-se pela relação educacional realizada em 
espaços fora dos marcos institucionais, mas que obedecem a certo grau de 
sistematização e estruturação. 
FIGURA 8 – EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
FONTE: Disponível em: <http://www.sorocaba.sp.gov.br/pagina/230/>. Acesso em: 
7 jan. 2014.
c) Educação formal: é composta pelas instâncias de formação, escolares ou não, 
em que há objetivos educativos explícitos resultantes de uma ação intencional 
institucionalizada, estruturadae sistemática.
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
22
FIGURA 9 – EDUCAÇÃO FORMAL
FONTE: Disponível em: <http://gifrana.blogspot.com.br/2009/12/educacao-
formal.html>. Acesso em: 7 jan. 2014.
Acadêmico(a)! Estas modalidades de educação possuem particularidades, 
porém não podem ser consideradas de forma isolada. 
Considerando que as práticas educativas fazem-se presentes em muitos 
lugares, o pedagogo passa a fazer parte de outros cenários, reconstruindo sua 
atuação em novos espaços.
 
Gadotti (2005) aponta que a educação não formal é mais difusa, menos 
hierárquica e menos burocrática, pois os programas desenvolvidos nesta 
modalidade educacional não necessitam seguir um sistema sequencial e 
hierárquico de progressão. Sua duração pode ser de acordo com a necessidade da 
instituição que o desenvolve, podendo fornecer certificados ou não. 
Diante do exposto, Gadotti (2005, p. 2) sustenta que:
O tempo da aprendizagem na educação não formal é flexível, 
respeitando as diferenças e as capacidades de cada um, de cada uma. 
Uma das características da educação não formal é sua flexibilidade 
tanto em relação ao tempo quanto à criação e recriação dos seus 
múltiplos espaços. 
São caracterizados como espaços de atuação do pedagogo para a 
educação não formal: empresas, hospitais, ONGs, associações, igrejas, eventos, 
emissoras de transmissão (rádio e TV), penitenciárias, agências de viagem, entre 
outros lugares em que os saberes pedagógicos façam a diferença. Desta forma o 
pedagogo acompanha as transformações sofridas pela sociedade fazendo com 
que esta também a perceba de outra forma, deixando de ser visto como um 
TÓPICO 2 | CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES
23
profissional diretamente ligado à educação formal, passando a desenvolver um 
trabalho mais amplo e diversificado.
Para Libâneo (2010), a educação está associada aos processos de 
comunicação e interação nos quais os membros de uma sociedade assimilam 
saberes, habilidades, técnicas, atitudes e valores existentes em um meio 
culturalmente organizado, ganhando com isso a importância necessária para 
produzir outros saberes, técnicas, valores etc.
 Este profissional, que sempre exerceu o papel de transformador do 
conhecimento e do comportamento humano, agora acompanha as mudanças 
sociais, efetivando sua atuação além dos muros da escola, e que, no entanto, 
também objetivam a aprendizagem e a modificação do comportamento humano 
dentre a educação não formal.
Libâneo (2010) chama nossa atenção ao afirmar que o pedagogo é o 
profissional cuja atuação é ampliada às várias instâncias da prática educativa, 
direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e 
assimilação de saberes e modos de ação, tendo por objetivo a formação humana 
previamente definida em sua contextualização histórica. 
Partindo do pressuposto de que a evolução social tem inserido o pedagogo 
em um mercado de trabalho cada vez mais amplo e diversificado, faz-se importante 
compreendermos que muitas foram as mudanças na dinâmica desta sociedade 
contemporânea, devido à globalização e às modernizações. Também foram 
valorizadas, com mais intensidade, ações como inclusão social, voluntariado, 
projetos e pesquisas voltados às várias modalidades educativas (formal, informal 
e não formal), reforçando que o processo de ensino-aprendizagem não se restringe 
somente ao espaço escolar.
Libâneo (2010) enfatiza que no campo da ação pedagógica extraescolar 
encontramos profissionais que exercem sistematicamente atividades pedagógicas 
e outros que ocupam apenas parte de seu tempo nestas atividades, dentre eles:
a) Formadores, animadores, instrutores, organizadores, técnicos, consultores, 
orientadores, que desenvolvem atividades pedagógicas (não escolares) em 
órgãos públicos, privados e públicos não estatais, os ligados às empresas, à 
cultura e aos serviços de saúde, alimentação, promoção social etc.
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
24
FIGURA 10 – ORIENTAÇÃO EM SAÚDE
FONTE: Disponível em: <http://linkdigital.ifsc.edu.br/2012/05/21/ifsc-participa-
da-semana-municipal-de-conscientizacao-e-orientacao-sobre-saude-mental-em-
joinville/>. Acesso em: 8 jan. 2014.
b) Formadores que atuam nas empresas com a transmissão de saberes e técnicos 
ligados a outras atividades profissionais especializadas. Neste quesito temos, 
por exemplo, engenheiros, supervisores de trabalho, técnicos etc., que dedicam 
boa parte de seu tempo a supervisionar e ensinar trabalhadores no local de 
trabalho, orientar estagiários etc.
FIGURA 11 – ORIENTAÇÃO DE ESTÁGIO
FONTE: Disponível em: <http://economia.terra.com.br/lei-do-estagio-ajuda-
empreendedor-a-descobrir-novos-talentos,857832c35076b310VgnCLD200000bb
cceb0aRCRD.html>. Acesso em: 8 jan. 2014.
TÓPICO 2 | CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES
25
c) Trabalhadores sociais, monitores e instrutores de recreação e educação física, 
bem como profissionais das mais diversas áreas onde ocorre algum tipo de 
atividade pedagógica, tais como: administradores de pessoal, redatores de 
jornais e revistas, comunicadores sociais e apresentadores de programas de 
rádio e TV, criadores de programas de TV, de vídeos educativos, de jogos 
e brinquedos, elaboradores de guias urbanos e turísticos, mapas, folhetos 
informativos, agentes de difusão cultural e científica etc. 
FIGURA 12 – GUIA TURÍSTICO
FONTE: Disponível em: <http://www.tocadacotia.com/turismo/guia-de-turismo>. 
Acesso em: 8 jan. 2014.
Acadêmico(a)! Como você pôde observar há uma gama enorme de 
atividades pedagógicas desenvolvidas por outros profissionais, que muitas vezes 
nem se dão conta de que exercem um papel educativo e influente no cotidiano 
de outras pessoas. Neste caso, a intervenção do pedagogo é de grande valia, pois 
como profissional habilitado em lidar com questões também referentes à dinâmica 
da aprendizagem, tem muito a contribuir com as outras categorias profissionais.
3 OUTROS SENTIDOS PARA EDUCAÇÃO
Veremos a seguir que a educação se apresenta com outros sentidos, além 
daqueles que já conhecemos. Para tanto devemos também, enquanto pedagogos 
adotar outras posturas tendo como finalidade repensar nossa prática e reconstruir 
nossos métodos.
Para Libâneo apud Mialaret (1976) a educação caracteriza-se de três 
outras formas: educação-instituição, educação-processo e educação-produto, que 
se organizam da seguinte maneira:
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
26
a) Educação-instituição: esta linha corresponde a uma estrutura organizacional 
e administrativa, com normas de funcionamento e diretrizes pedagógicas que 
se referem ao sistema educacional como um todo, no caso do funcionamento 
interno de cada instituição. Neste âmbito estão as escolas e as outras formações 
de educação, como: educação brasileira, educação norte-americana e educação 
familiar, sendo esta também inclusa como instituição. O autor esclarece 
que a multiplicidade de modalidades educativas presentes na sociedade 
contemporânea não restringem o sistema educacional ao sistema de ensino, 
muito menos o reduzem às formas estritamente institucionais ou oficiais. Na 
educação não formal, encontramos outras categorias assim organizadas como 
os movimentos sociais e comunitários, as atividades de animação cultural, 
equipamentos urbanos etc.
FIGURA 13 – MOVIMENTOS SOCIAIS
FONTE: Disponível em: <http://feab.wordpress.com/2009/12/03/a-une-as-fraudes-e-a-
criminalizacao-dos-movimentos-sociais/>. Acesso em: 8 jan. 2014.
b) Educação-processo: esta instância é ligada à ação educadora e suas condições/
modos pelos quais os sujeitos incorporam os meios de se educar. Considerando 
que toda educação implica uma relação de influência entre os seres humanos, 
a educação-processo objetiva formar o sujeito, de modo que o mesmo possa 
alcançar propósitos explícitos e intencionais,promovendo aprendizagens 
mediante a atividade própria dos sujeitos. É aplicada em ambientes 
organizados, objetivos e com conteúdos definidos em função das necessidades 
apresentadas pelos sujeitos, visando à utilização de métodos e procedimentos de 
intervenção educativa buscando obter determinados resultados distinguindo-
se dos processos educativos informais, que são mais difusos e espontâneos. 
O processo educativo opera com três elementos considerados essenciais: um 
agente que origina a ação educativa, um modo de atuação que se constitui 
de conteúdo ou método e um destinatário que corresponde a um indivíduo, 
grupo ou geração. 
TÓPICO 2 | CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES
27
FIGURA 14 – TREINAMENTO
FONTE: Disponível em: <http://www.ines.gov.br/_layouts/mobile/view.
aspx?List=f99d462d-c61d-47a9-b3c9-abf307e38d59&View=2825c49b-0843-
4a8f-8fea-d3e10904a144>. Acesso em: 9 jan. 2014.
c) Educação-produto: este modelo caracteriza-se pelos resultados obtidos na 
execução das ações educativas, diante da configuração do sujeito educado 
como consequência dos processos educativos ministrados. Configura-se no 
aluno educado como produto da oferta de serviços educativos. Ao fazermos 
uso de comentários como “o ensino fundamental está deixando a desejar” ou “a 
criança está no quinto ano e ainda não sabe ler”, estamos avaliando a educação-
produto. Neste aspecto, estamos questionando os objetivos e conteúdos da 
educação, indiferente se esta for escolar ou não escolar, pois ambas refletem as 
expectativas sociais. Ao definirmos como projeto a formação de sujeitos com 
perfil autônomo, solidário, participativo e/ou profissionalmente capacitados, 
estamos nos remetendo ao “aluno educado” como sujeito que se comporta 
e se conduz de acordo com estas expectativas. Os educadores precisam ter 
clareza dos objetivos e efeitos do processo educativo, sendo necessário avaliar 
a educação-produto e, reformular a educação-instituição, visando aprimorar a 
educação-processo caso for necessário.
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
28
FIGURA 15 – FRACASSO X SUCESSO ESCOLAR
FONTE: Disponível em: <http://fracassoescolar2012.blogspot.com.br/>. 
Acesso em: 9 jan. 2014.
Considerando que a educação é uma ação, a educação-processo é a forma 
que norteia as bases para a educação-sistema e para a educação-produto. Neste 
ponto cabe verificar se os objetivos estão de acordo com as idades, os vários 
agrupamentos sociais e as realidades vividas pelos sujeitos educandos.
4 DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE A EDUCAÇÃO 
FORMAL, INFORMAL E NÃO FORMAL
Conforme a proposta desta disciplina, passaremos a concentrar e 
aprofundar nossos estudos na modalidade de educação não formal. Porém, 
como anteriormente vimos, as três modalidades educativas (formal, informal e 
não formal) estão de alguma forma interligadas, o que nos obriga a destrinchá-las 
para que possamos entender também o que as mantém unidas.
Primeiramente, necessitamos ser visionários de um processo educativo 
ligado a várias estruturas sociais, deixando de lado a antiga concepção de que a 
educação é restrita aos espaços das escolas, tratando-se de um movimento que 
é fruto do desenvolvimento social e que é determinada pelas relações sociais 
vigentes em cada sociedade.
A educação transforma-se no mesmo ritmo que a sociedade evolui. Um 
exemplo dessa evolução são as tecnologias de informação aplicadas à educação, 
com programas específicos que auxiliam na aprendizagem de crianças, adolescentes 
e adultos. Lembre-se também de que a educação a distância é uma mostra desse 
“pensar educação” diante dos progressos da sociedade.
 
Libâneo (2010) busca nortear nossos olhares sobre as modalidades 
educativas, ao destacar que a concepção do processo educativo leva à ampliação 
do significado da educação na sociedade, enfatizando a necessidade da distinção 
TÓPICO 2 | CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES
29
entre a educação não intencional e a educação intencional. Ao tratar da educação 
não intencional, o autor nos remete a refletir:
Num sentido mais amplo, a educação abrange o conjunto das 
influências do meio natural e social que afetam o desenvolvimento do 
homem na sua relação ativa com o meio social. Os fatores naturais 
como o clima, a paisagem, os fatores físicos e biológicos, sem dúvida 
exercem uma ação educativa. Do mesmo modo, o ambiente social, 
político e cultural implicam sempre mais processos educativos, 
quanto mais a sociedade se desenvolve. Os valores, os costumes, as 
ideias, a religião, a organização social, as leis, o sistema de governo, 
os movimentos sociais, as práticas de criação de filhos, os meios de 
comunicação social são forças que operam e condicionam a prática 
educativa. A despeito desse grande poder dessas influências, boa parte 
delas ocorre de modo não intencional, não sistemático, não planejado. 
(LIBÂNEO, 2010, p. 87).
No que condiz à educação intencional, Libâneo (2010, p. 87) sustenta que:
Surge, pois, no desenvolvimento histórico da sociedade, a educação 
intencional como consequência da complexificação da vida social 
e cultural, da modernização das instituições, do progresso técnico 
científico, da necessidade de cada vez maior número de pessoas 
participarem das decisões que envolvem a coletividade. A sociedade 
moderna tem uma necessidade inelutável de processos educacionais 
intencionais, implicando objetivos sociopolíticos explícitos, conteúdos, 
métodos, lugares e condições específicas de educação, precisamente 
para possibilitar aos indivíduos a participação consciente, ativa, crítica 
na vida social global.
Deve estar claro ao pedagogo, que há uma distinção entre ambas e que 
a totalidade da educação se dá a partir da junção destas duas modalidades, 
principalmente no que tange às relações (vínculos) estabelecidos durante o 
processo de formação do indivíduo. 
A educação intencional e a não intencional unem-se a partir do momento 
em que percebemos que o indivíduo não está alheio às mudanças que ocorrem 
ao seu redor ou muito menos isolado das diretrizes que organizam os diversos 
processos dos quais ele é submetido, ao longo da vida.
Diante disso, vamos procurar esclarecer, acadêmico(a), algumas 
prerrogativas pertinentes à educação formal e à não formal, sendo estas: a 
educação formal é aplicada exclusivamente aos ambientes escolares? Qual é a 
diferença entre a educação formal e a não formal? A educação formal faz parte da 
formação dos adultos incluídos em movimentos sociais?
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UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
30
Libâneo (2010, p. 88) nos esclarece as diferenças das respectivas 
denominações inferidas a estas modalidades educativas, ao sustentar que:
Formal refere-se a tudo que implica uma forma, isto é, algo inteligível, 
estruturado, o modo como algo se configura. Educação formal seria, 
pois, aquela estruturada, organizada, planejada intencionalmente, 
sistemática. Neste sentido, a educação escolar convencional é tipicamente 
formal. Mas isso não significa dizer que não ocorra educação formal em 
outros tipos de educação intencional. Entende-se assim, que onde haja 
ensino (escolar ou não) há educação formal. Neste caso são atividades 
educativas formais também a educação de adultos, a educação sindical, 
a educação profissional, desde que estejam presentes a intencionalidade, 
a sistematicidade e condições previamente preparadas, atributos que 
caracterizam um trabalho pedagógico-didático, ainda que realizadas 
fora do marco escolar propriamente dito.
FIGURA 16 – ASSEMBLEIA SINDICAL
FONTE: Disponível em: <http://www.bancariosdf.com.br/site/index.
php?option=com_content&view=article&id=7539:bancarios-do-bb-e-da-caixa-participam-de-reuniao-conjunta-no-trt&catid=40:caixa&Itemid=23>. 
Acesso em: 9 jan. 2014.
Libâneo (2010, p. 89) nos apresenta o significado de educação não formal ao 
enfatizar que:
[...] são aquelas atividades como caráter de intencionalidade, porém 
com baixo grau de estruturação e sistematização, implicando 
certamente relações pedagógicas, mas não formalizadas. Tal é o 
caso dos movimentos sociais organizados na cidade e no campo, os 
Acadêmico(a)! Ao aprofundarmos esta definição de educação formal 
contemplada pelo autor anteriormente citado, foi possível compreender que esta 
modalidade está ligada a outros campos de cunho educativo possibilitando sua 
aplicação aos diversos setores da sociedade.
TÓPICO 2 | CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES
31
FIGURA 17 – CAPACITAÇÃO DE MULHERES AGRICULTORAS
FONTE: Disponível em: <http://www.asbraer.org.br/noticias,ruraltins-promove-
curso-de-processamento-de-frutas-em-rio-sono,56461>. Acesso em: 9 jan. 2014.
Enquanto educadores, precisamos ter clareza de que as modalidades 
formal, não formal e informal de ensino devem ser valorizadas, cada qual em 
suas peculiaridades, porém vistas de uma maneira unificada. A educação formal 
não deve ser atribuída somente à unidade escolar, pois é neste ambiente que 
a formação sistematizada inicia seu percurso e o apresenta às demais formas 
educativas. A escola deve buscar estreitar seus vínculos com a educação formal e 
a não formal, adotando uma postura consciente, criativa, crítica e realista diante 
destes conceitos educacionais.
Libâneo (2010) reforça esta questão quando coloca que a educação não pode 
ser dissolvida nos movimentos sociais, ou seja, uma sociologização da educação, 
pois tal visão provocaria um empobrecimento da Pedagogia. Em contrapartida, a 
educação também não deve ser referenciada somente pela escolarização, negando 
a visão contextualizada da prática educativa escolar unida a outras modalidades.
Acadêmico(a)! Ao estudarmos as características de cada modalidade 
educativa, passamos a compreender seu entrelaçamento e importância na formação 
contínua do indivíduo e o quão o papel do educador consciente destas diferenças e 
semelhanças é primordial neste aspecto. 
trabalhos comunitários, atividades de animação cultural, os meios 
de comunicação social, os equipamentos urbanos culturais e de 
lazer (museus, cinemas, praças, áreas de recreação) etc. Na escola 
são práticas não formais as atividades extraescolares que provêm 
conhecimentos complementares, em conexão com a educação formal 
(feiras, visitas etc.). O exemplo da escola mostra que, frequentemente, 
haverá intercâmbio entre o formal e o não formal. Uma associação 
de bairro de educação não formal poderá reunir mães, durantes três 
dias, para um curso sobre a importância do aleitamento materno, 
onde se terão objetivos explícitos, conteúdos, métodos de ensino, 
procedimentos didáticos que são características da educação formal.
32
RESUMO DO TÓPICO 2
 Neste tópico você estudou que:
• A pedagogia passa a ter nova roupagem e sai das salas de aula auxiliando 
profissionais de várias áreas, exigindo dos pedagogos maior formação e 
comprometimento.
• Para Libâneo (2010) as modalidades educacionais subdividem-se em três: 
formal, informal e não formal, assim conceituadas:
 Modalidade formal: característica das instâncias de formação, escolares ou 
não, em que há objetivos educativos explícitos direcionados para uma ação 
intencional institucionalizada, estruturada e sistemática.
 Modalidade informal: corresponde às ações e influências exercidas pelo meio, 
ou seja, o ambiente sociocultural em que o indivíduo está inserido. 
 Modalidade não formal: caracteriza-se pela relação educacional realizada em 
instituições fora dos marcos institucionais, mas que obedecem a certo grau de 
sistematização e estruturação. 
• São vastas as áreas de atuação do pedagogo; Libâneo (2010) assim os denomina: 
a) formadores, animadores, instrutores, organizadores, técnicos, consultores, 
orientadores, que desenvolvem atividades pedagógicas (não escolares) em 
órgãos públicos, privados e públicos não estatais, ligados às empresas, à 
cultura, aos serviços de saúde, alimentação, promoção social etc.; b) formadores 
ocasionais que ocupam parte do seu tempo em atividades pedagógicas em 
empresas, por exemplo: engenheiros, técnicos, supervisores de trabalho; c) 
trabalhadores sociais, monitores e instrutores de recreação e educação física, 
bem como profissionais das mais diversas áreas. Exemplo: comunicadores 
sociais, administradores de pessoal etc.
• A educação não permanece somente nas modalidades formal, informal 
e não formal. Para Libâneo apud Mialaret (1978), a educação possui três 
formas: educação-instituição; educação-processo; educação-produto, assim 
conceituadas:
 Educação-institucional: ocorre a partir da estrutura organizacional e 
administrativa, com normas de funcionamento e diretrizes pedagógicas que se 
referem ao sistema educacional.
33
 Educação-processo: opera com três elementos considerados essenciais: um 
agente que origina a ação educativa; um modo de atuação que se constitui 
de conteúdo ou método e um destinatário que corresponde a um indivíduo, 
grupo ou geração. 
 Educação-produto: caracteriza-se pelos resultados obtidos na execução das 
ações educativas, diante da configuração do sujeito educado como consequência 
dos processos educativos ministrados.
34
1 Caro(a) acadêmico(a)! Disserte sobre as novas áreas de atuação do pedagogo. 
Mencione suas vantagens e o que este profissional necessita diante das 
mudanças que ocorrem dentro da pedagogia.
AUTOATIVIDADE
35
TÓPICO 3
A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Prezado(a) acadêmico(a)! Nesta nova fase de estudos, apresentaremos 
alguns conceitos pertinentes à formação de sua identidade, além da influência 
que os diversos grupos que fazem parte da sua vida, contribuindo também com 
a formação de sua identidade enquanto pedagogo. Além disso, abordaremos 
o papel do professor na pós-modernidade e os avanços da pedagogia neste 
movimento, enfocando principalmente a postura do educador. 
2 TODOS POR UM: O GRUPO NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE
Que tal iniciarmos os estudos de uma maneira diferente? Para isto o(a) 
convidamos para um desafio: em posse de um papel e lápis, pare por um minuto e 
liste todos os grupos dos quais fez ou faz parte. Dos grupos que você listou, pense 
agora: qual é a principal razão de fazer parte deles? Certamente você terá mais 
claro os motivos que o(a) impulsionaram a participar de alguns grupos e talvez 
ficará em dúvida quanto à sua participação em outros, mas não se preocupe, 
pois no decorrer desta exposição vamos procurar juntos, as respostas para estas 
perguntas.
Para que possamos compreender melhor estas questões, precisamos 
inicialmente nos remeter à infância. Toda criança que vem ao mundo adentra 
a um cenário pronto, ou seja, construído e organizado anteriormente ao seu 
nascimento que farão parte da vida e, consequentemente, das relações sociais 
desta criança.
Bock (1995) salienta que essas relações sociais ocorrem num primeiro 
momento na família, que é responsável por orientar a criança a fim de prepará-la 
para a ampliação do círculo de relações. Ao longo da vida do indivíduo, acontecerá 
a internalização da realidade e sua formação psíquica, que são construídos a 
partir de suas experiências de vida em um processo contínuo.
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
36
FIGURA 18 – FAMÍLIA
FONTE: Disponível em: <http://pastorsantos.no.comunidades.net/index.
php?pagina=1135855144>. Acesso em: 15 nov. 2012.
A história de vida de cada um é construída mediante o convívio com os 
vários grupos sociais e como esses agem sobre nós. Por exemplo: na escola, a 
criança desenvolve várias habilidades, mas poderá apresentar maior desenvoltura 
em uma determinada área, destacando-se entre os demais, e com isso terá mais 
afinidadecom as pessoas que demonstram a mesma habilidade. 
Bock (1995) destaca que o grupo social supõe um conjunto de pessoas 
relacionando-se mutuamente e de forma organizada, tendo por finalidade atingir 
um objetivo a curto ou longo prazo.
Podemos exemplificar este conceito tendo por objetivo imediato (curto 
prazo) a elaboração de um projeto social, e a longo prazo, alcançar ampliação do 
laboratório de informática de uma escola que será aberta para a comunidade. Para 
que os objetivos sejam alcançados, a execução do projeto deverá estar centrado 
na distribuição das tarefas, no relacionamento entre as pessoas, na comunicação 
entre todos que fazem parte do grupo e no desenvolvimento dos que dele fazem 
parte, em prol do alcance do objetivo. 
Quando falamos na importância das ações do grupo ao alcance do objetivo, 
estamos nos referindo ao processo grupal, no qual Bock (1995, p. 207) define como: 
[...] uma rede de relações que pode caracterizar-se por relações 
equilibradas de poder entre os participantes ou pela presença de uma 
figura ou subgrupo que detém o poder e determina as obrigações e 
normas que regulam a vida grupal. As relações de poder no grupo 
determinam ou influenciam o grau de participação dos membros nas 
decisões grupais, o processo de comunicação interno, o sistema de 
normas e punições e suas aplicações. 
TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO
37
Cada grupo tem sua própria história, bem como um sistema de controle 
próprio para lidar com seus membros, ou seja, quando alguns deles fogem às 
regras instituídas, cabe aos demais estabelecer quais medidas serão aplicadas 
a fim de controlar o comportamento dos mesmos. Para que um grupo trabalhe 
em harmonia, a cooperação é um fator muito importante pois traz vitalidade à 
equipe, e por isso favorece a resolução de conflitos em relação a valores e regras, 
entre outros aspectos da vida grupal. 
Outro movimento que integra a relação nos grupos são os conflitos, pois os 
mesmos consistem em situações que perturbam a ação ou a tomada de decisões, 
devido à diversidade de opiniões e crenças dos membros do grupo, porém faz-
se necessário pensar que os conflitos nos momentos de hostilidade, podem ser 
caracterizados como crescimento para um grupo que saiba tirar proveito disso.
Ao refletirmos sobre a diversidade, consideramos que o indivíduo faz parte 
de diversos grupos como, por exemplo, na igreja, na família, no voluntariado, 
no trabalho, entre outros, sendo que o mesmo também acontece, também ocorre 
com cada um dos demais participantes e todos trazem consigo as experiências 
vivenciadas nos demais grupos dos quais fazem ou fizeram parte.
Bock (1995, p. 208) ressalta que:
Considerar o processo de desenvolvimento grupal significa, 
também, que o grupo pode propiciar a seus participantes condições 
de desenvolvimento e crescimento pessoal. Ninguém sai de um 
grupo igual a quando entrou nele. Participar de um grupo significa 
partilhar pontos de vista, representações, crenças, informações, 
emoções, desenvolver habilidades, aprender a desempenhar papéis 
de estudante, de filho, de profissional etc.
Partilhando suas vivências com o grupo, o indivíduo traz à tona o que 
realmente é, ou seja, o que ele pensa, age, e sente, podendo assim influenciar o 
grupo de alguma maneira. Assim como influencia também é influenciado pelo 
grupo. Em ambos os casos, algumas atitudes ou crenças podem ou não ser aceitas, 
mesmo sendo produto da história de vida de seus envolvidos. Neste momento, 
estamos falando do processo de socialização.
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
38
FIGURA 19 – GRUPO DE ADOLESCENTES
FONTE: Disponível em: <http://sociologiamelhormateria.blogspot.com.
br/2011/03/tipos-de-agregados-sociais.html>. Acesso em: 15 nov. 2012.
Conforme Bock (1995), a socialização é o processo no qual ocorre a 
internalização do mundo social, com suas normas, valores, modos de representar 
os objetos e situações que compõe a realidade objetiva; fazendo parte também 
do processo de constituição de uma realidade subjetiva, formada a partir das 
primeiras relações do indivíduo com o meio social.
É importante destacar que a questão específica que aborda o “que e como” o 
indivíduo aprenderá vai depender de que grupo ele faz parte, mediante condições 
peculiares como a classe social e cultural resultando em aprendizados diversificados. 
Bock (1995) nos chama a atenção para dois processos distintos no que 
tange à socialização, são eles:
a) Socialização primária: ocorre a partir do momento em que são passados 
à criança os valores referentes às situações vividas pela sua família ou seu 
substituto, podendo ser a creche ou o orfanato.
FIGURA 20 – VALORES 
FONTE: Disponível em: <http://meustrabalhospedagogicos.blogspot.com.
br/2008/02/abordagens-dos-temas-transversais.html>. Acesso em: 21 nov. 2012.
TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO
39
b) Socialização secundária: nesta fase, os grupos levados em consideração, são 
todos aqueles que vão fazer parte da vida do indivíduo ao longo dos anos, ou 
seja, essa socialização irá ocorrer na escola, no grupo de amigos (especialmente 
na adolescência, que se torna referência em comportamento, hábitos e valores, 
principalmente quando tratar do enfrentamento com o adulto) e adiante no 
grupo de trabalho.
Constantemente fazemos parte de algum grupo social, independentemente 
da idade, pois a socialização não deixará de fazer parte da vida, mesmo quando um 
adolescente torna-se adulto, já que se trata de um processo ininterrupto. Porém, 
com a maturidade, as relações passam por mudanças e, consequentemente, o 
indivíduo vai interferindo no seu próprio processo de construção subjetiva, 
transformando-a. Desta forma, quando o indivíduo passa a transformar, produzir 
e interagir no meio que o cerca e, principalmente, em si próprio, ocorre a formação 
da identidade.
Acadêmico(a)! Quando alguém o(a) aborda e pede a sua identidade, 
certamente você providencia seu documento em que consta uma série de 
informações que o diferencia das demais pessoas de um mesmo ambiente. 
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
40
FIGURA 21 – CARTEIRA DE IDENTIDADE
FONTE: Disponível em: <http://aevangelista.wordpress.com/2010/03/15/
nossa-identidade/>. Acesso em: 15 nov. 2012.
Porém, o conceito de identidade vai muito além de um documento, 
estamos nos referindo a uma apropriação do indivíduo em si mesmo ou a um 
autorreconhecimento. Bock (1995, p. 213) bem coloca:
[...] o reconhecimento do eu se dá no momento em que aprendemos 
a nos diferenciar do outro. Eu passo a ser alguém quando descubro 
o outro e a falta desse reconhecimento do outro não permitiria que 
eu soubesse quem sou eu, na medida em que não teria elementos de 
comparação que permitissem que o meu eu se destacasse dos outros 
eus. Desta forma, podemos dizer que a identidade, o igual a si mesmo, 
depende da sua diferenciação em relação ao outro, o que faz da 
categoria uma função de interação entre o indivíduo e sua cultura. 
A construção da identidade é algo permanente na vida do indivíduo, por 
meio de seus sonhos, desejos, anseios, personalidade etc. Outro fator importante 
de constituição da identidade é a atividade. Bock (1995) nos expõe que a atividade 
constrói a identidade, sendo que o fato de estarmos inseridos nas organizações 
torna nossa ação fragmentada.
Para melhor compreender esta afirmação, é preciso perceber que, 
dependendo de onde estamos e com quem estamos, desenvolvemos atividades 
e ocupamos lugares diferentes. Por exemplo, neste momento você está no lugar 
de estudante, a leitura é pertinente aos seus estudos; diante dos seus colegas 
de turma, você é visto como um bom estudante, pois é responsável, e tem boas 
notas. Já para seus amigos mais íntimos, talvez você seja o extrovertido, que está 
sempre alegre contando histórias, ou seja, como pode perceber houve uma trocade lugares e assim o “bom aluno” foi substituído pelo “amigo extrovertido”.
Bock (1995, p. 216) ressalta: 
TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO
41
A identidade é sempre uma identidade pressuposta, mas ao mesmo 
tempo tal pressuposição é negada pela atividade, já que ao fazer eu 
me transformo o que faz da identidade um processo em permanente 
movimento.
É nesta movimentação que nos identificamos, fazendo parte de vários 
grupos durante nossa vida. Nesta conjuntura e tomando como base a sua escolha 
pelo Curso de Pedagogia, acadêmico(a), você amplia sua rede de relações e coloca 
em movimento sua identidade pessoal, para assim construir sua identidade 
profissional enquanto pedagogo, que passará a conhecer melhor a partir de agora. 
3 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PEDAGOGO
Vimos que uma das formas de constituição da identidade é a atividade, 
ou seja, durante nossa vida desempenhamos várias funções nos grupos dos quais 
fazemos parte e isso nos posiciona diante das pessoas.
A escolha profissional é um momento de muitas dúvidas para determinadas 
pessoas, considerando que algumas deixam o curso superior para mais tarde, a 
fim de adquirirem maturidade. 
Acadêmico(a), pare por um momento e pense como foi a sua escolha 
pela Pedagogia: foi espelhada em alguém que admirava? Foi o testemunho de 
algum pedagogo que o inspirou? Escolheu por que gosta de crianças? Reflita 
sobre suas respostas e considere toda a sua caminhada até aqui. Dentre tudo que, 
provavelmente, você imaginou antes de envolver-se diretamente com a pedagogia, 
o “ser pedagogo” bem como o papel a desempenhar, deve estar mais claro. 
Conforme o site Brasil Profissões (2010), o pedagogo é um profissional 
especialista em educação, cuja função é produzir e difundir conhecimento no 
campo educacional, no qual deve ser capaz de atuar em diversas áreas educativas 
e compreender a educação como fenômeno cultural, social e psíquico. 
42
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
FIGURA 22 – ESTUDANTE DE PEDAGOGIA
FONTE: Disponível em: <http://saojosedoscampos.olx.com.br/sou-estudante-
de-pedagogia-procuro-um-trabalho-de-baba-iid-116250137>. Acesso em: 21 
nov. 2012.
O site ainda sustenta que algumas das características necessárias para 
ser pedagogo englobam a capacidade de planejamento e execução de planos, 
dinamismo, boa comunicação facilidade em transmitir ideias; criatividade 
e competência no enfrentamento dos problemas do cotidiano, assim como 
flexibilidade, tolerância e atenção à diversidade cultural da sociedade, também 
são atributos exigidos para o exercício da pedagogia.
A partir disso, podemos afirmar que a educação sente diretamente as 
mudanças provocadas pelas constantes transformações que ocorrem devido à 
globalização, exigindo dos educadores novas posturas, dinâmicas e abordagens 
objetivando o preparo dos alunos para que num futuro desenvolvam suas 
atividades como profissionais competentes, hábeis e polivalentes, cabendo 
também ao educador transmitir os conceitos necessários para que este aluno 
entenda e pratique a cidadania em conformidade com a ética e todas as implicações 
que a mesma confere.
Conforme Soares (2006) faz-se necessário dominar conhecimentos, para 
que seja possível garantir a eficiência e eficácia da ação em prol do resultado, 
sendo pertinente buscar formação teórica a fim de se unir aos saberes práticos.
Estes saberes necessitam estar ligados e sustentados no desempenho 
do ofício docente desempenhado pelo Pedagogo na construção do processo 
educacional, levando a uma reflexão no que tange aos conceitos de identidade 
profissional, saberes, competência, valores, crenças e culturas, princípios estes 
que contribuem para a caracterização do perfil do pedagogo.
TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO
43
Diante do exposto, este profissional deve ter clareza do seu papel, pois 
sua função faz com que ele experimente constantemente novas possibilidades de 
pensar, agir e compreender seu atuar na sociedade, por fazer parte da construção 
da história, juntamente com vários outros atores sociais que buscam a mudança 
e consequentemente a transformação do meio que os cerca em um espaço mais 
humano, mediante ações competentes e participativas. Para que o pedagogo 
tenha êxito nesta jornada, faz-se necessário a aquisição de alguns saberes que 
fundamentem o seu fazer pedagógico. Tardif (2001) os compreende como:
• Saberes da formação profissional: são transmitidos pelas instituições 
responsáveis pela formação (escolas normais ou universidades). O professor 
e o ensino constituem objeto de saber para as ciências e para as ciências da 
educação.
• Saberes pedagógicos: caracterizam-se como doutrinas ou concepções 
provenientes de reflexos da prática educativa no seu mais amplo sentido, no 
qual orientam a prática educativa.
• Saberes curriculares: fazem parte deste os objetivos, conteúdos e métodos a 
partir dos quais a constituição escolar categoriza e apresenta os saberes sociais.
• Saberes experienciais ou práticos: estes compreendem os saberes produzidos 
pelos professores no exercício da função diária e no conhecimento de seu meio, 
ou seja, são os saberes validados a partir da experiência.
FIGURA 23 – PEDAGOGO
FONTE: Disponível em: <http://www.trajetoconsultoria.com.br/
acerteorumo/?cat=66>. Acesso em: 21 nov. 2012.
44
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
Todos estes saberes constituem a identidade do pedagogo, diante das 
relações que são estabelecidas com os alunos e demais pessoas que fazem parte 
daquela realidade. Para a construção deste processo, o profissional deve ter claro 
que a formação teórica é algo essencial para o desenvolvimento de suas atividades, 
nos quais a ciência, arte e filosofia, fazem parte do trabalho. Conforme Rios (2003), 
as ações dos docentes abrangem dimensões importantes, sendo: 
• Dimensão técnica: consiste na capacidade em lidar com os conteúdos conceitos e 
comportamentos, articulando-os com os alunos em um processo de construção 
e reconstrução.
• Dimensões estéticas: diz respeito à presença da sensibilidade e sua orientação 
numa perspectiva criadora.
• Dimensão política: refere-se à participação na construção da sociedade bem 
como na reivindicação dos direitos e exercício dos deveres. 
• Dimensão ética: trata-se do respeito à orientação da ação, tendo como base o 
respeito e a solidariedade, na direção de um bem coletivo. 
Diante do exposto, a constituição da identidade do pedagogo parte de saberes 
teóricos e práticos, para a construção de um trabalho autônomo e competente, na 
superação dos obstáculos e desafios que surgem em seu cotidiano escolar. 
De acordo com Soares (2006), os dilemas e conflitos enfrentados 
diariamente em sua prática o fortalecem nas suas crenças, potencializa suas ações 
e compromisso ético, agregando crenças, valores e culturas, traçando assim um 
perfil identitário para esse profissional. 
Ao desempenhar sua função, o pedagogo contribui diretamente na 
construção do ser humano, investindo em sua dedicação e compromisso, para 
que o próximo tenha a oportunidade de exercer e ter o seu direito como cidadão 
a qualquer momento. 
3.1 O PAPEL DO PEDAGOGO NA ATUALIDADE
Neste momento, acadêmico(a), vamos nos aprofundar no que diz respeito 
à atuação do pedagogo na atualidade, sua postura e preparo diante das diversas 
demandas que a ele se apresentam diariamente. Certamente, em sua época escolar, 
você deve ter convivido com professores que mantiveram a mesma estrutura de 
ensino ano após ano, ou seja, totalmente previsíveis na metodologia aplicada, 
enquanto outros se apresentam criativos e inovadores.
A respeito disso, Rêgo (2009, s/p) nos coloca que:
O professor, enquanto especialista da aprendizagem, adquiriu 
formação específica e foi designado pela sociedade através de um 
processo de seleção acadêmica, para cuidar da aprendizagem dos 
alunos. O perfildesse professor pós-moderno assume alguns aspectos 
TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO
45
sobremodo relevantes; é ele quem constrói os fundamentos de todo 
e qualquer perfil profissional. Do ponto de vista do humano é o 
profissional mais estratégico. 
Para assumir o compromisso pelo direcionamento da vida profissional de 
outras pessoas, faz-se necessário que o mesmo adote uma postura articulada e 
seja dotado de algumas características importantes. 
Assim, Rêgo (2009) nos mostra quais são as ações que devem ser adotadas 
pelo professor moderno no ato do seu desenvolvimento profissional:
a) O professor deve ser pesquisador: o ato de pesquisar e estar em busca do 
conhecimento é o que mais define o exercício deste profissional, portanto, 
lecionar vai além de ministrar aulas e socializar conhecimentos; pois a pesquisa 
é compreendida como princípio educativo comprometido com a qualidade do 
ensino.
b) O professor precisa saber construir: a aprendizagem tem maior significado a 
partir do momento em que direcionamos nossas intenções na construção do que 
queremos transmitir, sendo que quando construímos novas formas de transmissão 
e aplicação deste conhecimento o conteúdo internalizado é pela via da elaboração. 
As informações a serem transmitidas tornam-se energia pessoal se elaboradas 
pessoalmente, assim como o alimento se torna energia pessoal se digerido. 
Elaborar métodos e estratégias, implicam três aspectos importantes: 1) viabilizar o 
projeto pedagógico próprio e coletivo; 2) dar conta do material didático próprio; 3) 
introduzir inovações didáticas próprias, no sentido de nos tornarmos sujeitos das 
próprias propostas. O professor não pode ser apenas leitor, mas precisa tornar-
se autor, e mostrar o caminho visível da passagem do leitor para o autor, do 
observador para o participante, do discípulo para o mestre.
c) O professor precisa teorizar a prática: trata-se de combinar de forma criativa 
teoria e prática. Podemos arriscar dizer que o conhecimento tem início a partir 
do questionamento da prática. A própria teoria se não for confrontada com a 
prática, não é uma teoria socialmente pertinente. Neste aspecto o professor 
necessita da autocrítica, no que tange à sua competência, pois o professor 
cujo seu próprio aprendizado é deficitário, não desenvolve no seu aluno o 
aprendizado de forma eficiente. 
d) O professor deve buscar atualização permanente: isso sempre faz parte das 
discussões pedagógicas mais aprofundadas, pois o conhecimento imprime 
uma coerência assustadora ao processo de inovação, sendo ele próprio objeto 
de inovação, pois a velocidade da inovação é proporcional à velocidade do 
envelhecimento. Nenhuma profissão envelhece mais rapidamente quanto a 
do professor. O desafio na atualização permanente pode ser visualizado sob 
dois níveis principais: 1) a socialização do conhecimento: representado por 
seminários, encontros, palestras que permitem ao professor manter contato 
com pesquisadores, oportunizando momentos de discussão comunicação 
e informação; 2) nível de captação permanente: consiste na participação 
em cursos que garantam aprendizagem adequada, baseados na pesquisa e 
elaboração própria. 
