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HISTÓRIA DO BRASIL EXPANSÃO MARÍTIMA: ANTECEDENTES: A retração do século XIV na Europa foi decorrente do monopólio de especiarias e artigos de luxo pelos ita- lianos e árabes, além do processo de superprodução e subconsu- mo do mercado, esgotamento das jazidas de metais da Europa, a Guerra dos 100 anos e das pestes do Oriente. A saída para a crise surge com as grandes navegações, on- de homens partem para grande aventura dos mares, carregando um imaginário ainda medieval de lendas e monstros. Os objetivos desta expansão desta expansão eram: a) atingir o centro fornecedor de especiarias, acabando com o antigo monopólio; b) ampliar o mercado consumidor, sintonizando produção e consumo; c) conquistar novas jazidas minerais. A PRECOCIDADE DOS PORTUGUESES NA EXPANSÃO: Diversos fatores concorreram para que este pequeno país tomasse a dianteira do processo expansionista, como a localização geográ- fica favorável; a tradição pesqueira; o contato com os mouros que traziam tecnologia náutica e divulgavam a filosofia grega Tc..., no entanto, o principal motivo desta fase mercantilista lusitana se deve a sua condição de primeiro Estado centralizado da modernidade. O processo de centralização portuguesa está ligado as guer- ras de conquista (ações militares dos cristãos influenciados pelas cruzadas com objetivo de expulsar os muçulmanos da Península Ibérica). Os reinos católicos de Leão, Castela, Navarra e Aragão pedi- ram auxílio aos Borgonhas franceses liderados por Raimundo e Henrique que dominaram judeus e mouros da parte ocidental da Península, e foram recompensados com o casamento com as filhas do rei Afonso de Castela, além de terras. 1 Henrique casado com Teresa fundou o Condado Portucalen- se, e seu filho Afonso Henrique estabeleceu a independência de Portugal se tornando seu primeiro rei. Dois séculos depois, um descendente remoto do primeiro rei, D. Pedro I morre deixando dois filhos. Um legítimo D. Fernando e um bastardo D. João (Filho da amante famosa dona Inês de Cas- tro). D. Fernando ao assumir, inicia uma política perigosa de a- proximação com o reino de Castela, casando com uma nobre de Castela, Dona Leonor Telles, e prometendo sua única filha, Beatriz, em casamento ao rei de Castela. Após a morte de D. Fernando, a burguesia assustada com a possibilidade do casamento de Beatriz significar o retorno de ane- xação de Portugal por Castela, acaba realizando a revolução de 1383-1385, onde na Guerra de Aljubarrota, destrona a rainha, colo- cando no poder D. João I, mestre de Avis, primeiro rei absolutista da modernidade. CICLO ORIENTAL DE NAVEGAÇÃO - PORTUGAL: Este ci- clo apresenta duas etapas distintas. A primeira com objetivo de de- vassamento do litoral africano foi articulado pelo infante D. Henri- que, fundador da Escola Náutica de Sagres. Nesta fase tivemos 4 reis (D. João I, D. Duarte, D. Pedro II, D. Afonso V). Acontece o contorno do Cabo do Bojador por Gil Eanes (1433); a descoberta das Ilhas Atlânticas; e a chegada em Guiné. Com D. João II inicia a 2º fase de busca do caminho para à Índia, e financiado pela burguesia, contrata Diogo Cão para desco- brir o contorno da África, e apesar deste não conseguir, atinge o Congo e Angola. Bartolomeu Dias consegue definitivamente o péri- plo africano contornando o Cabo das Tormentas (Cabo da Boa Es- perança - Atual Cidade do Cabo). No governo de D. Manoel I, o venturoso, acontece a chegada de Vasco da Gama em Calicute na Índia; o descobrimento do Brasil por Pedro Alvares Cabral em 1500 e a chegada dos portugueses no extremo oriente, apesar da aproximação do monarca português com a burocracia aristocrática e a marginalização da burguesia. CICLO OCIDENTAL DE NAVEGAÇÃO - ESPANHA: Se inicia com a unificação da Espanha através da Guerra de Reconquista e do casamento de Isabel de Castela com Fernando do reino de Ara- 2 gão. O genovês Cristóvão Colombo a serviço da Espanha partiu com três caravelas: Santa Maria, Pinta e Niña, descobrindo à Amé- rica em 1492, pensando tratar-se da Índia. Hernán Cortez dominou os astecas liderados por Montezu- ma, os Maias e outros grupos; e juntamente com Pizarro que derro- tou os Incas, conquistaram as maiores jazidas do Novo mundo. Outros movimentos importantes foram: ∗ Vicente Pinzón chega ao foz do Amazonas em 1498; ∗ Vasco Nuñes Balboa descobre a passagem do Panamá, li- gando o Atlântico ao Pacífico; ∗ Fernão de Magalhães com auxílio de Sebastião El Cano realiza a 1ª viagem de circunavegação. TRATADOS DIPLOMÁTICOS NA EXPANSÃO: O primeiro tratado foi o de Toledo que dividia a Terra de forma latitudinal. Em seguida foi estabelecida a bula intercoetera (1493) estabelecendo uma nova divisão desta vez de forma longitudinal, tendo como refe- rência 100 léguas da Ilha de Cabo Verde. Esta bula foi substituída pelo Tratado de Tordesilhas que mantinha a mesma estrutura da divisão, mais ampliava o limite para 370 léguas da Ilha de Cabo Verde. No lado oriental foi estabelecida a capitulação de Saragoça tendo como referência as Ilhas Moluscas. INTENCIONALIDADE DA DESCOBERTA DO BRASIL: A substituição da bula intercoetera pelo Tratado de Tordesilhas; a ne- cessidade de ocidentalização para contornar o Cabo das Tormen- tas; a demora entre o contorno do Cabo das tormentas e a chegada na Índia; o estudo das correntes marítimas demonstrando que nes- te mês da descoberta haveria uma repulsa e não atração das cara- velas; chegada de Pinzón no Foz do Amazonas; descoberta da América etc... CONSEQÜÊNCIAS DA EXPANSÃO: ∗ Deslocamento do eixo econômico do mar Mediterrâneo pa- ra o Oceano Atlântico e o Índico. ∗ Perda do poder econômico da Itália. ∗ Estabelecimento da acumulação primitiva do capital. 3 ∗ Formação do Sistema Colonial Tradicional com utilização do trabalho compulsório africano. ∗ Processo de europeização e cristianização do mundo. ∗ Fortalecimento do Estado Moderno absolutista. ECONOMIA COLONIAL: O sistema colonial tradicional surge como conseqüência da expansão marítima, inserido no mercantilismo, teoria econômica do capitalismo comercial, com a finalidade de eliminar a concorrência e obter vantagem no relacionamento com as zonas periféricas (co- lônia e feitoria). O funcionamento do sistema passa por três zonas distintas: metrópole - centro administrativo; colônia - região destinada ao processo produtivo e feitoria - região destinada a circulação de mercadoria. Estas se relacionam através do comércio triangular. UTILIZAÇÃO DO TRABALHO COMPULSÓRIO AFRICANO NA AMÉRICA: O trabalho escravo negro surge como fator de acu- mulação de capital da metrópole e descapitalização da zona perifé- rica na medida que o tráfico de escravos efetuado pelos lusitanos serve como uma lucrativa fonte de riqueza e retira o lucro acumula- do da colônia, evitando com isso uma futura possibilidade de auto- nomia financeira desta região. A utilização da mão-de-obra autóctone (nativa) significaria a obtenção de uma mão-de-obra barata para o colono, determinando a acumulação perigosa na colônia aos interesses mercantilistas. Outros fatores da preferência do trabalho escravo negro, são: o pouco contigente populacional de Portugal para ser deslocado para à América e a estrutura cultural indígena que definia a divisão sexual do trabalho, determinado pelo trabalho produtivo feminino. DIFERENÇA ENTRE COLÔNIA DE EXPLORAÇÃO E CO- LÔNIA DE POVOAMENTO: A primeira colônia se encaixava perfei- tamente no projeto mercantilista de acumulação de capital, pois lo- calizada em áreas de interesse comercial, em virtude de apresentar aspectos climáticos e pedológicos diferenciados, acaba destinada a produção agrícola tropical de alta rentabilidade, ou preferencial- mente na exploração de metais preciosos. 4 Na colônia de povoamento as semelhança climáticas e pedo- lógicas, traziam o desinteresse comercial, se tornando apenas local destinado para refúgio de pessoas marginalizadaspelo sistema. Esta colonização espontânea adicionada da presença moura na Península Ibérica, além do livre arbítrio da religião católica, favo- receram o processo da miscigenação na colônia de exploração. Na colônia de povoamento a colonização obrigatória determi- nou a formação familiar, adicionada por uma rígida moral puritana (protestante), além de um preconceito direto contra pessoas não brancas, decorrente da falta de convívio com outros povos na Eu- ropa. CARACTERÍSTICAS DA COLÔNIA DE EXPLORAÇÃO: Mão- de-obra escrava; latifúndio, monocultura e sistema econômico ex- trovertido. CARACTERÍSTICAS DA COLÔNIA DE POVOAMENTO: Mão-de-obra livre predominante (Presença de servo temporário - indentured servant e escravos no sul dos EUA); minifúndio, policul- tura e sistema econômico introvertido. DIFERENÇA NO SENTIDO DA COLONIZAÇÃO ENTRE AMÉRICA ESPANHOLA E PORTUGUESA: Na América Espanhola a descoberta do ouro determinou um sentido interiorano de coloni- zação, pois a lucratividade do negócio compensava o custo adver- so da montagem e a dificuldade do escoamento da produção. Na América Portuguesa o sentido litorâneo prevaleceu no primeiro momento da colonização devido a não descoberta do ou- ro, determinando o local de fácil escoamento da produção. O padre Antonil dizia que os portugueses pareciam caranguejos arranhando o litoral. ADMINISTRAÇÃO COLONIAL: PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500-1530): Os portugueses tra- taram a nova terra descoberta com descaso em virtude principal- mente de três motivos: Ausência de um mercado consumidor, em virtude do estágio de subsistência dos autóctones; da não desco- berta inicial do ouro e da maior lucratividade das especiarias da Ín- 5 dia em relação ao pau-brasil. O contato era esporádico e com finalidades bem definidas: 1501 - Expedição de reconhecimento chefiada por Gaspar Lemos, e provavelmente contando com a participação de Américo Vespú- cio; 1503 - Expedição de Exploração