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Disponibilidade e escassez de recursos e matéria-prima na indústria

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UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL
RENATA FERRAZ CERETTA
DISPONIBILIDADE E ESCASSEZ DE RECURSOS E MATÉRIA-PRIMA NA INDÚSTRIA
Santa Cruz do Sul – RS
2020
RESUMO
	A humanidade, a partir do ponto em que atingiu sua sapiência, passou a utilizar os recursos do planeta para confeccionar ferramentas, armas, roupas e inúmeros outros materiais, fossem eles essenciais à sobrevivência ou apenas excedentes de uma mente criativa. Com a ascensão das indústrias a partir do século XVIII, a qual ocasionou uma demanda estratosférica de matéria-prima retirada da natureza, os recursos foram tornando-se gradativamente escassos, tanto às indústrias quanto à população. Como reflexo começamos a viver, hoje, o início de uma era de carência de insumos e aumento desproporcional da necessidade destes, a qual afeta tanto a sociedade quanto o meio onde ela está inserida.
SUMÁRIO
1	Introdução ao problema ....................................................................................	4
2	Causas ..............................................................................................................	4
3	Soluções ............................................................................................................	5
4	Considerações Finais ........................................................................................ 6
5	Referências ........................................................................................................ 7
INTRODUÇÃO AO PROBLEMA
	Ressaltando o problema em sua raiz, a disponibilidade e a escassez de recursos nas indústrias têm origem na própria índole humana, a qual não se satisfaz com o pouco que a mantém viva, extraindo da natureza tudo aquilo que pode proporcionar luxo e bem-estar em demasia. Matérias-primas minerais, metálicas e fósseis estão disponíveis limitadamente no mundo e, em sua maioria, não se renovam sozinhas ou com a velocidade que o cotidiano exige. 
	Tratando-se de expectativas e estimativas, a Global Footprint Network deduz que, para manter o consumo de recursos que há hoje sem esgotar os recursos existentes, as indústrias necessitariam de quase dois planetas Terra apenas para a extração desordenada de insumos. Desta forma, percebe-se que a humanidade exige muito mais da natureza do que esta pode oferecer, o que gerará um colapso industrial, econômico e climático em poucos anos.
	Dentro das indústrias, este problema apresenta-se como o motor primário de uma perigosa reação em cadeia. Quanto mais escassos os recursos mais caros estes serão, o que irá exigir um gasto muito maior em matéria-prima e energia. O valor acrescido à necessidade de compra da matéria será descontado dos funcionários (que ficarão desempregados) e da manutenção de equipamentos de segurança, o que poderá ocasionar acidentes, contaminações e desastres em larga escala. 
	À luz dos acontecimentos, nota-se também que a qualidade de outros recursos naturais como água, ar e solo pode ser prejudicada negativamente e de forma permanente em virtude da exploração econômica. Quanto maior a necessidade de luxo por parte dos compradores, maior a exigência nas indústrias, e maior a exploração insustentável do ambiente.
CAUSAS
	Sob a ótica ressaltada anteriormente, é possível deduzir que a disponibilidade e a escassez de recursos nas indústrias possuem diversas e inúmeras causas. No entanto a superpopulação atual, a irresponsabilidade diante do uso e descarte da matéria-prima e a necessidade insaciável de poder e luxo pelas classes dominantes tornam-se os fatores principais deste problema.
	Primariamente, é importante destacar o crescimento absurdamente desproporcional da população humana terrestre comparado à capacidade de regeneração da natureza. Estima-se que, há dez mil anos atrás, cada habitante do planeta possuía 30 quilômetros quadrados de terra para explorar durante toda sua vida. Atualmente, essa quantia diminuiu bruscamente para apenas dois quarteirões, o que reforça a teoria malthusiana de que a fome e a miséria são proporcionais à quantia de pessoas e à exploração de recursos. Industrialmente, a produção de produtos essenciais como alimentos utiliza muito mais do que dois quarteirões de matéria-prima por pessoa, especialmente quando se trata de recursos hídricos.