46
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
e) O professor deve saber utilizar-se das tecnologias de informação: neste 
item estão presentes dois desafios: 1) usar os meios disponíveis para fins de 
socialização de conhecimento e informação, pois tais recursos proporcionam 
que o aprendizado seja acessível e consequentemente mais atraente, 
promovendo ambientes mais motivadores e instigadores de aprendizagem; 
e 2) a produção de materiais didáticos através de meios eletrônicos, sendo o 
professor autor de propostas criativas. É possível caminhar na direção de uma 
informática cada vez mais construtiva, que supere a simples transmissão de 
informação e conhecimento; o “educativo” da informática, não provém dela 
mesma, mas do educador engajado no processo de aprendizagem do aluno. 
Assim a informática assume o papel de insumo da educação, enquanto meio 
para levar o aluno a estudar e a pensar.
f) O professor precisa caminhar na direção da interdisciplinaridade: o 
conhecimento exige que a posição dos especialistas seja mantida, porém a 
interdisciplinaridade de conhecimentos nas áreas afins, não pode ser deixada 
de lado. Trata-se de encontrar um meio termo entre o conhecimento profundo e 
naturalmente verticalizado, e a capacidade de aprender para além da fronteira 
disciplinar, o professor um profissional polivalente. 
g) O professor deve revisar o processo de avaliação: cabe ao professor rever sua 
teoria prática de avaliação, objetivando aprimorar o processo de aprendizagem 
dos alunos. A avaliação faz parte do processo educativo e num primeiro momento 
proporciona ao professor a oportunidade de diagnosticar, ou seja, saber em que 
situação se encontra o aluno, sobretudo as dificuldades de aprendizagem.
Diante do exposto, acadêmico(a), verificamos que o professor é um 
profissional dinâmico que deve caminhar em busca de mudanças, visando ao seu 
próprio progresso e o dos que estão sob sua responsabilidade. 
O perfil do professor pós-moderno recebe destaque principalmente aos 
que elencam a importância a ele merecida e nos que investem em educação, 
pois por meio da valorização e respeito a este profissional e ao seu saber nos 
juntaremos ao nível dos países que investiram e colheram bons resultados na 
qualidade da educação. 
4 ÉTICA APLICADA À PEDAGOGIA – UMA BREVE REFLEXÃO
A ética é um tema que permeia a maioria das rodas de discussão entre 
profissionais e na pedagogia não poderia ser diferente. Inúmeras são as situações 
em que o pedagogo questiona-se sobre o que é certo ou errado, deixando-o em 
dúvida sobre o que fazer, dizer ou como portar-se diante de uma situação que o 
desafia em relação à moralidade do comportamento a ser adotado.
Em situações cotidianas como chamar a atenção do aluno, avaliar seu 
desempenho em sala de aula, analisar seu comportamento indisciplinado, ou sua 
insistência em colar na prova, devem ser pautadas numa postura ética respeitando 
alunos e instituição, e, sobretudo, valorizando o professor. 
TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO
47
FIGURA 24 – ÉTICA 
FONTE: Disponível em:<http://filosofandoehistoriando.blogspot.com.
br/2010_02_01_archive.html>. Acesso em: 21 nov. 2012.
Júnior (2009) afirma que a conduta ética adequada evita a responsabilidade 
por danos na relação educacional, danos em relação às pessoas envolvidas, bem 
como dano à própria educação, que é o objetivo maior da atividade da docência.
Mas, afinal o que é a ética? Qual seu objeto de estudo? É possível ter um 
comportamento ético? Essas questões são pertinentes de reflexão, pois referem-
se ao nosso atuar, não só em sala de aula, mas diante de várias situações. Assim, 
Júnior (2009, p. 150) nos coloca que: 
A ética não é a própria moral, mas a moral é o objeto de estudo da 
ética em caráter científico. Dessa forma, o estudo da ética não tem a 
intenção de estabelecer regras fechadas de como se comportar, ou seja, 
estabelecer soluções para cada problema prático-moral, e sim criar 
uma ciência com princípios gerais voltados para a reflexão de um 
comportamento moral e, assim, saber agir e situações problemáticas. 
A ética não se preocupa com qualquer comportamento humano, mas 
com aqueles que envolvem problemas de moral, bem como a reflexão 
sobre estes problemas e a construção de uma ciência, tendo como 
objeto o comportamento moral.
A ética não apresenta soluções para qualquer tipo de comportamento, ou 
seja, não há regras específicas para cada ação desenvolvida, pois esta tarefa é de 
responsabilidade do indivíduo. A ética apresenta algumas regras que nos levam 
a refletir sobre este ou aquele comportamento, e organizar princípios a fim de que 
o indivíduo possa conduzir suas ações dentro dos padrões éticos. 
Assim, Júnior (2009) destaca que:48
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
A forma para cada campo de comportamento humano devem ser 
analisados os problemas morais enfrentados, refletir cuidadosamente 
sobre eles, fazer juízo de valor, encontrar soluções, e a teorização destas 
reflexões se traduz no significado de ética, que depois, como ciência, 
deve manter a investigação dos casos para poder se contextualizar e 
se reformular na diversidade de situações de problemas morais dos 
relacionamentos humanos.
Nas relações entre professor e aluno, professor e instituição, os problemas 
considerados práticos morais sempre acontecerão, pois como cada caso é um 
caso, e para que se determine uma conduta ética na busca de uma solução, a 
compreensão da condição dos indivíduos envolvidos deve ser considerada. 
Nossos comportamentos refletem nos campos sociais e como profissionais 
atuamos em um sistema, sendo necessário respeitar a ordem do mesmo, para que 
possamos ter sucesso neste campo.
Júnior (2009) nos leva a refletir sobre uma importante questão; o profissional 
que trabalha somente pelo salário é imprudente não tem consciência que sua 
atuação profissional faz parte de um sistema social, pois ele é um participante 
ativo na construção do bem comum, sendo de extrema importância lembrar que o 
trabalho dignifica o homem não somente pelo fator econômico, e sim pelo social, 
ou seja, por ser instrumento de realização da construção de uma sociedade.
A atuação profissional baseada na ética reforça que o profissional importa-
se com os reflexos sociais da sua profissão, mesmo em tempos onde a cultura 
imediatista capitalista, faz com que muitas vezes os profissionais se esqueçam 
das implicações sociais da profissão. 
A importância da ética do professor é defendida por Júnior (2009, p. 152) 
quando ele coloca que: 
O comportamento do professor em sala de aula deve ser pensado, pois 
existe a necessidade de atender regras de comportamento em relação 
aos alunos, à instituição em que trabalha, bem como aos colegas de 
classe. Um comportamento antiético atinge não só a harmonia de 
uma sala de aula, mas de todo o sistema de educação, pois os reflexos 
de um microssistema (sala de aula) influenciam todo o objetivo de 
construção social, ainda mais quando este microssistema é relacionado 
à educação.
É preciso refletir que algumas virtudes são consideradas indispensáveis 
para uma atuação profissional ética. Junior (2009) apud Antônio Lopes de Sá 
(2001, p. 175), considera como virtudes básicas profissionais, imprescindíveis a 
qualquer profissão:
• Exercício do zelo: o zelo é a responsabilidade do profissional com o objeto do 
seu trabalho e como demonstra a qualidade de seu serviço. O zelo requer que 
mesmo em situações extremas, em que aparentemente a solução é difícil, o 
profissional prime pelo empenho e responsabilidade profissional.
TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO
49
• Honestidade: o profissional recebe a confiança dos que utilizam seus serviços, 
por isso honestidade significa ter a responsabilidade perante o bem e a 
satisfação de terceiros.
• Sigilo: a partir do momento em que o profissional tem conhecimento de um 
fato, ou é confiado e ele algo importante, por meio de suas atividades, tem o 
dever de manter sigilo. 
FIGURA 25 – SIGILO
FONTE: Disponível em: <http://morgadodeontologia.blogspot.com.
br/2012/08/5-simuladas-16701674-sigilo-profissional.html>. Acesso em: 21 
nov. 2012.
• Competência: significa estar habilitado para a prática de uma determinada 
profissão, ou seja, conhecer as técnicas do exercício desta. Tal virtude é 
importante para a credibilidade do profissional e evitar que erros sejam 
cometidos, podendo causar danos aos envolvidos na atividade desempenhada.
Tais virtudes têm serventia a todas as profissões. Existem virtudes 
específicas, em relação à tarefa do educador mediante a relação com os alunos, as 
quais estão ligadas ao comportamento ético e adequadas ao modelo de educação 
desta sociedade. 
A educação também tem por objetivo promover a adequação dos indivíduos 
ao convívio social e a manutenção do equilíbrio entre suas várias dimensões, pois 
a educação é parte integrante da mesma, tendo por missão reproduzir o modelo 
vigente nesta, em seus aspectos econômicos, sociais e políticos, principalmente na 
representação da verdade, formando assim indivíduos que perpetuem e atuem 
frente a este modelo.
50
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
5 O PROFESSOR NA PÓS-MODERNIDADE
Antes de iniciarmos este assunto, vamos resgatar a história da pós-
modernidade, para que possamos entender seus reflexos na atuação do professor. 
Gonçalves (2008) nos coloca que:
O que se chama de pós-modernidade ou pós-modernismo é um 
movimento sociocultural que ganhou impulso a partir da segunda 
metade do século XX. Este movimento caracteriza-se por uma severa 
crítica aos padrões éticos e estéticos que vigoraram no século passado e 
é típico das sociedades pós-industriais baseado na informação. Passou 
a incorporar uma visão de mundo relacionada ao fim dos conflitos 
mundiais e à superação da “guerra-fria”.
O pós-modernismo é caracterizado pelo paradigma sociocultural, com 
base nas transformações e avanços da sociedade. Alguns eventos caracterizaram 
este movimento como: a ida ao espaço, avanços da saúde e genética, bem como 
o aumento do consumo nas sociedades capitalistas. As maiores mudanças do 
movimento pós-modernista foram expressas nas artes, conforme demonstra o 
quadro a seguir:
Modernismo e Pós-Modernismo
QUADRO 2 – MODERNISMO E PÓS-MODERNISMO NAS ARTES
Modernismo Pós-Modernismo
Cultura elevada Cotidiano banalizado
Arte Antiarte
Estetização Desestetização
Interpretação Apresentação
Obra/originalidade Processo/ pastiche
Forma/abstração Conteúdo/figuração
Hermetismo Fácil compreensão
Conhecimento superior Jogo com a arte
Oposição ao público Participação do público
Crítica cultural Comentário cômico, social
Afirmação da arte Desvalorização obra/autor
FONTE: Santos (1986, p. 41-42)
TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO
51
Em relação à organização dos conhecimentos, Gonçalves (2008) nos 
demonstra que com o pensamento pós-moderno, as formas de conhecer e 
de pensar o conhecimento não podem mais seguir uma lógica mecanicista e 
determinista, sendo que as repercussões da globalização sobre as maneiras de 
pensar e sentir, viver e agir no mundo afetam as concepções filosóficas sobre a 
realidade.
Diante das transformações mencionadas acima, a educação também 
passou por significativas mudanças e a atuação do professor necessitou ser 
repensada. Antunes (2009, p. 17) faz uma breve exposição sobre a atuação do 
professor que não acompanhou essas mudanças: 
Nessa visão de ensino aplaudia-se o silêncio, e a imobilidade do aluno 
e a sapiência do mestre, além de se pensar o conhecimento como 
informações pré-organizadas e concluídas que se passavam de uma 
pessoa para a outra, portanto, de fora para dentro, do mestre para 
o estudante. Ensinar significa difundir o conhecimento, impondo 
normas e convenções para que os alunos assimilassem. Estes levavam 
a escola à boca – porque da mesma não podia se separar – mas a toda 
aprendizagem dependia do ouvido, reforçado pela mão na tarefa de 
copiar. 
Acadêmico(a)! Esta citação do autor lhe trouxe lembranças de sua época 
escolar? Acreditamos que para muitos de vocês, ela fez todo o sentido, pois os 
remeteram às lembranças daqueles professores que faziam uso de métodos 
rígidos de ensino, em que o diálogo com os alunos era quase inexistente. Se por 
acaso, você não conheceu este estilo de professor, pergunte a qualquer adulto que 
tenha mais de quarenta anos e a confirmação virá.
FIGURA 26 – O PROFESSOR ANTIGAMENTE
FONTE: Disponível em: <http://evanildopj.blogspot.com.br/>. Acesso em: 21 nov. 2012.
52
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES:TRABALHANDO OS CONCEITOS
De acordo com as literaturas consultadas, este estilo de conduzir o ensino 
perpetuou por muito tempo e adentrou o século XX. Esta concepção ditava que era 
o professor que detinha conhecimento e não aquele que conduzia a aprendizagem 
de seus alunos. Nesta versão, a responsabilidade pelo aprender era do aluno que 
repetia o ano quantas vezes fossem necessárias, caso não aprendesse.
Com o tempo, a educação necessitou passar por transformações, nos 
quais trouxeram outras maneiras de conduzir o aluno ao aprendizado, assim, 
foram pensadas e aos poucos, formas de articulação das disciplinas por meio 
de novas abordagens como: a interdisciplinaridade, a multidisciplinaridade e a 
transdisciplinaridade, das quais faremos um breve resgate.
FIGURA 27 – INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSDISCIPLINARIDADE 
FONTE: Disponível em: <http://andreasmariano.blogspot.com.br/2012/10/va10temas-
transversais.html>. Acesso em: 21 dez. 2012.
Bastos (2006) nos coloca que a partir do momento em que o professor 
conduz seus trabalhos disciplinarmente, ele faz uso de situações-padrão que 
correspondem a modelos preestabelecidos e assim são identificados aspectos da 
situação estudada que permitem enquadrá-la num padrão, ao qual são aplicados 
os saberes conhecidos previamente. Para tanto, é preciso conhecer os conceitos 
que estruturam a disciplina, as relações entre esses conceitos (leis e teorias) e 
a maneira particular de utilizar essas teorias para chegar a compreender as 
situações estudadas. 
Já a abordagem multidisciplinar, ainda de acordo com o autor 
anteriormente citado, corresponde ao agrupamento de diversas disciplinas 
objetivando o estudo de um tema em comum, sem identificar uma situação 
TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO
53
específica. Neste caso, a visão de mundo que está por trás dessa prática pedagógica 
é a mesma que apoia a prática disciplinar, ou seja, compreender o todo pela 
justaposição de suas partes. Desta maneira, um tema relevante é cuidadosamente 
estudado por todas as disciplinas, dentro de suas perspectivas específicas, sem 
que ocorra uma articulação explícita entre elas. A articulação é deixada para ser 
feita posteriormente, pelos alunos. O trabalho é conduzido sem que sejam criados 
modelos mais complexos de situações específicas ligadas ao tema.
A abordagem interdisciplinar, conforme Bastos apud Fourez (2001), 
objetiva a construção de representações em situações específicas, utilizando os 
conhecimentos das diversas disciplinas. Esta abordagem apoia-se numa visão de 
mundo que considera que as partes da realidade interagem entre si, não sendo 
possível compreender um sistema complexo com base na compreensão de suas 
partes isoladas.
Ainda nesta linha de pensamento, Bastos apud Fourez (2001) nos apresenta 
que:
[...] uma abordagem transdisciplinar ocorre quando utilizamos 
noções, métodos, competências e abordagens próprios de uma 
disciplina dentro da estrutura de uma outra e num contexto novo. 
Nesse caso, essas abordagens ou esses conceitos são chamados de 
transversais e podem ser considerados segundo duas perspectivas: 
numa visão platônica, esses conceitos e essas abordagens existem 
independentemente de contextos, devendo ser ensinados de forma 
geral ou abstrata; numa visão construtivista, ocorre a transferência de 
uma disciplina para outra, através da modelização de um núcleo, que 
será transposto, e de uma adaptação posterior ao plano do contexto. 
Estas reflexões nos fazem perceber que a interdisciplinaridade, a 
multidisciplinaridade e a transdisciplinaridade necessitam ser pensadas 
constantemente na atuação do professor pós-moderno. É necessário saber mais 
do que as diferenças entre elas, para o desenvolvimento dos trabalhos, pois sua 
aplicação vai além do somente diferenciar destes conceitos. Atualmente busca-se 
uma prática baseada na interdisciplinaridade, ou seja, objetiva-se compatibilizar 
além de métodos e técnicas, um conhecimento integrado e ativo.
As constantes mudanças nos vários segmentos dentro do cenário político, 
econômico e social da coletividade capitalista e globalizada da qual fazemos parte, 
nos mostra o quanto vivemos em uma sociedade fragmentada, em que em muitos 
momentos deixa-nos desconcertados, no que condiz ao modo como devemos agir e 
articular as diversas informações que se fazem presentes, modificadas e atualizadas 
a todo instante, o que em várias situações vêm a causar bloqueios referentes à 
elaboração de um pensamento crítico diante de tais mudanças.
O papel do professor como agente ativo/crítico no processo educacional 
e formador da sociedade, faz sua parte em relação a estas constantes mudanças, 
pois por mais sofisticadas que as tecnologias se apresentem ao nosso dispor, nada 
poderá substituir a presença desta pessoa que, além de fornecer o testemunho de 
sua vivência e saber, é também responsável por abrir os caminhos rumo à verdade.
54
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
FIGURA 28 – MENSAGEM
FONTE: Disponível em: <http://ew-willianlira.blogspot.com.br/2012/10/o-professor-e-
eduacacao-para-um-brasil.html>. Acesso em: 21 nov. 2012.
55
RESUMO DO TÓPICO 3
 Neste tópico, você aprendeu que:
• O processo grupal é uma rede de relações equilibradas de poder entre os 
participantes, que determinam e influenciam o indivíduo e este ao grupo, no 
que tange à sua participação na tomada de decisão. 
• O ser humano constrói sua história de vida através da interação e pertencimento 
aos vários grupos sociais, sendo que a socialização é dividida em duas fases: 
primária e secundária.
• O pedagogo necessita apropriar-se de alguns saberes para que obtenha êxito 
em seus trabalhos, sendo estes: saberes da formação profissional, saberes 
pedagógicos, saberes curriculares, saberes experienciais ou práticos.
• Além dos saberes necessários para a sua formação, a constante modernização 
dos processos educacionais fazem com que o pedagogo passe a adotar 
algumas ações, no desenvolvimento das suas atividades: ser pesquisador, 
saber construir, teorizar a prática, buscar atualização permanente, utilizar-se 
das tecnologias de informação, caminhar na direção da interdisciplinaridade e 
revisar o processo de avaliação. 
• O professor que entende a importância da sua profissão, sabe o quão sua 
atuação reflete socialmente.
• Para um exercício profissional eficiente, o profissional deve aplicar em seu 
cotidiano algumas virtudes, sendo elas: exercício do zelo, honestidade, sigilo e 
competência.
56
Agora, acadêmico(a), que você concluiu os estudos referentes a este tópico, 
responda às questões a seguir:
1 Mediante os estudos realizados sobre os grupos sociais, discorra sobre a 
importância deles na constituição da identidade. 
2 Quais são as características necessárias para a atuação do pedagogo?
3 Discorra sobre as dimensões que direcionam as ações do trabalho 
pedagógico.
4 Conceitue ética e exemplifique com uma ação ética que necessita fazer-se 
presente na atuação do professor. 
AUTOATIVIDADE
57
TÓPICO 4
A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PROFESSOR E ALUNO NA 
CONSTRUÇÃO DOS SABERES
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Diariamente praticamos a arte do convívio. Neste momento, você deve 
se perguntar, por que é utilizada a palavra arte? Pois bem, conviver com o outro 
sempre foi um desafio para a humanidade, ou seja, desde o mais primórdio dos 
tempos, o homem precisou relacionar-se com o outro de várias formas. 
As relações se estabelecem por vários motivos sejam eles afinidade, 
interesses, afirmações e tantos outros, porém precisamos esclarecer que o 
relacionamento humano sempre foi um tema de alta complexidade. 
No Tópico 1, você estudou as relações sociais como parte constituinte 
da identidade, verificando seus processos primários e secundários. Agora 
repensaremos as relações de outra forma, ou seja, mediante o processo de 
ensino-aprendizagem e principalmente no que condiz ao professor e aluno. 
Trabalharemos algumasestruturas e conceitos no que tange às emoções, afeto, 
apego e sentimento para assim melhor entender a complexidade desta estrutura.
2 A RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO NO ENSINAR E APRENDER
Pense um pouco, acadêmico(a), com quantas pessoas você já se relacionou 
hoje? Acreditamos que sua rede de relações deve ser ampla. Supomos que 
você deva ter mantido contato com sua família, seus colegas de trabalho, da 
universidade, com o porteiro do seu prédio, o cobrador do ônibus e muitas outras 
pessoas que fazem parte de sua vida. Todos esses atores são relações que você 
mantém diariamente, porém o grau de importância e intensidade diferem de um 
para o outro.
Que tal fazermos uma viagem no túnel do tempo? O destino é a sua antiga 
escola. Certamente, você deve lembrar-se de alguns professores com mais carinho, 
essas recordações remetem-se à maneira como eles marcaram significativamente 
a sua vida, principalmente em relação ao seu aprendizado.
Conforme coloca Jesus (2006), a importância da relação professor e aluno 
para o sucesso é fundamental, as relações afetivas em sala de aula são um desafio 
58
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
para o educador pós-moderno, que deve expressar interesse pelo crescimento 
dos alunos, respeitando suas individualidades, proporcionando um ambiente 
agradável e propício para o aprendizado.
A educação tem como missão formar cidadãos. Para tornar isso possível, 
é preciso cativar, envolver e motivar o aluno para que ele desenvolva o interesse 
no aprender e estar em sala. Devido à aceleração com que as informações são 
propagadas e as exigências curriculares, o professor preocupa-se em cumprir com 
a agenda formal, muitas vezes deixando de lado ou delegando aos companheiros 
esta formação.
Acadêmico(a)! Pare um instante e pense: as disciplinas que abrangem 
as ciências exatas são menos responsáveis pela formação cidadã do aluno? A 
escola como um todo, seja dentro, fora ou além dos muros do espaço educativo 
formal, deve ser sensível às questões que abrangem este tema, levando os alunos 
ao questionamento e à busca por respostas, principalmente no que se refere ao 
ambiente que o cerca. 
Diante do exposto, Jesus (2006) enfatiza que o professor necessita conscientizar-
se do seu papel, ou seja, de facilitador da aprendizagem, sendo assim, aberto a 
novas experiências procurando compreender através de uma relação empática, os 
problemas e os sentimentos de seus alunos.
FIGURA 29 – PROFESSOR FACILITADOR
FONTE: Disponível em: <http://ensa.org.br/blog/?p=5132>. Acesso em: 12 dez. 
2012.
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PROFESSOR E ALUNO NA CONSTRUÇÃO DOS SABERES
59
Enquanto educadores, é impensável que o conhecimento possa ser 
construído individualmente, pois o conhecimento é o resultado do social unido 
ao cultural, e a nós educadores, compete intermediar estes conteúdos para 
que uma aprendizagem construtiva se constitua, pois o professor reflete seu 
relacionamento com os alunos, bem como seu trabalho, a partir de sua relação 
com a sociedade e a cultura.
A empatia é outro fator fundamental que sustenta a relação professor e 
aluno, neste caso, ser empático refere-se à sensibilidade de colocar-se no lugar de 
quem aprende, objetivando verificar o nível de compreensão dos alunos e assim 
criar elos entre o conhecimento de um e do outro.
Porém, ser empático não cabe somente ao professor, é preciso que os dois 
estejam abertos para que esta relação se construa. De acordo com Jesus (2006), 
existem dois principais estilos de relação entre professores e alunos:
a) Relação de comunicação mais pessoal: nesta situação reconhecer os êxitos, 
reforçar a autoconfiança, ter atitudes de cordialidade e respeito faz parte da 
prática do professor que está envolvido com os alunos, porém é importante 
manter uma aproximação afetiva sem exageros para que se concretize uma 
relação didática eficaz.
b) Relação de orientação própria ao estudo: refere-se ao papel exercido pelo 
professor, em que consiste o uso da criatividade e a forma de como o conteúdo 
será repassado aos alunos, partindo do princípio que afetividade pouco 
influenciará nesta relação se a competência e a qualidade de ensino estiverem 
aquém do esperado.
Já Morales (1999) considera que são três as principais áreas de atuação do 
professor, no que tange ao relacionamento com o aluno:
a) Relações interpessoais: considera que deva dedicar um tempo para conversar 
com os alunos, mostrando interesse pelo que dizem, bem como, disposição 
na execução das atividades, demonstrando aos alunos que o professor está 
próximo. Desta forma, são construídos laços de confiança que permitem à 
criança crescimento, no que tange, ao seu desenvolvimento emocional, social, 
cultural e cognitivo.
b) Estrutura de aprendizado: refere-se ao conteúdo a ser ministrado aos alunos, 
em sua quantidade e qualidade, cabendo ao professor estar atento: tanto às 
expectativas quanto ao aprendizado, auxiliando no que for necessário e 
procurando sensibilizar-se com a dificuldade do aluno na compreensão do 
conteúdo.
c) Autonomia: encontra-se ligada à liberdade no ato do aprender. Ao professor 
cabe à missão de buscar motivar seus alunos em relação à aprendizagem, 
paralelamente à transmissão de conceitos como: colaboração, respeito e 
cooperação, que caracterizam o bom desenvolvimento em sociedade.
60
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
FIGURA 30 – AUTONOMIA
FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-
avaliacao/interacoes/parceiros-acao-431402.shtml>. Acesso em: 12 dez. 2012.
Os pontos acima citados estão integrados, constituindo a dinâmica 
estrutural que conduz o professor preocupado com a qualidade das relações em 
sala de aula, a alcançar seus objetivos.
3 AS EXPECTATIVAS NA RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO
Criar expectativas é natural quando esperamos que algo venha a acontecer, 
seja este evento positivo ou negativo. Este é um ato próprio do ser humano. A 
ansiedade faz-se presente na vida do professor, principalmente no período que 
antecede o encontro com seus futuros alunos.
Durante este tempo, os comentários de outros professores sobre a 
turma vão aguçar a sua imaginação e curiosidade. Partindo dos preconceitos a 
ele transmitidos, o professor inicia seu contato com a turma, de uma maneira 
muitas vezes involuntária, já esperando daqueles que foram pré-determinados 
como alunos rentáveis um bom desempenho, bem como outras caraterísticas de 
comportamento dos demais.
Tal equívoco traz prejuízos ao trabalho do professor, sendo que ao invés 
de investir na turma como um todo, ele acaba por direcionar suas expectativas 
somente em certos alunos, o que pode evocar de acordo com Jesus (2006) em 
algumas mudanças de comportamento por parte do professor, no que se refere ao:
• Estabelecimento de um clima mais agradável somente com aqueles que 
demonstram melhores resultados.
• Modo como se direciona, fornecendo as informações de forma a transparecer 
maior empatia.
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PROFESSOR E ALUNO NA CONSTRUÇÃO DOS SABERES
61
• Fato de passarem a impressão aos demais alunos que dispensam uma atenção 
maior aos que mais simpatizam, em relação aos demais.
• Fato de oferecerem aos escolhidos afetivamente, melhores oportunidades de 
aprendizado, como maior tempo para desenvolverem respostas às perguntas.
Por mais sutis que estas atitudes sejam aos olhos do professor, para os 
demais alunos cuja atenção é dosada, fica evidente que existe uma diferenciação.
Silva (2005) reforça que as situações diferenciadas adotadas com um 
determinado aluno, como por exemplo, desenvolver atividades para que o 
mesmo melhore a nota e não fique em recuperação, sendo que tal oportunidade 
é norteada pelo fator amizade ou empatia, não deveriam fazer parte das atitudes 
de um “formador de opiniões”.
O relacionamento entre aluno e professor evoca a manifestaçãode muitos 
sentimentos, pois é importante lembrar que um ambiente considerado hostil não 
gera aprendizagem. Um espaço de produção intelectual afetivo, cujo respeito 
mútuo é colocado em prática, o aprender flui tranquilamente.
FIGURA 31 – VÍNCULO PROFESSOR/ALUNO
FONTE: Disponível em: <http://anadelfs.blogspot.com.br/2010/07/
comportamento-o-mau-exemplo-da.html>. Acesso em: 28 ago. 2013.
Jesus (2006) reforça que o professor necessita de uma autoavaliação, 
pois as atitudes em sala de aula geram consequências para o alunado, quando 
as expectativas positivas para uns são dirigidas somente a alguns, dispensando 
mais atenção, afeto e cuidado, do que a outros.
62
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
Enquanto educadores, concentrar-se apenas nos conteúdos é ignorar a 
gama de relações afetivas que se constroem diariamente. O desejo do indivíduo 
em conhecer a si próprio e a razão pelo qual vive, advém de seu desenvolvimento 
intelectual, no qual também resulta desta convivência positiva entre professor 
e aluno. O reflexo deste movimento expressa-se quando a criança manifesta o 
interesse pelo aprender. 
Assim, Silva (2005, s/p.) coloca que: 
As relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais 
na realização comportamental e profissional de um indivíduo. 
Dessa forma, a análise dos relacionamentos entre professor/aluno 
envolve interesses e intenções, sendo esta interação o expoente das 
consequências, pois a educação é uma das fontes mais importantes 
do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos 
membros da espécie humana.
FIGURA 32 – EXPECTATIVAS
FONTE: Disponível em: <http://alinerizzo-evs-usp.blogspot.com.br/2011/05/
aula-28-o-professor-nao-pode-estar-so-o.html>. Acesso em: 12 dez. 2012.
A aquisição de informações por parte do aluno, também deve ser uma 
preocupação do professor, porém ter por objetivo construir um aluno cidadão 
deve caminhar paralelamente ao desenvolvimento do seu trabalho. O professor é 
responsável por mediar a aprendizagem, procurando também compreender que 
o alunado é dotado de sentimentos, problemas e dificuldades. 
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PROFESSOR E ALUNO NA CONSTRUÇÃO DOS SABERES
63
Tendo o professor consciência de tal, cabe a ele a manutenção de uma 
relação empática com seus aprendizes, a partir da sua capacidade de ouvir, 
refletir e discutir, bem como estar atento ao nível de compreensão dos alunos a 
fim de utilizar-se da criatividade no que tange à construção de pontes entre o seu 
conhecimento e o deles. 
Pensar na construção do conhecimento como processo individual é negar 
que o social e cultural cerca o ser humano. O docente é um intermediário entre os 
conteúdos da aprendizagem e a atividade que constrói o processo de assimilação.
DICAS
Consulte o Caderno de Psicologia da Educação e Aprendizagem, você poderá 
rever o conceito de assimilação.
Muitas vezes, o aluno que é considerado desinteressado pelos conteúdos 
e atividades, deixa de ser atendido de uma forma mais afetuosa, sendo que este 
desinteresse pode sinalizar um comportamento tímido, e mediante esta não 
leitura da situação, o aluno deixa de ser atendido. A partir disso, a questão da 
expectativa deve ser revista e analisada, pois o professor ao mesmo tempo em 
que reforça o sucesso de alguns, alimenta o fracasso de outros. 
FIGURA 33 – PROFESSOR: SUCESSO X FRACASSO
FONTE: Disponível em: <http://profjabiorritmo.blogspot.com.br/2012/08/o-ensino-
medio-do-seculo-xxi.html>. Acesso em: 28 ago. 2013.
64
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
A afetividade é uma importante aliada na construção da aprendizagem, 
porém os professores precisam dar condições para que ela se manifeste, ou seja, 
usar da mesma expectativa para com todos seus educandos, dar condições para 
a inclusão social realmente ocorra através do processo de ensino, fazendo uso de 
uma prática educativa assertiva e criativa. Isto deve fazer parte da prática docente.
O professor deve estar ciente das diferentes realidades encontradas numa 
mesma sala de aula, pois conhecer o “mundo” em que seus alunos vivem é o 
elemento mais importante para uma boa relação entre eles. O docente que procura 
adentrar a realidade dos seus alunos acaba facilitando a verdadeira mediação do 
conhecimento na construção do processo ensino-aprendizagem dos mesmos.
A partir do momento em que se é conhecedor da realidade dos alunos, certos 
comportamentos podem ser entendidos com maior facilidade, principalmente no 
que se refere aos conflitos. Jesus (2006) nos expõe que quando o professor não aceita 
imposições, também o aluno será resistente, assim faz-se necessário que novos 
caminhos sejam experimentados e argumentos mais consistentes, sejam aplicados. 
FIGURA 34 – O PROFESSOR E AS REALIDADES
FONTE: Disponível em: <http://www.estadodotapajos.com/2012/09/diretores-do-
hospital-regional-de.html>. Acesso em: 12 dez. 2012.
Para que tal se concretize, é importante adentrar a realidade do aluno 
sem ultrapassar o limite, procurando fazer com que ele desperte para novos 
aprendizados. Isso só é possível, quando o professor apresentar ao aluno a sua 
realidade de uma maneira compreensível, fazendo-o entender a importância do 
que está sendo ensinado. 
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PROFESSOR E ALUNO NA CONSTRUÇÃO DOS SABERES
65
4 O PAPEL DO PROFESSOR NA FORMAÇÃO DA AUTOESTIMA 
DA CRIANÇA
A autoestima é construída a partir do momento em que alguém nos trata 
de forma afetuosa, ou seja, nos acolhendo e valorizando no que dizemos ou 
fazemos. Na relação aluno e professor não poderia ser diferente, pois o progresso 
ou fracasso de ambos, está pautado na expressão da afetividade.
Quando colocamos que ambos dependem desta troca, queremos dizer, 
que na relação de ensino, a autoestima do professor também é construída, pela 
troca estabelecida com os alunos. Jesus (2006) reforça que o professor é motivado 
a seguir em frente quando os alunos demonstram interesse no que está sendo 
exposto.
Desta forma, o educador ao valorizar o educando também o estimula a 
interagir, estabelecendo com ele um vínculo de segurança e confiança, facilitando 
que a barreira do medo, insegurança e a falta de interesse seja rompida. 
FIGURA 35 – O PROFESSOR É FORMADOR DA AUTOESTIMA
FONTE: Disponível em: <http://vanderlanpedagogo-vanderlan.blogspot.
com.br/2011/05/elogios-e-criticas-e-importante-que-os.html>. Acesso em: 
12 dez. 2012.
O docente que se propõe a refletir sobre sua ação, promove o envolvimento 
do aluno no processo educacional, torna o movimento de ensinar e aprender, 
participativo, dinâmico e reflexivo.
A partir disso, Jesus (2006) nos auxilia a compreender que o professor 
comprometido a atuar diante desta concepção, estará percebendo a formação 
acontecer e assim passará a dirigir seus ensinamentos de uma forma mais 
66
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
dialógica com os alunos, trabalhando pedagogicamente as características de cada 
grupo, num engajar crítico de ambas as partes. Partindo do ato de conhecer, esta 
forma tem por resultado uma relação horizontal.
Podemos dizer que tanto o professor quanto o aluno, alimentam 
expectativas nesta relação, principalmente no que tange ao desempenho um do 
outro. Assim, o produto final irá sempre depender do afeto e respeito entre eles. 
O professor que cultiva um bom relacionamento diante dos que estão à sua frente 
passa a investir nas potencialidades dos alunos, passando a preocupar-se com o 
desenvolvimento do aprendizado. Este investimento evoca na preocupação de 
tornar as atividades propostas mais atrativas, buscando sempre a participação 
dos alunos com o ensino.
 Jesus (2006) também destaca por meio da participação, da colaboração, 
do incentivo e do estímulo, colocamos a relação professor/aluno como um desafio 
para o educador. Boa parte dosprofessores atuantes em sala de aula sentem 
dificuldades em fazer os alunos participarem, pois acredita-se que aprendizagem 
se faz mais eficiente quando o discente age e interage no processo ensino-
aprendizagem, desenvolvendo desta forma certa autonomia.
Assim, o professor deve conduzir seu alunado à autorreflexão, auxiliando-
os na construção de seus valores e autonomia. Para que a ação autônoma seja 
solidificada, é de grande importância que o professor mantenha estabelecido regras. 
Estas regras precisam ser formuladas em comum acordo, em uma relação de respeito 
e confiança, cuja construção e responsabilidade aconteçam em sala de aula. 
O resultado do trabalho do professor parte dos reflexos expressos pelos 
alunos, portanto, cabe também a este, avaliar constantemente utilizando-se de 
diferentes métodos, de análise e reflexão, objetivando realizar mudanças em suas 
ações sempre que for necessário. 
Outro fator que deve ater nossa atenção é o ambiente educativo. Este, 
necessita promover o fascínio e a inovação, oferecendo ao aluno todos os 
elementos importantes para a aprendizagem, pois ao proporcionar um ambiente 
harmônico, ao professor e aluno, o ensinar e o aprender evoluem mutuamente. 
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PROFESSOR E ALUNO NA CONSTRUÇÃO DOS SABERES
67
FIGURA 36 – SALA DE AULA
FONTE: Disponível em: <http://www.prolog-berlin.com/pt/cursos-alemao-standard.
htm>. Acesso em: 28 ago. 2013.
Para Jesus (2006) o papel do educador não se limita apenas em ensinar 
conteúdos, mas capacitar alunos a intervir e conhecer o mundo, ensinando-os a 
pensar o certo, possibilitando-lhes detectar oportunidades, dando condições a 
esse educando de desenvolver as suas habilidades, potencialidades e acima de 
tudo suas aptidões.
O educador deve trabalhar em função da coletividade, produzindo 
experiências educacionais que enfatizem a integração e a interação do 
conhecimento empírico e científico, buscando uma visão prática interdisciplinar.
FIGURA 37 – O PROFESSOR E A PRÁTICA CIENTÍFICA
FONTE: Disponível em: <http://escolaprofgabriel.blogspot.com.br/2010/11/o-
laboratorio-didatico-de-ciencias-ldc.html>. Acesso em: 13 dez. 2012.
68
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
Lembrando sempre que esta prática também deve estar voltada ao 
desenvolvimento de uma reflexão crítica e consciente ancorando a formação de um 
ser humano autocrítico. Assim, professor e alunos devem buscar aperfeiçoamento 
constante.
A sociedade pós-moderna e suas frequentes transformações, nos 
obrigam, de certa forma, a buscar constantemente por atualização; as mídias são 
um exemplo claro de como isso acontece. Diante disso, o professor deve estar 
atualizado, pois o processo de ensino e aprendizagem também se faz presente 
através das tecnologias de informação.
 Jesus (2006) nos coloca a importância do professor saber fazer uso das redes 
eletrônicas buscando equilibrar os currículos e procedimentos metodológicos, 
com os estilos de aprendizagem dos alunos, estabelecendo assim, um elo entre 
o processo cognitivo e emocional, nos diferentes modos de vida dos estudantes.
Tal movimento nos trará maior ênfase na produção e transmissão do 
conhecimento, bem como fortalecerá as relações entre os vários grupos presentes 
que fazem educação. O professor que procura gerenciar informações utilizando-
se das redes disponíveis, além da oportunidade de trabalhar pesquisa e produção 
de conhecimento, poderá fortalecer o vínculo com seus alunos, proporcionando-
lhes um momento de exposição dos saberes.
FIGURA 38 – O PROFESSOR E AS REDES SOCIAIS
FONTE: Disponível em: <http://www.agitocampinas.com.br/materias/redes-sociais-x-
professores/3757>. Acesso em: 12 dez. 2012.
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PROFESSOR E ALUNO NA CONSTRUÇÃO DOS SABERES
69
5 A DIDÁTICA ASSERTIVA: UM NOVO CAMINHO PARA O 
TRABALHO DO PROFESSOR
A partir deste momento, vamos procurar resgatar alguns pontos 
pertinentes ao estudo da didática, porém associados a um conceito muito utilizado 
na psicologia: a assertividade. 
Libâneo (2001) traz a didática como uma disciplina responsável pelo estudo 
do processo de ensino no seu conjunto. Ela inclui objetivos, conteúdos, métodos 
e formas organizativas que se relacionam entre si de modo a criar condições que 
garantam aos alunos uma aprendizagem significativa; direcionando e orientando 
o professor na tarefa do ensino e da aprendizagem, fornecendo-lhe segurança 
profissional.
As condições que conduzem o processo de ensino estão diretamente 
ligados aos meios didático-pedagógicos, bem como aos objetivos sociopolíticos. 
Para haver uma técnica-pedagógica eficiente é necessário ter clareza dos conceitos 
de homem e sociedade, para que os alunos sejam preparados para a vida.
 
Para Libâneo (2001), a atividade docente tem a ver diretamente com a 
pergunta “para que educar”, pois a educação se realiza numa sociedade formada 
por grupos sociais que têm uma visão distinta de finalidades educativas. Desta 
forma, o autor complementa que o ensino é a combinação entre o papel do 
professor e a atividade independente, autônoma e criativa do aluno.
 
Porém, sabemos que existem vários tipos de professores. Entre eles estão 
os tradicionais, ou seja, aqueles que geralmente se satisfazem em transmitir os 
conteúdos que estão nos livros didáticos, utilizando-se sempre dos mesmos 
métodos, pouco se importando com as características sociais e individuais do 
alunado à sua frente. As aulas, desta categoria, obedecem normalmente ao mesmo 
ritmo: expor a matéria, realizar exercícios e avaliação. 
Este tipo de conduta dificilmente leva o aluno a uma aprendizagem 
duradoura. Assim, Libâneo (2001) nos coloca que uma aprendizagem de qualidade 
é aquela que busca desenvolver no aluno o raciocínio próprio, que faz relações 
entre um conceito e outro, aplicando este conhecimento em várias situações, 
sendo dentro ou fora da sala de aula, dando condições para que o aluno saiba 
explicar uma ideia com suas palavras. 
70
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
FIGURA 39 – SOCIALIZAÇÃO DE IDEIAS
FONTE: Disponível em: <http://noticias.universia.pt/destaque/
noticia/2013/02/20/1005955/21-maneiras-simples-motivar-os-alunos.
html>. Acesso em: 28 ago. 2013.
Em contrapartida aos que não fazem uso do método tradicional, Libâneo 
(2001) os nomeia como “professores progressistas”, ou seja, professores que 
se preocupam com as diferenças individuais e sociais dos alunos, elaborando 
atividades como trabalho de grupo, utilizando-se de diálogo e amorosidade no 
relacionamento com os alunos.