chefiada por Gonçalo Coelho: 1516 e 1526 - Expedições de defesa chefiada por Cristóvão Jac- ques, contra as investidas francesas desde 1504 com a finalidade de contrabando de pau-brasil, para atender o mercantilismo Colber- tista de artigos de luxo. Neste período o trabalho indígena era assalariado pois atra- vés de escambo (troca natural), se pagava com bugigangas ou quinquilharias (espelhos, panelas, pentes e artefatos em geral). PERÍODO COLONIAL (1530-1822): D. João III, o coloniza- dor, enviou uma expedição colonizadora liderada por Martim Afon- so de Sousa com a finalidade de ocupar, reconhecer, explorar e de- fender o litoral brasileiro. São Vicente foi a primeira região escolhida para fundar a pri- meira vila populacional e o primeiro engenho (Engenho do Gover- nador, futuro São Jorge dos Erasmos). A cana originária da Índia foi levada para as ilhas atlânticas pelo infante D. Henrique, e no momento da chegada deste produto ao Brasil, a burguesia lusitana já tinha sido superada pela aristo- cracia burocrática do Estado, e sem mobilidade comercial, precisou do auxílio da burguesia batava que passou a financiar, transportar e distribuir o açúcar no mercado consumidor europeu, com desta- que para Johann Van Henilts (João Vanite). SISTEMA DE CAPITANIAS HEREDITÁRIAS: Este sistema privatizante foi transportado das ilhas atlânticas para o Brasil, em virtude da crise econômica lusitana gerada pela incompetência e corrupção da máquina burocrática do Estado e da queda do preço das especiarias, além da incerteza do retorno lucrativo do açúcar no Brasil. Este sistema surge inserido no contexto do capitalismo, pois visa o processo lucrativo de enriquecimento da metrópole, onde 15 donatarias são distribuídas para 12 donatários, através de dois do- cumentos jurídicos: Carta de doação e Foral. A carta de doação são os direitos dos donatários, entre eles: a transmissão hereditária; a doação de sesmarias (Latifúndios entre 6 6 e 24 léguas com obrigação de produzir no máximo em cinco a- nos, formados por 4 unidades: Casa-grande, senzala, engenho (Real - movido à água ou trapiche-tração animal) e engenhoca (Responsável pela produção de aguardente) e capela; A formação de câmara municipal formada pelos “homens bons” etc. O foral apresentava entre os deveres: o pagamento de 20% da produção e a obrigatoriedade de respeitar as leis portuguesas (Em vigor as ordenações Manuelinas). O COTIDIANO DO AÇÚCAR: Apesar do açúcar ter iniciado sua trajetória no sudeste, foi no Nordeste que atingiu seu Habitat natural, em virtude da terra de massapê; do clima quente e úmido e da maior proximidade com o mercado consumidor europeu. As instalações encontradas nos engenhos, tinham funções específicas no processo de transformação da cana em açúcar: Ca- sa da moenda, onde a cana era amassada e extraía-se a garapa; Casa das caldeiras, onde o caldo era apurado e purificado e casa de purgar, onde o açúcar era branqueado, separando o açúcar mascavado (malpurgado e escuro). O Brasil apresentava uma particularidade no processo de a- puração do açúcar, pois o senhor da lavoura vendia a produção em tarefa para o senhor de engenho, estabelecendo uma diferenciação de função que não existia em outra região. Além do açúcar, temos a plantação de fumo no Recôncavo baiano; a produção de subsistência e a pecuária, empurrada para o interior, devido a ocupação litorânea da cana-de-açúcar. O gado acompanhou o Rio São Francisco (Rio dos currais ou rio da Inte- gração Nacional). FIM DO SISTEMA DE CAPITANIAS HEREDITÁRIAS: Desde a montagem deste sistema a coroa portuguesa preparava sua der- rocada entendendo ser mais lucrativo a intervenção direta do Esta- do Lusitano, e aguardava apenas a confirmação da compatibilidade da terra com o produto. A falta de cumprimento das obrigações da maioria dos dona- tários serviu de justificativa para a ocupação direta da coroa. Outros fatores da derrota desta montagem, foram: resistência dos índios; falta de unidade entre as capitanias; distância do centro produtor para o consumidor etc. O fim do sistema de capitanias hereditárias não representou 7 o fim das capitanias, estas foram absorvidas pela centralização do Estado, com exceção das capitanias de São Vicente de Martim A- fonso de Sousa e de Pernambuco de Duarte Coelho. SISTEMA DE GOVERNO GERAL: Nova forma de ocupação da colônia através da intervenção direta do Estado, representada por um governador que age em nome do rei. Este acaba auxiliado diretamente por três representantes: provedor-mor (finanças), ouvi- dor-mor (justiça) e o capitão-mor (defesa). 1º GOVERNADOR GERAL - TOMÉ DE SOUSA: A primeira providência administrativa foi criar Salvador, primeira cidade e sede administrativa da colônia. Junto com o governador chegam os primeiros jesuítas lidera- dos por Manoel da Nóbrega, com a intenção de catequizar os ín- dios, acabando com a resistência destes ao processo colonizador. A cia. de Jesus foi fundada por Ignácio de Loyola, se tornan- do o braço armado da contra-reforma católica que estabeleceu no Concílio de Trento com a liderança do papa Paulo III, a confirma- ção dos dogmas da igreja, o índex (relação de livros proibidos), a ação do tribunal do Santo ofício e a expansão do catolicismo pelo mundo. No Brasil, o processo de aculturação e destruição do univer- so indígena, aconteceu simultaneamente com a criação das redu- ções ou missões, onde os autóctones eram preparados para o pro- cesso produtivo. Esta nova condição tirava a condição de resistên- cia dos índios, se tornando presas fáceis dos bandeirantes. Chega o primeiro bispo D. Pero Fernandes Sardinha. Este Governo durou de 1549 a 1553. 2º GOVERNADOR GERAL : DUARTE DA COSTA - Junto com o novo governador chegam os novos jesuítas, com destaque para José de Anchieta. Em 1555 os Huguenotes (protestantes calvinistas) franceses chegam no Rio de Janeiro liderados por Nicolas Durand Villegaig- non em nome do almirante Coligny quetinha grande penetração no governo de Henrique II, para formar na Baia de Guanabara, a colô- nia da França Antártica. Os franceses se unem aos tamoios através da confederação dos tamoios. 8 Este governo dura de 1553 a 1556. 3º GOVERNADOR GERAL - MEN DE SÁ: Irmão do escritor Francisco de Sá de Miranda, chegou com a finalidade de combater os franceses, onde estabeleceu uma aliança com os índios Temi- minós, liderados pelo cacique Araribóia e trouxe o sobrinho Estácio de Sá para comandar a marinha lusitana. Os portugueses derrubam o forte Coligny, expulsando os franceses da baia de Guanabara, e Estácio de Sá funda São Se- bastião do Rio de Janeiro, ficando Niterói com os Temiminós. Os tamoios se rendem no armistício de Iperoig. Este governo durou de 1556 até 1572. Em 1570 um novo governador foi designado, D. Luís Fernan- des de Vasconcelos, mas acabou emboscado pelos franceses, e acabou assassinado. Em 1572 o rei D. Sebastião I divide o Brasil em duas partes. Brasil do Norte, com capital em Salvador, com o governador D. Lu- ís de Brito e o Brasil do Sul, com capital no Rio de Janeiro, com D. Antônio Salema. INVASÕES ESTRANGEIRAS: FORMAÇÃO DA UNIÃO IBÉRICA (1580-1640): Com a morte de D. Sebastião da dinastia de Avis, em Alcácer-Quibir no norte da África, na luta contra os mouros, em 1578, acontece uma crise su- cessória, em virtude da falta de descendentes desta dinastia. O problema foi resolvido provisoriamente com a entrada do tio-avô, D. Henrique, que iria a falecer dois anos depois. Felipe da dinastia dos Habsburgos e rei da Espanha, era o mais parente mais próximo de D. Sebastião I (ambos netos de Dom Manoel I, o venturoso), conseguindo vencer Catarina de Orleans e Bragança, passando a acumular o domínio das duas coroas. Para assumir a coroa portuguesa, Felipe II foi obrigado a as- sinar o Tratado de Tomar (Respeito a língua oficial portuguesa na Metrópole e nas colônias lusitanas e não interferir economicamente no comércio lusitano). Carlos I da Espanha ou Carlos V do Sacro Império Romano Germânico, pai de Felipe II, chegou ao poder do Império Católico, 9 derrotando Francisco I, da França e Henrique VIII, da Inglaterra. Representante maior da contra-reforma espanhola, tentou determi- nar o controle político sobre os monarcas europeus que reagiram. A Espanha entra em conflito com a França, e de forma surpreen- dente acaba derrotada. Felipe II estabelece o Tratado de Cateau-Cambrésis com Henrique II da França. Após a União Ibérica, Felipe II se torna extremamente pode- roso, levando a Espanha ao seu apogeu e radicalizando a ação da contra-reforma na Europa. Este Extremismo ocasionou o choque da Espanha em três Frentes: 1- Contra a França governada por Henrique IV (ex-protestante huguenote). Este episódio acabou gerando a guerra dos Trinta A- nos, onde os Bourbons franceses derrotaram os Habsburgos espa- nhóis, ocupando o Sacro Império Romano Germânico; 2- Contra a Inglaterra governada por Elisabeth I, resultando na derrota da “Invencível armada” da Espanha, para os piratas in- gleses liderados por Sir. Francis Drake; 3- Contra os países baixos, divididos em 17 reinos. O conde de Alba implantou o Conselho Sangrento ligado ao Tribunal do Santo Ofício na região, principalmente contra os Calvinistas da I- greja Reformada, no entanto os sete reinos do Norte (eram 17 rei- nos), liderados por Guilherme de Orange, se uniram na União de Utrecht, resultando no aparecimento da Holanda, em 1581. INVASÃO HOLANDESA NO BRASIL: Felipe II revoltado com a independência da Holanda, expulsa os batavos da região. Estes participavam do projeto açucareiro do Brasil desde a montagem da colonização, através do financiamento, refinação, transporte e dis- tribuição. A primeira reação dos holandeses foi através do ato de pira- taria saqueando o Rio de Janeiro através da Cia. das Índias Orien- tais, visando a ocupação do comércio de especiarias com a Índia. Deste momento, um grupo de