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Resumo - História do Brasil - Apostila Completa

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HISTÓRIA DO 
BRASIL 
 
EXPANSÃO MARÍTIMA: 
 
ANTECEDENTES: A retração do século XIV na Europa foi 
decorrente do monopólio de especiarias e artigos de luxo pelos ita-
lianos e árabes, além do processo de superprodução e subconsu-
mo do mercado, esgotamento das jazidas de metais da Europa, a 
Guerra dos 100 anos e das pestes do Oriente. 
A saída para a crise surge com as grandes navegações, on-
de homens partem para grande aventura dos mares, carregando 
um imaginário ainda medieval de lendas e monstros. 
Os objetivos desta expansão desta expansão eram: 
a) atingir o centro fornecedor de especiarias, acabando com o 
antigo monopólio; 
b) ampliar o mercado consumidor, sintonizando produção e 
consumo; 
c) conquistar novas jazidas minerais. 
 
A PRECOCIDADE DOS PORTUGUESES NA EXPANSÃO: 
Diversos fatores concorreram para que este pequeno país tomasse 
a dianteira do processo expansionista, como a localização geográ-
fica favorável; a tradição pesqueira; o contato com os mouros que 
traziam tecnologia náutica e divulgavam a filosofia grega Tc..., no 
entanto, o principal motivo desta fase mercantilista lusitana se deve 
a sua condição de primeiro Estado centralizado da modernidade. 
O processo de centralização portuguesa está ligado as guer-
ras de conquista (ações militares dos cristãos influenciados pelas 
cruzadas com objetivo de expulsar os muçulmanos da Península 
Ibérica). 
Os reinos católicos de Leão, Castela, Navarra e Aragão pedi-
ram auxílio aos Borgonhas franceses liderados por Raimundo e 
Henrique que dominaram judeus e mouros da parte ocidental da 
Península, e foram recompensados com o casamento com as filhas 
do rei Afonso de Castela, além de terras. 
 1 
Henrique casado com Teresa fundou o Condado Portucalen-
se, e seu filho Afonso Henrique estabeleceu a independência de 
Portugal se tornando seu primeiro rei. 
Dois séculos depois, um descendente remoto do primeiro rei, 
D. Pedro I morre deixando dois filhos. Um legítimo D. Fernando e 
um bastardo D. João (Filho da amante famosa dona Inês de Cas-
tro). 
D. Fernando ao assumir, inicia uma política perigosa de a-
proximação com o reino de Castela, casando com uma nobre de 
Castela, Dona Leonor Telles, e prometendo sua única filha, Beatriz, 
em casamento ao rei de Castela. 
Após a morte de D. Fernando, a burguesia assustada com a 
possibilidade do casamento de Beatriz significar o retorno de ane-
xação de Portugal por Castela, acaba realizando a revolução de 
1383-1385, onde na Guerra de Aljubarrota, destrona a rainha, colo-
cando no poder D. João I, mestre de Avis, primeiro rei absolutista 
da modernidade. 
 
CICLO ORIENTAL DE NAVEGAÇÃO - PORTUGAL: Este ci-
clo apresenta duas etapas distintas. A primeira com objetivo de de-
vassamento do litoral africano foi articulado pelo infante D. Henri-
que, fundador da Escola Náutica de Sagres. Nesta fase tivemos 4 
reis (D. João I, D. Duarte, D. Pedro II, D. Afonso V). Acontece o 
contorno do Cabo do Bojador por Gil Eanes (1433); a descoberta 
das Ilhas Atlânticas; e a chegada em Guiné. 
Com D. João II inicia a 2º fase de busca do caminho para à 
Índia, e financiado pela burguesia, contrata Diogo Cão para desco-
brir o contorno da África, e apesar deste não conseguir, atinge o 
Congo e Angola. Bartolomeu Dias consegue definitivamente o péri-
plo africano contornando o Cabo das Tormentas (Cabo da Boa Es-
perança - Atual Cidade do Cabo). 
No governo de D. Manoel I, o venturoso, acontece a chegada 
de Vasco da Gama em Calicute na Índia; o descobrimento do Brasil 
por Pedro Alvares Cabral em 1500 e a chegada dos portugueses 
no extremo oriente, apesar da aproximação do monarca português 
com a burocracia aristocrática e a marginalização da burguesia. 
 
CICLO OCIDENTAL DE NAVEGAÇÃO - ESPANHA: Se inicia 
com a unificação da Espanha através da Guerra de Reconquista e 
do casamento de Isabel de Castela com Fernando do reino de Ara-
 2 
gão. 
O genovês Cristóvão Colombo a serviço da Espanha partiu 
com três caravelas: Santa Maria, Pinta e Niña, descobrindo à Amé-
rica em 1492, pensando tratar-se da Índia. 
Hernán Cortez dominou os astecas liderados por Montezu-
ma, os Maias e outros grupos; e juntamente com Pizarro que derro-
tou os Incas, conquistaram as maiores jazidas do Novo mundo. 
Outros movimentos importantes foram: 
∗ Vicente Pinzón chega ao foz do Amazonas em 1498; 
∗ Vasco Nuñes Balboa descobre a passagem do Panamá, li-
gando o Atlântico ao Pacífico; 
∗ Fernão de Magalhães com auxílio de Sebastião El Cano 
realiza a 1ª viagem de circunavegação. 
 
TRATADOS DIPLOMÁTICOS NA EXPANSÃO: O primeiro 
tratado foi o de Toledo que dividia a Terra de forma latitudinal. Em 
seguida foi estabelecida a bula intercoetera (1493) estabelecendo 
uma nova divisão desta vez de forma longitudinal, tendo como refe-
rência 100 léguas da Ilha de Cabo Verde. Esta bula foi substituída 
pelo Tratado de Tordesilhas que mantinha a mesma estrutura da 
divisão, mais ampliava o limite para 370 léguas da Ilha de Cabo 
Verde. 
No lado oriental foi estabelecida a capitulação de Saragoça 
tendo como referência as Ilhas Moluscas. 
 
INTENCIONALIDADE DA DESCOBERTA DO BRASIL: A 
substituição da bula intercoetera pelo Tratado de Tordesilhas; a ne-
cessidade de ocidentalização para contornar o Cabo das Tormen-
tas; a demora entre o contorno do Cabo das tormentas e a chegada 
na Índia; o estudo das correntes marítimas demonstrando que nes-
te mês da descoberta haveria uma repulsa e não atração das cara-
velas; chegada de Pinzón no Foz do Amazonas; descoberta da 
América etc... 
 
CONSEQÜÊNCIAS DA EXPANSÃO: 
∗ Deslocamento do eixo econômico do mar Mediterrâneo pa-
ra o Oceano Atlântico e o Índico. 
∗ Perda do poder econômico da Itália. 
∗ Estabelecimento da acumulação primitiva do capital. 
 3 
∗ Formação do Sistema Colonial Tradicional com utilização 
do trabalho compulsório africano. 
∗ Processo de europeização e cristianização do mundo. 
∗ Fortalecimento do Estado Moderno absolutista. 
 
 
ECONOMIA COLONIAL: 
 
O sistema colonial tradicional surge como conseqüência da 
expansão marítima, inserido no mercantilismo, teoria econômica do 
capitalismo comercial, com a finalidade de eliminar a concorrência 
e obter vantagem no relacionamento com as zonas periféricas (co-
lônia e feitoria). 
O funcionamento do sistema passa por três zonas distintas: 
metrópole - centro administrativo; colônia - região destinada ao 
processo produtivo e feitoria - região destinada a circulação de 
mercadoria. Estas se relacionam através do comércio triangular. 
 
UTILIZAÇÃO DO TRABALHO COMPULSÓRIO AFRICANO 
NA AMÉRICA: O trabalho escravo negro surge como fator de acu-
mulação de capital da metrópole e descapitalização da zona perifé-
rica na medida que o tráfico de escravos efetuado pelos lusitanos 
serve como uma lucrativa fonte de riqueza e retira o lucro acumula-
do da colônia, evitando com isso uma futura possibilidade de auto-
nomia financeira desta região. 
A utilização da mão-de-obra autóctone (nativa) significaria a 
obtenção de uma mão-de-obra barata para o colono, determinando 
a acumulação perigosa na colônia aos interesses mercantilistas. 
Outros fatores da preferência do trabalho escravo negro, são: 
o pouco contigente populacional de Portugal para ser deslocado 
para à América e a estrutura cultural indígena que definia a divisão 
sexual do trabalho, determinado pelo trabalho produtivo feminino. 
 
DIFERENÇA ENTRE COLÔNIA DE EXPLORAÇÃO E CO-
LÔNIA DE POVOAMENTO: A primeira colônia se encaixava perfei-
tamente no projeto mercantilista de acumulação de capital, pois lo-
calizada em áreas de interesse comercial, em virtude de apresentar 
aspectos climáticos e pedológicos diferenciados, acaba destinada a 
produção agrícola tropical de alta rentabilidade, ou preferencial-
mente na exploração de metais preciosos. 
 4 
Na colônia de povoamento as semelhança climáticas e pedo-
lógicas, traziam o desinteresse comercial, se tornando apenas local 
destinado para refúgio de pessoas marginalizadaspelo sistema. 
Esta colonização espontânea adicionada da presença moura 
na Península Ibérica, além do livre arbítrio da religião católica, favo-
receram o processo da miscigenação na colônia de exploração. 
Na colônia de povoamento a colonização obrigatória determi-
nou a formação familiar, adicionada por uma rígida moral puritana 
(protestante), além de um preconceito direto contra pessoas não 
brancas, decorrente da falta de convívio com outros povos na Eu-
ropa. 
 
CARACTERÍSTICAS DA COLÔNIA DE EXPLORAÇÃO: Mão-
de-obra escrava; latifúndio, monocultura e sistema econômico ex-
trovertido. 
 
CARACTERÍSTICAS DA COLÔNIA DE POVOAMENTO: 
Mão-de-obra livre predominante (Presença de servo temporário - 
indentured servant e escravos no sul dos EUA); minifúndio, policul-
tura e sistema econômico introvertido. 
 
DIFERENÇA NO SENTIDO DA COLONIZAÇÃO ENTRE 
AMÉRICA ESPANHOLA E PORTUGUESA: Na América Espanhola 
a descoberta do ouro determinou um sentido interiorano de coloni-
zação, pois a lucratividade do negócio compensava o custo adver-
so da montagem e a dificuldade do escoamento da produção. 
Na América Portuguesa o sentido litorâneo prevaleceu no 
primeiro momento da colonização devido a não descoberta do ou-
ro, determinando o local de fácil escoamento da produção. O padre 
Antonil dizia que os portugueses pareciam caranguejos arranhando 
o litoral. 
 