A forma progressista de lecionar, nos parece a mais eficaz, porém percebe-
se que muito ainda há de mudar, pois presenciamos muitos professores presos às 
práticas tradicionais, exigindo no ato da avaliação a memorização e repetição de 
seus ensinamentos e não o entendimento deles.
Para que se desenvolva uma prática pedagógica mais humanizada, 
o professor necessita saber como auxiliar seu aluno a adquirir métodos de 
pensamento, habilidades e capacidades mentais que tornem o aprendiz 
independente e criativo com os conhecimentos a serem assimilados. 
O papel do professor, portanto, é planejar, selecionar e organizar os 
conteúdos, programar tarefas, criar condições de estudo dentro da classe, 
incentivar os alunos, ou seja, o professor faz mediação das atividades de 
aprendizagem dos alunos a fim de que estes se tornem sujeitos ativos da própria 
aprendizagem. Não há ensino verdadeiro se os alunos não desenvolvem suas 
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PROFESSOR E ALUNO NA CONSTRUÇÃO DOS SABERES
71
capacidades e habilidades mentais, se não assimilam pessoal e ativamente os 
conhecimentos ou se não dão conta de aplicá-los, seja nos exercícios e verificações 
feitos em classe, seja na prática da vida associada à aprendizagem do pensar.
Mediante o exposto, Libâneo (2001) reforça que a didáticapreocupa-se 
com as condições, ou seja, modos pelos quais os alunos melhoram e potencializam 
sua aprendizagem trazendo à tona questionamentos de como, qual a forma e de 
que maneira, podem ser ajudados a lidar com conceitos, argumentar, raciocinar 
logicamente, elaborar ideias e pensar sobre o que aprendem. 
Para que possamos conduzir essa estruturação do conhecimento em nossos 
alunos, é importante pensarmos na forma de como esse processo é conduzido. 
Diante disso, estudar a assertividade, auxiliá-lo(a)-á, acadêmico(a), a pensar em 
novos caminhos de condução no que tange à produção de conhecimento. 
Assertividade trata-se da habilidade de transmitir ideias, expressar 
opiniões e desejos de uma forma transparente, clara e direta, buscando sempre 
respeito ao seu interlocutor.
Para enfatizar esse conceito, Portella (2010) nos coloca que assertividade 
é a capacidade de expor de maneira objetiva, clara e direta pensamentos e 
sentimentos de maneira comedida, ou seja, sem fazer uso de comportamentos 
passivos, tampouco agressivos.
Cunha (2010) reforça este conceito quando diz que o comportamento 
assertivo é a expressão de sentimentos de maneira socialmente adequada, 
perseverando tanto os direitos/interesses do indivíduo que responde assertivamente 
quanto os de seu interlocutor.
O indivíduo que desenvolve um comportamento assertivo necessita 
apresentar algumas características importantes: ter autorrespeito e respeito pelos 
outros; exercer seus direitos sem violar os direitos de outras pessoas; colocar suas 
ideias e opiniões sem fazer uso da agressividade, muito menos da passividade. 
Antes de nos atermos às características do comportamento assertivo, 
vamos relembrar a diferença entre comportamento passivo e agressivo. 
Conforme destaca Cunha (2010) apud Hull e Schroeder (1979), as características 
do comportamento passivo são: evitar olhar o interlocutor nos olhos; fazer uso 
de um tom de voz suave, hesitante, com entonação que transmite vacilação; a 
fala é pouco clara; posicionar-se curvadamente perante a pessoa, dificuldade em 
encarar o interlocutor. 
Um comportamento considerado agressivo envolve as seguintes atitudes: 
o indivíduo tem um olhar direto e fulminante; o tom de voz transmite raiva e 
ressentimento; fala alto e em alguns momentos chega a gritar; não demonstra 
hesitação no que diz; encara o interlocutor e fala imediatamente, quase 
interrompendo-o. 
72
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
O comportamento assertivo requer do indivíduo uma série de mudanças 
no modo de lidar com as pessoas. Ser assertivo significa saber negociar, ou 
seja, levar em consideração os interesses de todas as partes envolvidas em uma 
determinada situação, buscando uma posição consensual.
Enquanto conduta, a prática da assertividade exige que o indivíduo 
adote algumas mudanças consideradas profundas em sua forma de agir, sendo 
que uma atitude assertiva solicita como pré-requisito a construção de uma 
estrutura psicológica que a sustente. O ser assertivo requer alguns saberes como: 
estabelecimento dos objetivos que pretende alcançar; conhecimento de direitos e 
deveres; conhecimento dos seus potenciais e limites; facilidade em expressar-se 
de forma objetiva; boa argumentação, flexibilidade e empatia. 
Portella (2010) destaca algumas características que fazem parte de um 
comportamento assertivo:
• Fazer pedidos: ao solicitar alguma ajuda ou favor, o mesmo deve ser feito 
de uma forma clara, direta e objetiva, sendo que justificativas e pretextos são 
desnecessários.
• Solicitar mudança de comportamento: ao sugerir que uma forma de agir seja 
modificada, o solicitante deve descrever o comportamento que necessita ser 
suprimido e especificar a mudança desejada. 
• Recusar pedidos ou dizer não: é dispensável o uso de justificativas e pretextos 
para a negativa, sendo necessário que o indivíduo seja firme na resposta e que 
o sentimento de culpa não o acompanhe.
• Expressar amor, agrado e afeto: demonstrar estes sentimentos de uma forma 
adequada fortalece e aprofunda as relações.
• Expressar incômodo, desagrado e desgosto de modo justificado: especificar 
o incômodo para o outro, procurando destacar as consequências do 
comportamento de uma forma positiva, motiva a busca pela mudança.
• Fazer críticas: neste momento é importante lembrar que a crítica deve ser 
dirigida ao comportamento e não à pessoa. Deve ser destacado o desagrado ao 
comportamento, tendo cuidado para não expressar o que pensamos da pessoa 
que o manifestou.
• Receber críticas: o desejável neste caso seria permitir à pessoa que elabora a 
crítica concluir seu pensamento, deixando-a expressar o que deseja, para que 
posteriormente solicitar justificativa ou mais informações sobre suas colocações. 
Muitas pessoas apresentam consideráveis dificuldades em serem 
assertivas, pois deixam-se guiar pelo receio de magoar ou afastar as pessoas 
que gostam ou dependem. Assim, movem-se de acordo com o desejo do outro, 
evitando o enfrentamento e preferindo permanecer passivos aos desejos alheios. 
Já as pessoas com maior ênfase no desenvolvimento de comportamentos 
agressivos, apresentam grandes dificuldades no que tange a colocar-se no lugar 
do outro, forçando-o a aceitar seu ponto de vista a qualquer custo. Essas pessoas 
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PROFESSOR E ALUNO NA CONSTRUÇÃO DOS SABERES
73
partem do pressuposto de que sua linha de pensamento e atitudes são as corretas 
e consideram-se no direito de fazer com que as coisas aconteçam conforme 
desejam.
O comportamento assertivo, conforme Cunha (2010), caracteriza-se por: 
maior contato visual entre o indivíduo assertivo e seu interlocutor; afirmações 
utilizadas e manifestadas de forma afetuosa; tom de voz audível; verbalizações 
de maior duração; uso adequado de características paralinguísticas da fala (como 
fluência, variabilidade de expressões, vivacidade).
A assertividade é uma aliada da prática docente, principalmente no 
fortalecimento das relações com o alunado. O professor que adota uma postura 
assertiva transmite segurança e equilíbrio, além de motivar seus alunos a 
manifestarem esse comportamento em suas relações.
A didática assertiva instiga o professor a buscar relacionar os objetivos a 
serem alcançados com a forma de como serão transmitidos aos alunos, levando 
sempre em consideração os saberes e a realidade no qual estes alunos, sejam adultos 
ou crianças, já manifestem. 
LEITURA COMPLEMENTAR
ASSERTIVIDADE
Assertividade é a habilidade social de fazer afirmação dos próprios direitos 
e expressar pensamentos, sentimentos e crenças de maneira direta, clara, honesta 
e apropriada ao contexto, de modo a não violar o direito das outras pessoas. Ser 
assertivo é dizer “sim” e “não” quando for preciso. A postura assertiva é uma 
virtude, pois se mantém no justo meio-termo entre dois extremos inadequados, 
um por excesso (agressão), outro por falta (submissão).
A assertividade é a arte de defender o meu espaço vital sem recuar, 
desistindo de mim mesmo, e sem agredir, desistindo do outro. Assertividade é 
ser transparente e firme sem ser agressivo ou autoritário. É se posicionar com 
clareza e de maneira respeitosa com as pessoas que convive.
Parece banal, mas mudar a si mesmo e melhorar sua relação com as outras 
pessoas é um desafio que poucos enfrentam com sucesso. Como se tornar mais 
confiante e assertivo ensina como você pode se expressar com mais eficiência e 
lidar com os obstáculos de maneira direta e honesta.
Inicialmente, os psicólogos Robert E. Alberti e Michael L. Emmons 
direcionaram seu foco para as pessoas que não conseguem se impor. Mas logo 
perceberam que todo mundo precisa aprender a defender suas posições e fazer as 
coisas por iniciativa própria. Veja como você reage quando:
74
UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS
- Quer interromper a ligação de alguém.
- Um colega de trabalhotenta humilhá-lo.
- Seu (sua) esposo(a) o censura.
- Um vizinho põe o som a todo volume até as três da manhã.
- Um de seus filhos faz pirraça.
Em ocasiões desse tipo algumas pessoas reprimem os sentimentos e se 
calam, contrariadas; outras gritam e reagem de forma agressiva. A assertividade 
pode ajudar você a enfrentar esses problemas sem medo.
Ao contrário do que muita gente pensa, a assertividade não é uma técnica 
para se conseguir tudo o que se deseja. Não se trata de ensinar truques ou artifícios 
para manipular os outros. Os autores, na verdade, escreveram este livro como um 
guia para que todas as pessoas possam defender suas opiniões e desejos sem 
desrespeitar os direitos dos outros.
A comunicação assertiva eficiente estimula os relacionamentos positivos e 
igualitários entre as pessoas. Além disso, pode acelerar a autoestima, enriquecer 
a intimidade, aperfeiçoar a capacidade de decisão e de lidar com pessoas 
difíceis e melhorar a habilidade de resolver conflitos, sempre estimulando a 
responsabilidade social.
Fácil de ler e cheio de exemplos educativos, este livro é feito sob medida 
para quem está buscando reduzir a ansiedade nos relacionamentos e se tornar 
uma pessoa mais confiante.
Asserção é o “comportamento que capacita a pessoa a atuar em seu melhor 
interesse, afirmar-se sem ansiedade indevida, expressar confortavelmente de 
forma honesta os sentimentos e exercitar os direitos pessoais sem negar os direitos 
dos outros”. (ALBERTI, EMMMONS, 1978, p. 13).
Por exemplo digamos que você se encontra diante alguém que 
insistentemente lhe queira vender algo, uma atitude assertiva pode ser através de 
um contato visual e expressão facial de firmeza evocando as seguintes palavras: 
- Muito obrigada, eu não vou comprar nada, mas espero que o(a) senhor(a) seja 
bem-sucedido(a) nas próximas visitas.
Ser assertivo é confrontar no sentido de “se colocar de frente” às pessoas 
e situações desafiadoras para eliminar os problemas e ir em direção à solução.
Para saber quando você NÃO é assertivo, olhe para suas atitudes e ações 
e saiba que você não é assertivo quando:
* Enfrenta alguém sobre determinado problema e se sente constrangido.
* Perde a cabeça quando se confronta com sarcasmos ou críticas de qualquer 
ordem.
* Perde a calma com facilidade diante de situações embaraçosas.
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PROFESSOR E ALUNO NA CONSTRUÇÃO DOS SABERES
75
* Ao invés de resolver os problemas diretamente, começa a julgar ou culpar os 
outros e a si mesmo.
* Sente-se pouco à vontade quando olha os outros nos olhos e vice-versa.
* Não acha certo o que deseja ou expor seus sentimentos.
* Por querer agradar a todos, é injusto consigo mesmo.
* Espera que as pessoas adivinhem o que quer.
* Foge das questões que envolvem confronto com outras pessoas.
* Só aceita seu ponto de vista e perde o respeito pelos outros.
* Perde a paciência e não aceita as diferenças.
* Não fala o que é para ser dito e espera que os outros entendam pela sua cara 
fechada.
* É indireto e faz “observações cortantes” ou manifestação de impaciência.
* Usa a expressão corporal para que o outro entenda.
* Passa a agredir ou apontar o dedo para os outros.
* Não sabe dizer não ou não mantém compromissos.
Para Alberti e Emmons (2008) o treino assertivo tem como principal objetivo 
mudar a forma como o indivíduo se vê a si próprio, aumentar a sua capacidade 
de afirmação, permitir que este expresse de forma adequada os seus sentimentos 
e pensamentos e, posteriormente, estabelecer a autoconfiança. Mais detalhados, 
Hargie e Dickson (2004) elencaram várias funções do treino, entre as quais destaca-
se: (1) ajudar o indivíduo a assegurar que os seus direitos não serão violados; (2) 
reconhecer os direitos dos outros; (3) comunicar a sua opinião de forma confiante; 
(4) recusar pedidos irrazoáveis (5) fazer pedidos razoáveis; (6) lidar eficazmente 
com recusas irrazoáveis; (7) evitar conflitos agressivos desnecessários e (8) 
desenvolver e manter um sentido pessoal de eficácia.
REFERÊNCIAS:
ALBERTI, R. E.; EMMONS, M. L. Comportamento assertativo: um guia de autoexpressão. Belo 
Horizonte: Interlivros, 1978. Disponível em: <http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.
com.br/2013/07/assertividade.htm>. Acesso em: 25 abr. 2014.
76
RESUMO DO TÓPICO 4
 Neste tópico, você estudou que:
• A relação que o professor estabelece com o aluno, seja adulto ou criança, influi 
diretamente no sucesso ou fracasso do processo de ensino e aprendizagem. 
• Ser empático é fundamental no que tange à relação professor e aluno, pois 
colocar-se no lugar de quem aprende, eleva o nível de compreensão sobre as 
dificuldades e a realidade vivida pelo discente. 
• É normal que o professor tenha expectativas em relação aos seus futuros 
alunos, porém não é prudente deixar-se influenciar pelas experiências de 
outros docentes em relação à turma. 
• Para que se estabeleça uma relação sadia com toda a turma, o professor deve 
manter uma postura de igualdade com todos.
• Os conflitos são administrados com maior eficiência a partir do momento que 
o professor tem consciência da realidade vivida pelos seus alunos.
• O educador tem um papel importante na construção da autoestima do alunado. 
Isso é concretizado no momento em que é dada a oportunidade a este aprendiz 
que expresse seu saber.
• O professor que busca a constante atualização vê as diversas mídias como 
aliadas na construção do vínculo com a turma.
• A assertividade busca o equilíbrio nas relações, ou seja, caracteriza-se na 
habilidade de saber negociar de uma forma que todos os envolvidos saiam 
ganhando. 
77
AUTOATIVIDADE
Agora, acadêmico(a), que você concluiu os estudos referentes a este tópico, 
responda às questões a seguir:
1 Como a relação aluno/professor influencia no processo de ensino e 
aprendizagem?
2 Quando colocamos que o professor é facilitador da aprendizagem, o que 
realmente isso quer dizer? 
3 Qual é a importância do educador desenvolver a autonomia de seus alunos? 
4 Disserte sobre a didática assertiva. 
78
79
UNIDADE 2
ASPECTOS RELEVANTES DA 
EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir desta unidade você será capaz de:
• conceituar a educação não formal relacionando-a às diversidades culturais;
• relacionar os instrumentos pedagógicos diante de suas aplicações na edu-
cação formal para a educação não formal;
• diferenciar os conceitos de andragogia e heutagogia;
• formular possíveis práticas relacionadas ao trabalho baseados nos precei-
tos andragógicos e heutagógicos.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos e em cada um deles você encon-
trará atividades que o(a) ajudarão a internalizar os conhecimentos estudados.
TÓPICO 1 – DIVERSIDADE CULTURAL: BASE DA EDUCAÇÃO NÃO 
FORMAL
TÓPICO 2 – INSTRUMENTOS PEDAGÓGICOS APLICADOS À EDUCA-
ÇÃO NÃO FORMAL
TÓPICO 3 – ANDRAGOGIA E HEUTAGOGIA
TÓPICO 4 – O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, 
ANGRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO
80
81
TÓPICO 1
DIVERSIDADE CULTURAL: BASE DA EDUCAÇÃO NÃO 
FORMAL
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico(a)! Para uma atuação eficiente em ambientes não formais, torna-
se fundamental ao pedagogo saber que se trata de movimentos diversificados e 
flexíveis, ao contrário de toda rigidez metodológica encontrada nos ambientes 
formais. Para tanto faz-se necessária a compreensão de um fator que move esta 
modalidade: a cultura.
O senso comum trata a cultura de forma limitada e muitas vezes relacionada 
somente a eventos cujo objetivo é o entretenimento. Cultura é um conceito amplo 
e fundamental na atuação do pedagogo independentemente do espaço em que 
o mesmo desenvolve suas atividades. O entendimento da importância e suas 
implicações no cotidiano da sociedade, traça o trabalho do pedagogo sensível às 
determinantes que conduzem à realidade em que está inserido. É sobre isto que 
falaremos a partir de agora acadêmico(a).
2 A CULTURA E SUAS CULTURAS
Podemos dizer que a educação tem sido proclamada uma das áreas de 
destaqueno enfretamento dos novos desafios gerados pelo movimento chamado 
globalização, principalmente no que condiz aos avanços tecnológicos da era da 
informação. Ela é o caminho para a superação das mazelas, promovendo aos 
considerados excluídos, uma sociedade mais justa e igualitária, e assim contribui 
para novas formas de assistência à população sejam geradas.
De acordo com Gohn (2011, p. 17) afirma que:
[...] observa-se uma ampliação do conceito de Educação, que não se 
restringe mais aos processos de ensino-aprendizagem no interior de 
unidades escolares formais, transpondo os muros das escolas para os 
espaços da casa, do trabalho, do lazer, do associativismo etc. Com isso 
um novo campo da educação se estrutura: o da educação não formal. 
Ele aborda processos educativos da sociedade civil, ao redor de 
ações coletivas do chamado terceiro setor da sociedade, abrangendo 
movimentos sociais, organizações não governamentais e outras 
entidades sem fins lucrativos que atuam na área social; ou processos 
educacionais, frutos da articulação das escolas com a comunidade 
educativa, via conselhos, colegiados etc. 
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
82
UNI
Acadêmico(a)! Para a leitura deste tópico, tenha clareza de dois significados: 
globalização e associativismo. Então vamos a eles:
Globalização: é um conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial 
visíveis desde o final do século XX. Trata-se de um fenômeno que criou pontos em comum 
na vertente econômica, social, cultural e política, e que consequentemente tornou o 
mundo interligado, uma Aldeia Global. O processo de globalização é a forma como os 
mercados de diferentes países interagem e aproximam pessoas e mercadorias. A quebra de 
fronteiras gerou uma expansão capitalista em que foi possível realizar transações financeiras 
e expandir os negócios – até então restritos ao mercado interno – para mercados distantes e 
emergentes. O complexo fenômeno da globalização teve início na Era dos Descobrimentos 
e se desenvolveu a partir da Revolução Industrial. Foi resultado da consolidação do 
capitalismo, dos grandes avanços tecnológicos (Revolução Tecnológica) e da necessidade 
de expansão do fluxo comercial mundial. As inovações nas áreas das telecomunicações e 
da Informática (especialmente com a internet) foram determinantes para a construção de 
um mundo globalizado. O surgimento dos blocos econômicos – países que se juntam para 
fomentar relações comerciais, por exemplo, Mercosul ou União Europeia – foi resultado desse 
processo econômico. O impacto exercido pela globalização no mercado de trabalho, no 
comércio internacional, na liberdade de movimentação e na qualidade de vida da população 
varia a intensidade de acordo com o nível de desenvolvimento das nações.
FONTE: Disponível em: <http://www.significados.com.br/globalizacao/>. Acesso em: 25 jan. 2014.
Associativismo: trata-se da cooperação entre as empresas como forma de torná-las mais 
competitivas em um mercado muito disputado. Por meio de parcerias, é possível fortalecer o 
poder de compras, compartilhar recursos, combinar competências, dividir o ônus de realizar 
pesquisas tecnológicas, partilhar riscos e custos para explorar novas oportunidades e oferecer 
produtos com qualidade superior e diversificada. Associação é qualquer iniciativa formal ou 
informal que reúne pessoas físicas ou outras sociedades jurídicas com objetivos comuns, 
visando superar dificuldades e gerar benefícios para os seus associados. Ou seja, é uma forma 
jurídica de legalizar a união de pessoas em torno de seus interesses.
FONTE: Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/momento/quero-melhorar-minha-
empresa/entenda-os-caminhos/associativismo/>. Acesso em: 25 jan. 2014.
FIGURA 40 – GLOBALIZAÇÃO E ASSOCIATIVISMO
FONTE: Disponível em: <http://aglobaliizacao.blogspot.com.br/2011/02/
imagens-da-globalizacao.html>. Acesso em: 25.jan.2014
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE CULTURAL: BASE DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
83
Diariamente sentimos os reflexos da globalização quando nos depararmos 
com um universo de informações publicadas praticamente em tempo real 
nas diferentes mídias eletrônicas. Esse acesso quase que imediato aos últimos 
acontecimentos, nos coloca a par das transformações econômicas, tecnológicas, 
políticas e culturais, no que contribuem para que possamos nos tornar protagonistas 
nos acontecimentos, graças aos meios de comunicação instantânea. 
Como GONH (2011) bem denota, os meios de comunicação sofreram 
uma revolução tecnológica gerando novas relações sociais, novas linguagens, 
alterando estilos e comportamentos sociais, causando transformações culturais e 
estabelecendo, assim novos desafios e necessidades à área da educação. 
Porém, vale mencionar que a globalização além dos aspectos relativos 
aos avanços tecnológicos trouxe incertezas, ou seja, podemos arriscar dizer, que 
trouxe certo desrespeito às várias diversidades culturais e às outras formas de 
realidade, fazendo com que optassem pelo isolamento como proteção, objetivando 
preservar sua integridade. Um exemplo disso é a comunidade Amish localizada 
nos Estados Unidos e no Canadá (América do Norte).
FIGURA 41 – COMUNIDADE AMISH
FONTE: Disponível em: <http://www.ibahia.com/a/blogs/
feminina/2013/08/11/comunidade-amish/>. Acesso em: 25 jan. 2014. 
UNI
Os Amish surgiram em 1693 quando um grupo de menonitas suíços liderados 
por Jacob Amman separou-se do grupo principal de menonitas por causa das diferenças 
em relação à celebração da comunhão. Enfrentando perseguições, tanto dos cristãos 
católicos quanto dos protestantes, os Amish, em grande número impulsivamente aceitam 
a oferta de William Penn de liberdade religiosa na colônia norte-americana da Pensilvânia. A 
imigração para Pensilvânia começou em 1727 e continuou intensa até 1770. As instalações 
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
84
concentraram-se na área do condado de Lancaster, nos Estados Unidos. Os Amish vivem 
em fazendas, porque este estilo de vida rural torna mais fácil para eles manterem distância 
dos não puros, que são chamados simplesmente de “Os Ingleses”. As cidades e vilas, 
conforme sua cultura, apresenta muitas distrações que podem desviar a conduta. Enquanto 
o seu número crescia, os agrupamentos Amish ficavam em Ohio, Indiana e muitos outros 
estados, e também no Canadá.
Os Amish comunicam-se entre si com um dialeto do alemão, parecido ao holandês 
da Pensilvânia. O alemão é usado para os serviços religiosos e o inglês é falado com os 
estranhos. O modelo dos vestuários, a carroça e o lampião tornaram-se os símbolos dos 
Amish e provavelmente não vão mudar. O modelo do vestuário enfatiza que a pessoa 
Amish é separada do mundo não Amish, mas é também parte de uma comunidade de 
iguais. A carroça, do mesmo modo, promove a igualdade e limita as viagens, mantendo as 
comunidades juntas. O lampião, uma luz não elétrica, não necessita de conexões exteriores 
da comunidade. 
Os Amish não estão de fato “parados no tempo”. Embora a vida social e caseira permaneça 
essencialmente imutável, os Amish adotam novas tecnologias que passam por um exame 
rigoroso para serem aceitas. A tecnologia pode ser aceita por razões práticas ou comerciais, 
mas nunca por indulgência, desejo ou divertimento. Uma tecnologia é provavelmente 
aceita se for uma extensão natural existente e que tenha um impacto social mínimo. Usar 
uma corda de náilon poderia ser um exemplo de uma extensão natural.
Uma tecnologia é provavelmente rejeitada se é radicalmente diferente ou tenha implicações 
sociais. Ouvir rádio enquanto são feitos os deveres domésticos seria considerado uma 
distração desnecessária. Qualquer tecnologia que é vista como degradação da vida espiritual 
ou familiar é rejeitada de imediato. A televisão está definitivamente fora de questão, pois traz 
valores questionáveis para casa.
FONTE: Disponível em: <http://subculturasecontraculturas.blogspot.com.br/p/amish.html>. 
Acesso em: 25 jan 2014.
A área relacionada à culturaé a mais atingida pelos efeitos da globalização 
e tem ocupado um espaço importante na agenda de discussões de algumas 
importantes organizações como a ONU (Organização das Nações Unidas) e a 
UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). 
A área da saúde também foi atingida severamente pela “evolução”, gerando 
descontentamentos e protestos devido a sua degradação, originada pela lógica 
mercantil e tecnocrática global. 
É comum vermos, quase que diariamente, nas mídias, expressões de 
indignação pelo descaso, abandono e sucateamento desta assistência essencial 
da sociedade. O mercado de trabalho também sentiu os reflexos da globalização, 
obrigando várias classes profissionais a manifestarem sua indignação através 
de passeatas e greves, em prol de mais empregos, trabalho, menos demissões, 
inclusão e o não corte de vagas.
GONH (2011, p. 20) reforça que
A crise atual tem novas dimensões, pois criou novas categorias de 
excluídos, desta vez no próprio acesso ao mercado de trabalho, pelo fato 
de, simplesmente deixar de existir certas categorias funcionais devido 
à flexibilização/desregulamentação deste mercado ou eliminação de 
direitos sociais conquistados por meio de lutas seculares, por parte 
dos trabalhadores.
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE CULTURAL: BASE DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
85
FIGURA 42 – GREVE
FONTE: Disponível em: <http://www.casernapapamike.com.br/greve-da-pcdf-ajuda-o-
gdf/>. Acesso em: 25 jan. 2014.
As manifestações também lançam novos olhares e atitudes à sociedade, 
bem como a origem de novas culturas, que por muitas vezes encontram-se 
adormecidas pelo descaso e pelo comodismo que a cultura mãe traz como “regra” 
intrínseca, provocando mudanças no comportamento de quem dá voz a elas.
Sabemos que o termo cultura, ao longo do tempo, foi interpretado de várias 
formas adotando posições diferenciadas que explicam os vários paradigmas 
da realidade social. Como vimos no início do tópico, o senso comum abarca o 
conceito de cultura para alguém que possui estudo ou para as várias formas de 
entretenimento. 
GOHN (2011) nos chama a atenção a respeito da etimologia da palavra 
cultura, proveniente do latim medieval, a partir do verbo latino colere que 
significa cultivo e cuidado – com plantas, animais e tudo que se relaciona à terra 
e à agricultura. Já os romanos estenderam ainda o uso do vocábulo aos cuidados 
com as crianças e sua educação, aos deuses, ancestrais e seus monumentos, a 
cultura do espírito etc.
A cultura foi tema de muitos estudos expressivos realizados por grandes 
pensadores, como: Aristóteles, Platão, Hegel, Marx, Kant, entre outros, cada qual 
em sua época e até hoje ela norteia pesquisas em várias categorias, dentre elas: 
filosofia, antropologia, sociologia, educação, psicologia etc.
Porém cabe-nos destacar três vertentes consideradas essenciais à 
compreensão do conceito de cultura, relacionado ao trabalho realizado no 
campo educacional: cultura de massa, cultura popular e cultura política. Assim, 
acadêmico(a), vamos a eles:
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
86
Conforme Gohn apud Wolf (1995), as teorias relacionadas à cultura de 
massa correspondem a um dos primeiros momentos nos quais são desenvolvidos 
estudos relativos aos meios de comunicação, centrados no entendimento dos 
aspectos psicológicos das ações coletivas, tendo como tema central a propaganda. 
Esta, atua como estímulo sobre os indivíduos que reagiriam com respostas 
cegas e irracionais, gerando assim movimentos reativos ou de consumo, sem 
muita expressão crítica. Para que isto acontecesse bastava que fossem expostos 
a estímulos perniciosos de certas mensagens, para que produzissem respostas 
comportamentais instantâneas. 
UNI
Acadêmico(a)! Pernicioso significa maldoso, nocivo, ruidoso.
FONTE: Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/pernicioso/>. Acesso em: 25 
jan. 2014.
Nas últimas décadas, caracterizadas pelos avanços tecnológicos, as 
discussões sobre a cultura de massa tomaram novos rumos, ou seja, outros termos 
passaram a fazer parte dos estudos em relação ao tema, sendo reconhecidos como 
cultura das mídias ou midiáticas. Este movimento trouxe divisões sociais, ou seja, 
de um lado ficavam os que tinham acesso ao consumo, seja este mercadológico 
ou informativo, e do outro, os que eram impedidos, de alguma forma, de terem 
o mesmo privilégio.
FIGURA 43 – CULTURA DE MASSA
FONTE: Disponível em:< http://industria-cultural-pra-voce.tumblr.com/faq>. Acesso 
em: 25 jan. 2014.
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE CULTURAL: BASE DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
87
Acadêmico(a)! Os adultos não estão livres da influência da cultura 
de massa, porém a maior fragilidade está concentrada no público infantil. 
Juntamente com seus colegas, discuta como os meios de comunicação interferem 
na formação da personalidade das crianças. Diante desta discussão e enquanto 
educadores, reflita a respeito de que estratégias devemos utilizar na construção 
de uma visão mais crítica em nossos educandos, mediante este bombardeio de 
estímulos consumistas.
Outra vertente aplicada a esta temática, é a cultura popular, que Gohn 
(2011, p. 50) expõe.
A categoria cultura popular foi objeto de muitas discussões nos anos 
de 1960 e no início dos 1980 na América Latina, principalmente no 
Brasil. Vários fatos da conjuntura sociopolítica da época explicam esse 
destaque. [...] Nos anos 1980, o tema da cultura popular retorna ao 
cenário nacional, dada a difusão de pedagogias de educação popular 
no esforço de setores da sociedade civil para se organizar e participar 
da política, resultando na luta pela redemocratização do poder do 
Estado, então nas mãos dos militares. Deve-se destacar também a 
crença na força da criatividade dos grupos populares, por parte de um 
conjunto significativo de intelectuais da academia e do clero cristão; a 
crítica feita pelas lideranças articuladas pela Igreja Católica às formas 
centralizadoras de organizar a população por partes dos partidos 
tradicionais da esquerda; o surgimento de inúmeras experiências 
novas para a solução de problemas socioeconômicos na área da 
habitação, geração de renda e condições de inserção da mulher no 
mercado de trabalho (por exemplo, as casas construídas por mutirões 
populares, a produção de pães caseiros, tapetes e “panos de prato” 
artesanais, as creches comunitárias etc.).
Nesta categoria, a cultura popular objetiva buscar formas de sensibilização 
coletiva em função de mudanças sociais significativas direcionadas aos menos 
favorecidos e às pessoas das classes excluídas. Vale ressaltar, que todos esses 
movimentos não se originaram instantaneamente, sendo necessária a intervenção 
de outras instâncias, tais como: a popular, o ministério público, as políticas 
públicas etc., o que levou certo tempo para sua efetivação.
Ao tratarmos sobre o tempo utilizado na instauração das mudanças 
relativas à cultura, estamos nos referindo também à cultura política que conforme 
Gohn (2011), está relacionada a alguns indicadores sociais, tais quais as atitudes 
políticas, envolvendo valores como: confiança e desconfiança, liberdade e coerção, 
igualdade e hierarquia, interesses universais e paroquiais. 
Existem quatro fontes de mudança na cultura política: 1) a própria 
configuração da população de um país; 2) as mudanças de uma geração para outra; 
3) as alterações no estilo de vida das pessoas decorrentes das fases e situações 
diferentes que vivenciam; 4) as mudanças na estrutura política e econômica do país.
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
88
Acadêmico(a)! Todas essas atenuantes influenciam diretamente no 
sistema educacional formal, informal e não formal, por exigirem adequações 
diante das transformações sofridas pela sociedade, que refletem diretamente no 
pensar e agir da população.
Portanto Gohn (2011, p. 67) enfatiza:
[...] falar da cultura política é tratar do comportamento de indivíduos 
nas ações coletivas, os conhecimentos que os indivíduos têm a respeitode si próprios e de seu contexto, os símbolos e a linguagem utilizadas, 
bem como as principais correntes do pensamento existentes.
DICAS
Acadêmico(a)! Recomendamos o filme A Onda para que você possa visualizar 
os três conceitos aqui citados e sua correlação. Fica a dica!
Em uma escola da Alemanha, alunos têm de escolher entre 
duas disciplinas eletivas, uma sobre anarquia e a outra 
sobre autocracia. O professor Rainer Wenger é colocado 
para dar aulas sobre autocracia, mesmo sendo contra 
sua vontade. Após alguns minutos da primeira aula, ele 
decide, para exemplificar melhor aos alunos, formar um 
governo fascista dentro da sala de aula. Eles dão o nome 
de “A Onda” ao movimento, e escolhem um uniforme 
e até mesmo uma saudação. Só que o professor acaba 
perdendo o controle da situação, e os alunos começam 
a propagar “A Onda” pela cidade, tornando o projeto da 
escola um movimento real. Quando as coisas começam a 
ficar sérias e fanáticas demais, Wenger tenta acabar com “A 
Onda”, mas aí já é tarde demais.
FONTE: Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-134390/>. Acesso em: 
27 jan. 2014.
Diante do contexto apresentado, é necessário frisar que a cultura de 
massa, popular e política só estão separadas em nível conceitual, pois na prática 
elas caminham entrelaçadas influenciando uma à outra diretamente.
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE CULTURAL: BASE DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
89
3 EDUCANDO PARA A DIVERSIDADE
Atualmente, acompanhamos e vivenciamos os impactos das transformações 
que ocorrem em nível econômico, trabalhista e social, pois eles estão presentes 
em diversas manifestações como na degradação do meio ambiente, no caos do 
trânsito, na poluição, na violência, no desemprego etc. Em contrapartida, estamos 
presenciando avanços consideráveis relativos à medicina e às tecnologias de 
informação e comunicação.
No que tange à educação, Paula (2013, p. 16) aponta que
Diante desse quadro de progressos e regressos, retornamos ao contexto 
da escola e nos questionamos: Esta instituição tem acompanhado as 
mudanças planetárias? Imagino que sim e que não: sim, porque a escola 
é feita de pessoas que sentem e que vivem as mudanças; não, porque 
muitas dessas pessoas resistem às mudanças. Temos vários exemplos 
de resistências no dia a dia da escola: não conseguimos romper com 
pedagogias tradicionais, com a gestão pouco democrática, centralizada, 
nem incorporar novas tecnologias em sala de aula. Os currículos 
ainda operam de forma restritiva, que corroboram com a construção 
de estereótipos e legitimam a hegemonia cultural. Essas questões 
correspondem às relações sociais e valores dominantes no seio da 
sociedade capitalista, reproduzidos também nas instituições escolares.
As transformações decorrentes do processo de industrialização e 
desenvolvimento, advindas das mudanças econômicas, tem acelerado o 
crescimento da escolarização básica, como podemos observar atualmente, um 
exemplo disso é o aumento no ensino fundamental de oito para anos. 
No entanto, percebe-se que a sociedade ainda remete à escola um olhar 
romantizado ao delegar a esta à “responsabilidade” pela resolução de grande 
parte dos dilemas sociais. Realmente, que a escola tem um papel fundamental 
neste trabalho é algo que precisamos admitir, pois seus conteúdos também devem 
abordar questões que auxiliam na formação e restauração de valores, perdidos ou 
afetados pela modernidade. Porém, ela também experimenta e vivencia crises, seja 
de paradigmas, seja de visão de mundo ou de seu papel social.
A educação sempre foi vista como uma instituição que promove a unidade 
nacional por meio da propagação de conteúdos, valores culturais e morais. O 
poder público vê e deposita na educação a responsabilidade de civilizar, visando 
à construção do Estado, colocando a educação como um direito.
DICAS
Acadêmico(a)! Aprofunde seu conhecimento fazendo a leitura da seguinte obra: 
FREIRE, Paulo. A educação na cidade. São Paulo: Editora Cortez, 1991.
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
90
Considerando que a educação é um direito de todos, implica-nos trabalhar 
as questões relacionadas à cidadania que nos remete ao direito de ter direito. Nesse 
sentido, cabe-nos buscar trabalhar o tema diversidade, tema de total relevância 
desde os tempos mais remotos. 
Para Paula apud Abramowicz (2006, p. 25) “diversidade pode significar 
variedade, diferença e multiplicidade, sendo esta a qualidade do que é diferente, 
o que distingue uma coisa da outra, a falta de igualdade ou de semelhança”.
Ser sensível às questões relacionadas à diversidade é utilizar todo o 
aparato que este tema nos fornece para trabalharmos em paralelo aos conteúdos 
programáticos, pois o ambiente formal e não formal fornecem o espaço necessário 
para que temas relativos à diversidade sejam trabalhados.
Paula (2013, p. 20) reforça esta possibilidade ao comentar que:
Atualmente, podemos perceber que a diversidade está na ordem do 
dia, em pauta. [...] As diferenças agregam múltiplos processos de 
pertencimento – étnico, de gênero, geracional, geográfico, religioso 
etc. – que têm sido hierarquizados e convertidos, inadvertidamente, 
em desigualdades. A ruptura desse ciclo implica em compreendermos 
a multiplicidade e a complexidade das relações. 
Educar para a diversidade exige que se caminhe paralelamente às 
atividades pedagógicas, de maneira dialógica, emergente e interpretativa, sendo 
necessários elaborar mecanismos de intervenção, de revisão de valores e atitudes 
para a superação de injustiças, preconceitos e estereótipos.
Precisamos lembrar que todos descenderam de um tronco comum, porém 
diferimos nas realizações e construções históricas, culturais e sociais. Somos, 
portanto, constantemente desafiados pela experiência humana a buscar superação 
no sentido de não ignorá-las. Um exemplo disso é quando projetamos numa 
criança que vende ou pede algo no sinal de trânsito alguma denominação que a 
caracteriza como um incômodo à sociedade, esquecendo-nos completamente que 
esta criança está perdendo sua dimensão de infância.
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE CULTURAL: BASE DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
91
FIGURA 44 – CRIANÇA MARGINALIZADA
FONTE: Disponível em: <http://gargantaweb.blogspot.com.br/2009/11/criancas-
na-rua-problema-meu-e-seu.html>. Acesso em: 27 jan. 2014.
Paula (2013) menciona que normalmente consideramos os problemas 
sociais da alçada do governo e de outras instituições, manifestando com isso uma 
atitude alheia à nossa responsabilidade. Neste sentido ao mencionarmos que 
“essa sociedade está muito violenta” deveríamos refletir que na verdade todos 
nós estamos nos comportando de forma violenta, bruta e desumanizada.
Outra condição que grande parte da população parece ignorar é a pobreza. 
Esta, é geralmente vista como a ausência de recursos materiais para a sustentação 
da vida humana. Contudo, ela não se estende apenas a este conceito restrito, 
conforme Paula (2011, p. 27) nos aponta:
[...] a pobreza humana é multidimensional, ao invés de unidimensional 
e centrada nas pessoas, privilegiando a qualidade da vida humana 
e não as posses materiais. Pode ser classificada de duas formas: 
pobreza intelectual, que determina o desenvolvimento cultural, 
ideológico, científico e político do ser humano; pobreza social, que 
nega a integração do coletivo com direitos plenos, a participação na 
sociedade e o respeito dentro do coletivo.
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
92
FIGURA 45 – POBREZA
FONTE: Disponível em: <http://uipi.com.br/noticias/politica/2013/04/30/brasil-
conseguira-eliminar-pobreza-extrema-diz-representante-do-pnud/>. Acesso em: 
27 jan. 2014.
Numa sociedade que ainda necessita evoluir, principalmente no que se 
refere a deixar de ignorar problemas referentes às ordens sociais e ambientais, as 
modalidades educativas devem posicionar-se a respeito disto, visando realizar 
um trabalho em que busque o desenvolvimento, tanto do pensamento, quanto 
da ação crítica e realmente cidadã. ParaPaula apud Carvalho (2011), a ausência 
de uma população educada tem sido sempre um dos principais obstáculos à 
construção da cidadania civil e política. 
Acadêmico(a)! Precisamos estar cientes que a cidadania é exercida 
de maneiras diferentes, pois suas condições dependem da comunidade no 
qual estamos inseridos, ou seja, a cidadania exercida no Japão é diferente da 
brasileira, pois está condicionada a uma série de valores morais, éticos, religiosos, 
contextualizados naquele tempo e espaço.
Conforme Paula (2013, p. 46), 
O conceito de cidadania, em sua origem, vem da Grécia antiga, que 
significa vivência política ativa na comunidade, na cidade (polis). 
Durante muito tempo, a ideia de cidadania esteve ligada aos 
privilégios, pois os direitos dos cidadãos eram restritos a determinadas 
classes e grupos, às elites. Só eram cidadãos os que correspondiam 
a, pelo menos, três critérios: homens, brancos, proprietários. Essa 
configuração excluía a maioria da população: mulheres, negros e 
pobres.