holandeses (Bôeres), criaram uma colônia na África do Sul. Mais tarde, criaram a Cia. das Índias Ocidentais com a finali- dade de ocupação da produção açucareira no Brasil. Os holandeses liderados por Willekens, Heyn e Dorth, esco- lheram a capitania da Bahia (Local da sede administrativa - Salva- dor - e da 2º maior produção da colônia), derrotando o governador 10 Diogo Mendonça Furtado. O governo holandês na Bahia, com Dorth, durou apenas 1 ano (1624-1625), pois a resistência do interior, liderada por D. Mar- cos Teixeira e a esquadra espanhola liderada por D. Fradique de Toledo, acabou expulsando os holandeses da Bahia. A INVASÃO HOLANDESA EM PERNAMBUCO: Cerca de 7.000 homens invadiram Pernambuco (principal capitania produtora de açúcar e com menor proteção militar), derrotando o efetivo mili- tar da região governada por Mathias de Albuquerque que segue pa- ra o interior, usando a “Tática da Terra Devastada” ou “Arrasada” (colocavam veneno nas águas, queimavam as produções e fugiam para o interior), onde funda o “Arraial de Bom Jesus” (Centro irradi- ador da ação de guerrilha durante cinco anos consecutivos prati- camente esmorecendo o efetivo holandês prestes ao abandono da região). Este panorama se reverte com a prisão de Domingos Fer- nandes Calabar, onde este acaba informando a localidade do arrai- al, permitindo o domínio efetivo da região - “Traição de Calabar”. ADMINISTRAÇÃO NASSOVIANA (1637-1644): Maurício de Nassau Siegen foi indicado pela WIC como representante holandês no Brasil. Político hábil e grande diplomata, Maurício de Nassau inicia uma política de boa vizinhança , anistiando as dívidas brasileiras contraídas com Portugal, estipulando 18% de juros e reativando engenhos desativados. A nível político-administrativo, dominou praticamente todo o nordeste (com exceção da Bahia), dando o nome de Nova Holan- da; criou o Conselho dos Escabinos (espécie de Câmara Munici- pal), liderados por um esculteto. A nível religioso determinou a liberdade de culto. A nível econômico, ocupou com a WIC as feitorias africanas, interrompendo o tráfico de escravos para a parte brasileira domina- da pela Espanha. Os espanhóis foram obrigados a articularem a escravidão indígena. Estes eram emboscados nas reduções (Lo- cais de índios guaranis aculturados pelos Jesuítas), pela ação dos bandeirantes. A nível cultural, trouxe o primeiro observatório astronômico, primeiro jardim botânico e Zoológico, primeira biblioteca; obras de 11 embelezamento de Recife, fundação da cidade de Maurícia etc... INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA (1644-1654): O atraso no pagamento das dívidas brasileiras contraídas com a Holanda, esta- va causando prejuízo para a WIC, irritados com a benevolência de Nassau e com o desperdício de recursos em obras na colônia para a autopromoção do governador. Acuado pela WIC acaba renunciando, sendo substituído por 3 representantes, iniciando uma política de exploração direta da Nova Holanda. A revolta contra a mudança de posicionamento da WIC acon- tece primeiro no Maranhão, mas acaba se fortalecendo em Per- nambuco, com a liderança de André Vidal de Negreiros, João Fer- nandes Vieira, o índio Felipe Camarão (Poti) e o negro Henrique Dias. A trégua de dez anos realizada por Portugal com a Inglaterra, França e Holanda no processo de restabelecimento de sua auto- nomia, determinou a luta política dos nordestinos contra os holan- deses, principalmente nas guerras dos Guararapes. A situação veio a se modificar para os brasileiros quando em 1651 o lorde protetor Oliver Cromwell estabeleceu o ato de nave- gação (tratado internacional que determinava a primazia comercial marítima da Inglaterra ou das metrópoles em relação ao comércio com as suas respectivas colônias). Os holandeses prejudicados pela medida, foram obrigados a abrirem duas frentes de batalhas com os brasileiros e com os ingleses, sendo derrotados em ambas. CONSEQÜÊNCIAS DA EXPULSÃO DOS HOLANDESES: 1-Os holandeses levaram a técnica do açúcar para as Anti- lhas, local mais próximo do mercado consumidor, gerando a queda gradativa do açúcar brasileiro; 2- Formação do sentimento nativista no Brasil, em virtude da ausência de auxílio inicial português, na luta contra os holandeses. A INVASÃO FRANCESA NO BRASIL: Motivados pela União Ibérica, os franceses inimigos da Espanha, resolveram fundar uma 2º colônia francesa no Brasil - a colônia da França Equinocial. Liderados por Daniel de La Touche entraram em contato com náufragos franceses da região. Ao estabelecerem a colônia, fundaram São Luís como capi- 12 tal. Esta colônia teve curta duração, onde acabam expulsos pelas tropas lideradas por Jerônimo de Albuquerque. Na época da mineração, os franceses, através do ato de pira- taria, saqueiam o RJ (1710). A INVASÃO INGLESA NO BRASIL: Exclusivamente através do ato de pirataria com destaque para o saque de Santos por Ca- vendish e de Recife por Lancarster. RESTAURAÇÃO PORTUGUESA: A partir de 1640, Portugal com auxílio da Inglaterra, França e Holanda, recupera sua autono- mia, colocando D. João IV, o recolonizador da dinastia dos Orleans e Bragança no poder. D. João IV ao assumir a coroa portuguesa, encontra um im- pério colonial destruído, onde apesar da decadência do açúcar, o Brasil é a única região com capacidade de retorno lucrativo. Inicia neste momento um recrudescimento do “pacto colonial” através principalmente da criação do Conselho Ultramarino (Órgão interventor direto da metrópole sobre a colônia). O conselho Ultramarino era composto por um presidente, um secretário, um magistrado auxiliado pelos juízes-de-fora e uma le- gião de funcionários, com a finalidade de intervir em todos os seto- res no Brasil. O Conselho Ultramarino era auxiliado por duas Cias. mono- polizadoras: Cia Geral do Comércio do Brasil (1647) e Cia. do Es- tado do Maranhão. CRISE DO SISTEMA COLONIAL: REVOLTA NATIVISTA: Movimento de reação dos brasileiros contra a exploração desenfreada dos portugueses após a Restau- ração Portuguesa. A revolta nativista era contra o recrudescimento do “pacto co- lonial”, no entanto, não desejava ainda a independência, e sim o abrandamento da exploração. Este movimento apresenta os aspec- tos econômicos e sociais, mas não apresentam os aspectos políti- cos e ideológicos, não apresentando nenhuma política de substitui- ção ao modelo mercantilista de vínculo direto de dominação da co- lônia pela metrópole. 13 A primeira revolta nativista foi a aclamação de Amador Bueno (1641), onde os paulistas provavelmente incentivados pelos espa- nhóis que residiam nesta região passaram a hostilizar o rei portu- guês, tentando aclamar o maior latifundiário paulista como rei, ape- sar da recusa deste. Neste episódio acontece a “botada de padres para fora”, primeiro confronto dos jesuítas com os brasileiros. Outras revoltas menores foram: a luta no Rio de Janeiro con- tra o governador corrupto Salvador Correia de Sá e Benevides e a revolta do Nosso Pai em Pernambuco que prenunciava o confronto de brasileiros contra portugueses na Guerra dos Mascates. • REVOLTA DOS BECKMANS (MA / 1683 - 1684): No perío- do de dominação espanhola, Felipe II criou após a expulsão dos franceses da França Equinocial, dois Estados: Maranhão e Brasil. Depois da ocupação dos holandeses na região, os portugue- ses voltaram a ocupar a região, reiniciando a retomada dos meca- nismos de dominação colonial, determinando a velha participação ideológica de formação da mentalidade escravista africana, comba- tendo a utilização do índio na produção, com destaque para o pa- dre Antônio Vieira. A revolta dos maranhenses contra os jesuítas se inicia pren- dendo ou expulsando os religiosos da região, respondido pela me- trópole primeiro com D. João IV e mais tarde por D. Pedro II (Re- gente que substituiu D. Afonso VI, acusado de louco), mudando a capital do Estado do Maranhão de São Luís para Belém. O agravamento do problema surge com a criação da Cia. Ge- ral do Maranhão criada em 1682 para combater o contrabando (fonte alternativa de renda da colônia) e pela incompetência ou descaso desta Cia em substituir a ausência de escravidão indígena proibida. Este movimento foi liderado por Manoel Beckman (Bequi- mão) e seu irmão Thomás, filhos de português com Alemã, que conseguiram destituir o capitão-mor Baltazar Fernandes, assumin- do o governo. Apesar de propor um governo mais democrático com a parti- cipação do povo, clero e nobreza, não tinham plataforma de gover- no independente, e manda Thomás Beckman para negociar com Portugal, onde acaba preso, enquanto, Portugal atende reivindica- ção da aristocracia brasileira, levando estes a abandonarem Be- quimão, além de uma ação militar comandada por Gomes Freire 14 contra os revoltosos. Bequimão escondido, foi traído pelo filho adotivo Lázaro de Melo, e depois de capturado foi enforcado. • GUERRA DOS MASCATES (PE / 1710 - 1711) - A aristo- cracia rural decadente de Olinda passa a se endividar progressi- vamente com os comerciantes portugueses de Recife tratados pe- jorativamente de Mascates. Apesar da hipoteca de seus bens na contração da dívida com os comerciantes portugueses, a elite rural de Olinda tinha o contro- le político da comarca de Recife. Com a elevação de Recife de comarca para vila, representa- da simbolicamente pela construção de um pelourinho, os olinden- ses preocupados com a perda de seus bens, invadem Recife com a liderança de Bernardo Vieira de Melo, destruindo o pelourinho e ocupando politicamente a região. Este domínio termina quando Recife recebe o apoio de Por- tugal, expulsando os olindenses. Em represália, Recife é elevado de vila para cidade, se tornando a capital de Pernambuco, apesar do comprometimento do governador de passar metade do ano em Olinda e da determinação da anistia para as dívidas dos devedores olindenses. A ERA DA MINERAÇÃO: O início da atividade das bandeiras aconteceu com o apresamento de índios nas reduções ou Missões, em substituição momentânea ao trabalho escravo negro, em virtu- de da interdição do tráfico de escravos pelos holandeses. Com a expulsão dos holandeses, acontece a rearticulação do trabalho escravo negro, as bandeiras passam para a condição de Sertanismo de Contrato com a finalidade de combater a fuga dos escravos, inclusive destruindo os quilombos (unidades de represen- tação da África livre). Os quilombos que utilizavam da mão-de-obra livre, minifún- dio, policultura e sistema econômico introvertido, negociavam suas produções com os brancos pobres da periferia. O maior quilombo conhecido foi o de Palmares, localizado na Serra da Barriga (divisa de Alagoas e Pernambuco) liderado inici- almente por Ganga Zumba e mais tarde por Zumbi. Depois de mui- ta resistência, acabaram derrotados pelas tropas de Domingos Jorge Velho. 