 
ADMINISTRAÇÃO COLONIAL: 
 
PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500-1530): Os portugueses tra-
taram a nova terra descoberta com descaso em virtude principal-
mente de três motivos: Ausência de um mercado consumidor, em 
virtude do estágio de subsistência dos autóctones; da não desco-
berta inicial do ouro e da maior lucratividade das especiarias da Ín-
 5 
dia em relação ao pau-brasil. 
O contato era esporádico e com finalidades bem definidas: 
1501 - Expedição de reconhecimento chefiada por Gaspar Lemos, 
e provavelmente contando com a participação de Américo Vespú-
cio; 1503 - Expedição de Exploração chefiada por Gonçalo Coelho: 
1516 e 1526 - Expedições de defesa chefiada por Cristóvão Jac-
ques, contra as investidas francesas desde 1504 com a finalidade 
de contrabando de pau-brasil, para atender o mercantilismo Colber-
tista de artigos de luxo. 
Neste período o trabalho indígena era assalariado pois atra-
vés de escambo (troca natural), se pagava com bugigangas ou 
quinquilharias (espelhos, panelas, pentes e artefatos em geral). 
 
PERÍODO COLONIAL (1530-1822): D. João III, o coloniza-
dor, enviou uma expedição colonizadora liderada por Martim Afon-
so de Sousa com a finalidade de ocupar, reconhecer, explorar e de-
fender o litoral brasileiro. 
São Vicente foi a primeira região escolhida para fundar a pri-
meira vila populacional e o primeiro engenho (Engenho do Gover-
nador, futuro São Jorge dos Erasmos). 
A cana originária da Índia foi levada para as ilhas atlânticas 
pelo infante D. Henrique, e no momento da chegada deste produto 
ao Brasil, a burguesia lusitana já tinha sido superada pela aristo-
cracia burocrática do Estado, e sem mobilidade comercial, precisou 
do auxílio da burguesia batava que passou a financiar, transportar 
e distribuir o açúcar no mercado consumidor europeu, com desta-
que para Johann Van Henilts (João Vanite). 
 
SISTEMA DE CAPITANIAS HEREDITÁRIAS: Este sistema 
privatizante foi transportado das ilhas atlânticas para o Brasil, em 
virtude da crise econômica lusitana gerada pela incompetência e 
corrupção da máquina burocrática do Estado e da queda do preço 
das especiarias, além da incerteza do retorno lucrativo do açúcar 
no Brasil. 
Este sistema surge inserido no contexto do capitalismo, pois 
visa o processo lucrativo de enriquecimento da metrópole, onde 15 
donatarias são distribuídas para 12 donatários, através de dois do-
cumentos jurídicos: Carta de doação e Foral. 
A carta de doação são os direitos dos donatários, entre eles: 
a transmissão hereditária; a doação de sesmarias (Latifúndios entre 
 6 
6 e 24 léguas com obrigação de produzir no máximo em cinco a-
nos, formados por 4 unidades: Casa-grande, senzala, engenho 
(Real - movido à água ou trapiche-tração animal) e engenhoca 
(Responsável pela produção de aguardente) e capela; A formação 
de câmara municipal formada pelos “homens bons” etc. 
O foral apresentava entre os deveres: o pagamento de 20% 
da produção e a obrigatoriedade de respeitar as leis portuguesas 
(Em vigor as ordenações Manuelinas). 
 
O COTIDIANO DO AÇÚCAR: Apesar do açúcar ter iniciado 
sua trajetória no sudeste, foi no Nordeste que atingiu seu Habitat 
natural, em virtude da terra de massapê; do clima quente e úmido e 
da maior proximidade com o mercado consumidor europeu. 
As instalações encontradas nos engenhos, tinham funções 
específicas no processo de transformação da cana em açúcar: Ca-
sa da moenda, onde a cana era amassada e extraía-se a garapa; 
Casa das caldeiras, onde o caldo era apurado e purificado e casa 
de purgar, onde o açúcar era branqueado, separando o açúcar 
mascavado (malpurgado e escuro). 
O Brasil apresentava uma particularidade no processo de a-
puração do açúcar, pois o senhor da lavoura vendia a produção em 
tarefa para o senhor de engenho, estabelecendo uma diferenciação 
de função que não existia em outra região. 
Além do açúcar, temos a plantação de fumo no Recôncavo 
baiano; a produção de subsistência e a pecuária, empurrada para o 
interior, devido a ocupação litorânea da cana-de-açúcar. O gado 
acompanhou o Rio São Francisco (Rio dos currais ou rio da Inte-
gração Nacional). 
 
FIM DO SISTEMA DE CAPITANIAS HEREDITÁRIAS: Desde 
a montagem deste sistema a coroa portuguesa preparava sua der-
rocada entendendo ser mais lucrativo a intervenção direta do Esta-
do Lusitano, e aguardava apenas a confirmação da compatibilidade 
da terra com o produto. 
A falta de cumprimento das obrigações da maioria dos dona-
tários serviu de justificativa para a ocupação direta da coroa. 
Outros fatores da derrota desta montagem, foram: resistência 
dos índios; falta de unidade entre as capitanias; distância do centro 
produtor para o consumidor etc. 
O fim do sistema de capitanias hereditárias não representou 
 7 
o fim das capitanias, estas foram absorvidas pela centralização do 
Estado, com exceção das capitanias de São Vicente de Martim A-
fonso de Sousa e de Pernambuco de Duarte Coelho. 
 
SISTEMA DE GOVERNO GERAL: Nova forma de ocupação 
da colônia através da intervenção direta do Estado, representada 
por um governador que age em nome do rei. Este acaba auxiliado 
diretamente por três representantes: provedor-mor (finanças), ouvi-
dor-mor (justiça) e o capitão-mor (defesa). 
 
1º GOVERNADOR GERAL - TOMÉ DE SOUSA: A primeira 
providência administrativa foi criar Salvador, primeira cidade e sede 
administrativa da colônia. 
Junto com o governador chegam os primeiros jesuítas lidera-
dos por Manoel da Nóbrega, com a intenção de catequizar os ín-
dios, acabando com a resistência destes ao processo colonizador. 
A cia. de Jesus foi fundada por Ignácio de Loyola, se tornan-
do o braço armado da contra-reforma católica que estabeleceu no 
Concílio de Trento com a liderança do papa Paulo III, a confirma-
ção dos dogmas da igreja, o índex (relação de livros proibidos), a 
ação do tribunal do Santo ofício e a expansão do catolicismo pelo 
mundo. 
No Brasil, o processo de aculturação e destruição do univer-
so indígena, aconteceu simultaneamente com a criação das redu-
ções ou missões, onde os autóctones eram preparados para o pro-
cesso produtivo. Esta nova condição tirava a condição de resistên-
cia dos índios, se tornando presas fáceis dos bandeirantes. 
Chega o primeiro bispo D. Pero Fernandes Sardinha. 
Este Governo durou de 1549 a 1553. 
 
2º GOVERNADOR GERAL : DUARTE DA COSTA - Junto 
com o novo governador chegam os novos jesuítas, com destaque 
para José de Anchieta. 
Em 1555 os Huguenotes (protestantes calvinistas) franceses 
chegam no Rio de Janeiro liderados por Nicolas Durand Villegaig-
non em nome do almirante Coligny quetinha grande penetração no 
governo de Henrique II, para formar na Baia de Guanabara, a colô-
nia da França Antártica. 
Os franceses se unem aos tamoios através da confederação 
dos tamoios. 
 8 
Este governo dura de 1553 a 1556. 
 
3º GOVERNADOR GERAL - MEN DE SÁ: Irmão do escritor 
Francisco de Sá de Miranda, chegou com a finalidade de combater 
os franceses, onde estabeleceu uma aliança com os índios Temi-
minós, liderados pelo cacique Araribóia e trouxe o sobrinho Estácio 
de Sá para comandar a marinha lusitana. 
Os portugueses derrubam o forte Coligny, expulsando os 
franceses da baia de Guanabara, e Estácio de Sá funda São Se-
bastião do Rio de Janeiro, ficando Niterói com os Temiminós. 
Os tamoios se rendem no armistício de Iperoig. 
Este governo durou de 1556 até 1572. 
 
Em 1570 um novo governador foi designado, D. Luís Fernan-
des de Vasconcelos, mas acabou emboscado pelos franceses, e 
acabou assassinado. 
Em 1572 o rei D. Sebastião I divide o Brasil em duas partes. 
Brasil do Norte, com capital em Salvador, com o governador D. Lu-
ís de Brito e o Brasil do Sul, com capital no Rio de Janeiro, com D. 
Antônio Salema. 
 
 
INVASÕES ESTRANGEIRAS: 
 
FORMAÇÃO DA UNIÃO IBÉRICA (1580-1640): Com a morte 
de D. Sebastião da dinastia de Avis, em Alcácer-Quibir no norte da 
África, na luta contra os mouros, em 1578, acontece uma crise su-
cessória, em virtude da falta de descendentes desta dinastia. O 
problema foi resolvido provisoriamente com a entrada do tio-avô, D. 
Henrique, que iria a falecer dois anos depois. 
Felipe da dinastia dos Habsburgos e rei da Espanha, era o 
mais parente mais próximo de D. Sebastião I (ambos netos de Dom 
Manoel I, o venturoso), conseguindo vencer Catarina de Orleans e 
Bragança, passando a acumular o domínio das duas coroas. 
Para assumir a coroa portuguesa, Felipe II foi obrigado a as-
sinar o Tratado de Tomar (Respeito a língua oficial portuguesa na 
Metrópole e nas colônias lusitanas e não interferir economicamente 
no comércio lusitano). 
Carlos I da Espanha ou Carlos V do Sacro Império Romano 
Germânico, pai de Felipe II, chegou ao poder do Império Católico, 
 9 
derrotando Francisco I, da França e Henrique VIII, da Inglaterra. 
Representante maior da contra-reforma espanhola, tentou determi-
nar o controle político sobre os monarcas europeus que reagiram. 
A Espanha entra em conflito com a França, e de forma surpreen-
dente acaba derrotada. 
Felipe II estabelece o Tratado de Cateau-Cambrésis com 
Henrique II da França. 
Após a União Ibérica, Felipe II se torna extremamente pode-
roso, levando a Espanha ao seu apogeu e radicalizando a ação da 
contra-reforma na Europa. Este Extremismo ocasionou o choque 
da Espanha em três Frentes: 
1- Contra a França governada por Henrique IV (ex-protestante 
huguenote). Este episódio acabou gerando a guerra dos Trinta A-
nos, onde os Bourbons franceses derrotaram os Habsburgos espa-
nhóis, ocupando o Sacro Império Romano Germânico; 
2- Contra a Inglaterra governada por Elisabeth I, resultando 
na derrota da “Invencível armada” da Espanha, para os piratas in-
gleses liderados por Sir. Francis Drake; 
3- Contra os países baixos, divididos em 17 reinos. O conde 
de Alba implantou o Conselho Sangrento ligado ao Tribunal do 
Santo Ofício na região, principalmente contra os Calvinistas da I-
greja Reformada, no entanto os sete reinos do Norte (eram 17 rei-
nos), liderados por Guilherme de Orange, se uniram na União de 
Utrecht, resultando no aparecimento da Holanda, em 1581. 
 