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE CULTURAL: BASE DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
93
Muitos foram os avanços em relação às práticas cidadãs, exemplo disso 
são as ações sociais realizadas por empresas e a formação de um grande número 
de ONGs que perseguem o mesmo objetivo, cada qual querendo fazer sua parte, 
sejam elas: voltadas ao meio ambiente, à assistência de saúde, a defesa das vítimas 
de violência contra seres humanos ou animais etc. 
Enquanto seres implicados com o futuro da educação, precisamos 
engendrar novas maneiras de trazer à tona tais temáticas, fornecendo aos 
educandos o porquê conhecê-las e o porquê agir perante estas é tão importante.
FIGURA 46 – ONG EM DEFESA DOS ANIMAIS
FONTE: Disponível em: <http://ongdefesanimal.blogspot.com.br/>. Acesso em: 27 jan. 2014.
É comum nas unidades educacionais comemorarem datas alusivas ao “Dia 
das Mães” e ao “Dia dos Pais”, mas qual é a importância destas comemorações? 
Como se originaram? Essas são perguntas que interessam ser respondidas, para 
que estas datas não sejam apenas como entretenimento nos calendários escolares. 
As bases que sustentam as razões que visam ao sentido social destes eventos, 
são então denominados multiculturalismo crítico ou perspectiva intercultural 
crítica, que, conforme Paula (2013), buscam articular as visões folclóricas e 
as discussões sobre as relações desiguais de poder entre as culturas diversas, 
questionando a construção histórica dos preconceitos, das discriminações e da 
hierarquização cultural.
A realidade brasileira é culturalmente heterogênea. Sabemos que a 
instauração dessas diversidades fixou-se através de conflitos econômicos e por 
meio de manifestações violentas que originaram a construção identitária desses 
povos imigrantes. Um exemplo disso é a capoeira, uma dança praticada pelos 
escravos e que hoje é reconhecida como prática cultural.
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
94
A questão da pluralidade cultural está prevista, de acordo com Paula (2013), 
nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) como um dos temas transversais que 
expandiu o debate acadêmico e a trouxe para o cotidiano das escolas.
Proporcionar ao educando informações que norteiem seu conhecimento 
sobre as diversas manifestações culturais presentes na sua comunidade e no 
seu país, contribuem para a construção de uma sociedade mais livre em relação 
ao preconceito, e mais culta em relação à abertura de novas manifestações 
comportamentais. Façamos a nossa parte educadores!
DICAS
Acadêmico(a)! Aprofunde este assunto fazendo a leitura da seguinte obra: 
FREIRE, Paulo. A educação na cidade. São Paulo: Cortez Editora, 1991.
95
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você estudou que:
• Gohn (2011) nos chama a atenção a respeito da etimologia da palavra cultura, 
proveniente do latim medieval, a partir do verbo latino colere que significa 
cultivo e cuidado – com plantas, animais e tudo que se relaciona à terra e à 
agricultura; já os romanos estenderam ainda o uso do vocábulo aos cuidados 
com as crianças e sua educação, aos deuses, ancestrais e seus monumentos, a 
cultura do espírito etc.
• A cultura foi tema de muitos estudos expressivos realizados por grandes 
pensadores, como: Aristóteles, Platão, Hegel, Marx, Kant, entre outros (cada 
qual em sua época) e até hoje norteia pesquisas em várias categorias como: 
filosofia, antropologia, sociologia, educação, psicologia etc.
• A cultura possui três vertentes relacionadas aos trabalhos realizados na 
educação: cultura de massa, cultura popular e cultura política, Vamos a elas:
 Cultura de Massa: caracteriza-se nas últimas décadas pelo avanço tecnológico. 
As discussões sobre a cultura de massa tomaram novos rumos, ou seja, outros 
termos passaram a fazer parte dos que direcionam seus estudos em relação ao 
tema, passando a ser conhecidos por cultura das mídias ou midiáticas.
 Cultura Popular: objetiva buscar formas de sensibilização coletiva em função 
de mudanças sociais significativas aos menos favorecidos e das classes 
excluídas. Vale ressaltar, que todos esses movimentos não se originaram 
instantaneamente, sendo necessária a intervenção de outras instâncias 
(popular, ministério público, políticas públicas etc.), o que levou tempo para a 
efetivação.
 Cultura Política: esta relaciona-se aos seguintes indicadores sociais: atitudes 
políticas, envolvendo valores como confiança e desconfiança, liberdade e 
coerção, igualdade e hierarquia, interesses universais e paroquiais.
• Para Paula, apud Abramowicz (2006), “diversidade pode significar variedade, 
diferença e multiplicidade, sendo esta a qualidade do que é diferente; o que 
distingue uma coisa da outra, a falta de igualdade ou de semelhança”.
• Para Paula (2011), a pobreza humana pode ser classificada em: pobreza 
intelectual e social.
96
AUTOATIVIDADE
1 Paula (2011) comenta sobre a pobreza humana, classificando-a em dois 
tipos: pobreza intelectual e pobreza social. Discorra sobre estes dois tipos 
de pobreza.
2 A sociedade vive num movimento de globalização, o que não pode mais 
retroceder. Desta forma, como você percebe esta globalização? Ela está 
influenciando sua vida? Comente quais são as vantagens e as desvantagens.
97
TÓPICO 2
INSTRUMENTOS PEDAGÓGICOS APLICADOS À 
EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A educação não formal é considerada uma modalidade educacional 
diferenciada, pois enfatiza aspectos importantes como a comunidade e as crenças 
na qual se encontra inserida. Porém, isso não quer dizer que alguns instrumentos 
pedagógicos deixem de fazer parte deste movimento educacional, muito pelo 
contrário, eles contribuem consideravelmente ao processo. E sobre isto que 
trataremos no presente tópico.
Veremos sobre a importância do planejamento, letramento, alfabetização, 
didática, avaliação e formação do docente, voltadas à educação não formal e 
como o educador deve manejar estas ferramentas essenciais à condução do seu 
trabalho, mediante o conceito de estudo ativo.
2 O SIGNIFICADO DO APRENDER E A DEFINIÇÃO DE 
EDUCADOR
Aprender não se restringe apenas ao ambiente escolar, mas sim a todos 
os espaços e momentos da vida em que algo vem para agregar a nossa dinâmica 
pessoal. A escola é mediadora de muitas aprendizagens, mas em outros lugares 
os ensinamentos absorvidos também são colocados em prática. 
Antunes (2009), destaca que aprender é um processo que tem início a 
partir do confronto com a realidade objetiva e os diferentes significados que cada 
um de nós constrói acerca da realidade que nos envolve, tendo por consideração 
as experiências individuais e as regras sociais existentes.
Ao entrelaçar a realidade com os conteúdos, o pedagogo proporciona ao 
educando novas formas de fixação das informações que estão sendo passadas, 
de maneira que métodos ultrapassados, como a memorização mecânica, não se 
façam presentes na hora da avaliação.
Antunes (2009, p. 32) enfatiza que o professor terá certeza sobre a aquisição 
da aprendizagem quando:
UNIDADE2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
98
• Considera a realidade objetiva ou as circunstâncias que envolvem 
seu aluno; isto é, quem este aluno é, o que sabe, o que busca saber, 
onde se pretende levá-lo com a aprendizagem;
• Confronta essa realidade com alguns saberes escolares da disciplina 
trabalhada;
• Observa que associação seu aluno pode fazer, relacionando suas 
circunstâncias e os saberes acessados, além de suas experiências 
individuais e as regras sociais existentes.
Estas observações destacadas pelo autor não se limitam apenas aos espaços 
formais, o pedagogo deve questionar-se sobre trabalhar conteúdos também 
relacionados a modalidade não formal. Ao analisar que objetivos queremos 
alcançar, precisamos nos remeter a responsabilidade que teremos mediante os 
educandos e a sociedade, pois neste momento assumimos a postura de educador, 
nos quais Almeida (2009, p. 47) nos faz refletir mediante o seguinte acróstico:
E – Possuo “empatia”. Sou capaz de sentir o aluno em mim, 
percebendo-o não como cliente, mas como um ser em construção 
que precisa do meu auxílio para aprender a aprender, descobrir-se e 
aprender a ser?
D – Busco crescer em minha capacidade “didática”. Estou seriamente 
empenhado em descobrir meios para fazer a minha aula um efetivo 
instrumento de construção de saberes, de aflorar de competências? 
Ensino, realmente, meu aluno a fazer?
U – Procuro perceber minha responsabilidade como membro de uma 
equipe. Percebo que a “união” constitui ferramenta essencial para 
um ensino eficiente. Não apenas ajudo meus alunos, mas aprimoro 
sempre na busca cada vez mais aprender a viver junto?
C – Tenho plena “confiança” em meu aluno. Sou capaz de perceber 
que suas dificuldades e suas limitações decorrem menos sua, mas da 
minha condição de educador. Se algum aluno não aprende com meu 
jeito de ensinar, sou criativo para ajudá-lo em seu jeito de aprender?
A – Assumo plenamente meu papel de um “administrador” de 
competências. Efetivamente minha aula ensina o aluno a perguntar, 
investigar, comparar, analisar, sintetizar, classificar, aplicar. Enfim, a 
exercer a plenitude de sua capacidade de aprender?
D – Estudo sempre os conteúdos que ensino. Tenho “domínio” sobre 
os saberes que envolvem as matérias transmitidas em minhas aulas. 
Sei não apenas o informo, mas descubro estratégias para transformar 
informações em conhecimento?
O – Sou realmente “otimista. Creio que não existe educação sem 
transformação, mas acredito no poder transformador de meus alunos, 
não apenas pelos saberes da disciplina que aprendem a contextualizar, 
mas pelos valores que exercitam?
R – Domínio de estratégias de “relações interpessoais”? O educador 
jamais pode abdicar de sua responsabilidade de ajudar seus alunos a 
fazerem-se amigos de si mesmos e a construírem relações de amizade 
com outros e, para que isso ocorra, não basta à intenção, é essencial 
saber “quando” e saber “como fazer”, e esse fazer implica conhecer 
procedimentos para promover relações sólidas e significativas entre 
o alunado.
TÓPICO 2 | INSTRUMENTOS PEDAGÓGICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
99
Precisamos entender que o educador não nasce pronto, mas se constrói 
na formação contínua, ao longo da sua própria caminhada e das experiências 
adquiridas com o tempo. Pensar e repensar a prática pedagógica utilizando-se 
dos questionamentos propostos pelo autor, anteriormente citado norteará quais 
pontos necessitam ser aperfeiçoados e agregará, à sua ação, outros procedimentos. 
É muito significativo, ao pedagogo, identificá-los e incorporá-los, distanciando-se 
cada vez mais das rotinas caracterizadas como primitivas.
FIGURA 47 – EDUCADOR
FONTE: Disponível em: <http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-12--267-
20131028&tit=prefeitura+de+ibipora+seleciona+professor+e+educador+infantil>. 
Acesso em: 31 jan. 2014.
3 O ESTUDO ATIVO E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
Para que as informações fornecidas na escola façam a diferença na vida 
dos educandos, é necessário que estejam conectadas com à realidade, permitindo 
aos educandos que possam utilizá-las na condução de suas vidas.
Conforme abordamos no tópico anterior, em relação às várias faces 
culturais, é preciso ter clareza de que os conhecimentos e habilidades ensinadas 
na escola são frutos da experiência cultural e social da humanidade e precisam 
ser transmitidos como condição para a formação das novas gerações. 
Mediante o pressuposto LIBÂNEO (2013, p. 113), reforça que:
[...] a aprendizagem é um processo de assimilação de conhecimentos 
escolares por meio da atividade própria dos alunos. [...] essa atividade 
é o estudo dos conteúdos das matérias e dos modos de resolver as 
tarefas práticas que lhes correspondem. Os conteúdos representam 
o elemento determinante em torno do qual se realiza a atividade 
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
100
de estudo. A aprendizagem não resulta apenas de necessidades 
e interesses internos da criança, nem é um processo no qual as 
crianças escolhem o que querem fazer; é, antes, um processo no qual 
elas vão desenvolvendo e modificando suas forças físicas e mentais 
por influência de conhecimentos e atividades vindos de fora, da 
experiência humana acumulada pelas gerações ao longo da História.
A aprendizagem é suscitada, principalmente, pelas necessidades e 
interesses dos educandos. Nós, enquanto educadores precisamos ir além, dos 
meios tradicionais estimulando nossos aprendizes a dominar conhecimentos 
sistematizados, habilidades e hábitos para que, por meio deles, desenvolvam 
e ampliem suas capacidades mentais. Para tanto, a atividade de estudo deve 
seguir uma programação para que não transmita uma mensagem de dispersão e 
desorientação do educador, ou seja, toda atividade deve ser planejada.
O planejamento é um recurso indispensável na educação não formal, 
principalmente quando o pedagogo identifica as necessidades a serem trabalhadas, 
tornando o estudo algo vivo e ativo, Libâneo (2013) considera que o estudo ativo 
consiste em direcionar as atividades dos educandos nas tarefas que condizem 
à observação e compreensão dos fatos da vida diária, ligados as questões que 
estão sendo abordadas, no comportamento de atenção à explicação fornecida, na 
conversação entre alunos e educador, nos exercícios, no trabalho de discussão em 
grupo, no estudo dirigido individual, nas tarefas do contra turno etc.
FIGURA 48 – ESTUDO DIRIGIDO INDIVIDUALIZADO
FONTE: Disponível em: <http://www.rioeduca.net/blogViewsphp?bid=20&id= 
4025>. Acesso em: 31 jan. 2014.
Estas atividades auxiliam na assimilação de conhecimentos e habilidades 
e, por meio destes, o desenvolvimento das capacidades cognitivas como a 
percepção das coisas, o pensamento, a expressão do pensamento através das 
palavras, o reconhecimento das propriedades e as relações entre fatos e fenômenos 
da realidade.
TÓPICO 2 | INSTRUMENTOS PEDAGÓGICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
101
O pedagogo tem um papel essencial no que condiz ao estudo ativo, 
conforme Libâneo (2013) pois lhe cabe: incentivar o estudo, explicar o conteúdo, 
orientar os procedimentos para a efetivação das tarefas e problemáticas abordadas, 
exigir e aprofundar o conteúdo etc. 
Além de tudo isso, é preciso estar atento também ao que condiz a 
autossatisfação do aprendiz em relação a estes procedimentos, de modo que ele 
se sinta progredindo e motivado para novas aprendizagens. Ao sentir-se desta 
forma, o educando mostra-se desejoso em buscar por novos conhecimentos.
Para que, de fato, isso aconteça é preciso antes de tudo, que o educando 
domine os conhecimentos exigidos e compreenda os objetivos determinados pelo 
professor, cabendo a ele acompanhar de perto o desenvolvimento das atividades 
propostas, utilizando os erros cometidos pelos alunos para aprimorar os 
conhecimentos, indicando exercícios adicionais que respeitem a realidade vivida 
pelos alunos para uma melhor assimilação e sustentação da resposta correta.
O estudo ativo envolve uma série de procedimentos que visam despertarnos alunos habilidades e hábitos de caráter permanente, sendo estes expostos por 
Libâneo (2013), da seguinte forma:
• Exercícios de reprodução: visam à aplicação de testes rápidos que objetivam 
a verificação da assimilação e domínio das habilidades como: repetição de 
experimentos; treino ortográfico; solução de exercícios do material didático; 
com orientação.
FIGURA 49 – REPETIÇÃO DE EXPERIMENTOS
FONTE: Disponível em: <http://oglobo.globo.com/educacao/dados-de-11-
paises-da-america-latina-revelam-que-evasao-baixo-aprendizado-sao-maiores-
no-ensino-medio-2755445>. Acesso em: 31 jan. 2014.
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
102
• Tarefas de preparação para o estudo: trata-se do diálogo estabelecido entre 
o professor e os educandos, bem como os alunos entre si, em que relatam 
experiências, opiniões, questionamentos, observação de outros materiais (por 
exemplo: ilustrações, materiais alternativos, objetos e/ou animais), em que 
manifestam suas conclusões, além de revisarem a matéria anterior.
FIGURA 50 – TAREFAS DE PREPARAÇÃO PARA O ESTUDO
FONTE: Disponível em: <http://www.a2fotografia.com.br/foto.php?f=850>. Acesso 
em: 31 jan. 2014.
• Tarefas na fase de assimilação da matéria: conversação sobre os conhecimentos 
e experiências que os alunos trazem para a aula; confronto entre os 
conhecimentos sistematizados e os acontecimentos da realidade e do cotidiano 
dos alunos; verbalização do entendimento dos alunos em relação aos conceitos 
que estão sendo explicados pelo professor e suas conclusões parciais; 
formulação de perguntas ou de problemas práticos, de modo que os alunos 
deem respostas individualmente ou em grupo e aproximação máxima possível 
entre a explicação do conteúdo e o raciocínio dos alunos, dos conceitos que já 
dominam, da sua experiência prática cotidiana para que, pela sua atividade 
mental, possam acompanhar a lógica da explicação, adquirindo a sua própria 
compreensão do conteúdo.
TÓPICO 2 | INSTRUMENTOS PEDAGÓGICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
103
FIGURA 51 – TAREFAS NA FASE DE ASSIMILAÇÃO DA MATÉRIA
FONTE: Disponível em:<http://diariodeiguape.com/2009/06/26/aulas-em-
campo-da-etec-eng-narciso-e-motivacao-para-alunos/aula-etec/>. Acesso em: 31 
jan. 2014.
• Tarefas na fase de consolidação e aplicação: nesta etapa encontra-se a revisão e 
os exercícios de fixação; a aplicação em problemas suscitados na prática, com 
dados da experiência cotidiana e as tarefas de casa.
FIGURA 52 – LIÇÃO DE CASA
FONTE: Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/
como-ajudar-licao-historia-geografia-736665.shtml>. Acesso em: 31 jan. 2014.
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
104
Para a consolidação dessas práticas relacionadas à aprendizagem, o 
pedagogo deve assumir uma postura criativa, proporcionando uma resposta do 
educando em relação à expectativa as atividades a serem desenvolvidas.
Sabemos que a repetição contínua dos métodos, ou seja, atividades que 
não provoquem a curiosidade, apresentam por consequência, comportamentos 
tediosos por parte dos alunos, pois não lhes é despertada a ansiedade necessária 
para a execução dos trabalhos.
A partir do momento que o professor compreende isto e passa aplicar 
métodos ativos de ensino, os resultados aparecem. Dentre estes métodos ativos 
podemos citar: solução de problemas, pesquisas, estudo dirigido, manipulação 
de objetos, entre outros. O educador deve ter clareza dos objetivos a serem 
alcançados para que o resultado desta ação estimule a atividade mental dos 
alunos, definida por Libâneo (2009, p. 174), como o: “aprender pensando naquilo 
que se faz”.
Libâneo (2009, p. 174), também nos traz algumas recomendações práticas 
em relação a este princípio, vejamos:
• Esclarecer aos alunos sobre os objetivos da aula e sobre a importância 
dos novos conhecimentos para a sequência dos estudos, ou para 
atender às necessidades futuras;
• Provocar a explicação da contradição entre ideias e experiências que 
os alunos possuem entre um fato ou objeto de estudo e o conhecimento 
científico sobre esse fato ou objeto de estudo;
• Criar condições didáticas nas quais os alunos possam desenvolver 
métodos próprios de compreensão e assimilação de conceitos e 
habilidades (explicar como resolveu um problema, tirar conclusões 
sobre dados da realidade, fundamentar uma opinião, seguir regras 
para desempenhar uma tarefa, etc.);
• Estimular os alunos a expor e defender pontos de vista, conclusões 
sobre uma observação ou experimento e a confrontá-los com outras 
opiniões;
• Formular perguntas ou propor tarefas que requeiram a exercitação 
do pensamento e soluções criativas;
• Criar situações didáticas (discussões, exercícios, conversação 
dirigida etc.) em que os alunos possam aplicar conteúdos a situações 
novas ou a problemas do meio social;
• Desenvolver formas didáticas variadas de aplicação do método de 
solução de problemas.
O trabalho extraclasse também é considerado, mesmo que indiretamente, 
um estudo ativo, diante deste seguem algumas sugestões: jornal mural, visitas à 
comunidade ou instituições, teatro, biblioteca etc.
TÓPICO 2 | INSTRUMENTOS PEDAGÓGICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
105
FIGURA 53 – JORNAL MURAL
FONTE: Disponível em: <http://bethmatias.wordpress.com/2008/09/09/
comunicacao-interna-um-passo-antes-da-fama/>. Acesso em: 31 jan. 2014.
Precisamos levar em consideração a efetiva combinação entre os 
conhecimentos sistematizados e o desenvolvimento intelectual autônomo dos 
aprendizes. Para tanto, Libâneo (2013), nos chama a atenção de alguns fatores 
essenciais que influenciam na aprendizagem:
1. A estimulação para o estudo: caracterizado por um conjunto de estímulos 
que despertam nos alunos a motivação para o aprender, de forma que as 
necessidades, interesses, e desejos, sejam canalizados para as tarefas de estudo. 
É importante salientar que para o alcance dos objetivos sejam efetivados, 
precisam satisfazer nossas necessidades fisiológicas, emocionais, sociais e 
autorrealizadoras. 
DICAS
Acadêmico(a)! Retome o Caderno de Estudos da disciplina de Psicologia da 
Educação e Aprendizagem e revise o conteúdo relativo à motivação intrínseca e extrínseca 
para ampliar este conceito.
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
106
Vale lembrar que quando o ensino se baseia apenas no interesse do 
educando, fica difícil conseguir que ele estude o que não lhe agrada, pois boa 
parte dos conteúdos sistematizados não são atrativos por si mesmos, embora 
sejam necessários. Para tanto, precisamos destacar a importância da organização 
do trabalho do professor na direção e no provimento das condições e modos de 
incentivar o estudo ativo, tais como:
a) Esclarecer a importância do conteúdo a ser ministrado, interligando-o com os 
conhecimento anteriores e assim, revelando aos educandos sua importância 
para a vida prática, comprovando a diferença entre um conhecimento não 
sistematizado e o conhecimento sistematizado.
b) Vincular o estudo ativo do conteúdo à experiência e ao conhecimento já 
disponível anteriormente, sendo que, conhecimentos bem assimilados 
atraem os alunos para conhecimentos novos, utilizando-se de estratégias que 
consistem em: perguntas, tarefas individuais ou em grupo, exercícios e busca 
da verbalização, por parte do aprendiz, no que condiz aos conhecimentos 
elaborados.
c) Auxiliar nas habilidades e desenvolvimento de métodos próprios no que 
tange à resolução de exercícios e execução de tarefas, desenvolvendo-os 
intelectualmente através do pensamento independente e criativo e, adquirindo 
métodos próprios de assimilação dos conteúdos.
d) Estimular também depende de reforçar positivamente as iniciativas, ou seja, 
elogiar. Por meio disso o educador valoriza o bom desempenho dos alunos, 
contribuindo para o cultivo positivo da boa autoimagem. 
FIGURA 54 – VALORIZAÇÃO DA AUTOIMAGEM DO APRENDIZ
FONTE: Disponível em: <http://educareisograndedesafio.blogspot.com.
br/2011_02_01_archive.html>. Acesso em:31 jan. 2014.
TÓPICO 2 | INSTRUMENTOS PEDAGÓGICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
107
1. O conhecimento das condições de aprendizagem do aluno: a prática de vida 
influencia na questão da aprendizagem, por este motivo o educador precisa 
valorizar a comunidade, a família (independentemente de qual constituição: 
nuclear, institucionalizada etc.) e a cultura nos quais o educando está inserido. 
Sendo assim, o educador deve conhecer as experiências sociais e culturais dos 
alunos, o meio em que vivem, as relações familiares, a educação familiar, as 
motivações e expectativas em relação à escola e ao futuro de sua vida. Estas 
características vão determinar, inclusive, sua percepção da escola, da matéria, 
do professor e principalmente no modo de aprender.
2. A influência do educador e do ambiente educativo: a personalidade e as 
atitudes profissionais do educador são fatores que necessitam ser levados 
em consideração no processo de ensino-aprendizagem. É necessário que o 
educador tenha clareza dos objetivos profissionais que pretende alcançar e o 
que deve buscar para que tais objetivos se concretizem. A seriedade profissional 
manifesta-se quando o mesmo compreende seu papel de instrumentalizar os 
educandos para a conquista dos conhecimentos e sua aplicação na vida prática. 
Ao incutir no educando a importância do estudo na superação da condição de 
vida, mostrando a importância do conhecimento para as tarefas da vida adulta.
DICAS
Acadêmico(a)! Visualize o conteúdo estudado anteriormente assistindo a este filme.
Uma jovem e idealista professora chega a uma escola de 
um bairro pobre, que está corrompida pela agressividade 
e violência. Os alunos se mostram rebeldes e sem vontade 
de aprender, e há entre eles uma constante tensão racial. 
Assim, para fazer com que os alunos aprendam e também 
falem mais de suas complicadas vidas, a professora Gruwell 
(Hilary Swank) lança mão de métodos diferentes de ensino. 
Aos poucos, os alunos vão retomando a confiança em si 
mesmos, aceitando mais o conhecimento, e reconhecendo 
valores como a tolerância e o respeito ao próximo.
FONTE: Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-60975/>. Acesso em: 31 
jan. 2014.
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
108
Mediante a importância dos fatores expostos por Libâneo (2009), outra 
condição de valor inestimável é a questão da formação continuada. Enquanto 
educadores, precisamos buscar e aprender constantemente, a atualização no que 
condiz às técnicas, teorias e formas alternativas de semear a necessidade na busca 
pelo conhecimento.
O conteúdo aqui exposto, acadêmico(a), por muitas vezes mencionou 
a escola como cenário principal da aplicação destas metodologias, porém é 
importante ressaltar que todas as informações aqui expostas não são exclusivas 
deste ambiente, elas podem ser aplicadas a qualquer espaço que vise à pulverização 
do conhecimento.
109
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou:
• O acróstico referente à palavra EDUCADOR e quais os principais 
questionamentos a serem feitos para a efetivação dos saberes a serem 
transmitidos ao educando.
• O conceito de estudo ativo e os procedimentos que visam despertar nos alunos 
habilidades e hábitos de caráter permanente.
• A aplicação de métodos ativos de aprendizagem visando estabelecer uma 
ponte entre a cultura e as experiências vivenciadas pelos educandos.
• Que os instrumentos pedagógicos não são exclusivos ao ambiente escolar, mas 
que necessitam fazer parte de toda intenção educacional.
• O quão a busca por constante atualização deve fazer parte da rotina do educador, 
visando a sua qualidade profissional e como este reflete positivamente na sua 
autorrealização.
110
AUTOATIVIDADE
Fazendo uso do esquema a seguir, relacione características do estudo ativo: 
reprodução de exercícios, tarefas de preparação para os estudos, assimilações 
reais com a disciplina.
111
TÓPICO 3
ANDRAGOGIA E HEUTAGOGIA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Caro(a) Acadêmico(a)! Você já deve ter estudado anteriormente o 
desenvolvimento infantil e seus estágios, a partir da visão de alguns importantes 
estudiosos desta área. Neste tópico, você conhecerá as particularidades do 
desenvolvimento adulto, como o pensamento pós-formal e o modelo Schaie, que 
observa o desenvolvimento dos adultos a partir do uso do intelecto, inserido em 
um contexto social.
Sabemos que a inserção no mercado de trabalho, faz parte do mundo 
adulto. Assim, as exigências do mundo corporativo tem nos obrigado a voltar aos 
bancos da sala de aula a fim de que permaneçamos competitivos, diante da gama 
de profissionais que entram neste nicho diariamente. 
Levando este aspecto em consideração, conheceremos a andragogia que 
se refere ao estudo da aprendizagem dos adultos, e na sequência, a heutagogia 
que estuda a aprendizagem autodirecionada.
A partir de agora, prezado(a) acadêmico(a), você inicia sua leitura por este 
tópico já colocando em prática um desses conceitos. Qual deles será? Andragogia 
ou heutagogia? Descubra conosco! Bons estudos!
2 A FASE ADULTA DO DESENVOLVIMENTO
Para que possamos entender como o adulto aprende e compreendermos 
melhor os conceitos de andragogia e heutagogia, é importante estudarmos como 
a fase adulta se desenvolve, bem como suas etapas e implicações. 
Sabemos que o desenvolvimento humano é contínuo e ininterrupto, ou 
seja, refere-se a um conjunto de mudanças (físicas e cognitivas) que acontece no 
indivíduo desde a sua concepção até a morte. Schaffer (2009) explica que essas 
contínuas e sistemáticas mudanças, acontecem de maneira ordenada, padronizada 
e relativamente permanente; porém neste contexto estão excluídas as mudanças 
ocasionais de humor, aparência, pensamento e comportamento. 
Objetivando um melhor entendimento do significado do desenvolvimento, 
faz-se necessário precisamos recapitular dois conceitos importantes: maturação e 
aprendizagem. 
112
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
Conforme Schaffer (2009) a maturação corresponde ao desenvolvimento 
biológico do indivíduo contido em seu plano genético, considerando que os 
primeiros passos são dados por volta de um ano de idade, a maturação sexual 
acontece dos 11 aos 15 anos, e assim sucessivamente. Além disso, a maturação é 
em parte responsável por mudanças psicológicas como a crescente capacidade 
de concentração, resolução de problemas, bem como o entendimento dos 
pensamentos e sentimentos de outra pessoa. Sendo assim, uma razão pela qual 
nós humanos somos semelhantes em muitos aspectos importantes, se deve a 
nossa carga genética, que nos conduz a várias mudanças desenvolvimentais 
sobre os mesmos aspectos de nossas vidas. 
Ainda de acordo com a autora anteriormente citada, a aprendizagem 
acontece devido às experiências vivenciadas que refletem em mudanças 
significativas em nossos sentimentos, pensamentos e comportamentos, sendo 
a partir da interação com pessoas de grande significação em nossa vida (pais, 
professores etc.), que nos impulsionam na busca de algo que almejamos, tendo-os 
como fonte de inspiração. 
Sabemos que o desenvolvimento é um processo contínuo, assim as 
mudanças que ocorrem em cada fase da vida apresentam implicações importantes 
no futuro. Diante disto, outro conceito que nos ajudará a compreender melhor o 
conteúdo que vamos estudar é chamado de plasticidade. 
Shaffer (2009) define plasticidade como a capacidade de mudanças 
em respostas a experiências de vida positivas e negativas. Como descrevemos 
anteriormente, o desenvolvimento é processo contínuo de eventos passados que 
implicam o futuro. Os estudiosos do desenvolvimento sabem há algum tempo 
que o curso do desenvolvimento pode se alterar de maneira abrupta, caso algum 
aspecto importante da vida do indivíduo mudar. 
Além das mudanças físicas, o início da fase adulta é caracterizado pela 
saída da casa dos pais, pela oportunidade do primeiro emprego, pelo casamento 
ou pelo estabelecimento outros relacionamentos importantes,como ter e criar 
filhos. Estas decisões irão afetar o resto da vida do indivíduo, bem como a saúde, 
a felicidade e o sucesso. Juntamente a estas mudanças é possível verificar que o 
pensamento passa por significativas transformações, tornando-se mais flexível, 
aberto, adaptativo e individualista.
Papalia (2006) aponta que o adulto faz uso da intuição e da emoção, 
paralelo a lógica para auxiliar as pessoas a enfrentarem um mundo aparentemente 
caótico, utilizando-se de suas experiências vividas para lidar com a incerteza, 
a inconsistência, a contradição, a imperfeição e a conciliação. Este estágio de 
cognição adulta é chamado de pensamento pós-formal. 
O pensamento pós-formal nos desafia a ver os acontecimentos de uma forma 
não simplista, ou seja, tomando uma única resposta como verdade absoluta, mas sim, 
de uma maneira crítica e reflexiva observando a mesma situação por vários ângulos.
TÓPICO 3 | ANDRAGOGIA E HEUTAGOGIA
113
Papalia (2006) coloca que o pesquisador Jan Sinnott (1984, 1998) propôs 
alguns critérios para o pensamento pós-formal:
• Câmbio de marchas: capacidade do indivíduo de transitar entre o raciocínio 
abstrato e as considerações práticas e concretas. (“Isso pode funcionar no 
papel, mas não na vida real”).
• Múltipla causalidade, múltiplas soluções: consciência que a maioria dos problemas 
possui mais de uma causa e mais de uma solução, considerando que algumas 
soluções apresentam mais chances de funcionar do que outras. (“Tentaremos 
ao seu modo, caso não der certo, faremos do meu jeito”). 
• Pragmatismo: seleciona a melhor dentre diversas soluções possíveis e de 
reconhecer critérios para escolher. (“Se você quiser uma solução mais prática 
faça isso; se quiser uma solução mais rápida, faça aquilo”).
• Consciência do paradoxo: reconhece que um problema ou uma solução originará 
um conflito intrínseco. (“Fazer isso lhe dará o que ele quer porém, o fará infeliz”).
O pensamento pós-formal lida com a informação em seu contexto 
social, é importante considerar que os dilemas sociais são menos estruturados e 
frequentemente carregados de emoção.
Outro pesquisador, citado por Papalia (2006) que propôs um modelo 
completo de estágios do desenvolvimento cognitivo da infância à velhice foi K. 
Warner Schaie. O modelo Schaie como é chamado, observa o desenvolvimento dos 
usos do intelecto, inseridos dentro de um contexto social, e que giram em torno de 
objetivos que passam para o primeiro plano nos diversos estágios da vida, sendo:
1. Estágio aquisitivo (infância e adolescência): crianças e adolescentes adquirem 
informações e habilidades principalmente por seu próprio valor ou como 
preparação para a participação na sociedade.
FIGURA 55 – INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
FONTE: Disponível em: <http://tvbrasil.org.br/novidades/?p=13070 >. 
Acesso em: 18 out. 2013.
114
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
2. Estágio realizador (final da segunda década de vida ou início dos 20 até o início 
dos 30 anos): os jovens adultos não adquirem mais o conhecimento por seu 
próprio valor; utilizam o que sabem para perseguir objetivos, como a carreira 
profissional e a família. 
FIGURA 56 – JOVENS
FONTE: Disponível em: <http://www.viadeacesso.org.br/cadastrovia/Artigo.
aspx?CCO=712>. Acesso em: 18 out. 2013.
3. Estágio responsável (final dos 30 ao início dos 60 anos): pessoas de meia 
idade utilizam suas mentes para resolver problemas práticos associados às 
responsabilidades com os outros, como membros da família ou empregados.
FIGURA 57 – FAMÍLIA
FONTE: Disponível em: <http://mdemulher.abril.com.br/familia/reportagem/
comportamento/reuna-familia-refeicoes-bom-todo-mundo-598100.shtml>. Acesso 
em: 18 out. 2013.
TÓPICO 3 | ANDRAGOGIA E HEUTAGOGIA
115
4. Estágio executivo (dos 30 aos 40 à meia-idade): pessoas neste estágio, podem 
se sobrepor aos estágios realizador e responsável, sendo então atribuídos a 
estes, sistemas sociais (como organizações governamentais ou comerciais) e 
até movimentos sociais. Lidam com relacionamentos complexos em múltiplos 
níveis.
5. Estágio reorganizacional (fim da meia-idade, início da idade adulta tardia): as 
pessoas que se aposentam reorganizam suas vidas e energias intelectuais em 
torno de interesses significativos que substituem o trabalho remunerado.
6. Estágio reintegrativo (idade adulta tardia): adultos mais velhos, que podem 
ter perdido parte do envolvimento social e cujo funcionamento cognitivo pode 
estar limitado por mudanças biológicas, muitas vezes, são mais seletivos em 
relação a que tarefas despendem esforço. Eles se concentram no propósito do 
que fazem e nas tarefas que produzem maior significado.
7. Estágio de criação de herança (final da velhice): perto do fim da vida, depois de 
concluída a reintegração, os idosos podem criar instruções para a disposição 
de posses valorizadas, fazer preparativos fúnebres, contar histórias ou escrevê-
las como herança para seus entes queridos. Todas essas tarefas envolvem o 
exercício de competências cognitivas dentro de um contexto social e emocional.
FIGURA 58 – TERCEIRA IDADE
FONTE: Disponível em: <http://nadafragil.com.br/fonte-da-juventude-atividade-fisica-
na-terceira-idade/>. Acesso em: 18 out. 2013.
É preciso levar em consideração que nem todos os adultos passam 
por todos os estágios nas idades acima sugeridas. Perceba que os estágios 
realizador e responsável, lidam direta ou indiretamente com a vida acadêmica 
e/ou profissional. Para tanto, o processo de ensino para este momento deve ser 
diferenciado.
116
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
FIGURA 59 – FASES DO DESENVOLVIMENTO
FONTE: Disponível em: <http://grupopapeando.files.wordpress.com/2008 
/12/desenvolvimento-e-casamento.jpg?w=780>. Acesso em: 21 maio 2011.
Neste primeiro momento, explanamos a respeito da pedagogia e a partir 
de agora, acadêmico(a), passaremos a estudar as diferenças entre pedagogia 
e andragogia e como tais teorias refletem na aprendizagem dos adultos, 
acompanhe-nos! 
3 PEDAGOGIA OU ANDRAGOGIA
Durante muito tempo, o ensino e a aprendizagem eram pensados como 
ações inseparáveis, ou seja, para que a aprendizagem acontecesse fazia-se 
necessário que houvesse ensino ou vice-versa. Essa interpretação originou-se 
em função da aprendizagem ser centrada na figura do professor, que assumia 
toda responsabilidade e controle por esse processo. Para muitas pessoas, esse 
significado, caracterizava a pedagogia.
Nessa concepção caberia aos professores a responsabilidade de tomar 
todas as decisões sobre “o que” seria aprendido e, “como e quando” aconteceria. 
Tais responsabilidades foram designadas ao professor, por considerar que a 
criança é desprovida de maturidade para tomar decisões corretas e, portanto, 
deveria aprender somente o que fosse decidido e ensinado pelos professores.
Os estudos referentes à aprendizagem que conhecemos, geralmente 
referem-se ao público infantil. Neste momento, você conhecerá como este processo 
se desenvolve nos adultos, mediante o entendimento do conceito de andragogia e 
como este surgiu ao longo da história.
TÓPICO 3 | ANDRAGOGIA E HEUTAGOGIA
117
Almeida (apud LITTO, 2009) menciona que o termo andragogia foi 
utilizado pela primeira vez por Alexander Kapp, professor alemão, em 1833, para 
descrever elementos da teoria da educação de Platão, que exercitava a indagação, 
a interpretação e a dialética, com pequenos grupos de jovens e adultos. Em 1921, 
o professor Eugen Rosenstock, também alemão, utilizou o termo andragogia para 
indicar a atuação de professores envolvidos com a educação de adultos e suas 
bases filosóficas e metodológicas. 
Em 1926, Eduard C. Lindermann publicou o resultado de sua pesquisa sobre 
a educação de adultos, intitulada The meaning of adult education, em que revelou a 
influência de John Dewey, filósofo e pedagogo norte-americano, que defendia a 
ideia de que uma escola comprometida é aquela em que a atuação do professor 
proporciona a conexão das disciplinas escolares com o interessedos alunos, onde 
prática e teoria levariam o aluno ao desenvolvimento do pensamento científico.
FIGURA 60 – EDUARD C. LINDERMANN
FONTE: Disponível em: <http://www.harvardsquarelibrary.org/ware/
eduard_lindeman.php>. Acesso em: 8 maio 2012.
Almeida (apud LITTO, 2009) aponta que as ideias de Linderman 
são similares em muitos aspectos, com a pedagogia de Dewey em relação à 
motivação intrínseca, experiência como fonte de aprendizagem, a autodireção e o 
engajamento em processos de investigação que levam em conta as diferenças de 
estilo, tempo, lugar e ritmo de aprendizagem. 
Aquino (2007) coloca que em 1970, o estadunidense Malcolm Shepherd 
Knowles (1913-1997) foi o mais importante representante da área de educação 
de adultos, referente à segunda metade do século XX, sendo autor dos principais 
trabalhos no que condiz a esta temática. Seus estudos orientaram, e podemos 
dizer que continuam orientando, educadores de jovens e adultos a tomarem uma 
postura de “auxiliar as pessoas a aprenderem ao invés de ensiná-las”. 
118
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
Diante deste conceito, Aquino (2007) expôs que o modelo andragógico estaria 
se sustentado sob quatro proposições básicas para os aprendizes. Tais proposições 
estariam ligadas ao que competem às capacidades, desejos e necessidades dos 
próprios aprendizes em assumirem o rumo pela sua aprendizagem:
a) Seu posicionamento muda da dependência para independência ou 
autodirecionamento.
b) As pessoas acumulam um ‘reservatório’ de experiências que pode ser usado 
como base sobre a qual será construída a aprendizagem.
c) Sua prontidão para aprender torna-se cada vez mais associada com as tarefas 
de desenvolvimento de papéis sociais.
d) Suas perspectivas de tempo e de currículo mudam do adiamento para o 
imediatismo da aplicação do que é aprendido e de uma aprendizagem centrada 
em assuntos para outra, focada no desempenho.
No quadro a seguir, Aquino (2007) compara a andragogia e a pedagogia, 
no que condiz ao abordar o aprendiz, o ambiente de aprendizagem e a forma 
como ocorre a interação professor-aluno. Acompanhe: 
QUADRO 3 – PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE ANDRAGOGIA E PEDAGOGIA
Pedagogia
(aprendizagem centrada no 
professor)
Andragogia
(aprendizagem centrada no 
aprendiz)
Os aprendizes são dependentes. Os aprendizes são independentes e autodirecionados.
Os aprendizes são motivados de forma 
extrínseca (recompensa, competição 
etc.).
Os aprendizes são motivados de 
forma intrínseca (satisfação gerada 
pelo aprendizado).
A aprendizagem é caracterizada por 
técnicas de transmissão de conhecimento 
(aulas, leituras designadas).
A aprendizagem é caracterizada por 
projetos inquisitivos, experimentação, 
estudos independentes.