15 A nova atividade das bandeiras passa a ser voltada para a descoberta do ouro e de outros metais e pedras preciosas. Desta fase de destaca Fernão Dias Paes Leme, onde apesar de não ter descoberto as famosas esmeraldas, acabou abrindo o caminho das Gerais para as novas bandeiras. Provavelmente em 1693, acontece a primeira descoberta de ouro, através de Antônio Rodrigues Arzão, na atual região de Saba- rá. Em seguida chegam novos paulistas, com destaque para Borba Gato e Antônio Bueno da Silva (Anhanguera). O rei de Portugal D. João V não respeitando o pedido dos paulistas, anunciou a descoberta, gerando uma verdadeira corrida do ouro, com a chegada de forasteiros portugueses e nordestinos. • GUERRA DOS EMBOABAS (MG / 1708 - 1709): Conflito entre os paulistas pioneiros da exploração da região das Gerais, liderados por Manoel Borba Gato e os forasteiros liderados por Ma- noel Nunes Viana. A situação dos paulistas acabou se agravando quando 300 paulistas foram emboscados e mortos pelo capitão Bento do Ama- ral no episódio conhecido como “Capãoda Traição”. Os paulistas derrotados se deslocaram ainda mais para o in- terior, ultrapassando o tratado de Tordesilhas. Paschoal Moreira Cabral descobriu o ouro em Mato Grosso e Anhanguera em Goiás. ADMINISTRAÇÃO AURÍFERA: A cada descoberta de ouro e outros metais preciosos notificados, a metrópole cercava as regiões de um controle técnico - administrativo organizado pela intendência das minas. Nas regiões auríferas o guarda - mor (funcionário da inten- dência), realizavam as distribuições das datas (terras destinadas as explorações), da seguinte forma: as primeiras datas ficavam com os descobridores das jazidas; as segundas datas ficavam para a coroa portuguesa (Real Fazenda), que acabavam leiloando suas terras; as terceiras de acordo com o porte da empresa; e as demais através de sorteio. Existiam duas formas de garimpagem: a lavra - grande em- preitada montada do início da descoberta das jazidas, apesar de também utilizar técnicas rudimentares, apresentavam maior possi- bilidade de exploração; a faiscação ou faisqueira - representava o garimpo individual, realizado em áreas esgotadas, ou não demar- 16 cadas pela intendência. O Brasil foi o primeiro grande produtor de diamante moderno do mundo, na região do Tijuco, atual Diamantina. As áreas secundárias da mineração eram as seguintes: Sul de minas - responsável pelo abastecimento agrícola; RS e MT - cri- ação de mulas para o transporte do ouro; RJ - sede administrativa e escoamento para o exterior. IMPOSTOS MINERADORES: O primeiro imposto cobrado na região foi o quinto (20% do ouro descoberto), inicialmente em maté- ria bruta (Em pó ou cascalho), e mais tarde em barras de ouro fun- didas nas casas de fundição, para evitar o contrabando do ouro. Contra a cobrança do quinto e da criação da casa de fundi- ção surge o último grande movimento nativista - a revolta de Vila Rica, liderada por Felipe dos Santos, este acabou enforcado, es- quartejado e execrado a exposição pública, por ordem do conde de Assumar em 1720. O novo imposto da década de 30 foi a capitação (cobrança de 17 g de ouro por escravo acima de 14 anos). Nas décadas de 40 e 50 (auge da mineração), surge a Finta (cobrança de 100 arrobas de ouro por ano - cerca de 1500 Kg). No período da decadência da mineração, Marquês de Pom- bal cria a derrama (mesma quantidade exigida pela finta, com o a- gravante da obrigatoriedade da adição de bens pessoais para completar 100 arrobas). CONSEQÜÊNCIAS DA MINERAÇÃO: ∗ Alargamento do território nacional c/ o avanço das bandei- ras além do tratado de Tordesilhas; ∗ Deslocamento do eixo econômico do Nordeste para o cen- tro - sul, inclusive com a mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro; ∗ Crescimento demográfico: 1600 - 100.000 hab.; 1700 - 300.000 hab.; 1800 - 3.300.000 hab. ∗ Maior urbanização do Brasil, acarretando numa menor con- centração de renda, em virtude do desenvolvimento do setor terciá- rio (prestação de serviços). ∗ Maior possibilidade de alforria para os negros, através da prática da faiscação ou da ação das irmandades. ∗ Aparecimento de uma estética cultural identificada com os 17 movimentos da modernidade burguesa da época, representada pe- lo arcadismo de nossos inconfidentes; ou mesmo no barroco na música de Lobo de Mesquita e nas escultoras do mestre Valentim e de Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho). • REVOLTAS EMANCIPACIONISTAS: A burguesia inicial- mente articulou o retorno das monarquias absolutistas, em virtude da necessidade de um Estado forte para retirar o domínio mental, político e econômico da igreja católica, inimiga dos interesses bur- gueses, bem como garantir o lucro da burguesia mercantil atrelada ao Mercantilismo que defendia a presença do Estado forte nas competições comerciais. A burguesia industrial que substituiu a mercantil iniciou um projeto ideológico questionador do absolutismo, baseado em pen- sadores deístas da revolução científica do século XVII: Issac New- ton, Francis Bacon e René Descartes entre outros. John Locke, pai da filosofia iluminista, participou da revolução Gloriosa (Responsável pelo fim do absolutismo na Inglaterra), criou o Bill of Right (declaração de direitos) e o “Primeiro e o segundo tratado civil” questionando a intervenção do Estado na manifesta- ção da vontade humana, determinando que todo soberano que não respeitasse a liberdade e a propriedade, segundo ele direitos natu- rais, deveria ser destituído. Na França, a política iluminista ou filosofia ilustrada atinge o seu apogeu com a elaboração das principais idéias políticas e que foram determinantes na projeção dos movimentos revolucionários questionadores do absolutismo conhecidas como revoluções Atlân- ticas ou burguesas. Principais expoentes: Montesquieu, Voltaire, Rousseau, Diderot, D’Alambert etc... Na economia surgem duas escolas burguesas defensoras do naturalismo. A francesa conhecida como fisiocracia que defende o agrarismo e tem como principais defensores Quesnay, Gournay e Turgot defendendo uma economia livre, traduzido na seguinte fra- se: “’ “Laissez-faire, Laissez-passer le monde va de lui meme” (Dei- xe fazer, deixe passar o mundo caminha por si mesmo). A inglesa conhecida como liberal que surge com a obra “A ri- queza das nações” no século XVIII defendendo o trabalho auxiliado pelo capital como fonte de riqueza. Principais seguidores da escola liberal ou neoclássica: Stuart Mill, Thomas Malthus e Ricardo. 18 INCONFIDÊNCIA MINEIRA (1789): Primeiro movimento e- mancipacionista do Brasil, foi influenciado pela filosofia iluminista e pela independência dos EUA. Este movimento elitista apareceu inicialmente para lutar con- tra a cobrança da derrama trazida por Visconde de Barbacena, mas acabou amadurecendo e defendendo a implantação de uma repú- blica separatista e federalista. Os líderes do movimento foram: José Álvares Maciel (princi- pal teórico), José Joaquim Maia (Contato de Thomás Jefferson), Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), Ten.-Cel. Freire de An- drade, os Padres Rolim e Toledo etc. - Traidores: Joaquim Silvério dos Reis, Correia Pamplona e Brito Malheiros. Movimento desorganizado não atingiu a luta armada ficando na fase conspiratória, no entanto, antes de pensar a forma de atin- gir o poder, apresentava diversas metas: construção da capital em São João del Rei; Formação da faculdade de Ouro Preto; estímulo ao crescimento populacional; confecção da bandeira com os dize- res de Virgílio: “Libertas Quae Sera Tamen” etc. Com exceção de Tiradentes, os demais eram contrários a li- bertação dos escravos. Presos em 1789, foram julgados em 1792, registrado no auto da devassa de Minas Gerais. Cláudio Manoel da Costa morre na prisão. Diversos inconfidentes foram condenados a penalidade da pena de morte, no entanto, Dona Maria I substitui as penalidades para a degradação na África, e somente Tiradentes foi condenado a forca, esquartejamento e execração pública - punição exemplar. INCONFIDÊNCIA BAIANA OU CONJURAÇÃO DOS ALFAI- ATES (1799): Movimento emancipacionista influenciado pela filoso- fia iluminista e principalmente pela 2º fase da revolução francesa com a finalidade de implantar uma república separatista e federati- va. O mais importante dos movimentos coloniais chegou a de- fender a abolição da escravidão, onde participaram através da luta armada. A liderança deste movimento era mista, apresentando ele- mentos elitistas de intelectuais como: Cipriano Barata, Hermógenes Pantoja , Moniz Bandeira e da loja maçônica “Cavaleiros da Luz” e lideranças populares como os alfaiates João de Deus e Manoel 19 Faustino e dos soldados Lucas Dantas e Luís das Virgens. Com a derrota da conjuração dos Alfaiates, apenas os líderes populares foram condenados à morte. REVOLTA DA SOCIEDADE LITERÁRIA DO RJ (1794): Mo- vimento elitista e sem muita expressão liderada por Silva Alvaren- ga. Foram facilmente derrotados. CONSPIRAÇÃO DE SUAÇUNA(PE - 1801): Movimento sur- gido na fazenda de mesmo nome e apesar da pouca expressivida- de, lançou o surgimento de uma ova loja maçônica fundada pelo padre Arruda Câmara, com grande participação no movimento pos- terior, a Revolução Pernambucana de 1817 - “Os areópagos de I- també”. REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817 - Retomada pos- teriormente. MARQUÊS DE POMBAL E O RENASCIMENTO AGRÍCOLA: Sebastião José de Carvalho e Mello, Marquês de Pombal e Conde de Olivas assumiu o posto de primeiro ministro de D. José I onde governou de 1750 a 1777. Período de grandes transformações vi- sando a independência econômica de Portugal da Inglaterra. Pombal era um déspota esclarecido (absolutistas influencia- dos parcialmente pelas idéias burguesas, principalmente as de Vol- taire). Formava com o ministro Aranda da Espanha, Catarina da Rússia e Frederico da Prússia, os grandes expoentes desta corren- te. Pombal reativou o renascimento agrícola, através dos seguin- tes produtos demandados internacionalmente: Algodão (Ma e Pa), procurando atender a grande industria têxtil. Disputava mercado com os EUA e Índia. Os picos deste produto aconteceram nas guerras de independência dos EUA e da Guerra de Secessão; Ca- na-de-açúcar, onde o Brasil aproveita da luta de independência das Antilhas ( Haiti, primeiro país negro independente) para recuperar a condição de 3º maior produtor (PE, PB, RJ e SP), apesar do declí- nio de rentabilidade do produto no mercado; cacau (AM e BA); fu- mo (BA), arroz (RJ); índigo (Cabo Frio - RJ). Houve um pequeno incentivo dos roçados. 20 OUTRAS REALIZAÇÕES DE POMBAL: ∗ Criação da Derrama. ∗ Transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro. ∗ Substituição das capitanias pelas províncias. ∗ Extinção do Estado do Maranhão anexado ao Estado do Brasil. ∗ Criação de duas Cias. monopolizadoras: Cia. do Grão-Pará e Maranhão e Cia. de Pernambuco. ∗ Expulsão dos jesuítas do Brasil e de Portugal. ∗ Criação do diretório do índio. etc. • TRATADOS FRONTEIRIÇOS ENTRE AMÉRICA ESPA- NHOLA E AMÉRICA PORTUGUESA: TRATADO DE UTRECHT (1715): O português Manoel Lobo ocupou a colônia do Sacramento (Atual Uruguai) em 1680, fazendo o jogo da Inglaterra que tinha interesses na região do Prata, e a Espanha aumentava sua aproximação com a França, pois o conde D’Anjou, futuro rei da Espanha, era neto de Luís XIV, rei da França. A Inglaterra aceitou a posse de D’Anjou como rei, desde que renunciasse a sucessão Francesa (Guerra de sucessão espanho- la). No referente ao litígio (conflito) fronteiriço, obrigou a Espanha a reconhecer a posse portuguesa sobre a colônia de Sacramento. TRATADO DE MADRI (1750): A partir deste tratado houve um reconhecimento internacional das terras conquistadas por por- tugueses e brasileiros além do tratado de Tordesilhas, graças a te- oria do Utis Possidetis (Uso e Posse), defendido pelo diplomata A- lexandre de Gusmão. Na questão do sul do Brasil, acontece a troca de colônias: Sacramento passa para Espanha em troca dos Sete Povos das Missões que fica com Portugal. TRATADO DE EL PARDO (1761): Os jesuítas contrários ao deslocamento dos índios para as margens ocidentais do rio Uru- guai, iniciam a Guerra Guaranítica, onde apesar do conflito san- 21 grento, conseguem impedir momentaneamente a troca das duas colônias. TRATADO DE SANTO ILDEFONSO (1777): As 2 colônias passam para o domínio espanhol. TRATADO DE BADAJOS (1801): Confirmação da troca efe- tuada pelo tratado de Madri. ESTADO PORTUGUÊS: ANTECEDENTES: A Inglaterra que mantinha o monopólio de praticamente todo o mercado consumidor internacional acabou ameaçada pela revolução francesa que derrubou o absolutismo, e principalmente com a consolidação desta revolução burguesa com a entrada de Napoleão Bonaparte, controlando os conflitos internos e externos, e apreciando o código Civil Napoleônico (1804), base de funcionamento administrativo da França. Em seguida, Napoleão inicia sua trajetória imperialista, en- trando em disputa do Mercado com a Inglaterra. Na batalha Marítima de Trafalgar, a Inglaterra liderada pelo almirante Nelson, derrota os franceses auxiliado pelos espanhóis. Napoleão muda de tática, estabelecendo a guerra terrestre de Austerlitz, derrotando os inimigos e aliados momentâneos da In- glaterra (Áustria, Rússia e Prússia), iniciando sua grande estratégia militar - o Bloqueio Continental (ocupação das fronteiras continen- tais européias, isolando as Ilhas britânicas). O norte fechou com Napoleão com auxílio da burguesia con- tinental, com exceção da Rússia obrigado a assinar o Tratado de Fontanebleau (a Espanha cede a passagem para a invasão france- sa em Portugal e esta região acaba dividida em 3 partes: uma para Napoleão e as outras duas entre Carlos IV e o ministro Godoy. A demora da resposta espanhola acarretou na invasão fran- cesa derrubando Carlos IV e colocando o irmão José Bonaparte, além do avanço das tropas lideradas por Junot em direção a Portu- gal, quando a fuga apressada da família real para o Brasil, aconse- lhado pelo lord Strangford, embaixador inglês em Portugal. A VINDA DA FAMÍLIA REAL E AS PRIMEIRAS MEDIDAS: 22 Antes mesmo da chegada ao Rio de Janeiro, o infante D. João cria duas medidas de caráter emergencial: - abertura dos portos às na- ções amigas e o alvará para liberdade industrial. A abertura dos portos acabou com o “pacto colonial” pois os produtos brasileiros não podiam continuar seu processo de escoa- mento para Portugal invadida pelos franceses, e pela necessidade do Brasil importar produtos de outros países. Secundariamente o liberal Visconde de Cairu influenciou a montagem de tal medida. Esta medida significou na prática a independência do Brasil. O alvará para liberdade industrial, foi a tentativa portuguesa de amenizar a dependência econômica da Inglaterra. Não deu cer- to devido a concorrência com os produtos ingleses, e por causa da ausência de mercado consumidor. • OS TRATADOS DE 1810: O lorde Strangford representan- do a Inglaterra obrigou o conde Linhares a assinar 3 tratados: “Co- mércio e Navegação”; “Aliança e Amizade”; “Paquete” (destinado ao processo de postagem entre os países amigos). TRATADO DE COMÉRCIO E NAVEGAÇÃO: - Tarifas alfandegárias ou aduaneiras - Inglaterra (15%); Por- tugal (16%); Outros países (24%). - Direito de extraterritorialidade. - Franquia do porto de Santa Catarina. - Direito de culto ao anglicanismo etc. TRATADO DA ALIANÇA E AMIZADE: - Diminuição do tráfico de escravos. - Fim da Santa Inquisição, etc. A DERROTA DE NAPOLEÃO E A ELEVAÇÃO DO BRASIL A CONDIÇÃO DE REINO UNIDO (1815): Napoleão perde a credibili- dade do continente europeu, principalmente por dois motivos: a in- capacidade produtiva da França em substituir os produtos proibidos da Inglaterra e o autoritarismo e intervencionismo francês. A Rússia aproveita dessa situação para romper o Bloqueio Continental. A reação de Napoleão é imediata, iniciando uma gran- de invasão sobre a Rússia. O czar Alexandre I preparou a tática da terra devastada ou arrasada para as tropas de Napoleão, gerando um verdadeiro mas- 23 sacre, principalmente pelo agravante do frio (General inverno). O que sobrou do exército de Napoleão acabou derrotado pe- las tropas conservadoras e absolutistas na batalha de Leipzig, onde Napoleão foi preso na Ilha de Elba, entrando Luís XVIII no seu lu- gar. Napoleão foge, reassume o comando do exército, iniciando a Guerra dos cem dias, onde acabou derrotado na Batalha de Water- loo, e confinado na ilha de Santa Helena. As forças absolutistas reunidas no Congresso de Viena foram aconselhadas por Talleyrand, ministro de Luiz XVIII a convencerem D. João VI e a família real a permanecerem no Brasil, elevando es- ta região a condição de Reino Unido a Portugal e Algarves, dando respaldo internacional e impedindo o domínio total do liberalismo inglês. • OUTRAS REALIZAÇÕES DE D. JOÃO VI:- Criação dos primeiros jornais: “A Gazeta do Rio de Janeiro” e “A Idade do Ouro do Brasil” (BA) - imprensas régias - O jornal de oposição era feito na Inglaterra “O Correio Brasiliense” de José Hi- pólito José da Costa. - Criação da primeira academia militar e o primeiro Banco do Brasil. - Fundação das primeiras faculdades do Brasil: Medicina (BA) e Direito (RJ). - Fundação da biblioteca e do teatro municipal; da escola de belas artes e do Horto florestal (Atual Jardim Botânico). - Acordo cultural Brasil - França, com destaque para Debret e Taunay. - A nível externo, ocupou Caiena (Atual Guiana Francesa) e Província da Cisplatina (Atual Uruguai), etc. MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA: ANTECEDENTES: A permanência da família real no brasil trouxe dois problemas sérios para Portugal: 1- A inversão brasileira, ou seja, o centro de decisões do sis- tema passava a ser o Brasil; 2- O marechal inglês Beresford que liderou a expulsão dos 24 franceses de Portugal, ocupa praticamente este vazio político. A burguesia lusitana influenciada pela Revolução Liberal da Espanha, realizada pela junta governativa, aproveita a ausência de Beresford para substituir o absolutismo pela monarquia constitucio- nal, na Revolução Liberal do Porto de 1820, exigindo o retorno de D. João VI. A Revolução Liberal do Porto foi liderada por Manuel Fernan- des Tomás inspirada pela Revolução Francesa, e a associação que liderava o movimento era chamado de Sinédrio. A monarquia pressionada pela elite brasileira e portuguesa, retorna para Portugal em 1821, deixando o filho mais velho, D. Pe- dro com o propósito de antecipar aos projetos violentos de inde- pendência e a tentativa recolonizadora da burguesia lusitana. REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817: Último movi- mento separatista antes da independência, influenciado pela filoso- fia iluminista e pelo código civil Napoleônico, formaram um governo provisório composta dos seguintes províncias: Pe, Pb, Rn, Ce