INVASÃO HOLANDESA NO BRASIL: Felipe II revoltado com 
a independência da Holanda, expulsa os batavos da região. Estes 
participavam do projeto açucareiro do Brasil desde a montagem da 
colonização, através do financiamento, refinação, transporte e dis-
tribuição. 
A primeira reação dos holandeses foi através do ato de pira-
taria saqueando o Rio de Janeiro através da Cia. das Índias Orien-
tais, visando a ocupação do comércio de especiarias com a Índia. 
Deste momento, um grupo de holandeses (Bôeres), criaram uma 
colônia na África do Sul. 
Mais tarde, criaram a Cia. das Índias Ocidentais com a finali-
dade de ocupação da produção açucareira no Brasil. 
Os holandeses liderados por Willekens, Heyn e Dorth, esco-
lheram a capitania da Bahia (Local da sede administrativa - Salva-
dor - e da 2º maior produção da colônia), derrotando o governador 
 10 
Diogo Mendonça Furtado. 
O governo holandês na Bahia, com Dorth, durou apenas 1 
ano (1624-1625), pois a resistência do interior, liderada por D. Mar-
cos Teixeira e a esquadra espanhola liderada por D. Fradique de 
Toledo, acabou expulsando os holandeses da Bahia. 
 
A INVASÃO HOLANDESA EM PERNAMBUCO: Cerca de 
7.000 homens invadiram Pernambuco (principal capitania produtora 
de açúcar e com menor proteção militar), derrotando o efetivo mili-
tar da região governada por Mathias de Albuquerque que segue pa-
ra o interior, usando a “Tática da Terra Devastada” ou “Arrasada” 
(colocavam veneno nas águas, queimavam as produções e fugiam 
para o interior), onde funda o “Arraial de Bom Jesus” (Centro irradi-
ador da ação de guerrilha durante cinco anos consecutivos prati-
camente esmorecendo o efetivo holandês prestes ao abandono da 
região). 
Este panorama se reverte com a prisão de Domingos Fer-
nandes Calabar, onde este acaba informando a localidade do arrai-
al, permitindo o domínio efetivo da região - “Traição de Calabar”. 
 
ADMINISTRAÇÃO NASSOVIANA (1637-1644): Maurício de 
Nassau Siegen foi indicado pela WIC como representante holandês 
no Brasil. 
Político hábil e grande diplomata, Maurício de Nassau inicia 
uma política de boa vizinhança , anistiando as dívidas brasileiras 
contraídas com Portugal, estipulando 18% de juros e reativando 
engenhos desativados. 
A nível político-administrativo, dominou praticamente todo o 
nordeste (com exceção da Bahia), dando o nome de Nova Holan-
da; criou o Conselho dos Escabinos (espécie de Câmara Munici-
pal), liderados por um esculteto. 
A nível religioso determinou a liberdade de culto. 
A nível econômico, ocupou com a WIC as feitorias africanas, 
interrompendo o tráfico de escravos para a parte brasileira domina-
da pela Espanha. Os espanhóis foram obrigados a articularem a 
escravidão indígena. Estes eram emboscados nas reduções (Lo-
cais de índios guaranis aculturados pelos Jesuítas), pela ação dos 
bandeirantes. 
A nível cultural, trouxe o primeiro observatório astronômico, 
primeiro jardim botânico e Zoológico, primeira biblioteca; obras de 
 11 
embelezamento de Recife, fundação da cidade de Maurícia etc... 
 
INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA (1644-1654): O atraso no 
pagamento das dívidas brasileiras contraídas com a Holanda, esta-
va causando prejuízo para a WIC, irritados com a benevolência de 
Nassau e com o desperdício de recursos em obras na colônia para 
a autopromoção do governador. 
Acuado pela WIC acaba renunciando, sendo substituído por 
3 representantes, iniciando uma política de exploração direta da 
Nova Holanda. 
A revolta contra a mudança de posicionamento da WIC acon-
tece primeiro no Maranhão, mas acaba se fortalecendo em Per-
nambuco, com a liderança de André Vidal de Negreiros, João Fer-
nandes Vieira, o índio Felipe Camarão (Poti) e o negro Henrique 
Dias. 
A trégua de dez anos realizada por Portugal com a Inglaterra, 
França e Holanda no processo de restabelecimento de sua auto-
nomia, determinou a luta política dos nordestinos contra os holan-
deses, principalmente nas guerras dos Guararapes. 
A situação veio a se modificar para os brasileiros quando em 
1651 o lorde protetor Oliver Cromwell estabeleceu o ato de nave-
gação (tratado internacional que determinava a primazia comercial 
marítima da Inglaterra ou das metrópoles em relação ao comércio 
com as suas respectivas colônias). Os holandeses prejudicados 
pela medida, foram obrigados a abrirem duas frentes de batalhas 
com os brasileiros e com os ingleses, sendo derrotados em ambas. 
 
CONSEQÜÊNCIAS DA EXPULSÃO DOS HOLANDESES: 
1-Os holandeses levaram a técnica do açúcar para as Anti-
lhas, local mais próximo do mercado consumidor, gerando a queda 
gradativa do açúcar brasileiro; 
2- Formação do sentimento nativista no Brasil, em virtude da 
ausência de auxílio inicial português, na luta contra os holandeses. 
 
A INVASÃO FRANCESA NO BRASIL: Motivados pela União 
Ibérica, os franceses inimigos da Espanha, resolveram fundar uma 
2º colônia francesa no Brasil - a colônia da França Equinocial. 
Liderados por Daniel de La Touche entraram em contato com 
náufragos franceses da região. 
Ao estabelecerem a colônia, fundaram São Luís como capi-
 12 
tal. Esta colônia teve curta duração, onde acabam expulsos pelas 
tropas lideradas por Jerônimo de Albuquerque. 
Na época da mineração, os franceses, através do ato de pira-
taria, saqueiam o RJ (1710). 
 
A INVASÃO INGLESA NO BRASIL: Exclusivamente através 
do ato de pirataria com destaque para o saque de Santos por Ca-
vendish e de Recife por Lancarster. 
 
RESTAURAÇÃO PORTUGUESA: A partir de 1640, Portugal 
com auxílio da Inglaterra, França e Holanda, recupera sua autono-
mia, colocando D. João IV, o recolonizador da dinastia dos Orleans 
e Bragança no poder. 
D. João IV ao assumir a coroa portuguesa, encontra um im-
pério colonial destruído, onde apesar da decadência do açúcar, o 
Brasil é a única região com capacidade de retorno lucrativo. 
Inicia neste momento um recrudescimento do “pacto colonial” 
através principalmente da criação do Conselho Ultramarino (Órgão 
interventor direto da metrópole sobre a colônia). 
O conselho Ultramarino era composto por um presidente, um 
secretário, um magistrado auxiliado pelos juízes-de-fora e uma le-
gião de funcionários, com a finalidade de intervir em todos os seto-
res no Brasil. 
O Conselho Ultramarino era auxiliado por duas Cias. mono-
polizadoras: Cia Geral do Comércio do Brasil (1647) e Cia. do Es-
tado do Maranhão. 
 
 
CRISE DO SISTEMA COLONIAL: 
 
REVOLTA NATIVISTA: Movimento de reação dos brasileiros 
contra a exploração desenfreada dos portugueses após a Restau-
ração Portuguesa. 
A revolta nativista era contra o recrudescimento do “pacto co-
lonial”, no entanto, não desejava ainda a independência, e sim o 
abrandamento da exploração. Este movimento apresenta os aspec-
tos econômicos e sociais, mas não apresentam os aspectos políti-
cos e ideológicos, não apresentando nenhuma política de substitui-
ção ao modelo mercantilista de vínculo direto de dominação da co-
lônia pela metrópole. 
 13 
A primeira revolta nativista foi a aclamação de Amador Bueno 
(1641), onde os paulistas provavelmente incentivados pelos espa-
nhóis que residiam nesta região passaram a hostilizar o rei portu-
guês, tentando aclamar o maior latifundiário paulista como rei, ape-
sar da recusa deste. Neste episódio acontece a “botada de padres 
para fora”, primeiro confronto dos jesuítas com os brasileiros. 
Outras revoltas menores foram: a luta no Rio de Janeiro con-
tra o governador corrupto Salvador Correia de Sá e Benevides e a 
revolta do Nosso Pai em Pernambuco que prenunciava o confronto 
de brasileiros contra portugueses na Guerra dos Mascates. 
 
• REVOLTA DOS BECKMANS (MA / 1683 - 1684): No perío-
do de dominação espanhola, Felipe II criou após a expulsão dos 
franceses da França Equinocial, dois Estados: Maranhão e Brasil. 
Depois da ocupação dos holandeses na região, os portugue-
ses voltaram a ocupar a região, reiniciando a retomada dos meca-
nismos de dominação colonial, determinando a velha participação 
ideológica de formação da mentalidade escravista africana, comba-
tendo a utilização do índio na produção, com destaque para o pa-
dre Antônio Vieira. 
A revolta dos maranhenses contra os jesuítas se inicia pren-
dendo ou expulsando os religiosos da região, respondido pela me-
trópole primeiro com D. João IV e mais tarde por D. Pedro II (Re-
gente que substituiu D. Afonso VI, acusado de louco), mudando a 
capital do Estado do Maranhão de São Luís para Belém. 
O agravamento do problema surge com a criação da Cia. Ge-
ral do Maranhão criada em 1682 para combater o contrabando 
(fonte alternativa de renda da colônia) e pela incompetência ou 
descaso desta Cia em substituir a ausência de escravidão indígena 
proibida. 
Este movimento foi liderado por Manoel Beckman (Bequi-
mão) e seu irmão Thomás, filhos de português com Alemã, que 
conseguiram destituir o capitão-mor Baltazar Fernandes, assumin-
do o governo. 
Apesar de propor um governo mais democrático com a parti-
cipação do povo, clero e nobreza, não tinham plataforma de gover-
no independente, e manda Thomás Beckman para negociar com 
Portugal, onde acaba preso, enquanto, Portugal atende reivindica-
ção da aristocracia brasileira, levando estes a abandonarem Be-
quimão, além de uma ação militar comandada por Gomes Freire 
 14 
contra os revoltosos. 
Bequimão escondido, foi traído pelo filho adotivo Lázaro de 
Melo, e depois de capturado foi enforcado. 
 
• GUERRA DOS MASCATES (PE / 1710 - 1711) - A aristo-
cracia rural decadente de Olinda passa a se endividar progressi-
vamente com os comerciantes portugueses de Recife tratados pe-
jorativamente de Mascates. 
Apesar da hipoteca de seus bens na contração da dívida com 
os comerciantes portugueses, a elite rural de Olinda tinha o contro-
le político da comarca de Recife. 
Com a elevação de Recife de comarca para vila, representa-
da simbolicamente pela construção de um pelourinho, os olinden-
ses preocupados com a perda de seus bens, invadem Recife com a 
liderança de Bernardo Vieira de Melo, destruindo o pelourinho e 
ocupando politicamente a região. 
Este domínio termina quando Recife recebe o apoio de Por-
tugal, expulsando os olindenses. Em represália, Recife é elevado 
de vila para cidade, se tornando a capital de Pernambuco, apesar 
do comprometimento do governador de passar metade do ano em 
Olinda e da determinação da anistia para as dívidas dos devedores 
olindenses. 
 