O ambiente de aprendizagem é formal 
e caracterizado pela competitividade 
e por julgamentos de valor.
O ambiente de aprendizagem 
é mais informal e caracterizado 
pela equidade, respeito mútuo e 
cooperação. 
O planejamento e a avaliação são 
conduzidos pelo professor.
A aprendizagem deve ser baseada 
em experiências.
A avaliação é realizada basicamente 
por meio de métodos externos (notas, 
testes e provas).
As pessoas são centradas no 
desempenho em seus processos de 
aprendizagem. 
FONTE: Adaptado de JARVIS, P. The sociology of adult and continuing education. Beckenham: 
Croom Helm, 1985.
TÓPICO 3 | ANDRAGOGIA E HEUTAGOGIA
119
As exigências do mundo corporativista são refletidas através da constante 
necessidade de buscar mais conhecimento, desenvolver habilidades e tomar 
atitudes que visem demonstrar que o profissional está atento às necessidades 
do mercado de trabalho. As instituições educacionais (universidades, escolas 
técnicas etc.), responsáveis pela formação inicial ou continuada de profissionais, 
precisam rever e discutir sobre os métodos de aprendizagem utilizados.
Aquino (2007) nos provoca à reflexão quando coloca em questão se a 
pedagogia é uma forma adequada para o ensino e aprendizagem dos adultos ou 
se a andragogia, como abordagem que considera a postura crítica e a necessidade 
de experimentação, seria capaz de trazer melhores resultados para esse grupo 
particular de aprendizes. O autor sustenta um contínuo andragógico-pedagógico, 
visando que professores e organizações sejam capazes de se mover em busca de 
uma combinação entre as duas abordagens.
FIGURA 61 – ANDRAGOGIA
FONTE: Disponível em: <http://farm5.static.flickr.com/4030/4297568720_
e2dc4475e5.jpg>. Acesso em: 22 maio 2012.
Cada indivíduo responde de uma forma particular aos estímulos 
apresentados. Quando falamos em aprendizagem, precisamos entender que nem 
todos os adultos responderão de maneira positiva a metodologia andragógica, 
ou seja, muitos deles não estarão dispostos ou não serão capazes de assumir pelo 
menos parte da responsabilidade de seu aprendizado. 
O contínuo andragógico-pedagógico pode ser aplicado a qualquer situação 
de aprendizagem, independentemente da idade e maturidade do aprendiz. Na 
prática, encontraremos adultos cujo metodologia pedagógica, ainda será a melhor 
forma de aprendizagem. Por outro lado, algumas crianças, que já apresentarem 
a maturidade necessária para aprenderem por um modelo facilitado, estarão 
aplicando em seus estudos a prática andragógica.
120
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
4 HEUTAGOGIA, QUE MODALIDADE DE ENSINO É ESTA?
Em pleno século XXI a educação também avança na busca de novas formas 
de gerar conhecimento. Atualmente a internet, juntamente com as demais TICs 
(tecnologias de informação e comunicação) proporciona o acesso à informação 
de forma interativa, rápida, a qualquer hora e lugar, nos mantendo atualizados. 
Todo este progresso incentivou o indivíduo a ser mais autônomo, no que 
tange buscar conhecimentos do seu interesse e, a partir disso, inicia-se uma nova 
modalidade educativa, a heutagogia. 
UNI
Amaral (2010) explica que o termo HEUTAGOGIA (heuta – auto, próprio 
– e agogus – guiar) foi criado em 2000 por Stewart Hase e Kenyon, em contraposição à 
Andragogia [Andros (homem), agein (conduzir) e logos (tratado)] e a Pedagogia [paidós (criança) 
e agodé (condução)].
Neste processo de ensino não há professor e o aluno é o único responsável 
pela aprendizagem. O modelo é alinhado à Tecnologia da Informação e 
Comunicação – TICs e às inovações de e-learning (onde o estudo se dá sem a 
presença intensiva do professor, necessitando da autonomia de quem aprende). 
A heutagogia é aplicada quando há necessidade de rapidez no ensino, 
pois nos encontramos em um momento de importantes mudanças sociais, 
principalmente quando se trata do acesso à informação. Bellan (2008) nos coloca 
que para acompanhar este tempo de mudanças significativas, é recomendável 
um conjunto de princípios e práticas que tragam maior rendimento e qualidade 
de retenção de informações, por meio de um trabalho didático que possibilite o 
alinhamento da aprendizagem com a prática. 
Instituições educacionais e corporativas muitas vezes exigem que 
colaboradores ou aprendizes, sejam capazes de aprimorar suas habilidades 
e desenvolver sua aprendizagem, de forma rápida e flexível. Uma prova da 
mudança dos conceitos sobre a eficiência do ensino e da aprendizagem é a 
multiplicação dos cursos de ensino a distância. 
TÓPICO 3 | ANDRAGOGIA E HEUTAGOGIA
121
FIGURA 62 – HEUTAGOGIA
FONTE: Disponível em: <http://www.portalexamedeordem.com.br/blog/wp-
content/uploads/2011/11/estudar-computador-Thinkstock.jpg>. Acesso em: 21 
maio 2012.
Amaral (2010) aponta a importância deste movimento, quando menciona 
que a crescente difusão da educação a distância e os recursos como a teleconferência, 
geraram a heutagogia empresarial, ou seja, uma educação voltada ao mundo 
corporativo, objetivando a capacitação, o treinamento, a formação continuada e 
a universidade corporativa. Neste tipo de educação, os colaboradores recebem 
assistência de tutores, que interagem com sistemas e programas específicos, 
sendo então condutores de seu aprendizado.É importante lembrar, que a heutagogia não propõe a eliminação do 
educador no processo de aprendizagem do educando. Para este modelo o 
importante é o que o aluno realmente aprenda, diante da reflexão pessoal, da 
interação com os outros e da valorização das experiências.
A heutagogia representa e reforça a busca da autonomia do aprendiz e a 
liberdade de escolha em “o que e como” aprender aliado aos objetivos, desejos, 
possibilidades e metas pessoais. Cabe ao professor a ação de mediador e orientador 
nas escolhas dos aprendizes, buscando disponibilizar meios e instrumentos que 
contribuirão para a eficácia desse processo. A aprendizagem autodeterminada 
promove ao aprendiz a autoafirmação e autorrealização, buscando colocá-lo 
sempre como responsável pelo processo de construção do conhecimento
122
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
LEITURA COMPLEMENTAR
CARACTERÍSTICAS DO APRENDIZADO DO ADULTO
Antonio Pazin Filho
O ensino de adultos difere em muitos aspectos dos princípios difundidos 
para o ensino de crianças e adolescentes. O conhecimento destes princípios é 
fundamental no desenvolvimento de qualquer atividade didática, haja vista 
que esta deve ser direcionada e adaptada às necessidades da população na qual 
será aplicada. Excelentes apresentações, compostas por grandes especialistas 
em qualquer área de atuação, são muitas vezes grandes fracassos, por estarem 
direcionadas para o público errado.
Levar em consideração o público-alvo compreende não somente 
adequação do conteúdo, mas o respeito às características de aprendizado que 
esta população requisita.
[...]
Talvez o mais importante conceito que se deve ter em mente ao se lidar 
com o adulto é o conhecimento de que todos trazemos uma série de experiências 
previamente adquiridas, muitas vezes relacionadas ao assunto em questão, e 
que temos a necessidade de concatenar a nova informação apresentada comeste 
repertório prévio. A incapacidade de se realizar esta concatenação torna o adulto 
refratário a novas informações.
Qualquer que seja a atividade desenvolvida, a primeira reação do adulto 
é tentar integrar a informação nova com o conteúdo que ele possui. Ele necessita 
fazer isto para não sentir que tudo o que aprendeu até agora foi em vão ou está 
errado. Algumas vezes nosso objetivo como palestrante será realmente mostrar 
que o conteúdo anteriormente adquirido foi modificado ou estava errado, o que 
se constitui num dos pontos mais difíceis de qualquer atividade didática.
De qualquer forma, deve-se ter em mente que por mais radical que seja a 
mudança, ela sempre parte de princípios conhecidos e que podem ser utilizados 
como ponto inicial de aproximação.
O repertório prévio estará presente mesmo quando o aluno alegue 
desconhecer o assunto em questão. Esta é uma reação comum de vários alunos 
frente a situações de estresse. Vale o mesmo princípio de se tentar a concatenação 
com experiências prévias, mas aqui o aluno deve ser lembrado que conhece o 
assunto. Técnicas expositivas como aquela em que se lista no quadro negro os 
conhecimentos prévios, ajudando o aluno a resgatar o conhecimento que afirma 
não ter, são exemplos apropriados. Mesmo que o aluno não resgate o conhecimento 
necessário em toda a sua magnitude, estas informações serão importantes para 
que ele contextualize o assunto ao estudar posteriormente à aula.
TÓPICO 3 | ANDRAGOGIA E HEUTAGOGIA
123
É difícil aceitar, em princípio, que sejamos todos tão refratários à aquisição 
de novos conhecimentos. Mas trata-se de uma atitude concreta e não totalmente 
descabida. Diariamente somos bombardeados por quantidades incríveis de 
informação e temos que filtrar, pois nossa capacidade de apreensão e compreensão 
é muito menor.
Este repertório prévio também implica que o aluno busque a atividade 
didática com expectativas e objetivos próprios. As experiências prévias geraram 
dúvidas e necessidades que ele busca sanar nesta nova oportunidade. Muitas 
vezes a atividade didática pode não estar direcionada para as expectativas do 
aluno e este desencontro pode ser extremamente frustrante e impossibilitar 
qualquer tipo de comunicação. 
Contornar estas expectativas deve ser o primeiro ponto ao se preparar 
qualquer atividade didática para adultos. Existem várias formas de se realizar 
isto. Ao se lidar com pequenos grupos, por exemplo, podemos solicitar que cada 
aluno expresse suas expectativas frente à atividade e, no final, podemos esclarecer 
se estas expectativas serão ou não atendidas. Ao se lidar com grupos maiores, ou 
quando não se dispõe de tempo para maior integração, podemos esclarecer qual 
é o objetivo da atividade, dizendo o que nos propomos a fazer. 
Qualquer que seja a técnica empregada, esclarecer quais são os objetivos 
dá ao aluno uma orientação que é importante por vários outros motivos, mas antes 
de tudo, tira aquela sensação de frustração de perceber que o conteúdo ao qual 
está sendo exposto não é aquele que ele esperava. Dá um senso de honestidade e 
confiança ao que está sendo transmitido, o que é fundamental para se estabelecer 
um “contrato de aprendizado”.
A consciência desta necessidade de integração como reação a ser esperada 
pode ser muito útil ao impedir que o palestrante se encontre em conflito com a 
plateia. Ao nos depararmos com uma plateia refratária à mensagem que estamos 
tentando entregar, nossa primeira reação será de nos sentirmos agredidos e 
a resposta mais comum para esta situação é o desinteresse e, muitas vezes, o 
conflito.
Deve-se deixar claro que estamos tratando daquele tipo de refratariedade 
espontânea, não relacionada à qualquer conhecimento prévio do palestrante por 
parte da plateia. Existem situações nas quais a “fama” da matéria ou do palestrante 
pode desmotivar a plateia, entendido por muitos como refratariedade.
O tipo de refratariedade aqui discutido não é desta natureza, mas sim 
daquela inerente a qualquer adulto que se constitua parte de uma plateia pelo 
simples fato de estar sendo exposto a uma nova experiência, a um território 
desconhecido e não estar sendo capaz de integrar estas novas percepções ao seu 
repertório prévio.
124
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
Quanto maior o grau de diferenciação da população, maior será a 
refratariedade apresentada. Imagine a situação de se apresentar um tópico de 
ponta em alguma área de conhecimento para uma plateia especializada no 
assunto, como por exemplo, professores titulares. Se o assunto for controverso 
e passível de discussão, esta é uma situação que pode exacerbar ao máximo este 
grau de refratariedade.
Outro aspecto deve ser compreendido. O adulto se concentra num 
determinado conteúdo por vez e só se desloca para um novo conceito, quando ele 
se sente seguro que compreendeu e integrou o ponto anterior. Durante uma aula 
expositiva, geralmente abordamos vários tópicos de alguma forma relacionados 
entre si e dispostos em sequência de complexidade.
Para que possamos desenvolver nossos objetivos, necessitamos que o 
aluno compreenda cada um dos passos que estamos ilustrando para podermos 
“amarrar” no final. Pois bem, caso o aluno não tenha compreendido o passo 1, 
por exemplo, ele não consegue se deslocar para o próximo passo. São nestes 
momentos que geralmente perdemos a atenção da plateia e o fluxo da aula se 
degenera. Um exemplo mais concreto desta situação são aquelas aulas em que 
o aluno está copiando os diapositivos apresentados. Caso ele perca um dos 
diapositivos, ao invés de prestar atenção nos próximos e ter uma noção geral do 
que está acontecendo, a tendência mais provável é que ele vá buscar a informação 
que faltou com o colega ao lado, desviando a atenção necessária.
O conhecimento desta forma de refratariedade implica algumas medidas 
básicas de estruturação e condução de uma aula. Assim, por exemplo, está 
correto estruturar a aula em tópicos de complexidade progressiva, mas para que 
esta técnica seja efetiva devemos garantir que a cada ponto ensinado a plateiaesteja acompanhando nosso raciocínio. Um dos métodos para isto é ilustração 
ou exemplos ao final de cada ponto ou sumarizar o que foi dito até o momento 
em pontos estratégicos da aula, dando oportunidade ao aluno para se localizar e 
tempo para processar as informações. 
Devemos também garantir que os recursos auxiliares que estamos 
empregando não sejam fatores que maximizem a refratariedade, como por 
exemplo, colocando informação excessiva e desnecessária em diapositivos. 
Caso isto seja absolutamente necessário, devemos garantir tempo para que esta 
informação seja corretamente processada.
FONTE: Disponível em: <www.fmrp.usp.br/revista/2007/vol40n1/2_caracteristicas_do_
aprendizado_do_adulto.pdf>. Acesso em: 24 maio 2012.
125
RESUMO DO TÓPICO 3
 Neste tópico, você estudou:
• O conceito de plasticidade que consta na capacidade do indivíduo de mudanças 
em resposta a experiências positivas e negativas. 
• Os critérios relacionados ao pensamento pós-formal.
• O modelo completo de estágios do desenvolvimento cognitivo da infância à 
velhice foi K. Warner Schaie.
• Como surgiu e quais são os conceitos de andragogia e heutagogia.
126
Caro(a) acadêmico(a)! Agora que você estudou sobre o desenvolvimento 
adulto e as novas modalidades de ensino, como a andragogia e a heutagogia, 
é hora de responder às atividades:
1 Diante do que foi estudado, conceitue andragogia e heutagogia.
2 O pensamento pós-formal é o estágio em que o adulto usa a intuição e a 
emoção paralelos a lógica, com o objetivo de auxiliar as pessoas a enfrentarem 
as turbulências do dia a dia. Neste sentido, cite os critérios do pensamento 
pós-formal.
AUTOATIVIDADE
127
TÓPICO 4
O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, 
ANDRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
No que se refere ao desenvolvimento do trabalho pedagógico, 
apresentaremos a você, acadêmico (a), visões educacionais que poderão levá-lo à 
reflexão e à discussão. Tais correntes pedagógicas têm em comum a totalidade e a 
busca da autonomia do ser humano, levando em consideração a comunidade, as 
crenças e valores em que se encontra inserido.
A autonomia também é a base do trabalho andragógico e heutagógico. No 
estudo dessas duas correntes traremos ao seu conhecimento como elas acontecem, 
além de alguns trabalhos que foram desenvolvidos pelos estudiosos destas áreas. 
Desejamos-lhe bons estudos. 
2 O TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇAO INTEGRAL 
NO BRASIL
Iniciaremos nossa caminhada pelo desenvolvimento do trabalho 
pedagógico, traçando uma linha histórica da educação integral no Brasil, além de 
explorar seu conceito e a participação das diversas instâncias que dela fazem parte.
A partir da primeira metade do século XX, aconteceram às manifestações 
iniciais, tanto em pensamento quanto em ações, em prol da educação integral. 
Alguns grupos, entre eles católicos, anarquistas e integralistas, manifestaram suas 
ideias em relação a esta nova forma de ação educacional, cada uma defendendo 
suas matrizes ideológicas. 
Conforme o MEC (2009), em 1930, o Movimento Integralista, 
representado por Plínio Salgado, denotava como base uma educação voltada 
para a espiritualidade, o nacionalismo cívico e a disciplina. Já os anarquistas 
evidenciavam como alicerce educativo princípios como a igualdade, a autonomia 
e a liberdade humana. 
128
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
FIGURA 63 – PLÍNIO SALGADO
FONTE: Disponível em: <http://almanaque.folha.uol.com.br/
memoria_4.htm>. Acesso em: 18 nov. 2013.
O educador e escritor Anísio Spínola Teixeira, foi um nome de destaque 
neste movimento educacional. De acordo com o MEC (2009) o mentor intelectual 
do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, trabalhava para que o sistema 
de ensino público possibilitasse a criança um programa completo de leitura, 
aritmética, escrita, ciências físicas e sociais, artes, saúde e alimentação. 
FIGURA 64 – ANÍSIO TEIXEIRA
FONTE: Disponível em: <http://anisio-teixeira.blogspot.com.
br/2009/04/teste.html>. Acesso em: 24 abr. 2012.
TÓPICO 4 | O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, ANDRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO
129
Em 1950, Anísio Teixeira iniciou os trabalhos do primeiro projeto de 
educação integral brasileiro, em Salvador, no estado da Bahia, chamado de Centro 
Educacional Carneiro Ribeiro. 
Conforme informações do MEC (2009), no Centro desenvolviam-se 
atividades escolares, que eram trabalhadas nas escolas-classe e outras atividades 
aconteciam no contraturno, em um espaço denominado pelo educador de escola-
parque.
A convite do presidente Juscelino Kubitscheck, Anísio Teixeira deu 
continuidade ao seu projeto em Brasília nos anos 60. Na época, de acordo com 
o MEC (2009), o então presidente pretendia formar um modelo educacional 
que fosse aplicado em todo território nacional. Na construção da nova capital, 
projetada pelo arquiteto Oscar Niemayer, foram erguidas superquadras, que 
contavam com quatro escolas-classe, em que eram oferecidos aos alunos aulas de 
educação formal clássica e uma escola-parque. Nestes ambientes eram oferecidas 
atividades culturais, esportivas e artísticas. 
Na década de 80, o Rio de Janeiro tendo como governador Leonel Brizola, 
foram construídos 500 CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública) com 
a proposta de Educação Integral. Com o passar do tempo, entre 2000 a 2004, 
a prefeitura de São Paulo, também iniciou seus trabalhos nesta proposta da 
Educação Integral, com atividades nos Centros de Educação Unificada, visando à 
promoção de diversos níveis de ensino e atividades curriculares e extracurriculares 
concentradas num mesmo espaço.
Diante das compreensões e experiências, a Educação Integral parte 
de uma proposta de formação completa para o ser humano, porém é preciso 
considerar que cada concepção fundamenta seus trabalhos em princípios políticos 
ideológicos particulares, mas mantém naturezas semelhantes no que tange às 
atividades educativas. 
Em todo território nacional, somam-se a realização de vários trabalhos 
direcionados à Educação Integral, fruto de iniciativas de governos municipais 
e estaduais bem como do governo federal, juntamente com a participação da 
sociedade civil, objetivando melhorar a qualidade da educação. Muitas ações 
desenvolvidas na escola tornam-se mais amplas no momento que vão além dos 
muros da instituição. Contudo, conforme o MEC (2009) para que a educação 
integral seja compreendida, a principal condição é a atenção irrestrita e o diálogo 
com o projeto político pedagógico (PPP) da instituição escolar. 
Sabemos que o projeto político pedagógico (PPP), além de abordar 
assuntos relativos à educação formal, deve ser construído com a participação de 
todos os membros constituintes do meio escolar, para que a criança seja vista em 
sua integralidade.
130
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
Assim, vamos pensar a totalidade a partir da comunidade em que esta criança 
está inserida. A escola situada em meio a uma comunidade, automaticamente, 
passa a fazer parte das diversas culturas, valores, práticas e crenças que a mesma 
apresenta. Conforme o MEC (2009), a educação caracteriza-se por um ambiente 
marcado pela reconstrução de conhecimentos, tecnologias, saberes e práticas, no 
qual independe da formação de seus professores, mas que seus trabalhos sejam 
realizados em territórios culturais nos quais os estudantes se encontram
FIGURA 65 – ESCOLA INTEGRAL
FONTE: Disponível em: <http://portalintegracao.com/portal/2012/08/20/em-todo-
o-pais-32-mil-escolas-publicas-tem-ensino-integral/>. Acesso em: 24 ago. 2012.
A relação entre a escola e a comunidade deve ser marcada pelo diálogo, 
troca e construção de saberes e possibilidades, objetivando a união de forças 
no combate e na superação dos vários preconceitos nela cristalizados. Para que 
isso seja concretizado, o professor é um dos principais atores neste cenário, pois 
diariamente seu trabalho é pautado na relação entre o conteúdo a ser ensinado, a 
sala de aula e os alunos. O professor buscapor maio da criatividade, proporcionar 
aos alunos a melhor forma de aprender, refletir, relacionar e questionar. 
O Ministério da Educação (2009) propõe que para implementar o projeto 
de Educação Integral e de tempo integral, é preciso superar grande parte dos 
modelos educacionais vigentes. A proposta é construir novos conteúdos 
relacionando-os com a sustentabilidade ambiental, com os direitos humanos, o 
respeito, a valorização das diferenças e com a complexidade das relações entre a 
escola e a sociedade. 
Desta forma compreende-se que, a educação desempenha um papel 
fundamental na vida do ser humano e não se limita apenas aos muros da escola, 
tampouco as suas quatro horas diárias ou vinte horas semanais. Crianças e 
adolescentes são sujeitos de vivência que dependem de uma orientação formal 
e informal de qualidade. Neste sentido, a Educação Integral propõe que a escola 
adentre à comunidade tão quanto a comunidade esteja presente no meio escolar.
TÓPICO 4 | O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, ANDRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO
131
3 O TRABALHO PEDAGÓGICO A PARTIR DA VISÃO HOLÍSTICA
A visão holística de educação, em nada se remete ao que estamos 
acostumados a interpretar quando nos deparamos com o termo no sentido 
esotérico. Este olhar sobre o método educacional busca chamar a atenção dos 
educadores para a denotação de holismo, originado do grego holos, que tem por 
significado o que é inteiro, integral, totalidade, realidade, que faz referência a um 
universo feito de conjuntos integrados que não pode ser reduzido a simples soma 
de suas partes.
Esta visão transformadora tem suas raízes em filósofos e pedagogos do 
século XVIII, como Rousseau, Pestalozzi, entre outros. Influentes estudiosos na 
área da pedagogia, do início do século XX, como Maria Montessori e Rudolf 
Steiner também contribuíram valiosamente na direção de um trabalho visando à 
totalidade do ser humano.
A educação holística passou a ser mais presente no cenário educacional 
a partir dos estudos realizados pelo americano Ron Miller, fundador do 
jornal Holistic Education Review (atualmente nomeado como Encounter: Education 
for Meaning and Social Justice). O canadense J. P. Miller também contribui para os 
estudos relativos a este novo olhar sobre a educação. Poucas são as informações 
sobre esses estudiosos, o importante é que ambos motivaram outros a disseminar 
esta abordagem.
Os educadores holísticos partem do pressuposto da existência de uma 
fragmentação de todas as esferas da vida humana. J. Miller (1996 apud YUS, 
2002) coloca que a Revolução Industrial serviu de estímulo à padronização, que 
resultou na fragmentação da vida, sendo seus reflexos sentidos em seus vários 
âmbitos:
a) Vida econômica: a fragmentação econômica resultou na devastação ecológica, 
trazendo sérios prejuízos ao meio ambiente, como a poluição do ar e dos mares, 
pois não vemos como parte separada do processo orgânico que nos rodeia.
b) Vida social: as sociedades industrializadas têm contribuído para o aumento do 
sentimento de insegurança e isolamento dos demais, sendo a violência urbana 
um dos temas mais discutidos atualmente. Esta fragmentação traz à tona os 
abusos que cometemos (uso de álcool e drogas) e testemunhamos (injustiças 
cometidas contra idosos, mulheres e crianças), derivado da desconexão que 
sentimos em relação ao outro.
c) Vida pessoal: originária da fragmentação intrapessoal e a dificuldade do 
autocontato. Estarmos desligados do outro decorre do não conhecimento 
de si próprio. A educação de certa forma contribuiu para que isso ocorresse, 
pois o saber acadêmico ignora a relação cabeça e coração. O resultado disto 
é o quanto estamos voltados ao consumismo que o capitalismo proporciona, 
sendo uma das consequências desta valorização do ter, a sensação de “vazio”, 
que podemos chamar talvez de espiritualidade. 
132
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
d) Vida cultural: neste âmbito, a fragmentação é percebida por uma falta de sentido 
compartilhado de significado ou de mitologia. Essa falta de consenso chega a 
ser latente quando procuramos abordar temas de interesse social e humano. A 
visão materialista é a única que é aceita e compartilhada, dando a entender a 
existência de uma realidade somente física e controlada pelo método científico.
Nas escolas a fragmentação apresenta-se diante da organização 
hierarquizada, profissionais especializados e desconectados, o conhecimento 
fragmentando em disciplinas, unidades e lições isoladas, em que não há 
possibilidade de ver a relação dentre e entre elas principalmente diante da 
realidade vivida pelas crianças.
J. Miller (1996 apud YUS, 2002) coloca que a educação holística está 
centralizada nas relações:
a) Entre pensamento linear e intuição: um currículo voltado à educação holística 
tenta estabelecer um equilíbrio entre o pensamento linear e a intuição. Fazendo 
uso de técnicas, objetiva buscar integrar os pensamentos mais tradicionais, de 
forma que se consiga uma síntese entre a análise a intuição.
b) Entre mente e corpo: estimular o estudante a explorar a conexão entre a mente 
e o corpo, faz parte do currículo holístico. Para isso são utilizadas técnicas como 
dança, dramatização, relaxamento e exercícios de concentração.
c) Entre domínios de conhecimento: para a educação holística, existem várias 
formas de unir as disciplinas acadêmicas e os temas escolares. Por exemplo, 
as abordagens interdisciplinares do pensamento e as centradas no tema, na 
linguagem global etc., podem ser unidas a várias disciplinas.
d) Entre o eu e a comunidade: o currículo holístico vê o estudante em relação 
com a comunidade, considerando que para a educação holística a expressão 
comunidade toma um sentindo abrangente sendo: escolar, vizinhança, cidade, 
nação e planetária. Busca desenvolver na criança habilidades interpessoais, de 
serviço à comunidade e de ação social.
e) Entre o eu e o Eu: o currículo holístico preocupa-se em nos levar à uma conexão 
com a parte mais profunda de nós mesmos, o qual nomeamos Eu (eu superior, 
superconsciente etc.). Um veículo de aproximação intrapessoal pode se dar 
através da arte como dança, música, poesia, pintura e teatro ou as mitologias 
que abordam os interesses universais dos seres humanos.
TÓPICO 4 | O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, ANDRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO
133
FIGURA 66 – EDUCAÇÃO HOLÍSTICA
FONTE: Disponível em: <http://www.yogapelapaz.com.br/blog/?p=3799>. 
Acesso em: 24 ago. 2012.
Para a educação holística é importante que o estudante analise essas 
relações, a fim de que ele tome consciência delas, assim como das habilidades 
necessárias para transformar as relações em que for necessário.
3.1 DEFINIÇÕES, CARACTERÍSTICAS E FINALIDADES DA 
EDUCAÇÃO HOLÍSTICA
Como mencionamos anteriormente, holos vem do grego e significa todo. 
O americano R. Miller (1997 apud YUS, 2002) propôs o termo Educação Holística 
para designar o trabalho de um conjunto de pensadores liberais, humanistas e 
românticos que têm em comum a convicção de que a personalidade global da 
criança deve ser considerada na educação, ou seja, os aspectos físicos, emocionais, 
criativos, intuitivos e espirituais inatos da natureza do ser humano.
A partir de uma visão globalizada, em que a criança é vista como corpo, 
mente, emoções e espírito, Yus (2002) expõe que a aprendizagem holística objetiva 
desenvolver o ensino e a aprendizagem estimulando a formação de conexões 
entre os temas e entre a forma como as crianças vivem em suas comunidades. 
Yus (2002) também coloca que para a Educação Holística, a aprendizagem 
é vista como um processo experimental e orgânico, buscando sempre estabelecer 
conexões com um assunto central para os processos curriculares. Este modelo 
procura equilibrar os vários elementos de aprendizagem como: conteúdos 
e processos; aprendizagem e avaliação, o pensamento analítico e criativo; 
trabalhando em prol da inclusão e objetivando suprir as diferentes necessidades.
134
UNIDADE 2 | ASPECTOSRELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
Vejamos as diferenças entre um currículo tradicional e um currículo 
holístico a partir de alguns indicadores:
QUADRO 4 – CURRÍCULO TRADICIONAL X CURRÍCULO HOLÍSTICO
Indicador Currículo tradicional Currículo holístico
Equilíbrio entre indivíduo 
e grupo
Enfatizam a competição 
individual
A p r e n d i z a g e m 
colaborativa
Equilíbrio entre conteúdo 
e processo
A p r e n d i z a g e m n a 
memorização
Q u a l i d a d e d e 
aprendizagem, aprender 
a aprender
E q u i l í b r i o e n t r e 
conhecimento e imaginação
Conhecimento como 
único processo mental
C o n h e c i m e n t o e 
imaginação
Equilíbrio entre razão e 
intuição
Abordagens racionais e 
lineares dos problemas
Equilíbrio entre razão e 
intuição
Equilíbrio entre avaliação 
quantitativa e qualitativa
Métodos quantitativos 
de avaliação
Métodos qualitativos 
a v a l i a ç ã o d e 
desempenho
Equilíbrio entre avaliação e 
aprendizagem
C e n t r a r m a i s n a 
avaliação do que na 
aprendizagem
C e n t r a r m a i s n a 
aprendizagem do que 
na avaliação contínua
FONTE: Disponível em: <http://textolivre.com.br/livre/7804-educacao-holistica.> Acesso em: 12 
jun. 2012.
A educação holística visa ao desenvolvimento da pessoa em sua 
globalidade, analisando que a aprendizagem desenvolve-se entre pessoas de 
várias idades, pois considera importante a experiência vital.
4 O TRABALHO PEDAGÓGICO NA PERSPECTIVA HUMANISTA
O humanismo marcou um período de transição entre a Idade Média e 
o Renascimento. Este movimento passou a direcionar um novo olhar sobre o 
ser humano, ou seja, a busca da valorização enquanto ser pensante e detentor 
de conhecimento. É importante lembrar que para chegar a este feito, muitos 
obstáculos foram enfrentados, pois, naquela época os poderes eclesiásticos 
detinham o controle sobre as ciências e a filosofia.
Paz (2010) coloca que os pensadores da época começaram a reaver uma 
compreensão de mundo baseado no homem, e este pensamento é atribuído a 
Cícero (106-43 a. C.) na Grécia antiga.
TÓPICO 4 | O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, ANDRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO
135
Após um longo tempo em que tudo era interpretado de acordo com os 
olhares da igreja, o homem volta a ser o centro das discussões, sendo então o 
humanismo conceituado de acordo com Paz (2010) o fato de que todas as pessoas 
têm dignidade e valor, portanto, devem respeitar seus semelhantes. O homem é 
parte integrante da natureza, porém diferente dos demais por ser racional, livre, 
agente ético, político, técnico e artístico. 
Para muitos, a linha humanista foi responsável pelo nascimento do 
pensamento moderno quando se direcionou a elaborar uma concepção em que o 
homem era o centro. A Itália foi o berço deste movimento que ocorreu nos séculos 
XIV ao XVI, posteriormente as sementes do pensamento humanista germinaram 
por grande parte da Europa.
O humanismo enquanto pensamento reflexivo centralizado no homem, 
sempre fez parte da história, porém neste período, em que o movimento obteve 
maior força, Paz (2010) destaca três pontos importantes: 1) o objetivo básico do 
conhecimento é o homem e o significado da vida; 2) não há filósofo que seja detentor 
da verdade; e 3) a cultura clássica pagã e o cristianismo possuem afinidades, 
considerando que os ensinamentos sobre o homem, a vida e a virtude, através 
das manifestações dos autores clássicos podem ser integrados ao cristianismo.
Com o passar do tempo, o humanismo sofreu as influências das reformas 
religiosas, porém seus ideais como, a noção de racionalidade e a nova visão de 
mundo, permaneceram vivos entre os pensadores.
Mesmo assim, o movimento humanista avançou tanto quanto a burguesia 
urbana na Itália nos últimos séculos da Idade Medieval. Esta nova classe rica 
passou a dar ênfase à cultura, o que antes era apenas frequentada e dirigida 
pela igreja e os grandes nobres, assim esta nova classe buscou uma educação 
direcionada à manutenção e gestão de seus recursos, tendo em vista que a linha 
educacional teológica não supria mais as necessidades da época.
Paz (2010) menciona que devido às novas necessidades da época, os 
ensinamentos foram adaptados e deram início a programas de estudo com 
o objetivo de orientar a aquisição de conhecimentos profissionais e atitudes 
mundanas por meio de leituras de autores antigos ou estudos referentes à 
gramática, retórica, história e filosofia moral. A partir do século XV esses 
cursos receberam o nome de studia humanitatis ou humanidades, e as pessoas 
encarregadas de ministrá-los ficaram conhecidas como humanistas. 
Esse novo movimento pedagógico buscava valorizar a infância e a 
juventude, em sua autonomia e diferença em relação à idade adulta, porém não 
deixando de lado a inocência e ingenuidade, características deste período do 
desenvolvimento.
Avançando na linha do tempo, no findar do século XX, muitos 
acontecimentos tiveram influência nos rumos da educação, dentre os muitos 
136
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
que poderíamos destacar estão: guerras, diferenças sociais, discriminação racial, 
mudanças constantes no cenário político-econômico mundial; e fatores que 
levaram a educação a buscar e acompanhar essas transformações, surgindo 
assim novos movimentos educacionais como a Escola nova, o Construtivismo, o 
Tecnicismo, entre outros. 
Paz (2010) afirma que nos últimos tempos não houve destaque a uma 
corrente pedagógica humanista propriamente dita, mas o humanismo através 
da valorização do homem, na busca de métodos práticos e desenvolvimento do 
raciocínio fez-se presente na maioria das concepções pedagógicas do século XX. 
O autor, acima citado, complementa o pensamento, destacando que esta 
abordagem é totalmente centrada no aluno, como pessoa inserida no mundo e em 
processo de constantes descobertas. Para tanto, considera a pessoa muito mais 
do que um organismo biológico, ou seja, como alguém que pensa, sente, escolhe, 
decide e é capaz de mudar. 
Dentre os estudiosos do humanismo, o psicólogo norte-americano, 
nascido em Oak Park nos Estados Unidos, Carl Ransom Rogers, destacou-se por 
desenvolver um método psicoterapêutico centrado no próprio cliente, sendo essa 
teoria aplicada também à educação
FIGURA 68 – CARL ROGERS
FONTE: Disponível em: <http://onedayatatimebroward.blogspot.com.
br/2010/05/just-as-i-am.html>. Acesso em: 24 ago. 2012.
TÓPICO 4 | O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, ANDRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO
137
De acordo com Ferrari (2011), Rogers via o professor como alguém 
que exerce uma tarefa de facilitador do aprendizado, enquanto ao aluno cabe 
conduzir o modo de como aprende. Sua corrente de pensamento ficou conhecida 
como humanista por se basear em uma visão otimista do homem.
Conforme Ferrari (2011), para Rogers o organismo humano apresenta 
a tendência à atualização, tendo por finalidade a autonomia. O processo de 
atualização constante gera a abertura a novas experiências, a capacidade de 
vivermos o presente, desenvolver confiança nos próprios desejos e intuições, 
liberdade e responsabilidade de agir e a disponibilidade de criar. Assim, Ferrari 
(2011) também nos destaca que Rogers considerava que três qualidades são 
essenciais ao professor no exercício do seu papel. Vamos a elas: 
1) congruência: significa ser autêntico com o aluno; 
2) empatia: compreender os sentimentos; 
3) respeito: consideração positiva incondicional.
No que tange ao conteúdo a ser ensinado, Paz (2010) aponta que Rogers 
propunha uma aprendizagem significativa, ou seja, que aquilo que for ensinado 
torne-se relevante ao aluno, causando interesse e estando de acordo com seus 
ideais e propósitos, favorecendo o crescimento da pessoa e motivando-a a 
aprender.
Além de Carl Rogers, o desenvolvimento do pensamento humanista 
contou com nomes de grande importância como Célestin Freinet, Maria 
Montessori e Paulo Freire, integrando suas ideias.
A prática direcionada pela visão humanista é desafiadora mediante toda 
estruturaeducacional rígida a qual somos submetidos, quase que diariamente. 
Para Paz (2010) a educação do novo milênio deve incentivar as crianças e 
adolescentes a lutarem por uma vida mais digna e justa, buscando libertar os 
alunos da ignorância, preconceito, alienação e das falsas consciências, buscando 
assim desenvolver as potencialidades de cada um. 
5 AS BASES DA METODOLOGIA ANDRAGÓGICA PARA A 
APRENDIZAGEM
Como você já viu anteriormente, a andragogia estuda o processo 
de aprendizagem no adulto. O desenvolvimento desta nova corrente de 
aprendizagem partiu das exigências do mundo corporativo, das experiências 
prévias, objetivos particulares de aprendizagem e as necessidades pessoais. 
Para compreendermos a metodologia utilizada pelo movimento 
andragógico, primeiramente, você conhecerá as diferenças entre a aprendizagem 
direcionada e a aprendizagem facilitada. A primeira é centrada no professor, 
contudo a segunda é centrada no aprendiz. 
138
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
Aquino (2007) expõe que a aprendizagem direcionada corresponde ao 
método tradicional de ensino, ou seja, a participação dos alunos é restrita no que 
tange à tomada de decisões, no conteúdo a ser aprendido, bem como na aplicação 
dos conhecimentos transmitidos. 
A prática da aprendizagem direcionada ainda é muito forte na atuação dos 
professores, pois os colocam no lugar de detentores do conhecimento em relação 
aos alunos, que muitas vezes, diante desta postura acabam inibidos, deixando de 
participar do assunto que está sendo exposto. 
Aquino (2007) coloca que na aprendizagem facilitada, o educador 
considera as características, objetivos, expectativas e experiências pessoais de 
cada membro do grupo de alunos.
O professor que busca fazer uma leitura da turma baseada nestes aspectos, 
acaba influenciando no processo de aprendizagem do grupo. O profissional 
que apresenta familiaridade com essa abordagem, ou seja, a que é centrada 
no aprendiz, consegue aproximar-se do extremo andragógico do contínuo de 
aprendizagem.
Aquino (2007) destaca quatro abordagens para a implantação de uma 
aprendizagem facilitada:
a) Aprendizagem autodirecionada: em meados da década de 1970, Malcon 
Knowles e Carl Rogers dão início a um movimento educativo, cujo professor 
não estaria mais ocupando o lugar de detentor do conhecimento. Nesta nova 
perspectiva, os alunos se tornariam mais envolvidos e capazes de autodirecionar 
seu aprendizado. O autodirecionamento na aprendizagem é baseado na 
filosofia humanista, cuja suposição fundamental é de que a educação deve 
ter seu foco no desenvolvimento do indivíduo, ou seja, a aprendizagem 
autodirecionada objetiva desenvolver o pensamento crítico e o crescimento do 
indivíduo enquanto pessoa e cidadão.
b) Aprendizagem transformadora: surgiu na década de 1970, a partir das 
pesquisas de Jack Mezirow da Universidade de Columbia. Esta aprendizagem 
objetivava guiar os alunos para uma transformação pessoal e amadurecimento 
intelectual, tornando-os pessoas completas, ou seja, provocando-os à reflexão 
crítica sobre suposições, crenças e valores próprios. Neste modelo, os alunos são 
constantemente incentivados a desafiar, defender e prestar explicações sobre 
suas crenças, avaliando as evidências, justificando e julgando seus próprios 
argumentos a fim de atingir o máximo do crescimento pessoal, independência 
e pensamento crítico. A responsabilidade do educador nesta abordagem é 
prestar auxílio aos alunos para que atinjam seus objetivos, para que ajam de 
maneira autônoma e socialmente responsável. 
c) Aprendizagem vivencial: nos anos 80, o professor David Kolb, da Case Western 
University, propôs que a aprendizagem nos adultos seria mais significativa a partir 
do momento que o objeto da aprendizagem fosse mais direta e profundamente 
vivenciado do que simplesmente recebido de maneira passiva, ou seja, quando 
TÓPICO 4 | O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, ANDRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO
139
o professor explica o aluno faz anotações. Partindo desta suposição, David Kolb 
desenvolveu o que foi chamado de ‘ciclo de aprendizagem vivencial’, sendo que 
este ciclo conta com quatro estágios de aprendizagem: a) experiência concreta: 
o tema é apresentado ao aluno de forma que possa ser vivenciado, ou seja, a 
partir do envolvimento direto com o material ao invés de simplesmente somar 
conhecimento. b) observação reflexiva: estimular o pensamento crítico sobre a 
experiência vivenciada. c) conceitualização abstrata: neste momento a experiência 
é conectada a teoria e aos conceitos que a fundamentam. d) Experimentação 
ativa: nesta fase, o aluno deverá ser capaz de aplicar o que foi aprendido a novos 
desafios e situações enfrentados na vida real. 
d) Pensamento complexo e a transdisciplinaridade: esta linha defende a posição 
de que, no mundo contemporâneo, é imprescindível saber quando usar o 
raciocínio cartesiano e o pensamento sistêmico. Aplicado à aprendizagem, este 
processo é transdisciplinar, ou seja, é preciso conhecer o todo e criá-lo por meio 
de uma estreita inter-relação das partes (vertente sistêmica), porém buscando 
respeitar a ordem mais favorável de ocorrência delas (vertente cartesiana) de 
acordo com as características pessoais. 