e Al. Principais líderes: Domingos José Martins (contato do revolu- cionário Miranda), padre João Ribeiro (Discípulo do padre Arruda Câmara fundador da loja maçônica “Areópagos de Itambé), padre Miguelinho, Antônio Carlos de Andrada, Frei Caneca e outros. Os revolucionários tomaram o poder, implantando um gover- no provisório e republicano (7 de março de 1817) derrotando o go- vernador Caetano Montenegro. Foi criado um conselho de Estado, constituído pela elite inte- lectual; confeccionada uma bandeira separatista; o ideal liberal substituiu o absolutista, instalada na Lei Orgânica, criada por Frei Caneca ou Antônio Carlos de Andrada (liberdade de consciência e imprensa - tolerância religiosa - elaboração de uma constituição - estrangeiros que aderissem a revolução seriam considerados patri- otas - abolição dos tributos sobre gêneros de primeira necessidade etc.); o tratamento pessoal tradicional seria substituído pelo de pa- triota e vós como na revolução francesa. A contra-revolução foi liderada pelo governador da Bahia D. Marcos de Noronha e Brito, conde dos Arcos, responsável pela re- pressão por mar e terra, além de tropas lideradas pelo coronel Luís do Rego Barreto - futuro governador de Pernambuco, recuperando o controle da região em 19 de maio de 1817. As punições foram rigorosas: Domingos José Martins, padre 25 Miguelinho e José Luís de Mendonça foram fuzilados em Salvador, outros foram condenados à morte nos de mais províncias revolu- cionárias. REPERCUSSÕES DA REVOLUÇÃO LIBERAL NO BRASIL E AS TENDÊNCIAS DOS PARTIDOS NO BRASIL COLONIAL: Os liberais brasileiros desconhecendo a tendência recolonizadora da corte liberal de Lisboa, passaram inicialmente a Revolução portu- guesa, com gritos de “viva a revolução” e “abaixo o absolutismo”. Cipriano Barata aclamava a revolução no seu jornal “A sentinela”. Os deputados brasileiros eleitos para a corte de Portugal, como Antônio Carlos de Andrada, padre Feijó, Cipriano Barata en- tre outros, ficaram decepcionados pela fria recepção dos liberais portugueses. O partido português formado basicamente por comerciantes portugueses eram favoráveis a recolonização do Brasil, seguida do retorno do absolutismo. O partido radical formado pelos profissionais liberais das zo- nas urbanas e pela elite agrária fora do eixo Rio, São Paulo e Mi- nas, eram favoráveis a imediata independência do Brasil, seguida da implantação da república. O partido brasileiro formado basicamente pela elite rural do eixo Rio, São Paulo e Minas, favoráveis inicialmente a manutenção do reino unido seguido de monarquia constitucional, mais tarde de- vido a tendência recolonizadora das cortes portuguesas, passam a defender a independência do Brasil, seguida de monarquia consti- tucional. MOVIMENTOS DA INDEPENDÊNCIA: A principal articulação ficou com a maçonaria; a divulgação ficou a cargo da imprensa, com destaque para o jornal “O revérbero constitucional” do liberal radical Gonçalves Ledo e a participação do próprio príncipe- regente. Esta combinação serviu aos interesses da classe domi- nante rural de garantir a velha ordem de funcionamento escravista, latifundiária e monocultura, impedindo a fragmentação do território brasileiro. Os principais movimentos foram: - 9 de janeiro de 1822 - Dia do fico. - Maio de 1822 - cumpra-se. - Junho de 1822 - D. Pedro recebe o título de defensor perpé- tuo do Brasil pela Maçonaria. 26 - Agosto de 1822 - Início da convocação do anteprojeto cons- titucional. - 7 Setembro de 1822 - Independência do Brasil. PRIMEIRO REINADO: ANTECEDENTES: Apesar da nossa independência ter sido praticamente pacífica (comparando com o processo da América Espanhola), a consolidação dela exigiu sacrifício pois houve a re- sistência portuguesa em algumas províncias brasileiras: Ba, Pa, Ma, Pi, e Cisplatina. Na Bahia o governador Madeira de Melo perseguia os parti- dários da independência, inclusive a madre superiora Joana Angé- lica que foi assassinada quando o governador invadiu o convento que dava abrigo aos seus oposicionistas. D. Pedro I pede auxílio aos mercenários no combate aos por- tugueses, com destaque para os ingleses Cockrane e Greenfell, o norte-americano Taylor e o francês Labatut. Outro destaque na luta contra os portugueses foi Maria Quité- ria que participou do exército disfarçado de homem. RECONHECIMENTO INTERNACIONAL DA NOSSA INDE- PENDÊNCIA: EUA = devido a doutrina Monroe: “América para os america- nos”. Portugal = Pagamento de £ 2.000.000 - início da dívida ex- terna. Inglaterra = Prorrogação por 15 anos dos tratados de 1810. A CONSTITUIÇÃO DA MANDIOCA: José Bonifácio, patriarca da independência, teve bastante prestígio no primeiro momento do reinado, acumulando as pastas do reino e das relações exteriores, onde canalizou o poder para si, com auxílio da imperatriz Leopoldi- na, e arranjou bastante inimigos como Chalaça que conspirava com o amante de D. Pedro, a marquesa de Santos, acaba derrubando o ministro e seu irmão Martim Francisco da pasta da Fazenda. En- quanto esteve no poder, Bonifácio fez uma política contraditória apoiando a abolição e criticando a democracia. A elite rural liderada por Antônio Carlos Andrada iniciou o es- 27 tabelecimento de uma constituição liberal e xenófoba (Aversão ao estrangeiro), baseado no voto censitário medido na plantação de Mandioca, visando afastar da política os portugueses que viviam do comércio. No ato da promulgação da carta, D. Pedro I auxiliado pelo exército fecha o congresso, mantendo os parlamentares presos - Noite da agonia. A CARTA OUTORGADA DE 1824 (PRIMEIRA CONSTITUI- ÇÃO DO BRASIL): Esta carta foi inspirada na constituição absolu- tista da França apesar de conter medidas liberais como liberdade de imprensa e direito de propriedade privada para atrair a elite ru- ral. Esta constituição era unitária e centralizada, consagrava a transmissão vitalícia e hereditária do poder ao filho primogênito.No caso de morte, doença incurável e renuncia do monarca no período de menoridade do futuro rei (Abaixo de 18 anos), a constituição prevê a formação de uma regência trina formada por pessoas de confiança da família real. Inspirado nas doutrinas de Benjamin Constant, a carta de 1824 consagrava a formação do 4º poder - o moderador - e diferen- te da teoria que previam poder neutro e conciliador, passa a ser um instrumento de intervenção e opressão. Outra grande medida foi a criação do regime de padroado, onde o poder leigo do imperador indica e submete o poder religio- so, e estes últimos passam a ser funcionários públicos responsá- veis pela mentalidade do império e etc... CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR (PE - 1824): Movimento com antecedente na Revolução pernambucana de 1817. Com o retorno da família real para Portugal (1821), os liberais recuperam o poder em mãos dos matutos, e apoiam o projeto de formação de uma constituição liberal. Com o impedimento da Constituição da Mandioca, os liberais republicanos liderados por Paes de Andrade passaram a atacar a carta outorgada de 1824 e D. Pedro I reage impondo um presidente da província do grupo dos matutos, Pais Barreto. O movimento revolucionário atinge novamente as cinco pro- víncias: Pe, Pb, Rn, Ce. Os grandes líderes do movimento foram: Cipriano Barata 28 (Homem de todas as revoluções), dono do jornal “A Sentinela da Liberdade da Guarita de Pernambuco”, e mesmo preso um ano an- tes do movimento, deixou suas idéias em funcionamento; e o frei carmelita Joaquim do Amor Divino Caneca, ou frei Caneca, princi- pal líder intelectual do movimento, também apresentava preocupa- ções com as classes menos favorecidas, defendendo suas idéias no jornal “Tífis Pernambucano”. Foi condenado a morte. A ação violenta dos mercenários liderados pelo Lorde Coc- krane, trouxe o processo de afastamento gradativo da elite e das massas populares. PROCESSO DE ABDICAÇÃO DE D. PEDRO I: Autoritário e incompetente, D. Pedro fez um péssimo governo agravado pela ausência de um produto forte no mercado e pelo desemprego. A nível internacional foi derrotado na questão sucessória de D. João VI, onde planejava casar a filha de 7 anos, Dona Maria da Glória, com o irmão D. Miguel que recusa e prepara um golpe de Estado. Outra derrota acontece com a independência das províncias da Cisplatina em 1828, com a formação do Uruguai. A oposição passava a criticar D. Pedro I através da imprensa, com destaque para os jornais “A Aurora Fluminense” de Evaristo da Veiga e “O Observador Constitucional” de Líbero Badaró. O jornalista Líbero Badaró foi assassinado numa emboscada e D. Pedro acusado de mandante do crime, gerando um conflito en- tre situação e oposição num reduto de comerciantes portugueses, onde estes passavam a atirar garrafas vazias nos brasileiros - Noite das Garrafadas. Sem apoio do povo, da elite e do exército, D. Pedro I tenta a última cartada criando o Ministério de brasileiros, no entanto, diante da insubmissão destes, acaba demitindo-os e restruturando o Mi- nistério dos marqueses. Para agravar a situação de D. Pedro I, o liberalismo econô- mico recupera seu prestígio internacional, derrubando Carlos X, rei da França, em 1830. D. Pedro I renuncia em 7 de abril de 1831. Segundo o liberal mineiro Theóphilo Otoni, aconteceu a verdadeira Journée de Dupes ( Jornada dos tolos ou dos logrados), pois o partido radical que mais lutou para derrubar D. Pedro não ficou com nenhuma parcela do poder. 