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LIMITAÇÕES DA MECÂNICA CLÁSSICA Priscila Vieira Roncate Borges (Multivix Serra) Priscila.borges1@hotmail.com RESUMO Esse trabalho apresenta um conceito, sem qualquer recurso ao formalismo matemático, das idéias de espaço e de tempo, desde a mecânica newtoniana, que se fundamenta no conceito de espaço absoluto, até as grandes transformações introduzidas pela teoria da relatividade de Einstein. Enfatizamos diferença entre o pensamento de Espaço e o Tempo na visão Newtoniana e na visão de Einstein. Palavras-chave: espaço-tempo, mecânica, relatividade, física newtoniana. 1. INTRODUÇÃO A mecânica clássica de Newton por cerca de duzentos foi infalível quando se tratava de resolver problemas analíticos dos corpos ao nosso redor. Com suas leis mais conhecidas, Lei Inércia, Lei do Movimento, Lei da Ação e Reação e a Lei da Gravitação Universal, era possível descrever com exatidão os movimentos, desde uma pedra caindo de uma ladeira até o movimento da orbita de marte em torno do sol. Porém, com o aparecimento da Física Moderna, começou a surgir erros quando se aplicavam tais Leis. Em geral a falha ocorre quando os corpos possuem velocidades acima de 10% da velocidade da luz (Física Relativística) ou quando os corpos são muito pequenos a níveis menores que atômicos (Mecânica Quântica). No entanto, embora a física que chamamos de moderna tenha sido desenvolvida há mais de um século, as tentativas de sua inserção no meio acadêmico defrontam muitas vezes com obstáculos associados linguagem matemática avançada. Dentro desta perspectiva, este artigo apresenta uma exposição conceitual, sem recurso aos formalismos matemáticos, sobre o pensamento que se desenvolveu a respeito do espaço e do tempo, desde a mecânica de Newton até a teoria da relatividade de Einstein, ou seja, não será abordado as limitações da parte da Mecânica Quântica. mailto:Priscila.borges1@hotmail.com Para uma melhor compreensão é necessário que entendamos a diferença entre o pensamento de Espaço e o Tempo na visão Newtoniana e na visão de Einstein, discutiremos isso a seguir. 2. ESPAÇO E TEMPO NEWTON Para que suas leis se tornassem completas, Isaac Newton (1643-1727) precisava definir o que era o espaço e o tempo, afinal, tais leis abordavam justamente o movimento dos corpos no espaço e como tal movimento progredia do tempo. Newton então definiu o espaço como absoluto, o espaço é tri-dimensional, contínuo, estático (não varia com o tempo), infinito, uniforme e isotrópico (possui as mesmas propriedades independentemente da direção considerada) e definiu o tempo como absoluto, o tempo é unidimensional, contínuo, homogêneo (possui as mesmas propriedades em todos os locais do universo) e infinito. É o receptáculo de eventos; o passar dos eventos não afeta o fluxo do tempo. “O espaço absoluto, por sua própria natureza, sem relação com qualquer coisa que seja exterior, permanece sempre semelhante e imóvel”. [1] “O tempo absoluto matemático e verdadeiro flui, por si só e por sua própria natureza, de forma homogênea e sem relação com qualquer coisa externa”. [1] Esse entendimento de espaço e tempo de Newton como algo independente é característico de sua mecânica. Um corpo se move no espaço devido a atuação de uma força resultante e esse movimento progride no tempo. 3. ESPAÇO-TEMPO EINSTEIN No final do século XIX e inicio do século XX, as experiências realizadas com o objetivo de detectar a possível influência do movimento uniforme sobre os fenômenos eletromagnéticos apresentaram resultados negativos, indicando a presença de um elemento contraditório na física clássica. Foi assim que, em 1905, a física sofreu uma profunda transformação, com a formulação da teoria da relatividade de Albert Einstein. Para Einstein, todos os fenômenos físicos observados apontavam para a conclusão de que a Natureza não possuía um critério de distinção entre dois observadores inerciais ¹, ou seja, não atribuía uma condição privilegiada a qualquer referencial inercial ¹. Assim, o primeiro postulado da teoria da relatividade restrita proposta por Einstein afirma a equivalência entre todos os observadores inerciais, isto é, as equações que governam todos os fenômenos físicos têm, forçosamente, a mesma forma matemática para qualquer observador inercial. Assim, desde que as experiências fossem realizadas sob as mesmas condições, todos os fenômenos físicos transcorreriam da mesma forma para todos esses observadores. Este princípio foi chamado de princípio da relatividade. Além do princípio da relatividade, Einstein postulou que a velocidade com que a luz se propaga no vácuo é a mesma independentemente da velocidade da fonte que a emite ou daquele que observa. Estabelecidos os seus dois postulados, Einstein deduziu as consequências que deles advinham. Primeiramente, concluiu que a simultaneidade de dois eventos é uma noção relativa, dependente do observador. Com base em seus princípios, Einstein verificou que, se dois eventos são simultâneos para certo observador O, isto é, ocorrem no mesmo instante de tempo, não serão simultâneos para um segundo observador, O', que se mova com velocidade constante em relação ao primeiro. Uma consequência imediata deste fato consiste em que, se para um observador dois relógios estão sincronizados, isto é, apontam uma determinada hora no mesmo instante, para outro observador, que se mova com velocidade constante em relação ao primeiro, os dois não apontarão esta mesma hora simultaneamente. Em outras palavras, relógios que estejam sincronizados segundo o ponto de vista do primeiro observador, não o estarão para o segundo observador. Assim, Einstein concluiu que o intervalo de tempo decorrido entre dois eventos determinados varia de um observador inercial para outro. Portanto, de maneira frontalmente contrária às nossas concepções