	Outrossim, o destino das indústrias está diretamente relacionado à existência e abundância de água, bem como da falta dela. No Brasil, país onde 90% da energia é fornecida por hidrelétricas, o simples ato de acender uma lâmpada depende do nível e da disponibilidade hídricos. Tomando outros exemplos, para produzir um quilo de carne bovina são necessários dezessete mil litros de água, para uma barra de chocolate são gastos mil e setecentos e para um carro quatrocentos mil. Além disso, a péssima manutenção e a incapacidade das empresas e fábricas em reutilizar a água nos mais diversos processos contribui para a sua iminente escassez uma vez que, somente no Brasil, 40% de toda a água pura, tratada e potável é desperdiçada em vazamentos, fraudes e má distribuição industrial. Nesse ritmo, estima-se que um terço da população mundial sofrerá com a falta de água em 2025, o que representaria a entrada de um era de guerras hídricas, fechamento de indústrias e miséria mundial há apenas cinco anos no futuro.
	Muito mais que uma necessidade, a disponibilidade de recursos trata-se, atualmente, de um luxo pertencente à poucos, os quais dificilmente reconhecem o tamanho de seus privilégios. Nas indústrias, o dilema entre sustentabilidade e lucro é constante e cotidiano, afinal, o que produzir para uma sociedade polarizada, onde um extremo vive às custas da miséria do outro? Quanto produzir para atender às necessidades de todos ou, beneficiando o lucro, daqueles que possuem poder aquisitivo? Como produzir sem excedentes, valorizando a matéria-prima escassa ainda disponível? Neste cenário de caos insustentável que visa beneficiar o lucro, o conceito secular da “obsolescência programada” entra em ação. Seguindo esse princípio, produtos duráveis não geram lucro pois diminuem o consumo constante, quebrando o ciclo do capitalismo. Assim cada artigo possui uma data de validade delimitada em fábrica e, quando esta chega ao fim, ele é jogado fora e substituído por um novo. Os resíduos desse lixo não são reaproveitados pela indústria, e os novos produtos só serão comprados por quem possuir capital para tal, condenando a humanidade à sua própria invalidez.
SOLUÇÕES
	Cumpre observar, desta forma, que a disponibilidade e a escassez de recursos afetam decisivamente a indústria e a sociedade como um todo. Nosso planeta já não é mais o mesmo, e não é capaz de renovar-se sozinho, o que define à humanidade o seu presente e futuro. Portanto, são necessárias soluções imediatas às indústrias e empresas de todo o mundo, um esforço coletivo que evitará o colapso da humanidade como a conhecemos.
	Como solução primária, a adoção da “química verde” é fator de importância para a preservação e renovação dos recursos existentes. Em geral, a química e a sustentabilidade são vistas como inimigas, pensamento arcaico que deriva da concepção da química como causadora potencial da poluição e dos acidentes laboratoriais. No entanto, a ciência avança hoje para o estabelecimento da química verde como absoluta dentro das indústrias e laboratórios. Conceitualmente, ela é definida pela aplicação de produtos e processos capazes de reduzir riscos, evitar resíduos e reutilizar recursos, dois poderosos aliados contra a escassez da matéria-prima. Toma-se, como exemplo nacional da excepcional implantação da química verde em indústrias e de suas benéficas consequências, a empresa catarinense de produtos têxteis Döhler. A indústria foi remodelada para encaixar-se no conceito sustentável de que o mundo necessita atualmente, passando a construir uma eficiente e inovadora usina de tratamento de efluentes, o que diminui os riscos de poluição. A água utilizada é limpa e reutilizada o máximo possível dentro da fábrica e, quandodescartada, passa por diversos processos de tratamento antes de voltar para a natureza. Além do uso exemplar dos recursos hídricos, a empresa também reutiliza e revende os fios de algodão com impurezas (evitando que estes tornem-se lixo) e possui uma matriz energética altamente sustentável, fatores que a tornam um exemplo do uso e dos reflexos da química verde.
	Não abstendo-se à apenas uma solução, destaca-se também a necessidade de aplicação de novas e sustentáveis tecnologias nas indústrias, como o uso de sensores em tubulações e caldeiras (evitando vazamentos e desperdícios) e a propaganda baseada em arquivos BigData (um aglomerado universal de informações sobre os clientes de uma determinada empresa, o que possibilitaria que esta direcionasse seu objetivo de produção e evitasse, assim, os excedentes). A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) desenvolveu, em 2015, sensores que determinam a umidade do solo em grandes plantações, evitando que estas recebam mais água do que realmente precisam e, assim, gerando economia de um recurso tão essencial. Tal tecnologia pode ser facilmente adaptada por empresas do mundo inteiro para regular o uso e o descarte hídrico, contribuindo para uma evidente e necessária melhora sustentável das indústrias agrícolas responsáveis por 70% do uso de água potável do planeta.
