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IMPLEMENTAÇÃO DE TESTES DE DIAGNÓSTICO resenha

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM SAÚDE DA FAMÍLIA
Resenha Crítica de Caso
Rebeca Rangel de Almeida Botelho
Trabalho da disciplina vigilância em saúde
Tutor: Prof. Robson da Fonseca Alves
São Fidélis/RJ
2020
IMPLEMENTAÇÃO DE TESTES DE DIAGNÓSTICO RÁPIDO PARA MALÁRIA NA SUAZILÂNDIA
Referências: OLE-MOIYOI, Kileken; ROSENBERG, Julie; WEINTRAUB, Rebecca. Implementação De Testes Diagnóstico Rápido Para Malária Na Suazilândia. Havard Business Publishing, abril, 2012.
O texto proposto pelo tutor traz o relato de um surto de malária ocorrido em abril de 2011 na Suazilândia. Foi elaborado por três autoras e o artigo versa sobre as dificuldades encontradas e o seu enfrentamento para a implementação de estratégias com a finalidade de extinguir a malária em locais como a Suazilândia. Nesse mesmo mês e ano foi diagnosticado um paciente febril com malária por meio do teste de diagnóstico rápido. A localização dessa transmissão foi na região de Hhohho na parte norte. Por meio do sistema de notificação compulsória de doenças os profissionais da saúde da clínica Bhalekane Nazarene fizeram a notificação para o programa nacional de controle da malária onde o gestor do programa e a equipe que o acompanha responderam rapidamente ao surto. 
Sinmon Kunene coordenou o programa por 24 anos, tinha sido o gestor do programa nacional de controle da malária, até junho de 2011. O texto relata sobre o ano de 1990, onde chuvas acima da média, resistência de parasitas aos medicamentos, instabilidades em Moçambique e a ascensão do HIV/AIDS desestabilizou o sistema de saúde contribuindo para que o nível de incidência de malária crescesse tanto quanto no ano de 1940. Foi supervisado pelo gestor uma grande redução dos casos confirmados de malária, essa redução correspondia a 99% dos casos confirmados (9700 em 1996 para 73 em 2009). O texto relata que em 2008 a Suazilândia recebeu o primeiro recurso do fundo global, que auxiliava no combate a aids, tuberculose e malária, que foi concedido para a eliminação da malária. Kunene tentaria reduzir o número de casos da doença para zero até 2015. Caso o país mantivesse em zero o número de casos de malária por três anos consecutivos a OMS a certificaria como livre da malária. 
Em 2010 o gerente de saúde da Suazilândia implementou a nível nacional os testes diagnóstico rápido tanto em unidades públicas quanto privadas. Tal iniciativa foi de grande relevância para eliminar a malária, Kunene assegurou que os testes atingissem todo o potencial a fim de potencializar a gestão de casos e assegurar uma melhora no tempo de diagnóstico, melhorando a capacidade de vigilância.
No decorrer da história as taxas de malária variaram na Suazilândia, como citado a transmissão ocorre nos períodos de maior pluviosidade de novembro a maio. Em 2010 30% da população vivia em áreas endêmicas da doença. Entre 2001 e 2009 foi relatado que o número de internações por malária diminuiu 87% e as mortes 79%. 
Com a Suazilândia dentro do programa de eliminação da malária proposto pela OMS tiveram que implementar melhorias do sistema de vigilância, organização de comitês nacionais de direção, estabelecer e regular as funções do setor privado e público de saúde, desenvolver objetivos de defesa e a colaboração de em iniciativas nas fronteiras para evitar a reintrodução da doença. 
Para que as metas fossem alcançadas o programa nacional de controle da malária (PNCM) observou que todos os casos suspeitos deveriam ter seu diagnóstico por microscopia ou TDR (teste diagnóstico rápido). Os casos que não apresentassem complicação deveriam ser tratados com terapia combinada a base de artemisinina (ACT, exceto mulheres grávidas no primeiro trimestre, que usariam quinino oral); todas as residências em áreas de transmissão teriam que receber redes inseticidas de longa duração e pulverização residual no interior da casa com inseticidas; epidemias deveriam ser identificadas rapidamente e tratadas dentro de duas semanas ; uma melhoria na educação e disseminação de informação além de materiais de comunicação da doença deveriam estar acessíveis a toda população. 
Para que as metas fossem colocadas em prática o Fundo Global e o governo financiaram todas as atividades para controle da malária. Este financiamento foi importante para que fossem ampliadas e melhoradas as competências de microscopia e o crescimento e abrangência dos TDR a todas as unidades de saúde da rede pública e privada.
O PNCM faria uso do financiamento do Fundo Global para aquisição de TDR para treinamento, manutenção e vigilância do estoque de regulação até que o governo distribuísse e adquirisse testes em todo o país. Além disso os recursos do fundo global eram usados para capacitação dos profissionais de saúde, controle e qualidade do diagnóstico, gestão e análise de dados e reforço da capacidade dos recursos humanos.
Antes da implementação dos testes diagnóstico rápido no país, Kunene acreditava que a incidência da doença é supervalorizada, já que o diagnóstico demorava para ser feito devido à demora entre a coleta das amostras e o resultado. Por conta dessa demora o tratamento pra malária era iniciado logo que o primeiro sinal ou sintoma aparecesse, antes mesmo dela ter sido confirmada. 
De acordo com as diretrizes da OMS para eliminação da malária o PNCM na Suazilândia revisou seus conceitos e determinou que só seriam tratados os caso devidamente confirmados. 