Aquino (2007) exemplifica este modelo comparando-o a um programa 
de graduação com um grande quebra-cabeça a ser montado, considerando que 
as disciplinas e as atividades a serem realizadas são as peças de um jogo. Num 
primeiro momento, as peças são apresentadas aos alunos, afim de que visualizem 
e compreendam o processo como um todo e aonde deveriam chegar após 
concluírem o programa. 
FIGURA 68 – ANDRAGOGIA
FONTE: Disponível em: <http://saladosprofessores.ning.com/page/wiki-e-o-sistema-
de>. Acesso em: 24 ago. 2012.
140
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
Tal ação representa duas vantagens: a primeira proporciona ao aluno uma 
visão de futuro e o estimula a construir uma estratégia pessoal para atingir seu 
objetivo, a segunda possibilita uma ideia do resultado final esperado, fazendo 
com que o aluno possa avaliar e ter a certeza do seu real objetivo e caso não for, 
ele terá tempo de mudar.
Após a apresentação e visualização dos alunos, sobre o que os aguarda 
é a hora de “desmontar e espalhar” as peças deste quebra-cabeça. As peças são 
as disciplinas, atividades e avaliações que deverão ser realizadas para montar o 
quebra-cabeça novamente. Cada peça tem seu lugar correto e único, porém, cada 
aluno terá liberdade de escolher a forma e o ritmo de montar o quadro final, de 
acordo com suas aptidões e preferências. 
Acadêmico(a)! Vários pensadores direcionaram seus estudos com a 
intenção de tornar os conhecimentos e experiências dos adultos uma forma de 
aprimorar a aprendizagem. Quer saber mais sobre isso? Prossiga em sua leitura! 
6 ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO 
HEUTAGÓGICO
Como já estudamos anteriormente, a andragogia é uma prática aplicada 
a um grupo, enquanto isso, a heutagogia é o autocompromisso, ou seja, o 
compromisso com a própria aprendizagem. A corrente heutagógica apresenta 
uma proposta para a autoaprendizagem direcionada, que vai além do aprender 
sozinho, ou seja, a metodologia heutagógica propõe flexibilidade ao modo como 
cada pessoa aprende. Para uma autoaprendizagem eficaz, faz-se necessário 
utilizar recursos diversos a fim de alcançar um determinado objetivo.
Bellan (2008) propõe que deva ser feito um trabalho personalizado de 
processo de ensino-aprendizagem, respeitando o estilo individual da aquisição 
de conhecimento e; e para tanto, sugere que seja definida uma estratégia, levando 
em consideração o perfil do aprendiz. Diante disso, a autora enfatiza a teoria das 
inteligências múltiplas.
O psicólogo Howrad Gardner, da Universidade de Harvard nos 
Estados Unidos, baseou-se em pesquisas sobre o desenvolvimento cognitivo 
e neuropsicologia para formular sua teoria. De acordo com Gama (1998), as 
pesquisas sugeriam que as habilidadescognitivas são bem mais diferenciadas e 
específicas do que se acreditava, pois conforme documentando por neurologistas, 
o sistema nervoso humano não é um órgão com propósito único, nem tão pouco 
é infinitamente plástico. 
Gama (1998) coloca que Gardner questionava a tradicional visão de 
inteligência, pois enfatizava as habilidades linguísticas e lógico-matemáticas. 
Ainda de acordo com a autora, para Gardner todos os indivíduos normais têm 
TÓPICO 4 | O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, ANDRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO
141
capacidade de atuar em sete diferentes inteligências e, até certo ponto áreas 
intelectuais, definindo inteligência como a habilidade de resolver problemas ou 
criar produtos que sejam significativos em um ou mais ambientes culturais.
A identificação dessas áreas originou a Teoria das Inteligências Múltiplas 
definidas por Gardner, sendo elas: inteligência linguística, musical, lógico-
matemática, espacial, cinestésica, interpessoal e intrapessoal. 
UNI
Prezado(a) acadêmico(a)! Caso você queira se aprofundar na teoria de Gardner, 
retome este assunto consultando o Caderno de Psicologia da Educação e Aprendizagem.
Bellan (2008) propõe uma série de atividades destinadas a cada 
inteligência, com o objetivo de personalizar um modo de estudo que beneficie a 
aprendizagem, vamos a eles:
• Inteligência Cinestésica: interprete as ideias propostas relacionando-as com 
um gesto, monte um painel colocando imagens referentes ao tema, modifique 
o modo de enxergar o problema apresentando.
• Inteligência Espacial: estude construindo um fluxograma, coloque num 
diagrama a ideia apresentada, faça um desenho da estrutura do pensamento, 
exponha a matéria através de imagens.
• Inteligência Interpessoal: crie um grupo de estudos, proponha um debate sobre 
as ideias apresentadas, faça um jogo sobre o conteúdo, troque mensagens com 
os colegas que dominam o assunto estudado. 
• Inteligência Intrapessoal: leia silenciosamente o conteúdo grifando as palavras 
e expressões principais, reflita sobre o tópico selecionado, pesquise livros e 
textos sobre o assunto, liste o que aprendeu e descreva sua praticidade.
• Inteligência linguística: elabore textos para um mural, fale sobre o assunto 
estudado com colegas, escreva um poema sobre o assunto, faça uma atividade 
com perguntas e respostas.
• Inteligência lógico-matemática: elabore uma tabela comparativa entre os 
conceitos elaborados, construa uma lógica para a nova teoria aprendida, 
sequencie ou padronize todos os aspectos encontrados no conteúdo, apresente 
ao grupo as questões que entende que precisam de nova análise e diga por quê.
• Inteligência musical: faça uma música com o conteúdo apresentado, determine 
códigos para os tópicos principais da matéria, escolha uma palavra chave do 
texto e relacione seu som com uma palavra já conhecida, procure poemas e 
músicas que se relacionem com o assunto.
142
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
As atividades aqui sugeridas podem ser aplicadas em várias ocasiões, 
potencializando seus momentos de estudo. 
Então, acadêmico(a), você lembra que ao iniciar a leitura do Tópico 2, nós 
o desafiamos a descobrir qual estilo de aprendizagem você estaria colocando em 
prática? Ao final do Tópico 3, a heutagogia fez parte deste momento de dedicação.
LEITURA COMPLEMENTAR
OS HIPERESPAÇOS PARA A EDUCAÇÃO FORMAL, NÃO FORMAL E 
INFORMAL
Teresa Küffer
INTRODUÇÃO
Traditional ways of organizing education need to be reinforced by innovative 
methods, if the fundamental right of all people to learning is to be realized.
John Daniel (Diretor Geral Assistente para a Educação) Unesco, 2002
Os espaços de aprendizagem ampliaram-se com o aparecimento da WWW, 
especialmente da Web 2.0. Esta mudança trouxe alterações tanto nos espaços 
de educação formal como na educação não formal e na educação informal. 
Entende-se por educação formal todas as práticas pedagógicas levadas a cabo por 
instituições escolares e acadêmicas, com uma estrutura hierárquica e organizado 
cronologicamente. A educação informal é o conjunto de todas as aprendizagens 
adquiridas e desenvolvidas nos contextos pessoais e sociais, fora das instituições 
e sem seguir objetivos educativos. Por seu lado a educação não formal tem 
objetivos de aprendizagem, mas acontece fora das instituições formais, não tem 
uma hierarquia rígida, nem uma estrutura cronológica estática.
No contexto da educação formal, as escolas e a sala de aula deixaram de 
estar circunscritas ao espaço físico e às limitações presenciais. Já não é necessário 
que professores e alunos partilhem o mesmo espaço à mesma hora para que o 
diálogo educativo aconteça. Este espaço físico continua a existir, mas existe uma 
extensão, um hiperespaço virtual que cria novos ambientes, relações e dinâmicas 
de aprendizagem. Este novo hiperespaço educativo, no âmbito da educação 
formal, exige novos métodos e novas competências aos professores e uma nova 
organização curricular.
Contextos de Aprendizagem
Nos contextos informais e não formais novas possibilidades de 
aprendizagem emergem constantemente. As comunidades on-line, centradas em 
interesses e partilha de conhecimentos, recursos e aprendizagens comuns adquiriu 
TÓPICO 4 | O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, ANDRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO
143
uma importância crescente nos últimos anos. Cada vez mais, os ambientes 
pessoais de aprendizagem e os portfólios individuais ganham reconhecimento 
acadêmico e institucional. A aprendizagem ao longo da vida ganha novo espaço 
e reconhecimento.
O virtual e os espaços de aprendizagem. Qual é a nova realidade?
Atualmente, os avanços tecnológicos em todas as áreas da sociedade, 
tendem a aumentar, uma vez que a existência de uma rede de informação 
e conhecimento composta por uma imensa capacidade de transformação e 
multiplicação, interfere diretamente no nosso quotidiano, chegando às redes 
virtuais e levando à expansão da informação e do conhecimento, eliminando 
barreiras geográficas e diminuindo as distâncias.
A internet trouxe o termo virtual. Podemos encontrá-lo em diversas áreas 
da sociedade atual (comércio, biblioteca, bancos etc.). A virtualização é um fator 
que dá lugar a novas realidades particulares, não se opõe ao real. Em termos de 
ensino, permite uma maior liberdade, concretizando-se no espaço, deixando de 
ter um lugar físico exato. Lévy, descreveu o virtual, dando o exemplo de uma 
empresa com departamentos diferenciados da matriz habitual da seguinte forma:
A virtualização pode ser definida como o movimento inverso da 
atualização. Consiste em uma passagem do atual ao virtual, em uma 
‘elevação à potência’ da entidade considerada. A virtualização não é 
uma desrealização (a transformação de uma realidade num conjunto 
de possíveis), mas uma mutação de identidade, um deslocamento 
do centro de gravidade ontológico do objeto considerado: em vez 
de se definir principalmente por sua atualidade (‘uma solução’), a 
entidade passa a encontrar sua consistência essencial num corpo 
problemático. (LÉVY, 1996, p. 17).
Tradicionalmente, espaço de aprendizagem referia-se à sala de aula, 
laboratório, pavilhão, biblioteca, ou seja, o espaço físico, mas com o virtual 
passamos a ter um espaço virtual de aprendizagem, indo este conceito além dos 
limites de tempo e de espaço, passando a uma aprendizagem baseada numa 
sociedade em rede, através da utilização criativa das novas tecnologias e da 
informação.
Definindo concretamente o que é o espaço virtual de aprendizagem, 
podemos dizer que se trata de um espaço sem local geográfico específico, onde o 
processo de ensino-aprendizagem decorre, seja nos contextos formais, informais 
ou não formais. As plataformas da Web 2.0, em regra geral, promovem interação e 
comunicação (síncrona e assincrônica), apoiada na rede utilizadores (nos espaços 
de aprendizagem formal e informal) ou por pessoal especializado, como docentes 
(nos espaços de aprendizagem formal).
O espaço virtual trouxe uma nova realidadeao ensino aprendizagem, 
mas como não foi inicialmente construído para ser utilizado exclusivamente 
144
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
na educação, teve de ser transformado e adaptado em novas possibilidades 
pedagógicas para se poder utilizar no contexto educativo. Alguns exemplos da 
sua aplicação:
● Apresentações de textos, diagramas, gráficos e imagens para aprendizagem.
● Pesquisa e recolha de dados e informações.
● Comunicação com outros alunos e docentes.
● Colaboração em projetos de aprendizagem.
● Apresentação e recepção de conteúdos do aluno através da multimídia.
● Apresentação informática dos resultados da aprendizagem.
● Aprendizagem usando simulações.
● Aprendizagem mediante inclusão em espaços virtuais.
Assistimos a uma nova realidade na educação, onde cada espaço tem 
características únicas, podendo ser utilizadas de forma conjunta ou isolada no 
contexto educacional, aumentando de forma exponencial as capacidades do 
ensino aprendizagem.
Novas formas de aprender e ensinar surgiram com a inovação tecnológica 
e o paradigma virtual. Presentemente podemos ter vários tipos de aprendizagem, 
nomeadamente por exposição (seja no ensino real ou virtual), autônoma (aluno 
como centro de decisão), exploração (alunos escolhem o caminho a seguir).
Todas estas alterações do status quo vigente, em termos de paradigma 
educacional estão a suceder à mesma velocidade que os avanços tecnológicos, 
sendo notória a necessidade de se adaptar rapidamente à estrutura de ensino, que 
se baseie na autonomia e flexibilidade do aluno. Tendo estes fatores em mente, 
constroem-se e construíram-se plataformas virtuais que permitem a colaboração 
e a interação entre os intervenientes no processo educativo que o favorecem, 
esbatendo barreiras espaciotemporais. Os ambientes virtuais de aprendizagem 
facilitam a transição para um novo sistema de educação, destacando-se as 
plataformas destinadas à educação e-learning. Estarão os professores prontos 
para o mundo virtual e aquilo que ele tem que oferecer à educação?
Os hiperespaços atuais
Presentemente existe um número imenso de páginas, portais, aplicações 
e ferramentas on-line que permitem aos professores, alunos e autodidatas 
explorar as suas potencialidades. Falamos de blogues, wikis, podcasts e portfólios, 
comunicação pela internet (Skype, VoIP), social networking (Facebook, Twitter), 
social bookmarking (Delicious, Digg), mundos virtuais 3D (Second Life), partilha de 
imagens (Flickr), partilha de vídeos (YouTube), fóruns, e-Books, chat (Gtalk, MSN), 
jogos on-line, mashups, mobile learning, RSS feeds, sites (Google sites), apresentações 
(Prezi, Slideshare), ferramentas de colaboração (Google Docs, Yahoo Groups), entre 
outros tantos mais.
TÓPICO 4 | O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, ANDRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO
145
Potencialidades e desafios
A questão é conhecer as potencialidades e desafios que todas estas aplicações 
e ferramentas podem trazer para o contexto educativo. Siemens & Tittenberger 
(2009), Mason & Rennie (2008), Carvalho (2008), Marygrace (2008), bem como outros 
estudiosos preocupam-se com esta temática referindo caraterísticas e possibilidades 
de uso destas ferramentas na educação.
As vantagens do uso de ferramentas Web 2.0 são o fácil acesso, custo 
reduzido, acesso permanente e em qualquer lado, variedade de escolha, inúmeras 
fontes de informação a recorrer. Por outro lado, as desvantagens mais referidas 
são o fluxo de informação demasiado acelerado, qualidade da informação passada 
por vezes dúbia, lacuna de tutoriais/formação das ferramentas.
Uma ferramenta e estratégia já bastante disseminada entre professores, 
formadores, empresas, indivíduos é o blogue (SIEMENS, 2002). Nos últimos anos 
registou-se um aumento exponencial de blogues (Blogger, Wordpress, Edublogs) em 
praticamente todos os campos de estudo. O facto desta ferramenta ser bastante 
utilizada, em todas as vertentes educativas (formal, não formal e informal) 
prende-se com diversos motivos, mas sobretudo, segundo Siemens (2002), por 
reunir os meios corretos de fácil uso. No contexto da educação formal, os motivos 
prendem-se normalmente com o fato destes permitirem a partilha de forma rápida 
e permanente dos conteúdos com alunos, pais, comunidade em geral; facilitarem 
a discussão on-line e a colaboração entre alunos, professores e comunidade 
educativa, estenderem o espaço da sala de aula, ocasionarem a participação ativa 
dos alunos, consentirem o hipertexto e o uso de diversos média (vídeos, imagens, 
áudio...), possibilitarem propostas conjuntas, entre outros.
Ao professor recai a responsabilidade de dominar estas ferramentas 
abertas, flexíveis e interativas, recorrendo a abordagem multidisciplinares que 
o preparem para o futuro (COUTINHO & BOTTENTUIT JUNIOR, 2007). A 
formação para o domínio e implementação de estratégias eficazes é um tremendo 
desafio, numa rede que está constantemente em mutação. Estar a par e passo com 
o que se passa no virtual requer um enorme esforço por parte do educador a nível 
de tempo profissional e pessoal.
Papel do docente e das instituições de ensino formal
Vive-se um tempo de grande prosperidade no que se refere às 
tecnologias, nomeadamente na utilização de hiperespaços na aprendizagem. 
Progressivamente, a escola tem vindo a incorporar a utilização de hiperespaços 
tanto na sua atividade diária como na utilização dos mesmos na prática letiva.
Os hiperespaços constituem uma linguagem e um instrumento de trabalho 
essencial do mundo de hoje. Cada vez mais desempenham um papel importante 
na educação constituindo um meio privilegiado de acesso à informação na medida 
146
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
que são instrumentos fundamentais para pensar, criar, comunicar e intervir sobre 
numerosas situações fomentando aprendizagem formal, informal e não formal. 
São ferramentas de grande proveito para o trabalho colaborativo e representam 
um suporte do desenvolvimento humano nas dimensões pessoal, social, cultural, 
lúdica, cívica e profissional. Neste sentido, o professor deve proporcionar uma 
nova forma de ensinar, mais motivadora e desafiante (SILVA & MARTINS, 2000). 
O professor passará a desempenhar o seu papel de forma facetada, desenvolvendo 
competências 2.0. Segundo Auilo (2009, apud WITHAM, s/d.), a relação professor/
aluno deve ser cultivada a cada dia, pois um depende do outro e assim os dois 
crescem e caminham juntos. É nessa relação madura que o professor deve ensinar 
que a aprendizagem não ocorre somente em sala de aula, mas a todo momento.
Aprendizagem centrada no aluno
Segundo Siemens (2005), a aprendizagem deve ser centrada no aluno 
criando novas metodologias de ensino adaptadas às novas realidades de 
desenvolvimento tecnológico e a sociedade organizada em rede. Segundo a 
Fundação MacArthur (2011), os jovens passam grande parte do seu tempo em 
volta dos média. Estudando como eles usam esses média, poderemos como 
educadores saber como incentivá-los a usar essas capacidades para adquirir 
conhecimentos que são esperados deles no ensino formal, nomeadamente em 
nível de criatividade, civismo e socialização, conhecimento esse que deverá ser 
igualmente usado na sua vida futura (Jenkins em The 21st Century Learner).
Educação formal
Como o próprio nome indica, é o tipo de educação que podemos encontrar 
no ensino escolar institucionalizado e estruturado. A plataforma Moodle e os sites 
das escolas/universidades, representam a educação formal.
O Moodle é um exemplo deste tipo de educação aplicada no hiperespaço. 
Significa “Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment” e é 
um software livre que serve como apoio à aprendizagem. A sua principal utilização 
dá-se no contexto de e-learning ou b-learning, pois através deles consegue-se 
promover a criação de comunidades de aprendizagem.
Educação não formal
Baseia-se num sistema sem necessidade de burocracia hierárquica em 
termos de progressão, podendo no seu final atribuirou não, certificados.
Exemplos desta educação são os diversos tutoriais disponíveis on-line, tal 
como todo o tipo de formação e-learning disponibilizada pelas empresas das mais 
variadas áreas do conhecimento.
TÓPICO 4 | O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, ANDRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO
147
Considerações finais
Segundo Pinto (2005), “No futuro, devido ao ritmo e dinâmica dos processos 
sociais, a formação dos indivíduos tem de se assumir como processos de construção, cuja 
prossecução ultrapassa, necessariamente, os limites dos sistemas formais de ensino.” Neste 
sentido estamos perante uma nova era educacional onde predominam a utilização 
de novos espaços de aprendizagem colaborativa e interativa. As mudanças 
educacionais desenham um novo modelo pedagógico centrado na autonomia, 
na flexibilidade e no aluno através dos hiperespaços de aprendizagem, sendo o 
aluno o sujeito ativo e construtivo de seu próprio conhecimento.
Os hiperespaços para a educação formal, não formal e informal abrem 
novas possibilidades na aprendizagem ao longo da vida, mas ao mesmo 
tempo, apresentam desafios. Os contextos de educação formal devem ser mais 
flexíveis, de forma a acompanhar as novas mudanças vividas nos contextos 
educacionais. Segundo Siemens, “E-learning and flexible learning are closely linked. 
Essentially, e-learning is the realization of the theoritial/conceptual components of flexible 
learning”. Para este novo paradigma de aprendizagem é importante proporcionar 
formação que envolvam experiências pedagógicas diferenciadas de acordo com 
a formação inicial de cada educador. Não basta criar ferramentas com inúmeras 
vantagens na educação formal se não existir o suporte necessário para que o 
educador as utilize em sala de aula e para que desenvolvam as competências 
necessárias para a vivência plena da cidadania do século XXI.
Por outro lado, as competências adquiridas ao longo da vida, fora dos 
contextos formais, necessitam de um reconhecimento acadêmico e social. O 
mercado de trabalho e a sociedade em geral devem valorizar e reconhecer 
trabalhadores bem formados e capazes de competir num mercado de trabalho 
cada vez mais exigente, tornando o tecido empresarial bem formado e com a 
possibilidade de melhorar os níveis de qualidade de vida, esbatendo as diferenças 
sociais, rumo a uma sociedade mais justa, tendo como centro de mudança a 
educação e os hiperespaços que a nova realidade virtual permite.
148
UNIDADE 2 | ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
Referências
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TÓPICO 4 | O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, ANDRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO
149
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Santos, P. (s.d.). Modelos de educação Formal, Não-formal e Informal. 4 Pilares. 
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Whitby, T. (2011). Social Media Counter. Acesso em: 16 nov. 2011, de The 
Educator’s PLN: <http://edupln.ning.com>.
You can’t be my teacher. (10 de 2009) [Vídeo]. Em Youtube, em <http://www.
youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=0VSymMbMYHA>. Acesso 
em: 8 dez. 2011.
Fonte: Disponível em: <http://www.sophia.org/tutorials/os-hiperespacos-para-a-educacao-
formal-nao-formal>. Acesso em: 17 maio 2014. 
150
RESUMO DO TÓPICO 4
 Neste tópico, você estudou:
• O surgimento da escola integral no Brasil e conheceu o trabalho do seu 
principal mentor Anísio Teixeira, bem como seu trabalho e princípios, em prol 
da formação de um ser humano completo.
• A educação holística busca trabalhar o ser humano em sua totalidade sem 
reduzi-lo a soma das suas partes, ou seja, sem a fragmentação da vida e 
centralizada nas relações.
• A corrente holística aplicada à educação une o ensino e a aprendizagem as 
vivências da criança sem desmerecer o ambiente que a cerca.
• O psicólogo americano Carl Rogers é um nome de referência no estudo do 
humanismo; para ele o professor ocupa um papel de facilitador em relação ao 
aprendizado; e ao aluno cabe a condução de como aprende.
• A metodologia andragógica preza que o adulto deva ser conduzido no seu 
processo de aquisição de conhecimento através uso da aprendizagem facilitada. 
• A heutagogia proporciona que o estudante personalize seu ensino e 
aprendizagem, respeitando o modo individual de organização para a aquisição 
do conhecimento.
151
Agora, acadêmico(a), que você concluiu os estudos referentes a este tópico, 
responda às questões a seguir:
1 A educação holística pressupõeque a Revolução Industrial serviu de 
estímulo à padronização, o que contribuiu para a fragmentação da vida. Cite 
em quais âmbitos da vida os reflexos da fragmentação foram sentidos.
 
2 Em que o currículo da escola holística se diferencia dos demais?
AUTOATIVIDADE
152
153
UNIDADE 3
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM 
AMBIENTES NÃO ESCOLARES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir desta unidade você será capaz de:
• identificar possibilidades de atuação do pedagogo nos ambientes não for-
mais;
• conhecer o conceito e o trabalho do pedagogo relacionado à pedagogia 
social e às políticas públicas;
• identificar as principais ações relacionadas à pedagogia hospitalar;
• desmistificar aspectos relevantes à educação carcerária.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos e, em cada um deles, você en-
contrará atividades que o(a) ajudarão a internalizar os conhecimentos estu-
dados.
TÓPICO 1 – A PEDAGOGIA SOCIAL E O PAPEL DO PEDAGOGO NAS 
POLÍTICAS PÚBLICAS 
TÓPICO 2 – PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE 
DE FRAGILIDADE
TÓPICO 3 – PEDAGOGIA ORGANIZACIONAL
TÓPICO 4 – EDUCAÇÃO CARCERÁRIA
154
155
TÓPICO 1
A PEDAGOGIA SOCIAL E O PAPEL DO 
PEDAGOGO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a)! Este tópico possibilitará que você tenha um 
conhecimento mais amplo sobre a pedagogia social, uma área de atuação pouco 
explorada, porém muito solicitada e de grande importância diante das várias questões 
que afligem nosso cotidiano, como a violência e a perda dos valores familiares.
Você também verá que o papel do pedagogo nas equipes de trabalho como 
programas sociais de instituições públicas ou privadas, vem se tornando cada vez 
mais requisitado, principalmente pelo olhar diferenciado que este profissional 
abarca. Como pode ver, prezado(a) pedagogo(a), é grande a nossa missão. 
2 UM PANORAMA SOBRE HISTÓRIA E ATUALIDADE DA 
PEDAGOGIA SOCIAL
Seria importante que se compreendesse a construção histórica da 
pedagogia social mediante a conceitualização, os conflitos e as intervenções 
socioeducativas, que nos mostram porque refletem nas perspectivas atuais.
A pedagogia social iniciou conforme Moura (2011) com um encontro 
internacional, realizado na Alemanha, para discussão “dos problemas da instrução 
de crianças e adolescentes inadaptados”, organizada pela Seção Cultural do Alto 
Comissariado da República Francesa, na cidade de Spire, de 9 a 15 de abril de 
1949. O objetivo era discutir os rumos da educação das crianças órfãs do período 
pós-guerra. Outros dois encontros foram realizados, em 1950, na cidade de Bad 
Durckheim e no ano de 1951, na cidade de Freiburg-in-Breisgau. O empenho 
da Associação Francesa dos Educadores de Jovens Inadaptados empolgou os 
participantes estrangeiros nas reuniões realizadas na Alemanha, motivando-os a 
fundarem em seu próprio país uma associação semelhante.
Em 1951, durante a quarta conferência realizada em 19 de março de 1951, 
foi fundada oficialmente na cidade de Scluchsee, na Alemanha, a Associação 
Internacional de Educadores de Jovens Inadaptados. Atualmente, este órgão 
responde pelo nome de Asociación Internacional de Educadores Sociales (AIEJI), 
com sede no Uruguai. 
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
156
Muitos outros encontros foram realizados, com o intuito de fortificar 
as discussões, traçar demandas, configurar o campo de atuação, bem como, 
estabelecer o perfil deste profissional. Acompanhe a seguir, caro(a) acadêmico(a), 
os encontros que permearam esta longa caminhada na solidificação desta 
modalidade de atuação do pedagogo, conforme Moura (2011):
• I Congresso Internacional da AIEJI – Amersfoort (Holanda, 1952).
• II Congresso Internacional da AIEJI – Bruxelas (Bélgica, 1954).
• III Congresso Internacional da AIEJI – (França, 1956).
• IV Congresso Internacional da AIEJI – Lauzane (Suíça, 1958).
• V Congresso Internacional da AIEJI – Roma (Itália, 1960).
• VI Congresso Internacional da AIEJI – Freiburg-im-Breisgau 
(Alemanha, 1963).
• VII Congresso Internacional da AIEJI – Versalhes (França, 1970).
• VIII Congresso Internacional da AIEJI – Genebra (Suíça, 1974).
• IX Congresso Internacional da AIEJI – Montreal (Canadá, 1978).
• X Congresso Internacional da AIEJI – Copenhague (Dinamarca, 1982).
• XI Congresso Internacional da AIEJI – Jerusalém (Israel, 1986).
• XII Congresso Internacional da AIEJI – New York (EUA, 1990). 
Promulgada a Declaração de New York.
• XIII Congresso Internacional da AIEJI – Postdan (Alemanha, 1994).
• XIV Congresso Internacional da AIEJI – Brescia (Itália, 1997).
• XV Congresso Internacional da AIEJI – Barcelona (Espanha, 2001). 
Promulgada a Declaração de Barcelona.
• XVI Congresso Internacional da AIEJI – Montevidéu (Uruguai, 2005) 
Promulgada a Declaração de Montevidéu.
• XVII Congresso Internacional da AIEJI – Copenhague (Dinamarca, 
2009).
Perceba como este movimento tomou força com o passar dos anos 
e manteve-se com encontros periódicos, objetivando discutir as demandas 
pertinentes de cada momento. Atualmente, a Alemanha é reconhecida como 
a pátria-mãe da Pedagogia Social, sendo que países como a Áustria, Espanha, 
Finlândia, França, Luxemburgo, Grécia, Portugal, Noruega, Rússia, Suécia, Suíça 
e Ucrânia, possuem modelos particulares de atuação.
Moura (2011) reforça que na América do Sul, o país referência em 
Pedagogia Social é o Uruguai, onde está sediada a Asociación Mundial de 
Educadores Sociales. No Brasil, a única referência nesta categoria é a Associação 
de Pedagogia Social de Base Antroposófica, fundada em 2001, tendo por base os 
preceitos de Rudolf Steiner.
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA SOCIAL E O PAPEL DO PEDAGOGO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
157
FIGURA 69 – RUDOLF STEINER
FONTE: Disponível em: <http://vaccineliberationarmy. com/2010/08 
/14/rudolf-steiner-quotes-innoculations-against-the-inclination-to-
entertain-spiritual-ideas/>. Acesso em: 16 ago. 2013.
IMPORTANT
E
Paulo Freire é considerado o grande inspirador da Pedagogia Social no Brasil, 
principalmente pela grande importância de suas obras, “ainda que ele nunca tenha usado 
exatamente este termo em seus escritos”. (MOURA, p. 29, 2011).
Em 1999, nomes como Geraldo Caliman, Antônio Carlos Gomes da Costa 
e Maria Stela Santos Graciani foram expressivos na construção da pedagogia 
social no Brasil. Estes autores fizeram-se presentes no I Congresso Internacional 
de Pedagogia Social, “confrontando a experiência brasileira com a experiência 
germânica, defendida por Hans-Uwe Otto, diretor de um dos grandes centros de 
formação em Pedagogia Social na Alemanha”. (MOURA, p. 30, 2011).
Diante do exposto o congresso brasileiro trouxe que:
[...] Educação Indígena, Educação em Saúde, Educação em Cidadania 
e Direitos Humanos, Educação Ambiental, Educação no Campo, 
Educação Rural, Educação em Valores, Educação para a Paz, 
Educação para o Trabalho, Educação Política, Educação de Trânsito, 
Educação Hospitalar e Educação Alimentar eram percebidas por seu 
protagonista e por seus pesquisadores como práticas de Pedagogia 
Social. (MOURA, 2011, p. 30). 
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
158
Diferentemente dos países europeus, o Brasil apresenta um cenário 
diversificado, com realidades frágeis que necessitam de atenção contínua.
2.1 A PEDAGOGIA SOCIAL NA ALEMANHA
Como vimos anteriormente, a Alemanha é considerada o país referência 
em pedagogia social, Machado (2008) apud Fermoso (1994) coloca que o conceito 
de “Pedagogia Social” foi usado pela primeira vez pelo pedagogo alemão 
Deisterweg, na obra “Bibliografia para Formação dos Mestres Alemães”.
Para Machado (2008) apud Quintana, (1997) a primeira obra que menciona 
literalmente a pedagogia social é publicada em 1898, escrita pelo filósofo 
Paul Natorp, intitulada a “Pedagogia Social: teoria da educação e da vontade 
sobre a base da comunidade”. Nesta obra, Paul Natorp defende como um dos 
conceitos básicos, a comunidade, mostrando-se contra o individualismo, sendo 
assimconsiderado origem e causa dos conflitos sociopolíticos da Alemanha, por 
acreditar, que a educação vincula-se à comunidade e não aos indivíduos. O autor 
procura elaborar uma teoria sobre educação social, concebendo a pedagogia 
social como saber prático além de um saber teórico. Machado (2008) enfatiza 
que “Natorp é o criador de uma tendência, a da Pedagogia Sociológica, parte da 
Pedagogia Social, uma ciência com múltiplas concepções”. 
O surgimento da PEDAGOGIA SOCIAL na Alemanha torna este país o 
mais importante nesta linha de trabalho em educação. Vem ao encontro disso 
o crescimento e a consolidação das Ciências Sociais, com a racionalização e a 
análise objetiva da vida social. 
Machado (2008) reforça que isto:
Reflete também os efeitos da Revolução Industrial e Francesa, com o 
reconhecimento dos movimentos populares que reivindicam liberdade 
e direitos humanos. A crise econômico-industrial da Alemanha, 
acentuada no final do século XIX, leva a Pedagogia a atender à 
necessidade de intervenção socioeducacional. A partir desse período, 
pressionados pela realidade, educadores avançam na conceituação da 
pedagogia social ao mesmo tempo em que ampliam as ações práticas. 
Este aspecto também é comentado por Fichtner (2011, p. 34) ao destacar que:
Numa perspectiva histórica, encontramos na Idade Média e início 
da modernidade uma preocupação social mais relacionada com 
atividades beneficentes, filantrópicas e altruístas, orientadas 
fundamentalmente para as camadas mais pobres da sociedade. Com 
o processo de industrialização da sociedade, se produz um corte 
abrupto na Alemanha do século XIX, originando para a pedagogia 
e o Trabalho Social diferentes raízes históricas, enunciando, dentre 
outros: a) Sistema de proteção de caráter assistencial; b) Educação 
Infantil com a implantação de creches e jardins de infância baseadas 
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA SOCIAL E O PAPEL DO PEDAGOGO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
159
na concepção de Froebel; c) Movimento denominado Pedagogia da 
Reforma, ocorrido no final do Século XIX e início do século XX, com 
uma nova perspectiva para a Educação e proteção dos jovens.
Observe, acadêmico(a), que o olhar da pedagogia social não estava 
apenas direcionado à educação e à proteção dos jovens, tal estendeu-se a: 
atendimentos relacionados à infância, grupos marginalizados, terceira idade e 
a educação permanente.
FIGURA 70 – ATENDIMENTO À TERCEIRA IDADE
FONTE: Disponível em: <http://tvufg.org.br/fazoque/?p=321>. Acesso em: 
16 ago. 2013.
A pedagogia social alemã pode ser associada ao trabalho social, outra 
modalidade de assistência no país, caracterizada por uma área complexa 
relacionada com a reprodução da sociedade como um todo, ou seja, não se limita 
apenas à educação escolar, mas às diversas demandas sociais.
Diante disto, Fichtner (2011, p. 33) aponta que a pedagogia social e o 
trabalho social na Alemanha estendem-se:
1. Ao sistema de ajuda nacional cuja base jurídica se constitui a partir 
das leis de Ajuda Social Nacional;
2. À área psicoterapêutica que faz parte do Sistema de Saúde;
3. Aos sistemas penitenciários e de Justiça (aqui a Pedagogia Social 
colabora com o equivalente à FEBEM brasileira);
4. Às áreas que se ocupam na educação Especial, Criminalidade, 
Dependência de Drogas etc.;
5. À área pertencente à Educação, na qual os pedagogos sociais 
trabalham fundamentalmente na ajuda às crianças não como 
professores, mas um equivalente ao psicopedagogo;
6. A outras áreas de atuação do profissional da Pedagogia 
Social e Trabalho Social existentes também, tais como a ajuda ao 
desenvolvimento de associações de grupos de terceira idade, Ecologia, 
Cultura, etc.
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
160
Como anteriormente mencionado, a pedagogia social e o trabalho social 
parecem sinônimos, porém dada a sua complexidade e por estes profissionais 
atuares em setores semelhantes, podemos diferenciá-los pelo seguinte: o 
trabalhador social direciona seu compromisso em ajudar a cuidar, sendo que o 
pedagogo social atua mediante a perspectiva pedagógica, educativa.
Considerando que os trabalhos desenvolvidos por estas áreas passaram 
por diversas etapas históricas, sendo o pós guerra, a industrialização e a 
globalização, Fichtner (2011) aponta que estas mesmas etapas impulsionaram e 
determinaram formas de desenvolvimento específicos para a pedagogia social e 
trabalho social, tendo estas dimensões teóricas: 
• O cotidiano e as condições de vida.
• O desenvolvimento das organizações da pedagogia social e do trabalho social, 
bem como dos seus fundamentos jurídicos.
• A história da profissão.
• A história e a construção das disciplinas científicas da pedagogia social e do 
trabalho social;
• A construção e definição das diferentes áreas de atuação. 
Tendo por base as dimensões teóricas destacadas acima, que possibilitam 
nortear os trabalhos desenvolvidos, o autor acima citado, coloca como áreas de 
atuação do pedagogo social e do trabalhador social:
• Apoio e atendimento a crianças e adolescentes dentro e fora da escola.
• Apoio e atendimento no sistema de saúde.
• Apoio e atendimento à família.
• Apoio e atendimento para habitação, moradia e comunidade.
• Apoio e atendimento nos locais de trabalho.
• Apoio e atendimento para o desenvolvimento da expressão cultural, ecológica 
e relações comunitárias.
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA SOCIAL E O PAPEL DO PEDAGOGO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
161
FIGURA 71 – ATENDIMENTO À FAMÍLIA
FONTE: Disponível em: <http://naahsrecife2011.blogspot.com.br/p/
atendimento.html>. Acesso em: 16 ago. 2013.
Caro(a) acadêmico(a)! Perceba que a pedagogia social tomou grandes 
proporções no que tange às áreas de atuação deste profissional, por meio de 
um sistema profissional qualificado. O objetivo desta forma de atendimento 
não é paternalizar ou assistenciar os indivíduos atendidos, mas proporcionar 
capacitação às organizações, instituições e à sociedade como sujeitos.
2.2 IDENTIDADE E PERSONALIDADE DA PEDAGOGIA SOCIAL
Anteriormente, acadêmico(a), vimos como a pedagogia social nasceu 
e quais foram seus rumos no país de origem: Alemanha. Agora, passaremos a 
estudar o que a caracteriza e como esta ramificação da pedagogia se constitui.
Caliman (2011) salienta que a pedagogia social está ligada a objetivos, 
objetos de pesquisa, finalidade e métodos característicos, não confundíveis com 
os outros campos da ciência social e pedagógica, porém, três fatores a tornam 
única: a) construção de identidades e limites; b) diferenciação entre a dimensão 
formal e não formal; c) distinção entre a pedagogia social e pedagogia escolar.
A pedagogia social tem como campo de atuação instituições não formais 
e é uma área recente. Ela visa ao atendimento de crianças, adolescentes e adultos 
que vivem em condições de fragilidade social e objetiva agir na prevenção e 
recuperação das deficiências sociais, desenvolvendo seus trabalhos in loco, ou 
seja, intervindo diretamente no ambiente.
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
162
FIGURA 72 – ATENDIMENTO A ADOLESCENTES
FONTE: Disponível em: <http://www.maisplics.com.br/ajude/fenix/>. Acesso em 16 
ago. 2013.
Conforme Caliman (2011) p. 47):
[...] existem alguns âmbitos de atuação que atualmente correspondem 
a tais critérios: a Educação de adultos; a Educação de adolescentes 
em situação de risco; a recuperação reinserção social de sujeitos 
toxicodependentes; a orientação escolar de alunos atingidos por fortes 
condicionamentos sociais (pobreza, exclusão social, desagregação 
familiar); a ação educativa dentro dos ambientes familiares; a 
influência dos meios de comunicação social e das associações e grupos 
juvenis (grupos de pares, gangues etc.).
Percebemos que a pedagogia social vai criando uma identidade própria 
e assim, solidificando seu ser e fazer. Diante do que caracteriza o ser, Ryynanem 
(2001) esclarece que a pedagogia social é a educação que visa provocar e fortalecer 
os processos de autoconhecimento, de autoeducação,de conscientização e 
transformação, na vida do indivíduo, nos grupos em que este faz parte, bem 
como frente à comunidade em que está inserido. 
Assim, os interesses da pedagogia social estão voltados à educação e 
à participação social, que buscam o entendimento do indivíduo a partir do 
conhecimento e desenvolvimento da personalidade (singular) deste e do mundo 
que o cerca (coletivo).
No que tange ao fazer, Caliman (2011) coloca como finalidade da pedagogia 
social a pesquisa e a promoção de condições de bem-estar social, de convivência, 
de exercício de cidadania, de promoção social e desenvolvimento, de superação, de 
condições, de sofrimento e marginalidade direcionando seus trabalhos à construção, 
aplicação e avaliação de metodologias de prevenção e recuperação. 
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA SOCIAL E O PAPEL DO PEDAGOGO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
163
Para isso, o pedagogo social precisa de um entendimento amplo de como 
as relações sociais interferem neste processo e, além disso, de como o indivíduo 
age e reage frente às influências dos grupos nos quais convive.
É preciso salientar o que Ryynanen (2011, p. 51) tem a nos colocar sobre 
esta ação do indivíduo no ambiente, no qual este “é ator ativo, sujeito que 
cria e recria a realidade social na convivência com ela”, influenciando e sendo 
influenciado pelo meio.
Para um melhor entendimento do trabalho sociopedagógico, dois 
conceitos precisam estar claros para o pedagogo que decide atuar neste campo, 
são eles, autoestima e cidadania.
Autoestima não se refere somente aos cuidados que o indivíduo tem em 
relação ao seu corpo, saúde e bem-estar, mas conforme Ryynanen (2011) p. 51, 
“autoestima se refere, no sentido sociopedagógico, ao crescimento do indivíduo 
na sua singularidade para que seja o protagonista de sua vida; à sua capacidade 
de agir com outros indivíduos e de participar da sociedade de uma maneira igual 
e com direitos plenos”.
Trabalhar a autoestima do indivíduo é provocá-lo a sair da zona de 
conforto e buscar desenvolver nele a autenticidade e a liberdade, fornecendo os 
instrumentos necessários para a construção ou reconstrução de sua singularidade, 
sustentando suas diferenças e respeitando as diferenças dos outros.