A ERA DA MINERAÇÃO: O início da atividade das bandeiras 
aconteceu com o apresamento de índios nas reduções ou Missões, 
em substituição momentânea ao trabalho escravo negro, em virtu-
de da interdição do tráfico de escravos pelos holandeses. 
Com a expulsão dos holandeses, acontece a rearticulação do 
trabalho escravo negro, as bandeiras passam para a condição de 
Sertanismo de Contrato com a finalidade de combater a fuga dos 
escravos, inclusive destruindo os quilombos (unidades de represen-
tação da África livre). 
Os quilombos que utilizavam da mão-de-obra livre, minifún-
dio, policultura e sistema econômico introvertido, negociavam suas 
produções com os brancos pobres da periferia. 
O maior quilombo conhecido foi o de Palmares, localizado na 
Serra da Barriga (divisa de Alagoas e Pernambuco) liderado inici-
almente por Ganga Zumba e mais tarde por Zumbi. Depois de mui-
ta resistência, acabaram derrotados pelas tropas de Domingos 
Jorge Velho. 
 15 
A nova atividade das bandeiras passa a ser voltada para a 
descoberta do ouro e de outros metais e pedras preciosas. Desta 
fase de destaca Fernão Dias Paes Leme, onde apesar de não ter 
descoberto as famosas esmeraldas, acabou abrindo o caminho das 
Gerais para as novas bandeiras. 
Provavelmente em 1693, acontece a primeira descoberta de 
ouro, através de Antônio Rodrigues Arzão, na atual região de Saba-
rá. Em seguida chegam novos paulistas, com destaque para Borba 
Gato e Antônio Bueno da Silva (Anhanguera). 
O rei de Portugal D. João V não respeitando o pedido dos 
paulistas, anunciou a descoberta, gerando uma verdadeira corrida 
do ouro, com a chegada de forasteiros portugueses e nordestinos. 
 
• GUERRA DOS EMBOABAS (MG / 1708 - 1709): Conflito 
entre os paulistas pioneiros da exploração da região das Gerais, 
liderados por Manoel Borba Gato e os forasteiros liderados por Ma-
noel Nunes Viana. 
A situação dos paulistas acabou se agravando quando 300 
paulistas foram emboscados e mortos pelo capitão Bento do Ama-
ral no episódio conhecido como “Capãoda Traição”. 
Os paulistas derrotados se deslocaram ainda mais para o in-
terior, ultrapassando o tratado de Tordesilhas. Paschoal Moreira 
Cabral descobriu o ouro em Mato Grosso e Anhanguera em Goiás. 
 
ADMINISTRAÇÃO AURÍFERA: A cada descoberta de ouro e 
outros metais preciosos notificados, a metrópole cercava as regiões 
de um controle técnico - administrativo organizado pela intendência 
das minas. 
Nas regiões auríferas o guarda - mor (funcionário da inten-
dência), realizavam as distribuições das datas (terras destinadas as 
explorações), da seguinte forma: as primeiras datas ficavam com 
os descobridores das jazidas; as segundas datas ficavam para a 
coroa portuguesa (Real Fazenda), que acabavam leiloando suas 
terras; as terceiras de acordo com o porte da empresa; e as demais 
através de sorteio. 
Existiam duas formas de garimpagem: a lavra - grande em-
preitada montada do início da descoberta das jazidas, apesar de 
também utilizar técnicas rudimentares, apresentavam maior possi-
bilidade de exploração; a faiscação ou faisqueira - representava o 
garimpo individual, realizado em áreas esgotadas, ou não demar-
 16 
cadas pela intendência. 
O Brasil foi o primeiro grande produtor de diamante moderno 
do mundo, na região do Tijuco, atual Diamantina. 
As áreas secundárias da mineração eram as seguintes: Sul 
de minas - responsável pelo abastecimento agrícola; RS e MT - cri-
ação de mulas para o transporte do ouro; RJ - sede administrativa 
e escoamento para o exterior. 
 
IMPOSTOS MINERADORES: O primeiro imposto cobrado na 
região foi o quinto (20% do ouro descoberto), inicialmente em maté-
ria bruta (Em pó ou cascalho), e mais tarde em barras de ouro fun-
didas nas casas de fundição, para evitar o contrabando do ouro. 
Contra a cobrança do quinto e da criação da casa de fundi-
ção surge o último grande movimento nativista - a revolta de Vila 
Rica, liderada por Felipe dos Santos, este acabou enforcado, es-
quartejado e execrado a exposição pública, por ordem do conde de 
Assumar em 1720. 
O novo imposto da década de 30 foi a capitação (cobrança 
de 17 g de ouro por escravo acima de 14 anos). 
Nas décadas de 40 e 50 (auge da mineração), surge a Finta 
(cobrança de 100 arrobas de ouro por ano - cerca de 1500 Kg). 
No período da decadência da mineração, Marquês de Pom-
bal cria a derrama (mesma quantidade exigida pela finta, com o a-
gravante da obrigatoriedade da adição de bens pessoais para 
completar 100 arrobas). 
 
CONSEQÜÊNCIAS DA MINERAÇÃO: 
∗ Alargamento do território nacional c/ o avanço das bandei-
ras além do tratado de Tordesilhas; 
∗ Deslocamento do eixo econômico do Nordeste para o cen-
tro - sul, inclusive com a mudança da capital de Salvador para o 
Rio de Janeiro; 
∗ Crescimento demográfico: 1600 - 100.000 hab.; 1700 - 
300.000 hab.; 1800 - 3.300.000 hab. 
∗ Maior urbanização do Brasil, acarretando numa menor con-
centração de renda, em virtude do desenvolvimento do setor terciá-
rio (prestação de serviços). 
∗ Maior possibilidade de alforria para os negros, através da 
prática da faiscação ou da ação das irmandades. 
∗ Aparecimento de uma estética cultural identificada com os 
 17 
movimentos da modernidade burguesa da época, representada pe-
lo arcadismo de nossos inconfidentes; ou mesmo no barroco na 
música de Lobo de Mesquita e nas escultoras do mestre Valentim e 
de Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho). 
 
• REVOLTAS EMANCIPACIONISTAS: A burguesia inicial-
mente articulou o retorno das monarquias absolutistas, em virtude 
da necessidade de um Estado forte para retirar o domínio mental, 
político e econômico da igreja católica, inimiga dos interesses bur-
gueses, bem como garantir o lucro da burguesia mercantil atrelada 
ao Mercantilismo que defendia a presença do Estado forte nas 
competições comerciais. 
A burguesia industrial que substituiu a mercantil iniciou um 
projeto ideológico questionador do absolutismo, baseado em pen-
sadores deístas da revolução científica do século XVII: Issac New-
ton, Francis Bacon e René Descartes entre outros. 
John Locke, pai da filosofia iluminista, participou da revolução 
Gloriosa (Responsável pelo fim do absolutismo na Inglaterra), criou 
o Bill of Right (declaração de direitos) e o “Primeiro e o segundo 
tratado civil” questionando a intervenção do Estado na manifesta-
ção da vontade humana, determinando que todo soberano que não 
respeitasse a liberdade e a propriedade, segundo ele direitos natu-
rais, deveria ser destituído. 
Na França, a política iluminista ou filosofia ilustrada atinge o 
seu apogeu com a elaboração das principais idéias políticas e que 
foram determinantes na projeção dos movimentos revolucionários 
questionadores do absolutismo conhecidas como revoluções Atlân-
ticas ou burguesas. Principais expoentes: Montesquieu, Voltaire, 
Rousseau, Diderot, D’Alambert etc... 
Na economia surgem duas escolas burguesas defensoras do 
naturalismo. A francesa conhecida como fisiocracia que defende o 
agrarismo e tem como principais defensores Quesnay, Gournay e 
Turgot defendendo uma economia livre, traduzido na seguinte fra-
se: “’ “Laissez-faire, Laissez-passer le monde va de lui meme” (Dei-
xe fazer, deixe passar o mundo caminha por si mesmo). 
A inglesa conhecida como liberal que surge com a obra “A ri-
queza das nações” no século XVIII defendendo o trabalho auxiliado 
pelo capital como fonte de riqueza. Principais seguidores da escola 
liberal ou neoclássica: Stuart Mill, Thomas Malthus e Ricardo. 
 
 18 
INCONFIDÊNCIA MINEIRA (1789): Primeiro movimento e-
mancipacionista do Brasil, foi influenciado pela filosofia iluminista e 
pela independência dos EUA. 
Este movimento elitista apareceu inicialmente para lutar con-
tra a cobrança da derrama trazida por Visconde de Barbacena, mas 
acabou amadurecendo e defendendo a implantação de uma repú-
blica separatista e federalista. 
Os líderes do movimento foram: José Álvares Maciel (princi-
pal teórico), José Joaquim Maia (Contato de Thomás Jefferson), 
Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), Ten.-Cel. Freire de An-
drade, os Padres Rolim e Toledo etc. 
- Traidores: Joaquim Silvério dos Reis, Correia Pamplona e 
Brito Malheiros. 
Movimento desorganizado não atingiu a luta armada ficando 
na fase conspiratória, no entanto, antes de pensar a forma de atin-
gir o poder, apresentava diversas metas: construção da capital em 
São João del Rei; Formação da faculdade de Ouro Preto; estímulo 
ao crescimento populacional; confecção da bandeira com os dize-
res de Virgílio: “Libertas Quae Sera Tamen” etc. 
Com exceção de Tiradentes, os demais eram contrários a li-
bertação dos escravos. 
Presos em 1789, foram julgados em 1792, registrado no auto 
da devassa de Minas Gerais. Cláudio Manoel da Costa morre na 
prisão. Diversos inconfidentes foram condenados a penalidade da 
pena de morte, no entanto, Dona Maria I substitui as penalidades 
para a degradação na África, e somente Tiradentes foi condenado 
a forca, esquartejamento e execração pública - punição exemplar. 
 
INCONFIDÊNCIA BAIANA OU CONJURAÇÃO DOS ALFAI-
ATES (1799): Movimento emancipacionista influenciado pela filoso-
fia iluminista e principalmente pela 2º fase da revolução francesa 
com a finalidade de implantar uma república separatista e federati-
va. 
O mais importante dos movimentos coloniais chegou a de-
fender a abolição da escravidão, onde participaram através da luta 
armada. 
A liderança deste movimento era mista, apresentando ele-
mentos elitistas de intelectuais como: Cipriano Barata, Hermógenes 
Pantoja , Moniz Bandeira e da loja maçônica “Cavaleiros da Luz” e 
lideranças populares como os alfaiates João de Deus e Manoel 
 19 
Faustino e dos soldados Lucas Dantas e Luís das Virgens. 
Com a derrota da conjuração dos Alfaiates, apenas os líderes 
populares foram condenados à morte. 
 
REVOLTA DA SOCIEDADE LITERÁRIA DO RJ (1794): Mo-
vimento elitista e sem muita expressão liderada por Silva Alvaren-
ga. Foram facilmente derrotados. 
 
CONSPIRAÇÃO DE SUAÇUNA(PE - 1801): Movimento sur-
gido na fazenda de mesmo nome e apesar da pouca expressivida-
de, lançou o surgimento de uma ova loja maçônica fundada pelo 
padre Arruda Câmara, com grande participação no movimento pos-
terior, a Revolução Pernambucana de 1817 - “Os areópagos de I-
també”. 
 
REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817 - Retomada pos-
teriormente. 
 
MARQUÊS DE POMBAL E O RENASCIMENTO AGRÍCOLA: 
Sebastião José de Carvalho e Mello, Marquês de Pombal e Conde 
de Olivas assumiu o posto de primeiro ministro de D. José I onde 
governou de 1750 a 1777. Período de grandes transformações vi-
sando a independência econômica de Portugal da Inglaterra. 
Pombal era um déspota esclarecido (absolutistas influencia-
dos parcialmente pelas idéias burguesas, principalmente as de Vol-
taire). Formava com o ministro Aranda da Espanha, Catarina da 
Rússia e Frederico da Prússia, os grandes expoentes desta corren-
te. 
Pombal reativou o renascimento agrícola, através dos seguin-
tes produtos demandados internacionalmente: Algodão (Ma e Pa), 
procurando atender a grande industria têxtil. Disputava mercado 
com os EUA e Índia. Os picos deste produto aconteceram nas 
guerras de independência dos EUA e da Guerra de Secessão; Ca-
na-de-açúcar, onde o Brasil aproveita da luta de independência das 
Antilhas ( Haiti, primeiro país negro independente) para recuperar a 
condição de 3º maior produtor (PE, PB, RJ e SP), apesar do declí-
nio de rentabilidade do produto no mercado; cacau (AM e BA); fu-
mo (BA), arroz (RJ); índigo (Cabo Frio - RJ). Houve um pequeno 
incentivo dos roçados. 
 
 20 
 
OUTRAS REALIZAÇÕES DE POMBAL: 
∗ Criação da Derrama. 
∗ Transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro. 
∗ Substituição das capitanias pelas províncias. 
∗ Extinção do Estado do Maranhão anexado ao Estado do 
Brasil. 
∗ Criação de duas Cias. monopolizadoras: Cia. do Grão-Pará 
e Maranhão e Cia. de Pernambuco. 
∗ Expulsão dos jesuítas do Brasil e de Portugal. 
∗ Criação do diretório do índio. etc. 
 
• TRATADOS FRONTEIRIÇOS ENTRE AMÉRICA ESPA-
NHOLA 
E AMÉRICA PORTUGUESA: 
 
TRATADO DE UTRECHT (1715): O português Manoel Lobo 
ocupou a colônia do Sacramento (Atual Uruguai) em 1680, fazendo 
o jogo da Inglaterra que tinha interesses na região do Prata, e a 
Espanha aumentava sua aproximação com a França, pois o conde 
D’Anjou, futuro rei da Espanha, era neto de Luís XIV, rei da França. 
A Inglaterra aceitou a posse de D’Anjou como rei, desde que 
renunciasse a sucessão Francesa (Guerra de sucessão espanho-
la). 
No referente ao litígio (conflito) fronteiriço, obrigou a Espanha 
a reconhecer a posse portuguesa sobre a colônia de Sacramento. 
 
TRATADO DE MADRI (1750): A partir deste tratado houve 
um reconhecimento internacional das terras conquistadas por por-
tugueses e brasileiros além do tratado de Tordesilhas, graças a te-
oria do Utis Possidetis (Uso e Posse), defendido pelo diplomata A-
lexandre de Gusmão. 
Na questão do sul do Brasil, acontece a troca de colônias: 
Sacramento passa para Espanha em troca dos Sete Povos das 
Missões que fica com Portugal. 
 
TRATADO DE EL PARDO (1761): Os jesuítas contrários ao 
deslocamento dos índios para as margens ocidentais do rio Uru-
guai, iniciam a Guerra Guaranítica, onde apesar do conflito san-
 21 
grento, conseguem impedir momentaneamente a troca das duas 
colônias. 
 
TRATADO DE SANTO ILDEFONSO (1777): As 2 colônias 
passam para o domínio espanhol. 
 
TRATADO DE BADAJOS (1801): Confirmação da troca efe-
tuada pelo tratado de Madri. 
 
 
ESTADO PORTUGUÊS: 
 
ANTECEDENTES: A Inglaterra que mantinha o monopólio de 
praticamente todo o mercado consumidor internacional acabou 
ameaçada pela revolução francesa que derrubou o absolutismo, e 
principalmente com a consolidação desta revolução burguesa com 
a entrada de Napoleão Bonaparte, controlando os conflitos internos 
e externos, e apreciando o código Civil Napoleônico (1804), base 
de funcionamento administrativo da França. 
Em seguida, Napoleão inicia sua trajetória imperialista, en-
trando em disputa do Mercado com a Inglaterra. 
Na batalha Marítima de Trafalgar, a Inglaterra liderada pelo 
almirante Nelson, derrota os franceses auxiliado pelos espanhóis. 
Napoleão muda de tática, estabelecendo a guerra terrestre 
de Austerlitz, derrotando os inimigos e aliados momentâneos da In-
glaterra (Áustria, Rússia e Prússia), iniciando sua grande estratégia 
militar - o Bloqueio Continental (ocupação das fronteiras continen-
tais européias, isolando as Ilhas britânicas). 
O norte fechou com Napoleão com auxílio da burguesia con-
tinental, com exceção da Rússia obrigado a assinar o Tratado de 
Fontanebleau (a Espanha cede a passagem para a invasão france-
sa em Portugal e esta região acaba dividida em 3 partes: uma para 
Napoleão e as outras duas entre Carlos IV e o ministro Godoy. 
A demora da resposta espanhola acarretou na invasão fran-
cesa derrubando Carlos IV e colocando o irmão José Bonaparte, 
além do avanço das tropas lideradas por Junot em direção a Portu-
gal, quando a fuga apressada da família real para o Brasil, aconse-
lhado pelo lord Strangford, embaixador inglês em Portugal. 
 
A VINDA DA FAMÍLIA REAL E AS PRIMEIRAS MEDIDAS: 
 22 
Antes mesmo da chegada ao Rio de Janeiro, o infante D. João cria 
duas medidas de caráter emergencial: - abertura dos portos às na-
ções amigas e o alvará para liberdade industrial. 
A abertura dos portos acabou com o “pacto colonial” pois os 
produtos brasileiros não podiam continuar seu processo de escoa-
mento para Portugal invadida pelos franceses, e pela necessidade 
do Brasil importar produtos de outros países. Secundariamente o 
liberal Visconde de Cairu influenciou a montagem de tal medida. 
Esta medida significou na prática a independência do Brasil. 
O alvará para liberdade industrial, foi a tentativa portuguesa 
de amenizar a dependência econômica da Inglaterra. Não deu cer-
to devido a concorrência com os produtos ingleses, e por causa da 
ausência de mercado consumidor. 
 
• OS TRATADOS DE 1810: O lorde Strangford representan-
do a Inglaterra obrigou o conde Linhares a assinar 3 tratados: “Co-
mércio e Navegação”; “Aliança e Amizade”; “Paquete” (destinado 
ao processo de postagem entre os países amigos). 
 
TRATADO DE COMÉRCIO E NAVEGAÇÃO: 
- Tarifas alfandegárias ou aduaneiras - Inglaterra (15%); Por-
tugal (16%); Outros países (24%). 
- Direito de extraterritorialidade. 
- Franquia do porto de Santa Catarina. 
- Direito de culto ao anglicanismo etc. 
 
TRATADO DA ALIANÇA E AMIZADE: 
- Diminuição do tráfico de escravos. 
- Fim da Santa Inquisição, etc. 
 
A DERROTA DE NAPOLEÃO E A ELEVAÇÃO DO BRASIL A 
CONDIÇÃO DE REINO UNIDO (1815): Napoleão perde a credibili-
dade do continente europeu, principalmente por dois motivos: a in-
capacidade produtiva da França em substituir os produtos proibidos 
da Inglaterra e o autoritarismo e intervencionismo francês. 
A Rússia aproveita dessa situação para romper o Bloqueio 
Continental. A reação de Napoleão é imediata, iniciando uma gran-
de invasão sobre a Rússia. 
O czar Alexandre I preparou a tática da terra devastada ou 
arrasada para as tropas de Napoleão, gerando um verdadeiro mas-
 23 
sacre, principalmente pelo agravante do frio (General inverno). 
O que sobrou do exército de Napoleão acabou derrotado pe-
las tropas conservadoras e absolutistas na batalha de Leipzig, onde 
Napoleão foi preso na Ilha de Elba, entrando Luís XVIII no seu lu-
gar. 
Napoleão foge, reassume o comando do exército, iniciando a 
Guerra dos cem dias, onde acabou derrotado na Batalha de Water-
loo, e confinado na ilha de Santa Helena. 
As forças absolutistas reunidas no Congresso de Viena foram 
aconselhadas por Talleyrand, ministro de Luiz XVIII a convencerem 
D. João VI e a família real a permanecerem no Brasil, elevando es-
ta região a condição de Reino Unido a Portugal e Algarves, dando 
respaldo internacional e impedindo o domínio total do liberalismo 
inglês. 
 
• OUTRAS REALIZAÇÕES DE D. JOÃO VI:- Criação dos primeiros jornais: “A Gazeta do Rio de Janeiro” 
e “A Idade do Ouro do Brasil” (BA) - imprensas régias - O jornal de 
oposição era feito na Inglaterra “O Correio Brasiliense” de José Hi-
pólito José da Costa. 
- Criação da primeira academia militar e o primeiro Banco do 
Brasil. 
- Fundação das primeiras faculdades do Brasil: Medicina (BA) 
e Direito (RJ). 
- Fundação da biblioteca e do teatro municipal; da escola de 
belas artes e do Horto florestal (Atual Jardim Botânico). 
- Acordo cultural Brasil - França, com destaque para Debret e 
Taunay. 
- A nível externo, ocupou Caiena (Atual Guiana Francesa) e 
Província da Cisplatina (Atual Uruguai), etc. 
 
 
MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA: 
 
ANTECEDENTES: A permanência da família real no brasil 
trouxe dois problemas sérios para Portugal: 
1- A inversão brasileira, ou seja, o centro de decisões do sis-
tema passava a ser o Brasil; 
 
2- O marechal inglês Beresford que liderou a expulsão dos 
 24 
franceses de Portugal, ocupa praticamente este vazio político. 
A burguesia lusitana influenciada pela Revolução Liberal da 
Espanha, realizada pela junta governativa, aproveita a ausência de 
Beresford para substituir o absolutismo pela monarquia constitucio-
nal, na Revolução Liberal do Porto de 1820, exigindo o retorno de 
D. João VI. 
A Revolução Liberal do Porto foi liderada por Manuel Fernan-
des Tomás inspirada pela Revolução Francesa, e a associação que 
liderava o movimento era chamado de Sinédrio. 
A monarquia pressionada pela elite brasileira e portuguesa, 
retorna para Portugal em 1821, deixando o filho mais velho, D. Pe-
dro com o propósito de antecipar aos projetos violentos de inde-
pendência e a tentativa recolonizadora da burguesia lusitana. 
 
REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817: Último movi-
mento separatista antes da independência, influenciado pela filoso-
fia iluminista e pelo código civil Napoleônico, formaram um governo 
provisório composta dos seguintes províncias: Pe, Pb, Rn, Ce e Al. 
Principais líderes: Domingos José Martins (contato do revolu-
cionário Miranda), padre João Ribeiro (Discípulo do padre Arruda 
Câmara fundador da loja maçônica “Areópagos de Itambé), padre 
Miguelinho, Antônio Carlos de Andrada, Frei Caneca e outros. 
Os revolucionários tomaram o poder, implantando um gover-
no provisório e republicano (7 de março de 1817) derrotando o go-
vernador Caetano Montenegro. 
Foi criado um conselho de Estado, constituído pela elite inte-
lectual; confeccionada uma bandeira separatista; o ideal liberal 
substituiu o absolutista, instalada na Lei Orgânica, criada por Frei 
Caneca ou Antônio Carlos de Andrada (liberdade de consciência e 
imprensa - tolerância religiosa - elaboração de uma constituição - 
estrangeiros que aderissem a revolução seriam considerados patri-
otas - abolição dos tributos sobre gêneros de primeira necessidade 
etc.); o tratamento pessoal tradicional seria substituído pelo de pa-
triota e vós como na revolução francesa. 
A contra-revolução foi liderada pelo governador da Bahia D. 
Marcos de Noronha e Brito, conde dos Arcos, responsável pela re-
pressão por mar e terra, além de tropas lideradas pelo coronel Luís 
do Rego Barreto - futuro governador de Pernambuco, recuperando 
o controle da região em 19 de maio de 1817. 
As punições foram rigorosas: Domingos José Martins, padre 
 25 
Miguelinho e José Luís de Mendonça foram fuzilados em Salvador, 
outros foram condenados à morte nos de mais províncias revolu-
cionárias. 
 
REPERCUSSÕES DA REVOLUÇÃO LIBERAL NO BRASIL 
E AS TENDÊNCIAS DOS PARTIDOS NO BRASIL COLONIAL: Os 
liberais brasileiros desconhecendo a tendência recolonizadora da 
corte liberal de Lisboa, passaram inicialmente a Revolução portu-
guesa, com gritos de “viva a revolução” e “abaixo o absolutismo”. 
Cipriano Barata aclamava a revolução no seu jornal “A sentinela”. 
Os deputados brasileiros eleitos para a corte de Portugal, 
como Antônio Carlos de Andrada, padre Feijó, Cipriano Barata en-
tre outros, ficaram decepcionados pela fria recepção dos liberais 
portugueses. 
O partido português formado basicamente por comerciantes 
portugueses eram favoráveis a recolonização do Brasil, seguida do 
retorno do absolutismo. 
O partido radical formado pelos profissionais liberais das zo-
nas urbanas e pela elite agrária fora do eixo Rio, São Paulo e Mi-
nas, eram favoráveis a imediata independência do Brasil, seguida 
da implantação da república. 
O partido brasileiro formado basicamente pela elite rural do 
eixo Rio, São Paulo e Minas, favoráveis inicialmente a manutenção 
do reino unido seguido de monarquia constitucional, mais tarde de-
vido a tendência recolonizadora das cortes portuguesas, passam a 
defender a independência do Brasil, seguida de monarquia consti-
tucional. 
MOVIMENTOS DA INDEPENDÊNCIA: A principal articulação 
ficou com a maçonaria; a divulgação ficou a cargo da imprensa, 
com destaque para o jornal “O revérbero constitucional” do liberal 
radical Gonçalves Ledo e a participação do próprio príncipe-
regente. Esta combinação serviu aos interesses da classe domi-
nante rural de garantir a velha ordem de funcionamento escravista, 
latifundiária e monocultura, impedindo a fragmentação do território 
brasileiro. 
Os principais movimentos foram: 
- 9 de janeiro de 1822 - Dia do fico. 
- Maio de 1822 - cumpra-se. 
- Junho de 1822 - D. Pedro recebe o título de defensor perpé-
tuo do Brasil pela Maçonaria. 
 26 
- Agosto de 1822 - Início da convocação do anteprojeto cons-
titucional. 
- 7 Setembro de 1822 - Independência do Brasil. 
 
 
PRIMEIRO REINADO: 
 
ANTECEDENTES: Apesar da nossa independência ter sido 
praticamente pacífica (comparando com o processo da América 
Espanhola), a consolidação dela exigiu sacrifício pois houve a re-
sistência portuguesa em algumas províncias brasileiras: Ba, Pa, 
Ma, Pi, e Cisplatina. 
Na Bahia o governador Madeira de Melo perseguia os parti-
dários da independência, inclusive a madre superiora Joana Angé-
lica que foi assassinada quando o governador invadiu o convento 
que dava abrigo aos seus oposicionistas. 
D. Pedro I pede auxílio aos mercenários no combate aos por-
tugueses, com destaque para os ingleses Cockrane e Greenfell, o 
norte-americano Taylor e o francês Labatut. 
Outro destaque na luta contra os portugueses foi Maria Quité-
ria que participou do exército disfarçado de homem. 
 
RECONHECIMENTO INTERNACIONAL DA NOSSA INDE-
PENDÊNCIA: 
EUA = devido a doutrina Monroe: “América para os america-
nos”. 
Portugal = Pagamento de £ 2.000.000 - início da dívida ex-
terna. 
Inglaterra = Prorrogação por 15 anos dos tratados de 1810. 
 
A CONSTITUIÇÃO DA MANDIOCA: José Bonifácio, patriarca 
da independência, teve bastante prestígio no primeiro momento do 
reinado, acumulando as pastas do reino e das relações exteriores, 
onde canalizou o poder para si, com auxílio da imperatriz Leopoldi-
na, e arranjou bastante inimigos como Chalaça que conspirava com 
o amante de D. Pedro, a marquesa de Santos, acaba derrubando o 
ministro e seu irmão Martim Francisco da pasta da Fazenda. En-
quanto esteve no poder, Bonifácio fez uma política contraditória 
apoiando a abolição e criticando a democracia. 
A elite rural liderada por Antônio Carlos Andrada iniciou o es-
 27 
tabelecimento de uma constituição liberal e xenófoba (Aversão ao 
estrangeiro), baseado no voto censitário medido na plantação de 
Mandioca, visando afastar da política os portugueses que viviam do 
comércio. 
No ato da promulgação da carta, D. Pedro I auxiliado pelo 
exército fecha o congresso, mantendo os parlamentares presos - 
Noite da agonia. 
 
A CARTA OUTORGADA DE 1824 (PRIMEIRA CONSTITUI-
ÇÃO DO BRASIL): Esta carta foi inspirada na constituição absolu-
tista da França apesar de conter medidas liberais como liberdade 
de imprensa e direito de propriedade privada para atrair a elite ru-
ral. 
Esta constituição era unitária e centralizada, consagrava a 
transmissão vitalícia e hereditária do poder ao filho primogênito.No caso de morte, doença incurável e renuncia do monarca 
no período de menoridade do futuro rei (Abaixo de 18 anos), a 
constituição prevê a formação de uma regência trina formada por 
pessoas de confiança da família real. 
Inspirado nas doutrinas de Benjamin Constant, a carta de 
1824 consagrava a formação do 4º poder - o moderador - e diferen-
te da teoria que previam poder neutro e conciliador, passa a ser um 
instrumento de intervenção e opressão. 
Outra grande medida foi a criação do regime de padroado, 
onde o poder leigo do imperador indica e submete o poder religio-
so, e estes últimos passam a ser funcionários públicos responsá-
veis pela mentalidade do império e etc... 
 
CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR (PE - 1824): Movimento 
com antecedente na Revolução pernambucana de 1817. 
Com o retorno da família real para Portugal (1821), os liberais 
recuperam o poder em mãos dos matutos, e apoiam o projeto de 
formação de uma constituição liberal. 
Com o impedimento da Constituição da Mandioca, os liberais 
republicanos liderados por Paes de Andrade passaram a atacar a 
carta outorgada de 1824 e D. Pedro I reage impondo um presidente 
da província do grupo dos matutos, Pais Barreto. 
O movimento revolucionário atinge novamente as cinco pro-
víncias: Pe, Pb, Rn, Ce. 
Os grandes líderes do movimento foram: Cipriano Barata 
 28 
(Homem de todas as revoluções), dono do jornal “A Sentinela da 
Liberdade da Guarita de Pernambuco”, e mesmo preso um ano an-
tes do movimento, deixou suas idéias em funcionamento; e o frei 
carmelita Joaquim do Amor Divino Caneca, ou frei Caneca, princi-
pal líder intelectual do movimento, também apresentava preocupa-
ções com as classes menos favorecidas, defendendo suas idéias 
no jornal “Tífis Pernambucano”. Foi condenado a morte. 
A ação violenta dos mercenários liderados pelo Lorde Coc-
krane, trouxe o processo de afastamento gradativo da elite e das 
massas populares. 
 
PROCESSO DE ABDICAÇÃO DE D. PEDRO I: Autoritário e 
incompetente, D. Pedro fez um péssimo governo agravado pela 
ausência de um produto forte no mercado e pelo desemprego. 
A nível internacional foi derrotado na questão sucessória de 
D. João VI, onde planejava casar a filha de 7 anos, Dona Maria da 
Glória, com o irmão D. Miguel que recusa e prepara um golpe de 
Estado. 
Outra derrota acontece com a independência das províncias 
da Cisplatina em 1828, com a formação do Uruguai. 
A oposição passava a criticar D. Pedro I através da imprensa, 
com destaque para os jornais “A Aurora Fluminense” de Evaristo da 
Veiga e “O Observador Constitucional” de Líbero Badaró. 
O jornalista Líbero Badaró foi assassinado numa emboscada 
e D. Pedro acusado de mandante do crime, gerando um conflito en-
tre situação e oposição num reduto de comerciantes portugueses, 
onde estes passavam a atirar garrafas vazias nos brasileiros - Noite 
das Garrafadas. 
Sem apoio do povo, da elite e do exército, D. Pedro I tenta a 
última cartada criando o Ministério de brasileiros, no entanto, diante 
da insubmissão destes, acaba demitindo-os e restruturando o Mi-
nistério dos marqueses. 
Para agravar a situação de D. Pedro I, o liberalismo econô-
mico recupera seu prestígio internacional, derrubando Carlos X, rei 
da França, em 1830. 
D. Pedro I renuncia em 7 de abril de 1831. Segundo o liberal 
mineiro Theóphilo Otoni, aconteceu a verdadeira Journée de Dupes 
( Jornada dos tolos ou dos logrados), pois o partido radical que 
mais lutou para derrubar D. Pedro não ficou com nenhuma parcela 
do poder. 
 29 
 
 
PERÍODO REGENCIAL: 
 
ANTECEDENTES: Esta forma de governo pela elite rural es-
tava dentro da Constituição apesar da lei prever pessoas de confi-
ança da família real. 
A elite rural chega pela 1ª vez ao poder efetivo no Brasil, rea-
lizando a experiência que no futuro originará a implantação da Re-
pública. 
Tivemos no Brasil 4 regências: Regência Trina Provisória, 
Regência Trina Permanente, Regência Una de Padre Feijó e Re-
gência Una de Araújo Lima. 
Nas regências os partidos mudaram de nomes: Partido por-
tuguês passa para Restaurador ou Caramuru, organizados na soci-
edade militar, defendendo a volta de D. Pedro I. Era liderado por 
José Bonifácio. 
O partido radical passa para Exaltado, Jurujuba ou Farroupi-
lha, organizado na Sociedade Federativa, defendendo o Estado fe-
derativo e descentralizado. Era liderado por Borges da Fonseca. 
O Partido Brasileiro passa para Moderado ou Chimango, or-
ganizados na Sociedade de Defesa da Liberdade e da Indepen-
dência, defendendo a formação futura de uma monarquia consti-
tucional. Era liderado por Padre Feijó, Bernardo Pereira de Vas-
concelos e Evaristo Veiga. 
 