29 PERÍODO REGENCIAL: ANTECEDENTES: Esta forma de governo pela elite rural es- tava dentro da Constituição apesar da lei prever pessoas de confi- ança da família real. A elite rural chega pela 1ª vez ao poder efetivo no Brasil, rea- lizando a experiência que no futuro originará a implantação da Re- pública. Tivemos no Brasil 4 regências: Regência Trina Provisória, Regência Trina Permanente, Regência Una de Padre Feijó e Re- gência Una de Araújo Lima. Nas regências os partidos mudaram de nomes: Partido por- tuguês passa para Restaurador ou Caramuru, organizados na soci- edade militar, defendendo a volta de D. Pedro I. Era liderado por José Bonifácio. O partido radical passa para Exaltado, Jurujuba ou Farroupi- lha, organizado na Sociedade Federativa, defendendo o Estado fe- derativo e descentralizado. Era liderado por Borges da Fonseca. O Partido Brasileiro passa para Moderado ou Chimango, or- ganizados na Sociedade de Defesa da Liberdade e da Indepen- dência, defendendo a formação futura de uma monarquia consti- tucional. Era liderado por Padre Feijó, Bernardo Pereira de Vas- concelos e Evaristo Veiga. REGÊNCIA TRINA PROVISÓRIA: Durou 3 meses e foi cria- da em caráter emergencial devido o recesso do congresso com a finalidade de estabelecer medidas urgentes como: anistia aos pre- sos e exilados políticos do Primeiro Reinado e a readmissão do Mi- nistério de brasileiros depostos por D. Pedro I. Esta regência era formada por Francisco de Lima e Silva, se- nador Nicolau Campos Vergueiro e José Joaquim Carneiro de Campos (Marquês de Caravelas). REGÊNCIA TRINA PERMANENTE (1831-1835): Formada por Francisco de Lima e Silva, José da Costa Carvalho (Marquês de Monte Alegre) e Bráulio Muniz, onde a principal figura do gover- no era o Ministro da Justiça, o padre Diogo Antônio Feijó. A primeira grande medida desta regência foi a criação da 30 Guarda Nacional em 1831, com a finalidade de combater as rebeli- ões regenciais e servir de sustentação armada da nova elite rural. Em 1832 acontece a consolidação do código do processo criminal iniciado em 1830, separando a idéia de crime de pecado. O corpo criminoso passa a ser combatido por mecanismos científicos controlados pela burguesia rural, baseado na lógica ma- terial, e não na interferência divina. A justiça escapa do poder do Tribunal do Santo Ofício e da ação da Santa Inquisição, o corpo criminoso passa a tutela da polí- tica e a mente insana para o controle psiquiátrico. Este código também descentraliza o poder, passando o po- der judiciário local para o juiz de paz eleito pela comunidade, no en- tanto, acaba institucionalizando a prática do coronelismo (latifundiá- rio que compra a patente de coronel na guarda nacional), respon- sável pela manipulação local em favor do seu candidato para chefe judiciário de sua região. CONFLITO ENTRE FEIJÓ E BONIFÁCIO: O padre Feijó de- pois de alterar as leis ordinárias (elaboradas pelo poder judiciário), passa a planejar o estabelecimento de uma nova constituição a- daptada aos valores liberais e promulgada pelo legislativo. Feijó prepara a elaboração de uma constituição promulgada, recebendo apoio da Câmara dos Deputados, formada na sua maio- ria por elementos do Partido Moderado, no entanto, não recebeu a adesão do Senado, nas mãos do Partido Restaurador. Feijó tenta através de um golpe de Estado elaborar a consti- tuição apenas com a Câmara de Deputados, além de tomar , de Bonifácio, a tutela de D. Pedro II. José Bonifácio reage e, utilizando de seu poder pessoal, con- segue parcela do Partido Moderado liberado por Bernardo Pereira Vasconcelos a não aceitar o plano golpista de Feijó. Isolado, o Mi- nistro da Justiça acaba renunciando. Bonifácio não chega a comemorar, pois perde a tutela de D. Pedro II para o Marquês de Itanhaém e recebe a notícia da morte de D. Pedro I. ATO ADICIONAL DE 1834: Primeira revisão da Constituição de 1824, elaborada pelas 3 facções, determinando o seguinte: - O Rio de Janeiro se torna um município neutro; - Os conselhos pro- vinciais são substituídos pelas Assembléias Legislativas; - Fim do 31 Conselho de Estado; - As Regências Trinas passam para Regên- cias Unas. O Partido Restaurador recebe, em troca de votação, a conti- nuação da vitaliciedade do Senado, e o Partido Exaltado, a criação do Estado Federativo. REGÊNCIA UNA DE PADRE FEIJÓ (1835-1837): De tendên- cia progressista (favorável ao ato adicionalde 1834), Feijó vence com uma margem apertada de votos de seu oponente Holanda Ca- valcanti, no entanto, sua facção perde o legislativo para os regres- sistas. Os regressistas passaram a boicotar Feijó e, mesmo este chamando as rebeliões regenciais de “Vulcão da Anarquia”, os re- gressistas o acusavam de incompetente e conivente com estes movimentos. Feijó que representou o avanço liberal, fica sem apoio e aca- ba renunciando. REGÊNCIA UNA DE ARAÚJO LIMA (1837-1838 E 1838- 1840): De tendência regressista, terminou o mandato de Feijó, i- naugurando o Regresso Conservador. Araújo assume o 2º mandato vencendo Holanda Cavalcanti e consolidando a união do Poder Executivo com o Legislativo, onde confiante cria o “Ministério das Capacidades”, prometendo acabar com as rebeliões regenciais. O fracasso parcial motivou o golpe da maioridade que acelerou o retorno da monarquia centralizadora pa- ra garantir a paz social e a integridade territorial necessária ao de- senvolvimento do café. AS REBELIÕES REGENCIAIS: • CABANAGEM (PA / 1833 - 1836): Único movimento no Brasil onde o povo tomou o poder. Este movimento tem antecedentes no primeiro reinado, onde os cabanos lutaram com os mercenários liderados por Greenfell pa- ra expulsar os portugueses que se recusavam a aceitar a indepen- dência, mas foram massacrados pelos mesmos mercenários quan- do passaram a exigir melhores condições de vida. Dois líderes sobreviventes do massacre do 1º Reinado: Cô- nego Batista de Campos e o estancieiro Clemente Malcher, reorga- 32 nizaram o movimento contra a intervenção centralizada da regência na região. Os cabanos acabaram matando o presidente provincial inter- ventor Lobo e Souza, colocando Clemente Malcher. Este último, preocupado com a radicalização do movimento, pede proteção dos regentes, e também acaba assassinado. Francisco Vinagre, líder dos revoltosos assume o governo, mas também fica preocupado com os caminhos violentos do movi- mento, e mesmo com oposição do irmão Antônio Vinagre, trai o movimento por duas vezes. Foi justiçado. O mesmo acontece com Angelim e Lavouro. Cansados de traição, acabaram desanimando e permitindo a recuperação do re- gentes. • FARROUPILHA (RS / 1835 - 1838): As causas desse mo- vimento podem ser encontradas no descaso histórico do governo federal na região, só lembrando dos gaúchos para guerras fronteiri- ças e cobrança de impostos; além das condições Sui Generis da região de produtora de gado, de onde retira a carne, couro, sebo e graxa para abastecimento do mercado interno, onde o governo fe- deral, procurando diminuir o preço do produto, passa a importar os mesmos produtos dos países platinos que, liberados do problema da escravidão, conseguiam um preço menor de mercado. Bento Gonçalves liderando os estancieiros e com ajuda do povo, estabelecem uma República Separatista Rio-Grandense ou do Piratini. Os mercenários liderados por Greenfell e contratados pelos regentes, vencem os farrapos e Bento Gonçalves é mandado para a Bahia, mas acaba solto pelo movimento local da Sabinada. De volta ao RS, Bento Gonçalves se une aos líderes Davi Canabarro e Giudeppe Garibaldi, estes últimos fundam em Santa Catarina a República Catarinense ou Juliana. Movimento organizado e ideologicamente definido, entra no 2º Reinado e acaba sendo derrotado por Duque de Caxias. • SABINADA (BA / 1837 - 1838): Movimento elitista liderado por Francisco Sabino, com o objetivo de criar uma república sepa- ratista baiana até a maioridade de D. Pedro II. A falta do povo (elemento quantitativo) foi responsável pela derrota rápida do movimento. 33 • BALAIADA (MA / 1838 - 1841): Movimento iniciado com a disputa de duas tendências elitistas: Bem-te-vis (Liberais) e Caba- nos (Conservadores), perdendo a direção para o povo liderado por Francisco dos Anjos (fazedor de balaios), vaqueiro Raimundo Go- mes e escravo Cosme. Apesar de desorganizado e sem objetivos claros, adentraram no 2º Reinado, onde derrotados por Luís Alves de Lima e Silva na cidade de Caxias (MA), motivo da adoção do seu título - Duque de Caxias. • REVOLTA DE MALÊS (BA / 1835): Movimento de escravos islamizados, exigindo o fim da escravidão e a liberdade de cultos. POLÍTICA INTERNA DO 2º REINADO: ANTECEDENTES: A elite rural aprovou o golpe da maiorida- de efetuado pelos progressistas que fundaram o partido liberal, in- terrompendo a regência em poder dos progressistas que fundaram o partido conservador, com a finalidade de acabar com as rebeliões regenciais, garantindo a paz social e evitar a fragmentação do terri- tório, necessário ao processo de expansão do café. D. Pedro II cria a lei interpretativa de 1840, cancelando as medidas liberais do ato adicional de 1834. O partido liberal para garantir a maioria do legislativo passa a utilizar de expedientes ilícitos como violência física, fraude e cor- rupção eleitoral, onde a combinação desses elementos ficou co- nhecida como “eleições do cacete”. REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1842; PARLAMENTO ÁS A- VESSAS E O GABINETE DE CONCILIAÇÃO: D. Pedro II procu- rando limitar o poder do partido liberal, acaba substituindo-o pelo conservador. Os liberais descontentes com a perda do poder passam a acusar D. Pedro II de autoritário e centralizador e iniciam um movi- mento liderado por Theóphilo Otoni em MG e padre Feijó e Tobias Aguiar em SP foram derrotados por Caxias. O imperador brasileiro procurando ganhar a simpatia dos dois partidos, cria o modelo parlamentarista (1847) que no entanto fun- 34 cionava de forma diferenciada do modelo britânico, onde no último o chefe do governo (1º ministro) era indicado pelo parlamento, não havendo subordinação deste ao chefe de Estado (rei ou presiden- te). No Brasil, D. Pedro II (chefe de Estado) indicava o Presidente do Conselho do Gabinete (chefe do governo), e este último mesmo com a prerrogativa da escolha do ministério, estava subordinado ao primeiro. De 1853 com o gabinete conservador