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MEMORIAL ESCOLAR

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FACULDADE UNINASSAU
INTRODUÇÃO À PEDAGOGIA
Memorial escolar
 	Nasci no início da década de 80, na cidade de Juazeiro do Norte, sou de uma família muito humilde, tenho duas irmãs, sou a filha do meio, meu pai era agricultor e minha mãe cuidava das três filhas e dos afazeres da casa.
 	Apesar de meus pais não terem concluído os estudos, pois naquela época era bastante difícil ter acesso à escola. Mesmo assim, meu pai nas horas vagas gostava de ler livros de história e geografia e com isso, pude aprender muitas coisas relacionadas com os seus ensinamentos, gostava muito de ouvi-lo contar as histórias. Minha mãe, sempre gostou muito de ensinar o pouco que sabia, ela valorizava muito a educação. Todos os dias no final da tarde, muitos jovens e adultos da vizinhança ocupavam a sala da minha casa para que ela os alfabetizassem. Acredito que com isso, foi despertado em mim o desejo de ser professora.
 	 Iniciei a minha vida escolar próximo de completar sete anos, na rede pública, Escola Estadual Padre Luiz Filgueira, na cidade de Nova Olinda, pois o meu avô ficou doente e tivemos que nos mudar para casa dele. Iniciei na turma do primeiro ano, pois não havia o curso de alfabetização. Usávamos uma cartilha “João e Maria”, ficava encantada com as imagens e com ela aprendi a ler e escrever. Sempre fui uma criança muito tímida e por isso, sentir muitas dificuldades para ficar na escola, chorava bastante, mas como a professora era muito paciente e carinhosa acabei me adaptando. Passei dois anos nessa escola, gostava bastante, porem devido as dificuldades financeiras meu pai resolveu voltar para Juazeiro e procurar um emprego para poder sustentar a família. 
Foi aí que minha mãe matriculou eu e minhas irmãs na Escola Estadual de 1º e 2º Grau Tiradentes, onde fiquei até concluir os meus estudos. No início, tivemos muitas dificuldades, pois saímos de uma escola bem pequena onde conhecíamos praticamente todas as pessoas, de repente nos deparamos com uma escola enorme, com inúmeros alunos e cheia de regras. O uniforme era uma blusa branca, com as iniciais da escola bordada. A saia era azul marinho e nos pés, tênis e meias brancas até a altura do joelho. O uniforme era exigência da escola, onde todo dia passávamos por uma revista. Quem não estava com ele completo inclusive as meias voltava para casa. Só podíamos entrar no colégio depois de tocar o sino e ao entrarmos era preciso ficar na quadra, todos enfileirados, mãos para trás para cantar o Hino Nacional e fazer uma oração. 
A professora era bem rígida, gritava bastante e batia com uma régua na nossa carteira, quando não recebia a resposta correta. Eu sentia muito medo dela e isso não colaborava com a minha aprendizagem. Ela xingava, fazia comparações, isso só me desanimava cada vez mais. Eu sofria bastante, pois como era muito tímida, odiava ser chamada no quadro, ou fazer leitura individual. As tabuadas também eram tomadas oralmente, eu estudava muito em casa, tentando decorar para não passar tanta vergonha na frente dos alunos. Eu sabia o conteúdo, mas a maneira como a professora se expressava me inibia e dava um branco. Segundo FREIRE
“o professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca” (FREIRE,1996, p.73).
No ano seguinte, fui fazer a terceira série e foi aí que encontrei uma professora maravilhosa, muito dedicada, preocupada com o aprendizado dos seus alunos, muito exigente, mas sabia como fazer. Comecei a melhorar sentir mais confiança em mim mesma, participava das aulas. Tudo foi mudando, aquela visão que eu tinha da escola foi acabando completamente. Segundo CHALITA :
“o professor que chama o aluno pelo nome, quer repara em algum novo detalhe, uma roupa, um novo corte de cabelo; o professor que menciona ter conhecido o pai de seu aluno e lhe faz um elogio. São pequenos gestos de atenção que quebram barreiras e fertilizam o terreno da amizade entre ambos. É o famoso afeto que falam os nada tão com plicado que exija sacrifícios” (CHALITA, 2001, P.155).