REGÊNCIA TRINA PROVISÓRIA: Durou 3 meses e foi cria-
da em caráter emergencial devido o recesso do congresso com a 
finalidade de estabelecer medidas urgentes como: anistia aos pre-
sos e exilados políticos do Primeiro Reinado e a readmissão do Mi-
nistério de brasileiros depostos por D. Pedro I. 
Esta regência era formada por Francisco de Lima e Silva, se-
nador Nicolau Campos Vergueiro e José Joaquim Carneiro de 
Campos (Marquês de Caravelas). 
 
REGÊNCIA TRINA PERMANENTE (1831-1835): Formada 
por Francisco de Lima e Silva, José da Costa Carvalho (Marquês 
de Monte Alegre) e Bráulio Muniz, onde a principal figura do gover-
no era o Ministro da Justiça, o padre Diogo Antônio Feijó. 
A primeira grande medida desta regência foi a criação da 
 30 
Guarda Nacional em 1831, com a finalidade de combater as rebeli-
ões regenciais e servir de sustentação armada da nova elite rural. 
Em 1832 acontece a consolidação do código do processo 
criminal iniciado em 1830, separando a idéia de crime de pecado. 
O corpo criminoso passa a ser combatido por mecanismos 
científicos controlados pela burguesia rural, baseado na lógica ma-
terial, e não na interferência divina. 
A justiça escapa do poder do Tribunal do Santo Ofício e da 
ação da Santa Inquisição, o corpo criminoso passa a tutela da polí-
tica e a mente insana para o controle psiquiátrico. 
Este código também descentraliza o poder, passando o po-
der judiciário local para o juiz de paz eleito pela comunidade, no en-
tanto, acaba institucionalizando a prática do coronelismo (latifundiá-
rio que compra a patente de coronel na guarda nacional), respon-
sável pela manipulação local em favor do seu candidato para chefe 
judiciário de sua região. 
 
CONFLITO ENTRE FEIJÓ E BONIFÁCIO: O padre Feijó de-
pois de alterar as leis ordinárias (elaboradas pelo poder judiciário), 
passa a planejar o estabelecimento de uma nova constituição a-
daptada aos valores liberais e promulgada pelo legislativo. 
Feijó prepara a elaboração de uma constituição promulgada, 
recebendo apoio da Câmara dos Deputados, formada na sua maio-
ria por elementos do Partido Moderado, no entanto, não recebeu a 
adesão do Senado, nas mãos do Partido Restaurador. 
Feijó tenta através de um golpe de Estado elaborar a consti-
tuição apenas com a Câmara de Deputados, além de tomar , de 
Bonifácio, a tutela de D. Pedro II. 
José Bonifácio reage e, utilizando de seu poder pessoal, con-
segue parcela do Partido Moderado liberado por Bernardo Pereira 
Vasconcelos a não aceitar o plano golpista de Feijó. Isolado, o Mi-
nistro da Justiça acaba renunciando. 
Bonifácio não chega a comemorar, pois perde a tutela de D. 
Pedro II para o Marquês de Itanhaém e recebe a notícia da morte 
de D. Pedro I. 
 
ATO ADICIONAL DE 1834: Primeira revisão da Constituição 
de 1824, elaborada pelas 3 facções, determinando o seguinte: - O 
Rio de Janeiro se torna um município neutro; - Os conselhos pro-
vinciais são substituídos pelas Assembléias Legislativas; - Fim do 
 31 
Conselho de Estado; - As Regências Trinas passam para Regên-
cias Unas. 
O Partido Restaurador recebe, em troca de votação, a conti-
nuação da vitaliciedade do Senado, e o Partido Exaltado, a criação 
do Estado Federativo. 
 
REGÊNCIA UNA DE PADRE FEIJÓ (1835-1837): De tendên-
cia progressista (favorável ao ato adicionalde 1834), Feijó vence 
com uma margem apertada de votos de seu oponente Holanda Ca-
valcanti, no entanto, sua facção perde o legislativo para os regres-
sistas. 
Os regressistas passaram a boicotar Feijó e, mesmo este 
chamando as rebeliões regenciais de “Vulcão da Anarquia”, os re-
gressistas o acusavam de incompetente e conivente com estes 
movimentos. 
Feijó que representou o avanço liberal, fica sem apoio e aca-
ba renunciando. 
 
REGÊNCIA UNA DE ARAÚJO LIMA (1837-1838 E 1838-
1840): De tendência regressista, terminou o mandato de Feijó, i-
naugurando o Regresso Conservador. 
Araújo assume o 2º mandato vencendo Holanda Cavalcanti e 
consolidando a união do Poder Executivo com o Legislativo, onde 
confiante cria o “Ministério das Capacidades”, prometendo acabar 
com as rebeliões regenciais. O fracasso parcial motivou o golpe da 
maioridade que acelerou o retorno da monarquia centralizadora pa-
ra garantir a paz social e a integridade territorial necessária ao de-
senvolvimento do café. 
 
AS REBELIÕES REGENCIAIS: 
 
• CABANAGEM (PA / 1833 - 1836): Único movimento no 
Brasil onde o povo tomou o poder. 
Este movimento tem antecedentes no primeiro reinado, onde 
os cabanos lutaram com os mercenários liderados por Greenfell pa-
ra expulsar os portugueses que se recusavam a aceitar a indepen-
dência, mas foram massacrados pelos mesmos mercenários quan-
do passaram a exigir melhores condições de vida. 
Dois líderes sobreviventes do massacre do 1º Reinado: Cô-
nego Batista de Campos e o estancieiro Clemente Malcher, reorga-
 32 
nizaram o movimento contra a intervenção centralizada da regência 
na região. 
Os cabanos acabaram matando o presidente provincial inter-
ventor Lobo e Souza, colocando Clemente Malcher. Este último, 
preocupado com a radicalização do movimento, pede proteção dos 
regentes, e também acaba assassinado. 
Francisco Vinagre, líder dos revoltosos assume o governo, 
mas também fica preocupado com os caminhos violentos do movi-
mento, e mesmo com oposição do irmão Antônio Vinagre, trai o 
movimento por duas vezes. Foi justiçado. 
O mesmo acontece com Angelim e Lavouro. Cansados de 
traição, acabaram desanimando e permitindo a recuperação do re-
gentes. 
 
• FARROUPILHA (RS / 1835 - 1838): As causas desse mo-
vimento podem ser encontradas no descaso histórico do governo 
federal na região, só lembrando dos gaúchos para guerras fronteiri-
ças e cobrança de impostos; além das condições Sui Generis da 
região de produtora de gado, de onde retira a carne, couro, sebo e 
graxa para abastecimento do mercado interno, onde o governo fe-
deral, procurando diminuir o preço do produto, passa a importar os 
mesmos produtos dos países platinos que, liberados do problema 
da escravidão, conseguiam um preço menor de mercado. 
Bento Gonçalves liderando os estancieiros e com ajuda do 
povo, estabelecem uma República Separatista Rio-Grandense ou 
do Piratini. 
Os mercenários liderados por Greenfell e contratados pelos 
regentes, vencem os farrapos e Bento Gonçalves é mandado para 
a Bahia, mas acaba solto pelo movimento local da Sabinada. 
De volta ao RS, Bento Gonçalves se une aos líderes Davi 
Canabarro e Giudeppe Garibaldi, estes últimos fundam em Santa 
Catarina a República Catarinense ou Juliana. 
Movimento organizado e ideologicamente definido, entra no 
2º Reinado e acaba sendo derrotado por Duque de Caxias. 
 
• SABINADA (BA / 1837 - 1838): Movimento elitista liderado 
por Francisco Sabino, com o objetivo de criar uma república sepa-
ratista baiana até a maioridade de D. Pedro II. 
A falta do povo (elemento quantitativo) foi responsável pela 
derrota rápida do movimento. 
 33 
 
• BALAIADA (MA / 1838 - 1841): Movimento iniciado com a 
disputa de duas tendências elitistas: Bem-te-vis (Liberais) e Caba-
nos (Conservadores), perdendo a direção para o povo liderado por 
Francisco dos Anjos (fazedor de balaios), vaqueiro Raimundo Go-
mes e escravo Cosme. 
Apesar de desorganizado e sem objetivos claros, adentraram 
no 2º Reinado, onde derrotados por Luís Alves de Lima e Silva na 
cidade de Caxias (MA), motivo da adoção do seu título - Duque de 
Caxias. 
 
• REVOLTA DE MALÊS (BA / 1835): Movimento de escravos 
islamizados, exigindo o fim da escravidão e a liberdade de cultos. 
 
 
POLÍTICA INTERNA DO 2º REINADO: 
 
ANTECEDENTES: A elite rural aprovou o golpe da maiorida-
de efetuado pelos progressistas que fundaram o partido liberal, in-
terrompendo a regência em poder dos progressistas que fundaram 
o partido conservador, com a finalidade de acabar com as rebeliões 
regenciais, garantindo a paz social e evitar a fragmentação do terri-
tório, necessário ao processo de expansão do café. 
D. Pedro II cria a lei interpretativa de 1840, cancelando as 
medidas liberais do ato adicional de 1834. 
O partido liberal para garantir a maioria do legislativo passa a 
utilizar de expedientes ilícitos como violência física, fraude e cor-
rupção eleitoral, onde a combinação desses elementos ficou co-
nhecida como “eleições do cacete”. 
 
REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1842; PARLAMENTO ÁS A-
VESSAS E O GABINETE DE CONCILIAÇÃO: D. Pedro II procu-
rando limitar o poder do partido liberal, acaba substituindo-o pelo 
conservador. 
Os liberais descontentes com a perda do poder passam a 
acusar D. Pedro II de autoritário e centralizador e iniciam um movi-
mento liderado por Theóphilo Otoni em MG e padre Feijó e Tobias 
Aguiar em SP foram derrotados por Caxias. 
O imperador brasileiro procurando ganhar a simpatia dos dois 
partidos, cria o modelo parlamentarista (1847) que no entanto fun-
 34 
cionava de forma diferenciada do modelo britânico, onde no último 
o chefe do governo (1º ministro) era indicado pelo parlamento, não 
havendo subordinação deste ao chefe de Estado (rei ou presiden-
te). 
No Brasil, D. Pedro II (chefe de Estado) indicava o Presidente 
do Conselho do Gabinete (chefe do governo), e este último mesmo 
com a prerrogativa da escolha do ministério, estava subordinado ao 
primeiro. 
De 1853 com o gabinete conservador de Honório Hermeto 
Carneiro Leão ate 1867 com o gabinete liberal de Zacharias , os 
dois partidos se alternaram no poder sem nenhuma divergência. 
A divergência somente aparece quando os elementos do par-
tido liberal influenciados pelo abolicionismo da guerra de secessão, 
passam defender o fim da escravidão, enquanto os conservadores 
continuam a defender à manutenção. 
 
