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A Causalidade em Descartes, Locke e Hume

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Nome: Débora Miriã Gomes dos Santos RA:102589 
A causalidade em René Descartes, John Locke e David Hume.
A causalidade se dá pela relação entre causa e efeito, por exemplo, a ligação entre um evento A e um segundo evento B, sendo que o segundo seja uma consequência do primeiro “Se A, então B”, da mesma forma segue-se “Se não A, então não B”. Segundo Descartes, causalidade é um princípio da natureza, que serve como conexão entre A e B, sendo A a causa de B. Descartes, como exemplo, usa a causalidade como argumento da existência de Deus, na obra Meditações Metafisicas em sua terceira meditação, as duas provas utilizadas para a existência de Deus partem dos efeitos para tentar achar a causa, Descartes utiliza a relação de causalidade para esclarecer a natureza da ideia de Deus e também a natureza da Res Cogitans (coisa pensante). Descartes, como filosofo racionalista, não acreditava na veracidade do conhecimento obtido através dos sentidos para o mundo das substâncias, Res Cogitans (coisa pensante) é o universo do pensamento, das atividades intelectuais e da liberdade de ação, por outro lado, Res Extensa (corpo extenso) condiz com o plano da extensão, equivalendo tudo aquilo que ja está determinado, segundo Descartes, essas substancias só podem se juntar através de Deus, e assim constituirem um todo, uma realidade. Esses corpos se juntam através de Deus porque é dele, segundo Descartes, que surgiram. 
Não existe efeito sem uma causa, e a exigência da relação entre causa e efeito é que ambas devem compartilhar do mesmo nível de realidade. Dessa forma, o princípio da causalidade, em Descartes, é usado como uma prova da existência de Deus, pois nada vem do nada, e tudo aquilo que é humanamente considerado perfeito, como a própria vida, não pode ser originado de algo menos perfeito, sendo assim, o que pode ser considerado a causa de todas as coisas perfeitas é Deus. 
“Agora é coisa manifesta pela luz natural que deve haver pelo menos tanta realidade na causa eficiente e total quanto em seu efeito: pois, de onde o efeito pode tirar sua realidade senão da causa? E como esta causa poderia comunica-la a ele se não a tivesse em si mesma? E dai resulta não comente que o nada não poderia produzir coisa alguma, mas também que o que é maiss perfeito, ou seja, que contem em si mais realidade, não pode ser consequência e uma dependência do menos perfeito.” Descartes, Meditações Metafisicas (p. 65-66). 
O homem, como ser pensante, possui em si a ideia do ser perfeito juntamente com a ideia de Deus, porém algo menos perfeito não pode inserir tal pensamento por conta própria, sem que haja um criador tão perfeito que criou toas as coisas e inseriu ao homem a ideia de perfeição. Sendo assim, para Descartes, o princípio de causalidade é fundamental para mostrar não somente que há algo externo ao próprio pensamento, mas que este algo existe enquanto um ser perfeito, onisciente e onipresente, ou seja, Deus, a partir da realidade objetiva que o representa no intelecto.
Em continuidade com o assunto de causalidade, o filosofo David Hume também estuda a relação causa e feito das coisas. Um dos assuntos que é abordado por Hume no livro I do ‘’Tratado da Natureza Humana’’, Hume trabalha esse conceito como sendo uma crença de um principio causal que tem uma relação com os fenômenos naturais, formando dessa maneira uma lei geral, universal, gerando através da causa e efeito uma relação entre tudo o que acontece, concluindo que a uma ligação entre todas as coisas assim tornando a percepção possível entre a relação dos objetos e eventos. 
Para Hume, a noção de causalidade é enigmática pois, segundo esse princípio, afirma-se aquilo que não se vê, não se leva em conta a experiência imediata, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos, exclui-se então a relação de experimento com as coisas, pois é afirmado que A sempre resultará em B, e nada além disso, tendemos instintivamente a criar relações de causa e efeito nos fenômenos que observamos, gerando assim "leis eternas e imutáveis" da natureza, Hume não encontra, em nenhum setor da experiência, uma impressão concreta de causalidade que torne legítima essa ideia de causa que se tem. Por exemplo, ao pegar uma pedra e a jogar pra cima, ela cai. Instintivamente cria-se uma relação de causa e efeito nessa ação que é observada, jogar a pedra pra cima(causa), faz com que ela caia no chão(efeito). Com isso você cria-se uma lei natural, eterna e imutável: sempre que se joga uma pedra pra cima, ela cai no chão. Porém, talvez a pedra caia no chão todas as vezes que você jogá-la pra cima, mas o erro está em afirmar categoricamente, que sempre a pedra cairá no chão: como validar esse raciocínio se o "sempre" não foi experimentado?. 