	Não obstante, é necessário saber se os governos de todos os países estarão dispostos a sacrificar luxos para investir em sustentabilidade, uma vez que os esforços só trarão resultados se forem coletivos. A aplicação de verbas em empresas estatais para a reforma sustentável dessas é imprescindível mundialmente, bem como o acompanhamento das necessidades que cada bioma possui. É também indiscutível que, com o aumento desenfreado da população mundial, os países devem investir na educação sustentável de crianças o mais cedo possível, o que permitiria no futuro o aproveitamento de uma mão-de-obra extremamente qualificada para desenvolver soluções alternativas para problemas ambientais.
	
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	A natureza é composta por um ciclo infinito de renovação e, se a humanidade não se adaptar a ele, acabará destruindo-o ou sendo destruída. As indústrias possuem um papel fundamental na preservação do ambiente em que vivemos, uma vez que são capazes de equilibrar o lucro e a sustentabilidade e, ao alcançarem o estado de evolução de ambos, serão capazes até mesmo de modificar positivamente a egocêntrica índole humana.
	Muito além de economia e industrialização global, a disponibilidade de recursos afeta o âmago do que é ser realmente humano. Sem matéria-prima não há vida, esteja ela incluída em uma selva de pedras ou em um aglomerado de biomas. A escassez, se nada for feito, em breve atingirá todas as camadas sociais, não distinguindo cor, gênero ou idade. A natureza, sendo composta por um ciclo sem fim, não perdoará quaisquer mudanças ou tentativas de quebrá-lo, dando sinais visíveis de que o prazo de adaptação da humanidade está acabando. A natureza não é vingativa, apenas devolve o que não lhe pertence.
REFERÊNCIAS
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· https://www.emsintese.com.br/2018/a-quimica-sustentavel/
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· https://www.fiesp.com.br/iniciativas-sustentaveis/
· https://www.manualdaquimica.com/quimica-ambiental/quimica-verde.htm
· http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422003000100020
· https://mundodoplastico.plasticobrasil.com.br/colunistas/gest-o-de-recursos-h-dricos-como-ind-stria-de-mat-rias-primas-venceu-escassez-de-gua-com
· https://ausland.com.br/blog/os-impactos-da-falta-de-materia-prima-na-producao/
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· https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-08/consumo-de-recursos-naturais-superou-que-o-planeta-pode-renovar-no-ano
· https://brasilescola.uol.com.br/geografia/crescimento-demografico-escassez-recursos-naturais.htm
· https://veja.abril.com.br/blog/cidades-sem-fronteiras/superpopulacao-chegara-o-dia-em-que-havera-gente-demais-para-planeta-de-menos/
· https://veja.abril.com.br/ciencia/superpopulacao-e-tabu-que-precisa-ser-enfrentado/
· https://www.labnetwork.com.br/noticias/a-escassez-de-agua-e-a-produtividade-na-industria/
· https://brasil.elpais.com/brasil/2015/08/21/politica/1440193781_969574.html
· https://cebds.org/escassez-de-agua/?gclid=CjwKCAjw-YT1BRAFEiwAd2WRtlDytJpTMTlbN8HanmlQMVX0oqrLIo6K2aoA35stwPi5ZDC-kXDsChoC484QAvD_BwE#.XqG4NGhKhz0
· https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/energia-hidreletrica.htm
· https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/03/saiba-quanta-agua-e-consumida-durante-a-fabricacao-de-produtos.shtml
· https://vidaextra.expresso.pt/cronicas/2019-04-06-A-escassez--e-o-luxo--da-agua
· https://www.dw.com/pt-br/alguns-dos-recursos-mais-escassos-no-mundo/g-51423203
· https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/administracao/principais-problemas-economicos/29776
· https://brasilescola.uol.com.br/geografia/obsolescencia-programada.htm
	
	
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