Em contrapartida, cidadania refere-se à “maturidade social do indivíduo; à 
postura consciente e crítica [...] ao conhecimento dos direitos e deveres, quanto ao 
crescimento para uma melhor convivência coletiva”. (Ryynanen (2011) p. 51). 
FIGURA 73 – CIDADANIA
FONTE: Disponível em: <http://unisinos.br/blogs/cidadania/2013/07/01/1o-
de-julho-dia-da-cidadania/>. Acesso em: 13 ago. 2013.
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
164
O entendimento destes dois conceitos fundamenta o trabalho do pedagogo 
social e o guiam em busca do desenvolvimento de uma atuação mais consciente 
e sensível as demandas que se apresentarem. 
2.3 A PEDAGOGIA SOCIAL E A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO 
SOCIAL NO BRASIL
A história da pedagogia social tem como referência a Alemanha, porém, 
outros países como Itália, Portugal e Finlândia, também destacaram-se neste 
cenário. No Brasil, esta modalidade é recente, sendo que alguns consideram Paulo 
Freire um nome expressivo nesta área.
Quando tratamos a pedagogia social como uma referência de atuação 
recente, lembramos Silva (2011) que nos coloca que a produção acadêmica 
específica sobre o tema inicia-se com a publicação do livro Desafio, riscos e desvios, 
em 1998, por Geraldo Caliman, pedagogo brasileiro que concluiu mestrado e 
doutorado em pedagogia social na Universitá Pontificia Salesiana, em Roma, na 
Itália.
UNI
 No site <www.pedagogiasocial.net>, você encontrará mais informações sobre 
a história de Geraldo Caliman, bem como os principais eventos realizados nesta área.
Como você pode perceber, diante do ano da publicação sobre esse tema, 
podemos dizer que a pedagogia social é uma adolescente, com um campo vasto 
de possibilidades a ser explorado.
Neste momento, trataremos de nos aprofundar na formação do pedagogo 
social e como os cursos de nível superior estão se comportando, em relação a esta 
nova demanda que surge com mais intensidade no Brasil. 
Até pouco tempo atrás, a formação em pedagogia elegia, (este movimento 
ainda é forte nas instituições de ensino superior) a docência como objetivo 
principal. Além disso, outras áreas em que são necessários conhecimentos 
próprios do pedagogo como orientação educacional, coordenação e supervisão 
pedagógica, continuam sendo reforçadas.
Silva (2011) expõe que nos cursos de graduação, a maioria das disciplinas 
oferecidas na grade curricular valoriza a integração dos pedagogos no ambiente 
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA SOCIAL E O PAPEL DO PEDAGOGO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
165
escolar, sendo este um requisito para a formação docente, porém a atuação dos 
pedagogos em outras práticas educativas necessita de conhecimentos científicos 
que embasem esta prática.
A formação de um profissional que tenha um olhar além dos muros da 
escola demonstra o quão é importante estudar as possibilidades de desenvolver 
trabalhos em diversos setores das políticas públicas, ou seja, na assistência social, 
na saúde, no ministério público e demais setores na educação não formal.
UNI
Políticas públicas referem-se a todos os programas desenvolvidos pelas instituições 
governamentais para a população. Por exemplo: Sistema Único de Assistência Social (SUAS), 
Sistema Único de Saúde (SUS), Programas de Orientação e Apoio Sociofamiliar, Bolsa Família 
etc.
Silva (2011) reforça esta questão quando aponta que o pedagogo se torna 
um profissional, cujos trabalhos são ilimitados, principalmente na formação de 
indivíduos que, de alguma forma, tiveram seus direitos violados ou se encontram 
em situações que caracterizam vulnerabilidade social.
Acadêmico(a)! Perceba que há uma necessidade constante e porque não 
dizer quase infinita, de construirmos saberes sólidos que objetivem sustentar esta 
prática, sendo estes pautados nas condições sociais construídas sobre os moldes 
das desigualdades, que constantemente afligem nosso país.
Neste sentido, a pedagogia social ocupa um lugar importante na análise 
das condições pertinentes a desigualdade, porém com intuito educativo para 
que os indivíduos que se encontram em uma situação de vulnerabilidade social 
superem estes momentos difíceis. 
Anteriormente, usamos a expressão “além muros” para enfatizar como 
é fundamental que o pedagogo seja sensível, no que tange aos aspectos sociais 
influentes no comportamento e no conhecimento manifestado pelas pessoas que 
com ele convivem.
Acadêmico(a)! Reflita sobre o que Silva (2011) tem a nos colocar sobre isso:
O identitário da questão social no Brasil é definido pela imagem de 
pessoas em situação de privação alimentar, pessoas que de alguma 
forma necessitam constantemente de tutela do Estado para dar 
continuidade na vida. A realidade destas pessoas pode ser analisada 
sobre diversos olhares, mas chama-se a atenção para um olhar sobre a 
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
166
ótica da existência, ou seja, deslocar o olhar sobre mim para se colocar 
no lugar do outro. Por esta razão, a questão das carências de alimentos, 
remédios, empregos e demais questões dão aos problemas sociais a 
necessidade prioritária para não perdermos milhares de brasileiros 
vítimas da pobreza extrema, e demais condições de desigualdade.
Acompanhamos diariamente pelos meios de comunicação, a situação de 
várias pessoas passando por dificuldades, no que se refere à alimentação, saúde, 
moradia etc. Geralmente estas notícias mostram as reações deste povo sofrido, ou 
seja, roubando para se alimentar, invade prédios públicos a fim de terem um teto 
sobre suas cabeças, reagindo assim ao descaso.
Os cursos de formação não podem permanecer alheios a todas estas 
situações, para tanto é preciso preparar profissionais qualificados, efetivando 
a pedagogia social enquanto área de conhecimento capaz de intervir a nível 
educativo diante destecontexto.
3 A INSERÇÃO DA PEDAGOGIA SOCIAL NAS POLÍTICAS 
PÚBLICAS
Neste momento, acadêmico(a), iremos concentrar nossas reflexões acerca 
da importância do pedagogo social nas diversas políticas públicas. Seu campo 
de atuação é vasto e desafiador, pois há muito a ser construído, desmistificado e 
solidificado. Para que possamos trabalhar a realidade, é preciso resgatar a história 
para compreendermos como chegamos a atual conjuntura social.
Neto (2011) faz um breve resgate sobre a construção das práticas sociais 
que permeavam até poucos anos atrás, salientando que na realidade brasileira 
do século passado, em específico na década de oitenta e início dos anos noventa, 
a sociedade conquistou um reordenamento jurídico que contribuiu para a 
construção de uma cultura de direitos.
Porém as legislações anteriores a este período encontravam-se 
fundamentadas na doutrina da situação irregular, que objetivava legitimar a 
ação judicial privilegiando a institucionalização do indivíduo. Os programas 
e políticas sociais, que mantinham esta fundamentação, caminharam para o 
fracasso, pois baseavam suas ações na ressocialização dos menores supostamente 
abandonados e nos chamados delinquentes (neste meio estavam jovens e adultos) 
ao confinamento em instituições, sendo que estes eram vítimas do descrédito da 
sociedade.
De acordo com Neto (2011, p. 233-234):
As instituições, as autoridades e os violadores de direitos aparecem 
como bondosos e virtuosos, e, no caso dos supostamente abandonados 
e delinquentes, o juiz aparece como um pai bondoso, que corrige 
os desvios e as injustiças. Este fato ajudou a fortalecer as ciências 
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA SOCIAL E O PAPEL DO PEDAGOGO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
167
sociojurídicas, em detrimento das ciências educacionais. No Brasil, 
o desenho da doutrina de situação irregular está na Constituição de 
1969 e, principalmente do Código de Menor, Lei Federal 6.697, de 
1º de outubro de 1979. [...] A tônica dessa legislação era responder, 
com a institucionalização, à complexidade da questão do menor, 
responsabilizando-o, de alguma forma, por sua sina e classificado 
pelos rótulos de marginal, trombadinha, delinquente, abandonado, desviado. 
O escopo pedagógico do Código de Menor era mais punitivo do que 
educativo e não visava à melhoria de condições de vida.
Neste contexto, as instituições responsabilizavam-se pela reabilitação do 
menor desprovido de condições econômicas familiares, atestando a família como 
incapaz de sustentar, financeira e emocionalmente esta criança ou adolescente.
É preciso refletir sobre isso, caro(a) acadêmico(a), pois existem ricos 
se houver pobres; assim a criança ou adolescente ao ser encontrado em uma 
situação desviante dos princípios legais, por exemplo, furtando um objeto, não 
deixa de ser criança ou adolescente, naquele instante o mesmo encontra-se fora 
do contexto considerado correto pela maioria da sociedade e diante do fato passa 
a ser julgado de forma integral, desvalorizando a atual condição em que vive.
Neto (2011) nos coloca que a criança ou adolescente em situação de 
desigualdade social, classificados como carentes, abandonados ou delinquentes 
por ocuparem uma condição social desfavorecida, não são o que são, apenas por 
um fato de vontade pessoal, mas por estarem num lugar já marginalizado aos 
olhos da sociedade.
Os anos 90 trazem um reordenamento político, fundado na Constituição 
Federal de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), passando 
as crianças e adolescentes como sujeitos de direitos e em desenvolvimento, 
conferindo a eles prioridade absoluta na destinação de recursos públicos e na 
formação de políticas de atendimento e assistência.
A filosofia que sustenta o ECA, conforme Neto (2011), busca fortalecer 
a convivência familiar e comunitária, do reconhecimento do protagonismo na 
ruptura das práticas de confinamento e de desvalorização do saber adquirido e 
construído; considerando que as violações de direitos, os conflitos com a lei e as 
práticas desviantes não são hereditárias, mas socioculturais.
Assim, a pedagogia social busca encontrar as razões que conduzem 
determinadas crianças e adolescentes a transformarem em vantagens 
suas fragilidades do cotidiano, por meio de momentos de acolhimento e 
encaminhamento a outros setores que possam conduzi-lo a um caminho de 
menor sofrimento.
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
168
FIGURA 74 – OPORTUNIDADES
FONTE: Disponível em: <http://www.mundoleitura.com.br/2013/01/dona-de-casa-
faz-campanha-para-ampliar-biblioteca/>. Acesso em: 29 nov. 2013.
Acreditamos que o conteúdo central guia a criança e o adolescente num 
formato baseado na ética da amizade ou na política da vida, fortalecendo as 
relações de solidariedade, amizade, justiça e confiança (mediante um cenário 
de tragédia), promovendo a subjetividade, ou seja, reformulando a constituição 
deste sujeito.
Neto (2011, p. 237) aprofunda esta colocação focando na formação deste 
sujeito, quando nos leva a acreditar que:
[...] é possível observar que a formação da subjetividade lança raízes 
no entrelaçamento de diferentes acontecimentos ou territórios da 
dinâmica da cidade e das relações cotidianas e culturais. Neste 
sentido, concebemos o sujeito como aquele que é capaz de conduzir 
uma reação que altera os padrões sociais; que busca resistir e encontrar 
linhas de fuga, ou ainda, que consegue responder a uma realidade 
social e cultural cotidiana em mudança. A pessoa humana necessita 
da garantia dos direitos sociais, bem como de relações humanas 
saudáveis, fundadas na experiência do amor, amizade e da ética.
Faz-se necessário propor a construção de uma rede de proteção pedagógica, 
objetivando a este sujeito uma alternativa de conquista na formulação de um 
espaço propício à cidadania, permitindo-lhe um lugar de protagonista, ou seja, 
responsabilizando-o por sua formação e tornando-o apto a interferir na cultura 
que o cerca, utilizando-se de instrumentos pedagógicos. 
A pedagogia social, de acordo com Neto (2011), pautada na política da 
vida, tende a desenvolver laços humanos saudáveis objetivando que o indivíduo, 
desde criança, perceba que a felicidade do outro também é a sua.
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA SOCIAL E O PAPEL DO PEDAGOGO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
169
O Estatuto da Criança e do Adolescente é um instrumento ativo neste 
cenário, escrito por várias mãos e pensado por diversos segmentos que visam 
envolver o maior número possível de pessoas nesta reflexão. 
Esta conquista da sociedade evoca legalmente
[...] com a promulgação da Constituição de 1988, um reordenamento 
jurídico que preconiza que a criança e o adolescente são sujeitos 
de direitos. A partir da constituição, as leis orgânicas, como as da 
assistência, da Educação, da saúde e o ECA, oferecem condições 
jurídicas para a passagem do mal ao bem-estar social. É preciso 
construir outra Pedagogia, que respeite os direitos da criança e do 
adolescente e um ordenamento jurídico que possa oferecer bases para 
garantir outra qualidade de vida, por meio da Educação. Do lazer, 
da proteção, da garantia de liberdade e da convivência familiar e 
comunitária. (NETO, 2011, p. 243).
Ao tratarmos da convivência familiar e comunitária como um dos focos 
da atuação do pedagogo social, um projeto atual vem sendo instaurado em 
várias cidades brasileiras. O Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), 
cujo objetivo está centrando em proporcionar este espaço fundamentado no 
fortalecimento do vínculo familiar.
FIGURA 75 – CENTRO DE REFERÊNCIA EM ASSISTÊNCIA SOCIAL
FONTE: Disponível em: <http://crasseara.blogspot.com.br/>. Acesso em: 29 
nov. 2013.
Conforme o Ministério do Desenvolvimento Social (2012, p. 1),
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
170
O CRAS é uma unidade pública estatal localizada em áreas com maiores 
índices de vulnerabilidade e risco social, destinada ao atendimento 
socioassistencial de famílias. O CRAS é o principal equipamento dedesenvolvimento dos serviços socioassistenciais da Proteção Social 
Básica. Constitui espaço de concretização dos direitos socioassistenciais 
nos territórios, materializando a política de assistência social.
Este lugar é destinado a promover o primeiro acesso das famílias a serviços 
socioassistenciais e à proteção social, proporcionando aos seus usuários acesso 
às políticas de proteção básica; esta estrutura conta com localização própria que 
garante um espaço físico compatível aos trabalhos sociais desenvolvidos neste 
território. Suas ações são destinadas a famílias referenciadas que habitam neste 
território considerado vulnerável.
O MDS (2012, p. 1) preconiza como funções destinadas ao CRAS:
• Prestar serviços continuados de Proteção Social Básica de Assistência 
Social para famílias, seus membros e indivíduos em situação de 
vulnerabilidade social, por meio do PAIF tais como: acolhimento, 
acompanhamento em serviços socioeducativos e de convivência 
ou por ações socioassistenciais, encaminhamentos para a rede de 
proteção social existente no lugar onde vivem e para os demais 
serviços das outras políticas sociais, orientação e apoio na garantia 
dos seus direitos de cidadania e de convivência familiar e comunitária; 
• Articular e fortalece a rede de Proteção Social Básica local; 
• Prevenir as situações de risco no território onde vivem famílias em 
situação de vulnerabilidade social apoiando famílias e indivíduos 
em suas demandas sociais, inserindo-os na rede de proteção social 
e promover os meios necessários para que fortaleçam seus vínculos 
familiares e comunitários e acessem seus direitos de cidadania.
A existência do CRAS está diretamente vinculada ao Programa de 
Atenção Integral à Família (PAIF), sendo esta a condição primordial para o seu 
funcionamento, tendo em vista, que cabe ao poder público oferecer condições de 
trabalho social com as famílias que abrangem aquele território.
O MDS (2012) destaca que o CRAS deve necessariamente oferecer este 
programa, porém não será o único, ou seja, outros serviços de assistência, 
programas e projetos podem ser vinculados a este espaço, desde que não 
prejudiquem os serviços oferecidos.
A multidisciplinaridade faz parte da constituição da equipe que atuará 
neste local, sendo que o pedagogo também faz parte, contribuindo com seus 
saberes e projetos. A equipe de trabalho é formada por: assistente social, psicólogo, 
pedagogo, auxiliar administrativo e auxiliar de serviços gerais.
Diante disto, acadêmico(a), a Pedagogia Social é uma modalidade que 
necessita avançar neste espaço e tornar-se conhecida, devendo ser abraçada como 
um desafio à construção de uma sociedade mais justa e igualitária. 
Se você acredita nisso, abrace fortemente esta causa!
171
 Neste tópico, você estudou:
• As origens da pedagogia social e os trabalhos realizados em alguns países. 
• O foco da pedagogia social em disponibilizar atendimentos a crianças, 
adolescentes e adultos em situação de fragilidade social.
• A inserção do pedagogo nas políticas públicas de atendimento como o Centro 
de Referência em Assistência Social (CRAS).
RESUMO DO TÓPICO 1
172
Acadêmico(a)! Agora que você já concluiu os estudos referentes a este tópico, 
responda às questões a seguir:
1 Diante do conteúdo exposto, que trabalhos você buscaria desenvolver como 
pedagogo social?
2 O Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) é um projeto que visa 
atender às famílias que se encontram em situação de fragilidade. Diante do 
que vimos sobre o CRAS, assinale V para as alternativas verdadeiras e F 
para as falsas:
( ) Tem por finalidade apenas orientar as famílias.
( ) Pouco trabalha na prevenção de situações de risco na comunidade.
( ) A condição para o funcionamento do CRAS é estar vinculado ao PAIF.
( ) A equipe atuante no CRAS é multidisciplinar.
( ) F – F – V – V.
( ) F – V – V – F.
( ) V – V – F – F.
( ) V – V – V – F.
AUTOATIVIDADE
173
TÓPICO 2
PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE 
DE FRAGILIDADE
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico(a)! Neste momento de seus estudos, você conhecerá mais 
sobre a pedagogia hospitalar. Uma modalidade pouco colocada em prática, 
porém um direito das crianças e adolescentes que estão impossibilitadas de 
frequentar a escola regular, necessitando de uma atenção especial. Você também 
compreenderá a importância da conscientização dos pais sobre esta garantia (a 
de aprender mesmo que seu filho esteja hospitalizado ou impossibilitado de ir 
à escola) e os instrumentos necessários (como a brinquedoteca hospitalar), para 
que a criança possa aprender mediante condições tão frágeis.
2 A CRIANÇA HOSPITALIZADA
Para os adultos o processo de hospitalização gera ansiedade e medo em 
relação ao desconhecido, principalmente por originar-se de um momento de 
fragilidade, mesmo estando na maioria das vezes, conscientes e aptos de tomarem 
a decisões referentes à internação.
Para a criança o fato de estar em um hospital, ou seja, fora de casa, da 
escola e do convívio com os familiares e amigos torna-se ainda mais doloroso, 
pois os pequenos pouco entendem o motivo de estarem em um lugar tão grande 
e com tantas pessoas desconhecidas
174
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
FIGURA 76 – CRIANÇA HOSPITALIZADA
FONTE: Disponível em: <http://crisete.bebeblog.com.br/21342/CRIANCA-
HOSPITALIZADA-NECESSITA-Manual-de-Orientacao-aos-Pais/>. Acesso 
em: 21 nov. 2013.
Sendo assim, as reações das crianças em relação à doença e hospitalização 
dependem do nível de desenvolvimento cognitivo e psíquico na ocasião da 
internação, a intensidade do apoio familiar, a patologia e o vínculo que o médico, 
juntamente com a equipe de enfermagem, procuram estabelecer com a criança.
Baldini (1999, p.182) relaciona algumas reações das crianças à internação 
hospitalar, conforme a faixa etária: 
Dos quatro meses aos dois anos de vida a separação da mãe estimula 
protesto, aflição e desespero. São essenciais as visitas frequentes ou 
rooming-in. Deve-se respeitar o vínculo mãe-filho.
Dos dois aos cinco anos as preocupações acerca da separação ainda 
são muito importantes, mas aumenta o medo ao dano corporal, 
havendo uma sensibilidade aumentada e especial à dor, feridas, 
sangue e aos procedimentos médicos e de enfermagem. A presença do 
pensamento mágico, de uma vida de fantasia florida e de pesadelos 
tornam essenciais a informação e a preparação.
Dos cinco aos sete anos são evidentes as preocupações acerca da morte, 
desaparecimento, pessoas que não voltam, ou temor de se perder para 
sempre desenvolve-se uma vigilância especial por seu destino, de seus 
entes queridos e de outros pacientes.
Dos sete aos nove anos preocupa-se em perder seu lugar na enfermaria, 
em ficar inválido para sempre, longe de casa, amigos e medo de ser 
abandonado.
Dos nove aos dez anos mostra preocupação própria da idade escolar 
acerca da capacidade intelectual, social e física (ficar para trás na 
competição com os colegas.
Dos onze aos treze anos apresenta preocupação pré-puberal acerca 
das funções corporais, dos produtos orgânicos, da exposição do corpo 
frente ao pessoal da equipe hospitalar e aos demais pacientes e acerca 
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
175
da futura humilhação com amigos.
Dos treze aos dezoito anos preocupações acerca da incapacidade, dor 
e desgraça ainda estão presentes.
Conhecer essas reações das crianças e adolescentes, em relação à internação, 
possibilita ao pedagogo hospitalar uma ação compreensiva para com a conduta 
adotada com a criança. Baldini (1999) destaca outros sintomas e comportamentos 
relativos à internação como:
• Sintomas psicofísicos: mal-estar, dores, irritabilidade, distúrbios do apetite, 
sono e estresse.
• Comportamentos regressivos: reativação da ansiedade de separação, sucção 
do polegar, fala infantilizada, enurese e encoprese.
UNI
Enurese: é o termo médico utilizado para definir a emissão involuntária de 
urina,a maior parte das vezes noturna e que ocorre com maior frequência em crianças. 
Normalmente sua causa é de ordem psicológica.
Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/enurese/>. Acesso em: 21 nov. 2013.
Encoprese: é definida como repetidas evacuações, voluntárias ou não, de fezes nas roupas, 
resultantes de fatores emocionais ou fisiológicos.
Disponível em: <http://www.infoescola.com/doencas/encoprese/>. Acesso em: 21 nov. 2013.
Outros sintomas podem fazer do processo de internação, fantasias 
assustadoras acerca da doença e do tratamento, sendo elas: ansiedade, 
desesperança, insegurança, negação, fobia, hipocondria e alucinação.
UNI
Alucinações são distúrbios da sensopercepção que consistem na percepção 
de objetos inexistentes, acompanhados da convicção inabalável da existência dos mesmos. 
As alucinações guardam as mesmas características das percepções verdadeiras:
• Constância: o objeto percebido mantém sua forma invariável.
• Contornos nítidos: os objetos aparecem com bordas nítidas.
• Exterioridade: os objetos são percebidos como exteriores ao indivíduo.
• Corporeidade: o objeto aparece em três dimensões e não como projetado sobre uma 
superfície.
• Opacidade: o objeto “encobre” aquilo a que se sobrepõe.
Disponívelem:<http://www.abc.med.br/p/psicologia..47.psiquiatria/355369/alucinacoes 
+o+que+sao+quais+os+tipos.htm>. Acesso em: 21 nov. 2013.
176
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
Diante de uma manifestação alucinatória, é importante não confrontar a 
criança com falas do tipo “isso não é nada”, “é só sua imaginação”, entre outras 
frases do senso comum. O pedagogo hospitalar deve tranquilizar a criança, com 
manifestações de proteção e aceitação perante o estado que se manifesta naquele 
momento.
FIGURA 77 – ALUCINAÇÃO
FONTE: Disponível em: <http://mundocuriosomg.blogspot.com.br/2011/04/
alucinacao-chave-de-muitos-misterios.html>. Acesso em: 21 nov. 2013.
Acadêmico(a)! Ao receber uma criança, é necessário que o pedagogo 
hospitalar tenha claro qual é o diagnóstico e o prognóstico dela, para que possa 
planejar as atividades que irá desenvolver. Para sua melhor compreensão vamos 
esclarecer o significado de diagnóstico e prognóstico, dois termos técnicos muito 
utilizados no ambiente hospitalar. Acompanhe:
Diagnóstico consiste em uma resposta médica aos sintomas apresentados 
pelo paciente, tendo por base exames clínicos e laboratoriais, objetivando verificar 
qual doença está se manifestando.
Prognóstico refere-se ao conhecimento sobre o curso provável da doença 
baseado pelo diagnóstico.
A compreensão, mesmo que de modo superficial, da doença manifestada 
pela criança no ato da internação é de suma importância, não só para o 
planejamento pedagógico a ser adotado, mas também pelo conhecimento das 
fragilidades geradas pelo diagnóstico. As informações obtidas sobre a doença 
auxiliarão o pedagogo hospitalar, principalmente na escolha dos brinquedos
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
177
FIGURA 78 – INTERAÇÃO ENTRE PEDAGOGO E CRIANÇA
FONTE: Disponível em: <http://www.unochapeco.edu.br/en/pedagogia/noticias/
pezinho-na-uno-promove-brincadeiras-e-novidades>. Acesso em: 21 nov. 2013.
Ao utilizar os brinquedos, o pedagogo hospitalar permite à criança 
expressar seus sentimentos, por meio dos personagens da brincadeira, sendo 
recomendado utilizá-los em situações estressantes. Conforme Baldini (1999) o 
brinquedo possibilita:
a) A compreensão por parte do profissional sobre as necessidades e sentimentos 
manifestados pela criança.
b) A assimilação da criança novas situações e a entendimento do que se passa ao 
seu redor.
c) O desenvolvimento da autoconfiança.
d) O domínio do seu corpo, bem como de suas funções corporais e a ampliação de 
seu comportamento social e funções e das intelectuais.
e) Comunicar à criança informações e aceitação de seus sentimentos.
f) Preparar a criança para as novas experiências que irá enfrentar.
g) Detectar adversidades como violência física, psicológica ou abuso sexual.
Ao detectar algum indício de qualquer violência, o pedagogo deve 
comunicar a outro profissional, em especial ao psicólogo, para que ambos avaliem 
a situação conjuntamente, a fim de que sejam evitadas conclusões precipitadas.
3 A PEDAGOGIA HOSPITALAR
O hospital configura-se um ambiente importante para a aprendizagem 
de todo, porém percebemos que os pais e professorem procuram poupar as 
crianças da dor, das experiências de sofrimento e do contato com colegas doentes 
da mesma idade. É importante dizer que o hospital, em parceria com a escola, 
178
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
proporciona um espaço de aprendizagem formal e informal, não apenas para as 
crianças doentes, mas abrangendo também a comunidade escolar.
De uma forma específica, a educação hospitalar, formal e informal, busca 
empenhar-se no desenvolvimento de um ambiente de acolhimento e comunicação, 
favorecendo a confiança e a colaboração de todas as partes envolvidas.
Atualmente com os avanços tecnológicos na área de comunicação, a 
internet é um instrumento importante, no que tange à interação e a troca entre 
crianças de vários hospitais e escolas, bem como entre professores e alunos.
Este movimento não é um fato recente, conforme Paula (1999, p. 28), esta 
modalidade educacional, no Brasil, originou-se em meados dos anos de 1950, 
com a primeira Classe Hospitalar no Hospital Jesus, no Rio de Janeiro, porém só 
foi reconhecida em 1994, pelo Ministério da Educação e Desporto (MEC), através 
da Política da Educação Especial. 
Porém, o que deve ficar claro e precisamos compreender que o atendimento 
pedagógico-educacional não é uma opção do hospital, é um direito da criança 
amparado por legislação específica.
A Constituição Federal de 1988, no Título VIII – Da Ordem Social, 
Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I, prescreve em seu 
artigo 25 que: “a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, 
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho”.
Behrens (2011) nos apresenta a fundamentação deste direito, conforme 
as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96, que 
determina a educação como direito de todos, destacando o Título II – Dos Princípios 
e Fins da Educação Nacional, sendo:
Art. 2° A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos 
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por 
finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o 
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 3° O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o 
pensamento, a arte e o saber;
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas.
Acadêmico(a)! Outras diretrizes legais amparam a criança hospitalizada 
quanto ao seu direito de aprender orientado por um profissional específico para 
este fim. Porém rever a legislação não é nosso objetivo. Fique à vontade para ir 
em busca de mais informações.
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
179
As classes hospitalares também são um direito da criança, mas Behrens 
(2011, p. 24-25) nos coloca que
[...] as classes hospitalares têm recebido críticas, pois aparenta uma 
situação paralela à escolarização nesta modalidade, mas, na realidade, 
trata-se da escola propriamente dita no hospital. Para tanto, exige 
matrícula regular dos alunos e alunas em suas respectivas séries de 
ensino e o encaminhamento da Secretaria Municipal ou Estadual de 
Educação de avaliações para que os alunos ou alunas possam lograr 
avanço em seus estudos.
Diante disso, é preciso esclarecer que após o período de internação a criança 
precisa darcontinuidade aos seus estudos, mesmo que tal requeira o atendimento 
pedagógico domiciliar, objetivando garantir sua reintegração na escola regular de 
origem, visando que ela possa acompanhar a classe em que estuda.
FIGURA 79 – CLASSE HOSPITALAR
FONTE: Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?article-
id=2346269>. Acesso em: 26 nov. 2013.
4 A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO HOSPITALAR: POSSIBILIDADES 
E DESAFIOS
O hospital é um ambiente complexo e contínuo, ou seja, não fecha 
para feriados, fim de semana ou datas festivas, permanece em funcionamento 
durante 24 horas. Os profissionais que atuam no local, além da rotina cansativa e 
desgastante, necessitam de um preparo emocional para lidar com as questões que 
se fazem presentes. Seus setores comportam pessoas fragilizadas que requerem 
atenção e cuidados, dos quadros clínicos, mais simples como gripes e viroses aos 
que necessitam de cuidados mais intensivos.
180
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
Para o pedagogo o hospital não é um local usual de trabalho, portanto, 
como bem coloca Silva e Farenzena (2011) tanto o profissional como a instituição 
necessitam de um período de adaptação e reconhecimento para o engendramento 
das trocas possíveis. Mesmo que o pedagogo hospitalar tenha uma sala específica 
para o atendimento, o espaço difere em muito daquele que os pedagogos estão 
habituados, ou seja, as salas de aula.
A função do pedagogo hospitalar não é a de proporcionar entretenimento 
às crianças internadas, mas ir além. Silva e Farenzena (2011, p. 114) definem 
o atuar do pedagogo hospitalar ao destacarem que o atendimento às crianças 
hospitalizadas consiste em um contexto lúdico capaz de:
[...] através de um contexto lúdico, mobilizar os recursos delas e de 
seus familiares, para o melhor enfretamento da situação adversa, 
[...]. Afinal, em tal contexto não se fazem suficientes conhecimentos 
sobre o desenvolvimento infantil. É preciso ir além, lançando mão aos 
saberes pedagógicos que nos permitem não só uma escuta atenta de 
cada criança, de cada família, mas uma capacidade de planejamento, 
execução e avaliação de um projeto educativo no contexto do hospital.
Para o desenvolvimento de um trabalho que supra as necessidades 
latentes deste local, além dos instrumentos específicos utilizados pelo pedagogo 
hospitalar, elos de cumplicidade e troca precisam ser firmados, sempre objetivando 
a recuperação da criança.
FIGURA 80 – VÍNCULO PEDAGOGO CRIANÇA
FONTE: Disponível em: <http://www.fiocruz.br/portaliff/cgi/cgilua.exe/sys/
start.htm?infoid=293&sid=74>. Acesso em: 26 nov. 2013.
Parcerias precisam ser firmadas em busca deste objetivo, pois a criança 
é única, mas por trás dela outras muitas outras pessoas estão envolvidas neste 
processo: familiares, médicos, equipe de enfermagem, nutricionista, psicólogo, 
áreas de prestação de serviços gerais (cozinheiras, copeiras, lavadeiras, 
marceneiros), entre outros.
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
181
O hospital é um espaço marcado pela diversidade, e neste sentido é sendo 
importante para a execução e manutenção de um bom trabalho firmar vínculos 
afetivos e profissionais, por meio do acolhimento, da inclusão e da efetivação da 
marca educativa.
Para Silva e Farenzena (2011 p. 115) “o educar se constitui no processo em 
que a criança ou o adulto convive com o outro e, nesse convívio, se transforma 
espontaneamente, de maneira que seu modo de viver se faz progressivamente 
mais congruente com o do outro no espaço de convivência”.
Este processo proporciona uma transformação estrutural e gradativa a 
partir do convívio e da familiarização com as pessoas que por lá circulam, tendo 
por resultado o aprender a conviver com o outro e com a comunidade que o cerca.
A palavra “rotina” faz pouco sentido quando nos remetemos a falar 
do hospital, pois o imprevisível e inusitado circulam diariamente pelo local. 
O pedagogo hospitalar pode ser requisitado a atender em diversos setores 
como: enfermarias, quartos, CTI (Centro de Tratamento Intensivo), oncologia e 
emergência.
Nestes setores cabe ao pedagogo hospitalar garantir à criança hospitalizada, 
conforme Silva e Farenzena (2011) o vínculo ao universo infantil, reconhecendo 
esta condição como um direito social, identificando contextos percorridos por 
cada paciente, intervindo pedagogicamente de forma ativa, sendo este, resultado 
de uma sólida formação. 
Ao atuar no hospital, precisamos compreender que as reações tanto da 
criança quanto dos familiares são as mais diversas diante da doença manifestada, 
considerando que em muitos casos os cuidados e os esforços efetivados pela 
equipe nem sempre surtem os efeitos desejados.
Estabelecer uma posição ativa de intervenção e mediação exige que 
o pedagogo hospitalar esteja preparado para se deparar com sentimentos de 
angústia, raiva, frustração, dor e luto. Para tanto, é preciso assegurar que a equipe 
esteja integrada, afinada e apta para que a proposta pedagógica se mantenha 
firme e atuante.
Diante disso, Silva e Farenzena (2011) ressaltam que o pedagogo atuante 
no ambiente hospitalar necessita facilitar as condições para que a criança 
hospitalizada se mantenha ativa e se assuma como protagonista da própria 
história, proporcionando uma abertura real que reforce a recuperação ou um 
melhor desenvolvimento dos esforços de saúde.
Infelizmente, esta garantia é desconhecida por muitas instâncias educativas 
e sociais. Ao pedagogo hospitalar cabe, através de suas ações, estabelecer 
uma ligação entre os familiares responsáveis pelas crianças e escolas. Quando 
necessário, será preciso exercer uma tarefa educativa a partir dos materiais e 
182
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
orientações enviados pelos professores. Porém, devido à não existência dessa 
possibilidade é comum que a criança permaneça totalmente afastada da escola 
enquanto estiver doente.
A escola pode e deve manter contato com o pequeno paciente, sendo que 
este pode se manifestar conforme Silva e Farenzena (2011) por meio de bilhetes, 
cartazes, mensagens e objetos, e também pela visita de professores e colegas de 
classe, visando fazer com que a criança vivencie momentos de alegria, melhora 
da autoestima, aumento da confiança e fortalecimento dos vínculos afetivos.
Da mesma forma que tais ações são consideradas benéficas, é preciso 
preparar tanto a criança hospitalizada quanto os colegas que vão visitá-
la, orientando-os, de forma simples, por meio de uma linguagem de fácil 
entendimento sobre o que vão encontrar, as condições do colega hospitalizado e 
as possíveis reações como manifestação de emoção, negação ou intensa alegria, 
pois o mesmo processo que visa saúde pode gerar reações de dor e impotência. 
Para tanto sugerimos que, quando o quadro clínico da criança oferecer 
condições, se receba as visitas na brinquedoteca hospitalar no intuito de amenizar 
os impactos da hospitalização, e oferecer ao pequeno e seus visitantes momentos 
ricos em descontração, e que será de grande valia para o pedagogo hospitalar no 
que condiz a observação dos vínculos estabelecidos por eles. 
Silva e Farenzena (2011, p. 123) referem-se ao brincar como
[...] um potente desbloqueador de vias por onde transita a criança, 
munindo-a de ferramentas internas para lidar com sua doença, de 
uma maneira que não seja exclusivamente através do sofrimento. 
Recuperação acelerada, redução de permanência no hospital e no 
custo da hospitalização são alguns dos resultados derivados dessa 
possibilidade de ser e conviver num hospital cuja identidade está 
fundada nos objetivos e saúde e educação.
Este período de hospitalização, partindo de um contexto lúdico, pode 
ser vivenciado através de um processo educativo e de humanização, oferecendo 
condições para que ela desenvolva ações criativas diante de sua doença e da 
situação adversa, tais como: 1) mobilizando as fantasias e representações, 2) 
utilizando-se das brincadeiraspara manifestar e manter suas ligações com o 
saber, 3) expressando suas angústias e 4) expandindo suas estruturas humanas.
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
183
FIGURA 81 – MOMENTOS CRIATIVOS
FONTE: Disponível em: <http://infopediespes.blogspot.com.br/2011/04/
pedagogia-hospitalar-e-de-extrema.html>. Acesso em: 26 nov. 2013.
Neste ínterim, a ação pedagógica desenvolvida permite dar liberdade 
para que a criança expresse o que acontece com ela naquele momento, bem como 
traz subsídios para que quando necessário for, o pedagogo hospitalar acione o 
atendimento de outras equipes profissionais objetivando atendimento de demanda 
específica, sendo estes: psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, assistente social 
etc., objetivando desenvolver de forma multidisciplinar estratégias conjuntas de 
atendimento, contribuindo para que o hospital seja visto como uma entidade 
educativa.
O convívio diário com a possibilidade de vida ou de morte de crianças de 
diversas idades vai além da manifestação de sentimentos de angústia, lágrimas 
declaradas ou escondidas; possibilitando reconfigurar à infância, que até pouco 
tempo não era vista desta forma.
A hospitalização não pode configurar o silenciamento de um protagonismo 
que se refere à condição de ser da criança enquanto sujeito, deve auxiliar na 
construção de uma experiência de vida inserido em um espaço planejado e 
preparado especialmente para buscar, além do restabelecimento da saúde, 
assegurar e dar qualidade a uma trajetória mais digna e humana.
5 A BRINQUEDOTECA
Certamente, acadêmico(a)! Nesta etapa do curso, você deve estar 
familiarizado com a brinquedoteca, pois durante sua caminhada acadêmica na 
pedagogia, você utilizou este recurso pedagógico, em sua prática, ao longo dos 
módulos. Porém, para entendermos a função deste recurso ludopedagógico 
utilizado pelo pedagogo, inserido no ambiente hospitalar, necessitamos rever 
alguns conceitos.
184
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
Para a criança, o brincar traz satisfação e felicidade, mas o lúdico vai 
além disso, acompanhe: 1) proporciona a transformação da realidade em algo 
imaginário; 2) auxilia no desenvolvimento e nas potencialidades; 3) amplia 
o círculo de amizades; 4) coloca em prática regras; 5) aprende a conviver e 6) 
compreende a importância de respeitar o direito dos outros.
Para Cunha (2007) quando brinca a criança nutre sua vida interior, 
descobre sua vocação e busca um sentido para sua vida. 
Sabemos que todas as crianças precisam brincar, porém não são todas que 
têm a oportunidade de colocar em prática esta atividade devido aos seguintes 
fatores: 1) necessitam trabalhar para auxiliar no sustento da família; 2) precisam 
estudar e conseguir notas altas; 3) são condicionadas a agirem como adultos em 
miniatura; 4) não podem atrapalhar os adultos; 5) não têm com o que brincar, 
entre outros.
Atualmente, a maioria dos adultos vivem em função do tempo e do 
imediatismo, buscando constantemente chegar mais rápido, seja no trabalho ou 
em casa, pois estão sempre atrasados, trabalhando cada vez mais e buscando 
envolvimento com a tecnologia diariamente. Diante desta situação, muitos pais 
e professores envolvem as crianças nesta rotina frenética, esquecendo que elas 
necessitam do momento do brincar.
Diante disso, em muitas ocasiões, as crianças fazem uso da imaginação 
para que suas brincadeiras tenham vida e assim colocam em prática este direito 
tão fundamental.
Acadêmico(a)! Quando criança você olhou para o céu e imaginou que as 
nuvens tivessem formato de animais e objetos? Utilize este espaço para relacionar 
outras brincadeiras que necessitassem apenas da imaginação.
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A imaginação também é projetada nos objetos, que nas mãos de uma 
criança ganham vida e significado, sendo denominados de brinquedos. Cunha 
(2011, p. 12) define que
Os brinquedos são parceiros silenciosos que desafiam a criança 
possibilitando descobertas e estimulando a auto expressão. É preciso 
haver tempo para eles, e espaço que assegure o sossego suficiente para 
que a criança brinque e solte a imaginação, inventando, sem medo de 
desgostar alguém ou ser punida. Onde possa brincar com seriedade.
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
185
Podemos dizer que um ambiente propício para a criança brincar com 
seriedade é a brinquedoteca, sendo este, conforme Cunha (2011, p. 13),
[...] um espaço onde as crianças (e os adultos) brincam livremente, com 
todo o estímulo à manifestação de suas potencialidades e necessidades 
lúdicas. Muitos brinquedos, jogos variados e diversos materiais 
permitem expressão da criatividade, mas a brinquedoteca pode existir 
também sem brinquedos, desde que outros estímulos às atividades 
lúdicas sejam proporcionados.
Diante do exposto pela autora, perceba acadêmico(a) que o brincar 
engloba além de objetos a serem manipulados, a função do imaginar e interagir 
colocado em ação. Pense o quão interessante e divertido seria uma brinquedoteca 
só com atividades lúdicas imaginárias, com brincadeiras como pique-esconde, 
pega-pega e teatro? Fica a dica!
FIGURA 82 – BRINQUEDOTECA
FONTE: Disponível em: <http://assimeugosto.com/tag/brinquedoteca/>. Acesso em: 
26 nov. 2013.
Cunha (2007) nos traz que na Europa existem milhares de toy libraries – 
biblioteca de brinquedos, cujo método de funcionamento consiste no empréstimo 
de brinquedos para as crianças levarem às suas casas. Já na Suécia, as Lekoteks 
direcionam o atendimento às crianças com necessidades especiais e orientam as 
famílias a brincar com elas, objetivando a estimulação. Já na Itália, França, Suíça 
e Bélgica as ludotecas, além de emprestarem os brinquedos, recebem a visita das 
crianças.