de Honório Hermeto Carneiro Leão ate 1867 com o gabinete liberal de Zacharias , os dois partidos se alternaram no poder sem nenhuma divergência. A divergência somente aparece quando os elementos do par- tido liberal influenciados pelo abolicionismo da guerra de secessão, passam defender o fim da escravidão, enquanto os conservadores continuam a defender à manutenção. REVOLUÇÃO PRAIEIRA (1848 - PE): Este movimento foi in- fluenciado pela Primavera dos Povos e pelo socialismo utópico, se tornando o primeiro movimento socialista do Brasil. As origens desse movimento se encontram nas revoluções li- berais de 1830, principalmente na França, onde a burguesia auxili- ada pelo povo derrubam o conde D’ Artois (Carlos X), acabando com absolutismo implantando uma monarquia constitucional com Luís Felipe, o rei burguês, e pondo fim a dinastia dos Bourbons. A burguesia no poder passa a marginalizar o povo, e dois partidos propõem ações diferenciadas: partido do movimento lide- rado por Lafayette favorável à política de concessão e o partido da reação liderado por Guizot (favorável às prerrogativas do rei) e Thi- ers (contrários às prerrogativas), defendendo a repressão pura e simples. Em 1848 o povo se levanta contra a opressão e a fome gera- da pela grande seca de 1846 na Europa “a primavera dos povos” que na França derrubou a monarquia e implantou a república. Este movimento começou em 1842 na sede do jornal “O diá- rio novo” localizado na rua da praia com a finalidade de acabar com o monopólio do comércio pernambucano controlado pelos portu- gueses (xenofobia). Em 1844 o movimento gera o partido da praia que surpreen- dentemente vence as eleições em todos os níveis, inclusive o pre- sidente da província (Governador) Chichorro da Gama. 35 No poder, os praieiros passam a agredir os portugueses atra- vés de violência física e da tentativa de elaboração de uma lei que expulsasse todos os portugueses solteiros de Pernambuco. D. PedroII preocupado com o radicalismo dos praieiros, indi- ca Araújo Lima para presidente do Conselho do Gabinete que pas- sa a atuar através das tropas de Caxias com rigor na região. Os praieiros não se intimidaram e radicalizados ainda mais, passam a defender o socialismo, inclusive através da luta armada organizada por Pedro Ivo. O líder teórico e mas moderado era Borges da Fonseca que deixou o seu “Manifesto ao mundo”, com dez artigos reivindicató- rios, sendo nove de cunho liberal, como: fim do monopólio portu- guês; fim do poder moderador; igualdade e autonomia dos três po- deres; liberdade de imprensa e de pensamento etc. e o artigo de cunho socialista, defendendo a garantia do trabalho. Último grande movimento de oposição do 2º reinado, foi der- rotado por Caxias. POLÍTICA EXTERNA DO 2º REINADO: ANTECEDENTES: D. Pedro II inicia uma política de autono- mia econômica em relação à Inglaterra, não Prorrogando mais os tratados de 1810, acabando com os privilégios da Inglaterra e pro- tegendo a produção nacional através da tarifa Alves Branco. A Inglaterra resolve reagir prejudicando a estrutura produtiva escravista estabelecendo através da lei Bill Aberdeen (1844), a pro- ibição do tráfico internacional de escravos. Depois da prática do contrabando, o Brasil acabou sucum- bindo a pressão internacional, assinando em 1850 a lei Eusébio de Queirós, proibindo o tráfico de escravos para o Brasil. QUESTÃO CHRISTIE: Dois acontecimentos banais transfor- mados em conflito diplomáticos pelo encrenqueiro embaixador da Inglaterra no Brasil, Willian Christie. No primeiro caso, o navio “Príncipe de Gales” (Prince of Wal- les) naufraga no RS e a carga supostamente desaparece. Christie exige o pagamento de & 3.200 e a chefia da investi- gação da Inglaterra. No 2º caso três oficiais da marinha britânica 36 completamente embriagados causam desordens nas ruas do RJ, e acabam presos. Willian Christie exige desculpas formais de D. Pedro II e a demissão do comandante que deu voz de prisão aos oficiais. D. Pedro II recusa, e Christie manda aprender os navios brasileiros ancorados no porto do RJ. Leopoldo I, rei da Bélgica, servindo como mediador do confli- to, acaba dando vitória ao Brasil, exigindo desculpas da Inglaterra. Diante da recusa, o Brasil rompe relações diplomáticas (1863- 1865). A QUESTÃO DO PRATA: José Artigas tenta fazer a inde- pendência da colônia do Sacramento com ajuda da Argentina, no entanto, D. João VI influenciado pela mulher Carlota Joaquina irmã do rei da Espanha deposto por Napoleão acaba anexando esta re- gião ao Brasil, com o nome de província da Cisplatina. Em 1828, Frutuoso Rivera e Juan Lavallejja lideram o pro- cesso de independência do Uruguai. Rivera se torna o primeiro presidente do Uruguai e funda o partido colorado (ligado aos comerciantes de Montevidéu) , e Laval- lejja passa para o oposição, fundando o partido Blanco (Ligado a elite rural do interior). No final do mandato de Rivera vence Manoel Oribe do partido Blanco, se aproximando da Argentina, onde o presidente portenho e unitarista, Juan Manoel Rosas, tinha o desejo de recuperar o vi- ce-reino do Prata, formado pela Argentina, Uruguai e Paraguai. Rivera foge de Oribe, e no Brasil recebe apoio de Bento Gonçalves (líder da farroupilha). Os brasileiros sitiam Montevidéu, derrubando Oribe e recolocando Rivera. Rosas parte em defesa de Oribe, mas acaba surpreendido por um movimento federalista comandado pelo general Urquiza que toma o poder, restabelecendo a paz com o Brasil. O 4º presidente Blanco Atanásio Aguirre reinicia o enfrenta- mento com o Brasil, apoiado no Paraguai, governado por Solano Lopes. A GUERRA DO PARAGUAI (1864-1870): A independência do Paraguai foi estabelecida em 1811 com a liderança de José Ro- driguez Francia que permaneceu no poder até 1840. Na década de 30, Francia estabeleceu a reforma agrária para 37 acabar com o entreguismo dos criollos (filhos de espanhóis nasci- dos na América) que por deterem o controle das terras, aprovavam o projeto de Rosas de formação pelo vice-reino do Prata, para es- coamento de sua produção pela Argentina e pelo Uruguai. Antônio Carlos Lopes substituto de Francia, estabeleceu uma reforma na educação que praticamente erradicou o analfabe- tismo no Paraguai. Solano Lopes, filho de Antônio Carlos Lopes, assumiu um Paraguai favorável, pretendo formar o Gran-Paraguai, dominando o Mato Grosso e conseguindo a saída para o mar através do RS. Solano Lopes estimula Aguirre a provocar uma invasão uru- guaia em terras fronteiriças brasileiras. O Brasil sabendo da intenção do Paraguai, tenta a saída di- plomática da missão Saraiva, no entanto, com a recusa da parte de Aguirre, o exército liderado por Mena Barreto e a marinha liderada pelo almirante Tamandaré cercam Montevidéu, derrubando Aguirre e colocam provisoriamente o senador Villalba, que passa o poder para o colorado Venâncio Flores. Solano Lopes declara guerra ao Brasil ocupando o Mato Grosso e seqüestrando o navio “Marquês de Olinda”, além de pas- sar por terras da Argentina para ocupar o Rio Grande do Sul. A Argentina, o Brasil e o Uruguai formam a tríplice aliança, armada e financiada pelo imperialismo britânico. Na batalha naval do Riachuelo, a marinha brasileira (liderada pelo almirante Barroso) esmaga a marinha paraguaia. A Tríplice Aliança liderada por Bartolomeu Mitre, presidente da Argentina, invade o Paraguai, derrubando a fortaleza de Humai- tá. Em seguida acontece a batalha do Tuiti (a maior batalha da América do Sul). Bartolomeu Mitre se desentende com Venâncio Flores e o Brasil fica sozinho na guerra, liderado por Caxias que já substituía o general Osório. Caxias liderou as “dezembradas”: Lomas Valentinas, Itororó, Avaré, Angostura etc. Ao perceber o genocídio masculino paraguaio, Caxias pre- tende acabar com a guerra, mas acabou afastado e substituído pe- lo conde D’Eu, que só terminou a guerra na morte de Solano Lo- pes, na batalha de Cerro Corá. 38 CONSEQÜÊNCIAS DA GUERRA PARA O PARAGUAI: - Genocídio masculino; - Indenização de guerra ao Brasil até o governo Vargas; - Destruição da economia; - Perda de território etc. CONSEQÜÊNCIAS DA GUERRA PARA O BRASIL: - Fortalecimento do exército; - Questionamento da monarquia e da escravidão; - Retorno à dependência econômica com relação à Inglaterra, etc... TRANSFORMAÇÕES DO SÉC. XIX (Econômicas e Sociais): ANTECEDENTES: O café originário da Abissínia (Etiópia) chega ao Brasil no final do século XVIII, trazido por Francisco de melo Palheta para a região do Grão-Pará, estendendo-se inicial- mente para o nordeste no período da produção de subsistência. O café encontrou seu primeiro ambiente favorável no Rio de Janeiro partindo da floresta da Tijuca por dois caminhos: litorâneo (Santa Cruz, Angra dos Reis, Parati e o litoral paulista) e interiorano (partindo da baixada fluminense em direção ao vale do Paraíba - Vassouras, Valença, Barra Mansa, Resende e o interior Paulista). O café se adaptou melhor no Vale do Paraíba devido ao cli- ma de altitude e a proteção da Serra do Mar e da Mantiqueira, pro- tegendo nas suas encostas o café da ação eólica. De duas a três décadas esta região se tornou a mais rica do Brasil. “O Brasil é o vale”, no entanto, se formou naquela região uma estrutura produtiva arcaica baseada nos mecanismos do perí- odo colonial onde o latifundiário local, conhecido como “Barão do café” continuava a utilizar a mão-de-obra escrava; técnicas rudi- mentares de plantio e falta de investimento do capital, gastando o lucro obtido com a venda, com a manutenção de status; além do transporte rudimentar no lombo de burros e carros de boi. Estes motivos citados mais a ausência de terra roxa e de planície, para expansão do café, bem como as erosões provocadas pela chuva e desmatamento, foram responsáveis pela crise grada- tiva do café na região do vale. 39 O CAFÉ NO OESTE PAULISTA:
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