Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Curso de Capacitação: Esquizofrenia na Infância 1. O que é esquizofrenia na infância? Esquizofrenia – Definição Trata-se de um transtorno mental crônico e grave que afeta o modo como uma pessoa pensa, sente e se comporta. Provoca alterações no comportamento, indiferença afetiva, pensamentos confusos e dificuldades para se relacionar com pessoas. Pessoas com esquizofrenia podem parecer que perderam o contato com a realidade. Embora a esquizofrenia não seja tão comum como outros transtornos mentais, os sintomas podem ser muito incapacitantes. O termo esquizofrenia foi criado pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler em 1911, a partir das raízes gregas schizo (dividida) e phrene (mente) = mente fendida. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a esquizofrenia é uma patologia psiquiátrica crônica, grave que leva a distorções no pensamento, no comportamento, na percepção e emoções. A esquizofrenia geralmente tem seu início no final da adolescência ou início da fase adulta. Porém, a esquizofrenia de início precoce é definida como o aparecimento de sintomas psicóticos específicos e prejuízos nas funções adaptativas entre os 13 e os 17 anos. E a esquizofrenia de início muito precoce aparece antes dos 13 anos de idade. Os critérios diagnósticos para esquizofrenia em crianças são os mesmos para a forma adulta, exceto que as crianças deixam de atingir os níveis esperados de desempenho social e acadêmico. A imaturidade normal do desenvolvimento da linguagem e a separação entre a realidade e a fantasia tornam difícil o diagnóstico da esquizofrenia em crianças, principalmente, com idade abaixo dos sete anos. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a esquizofrenia é uma patologia psiquiátrica crônica, grave que leva a distorções no pensamento, no comportamento, na percepção e emoções. Geralmente tem seu início no final da adolescência ou início da fase adulta. Segundo informações da Associação Brasileira de Psiquiatria, a doença tem predominância no sexo masculino e nem sempre é diagnosticada no seu início. Existem os chamados ‘sintomas precoces’ que podem aparecer meses ou anos antes da doença se exteriorizar – e em alguns dos casos esses sintomas são confundidos com depressão ou outros tipos de transtornos de semelhantes ao da esquizofrenia. Para abordar a transmissão genética de doenças mentais, é inevitável ter de diferenciar os aportes congênitos e ambientais na etiopatogenia dos transtornos. Essa distinção, já difícil e polêmica para a psiquiatria de adultos, é ainda mais difícil e polêmica na psiquiatria de crianças: qual a porcentagem da doença a ser atribuída a fatores genéticos, congênitos, estruturais? E qual a correspondente porcentagem, quanto resta a ser atribuído a fatores ambientais, estresse familiar, maus tratos ou deficiência no vínculo primordial mãe-bebê? Obviamente são respostas impossíveis de serem dadas com precisão. Cada escola de pensamento, cada período de evolução da psicopatologia da infância tem respondido mais ou menos a essas perguntas, seguindo a tendência do momento. Outra complicação na psiquiatria da infância é a própria nomenclatura, a começar pelo termo psicose ou psicoses da infância: elas englobam ou não o autismo e os transtornos globais do desenvolvimento? O estado atual dos conhecimentos e as investigações em psicopatologia e nosografia das doenças mentais em crianças aponta para uma clara distinção entre os transtornos invasivos do desenvolvimento (TID), presentes desde o início (senão explícitos, pelo menos latentes), e os transtornos psicóticos, que, assim como nos adultos, representam uma quebra num funcionamento prévio. Nos últimos decênios, vinha se travando uma discussão acirrada entre o lado dito organicista e o lado psicanalítico, ou talvez psicodinâmico. De onde provinham os sintomas tão peculiares e tão graves dessas crianças ensimesmadas, alheias? De uma incapacidade fisiológica cerebral para se comunicarem ou de uma rejeição psicológica, uma recusa ativa ao contato com os outros? Do hardware ou do software? Nos últimos anos, essa discussão perdeu o sentido, uma vez que se comprovou inegavelmente a causa genética desse transtorno. Ou melhor, o padrão de herança familiar genético é que foi comprovado, pois, enquanto não se localizar com precisão qual cromossomo e qual(is) gene(s) está(ão) envolvido(s), ainda se estará investigando a causa propriamente dita. O que se pode afirmar é que a causa NÃO é psicológica, mesmo se a evolução, a patoplastia e a apresentação do quadro são únicas, estas sim sendo "causadas" pelo ambiente psicológico. Uma pesquisa da psiquiatra brasileira Mônica Zilbovicius sobre um grupo de 21 crianças com autismo revelou uma "hipoperfusão bem localizada, no giro temporal superior e no sulco temporal superior". Na esquizofrenia, os fatores biológicos são primários, e os fatores psicossociais têm influência muito importante. O componente genético é comprovado por estudos de família, adoção e gêmeos. Atualmente, pesquisas mais refinadas em biologia molecular e técnicas moleculares mapeiam os genes que tornam os indivíduos suscetíveis à esquizofrenia18. Os fatores de risco pré-natais e perinatais para a esquizofrenia são pesquisados, tentando identificar os comprometimentos cerebrais no neurodesenvolvimento. Complicações de gravidez e de parto, exposição pré- natal a viroses e achados neuropatológicos, como anormalidades na citoarquitetura, são comprovadamente associados a um maior risco de desenvolver esquizofrenia. Assim, é consistente o achado de diminuição volumétrica do cérebro, aumento dos ventrículos laterais, além de diminuição do lobo temporal na região do hipocampo em pacientes esquizofrênicos adultos. As alterações histopatológicas são sugestivas mais de disgenesia do que de degeneração, como redução de neurônios corticais e periventriculares, ausência de células de gliose e alteração da posição das células piramidais. Quanto à neuroquímica, a principal teoria é a hipótese dopaminérgica, uma vez que a maioria dos neurolépticos ou antipsicóticos são bloqueadores de dopamina7; esta teoria sugere um aumento na atividade do sistema dopaminérgico mesolímbico, importante na modulação da aquisição, motivação e emoção. Além da dopamina, outras substâncias biogênicas provavelmente também estão envolvidas: a noradrenalina, a serotonina e outros neuropeptídeos neurotransmissores. Estudos de neuroimagem com PET e SPECT apontam receptores de neurotransmissores em diferentes regiões cerebrais, além de confirmarem o bloqueio de receptores D2 pelos neurolépticos (talvez D4 com a clozapina). A abordagem pelo neurodesenvolvimento vem sendo mais estudada e pode ser compreendida ao menos por dois aspectos: desenvolvimento normal de início, submetido a uma lesão no período mais crítico do desenvolvimento (trauma perinatal, infecção viral congênita), alterando a citoarquitetura; ou desenvolvimento já de início alterado, não aparente nos primeiros anos e evidenciado durante a maturação por algum fator estressor. Esta segunda hipótese explica por que, dos indivíduos submetidos às mesmas condições patogênicas, apenas aqueles com vulnerabilidade maior evoluem para esquizofrenia. Os raros estudos bioquímicos em crianças portadoras de esquizofrenia são pouco conclusivos. Por exemplo, a comparação de níveis plasmáticos de beta-endorfina imunorreativa em crianças autistas, esquizofrênicas e normais não mostra alterações em crianças com esquizofrenia não tratada e mostra aumento dos níveis de beta-endorfina em associação com a administração de neurolépticos. Outro estudo comparou o metabolismo de catecolamina e a dopamina-beta-hidroxilase plasmática, encontrando diferença significativa no subgrupo dos pacientes com esquizofrenia - nível baixo de pDBH. A neurobiologia da esquizofreniade início na infância ainda precisa ser melhor estudada, tanto para melhorar a definição e o entendimento da patologia quanto para melhorar a abordagem terapêutica e o prognóstico. 2. Diagnóstico e quadro clínico Os critérios diagnósticos utilizados para esquizofrenia pela Associação Americana de Psiquiatria (DSM-IV, 1994) e pela Classificação Internacional de Doença da Organização Mundial da Saúde (CID-10, 1992) são bastante semelhantes entre si, e ambos ressaltam sintomas equivalentes quando de início na infância. Os critérios diagnósticos pelo DSM-IV para esquizofrenia. Para o diagnóstico, são necessários pelo menos dois dos seguintes sintomas: delírios, alucinações (sintomas positivos), discurso desorganizado, comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico ou sintomas negativos (apatia marcante, pobreza do discurso, embotamento ou incongruência de respostas emocionais, retraimento social). Esses sintomas iniciais duram pelo menos 1 mês (ou menos se tratados com sucesso). É importante ressaltar que o diagnóstico é evolutivo, sendo necessário um mínimo de 6 meses de doença, incluindo a fase ativa. A- Sintomas característicos: no mínimo dois dos seguintes quesitos, cada qual presente por uma porção significativa de tempo durante o período de 1 mês (ou menos, se tratados com sucesso): ▪ delírios ▪ alucinações ▪ discurso desorganizado (por exemplo, frequente