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AP1 2020 1 GABARITO

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES 
FACULDADE DE EDUCAÇÃO 
FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB 
Curso de Licenciatura em Pedagogia – Modalidade EAD 
Avaliação Presencial AP1X – 2020.1 ROTEIRO GABARITO 
 
Disciplina: História da Educação 
Coordenadora: Maria de Lourdes Silva 
Aluno(a):__________________________________________________________________ 
Matrícula:_______________________________________Polo: ______________________ 
1ª Questão: A educação colonial brasileira é marcada pela presença dos jesuítas educando as 
populações indígenas, os colonos e as elites. Sobre o projeto dos jesuítas, responda: (1,5) 
Possibilidades de respostas: 
a) Qual o tipo de educação oferecida pelos jesuítas aos indígenas e as elites? 
A escola moderna foi uma invenção a serviço do ensino, mas, em especial, de vigilância da 
disciplina e da moral. 
 A atuação pedagógica dos jesuítas influenciou o modo de educar os indivíduos na colônia segundo 
as suas posições sociais. Isso levou a níveis distintos de instrução: para os índios, os rudimentos da 
língua e os ofícios; para os brancos libertos, os rudimentos da escrita, da leitura e os ofícios; para as 
classes abastadas, os ensinos superiores que garantiriam a manutenção da estrutura de poder; já para 
os escravos africanos e alforriados, os ofícios. 
Educação para os índios: 
Desde a chegada ao Brasil, os portugueses e colonizadores colocaram o índio à mercê de seus 
interesses. A metrópole desejava integrá-lo ao processo colonizador, os jesuítas desejavam convertê-
lo ao cristianismo e aos valores europeus, e os colonos queriam usá-lo como escravo para o 
trabalho. 
 A ação dos jesuítas, de “formação das almas”, favoreceu a implantação da colonização, conduzida 
pelo Estado português com vistas à exploração do território. Através da divulgação da fé e dos 
valores cristãos, observa-se uma ação de disciplinarização e domesticação dos povos indígenas 
encontrados no território conquistado. Ainda que os jesuítas se confrontassem com a escravização 
dos indígenas – situação demandada por colonos, em busca de mão de obra -, sua ação educacional, 
especialmente através da catequese, contribuía para a estabilização da sociedade colonial e para a 
afirmação do poder do Estado Português e das elites coloniais (ações voltadas para a submissão das 
populações à autoridade da Coroa, para sua docilização e para o “controle das almas”). 
Atuação junto aos povos indígenas via catequese/conversão à fé católica e aos valores europeus – 
nesse quadro, escolas são instituídas nas aldeias voltadas para a educação elementar, em que além 
da fé católica, eram ensinados os saberes considerados elementares, voltados para “ler, escrever e 
contar” (também os filhos de colonos pobres eram alvo das escolas elementares instituídas pelos 
jesuítas). 
Pode-se dizer que o ensino no Brasil foi se constituindo instrumento de subjetivação e sujeição, 
visando atender aos interesses de uma elite. 
 
Educação para os filhos das elites coloniais: 
Os colégios eram destinados aos filhos das elites coloniais. Nessas instituições, é conduzido o 
ensino secundário, destinado à formação de elites letradas. No Brasil, esses colégios converteram-se 
em instrumentos de formação da elite colonial passando, dessa forma, a aplicar as dimensões 
universais e elitistas previstas no plano de estudos. 
Com a consolidação do método de ensino jesuítico no século XVII, os colégios se tornaram locais 
de educação formal19. Embora inicialmente tenham sido construídos para formar novos inacianos 
na Europa, passaram a instruir também os fi lhos da elite colonial no Brasil. Contudo o grau de 
ensino era diferenciado de acordo como o estrato social dos indivíduos. 
A prática pedagógica nesse contexto esteve alicerçada no Rati o Studiorum que se configurou como 
instrumento regulador do ensino ministrado pelos inacianos. 
 