Na quinta série, já não posso dizer o mesmo, pois nessa época os professores já não se importavam muito com os alunos, havia certo descaso com a nossa aprendizagem, isso despertou em mim uma maior autonomia nos estudos e foi então que eu descobri que tinha mais facilidade e prazer em estudar as Ciências Humanas do que as Ciências Exatas. Até porque o meu professor de matemática não facilitou em nada o meu aprendizado, fazia questão de dizer que na matéria dele só passava quem realmente fosse um superdotado. Morria de medo dele, não suportava as suas risadas irônicas quando tirávamos notas baixas, ele desenhava uma bicicleta quando algum aluno tirava zero, dizendo que a nota (zero) representava os pneus da mesma. Segundo ANTUNES:
“Imaginar que o aluno vai para a escola essencialmente para conseguir nota, e que um professor usa esse instrumento como extravasamento de uma tirania controladora da disciplina, é pensar num filme às avessas, descobrir que a aula é um engodo e que a aprendizagem se transformou em detalhe inconsequente” (ANTUNES, 2005, P.40).
Nos sentíamos humilhados, e diante desse senário acabei reprovando nessa matéria, foi algo traumático, lembro como se fosse hoje, implorando ao professor uma nova oportunidade para recuperar a nota final, mas ele apenas olhou para mim e disse “você não é melhor do que ninguém, tirou a nota que mereceu”. Essa frase me marcou profundamente, quase desistir de continuar os meus estudos. Porém minha família me deu a maior força e conseguir aos poucos superar.
Nos anos seguintes, conseguir concluir os estudos, logo em seguida, prestei vestibular para Pedagogia na Universidade Regional do Cariri, só que infelizmente não conseguir passar, tentei três vezes e acabei desistindo e do curso, foi quanto passei no curso de Letras, não era o que queria, mesmo assim concluir o curso. Nunca desistir de ser professora, sempre dava reforço, em casa. Certo dia, uma amiga que trabalhava em uma escolinha particular no bairro iria ter que se ausentar da escola por motivo de saúde e me fez o convite para substituí-la, fiquei muito feliz, pois era o meu sonho a oportunidade que sempre desejei.
Foi uma experiência muito marcante, fiquei auxiliando uma turminha do Maternal, ficava encantada com o carinho das crianças, a importância que representávamos para cada uma delas, e foi a partir daí que percebi o quanto eu amava estar naquele ambiente, sentia-me realizada. Era tão visível o meu interesse que acabei sendo contratada para trabalhar na escola.
Não posso dizer que foi fácil, cada situação que enfrentava era um desafio para mim, pois era muito inexperiente, mas nunca desistir, pois sempre tive a certeza que não poderia fazer outra coisa. 
Diante de todos os desafios e dificuldades que enfrentei e enfrento até hoje, pude perceber que o professor é como um cultivador, ele coloca a semente na terra e, durante muito tempo, não vê nada acontecer. Somente depois de meses é que se pode ver um broto germinar. O educador é aquele que acredita (e investe) nesse broto. É por isso que a motivação do educador não pode nunca estar no aluno, na família, no outro, e sim em si mesmo. Ele trabalha por seu compromisso de educar, que se revela produtivo, frutífero, a médio e longo prazo. Sempre acreditei nisso, e por isso não desistir. O tempo passou, mas não o desejo de fazer o curso de pedagogia, então resolvi tentar novamente prestar vestibular, pois sempre tive este desejo dentro de mim. Hoje estou cursando Pedagogia em EAD, mesmo atuando a muito tempo, sempre sentia que faltava algo, hoje me sinto realizada.
Fazendo um comparativo com as experiências vividas no meu tempo de estudante, com as de hoje, percebe-se que muito coisas 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, Celso. Viagens ao redor de uma sala de aula. Fortaleza,ed. Livro Técnico, 2005.
CHALITA, Gabriel B. I. Educação: a solução está no afeto. 7ª ed. São Paulo, Editora Gente, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à pratica educativa. São Paulo, ed. Paz e Terra, 1996. 24 ª Edição.

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