Visto isso, em fevereiro de 2010, todas as unidades de saúde começaram a oferecer TDR gratuitos, principalmente quando não estava disponível a microscopia. A microscopia continuou sendo o exame mais fiel para diagnosticar a doença, porém pela demora do resultado e a falta disponibilidade de laboratórios os TDRs eram primordiais. 
Com a expansão do diagnóstico a eliminação da prática de oferecer tratamentos clínicos apenas pelo indivíduo apresentar um sintoma da doença foi alcançada. O que proporcionou uma melhora na gestão dos insumos de saúde que eram limitados. O gestor de saúde Kunene afirmou que com a expansão da abrangência dos testes e maior adesão ao tratamento o número de visitas as clínicas reduziriam, melhorando assim o uso correto dos ACTs e diminuindo a sobrecarga dos profissionais o que acarretaria em melhores resultados na saúde. 
Outros países na África Austral também introduziram esse método de diagnostico, porém a Suazilândia foi a pioneira no desenvolvimento de um programa que abrangia todo o território tanto a nível nacional e na região de maior risco e visava uma melhor qualidade de diagnóstico laboratorial e para TDR. Visando melhorar o uso adequado dos medicamentos antimaláricos e o bem estar geral do paciente o PNCM junto com os serviços nacionais de laboratórios criaram o programa de garantia de qualidade para melhorar a interpretação oportuna, correta e precisa dos resultados do diagnóstico e estabelecer um nível alto de confiança entre médico e paciente. Esse programa também incluía protocolos de testagem e seleção de produtos de microscopia e reagentes, procedimentos de operação padrão para diferentes áreas e níveis de profissionais da saúde, gestão de inventário, avaliação de competência, avaliação de carga horária, competências, carga de trabalho e instalações. Também estabeleceu responsabilidades específicas para o diagnóstico da malária nas unidades de saúde. 
O ministério da saúde criou um sistema de notificação compulsória para monitorização de potenciais surtos de malária e garantir uma trocar de informações mais eficaz do sistema de saúde e para que os profissionais de saúde reportarem doenças notificáveis além da malária. Era considerado surto regiões que apresentassem cinco ou mais casos da doença e a investigação deveria ser imediata. Sendo assim, o pessoal do PNCM deveria investigar os casos confirmados por meio da localização geográfica para rastrear e registrar a fonte de infecção e implementar todas as medidas possíveis, dentre elas: coleta de dados do paciente e comunidade, conscientização sobre a utilização de mosquiteiro, vaporização residual deinteriores e qualquer viagem recente de moradores do domicílio ou vizinhos. Também eram testados os membros da comunidade que viviam em um raio de um quilometro da casa da pessoa com diagnóstico de malária e os diagnosticados eram tratados rapidamente evitando futuras transmissões. 
Conforme descrito no artigo, embora o PNCM tenha feito a distribuição dos TDRs as unidades de saúde no início da implementação, os Serviços Nacionais de Laboratório ficaram responsáveis por obter e distribuir os TDRs as unidades de saúde. Essa transição desse método não foi fácil como o esperado. Os serviços nacionais de laboratório tinham capacidade para obter e distribuir os testes para aqueles que já tinham capacidade laboratorial porém a expansão dos diagnósticos a nível clínico excedeu a capacidade desse serviço. Devido a essa dificuldade e para não desfalcar o estoque o PNCM usou parte dos testes diagnostico rápido financiado pelo fundo global destinado a vigilância, treinamento e estoque de regulador para suprir as unidades de saúde com TDRs para diagnóstico clínico. Enquanto essa capacidade de obtenção e distribuição da NSL era melhorada a Medical Stores Limited assumiu a responsabilidade de distribuição de TDR para as unidades de saúde com capacidade laboratorial, mesmo assim a capacidade da Central Medical Stores Limited também estava baixa o PNCM continuou fornecendo os TDRs quando existisse necessidade urgente. 
Com a diminuição da incidência da malária, Kunene promoveu de forma enfática a implementação de campanhas para a promoção da saúde. A população precisava recordar o quão importante era dormir sob os mosquiteiros tratados com inseticidas e buscar tratamento da unidade de saúde o mais rápido possível se ficassem doentes e ter diagnóstico e tratamento gratuito à disposição.
Diante do exposto pode-se entender a importância da vigilância em saúde e ter a disposição ferramentas que possibilitem o monitoramento das doenças. É necessário estar vigilante e ter um pensamento crítico e sistematizado para estabelecer os objetivos, adquirir conhecimento estar em constante atualização profissional para que tenha-se base para que ações sejam implementadas de forma estratégica e resolutiva. 
É indispensável analisar cada setor, desde o planejamento até a implementação, como visto no artigo mesmo diante dos problemas e desafios que aparecem uma boa organização é imprescindível para resolve-los. Também é preciso o apoio do governo para que os programas atinjam suas metas e continuem.
Para que os programas de vigilância sejam mais eficazes é preciso ter como núcleo as pesquisas para assim ter um embasamento teórico que auxilie na tomada de decisões e no estabelecimento de metas e estratégias. É necessário ter conhecimento da população e do território, além das doenças que assolam a localidade para assim criar metas que possam ser alcançadas e uma resolutividade maior dos problemas. Além disso, uma boa comunicação é indispensável para que os dados sejam transmitidos de forma segura e eficaz.
Além do treinamento profissional é importante destacar as ações de promoção da saúde, para que a população esteja consciente e faça o possível para se prevenir de doenças. 
Dentro do exposto a vigilância em saúde pode ser vista como um processo contínuo e sistemático de coleta, consolidação, disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde, que visa ao planejamento e à implementação de medidas de saúde pública para a proteção da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde.

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