 
 
b) Quais os métodos de ensino utilizados por eles para a população indígena? Os métodos 
utilizados para educar às elites coloniais eram os mesmos empregados aos indígenas? 
Explique. 
No Brasil, a sua atuação se debruçou na instrução dos gentios e das crianças. Para tanto, foi 
necessário construir um arcabouço norteador da ação educativa e a criação de espaços para a 
catequese e a instrução dos gentios e das crianças. As metodologias utilizadas para a instrução das 
primeiras letras às crianças indígenas, bem como à doutrinação católica, estiveram permeadas por 
práticas que iam desde representações teatrais, cânticos e música instrumental, catecismo 
dialogados e a memorização pela repetição. Ao insistir na formação diferenciada dos diferentes 
segmentos da sociedade colonial brasileira, os jesuítas aprofundaram as desigualdades sociais. 
A Companhia de Jesus atuou ainda, com destaque, na formação das elites coloniais (através dos 
colégios). 
Embora sua principal missão fosse a conversão dos índios, a fundação de colégios acabou por 
assumir, senão a primazia, importância comparada à outra. Pode-se dizer que a educação jesuítica 
acabou empreendendo-se na formação da elite letrada no Brasil, ou seja, dos padres e senhores de 
engenho. Uma concepção que acabou por assumir contornos elitistas, almejada por todos que 
procuravam status, como símbolo de classe e de distinção, que demarcou as raízes fundantes da 
organização do ensino nacional. Pode-se dizer que a educação jesuítica acabou empreendendo-se na 
formação da elite letrada no Brasil, ou seja, dos padres e senhores de engenho. 
Os colégios jesuítas estiveram, então, direcionados à educação intelectual concreta da elite colonial, 
preparando-os para o ingresso na faculdade de Coimbra. A população branca e menos abastada 
recebia uma educação formal-instrumental (ler, escrever e contar) e a aprendizagem de ofícios de 
acordo com suas atividades dentro da sociedade colonial. 
Já os “desclassificados” socialmente (filhos de escravos domésticos, órfãos, crianças abandonadas, 
filhos ilegítimos, inclusive filhos de padres, mestiços, negros alforriados etc., para os quais havia 
formas de educação distantes do padrão vigente) recebiam também educação para os ofícios de 
acordo com a sua posição dentro da estrutura social colonial. 
A educação feminina era eminente confessional. Algumas ordens religiosas acolhiam jovens em 
situação de risco, ou seja, que não possuíam bens nem familiares, bem como havia jovens que eram 
mandadas por seus pais ou responsáveis para receber uma educação esmerada nos conventos. Essas 
mulheres recebiam uma educação formal-instrumental, educação para a casa e a formação moral e 
religiosa. 
c) Por que o Marquês de Pombal expulsa os jesuítas das terras portuguesas? 
Depois de dois séculos de domínio do método educacional jesuítico, que termina no século XVIII, 
veio a Reforma de Pombal, quando o ensino passa a ser responsabilidade da Coroa Portuguesa. Sob 
forte influência iluminista, as reformas pombalinas buscaram difundir os rudimentos elementares da 
ciência e das luzes tanto na metrópole como no além-mar. O marco final dessa etapa é sinalizado 
pela fuga da família real portuguesa para o Brasil. Na administração de Pombal, há uma tentativa de 
atribuir à Companhia de Jesus todos os males da Educação na metrópole e na colônia, motivo pelo 
qual os jesuítas são responsabilizados pela decadência cultural e educacional imperante na 
sociedade portuguesa. Os jesuítas representavam um obstáculo e uma fonte de resistência às 
tentativas de implantação da nova filosofia iluminista que se difundia rapidamente por toda a 
Europa. 
o Brasil, junto com a sua corte. 
2ª Questão: Após a expulsão dos jesuítas é dado início às chamadas “aulas régias”. Escreva um 
pequeno texto dissertando sobre a organização e o funcionamento dessas aulas e, ao final, justifique 
se esse modelo foi positivo ou negativo para o Brasil. (2,5) 
As aulas régias As principaismedidas implantadas pelo Marquês, por intermédio do Alvará de 28 de 
junho de 1759, foram: total destruição da organização da educação jesuítica e sua metodologia de 
ensino, tanto no Brasil quanto em Portugal; instituição de aulas de gramática latina, de grego e de 
retórica; criação do cargo de ‘diretor de estudos’ – pretendia-se que fosse um órgão administrativo 
de orientação e fiscalização do ensino; introdução das aulas régias – aulas isoladas que substituíram 
o curso secundário de humanidades criado pelos jesuítas; realização de concurso para escolha de 
professores para ministrarem as aulas régias; aprovação e instituição das aulas de comércio. 
As aulas régias extinguiram e substituíram o sistema de ensino baseado nos princípios sustentados 
pela Companhia de Jesus, que vigoravam havia dois séculos, tornando obrigação do Estado garantir 
a educação gratuita à população, estabelecer suas diretrizes e pagar os professores, subordinados 
todos a uma política fortemente centralizadora. A partir de então a educação tornava-se leiga, 
conduzida por organismos burocráticos governamentais e não mais na diretriz dos jesuítas, sem, 
contudo, abolir o ensino da religião católica nas escolas, que permaneceu obrigatório. 
As Aulas Régias foram o caminho político escolhido para conciliar a tarefa de modernizar Portugal, 
preservando a monarquia absolutista. Suas características marcantes eram o seu caráter 
centralizador, a falta de autonomia pedagógica, a existência de dois níveis de ensino – Estudos 
Menores e Estudos Maiores – e o acesso à educação restrito a uma parcela da população, 
evidenciando seu caráter excludente. Entretanto, foram um avanço em sua época, por procurar 
contemplar novos referenciais dentro de uma perspectiva que o universo filosófico de seu tempo 
reclamava. 
A denominação de Aulas Régias para as escolas públicas predominou entre 1759 e 1822, quando 
passaram a ser chamadas de Aulas Públicas, sendo também utilizada a denominação de Escola 
Nacional em alguns documentos posteriores a 1827. 
 