REVOLUÇÃO PRAIEIRA (1848 - PE): Este movimento foi in-
fluenciado pela Primavera dos Povos e pelo socialismo utópico, se 
tornando o primeiro movimento socialista do Brasil. 
As origens desse movimento se encontram nas revoluções li-
berais de 1830, principalmente na França, onde a burguesia auxili-
ada pelo povo derrubam o conde D’ Artois (Carlos X), acabando 
com absolutismo implantando uma monarquia constitucional com 
Luís Felipe, o rei burguês, e pondo fim a dinastia dos Bourbons. 
A burguesia no poder passa a marginalizar o povo, e dois 
partidos propõem ações diferenciadas: partido do movimento lide-
rado por Lafayette favorável à política de concessão e o partido da 
reação liderado por Guizot (favorável às prerrogativas do rei) e Thi-
ers (contrários às prerrogativas), defendendo a repressão pura e 
simples. 
Em 1848 o povo se levanta contra a opressão e a fome gera-
da pela grande seca de 1846 na Europa “a primavera dos povos” 
que na França derrubou a monarquia e implantou a república. 
Este movimento começou em 1842 na sede do jornal “O diá-
rio novo” localizado na rua da praia com a finalidade de acabar com 
o monopólio do comércio pernambucano controlado pelos portu-
gueses (xenofobia). 
Em 1844 o movimento gera o partido da praia que surpreen-
dentemente vence as eleições em todos os níveis, inclusive o pre-
sidente da província (Governador) Chichorro da Gama. 
 35 
No poder, os praieiros passam a agredir os portugueses atra-
vés de violência física e da tentativa de elaboração de uma lei que 
expulsasse todos os portugueses solteiros de Pernambuco. 
D. PedroII preocupado com o radicalismo dos praieiros, indi-
ca Araújo Lima para presidente do Conselho do Gabinete que pas-
sa a atuar através das tropas de Caxias com rigor na região. 
Os praieiros não se intimidaram e radicalizados ainda mais, 
passam a defender o socialismo, inclusive através da luta armada 
organizada por Pedro Ivo. 
O líder teórico e mas moderado era Borges da Fonseca que 
deixou o seu “Manifesto ao mundo”, com dez artigos reivindicató-
rios, sendo nove de cunho liberal, como: fim do monopólio portu-
guês; fim do poder moderador; igualdade e autonomia dos três po-
deres; liberdade de imprensa e de pensamento etc. e o artigo de 
cunho socialista, defendendo a garantia do trabalho. 
Último grande movimento de oposição do 2º reinado, foi der-
rotado por Caxias. 
 
 
 
POLÍTICA EXTERNA DO 2º REINADO: 
 
ANTECEDENTES: D. Pedro II inicia uma política de autono-
mia econômica em relação à Inglaterra, não Prorrogando mais os 
tratados de 1810, acabando com os privilégios da Inglaterra e pro-
tegendo a produção nacional através da tarifa Alves Branco. 
A Inglaterra resolve reagir prejudicando a estrutura produtiva 
escravista estabelecendo através da lei Bill Aberdeen (1844), a pro-
ibição do tráfico internacional de escravos. 
Depois da prática do contrabando, o Brasil acabou sucum-
bindo a pressão internacional, assinando em 1850 a lei Eusébio de 
Queirós, proibindo o tráfico de escravos para o Brasil. 
 
QUESTÃO CHRISTIE: Dois acontecimentos banais transfor-
mados em conflito diplomáticos pelo encrenqueiro embaixador da 
Inglaterra no Brasil, Willian Christie. 
No primeiro caso, o navio “Príncipe de Gales” (Prince of Wal-
les) naufraga no RS e a carga supostamente desaparece. 
Christie exige o pagamento de & 3.200 e a chefia da investi-
gação da Inglaterra. No 2º caso três oficiais da marinha britânica 
 36 
completamente embriagados causam desordens nas ruas do RJ, e 
acabam presos. 
Willian Christie exige desculpas formais de D. Pedro II e a 
demissão do comandante que deu voz de prisão aos oficiais. D. 
Pedro II recusa, e Christie manda aprender os navios brasileiros 
ancorados no porto do RJ. 
Leopoldo I, rei da Bélgica, servindo como mediador do confli-
to, acaba dando vitória ao Brasil, exigindo desculpas da Inglaterra. 
Diante da recusa, o Brasil rompe relações diplomáticas (1863-
1865). 
 
A QUESTÃO DO PRATA: José Artigas tenta fazer a inde-
pendência da colônia do Sacramento com ajuda da Argentina, no 
entanto, D. João VI influenciado pela mulher Carlota Joaquina irmã 
do rei da Espanha deposto por Napoleão acaba anexando esta re-
gião ao Brasil, com o nome de província da Cisplatina. 
Em 1828, Frutuoso Rivera e Juan Lavallejja lideram o pro-
cesso de independência do Uruguai. 
Rivera se torna o primeiro presidente do Uruguai e funda o 
partido colorado (ligado aos comerciantes de Montevidéu) , e Laval-
lejja passa para o oposição, fundando o partido Blanco (Ligado a 
elite rural do interior). 
No final do mandato de Rivera vence Manoel Oribe do partido 
Blanco, se aproximando da Argentina, onde o presidente portenho 
e unitarista, Juan Manoel Rosas, tinha o desejo de recuperar o vi-
ce-reino do Prata, formado pela Argentina, Uruguai e Paraguai. 
Rivera foge de Oribe, e no Brasil recebe apoio de Bento 
Gonçalves (líder da farroupilha). Os brasileiros sitiam Montevidéu, 
derrubando Oribe e recolocando Rivera. 
Rosas parte em defesa de Oribe, mas acaba surpreendido 
por um movimento federalista comandado pelo general Urquiza que 
toma o poder, restabelecendo a paz com o Brasil. 
O 4º presidente Blanco Atanásio Aguirre reinicia o enfrenta-
mento com o Brasil, apoiado no Paraguai, governado por Solano 
Lopes. 
 
A GUERRA DO PARAGUAI (1864-1870): A independência 
do Paraguai foi estabelecida em 1811 com a liderança de José Ro-
driguez Francia que permaneceu no poder até 1840. 
Na década de 30, Francia estabeleceu a reforma agrária para 
 37 
acabar com o entreguismo dos criollos (filhos de espanhóis nasci-
dos na América) que por deterem o controle das terras, aprovavam 
o projeto de Rosas de formação pelo vice-reino do Prata, para es-
coamento de sua produção pela Argentina e pelo Uruguai. 
Antônio Carlos Lopes substituto de Francia, estabeleceu 
uma reforma na educação que praticamente erradicou o analfabe-
tismo no Paraguai. 
Solano Lopes, filho de Antônio Carlos Lopes, assumiu um 
Paraguai favorável, pretendo formar o Gran-Paraguai, dominando o 
Mato Grosso e conseguindo a saída para o mar através do RS. 
Solano Lopes estimula Aguirre a provocar uma invasão uru-
guaia em terras fronteiriças brasileiras. 
O Brasil sabendo da intenção do Paraguai, tenta a saída di-
plomática da missão Saraiva, no entanto, com a recusa da parte de 
Aguirre, o exército liderado por Mena Barreto e a marinha liderada 
pelo almirante Tamandaré cercam Montevidéu, derrubando Aguirre 
e colocam provisoriamente o senador Villalba, que passa o poder 
para o colorado Venâncio Flores. 
Solano Lopes declara guerra ao Brasil ocupando o Mato 
Grosso e seqüestrando o navio “Marquês de Olinda”, além de pas-
sar por terras da Argentina para ocupar o Rio Grande do Sul. 
A Argentina, o Brasil e o Uruguai formam a tríplice aliança, 
armada e financiada pelo imperialismo britânico. 
Na batalha naval do Riachuelo, a marinha brasileira (liderada 
pelo almirante Barroso) esmaga a marinha paraguaia. 
A Tríplice Aliança liderada por Bartolomeu Mitre, presidente 
da Argentina, invade o Paraguai, derrubando a fortaleza de Humai-
tá. 
Em seguida acontece a batalha do Tuiti (a maior batalha da 
América do Sul). 
Bartolomeu Mitre se desentende com Venâncio Flores e o 
Brasil fica sozinho na guerra, liderado por Caxias que já substituía 
o general Osório. 
Caxias liderou as “dezembradas”: Lomas Valentinas, Itororó, 
Avaré, Angostura etc. 
Ao perceber o genocídio masculino paraguaio, Caxias pre-
tende acabar com a guerra, mas acabou afastado e substituído pe-
lo conde D’Eu, que só terminou a guerra na morte de Solano Lo-
pes, na batalha de Cerro Corá. 
 
 38 
CONSEQÜÊNCIAS DA GUERRA PARA O PARAGUAI: 
- Genocídio masculino; 
- Indenização de guerra ao Brasil até o governo Vargas; 
- Destruição da economia; 
- Perda de território etc. 
 
CONSEQÜÊNCIAS DA GUERRA PARA O BRASIL: 
- Fortalecimento do exército; 
- Questionamento da monarquia e da escravidão; 
- Retorno à dependência econômica com relação à Inglaterra, 
etc... 
 
 
TRANSFORMAÇÕES DO SÉC. XIX (Econômicas e Sociais): 
 
ANTECEDENTES: O café originário da Abissínia (Etiópia) 
chega ao Brasil no final do século XVIII, trazido por Francisco de 
melo Palheta para a região do Grão-Pará, estendendo-se inicial-
mente para o nordeste no período da produção de subsistência. 
O café encontrou seu primeiro ambiente favorável no Rio de 
Janeiro partindo da floresta da Tijuca por dois caminhos: litorâneo 
(Santa Cruz, Angra dos Reis, Parati e o litoral paulista) e interiorano 
(partindo da baixada fluminense em direção ao vale do Paraíba - 
Vassouras, Valença, Barra Mansa, Resende e o interior Paulista). 
O café se adaptou melhor no Vale do Paraíba devido ao cli-
ma de altitude e a proteção da Serra do Mar e da Mantiqueira, pro-
tegendo nas suas encostas o café da ação eólica. 
De duas a três décadas esta região se tornou a mais rica do 
Brasil. “O Brasil é o vale”, no entanto, se formou naquela região 
uma estrutura produtiva arcaica baseada nos mecanismos do perí-
odo colonial onde o latifundiário local, conhecido como “Barão do 
café” continuava a utilizar a mão-de-obra escrava; técnicas rudi-
mentares de plantio e falta de investimento do capital, gastando o 
lucro obtido com a venda, com a manutenção de status; além do 
transporte rudimentar no lombo de burros e carros de boi. 
Estes motivos citados mais a ausência de terra roxa e de 
planície, para expansão do café, bem como as erosões provocadas 
pela chuva e desmatamento, foram responsáveis pela crise grada-
tiva do café na região do vale. 
 
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O CAFÉ NO OESTE PAULISTA:

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