descarrilhamento ou incoerência) ▪ comportamento amplamente desorganizado ou catatônico ▪ sintomas negativos: embotamento afetivo, alogia ou abulia Nota: apenas um sintoma do critério A é necessário quando os delírios são bizarros ou as alucinações consistem de vozes que comentam o comportamento ou os pensamentos da pessoa, ou de duas ou mais vozes conversando entre si. B- Disfunção social/ocupacional: por uma porção significativa do tempo, áreas importantes do funcionamento, tais como trabalho, relações interpessoais ou cuidados pessoais estão acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início (ou, quando o início se dá na infância ou adolescência, incapacidade de atingir o nível esperado de realização interpessoal, acadêmica ou profissional). C- Duração: sinais contínuos da perturbação persistem pelo período mínimo de 6 meses. Este período de 6 meses deve incluir pelo menos 1 mês de sintomas que satisfazem o critério A (isto é, sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de sintomas prodrômicos ou residuais. Os sinais da perturbação podem ser manifestados apenas por sintomas negativos ou por dois ou mais sintomas relacionados no critério A, presentes de uma forma atenuada (por exemplo, crenças estranhas, experiências perceptuais incomuns). D- Exclusão de transtorno esquizoafetivo e transtorno de humor: o transtorno de humor com características psicóticas foram descartados, por que: (1) nenhum episódio depressivo maior, maníaco ou misto ocorreu concomitantemente aos sintomas da fase ativa; ou (2) se os episódios de humor ocorreram durante os sintomas da fase ativa, sua duração total foi breve com relação à duração dos períodos ativo e residual. E- Exclusão de substância/condição médica geral: a perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por exemplo, uma droga de abuso, um medicamento) ou uma condição médica geral. F- Relação com um transtorno global do desenvolvimento: se existe um histórico de transtorno autista ou de outro transtorno de desenvolvimento, o diagnóstico adicional de esquizofrenia é feito apenas se delírios ou alucinações proeminentes também estão presentes pelo período mínimo de 1 mês (ou menos, se tratados com sucesso). Classificação do curso Longitudinal (pode ser aplicada apenas 1 ano após o aparecimento inicial dos sintomas da fase ativa). O delírio é uma alteração do juízo de realidade, onde existem crenças errôneas, habitualmente envolvendo a interpretação equivocada de percepções ou experiências. Seu conteúdo pode incluir temas de caráter persecutório, referencial, somático, religioso ou grandioso. Os delírios bizarros são considerados especialmente característicos da esquizofrenia7. As alucinações são alterações da sensopercepção que podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial (auditiva, visual, olfativa, gustativa e tátil). Alucinação é a percepção clara e definida de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença do objeto estimulante real. A alucinação auditiva é mais comum e é percebida como uma voz distinta do pensamento do próprio paciente. A desorganização do pensamento pode acontecer nas situações em que o paciente salta de um assunto para outro; as respostas não estão relacionadas com as perguntas e o discurso geralmente é incompreensível. Com relação ao comportamento amplamente desorganizado, podem aparecer dificuldades no desempenho da vida diária, tais como preparar as refeições ou manter a higiene e a aparência pode ser de acentuado desleixo6. Essa alteração chama a atenção dos pais, pois geralmente a criança já tinha alcançado essa fase de autonomia. O afeto embotado ou inadequado é uma das características marcantes dos pacientes com esquizofrenia em qualquer idade. É difícil notar ressonância afetiva, normalmente se percebe um distanciamento afetivo com sorriso ou expressão facial tola na ausência de um estímulo adequado. O diagnóstico de esquizofrenia na infância envolve a exclusão de outros distúrbios de saúde mental e a determinação de que os sintomas não são devidos ao abuso de substância, medicação ou uma condição clínica. O processo de diagnóstico pode envolver: Exame físico. Isso pode ser feito para ajudar a excluir outros problemas que possam estar causando sintomas e para verificar se há complicações relacionadas. Testes e exames. Estes podem incluir testes que ajudam a excluir condições com sintomas semelhantes, e triagem de álcool e drogas. O médico também pode solicitar estudos de imagem, como uma ressonância magnética ou tomografia computadorizada. Avaliação psicológica. Isso inclui observação de aparência e comportamento, perguntando sobre pensamentos, sentimentos e padrões de comportamento, incluindo quaisquer pensamentos de autoagressão ou prejudicar outros, avaliando a capacidade de pensar e funcionar em um nível adequado à idade e avaliar humor, ansiedade e possíveis sintomas psicóticos. Isto também inclui uma discussão da família e da história pessoal. 