 3ª Questão: Com a Proclamação da Independência do Brasil, tem início a educação de caráter 
estatal no país. Sobre a educação brasileira no século XIX, responda: (2,0) 
a) A Lei Geral do Ensino, de 1827, define o método de ensino a ser aplicado nas escolas, o 
método mútuo. Sobre esse método de ensino explique, em linhas gerais como era o seu 
funcionamento. 
As principais características do Método de Lancaster são: Método Lancaster: cada classe tinha um 
monitor ou decurião, que tomava a lição dos alunos sob sua responsabilidade. A base da 
aprendizagem se dava pela constante repetição dos exercícios, levando os alunos a memorização 
dos conteúdos estudados. Além de um monitor para cada grupo de alunos, havia um inspetor que 
atendia a esses monitores e auxiliava o professor no repasse das lições e no controle da disciplina. 
As práticas de castigos previstas no método se aproximavam das características da sociedade 
imperial brasileira, cuja base era a escravidão, o autoritarismo e a hierarquização das funções. 
Ênfase para a rigidez e o controle severo da disciplina. Além do sistema dinâmico de troca de 
lugares dentro de cada classe, que já se configurava como uma espécie de prêmio ou castigo, o 
sistema ainda previa a prática do bilhete, pela qual, o monitor anotava a falta dos alunos sem 
comunicá-lo, a cadeia de paus, a cesta e a prisão depois da aula, dentre outros. A cesta consistia em 
colocar o aluno dentro de uma delas, dependurado em um local visível da sala. A prisão depois da 
aula consistia em amarrar o aluno na “escrivaninha ou tendo-os nas gonilhas (aro de ferro que se 
punha no pescoço de escravos fujões), de sorte que não possa se mover”. Por que o método 
Lancaster foi adotado: A adoção do método Lancaster ou mútuo na lei de 1827, deu-se em função 
do sucesso que o mesmo fazia nas escolas da Europa e, não somente, por se tratar de um método 
relativamente econômico, como muitos historiadores argumentam. A escolha recaiu sobre o que 
estava em voga e que apresentava bons resultados à época. O método representava uma inovação 
didática e respondia ao que se exigia de instrução na época, qual seja, a instrução elementar e 
religiosa de uma grande quantidade de crianças que vivam ociosas nas cidades, devido ao avanço 
acelerado do processo de industrialização/urbanização, que marcou o início do século XIX na 
Europa. 
 
b) Por que as escolas eram chamadas de “casas de escolas” e o professor de “mestre-escola”? 
a escola, enquanto locus privilegiado de educação, era na casa do professor, onde o espaço 
educativo, público, confundia-se com o espaço privado e onde o Estado, apesar de produzir uma 
legislação normativa minuciosa sobre o funcionamento escolar, na prática não chegava com tanta 
facilidade. 
A escola era uma unidade de ensino com um professor. O termo escola era utilizado com o mesmo 
sentido de cadeira, ou seja, uma aula régia de gramática latina ou uma aula de primeiras letras, 
correspondia, cada uma, a uma cadeira específica, o que representava uma unidade escolar, uma 
escola. Cada aluno frequentava as aulas que quisesse, não havendo articulação entre as mesmas. 
As aulas eram dadas na casa do próprio professor e apenas eventualmente aproveitou-se um prédio 
anteriormente ocupado pelos jesuítas ou outro tipo de convento para local de ensino. Assim, não era 
preciso haver um edifício escolar para que a escola existisse. 
 
