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Análise da Obra de Darcy Ribeiro - "O Povo Brasileiro" / Contextualização com o Brasil histórico e atual

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CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
JOÃO VICTOR CALVO COSTA 
TÍTULO DO TRABALHO
SÃO PAULO-SP
2019
TRABALHO DE APS ATIVIDADE PRÁTICA SUPERSIONADA
É inerente ao ser humano questionar-se: por que há tanta desigualdade na sociedade em que vivemos? Há culpados para tanto sofrimento de tantos, principalmente afrodescendentes, pobres e outras classes socialmente marginalizadas? Por que a exploração do homem pelo próprio homem é tão evidente e potencialmente perturbadora para a maioria de nós, sendo a angústia por ela causada capaz até mesmo de causar repercussões orgânicas, como depressão e transtornos de ansiedade?
Darcy Ribeiro, em sua mais admirável obra, O Povo Brasileiro, pôde explicar algumas dessas interrogações. Apesar de ser publicado em 1995, o enredo ainda é muito atual.
Acredita-se que o autor tenha levado mais de 30 anos para concluir a obra, na qual explica o processo de formação do povo brasileiro, baseado principalmente na fusão biológica e cultural entre diversos povos, desde que os portugueses colonizaram os índios nativos que viviam no Brasil. Por meio da descrição desse complexo contexto histórico, Ribeiro busca fazer entender o que levou o nosso país a apresentar diferenças sociais tão profundas e marcantes.
Atualmente, é muito comum ouvirmos falar do povo brasileiro como uma unidade. “É o jeitinho brasileiro!”, dizem alguns. “O povo do Brasil é assim mesmo: alegre e simpático”, dizem outros. Entretanto, apesar dessa aparente unicidade, a vida de um jovem branco, nascido e criado no Jardim Paulista, em São Paulo, pode ser bem diferente do dia-a-dia de um imigrante nordestino que traz à capital cinco filhos e sua esposa, mas não tem nem um diploma de ensino fundamental em mãos. Há pouca igualdade de oportunidades, de moradia, de salário – e por aí vai. Os brasileiros se entendem como uma só gente, mas só “da boca para fora”. Agem como se esquecessem da miscigenação de índios, negros e mulatos que fundou o nosso país.
Para Ribeiro, as três matrizes étnicas formadoras da identidade do nosso povo são: os portugueses; brancos colonizadores; os indígenas nativos; e os negros, trazidos para o Brasil em regime de escravidão. Diante de tanta diversidade, visões de mundo completamente opostas entraram em contato. E ali começou o embate entre “selvageria” e “civilização”. Para os colonizadores europeus, o povo indígena era preguiçoso, apesar de “inocente” (sem intenção de praticar o mal). Sem malícia, esse povo servia como moeda de troca, para que os portugueses pudessem obter escravos ou valiosas espécies naturais, como o pau-brasil. O processo de miscigenação foi marcado pela opressão dos nativos pelos brancos europeus, que também “enfiaram goela abaixo” seus costumes e tradições ao nosso povo. 
O branco passou a fazer parte da cultura indígena por diversos meios, sendo o principal deles o “cunhadismo”: a partir do momento em que um europeu tinha contato sexual com alguma moça indígena, ela passava a ser sua “parente”, submissa a ele – servindo como uma fonte para que as riquezas naturais do Brasil pudessem ser exploradas. Muitas dessas moças engravidavam, e então tinham filhos que não eram aceitos por europeus como um dos seus, mas tampouco eram indígenas. Eram o que conhecemos atualmente como “mestiços” – que formaram o nosso povo atual. São Paulo foi o principal berço dessa prática.
A chegada de outros povos europeus foi vista como uma ameaça pelos portugueses, temerosos de perderem a supremacia mercantil do início do século XVI. Pelos jesuítas espanhóis, que aportaram no Brasil pouco após os portugueses, os “mestiços” eram conhecidos como mamelucos.
Esses mamelucos tornaram-se familiarizados à cultura nativa: conheciam nome das árvores, dos animais, dos rios... e também estavam familiarizados com as práticas milenares dos índios. Dessa forma, houve uma “mestiçagem” da cultura, mas também do corpo – pois os europeus também trouxeram muitas doenças que dizimaram milhares de nativos.