186
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
UNI
Acadêmico(a)! Você sabia? Que existe uma associação internacional de 
brinquedotecas, na qual o Brasil é membro juntamente com muitos outros países? E que em 
1984 foi fundada a Associação Brasileira de Brinquedotecas? Para saber mais acesse o site: 
<http://brinquedoteca.net.br/>.
No Brasil, a brinquedoteca apresenta uma característica peculiar, 
enquanto as demais, espalhadas pelo mundo, concentram-se em proporcionar o 
empréstimo de brinquedos às crianças, a nossa brinquedoteca tem por objetivo o 
brincar, propriamente dito.
E por falar em brincar, acadêmico(a), você lembra quais são os objetivos 
da brinquedoteca para as crianças? Vamos relembrar, a partir do que Cunha 
(2007, p. 15) nos coloca:
1) Proporcionar um espaço onde a criança possa brincar tranquila, sem 
cobranças e onde sinta que não atrapalha ou perde tempo;
2) Estimular o desenvolvimento de uma vida interior rica e a 
capacidade de concentrar a atenção;
3) Estimular a operatividade das crianças;
4) Favorecer o equilíbrio emocional;
5) Dar oportunidade a à expansão de potencialidades;
6) Desenvolver a inteligência, a criatividade e a sociabilidade;
7) Proporcionar acesso a um número maior de brinquedos, de 
experiências e de descobertas;
8) Dar oportunidade para que a criança aprenda a jogar e participar;
9) Incentivar a valorização do brinquedo como atividade geradora de 
desenvolvimento intelectual, social e emocional;
10) Enriquecer o relacionamento entre as crianças e suas famílias;
11) Valorizar os sentimentos afetivos e cultivar a sensibilidade.
E, obviamente, proporcionar aprendizagem, aquisição de 
conhecimentos e desenvolvimento de habilidades, de forma natural 
e agradável.A brinquedoteca é para as crianças, e porque não dizer também para 
aos adultos, um espaço de construção do conhecimento em que se desenvolve 
habilidades de forma prazerosa, sendo um ambiente de criatividade, afeto e 
apreciação da infância. 
O espaço da brinquedoteca deve ser aconchegante e estimulante, 
proporcionando aos seus frequentadores que se sintam livres para deixar a 
imaginação fluir. Um profissional que deve fazer presente neste espaço é o 
brinquedista, considerado por Cunha (2011) um parceiro de aventura, que 
tem por função descobrir as necessidades e subsidiar as manifestações das 
potencialidades da criança. 
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
187
FIGURA 83 – BRINQUEDOTECA
FONTE: Disponível em: <http://www.feati.com.br/interna.php?pg=brinquedoteca.
php>. Acesso em: 26 nov. 2013.
Vários são os espaços que compõem a brinquedoteca chamados de 
cantos, sendo do brinquedista a função de organizá-los, Cunha (2007) os expõe 
da seguinte forma:
• Canto do faz-de-conta: constituído de mobílias infantis como: dormitório com 
berço, cama, guarda roupas, roupas de boneca, bonecas, cozinha, fantasias etc.
• Canto da leitura: deve ser um lugar com tapete e almofadas, neste espaço os 
livros são manuseados como brinquedos, ou seja, sem a seriedade com que 
seriam usados em uma biblioteca.
• Canto das invenções: o objetivo deste espaço é o de fazer com que a criança 
invente coisas, fazendo uso de jogos de construção ou com material de sucata.
• Sucatoteca: neste espaço são guardados todos aqueles objetos que podem 
servir para fazer coisas diferentes, sendo materiais descartados lavados e 
classificados, que devem ser agrupados em caixas de plástico ou papelão com 
etiqueta que identifiquem seu conteúdo.
188
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
FIGURA 84 – SUCATOTECA
FONTE: Disponível em: <http://emrochapombo.blogspot.com.br/2012_04_01_
archive.html>. Acesso em: 26 nov. 2013.
• Teatro: para poderem criar histórias e manusear fantoches.
• Mesa de atividades: em torno da qual poderão reunir-se para jogar ou para 
fazer qualquer trabalho coletivo.
• Estantes com brinquedos: para serem manuseados livremente, sugerindo 
diferentes formas de brincar.
• Oficina: de construção de brinquedos e de restauração dos que estão quebrados.
• Acervo: local equipado com estantes contendo jogos e quebra-cabeças 
guardados, mas que estão à disposição das crianças. 
É importante salientar que os adultos visitantes também necessitam de 
um espaço, que não seja o mesmo das crianças, pois a presença de adultos no 
ambiente (que não seja a do brinquedista) poderá inibir o processo de criatividade 
das mesmas.
O brincar deve ser observado constantemente, não de forma única, mas 
nas diferentes formas de explorar e interagir com o mundo e o com outro. Conheça 
as várias formas de brincar, de acordo com Cunha (2007):
Explorar, descobrir, xeretar e manipular: quando pequenos passamos 
a conhecer o que nos rodeava a partir do que exploramos. As atividades 
exploratórias são extremamente importantes para o processo de construção do 
conhecimento da criança. Ao manipular objetos ela experimenta o mundo ao seu 
redor pelo prazer de descobrir satisfazendo assim, a sua curiosidade de conhecer. 
As crianças pequenas necessitam manipular os objetos, ou seja, mexem em tudo e 
adoram jogar as coisas no chão, por este motivo precisamos oferecer objetos que 
possam ser manipulados com segurança e ensinar-lhes que tão divertido quanto 
tirar das caixas ou jogar no chão é guardar os objetos novamente. 
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
189
Brincar sozinho: esta modalidade de brincadeira é importante para a 
criança devido à possibilidade que ela tem de mergulhar na própria fantasia 
e alimentar a sua vida interior. Quanto mais profundo for este mergulho 
mais, a criança estará exercitando a capacidade de focar a atenção, inventar e, 
principalmente, permanecer concentrada na atividade. Este momento precisa ser 
respeitado, pois nele são cultivadas qualidades importantes para a formação de 
hábitos que irão fluir na qualidade do seu futuro.
FIGURA 85 – BRINCAR SOZINHO
FONTE: Disponível em:<http://paposozinha.blogspot.com.br/2012_09_01_
archive.html>. Acesso em: 26 nov. 2013.
Brincar de faz de conta: a criança traduz o mundo dos adultos neste estilo 
de brincadeira, sendo que, às vezes o faz de conta não imita a realidade mas, é um 
meio de sair dela assumindo um novo estado. Na existência de uma determinada 
situação, a imaginação é desafiada a buscar soluções para os problemas criados 
pela vivência dos papéis assumidos.
FIGURA 86 – BRINCAR DE FAZ DE CONTA
FONTE: Disponível em: <http://crechecarmen.blogspot.com.br/2013/09/
pre-escola-no-mundo-do-faz-de-conta.html>. Acesso em: 26 nov. 2013.
190
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
Brincar com outras pessoas: brincar com o outro é proporcionar à criança 
estímulo colocando-a apta para receber críticas, que são importantes para a 
socialização. Mesmo que a criança não saiba brincar com outra, mas esteja ao lado 
a lado, cada um com sua brincadeira, começará a ter vontade de participar. Este 
processo inicia nos primeiros meses de vida, na interação dos pais com o bebê. 
Com o avançar do desenvolvimento cronológico e cognitivo, o brincar com outras 
pessoas auxilia no aprendizado e na vivência das regras sociais, no respeito às 
regras, no cumprimento das normas, no esperar a sua vez e no interagir de forma 
organizada.
Brincar em grupo: participar de brincadeiras em grupo é indispensável 
para a manutenção e ampliação das relações sociais. Nas competições, a vitória 
depende de todos; o “mais forte” dependerá também do “mais fraco” para 
conseguir a vitória. Portanto, cabe aos adultos a mediação com as crianças neste 
aspecto, para que compreendam o sentido da competição.
FIGURA 87 – BRINCAR EM GRUPO
FONTE: Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/comportamento/a-
importancia-brincar.htm>. Acesso em: 19 nov. 2013.
Brincar correndo, saltando, pulando: uma coisa é certa, as crianças 
não resistem à oportunidade de saírem correndo pelos corredores, nas praças 
ou em qualquer lugar que dê o mínimo de chance para que isso aconteça. A 
atividade física gera entusiasmo e satisfação, além de ser um ótimo estímulo ao 
desenvolvimento da coordenação motora. Caso o espaço da brinquedoteca seja 
viável para que as crianças possam participar de atividades mais dinâmicas neste 
sentido (que envolvem), tal espaço é oportuno para o controle da ansiedade.
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
191
FIGURA 88 – BRINCAR CORRENDO, SALTANDO E PULANDO
FONTE: Disponível em: <http://ruthapinkbarumluna.blogspot.com.br/2011/04/os-
parentes-distantes-sao-os-melhores-e.html>. Acesso em: 19 nov. 2013.
Brincar experimentando e desenvolvendo habilidades: encaixar, 
empilhar, construir, montar quebra-cabeça, entre outros, são atividades que 
auxiliam na ampliação das habilidades, desde que a criança, ao envolver-se com 
a atividade, sinta satisfação. Estes jogos que provocam as crianças a reflexão para 
chegar ao objetivo, as tornam aptas a desempenharem tarefas que por algum 
motivo não conseguiriam realizar se não estivessem em situação lúdica, livre de 
cobranças e de obrigatoriedade.
FIGURA 89 – BRINCAR EXPERIMENTANDO E DESENVOLVENDO HABILIDADES
FONTE: Disponível em: <http://inclusaobrasil.blogspot.com.br/2011_01_01_
archive.html>. Acesso em: 19 nov. 2013.
192
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
Brincar inventando: para criar é preciso estar motivado, quer seja por um 
desafio, situação-problema ou vontade de expressar uma emoção. Porém, para 
que o ato criativo aconteça, é necessário haver confiança na própria capacidade 
de criar, mesmo que o resultado não seja o esperado, desde que seja aceito pela 
criança.
FIGURA 90 – BRINCAR INVENTANDO
FONTE: Disponível em: <http://blogdati.com/vamos-brincar-de-cabana-e-de-cavalinho-baudediversoes/>. Acesso em: 19 nov. 2013.
Brincar aprendendo: a curiosidade é uma característica dos seres 
humanos e também de outras espécies. Quando crianças somos muito curiosos, 
devido a todos os estímulos que nos são oferecidos. Quando nos tornamos 
adultos perdemos um pouco da curiosidade ao longo do tempo e devido a esta 
perda, acabamos transmitindo para as crianças a mensagem de que aprender é 
obrigatório e sistemático. O processo de construção do conhecimento não deve 
ser transformado em tarefas desinteressantes que cansem e aborreçam, muito 
pelo contrário, deve dar-se de forma lúdica e prazerosa. Quando a pré-escola foi 
transformada em escola, percebemos as crianças de três anos de idade já fazendo 
exercícios preparatórios para a alfabetização. Assim, o brincar foi substituído pela 
necessidade de aprender o quanto antes, a escrever, a ler, a falar outros idiomas, 
a dançar ou praticar judô. Devemos entender que a criança não é um adulto em 
miniatura, e nem deve crescer atendendo apenas às solicitações dos adultos, pois 
assim não desenvolverá autonomia, nem senso de responsabilidade.
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
193
FIGURA 91 – BRINCAR APRENDENDO
FONTE: Disponível em: <http://uj.novaprolink.com.br/noticias/667568/
brinquedoteca_da_defensoria_publica_em_araguaina_desenvolve_projeto_
aprendendo_brincando>. Acesso em: 19 nov. 2013. 
Brincar jogando e competindo: para jogar precisa-se de um parceiro, mesmo 
que seja opositor, pois ambos estabelecem uma relação de cumplicidade diante do 
objetivo do jogo. Esta relação expõe as potencialidades dos participantes, afeta suas 
emoções, põe à prova suas aptidões e testa seus limites. A competitividade de uma 
situação de jogo pode ocasionar sentimentos de oposição causados pela frustração do 
perdedor ou, até mesmo, pelo estresse de quem teve que lutar muito para conseguir 
vencer. Neste movimento, há um aspecto positivo importante que é a motivação, que 
origina o prazer em participar e o desafio existente na possibilidade de vencer.
FIGURA 92 – BRINCAR JOGANDO E COMPETINDO
FONTE: Disponível em: <http://www.fitfutures.com.au/top-nav/fit-kids/
soccer-stars.html>. Acesso em: 19 nov. 2013.
194
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
Brincar/trabalhar: é brincando que a criança aprende a gostar de 
trabalhar, pois estando em atividade, ela descobre o prazer de estar ocupada, 
operando e envolvendo-se por livre e espontânea vontade. Para que a riqueza 
deste momento não se perca, o educador deve comportar-se de modo respeitoso 
e ao mesmo tempo nutrir o interesse manifestado pela criança. O hábito de se 
ocupar utilizando a criatividade, quando bem cultivado, proporciona satisfação 
pessoal que com a maturidade, pode transformar-se em predisposição para uma 
determinada área de trabalho.
FIGURA 93 – BRINCAR/TRABALHAR
FONTE: Disponível em: <http://br.pixersize.com/fotomurais/criancas-brincando-em-
profiss-es-46222881>. Acesso em: 19 nov. 2013.
Acadêmico(a)! É importante que, enquanto futuros pedagogos(as), 
busquemos estar atentos às questões que correspondam às formas de brincar, 
para que possamos mediar estas atividades conforme se manifestem nas crianças. 
A brinquedoteca é um local de muita brincadeira e aprendizagem. Para 
tanto, precisamos deixar que as crianças manifestem seus desejos, utilizando-os 
em prol da ampliação das habilidades e no trabalho de conceitos como respeito e 
solidariedade, princípios fundamentais para a formação do ser humano.
5.1 OS BRINQUEDOS
Podemos dizer que, na mão de uma criança quase tudo vira brinquedo, 
porém muitos objetos são impróprios, às crianças nas diferentes faixas etárias. 
Conforme você já deve ter estudado, Jean Piaget é um dos principais estudiosos 
do comportamento e aprendizagem infantil. A partir dos períodos, determinado 
por Piaget você conhecerá então, como Cunha (2007) classifica os brinquedos 
conforme a idade da criança:
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
195
I- Período sensório (0 a 2 anos)
• Primeiro mês: neste período o comportamento do bebê se apresenta através de 
reflexos.
• Segundo mês: móbiles coloridos; mobiles que se movimentam; móbiles 
sonoros; móbiles improvisados (por exemplo, com panos coloridos).
• Quatro meses: nesta fase a criança manifesta algumas ações intencionais como 
estender os bracinhos e conhecimento de mundo se dá através de qualquer 
objeto que puder levar à boca.
• Seis meses: móbiles colocados ao alcance da mão da criança; chocalhos 
pequenos; brinquedos para morder; bichinhos de vinil; bola-bebê de diferentes 
texturas, martelos de borracha.
• Oito a doze meses: brinquedos de puxar e empurrar livros de pano; argolas de 
plástico para encaixar; cubos de pano; João bobo, caixa com vários objetos para 
pôr e tirar; caixa de música; vasilhas para encaixar umas nas outras; bonecas de 
pano; cavalinho de pau.
• Doze a dezoito meses: nesta fase são interessantes os chamados brinquedos 
pedagógicos, aqueles que oferecem oportunidade de manipulação visando a 
alguma proposta, como encaixar argolas; ou brinquedos que a criança precisa 
apertar botões; abrir e fechar portinhas etc.
• Dezoito a vinte e quatro meses: brinquedos de empurrar; carrinhos ou outros 
brinquedos de puxar; blocos de construção; bate-estacas; brinquedos de 
desmontar (grandes); degraus e pequenos escorregadores; túneis para passar 
por dentro; carro ou bicicleta sem pedal.
FIGURA 94 – BRINQUEDOS PARA CRIANÇAS ATÉ DOIS ANOS
FONTE: Disponível em: <http://www.estimulakids.com.br/2011/10/vamos-
brincar-como-escolher-o-brinquedo.html>. Acesso em: 19 nov. 2013.
196
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
II – Período das operações concretas (2 a 12 anos)
• Período pré-operacional (2 a 7 anos): neste estágio o pensamento apresenta 
características marcantes como relacionar tudo o que acontece ao seu redor com 
seus sentimentos e ações; ser incapaz de perceber o ponto de vista dos outros; 
considerar só um aspecto das situações e tirar conclusões baseadas em um único 
aspecto perceptivo, ou seja, com frases do tipo “meu pai disse” ou “a professora 
disse que é assim”. A seguir, você verá quais brinquedos são considerados ideais 
para as crianças no que condiz às categorias do desenvolvimento:
• Período pré-conceitual: 2 a 4 anos: livros de pano com figuras; telefone; 
panelinhas do tipo utensílios de cozinha; mobílias e objetos domésticos; 
bonecas; máscaras, chapéus, fantasias e capas; fantoches; bichinhos de plástico 
e de pelúcia; massa de modelar; quebra-cabeças simples; tambor, pandeiro e 
corneta; carros, caminhões, trenzinhos e aviões; pianinho ou xilofone; cabanas 
e casinhas; balde e pazinhas; triciclo; material para fazer bolas de sabão.
• Período intuitivo (4 a 7 anos): blocos de construção; material para pintura e 
desenho; jogos como dominó, loto, damas, jogos de circuito, carrinho de 
boneca, livros de história.
• Período das operações concretas (7 a 12 anos): bolas e raquetes, boliche, futebol de 
botão, peteca, jogos de montar (que provoquem a criança a criar) construção, de 
circuito, de perguntas e respostas, damas, xadrez, minilaboratórios, quebra-cabeças 
com maior grau de dificuldade; ferramentas para a construção de brinquedos.
FIGURA 95 – BRINQUEDOS PARA CRIANÇAS ATÉ 12 ANOS
FONTE: Disponível em: <http://mosca-branca.blogspot.com.br/2013/05/e-se-
voce-alugasse-os-brinquedos-dos.html>. Acesso em: 19 nov. 2013.
III – Período das operações formais (12 anos em diante)
Os pré-adolescentes também necessitam de um espaço e cabe aos 
adultos proporcionarem um ambiente agradável para o desenvolvimento destas 
atividades, sendo assim, um ponto de encontro com alguns jogos divertidos. 
Os chamados jogos de adultos, ou jogos sociais proporcionam informações e 
diversão, além de poderem tratar de temas atuais.
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
197
FIGURA 96 – JOGOS PARA PRÉ-ADOLESCENTESFONTE: Disponível em: <http://blogdebrinquedo.com.br/2008/05/08/replica-de-
luxo-do-banco-imobiliario-de-1935/>. Acesso em: 19 nov. 2013.
Os brinquedos são instrumentos que proporcionam à criança expressar 
seus sentimentos e até mesmo de externar uma situação pela qual está passando, 
portanto, os brinquedos não devem ser utilizados com o intuito de distrair ou 
manter a criança ocupada. Vale ressaltar que enquanto futuros profissionais da 
educação, o brinquedo e a brincadeira podem nos mostrar várias possibilidades 
de atuação com a criança, bem como, fornecer subsídios de suas necessidades, 
portanto, façamos uso inteligente destes recursos!
UNI
Acadêmico(a)! Retome os cadernos das disciplinas de Psicologia Geral e do 
Desenvolvimento e Psicologia da Educação e Aprendizagem, para revisar os conteúdos 
referentes à teoria de Piaget e estabeleça uma relação dos estágios do desenvolvimento e os 
brinquedos pertinentes a cada um deles.
6 A BRINQUEDOTECA HOSPITALAR
Se para os adultos, permanecer em um hospital não é uma das experiências 
mais agradáveis, imagine então quando esta situação é vivenciada por uma 
criança. Neste sentido, a brinquedoteca objetiva que esta estadia seja alegre e 
prazerosa, tornando-a menos traumatizante possível, possibilitando melhores 
condições para a recuperação da criança.
198
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
Cunha (2007, p. 95) nos esclarece os impactos na rotina da criança em relação 
a internação:
A internação num hospital, além de provocar uma interrupção na 
rotina da vida da criança, favorece a sua insegurança porque a prova 
de seus parentes e amigos, seus brinquedos e tudo o que lhe é familiar. 
Ela fica, portanto sujeita a deixar-se envolver pelo pânico ou pela 
tristeza, o que certamente dificultará tanto a aceitação do tratamento 
como sua recuperação. 
A brinquedoteca hospitalar propicia à criança momentos de alegria 
durante sua permanência no hospital. Neste ambiente lúdico, a criança que estiver 
em condições de locomover-se encontrará brinquedos que lhe proporcionarão 
momentos agradáveis e felizes; já para aquelas que não apresentam condições de 
sair do leito, os brinquedos deverão ser levados até elas.
FIGURA 97 – BRINQUEDOTECA HOSPITALAR
FONTE: Disponível em: <http://blog.herv.org.br/2011/03/brinquedoteca-do-hpdg-e-
inaugurada.html>. Acesso em: 21 nov. 2013.
Sendo o hospital um local que necessita de cuidados especiais em relação 
à limpeza dos brinquedos, Cunha (2007, p. 95) nos lembra que:
Os cuidados tomados habitualmente com relação à higiene e 
esterilização precisam ser mantidos em relação aos brinquedos. Nos 
setores em que atendem moléstias infecciosas, os brinquedos deverão 
ser descartáveis. Se houver voluntários no hospital, eles poderão fazer 
brinquedos de sucata, que serão jogados fora após a utilização. Nos 
hospitais existem muitos materiais descartáveis que, se não tiverem 
sido expostos à contaminação, poderão ser utilizados na confecção de 
brinquedos ou ser entregues às crianças para que elas criem com eles.
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
199
Diante disto, o pedagogo(a) que atuará neste segmento, deverá ter 
uma preparação especial, com orientação do setor de vigilância sanitária e 
epidemiológica do hospital, para que possa seguir as normativas específicas 
que estabelecem os cuidados a serem tomados e, principalmente a seleção dos 
brinquedos para que não haja risco de contaminação entre as crianças.
É preciso salientar, que os objetos utilizados na brinquedoteca, após a 
manipulação pelas crianças, devem ser higienizados conforme as orientações 
estabelecidas pelo hospital, considerando que alguns brinquedos (mesmo que 
façam parte da brinquedoteca, conforme citados anteriormente) talvez não 
possam fazer parte do acervo devido às normas de prevenção estabelecidas pela 
instituição ou órgão responsável.
Cunha (2007) nos enfatiza os objetivos da brinquedoteca hospitalar:
1) Preparar a criança para as situações novas que irá enfrentar: o brinquedista 
poderá sugerir à criança fantasiar-se de médico ou enfermeiro, brincar com 
instrumentos cirúrgicos de brinquedo, fazendo com que as situações lúdicas 
sirvam para que a criança tome conhecimento dos detalhes da rotina do 
hospital e sobre seu próprio tratamento. Neste momento é preciso estimular a 
criança a questionar sobre seus medos para que possam ser esclarecidos.
2) Preservar a saúde emocional: proporcionar momentos lúdicos com outras 
crianças que estão na instituição, e fortalecer a criança diante de sua fragilidade, 
objetivando fazê-la superar este momento de adversidade.
3) Dar continuidade ao processo de estimulação de seu desenvolvimento: uma 
internação prolongada gera uma grade interrupção das atividades em que a 
criança processa o seu desenvolvimento, vive experiências e aprende. Para 
que ela não seja prejudicada, o hospital precisa oferecer oportunidades de 
interação.
4) Tornar o ambiente agradável: o ambiente da brinquedoteca pode servir como 
um ponto de encontro da criança com a família ou outras visitas, para que ela 
não seja colocada na posição de vítima pelas pessoas que a cercam naquele 
momento, evitando que a criança passe por experiências desnecessárias e 
desgastantes diante da condição de paciente.
5) Preparar a criança para a volta ao lar: a longa permanência pode acarretar 
à criança, como consequência, a quebra de alguns vínculos familiares e de 
amizades, necessitando de auxílio para reatá-los. Dependendo das condições 
nas quais a criança foi hospitalizada, um vínculo familiar poderá ter sido 
firmado com a equipe e com a própria instituição, principalmente quando o 
processo de internação foi originado pela carência de alimento ou condições de 
higiene.
A atuação do pedagogo hospitalar, além do vínculo afetivo com a criança, 
consiste em estar em contato direto com a equipe médica e de enfermagem 
responsáveis pelo cuidado da mesma, objetivando ter conhecimento sobre o 
quadro clínico, procedimentos e o tempo de permanência da criança no hospital. 
200
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
O contato com a família deve ser harmonioso enfatizando a aproximação e 
o fortalecimento das relações com a criança, considerando o momento de 
fragilidade vivenciado por ambos. Também cabe ao pedagogo hospitalar evitar 
repassar qualquer informação à família que possa gerar dúvidas ou desencontro 
de informações. Cabe a ele também, orientar para que os familiares procurem a 
equipe responsável para obter qualquer informação referente ao quadro clínico 
ou tratamento.
FIGURA 98 – FAMÍLIA NA BRINQUEDOTECA HOSPITALAR
FONTE: Disponível em: <http://wwwluciaandradebloggercom.blogspot.com.
br/2010/10/curso-de-brinquedista-hospitalar-uerj.html>. Acesso em: 21 nov. 2013.
Outro aspecto também muito importante é ter consciência de que num 
ambiente de dor e fragilidade, certas situações podem gerar desconforto e 
sentimentos diversos, portanto, é importante procurar um profissional para troca 
de informações ou suporte emocional, evitando comentários com pessoas que 
não sejam do meio hospitalar.
Diante disso, acadêmico(a), é praticamente impossível deixar de abordar 
um assunto que diariamente ronda os corredores de um hospital, motivo de 
tristeza, frustração e sentimento de impotência por parte dos familiares e da 
equipe técnica. A partir de agora abordaremos um tema bem complexo para 
todos nós: a morte!
7 COMO FALAR SOBRE A MORTE PARA AS CRIANÇAS?
Como já vimos anteriormente, acadêmico(a), o hospital é um local em 
que a vida e a morte caminham lado a lado e tratar deste tema é de extrema 
importância, especialmente ao pedagogo que escolher esta vertente para 
consolidar sua carreira. 
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
201
A morte é um assunto delicado e, muitas pessoas evitam falar, pensar ou 
ler a respeito dela, por uma série de questões pessoais ou por se entregarem à 
ilusão quetal acontecimento nunca baterá à sua porta.
Para muitos adultos discutir sobre este assunto traz à tona os medos e 
inseguranças, que talvez estejam disfarçados ou adormecidos; e que se manifestam 
de alguma forma através de comportamentos destrutivos como: a pessoa diabética 
que não segue a dieta recomendada, o motorista que guia seu carro de forma 
imprudente, o pai que guarda uma arma de fogo ao alcance do filho etc.
FIGURA 99 – ARMAS E CRIANÇAS
FONTE: Disponível em: <http://www.casernapapamike.com.br/seguranca-na-
guarda-de-armas-de-fogo-em-casa/>. Acesso em: 26 nov. 2013.
A morte e os acontecimentos que a antecedem sempre estarão presentes 
em nosso cotidiano, ligado aos amigos, parentes ou colegas de trabalho. A morte 
amedronta os seres humanos desde o primórdio dos tempos, pois é associada às 
guerras, epidemias, desastres naturais ou acidentes, que dizimaram e dizimam 
vidas até hoje. 
Até pouco tempo atrás a maioria das famílias já havia perdido um parente 
de pouca idade, porém, com o avançar da tecnologia na área da saúde e a melhora 
nas condições de vida, estas mortes tornaram-se menos comuns, embora o ideal 
na saúde ainda esteja longe de acontecer.
A morte é um assunto que assusta a todos (pais, educadores, profissionais 
da saúde, velhos, jovens, crianças), pois nos afeta em nossa fragilidade e ignorância 
de como lidar com o fim e com a incapacidade de controlar os acontecimentos. 
Klüber-Ross (2008, p. 7) nos faz refletir:
202
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
Quando crescemos e começamos a perceber que nossa onipotência não 
é tão onipotente assim, que nossos desejos mais fortes não têm força 
suficiente para tornar possível o impossível, desaparece o mesmo de 
se ter contribuído para a morte de um ente querido e, por conseguinte, 
some a culpa; o medo permanece subjacente, mas só enquanto não for 
fortemente despertado. 
Morrer é parte do processo de viver, embora poucos estejam preparados 
para isso, desejando saber mais sobre o assunto e preferindo manter distância 
deste momento. Porém, diariamente ocupa espaço nos diferentes meios de 
comunicação, especialmente nos noticiários.
Ao falarmos sobre a morte, Paiva (2011) nos propõe uma reflexão 
importante, levando-nos à compreensão de que necessitamos deste processo 
de conscientização de nossa finitude, de nossa condição humana, de nossas 
singularidades como mortais, abrindo-nos para a possibilidade de pensarmos em 
humanização.
Ao possibilitarmos um espaço, objetivando facilitar à exposição do 
tema, a escuta, os relatos das dificuldades e dos medos, a troca de opiniões e 
de experiências; percebemos que, este momento surge de forma a potencializar 
transformações e ressignificações da vida, nos tornando mais humanos.
No que condiz à criança, por ser nosso foco principal enquanto pedagogos, 
percebe-se que, os adultos subestimam a capacidade dos pequenos sem lidar com 
o assunto, com a desculpa de protegê-los, impedindo-os assim de olhar para a 
realidade e suas perdas. Paiva (2011, p. 37) reforça tal preocupação de forma 
simples:
Os ganhos são valorizados, e as perdas, muitas vezes, negadas. 
E, por causa disso, reforçamos a dificuldade de lidar com várias 
perdas vivenciadas ao longo da vida, com os valores mais diversos: o 
brinquedo quebrado, o animal de estimação que morre, o amiguinho 
que se mudou, a morte de alguém... É preciso lembrar que não 
podemos quantificar a dor, pois é individual, singular e subjetiva.
Os adultos envolvidos pelos seus próprios mecanismos de defesa 
emocional, costumam dizer, que a morte é um assunto a ser evitado com as 
crianças, fazendo uso de um falso pretexto de não perturbá-las com preocupações 
desnecessárias. Tal comportamento manifestado pelos adultos, só condiz à 
própria incompreensão e dificuldade de não saber como tratar disso com as 
crianças, fazendo parecer que a morte seja um assunto alheio e distante do 
universo infantil.
Paiva (2011) reforça que a morte é a única situação da qual não temos 
controle, e que um dia acontecerá fatalmente, portanto evitar falar sobre este 
assunto poderá dificultar o entendimento da criança sobre o ciclo da vida. 
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
203
FIGURA 100 – CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE A MORTE
FONTE: Disponível em: <http://thedamneds.blogspot.com.br/2010/06/criancas-
da-sepultura.html>. Acesso em: 26 nov. 2013.
As crianças apresentam um comportamento naturalmente curioso e por 
isso querem descobrir a vida e seus mistérios. Para tudo, elas buscam um porquê. 
Conforme crescem adquirem novos conhecimentos e aprendem por meio da 
exploração do seu mundo. Desde cedo a criança passa por experiências que lhe 
permitem ter uma noção da morte e, evitar esta questão é negar uma realidade. 
Paiva (2011) apud Torres (1999), nos lembra que “para a criança, a morte não 
é apenas um desafio cognitivo para seu pensamento, mas também um desafio 
afetivo”.
Diante disto, Paiva (2011) nos traz um estudo sobre a aquisição do conceito 
da morte pelas crianças, de acordo com os estágios estabelecidos por Jean Piaget, 
apontando diferenças para cada estágio:
• Período sensório-motor (0 a 2 anos, antes da aquisição da linguagem): o 
conceito de morte é inexistente; a morte é percebida como ausência e falta; a 
morte corresponde à experiência do dormir e acordar: percepção do ser e não 
ser.
• Período pré-operacional (3 a 5 anos): as crianças compreendem a morte como um 
fenômeno temporário e reversível, não a compreendendo como uma ausência 
sem retorno; atribuem vida à morte, ou seja, não separam a vida da morte; 
entendem a morte ligada à imobilidade; apresentam um pensamento mágico 
e egocêntrico; são autorreferentes e para elas tudo é possível; compreendem a 
linguagem de modo literal e concreto.
• Período operacional (6 a 9 anos): apresentam uma organização em relação 
ao espaço e tempo; distinguem melhor os seres animados dos inanimados; 
entendem a oposição entre a vida e a morte, compreendendo a morte como um 
processo definitivo e permanente; compreendem e irreversibilidade da morte; 
204
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
há uma diminuição do pensamento mágico, predominando o pensamento 
concreto; ainda não são capazes de explicar adequadamente as causas da 
morte; conseguem aprender o conceito de morte em sua totalidade em relação 
a não funcionalidade, à irreversibilidade e à inevitabilidade.
• Período de operações formais (10 anos até a adolescência): o conceito de morte, 
devido ao pensamento formal, torna-se mais abstrato; já compreendem a morte 
como inevitável e universal, irreversível e pessoal; as explicações são de ordem 
natural, fisiológica e teológica.
O luto estende-se à criança da mesma forma que é manifestada pelo adulto, 
diante disso, Paiva (2011) apud Torres (1999) identifica três etapas principais no 
processo natural do luto infantil:
1. Protesto: a criança não acredita que a pessoa esteja morta e luta para recuperá-
la; chora, agita-se e busca qualquer imagem ou som que personifique a pessoa 
ausente.
FIGURA 101 – PROTESTO
FONTE: Disponível em: <http://www.diariodearaxa.com.br/Materia/Colunista/
Thiago-Melo/2011/8/As-criancas-e-a-morte/509.aspx>. Acesso em: 26 nov. 2013.
1. Desespero e desorganização da personalidade: a criança começa a aceitar o fato 
de que a pessoa amada realmente morreu; o anseio por sua volta não diminui, 
mas a esperança de sua satisfação esmorece. Não grita mais, torna-se apática e 
retraída, porém isso não significa que tenha esquecida a pessoa que morreu.
2. Esperança: a criança começa a buscar novas relações e a organizar a vida sem a 
presença da pessoa falecida.
TÓPICO 2 | PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE
205
Acadêmico(a)! Perceba a importância de se ter conhecimento sobre essas 
fases do luto, principalmente como acontecem em relação à idade da criança, 
não somente ao pedagogo hospitalar, mas a todos os profissionais das áreas de 
atuaçãoda pedagogia, pois a morte está ligada a todas elas. Portanto, é necessário 
sabermos quais são as reações das crianças diante das situações de crise ao longo 
da vida, Paiva (2011, p. 47-48) orienta em relação a como podemos auxiliar a 
criança diante do processo de luto, vejamos:
1. Promover comunicação aberta e segura dentro da família, 
informando a criança sobre o que aconteceu.
2. Garantir que terá tempo necessário para elaborar o luto.
3. Disponibilizar um ouvinte compreensivo toda vez que sentir 
saudade, tristeza, culpa e raiva.
4. Assegurar que continuará tendo proteção.
Paiva (2011) apud Velasques-Cordero (1996) enumera dez maneiras de 
auxiliar a criança no enfrentamento da perda e do luto:
1. Encorajar a criança a expressar seus sentimentos.
2. Responder às perguntas com sinceridade e expressar suas emoções 
honestamente.
3. Discutir sobre a morte de forma que a criança possa entender.
4. Falar com a criança respeitando seu nível de compreensão.
5. Ser paciente e permitir que ela repita a mesma pergunta, oportunizando que 
expresse sua confusão e medo.
6. Evitar fomentar expectativas.
7. Sugerir caminhos para que a criança possa lembrar-se da pessoa, através de 
desenhos e cartas.
8. Aceitar os sentimentos, percepções e reações das crianças, bem como diferenças 
de opiniões, dúvidas e questões.
9. Indicar serviços especializados, caso identificar a necessidade.
10. Preparar a criança para continuar a vida, reforçando que isso lhe causará 
bem-estar após algum tempo (lembrando que o tempo difere de criança para 
criança).
Para a criança, enfrentar a perda de um dos pais, é considerada a maior 
crise na vida. Diante de tal acontecimento dificilmente o mundo será o mesmo 
lugar seguro de antes. Paiva (2011) nos orienta a respeito do que pode acontecer 
com a criança desse fato:
1. A criança pode permanecer na fantasia ligada ao progenitor morto.
2. Investir a libido em atividades.
3. Ter medo de amar as pessoas.
4. Aceitar a perda e substituí-la por outra pessoa que possa amar.
206
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
Acadêmico(a)! Considerando os pontos abordados, é seguro afirmar que 
as condições de funcionamento da família influem diretamente na qualidade 
de elaboração do luto, e é importante pensar em alternativas de como será o 
enfrentamento de suas perdas diante das pessoas que cuidam desta criança. Isso 
envolve a família, a escola e também no ambiente de saúde.
No contexto hospitalar, comunicar a morte de um parente a uma criança é 
tarefa do médico ou psicólogo, em alguns casos pode-se requisitar a presença do 
pedagogo hospitalar. Nesta situação, é importante informá-la de maneira clara, 
porém carinhosa, utilizando analogias para que ela assimile o acontecimento e, 
buscando sempre situá-la da realidade. Além disso, deve-se procurar estar sempre 
acompanhado de um familiar, para que possa lhe proporcionar aconchego e 
carinho.
O pedagogo hospitalar pode não se sentir apto a acompanhar o momento 
em que a notícia será dada à criança e, isso não significará despreparo profissional 
ou fraqueza de sua parte. Vale lembrar que somos dotados de sentimentos e é 
importante conhecê-los para o estabelecimento de nossos próprios limites.
Assim, acadêmico(a), busque tomar conhecimento se na sua região há 
atuação do pedagogo nos hospitais e faça uma visita para conhecer de perto seu 
trabalho. Caso não exista a atuação deste profissional nos hospitais perto de você, 
busque saber mais por meio de leituras! 
Bons estudos!
207
 Neste tópico, você aprendeu que:
• As crianças reagem à hospitalização e as fantasias elaboradas em relação a este 
momento nas diferentes fases do desenvolvimento.
• O papel do pedagogo hospitalar e de que forma é a atuação deste profissional 
num ambiente de fragilidade.
• A brinquedoteca hospitalar, bem como, seus benefícios na conduta do 
tratamento das crianças hospitalizadas e a condição que este ambiente traz no 
fortalecimento do vínculo entre a criança e seus familiares.
• As dificuldades enfrentadas pela criança em relação à morte e como desenvolver 
trabalhos relativos e este tema tão delicado.
RESUMO DO TÓPICO 2
208
AUTOATIVIDADE
Agora que você concluiu os estudos referentes a este tópico, responda às 
questões a seguir:
1 A maioria das pessoas apresenta resistência ao tratar de um assunto tão 
delicado quanto à morte, principalmente quando este tema deve ser tratado 
com uma criança. Diante do pressuposto, assinale V para as alternativas 
verdadeiras e F para as falsas:
( ) É função do pedagogo hospitalar comunicar à criança o falecimento de 
um ente querido.
( ) A notícia deve ser transmitida de forma breve, sendo desnecessário 
importar-se com a reação da criança.
( ) Deve ser permitido à criança que questione sobre os acontecimentos, 
respondendo a ela conforme seu nível de compreensão.
( ) Os adultos precisam ter consciência que é preciso omitir o falecimento de 
um ente querido até que a criança tenha idade para entender.
Agora, assinale a sequência CORRETA: 
( ) F – F – V – F.
( ) F – V – V – F.
( ) V – V – F – F.
( ) V – V – V – F.
209
TÓPICO 3
PEDAGOGIA ORGANIZACIONAL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico(a)! Neste momento, você vai conhecer um campo de trabalho, 
em que a contribuição do pedagogo é de grande valia: a pedagogia organizacional. 
Um campo relativamente novo para esta categoria profissional junto ao setor 
de Recursos Humanos (RH), especialmente no contexto brasileiro. Porém, seus 
saberes são fundamentais para o desenvolvimento de atividades que dirigem o 
aperfeiçoamento dos trabalhadores que constituem uma organização.
2 O PAPEL DO SETOR DE RECURSOS HUMANOS NO 
TREINAMENTO DE PESSOAL
A partir deste momento você acompanhará em seus estudos alguns 
conceitos e instrumentos referentes ao setor de recursos humanos. O pedagogo 
atuará diretamente ao ser inserido neste departamento de uma organização; para 
tanto, é importante que esteja familiarizado com uma atividade diretamente 
ligada a sua atuação: o treinamento. 
O treinamento é uma das inúmeras atividades pertinentes ao setor de recursos 
humanos, sendo primordial na formação profissional, por meio do repasse de 
informações e interiorização de conhecimentos aos colaboradores. Este movimento 
está voltado ao aumento e aprimoramento das habilidades dos envolvidos.
FIGURA 102 – TREINAMENTO
FONTE: Disponível em: <http://www.acil.com.br/treinamentos-e-palestras>. Acesso 
em: 29 dez. 2013.
UNIDADE 3 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
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Carvalho (2006) afirma que as ações de treinamento profissional necessitam 
incorporar um caráter de aprendizagem ativa ou aprendizagem viva, ou seja, 
caracterizam-se pelo grau de interesse, vibração e entusiasmo dos participantes; 
para isso, seus conteúdos programáticos devem trazer informações apropriadas, 
que prendam a atenção, cativem e atraiam o interesse dos participantes.
O treinamento está de várias formas ligado à educação, visando que este 
movimento implica despertar dons, aptidões e capacidades que, na maioria das 
vezes encontram-se adormecidos.
Carvalho (2006, p. 15) considera que:
O processo educativo tem como função estruturar o homem na sua 
condição subjetiva. O ambiente em que vive é um dos meios que 
contribuem para a sua constituição. Desse modo, entendemos que a 
educação se dá desde o nascimento do ser humano, que precisa de 
amparo e referencial. Esse é o sustentáculo para que possa ao longo 
de sua existência, ter condições de enfrentar dificuldades e obstáculos 
naturais que a vida impõe. Esse período no qual ele vai adquirir 
defesas, aptidões, dons, entre outras características. Além da família, 
outros ambientes também vão contribuir para seu convívio social, 
sendo a escola um dos universos favoráveis para esse aprendizado.
A inserção na vida laboral possibilita ao indivíduo demonstrar, mesmo 
que for de forma velada, sua dinâmica pessoal e a maneira com que lida com as 
dificuldades que o cotidiano lhe

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