c) A escola pública do século XIX era gratuita, segundo os termos da Constituição de 1824. 
Havia grupos sociais excluídos da escola? Quais e Por quê? 
A escola pública no século XIX era gratuita, mas nem todos tinham acesso a ela. Negros, índios e 
mulheres não tinham permissão de frequentar a escola naquela época. A constituição de 1824 só 
garantia o acesso à educação a homens livres, o que excluía escravos e homens livres pobres. 
 
d) No final do século XIX, o Brasil começa a organizar as escolas isoladas e os grupos 
escolares. Explique como eram essas escolas e o que esse novo modelo de escola 
representou para o país. 
a criação dos grupos escolares significou a esperança de progresso e de desenvolvimento do estado 
e do país na perspectiva do novo regime. A construção de prédios grandiosos era uma das tentativas 
utilizadas pelo poder republicano de marcar o início de uma nova era. A visibilidade dos prédios 
conquistava com maior facilidade a população, ou seja, as construções exuberantes faziam como 
que a população acreditasse no regime, resultando em maior credibilidade à nova ordem. 
Os Grupos Escolares eram estabelecimentos considerados signos da modernização do ensino. Os 
alunos eram distribuídos em classes por grau de adiantamento (séries) e cada classe era regida por 
um professor.3 Essa modalidade de escola foi instalada especialmente nos núcleos urbanos. 
As Escolas Reunidas proliferaram a partir da década de 1910, sobretudo na década de 1920. 
Compreendiam o agrupamento de escolas isoladas em um mesmo prédio mantendo cada uma a sua 
estrutura específica. Instaladas inicialmente na zona rural multiplicara-se na zona urbana sendo 
adotadas como estratégia política de expansão do ensino primário sem onerar demasiadamente as 
finanças do Estado. 
 
4ª Questão: No texto “A institucionalização da escola primária na Primeira República”, Daniela C. 
L. de Abreu nos fala sobre a experiência da escola primária republicana no estado de São Paulo, 
mas delineando o projeto nacional. Sobre a maneira como a autora entende os propósitos da escola 
pública republicana, apresentamos abaixo algumas afirmativas. Indique se elas são corretas ou falas 
e justifique as afirmativas. (2,0 p.) 
a - “A escola republicana é para a República, ou seja, para legitimar seu poder”. ( X ) C ( ) F 
Justifique:_______________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 
b - “Saber ler, escrever, contar e votar compreendia o programa dos republicanos, além de valorizar 
a pátria e os símbolos nacionais, respeitando as ordens da moral e do civismo.” ( X ) C ( ) F 
Justifique:_______________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________ 
c – “A implantação dos grupos escolares não ratificou o princípio da igualdade da educação entre os 
sexos ao estabelecer igual número de classes para meninos e meninas.” ( ) C ( X ) F 
Justifique:_______________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________ 
d – “A construção de prédios grandiosos era uma das tentativas utilizadas pelo poder republicano de 
marcar o início de uma nova era.” 
( X ) C ( ) F 
Justifique:_______________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________ 
 
5ª Questão: Sobre a educação nos debates da década de 1920, explique como os “intelectuais” 
definiam o papel da família na educação. (2,0) 
 
Com base nesse diagnóstico, apoiado, em grande medida, na frustração das expectativas de 
mudança depositadas na república recém-instaurada, os intelectuais enxergavam na organização da 
nação – ou, para alguns, na sua construção – uma tarefa fundamental e urgente a ser realizada. 
Nesse momento, decisivo na definição do campo educacional no Brasil, é digno de nota o 
envolvimento de intelectuais de destaque, alçados progressivamente ao lugar de “especialistas da 
educação”, em um movimento renovador inspirado nas ideias da chamada Escola Nova. 
 
“Formar o povo” e “construir a nação” constituíram-se, portanto, em objetivos norteadores das 
práticas de um importante contingente de intelectuais-educadores que procuraram, na medida do 
possível, estabelecer uma parceria com o poder público na verdadeira “cruzada pela educação” em 
curso na época. 
 
Diante da compreensão de que as lições de “civilização” dirigidas à sociedade somente seriam realmente 
assimiladas se penetrassem na intimidade do lar, de modo que ao atingir os recônditos da privacidade 
individual, foram muitos os intelectuais que se mobilizaram em ações educativas destinadas às famílias e 
defenderam a ação do Estado e da escola nessa mesma direção. 
 
Buscava-se, portanto, transformar a família em uma agência civilizadora sintonizada com os 
desígnios da modernização educacional, procurava-se, por exemplo, através das lições 
cotidianamente dirigidas aos alunos nas escolas, adentrar suas casas e famílias, orientando atitudes e 
modelando comportamentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Boa Sorte!

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