Dos “mamelucos” paulistas, surgiu o movimento bandeirante: milhares de pessoas deixavam São Paulo na esperança de buscar minério em outras regiões do Brasil. No caminho, muitos tornaram-se prisioneiros e escravos vendidos a engenhos do nordeste. Além disso, muitos índios foram convertidos à fé católica. A Igreja teve, na época, poder preponderante sobre a vida dos africanos e indígenas. A religião era, de certa maneira, um modo de submeter os nativos e afrodescendentes aos interesses europeus. Havia também as donatárias e as reduções, em que os índios tinham de obedecer ás ordens dos missionários. Essa influência religiosa foi carregada até os dias atuais, fazendo surgir o catolicismo que muitos conhecem hoje: repleto de imagens e admiração de santos, com prática de novenas, missas, procissões, etc.
Os escravos africanos, então, chegavam ao país e perdiam sua identidade. Sua música, seus hábitos alimentares e sua cultura artística não tinham valor algum por aqui. 
Dessa maneira, esses povos perderam toda a sua identidade. Como diz o autor, possuíam uma “ninguendade”, ao constituírem, assim, uma etnia brasileira única. Em sua obra, Ribeiro retrata cinco “brasis” diferentes: o mulato (negro com branco), o crioulo (do litoral do Maranhão até o Rio de Janeiro), o sertanejo (Nordeste e seu sertão), o caipira (centro-oeste e sudeste) e o sulino (referente aos mamelucos que viviam nos pampas). Claro que havia exceções, pequenos grupos que viviam de maneira isolada, mas que para o autor, não afetavam a macroetnia em que se encontravam. Isso se deve aos processos de urbanização, que unificaram a cultura do brasileiro, mas sem deixar de lado as diferenças regionais tão marcantes, baseadas principalmente nas diferenças regionais para sustento econômico.
Com o avanço da globalização, as diferenças econômicas entre os diferentes povos brasileiros tornaram-se mais marcantes. Houve maior estratificação de classes, com aumento da desigualdade entre classes ricas e pobres – assim como já ocorria entre os povos colonizadores. 
Com a libertação dos escravos e desenvolvimento do sistema capitalista, muitos dos povos que eram “mamelucos” e afrodescententes puderam ascender a assalariados, até serem considerados cidadãos. No entanto, nada disso foi suficiente para que esses povos fossem vistos como iguais aos brancos europeus do século anterior. Eles formavam uma classe única, sem designação específica. Eram frutos da miscigenação. 
Para o autor, o Brasil não é uma sociedade, mas sim uma feitoria, onde se estrutura a população para enriquecer uma camada senhorial subserviente e prestes a atender solicitações de seus superiores. E isso pode ser amplamente percebido na sociedade: quantas pessoas humildes se dedicam horas a fio por uma empresa? Trabalham duro, muitas vezes sem direito a férias e décimo terceiro salário, enquanto os donos das instituições enriquecem com o seu esforço, muitas vezes, conformado e alienado?
Muitas universidades são repletas de alunos brancos, mas têm pouquíssimos – ou nenhum – aluno afrodescendente ou de origem indígena. Isso ocorre porque muitas dessas pessoas não têm acesso à educação de qualidade, por não possuírem condições financeiras para arcar com esse custo.
Muito da desigualdade social que enfrentamos atualmente é fruto do nosso antigo sistema social, marcado pela exploração. 
Outro aspecto que pode ser percebido na exposição de Ribeiro é que o brasileiro não tem orgulho de ser brasileiro. Para ele, temos vergonha do nosso passado marcado por mazelas e do nosso presente, em que a desonestidade de muitos tende a chocar. E isso, em parte, é devido da assimilação paulatina de nossa identidade, em que sempre as pessoas foram estigmatizadas de acordo com sua classe social ou cor de pele. Entretanto, apesar de não podermos mudar a nossa história, podemos contribuir para um futuro melhor com o que temos hoje, por meio de medidas de assistência social capazes de promover o acesso a direitos humanos básicos a toda a população; por meio da educação; da prática da gentileza e da honestidade. Se cada umfizer a sua parte, podemos mudar a sociedade e torna-la melhor do que já foi no passado.
TRABALHO DE APS ATIVIDADE PRÁTICA SUPERSIONADA
ORIENTADOR(A):CLAUDILENE
SÃO PAULO-SP
2019

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