intuitivas, não existe um tempo absoluto, único, medido por todos os observadores. Prosseguindo em sua análise, Einstein deduziu que medidas de comprimento também podem ser afetadas pela condição de movimento. Mais especificamente, medidas efetuadas ao longo da direção em que um observador inercial se move em relação a outro são diferentes para ambos. Em outras palavras, as dimensões dos objetos podem variar de um observador inercial para um outro que se mova em relação a ele. A explicação deste fato está associada ao caráter relativo do tempo. Com efeito, para efetuarmos uma medida do comprimento de algum objeto é necessário que comparemos as marcações simultâneas de suas extremidades em uma régua dotada de escala; o comprimento do objeto será igual à diferença entre essas marcações (desde que simultâneas). No entanto, se para o observador O as marcações correspondentes às posições das extremidades são simultâneas, para O' as duas marcações corresponderão às posições das extremidades em instantes diferentes. Desta maneira, a diferença entre elas não corresponderá ao comprimento do objeto, discordando, pois, da medida efetuada pelo primeiro. Desta forma, o espaço e o tempo não eram mais absolutos, e independentes como na Visão de Newton, e sim relativos e dependentes, tal que formam uma única palavra “Espaço –Tempo” e não são separados como Espaço e Tempo. “Daqui em diante, o espaço, por si só, e o tempo, por si só, estão condenados a desvanecer-se em meras sombras, e apenas um tipo de união dos dois conservará uma realidade independente”. [4] 4. O ERRO DE MERCÚRIO A idéia do espaço estático de Newton e sua lei Da Gravitação Universal previam e explicavam com perfeição as orbitas dos planetas que giram em torno do sol. No entanto, com o avanço da tecnologia as os dados científicos observados foram se tornando cada vez mais precisos, assim conseguiu se notar que Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol, não obedecia 100% a Lei da Gravitação Newton quando se tratava de verificara sua orbita, ou seja, os cálculos teóricos não coincidiam com os dados reais observados. De forma simples, teoricamente Mercúrio deveria estar em um ponto no espaço quando observado, mas não estava. Ele se localiza próximo ao ponto teórico previsto, como se tivesse ouvido um desvio. Tal erro foi completamente corrigido com a teoria da relatividade onde, se considerarmos um espaço não estático, mas mutável, a distorção no espaço-tempo provocava a variação na posição real observada e assim os dados coincidiam com a teoria. Essa foi a primeira prova da pratica da teoria da relatividade onde se provou que havia uma curvatura no espaço tempo, pois a luz que que vinha de mercúrio era desviada ao passar pelo espaço curvo. Por exemplo, imaginemos um trilho e um trem, o trem é a luz e o trilho é o espaço. O trem sempre se moverá em linha reta sobre o trilho. Se o o trilho sofre um leve desvio para a direita (Curvatura do espaço) então o trem (luz) sofrerá também um pequeno desvio para a direita, com tudo o trem ainda estará percorrendo um caminho reto sobre o trilho. Isso explica então o motivo pela qual a luz vinda de mercúrio sofria um desvio, conforme mostra a Figura 1. Figura 1 [5] 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A física clássica, embora não seja válida para todos os casos possíveis, ela consegue descrever perfeitamente os movimentos que ocorrem no nosso dia a dia, visto que a relatividade gera diferenças significativas apenas em corpos com velocidades relativamente expressivas em relação a velocidade da luz. A construção te prédios, demolições por pêndulos, interferências eletromagnéticas, o transito nos asfaltos, o disparo de um projétil, a queda de um corpo na superfície da terra, são exemplos que não são afetados pela relatividade, pois estão muito longe das condições necessárias para a relatividade fazer efeito. Em outras palavras, a física clássica é coerente para resolver e prever os eventos do cotidiano. Toda via quando observamos astros cósmicos muito velozes ou estrelas afim de estudos científicos devemos levar em conta a relatividade por conta das altas velocidades ou as grandes distorções no espaço-tempo. Conforme a tecnologia vai evoluindo, um dia deveremos levar em conta a relatividade, quando foguetes espaciais alcançarem velocidades consideráveis à velocidade da luz, ou quando a colonização espacial for algo plausível, por ora isso é apenas ficção científica. 7. REFERÊNCIAS [1] I. Newton, Princípios Matemáticos da Filosofia Natural (Nova Cultural, São Paulo, 2000). [2] http://www.gradadm.ifsc.usp.br/dados/20111/SLC0597-1/Espaco%20e%20Tempo.pdf [3] https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-11172008000100017 [4] A. Einstein, Koniglich Preussische Akademie für Wissenschaft 844 (1915) [5]http://paineira.usp.br/aun/index.php/2019/07/04/eclipse-de-sobral-comemora-seu- centenario/ [6] A. Einstein, A Teoria da Relatividade Especial e Geral (Contraponto Editora, Rio de Janeiro, 1999). ABSTRACT This work presents a concept, without any recourse to mathematical formalism, of the ideas of space and time, from Newtonian mechanics, which is based on the concept of absolute space, to the great transformations introduced by Einstein's theory of relativity. We emphasize the difference between the thought of Space and Time in the Newtonian view and in Einstein's view. Keywords: space-time, mechanics, relativity, Newtonian physics. http://www.gradadm.ifsc.usp.br/dados/20111/SLC0597-1/Espaco%20e%20Tempo.pdf https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-11172008000100017 http://paineira.usp.br/aun/index.php/2019/07/04/eclipse-de-sobral-comemora-seu-centenario/ http://paineira.usp.br/aun/index.php/2019/07/04/eclipse-de-sobral-comemora-seu-centenario/
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