“O impulso de uma bola de bilhar é acompanhado pelo movimento de segunda. Eis tudo que se manifesta aos sentidos externos. O espírito não sente nenhuma sensação ou impressão interna em virtude desta sucessão de objetos; por conseguinte, não há, num só caso isolado e particular de causa e efeito, nada que possa sugerir a ideia de poder ou de conexão necessária. (HUME, 1999, p. 76)”. O filósofo demonstra que de um único evento jamais poderemos descobrir o poder ou a conexão necessária que ligue a causa ao efeito, pois a partir da experiência sabemos que um objeto acompanha o outro em sucessão ininterrupta, porém não podemos conhecer a conexão responsável por este evento. A problemática dessa afirmativa, de A sempre B, é que, segundo Hume, em toda sequência de eventos não há nenhum que seja a causa disto ou daquilo, sempre se observa a bola de bilhar a andar depois do jogador dar-lhe uma tacada, mas não se observa que a bola só está a andar por conta da tacada feita pelo jogador, portanto, a causalidade, não é uma experiência, mas é uma forma de organizarmos a experiência.
Dessa forma, segundo Hume, a causalidade resulta do habito de termos experiencias sempre associadas sequencialmente entre si, e dessa forma sempre julgamos que há uma relação causal em todos os eventos. Por exemplo, dizer que a água ferve a 90 graus é resultado da experiencia, mas isso não nega o fato de que pode ocorrer que a agua não ferva sempre que a tingir aos 90 graus. Portanto, afirma David Hume “A necessidade é algo que existe no espírito, não nos objetos.”, a causalidade é simplesmente uma conexão mental que a experiência do passado formou em nós, é um hábito mental produzido por fatos contingentes ligados a natureza humana. 
Diferencia-se também de Descartes, o filósofo empirista John Locke ao tratar sobre causalidade, segundo Locke, a causalidade é uma ideia desenvolvida a partir da experiência de percepção repetida, coincidente e regular de dois fenômenos sucessivos. As ideias assim decorrem uma das outras como princípio e consequência, porém nada garante que no mundo real os fenômenos decorram uns dos outros. A conexão é sempre entre ideias associadas às sensações, e não das coisas em si existentes no mundo, ao qual não atribuíam qualquer independência ou inteligibilidade. Na obra Ensaio sobre o entendimento humano, Locke sugere que todo o conhecimento surge da experiência e das sensações guiadas pela razão, e não diretamente desta, como havia proposto Descartes, não haveria segundo Locke ideias inatas e nem inspirações divinas. A base para o conhecimento se dá através da experiência e não da razão. Segundo Locke “todas as crianças nascem como telas em branco”, e “não há nada na mente, a não ser o que estava antes nos sentidos”: é a experiência advinda dos sentidos que escreve a lousa do espírito humano, que antes não passava de uma tabula rasa. Locke chega até a negar a causalidade, uma cadeia de causas e efeitos sucessivos no tempo. Para Locke o que consideramos como causalidade é, na verdade, puro hábito sensorial:
“Algumas de nossas ideias têm correspondência e conexões naturais entre si; é função e primazia de nossa razão traçá-las e mantê-las juntas naquela união e correspondência que são fundadas nos seus seres particulares. Além disso, existe outra conexão de ideias totalmentedevidas ao acaso ou ao hábito; ideias que por elas próprias não têm afinidade são de tal forma unidas nos espíritos de alguns homens que se torna difícil separá-las permanecendo elas juntas e tão logo uma, a qualquer tempo, é entendida, sua associada surge... Que existam estas associações de ideias promovidas pelo hábito na mente da maioria dos homens, creio que ninguém que tenha se examinado, poderá questionar (...) as quais atuam de modo tão forte e produzem efeitos tão regulares que parecem naturais; e são por isso assim chamadas, embora de início não tivessem nenhuma ideia original, mas tão-somente a conexão acidental de duas ideias.
Referências Bibliográficas: 
DESCARTES, R. Meditações metafísicas. Tradução de Maria Ermantina Galvão. 2ª ed.São Paulo: Martins Fontes, 2005. 155 p. (Clássicos).
HUME, David. Tratado da natureza humana. Tradução Deborah Danowski . São Paulo: Editora Unesp ,2000.
HUME, David. Investigação a Cerca do Entendimento Humano. Tradução Anoar Aiex. São Paulo: Editora Nova Cultura ,1996.
LOCKE, J. Ensaio sobre o Entendimento Humano. 5. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991.

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