2.1 Diagnóstico diferencial Quando se suspeitar de um diagnóstico de esquizofrenia na infância, é sempre importante ter em mente alguns pontos. O primeiro é a idade de início do quadro, lembrando que a esquizofrenia é um quadro evolutivo e tem uma história prévia aparentemente normal. São extremamente raros os quadros iniciados antes dos 7 anos de idade. Outro ponto importante é o histórico familiar, onde com frequência se observam outros indivíduos afetados. Não é um diagnóstico simples e pode ser difícil de diferenciar de outros quadros, principalmente o transtorno afetivo bipolar, sendo necessárias, muitas vezes, reavaliações ao longo do tempo. 2.2 Transtornos do humor O transtorno afetivo bipolar na infância com frequência tem uma apresentação muito semelhante às psicoses infantis. O quadro de mania do transtorno afetivo bipolar na infância muitas vezes se apresenta com delírios e alucinações, o que confunde seu diagnóstico. Aproximadamente metade dos pacientes com transtorno bipolar com início na adolescência teve erroneamente o diagnóstico de esquizofrenia no passado, revelando grande dificuldade deste diagnóstico na infância e adolescência. Com o tratamento medicamentoso da mania, o quadro tende a remitir, e aparentemente não se observa "defeito" após esse episódio. Normalmente, na esquizofrenia, após o quadro psicótico, o indivíduo tende a apresentar certos prejuízos, como déficit no contatosocial e diminuição da volição - os chamados sintomas negativos da doença. 2.3 Transtorno global do desenvolvimento (autismo infantil/síndrome de Asperger) O autismo infantil é uma entidade distinta da esquizofrenia com início na infância, não apenas por questões conceituais, mas também com base na fenomenologia, genética, correlações biológicas e quadros neurológicos associados, que o distinguem da esquizofrenia. Normalmente, o diagnóstico é estabelecido por volta dos 3 anos de idade, apesar de se poder concluí-lo antes dessa idade. De um modo geral, não é difícil diferenciar as duas entidades, uma vez que, na esquizofrenia, as crianças não apresentam as anormalidades de fala encontradas no autismo, como ausência de fala ou fala sem papel de comunicação. Talvez a maior dificuldade no diagnóstico diferencial seja com relação aos adolescentes autistas de melhor funcionamento ou com síndrome de Asperger (a cognição nesses casos não está muito comprometida), onde a presença de linguagem e o processo de pensamento podem ser confundidos com quadros delirantes. Entretanto, outros sintomas presentes no paciente autista desde os primeiros anos de vida o distinguem da esquizofrenia. 2.4 Quadros orgânicos É de extrema importância que as psicoses funcionais sejam diferenciadas dos quadros orgânicos, sendo muitas vezes necessária uma investigação maciça de possíveis causas, que incluem não só uma história clínica detalhada e exame físico, mas muitas vezes também exames laboratoriais e de imagem. O delirium (diferentemente de delírio) é um quadro confusional orgânico agudo que se caracteriza por déficit de atenção, confusão, flutuações no estado de consciência ao longo do dia, muitas vezes com alucinações, ilusões e, às vezes, episódios de agitação psicomotora. De um modo geral, o quadro tem início agudo e, muitas vezes, quando instalado, é confundido com quadro psicótico. As causas de delirium são amplas, necessitando de ampla investigação clínica. Em um número significativo de casos, não se encontra um fator causal para o delirium, o que não afasta uma etiologia orgânica. É um quadro grave, muitas vezes podendo levar o indivíduo à morte. Uma vez corrigida a causa, há remissão do quadro, podendo o indivíduo retornar ao estado normal ou ficar com algum déficit cognitivo ou outra sequela. As causas dos são bastante variadas: quadros confusionais pós-ictais das epilepsias, lesões no sistema nervoso central (tumores, traumatismos, malformações, outros), doenças degenerativas (coréia de Huntington, distúrbios de depósito de lipídios), distúrbios metabólicos (endocrinopatias, doença de Wilson), tóxicos (abuso de anfetaminas, cocaína, alucinógenos, fenciclidina e solventes, cada vez mais frequentes em nosso meio), além do uso de medicações, como os corticosteroides e os anticolinérgicos, e intoxicação por metais pesados. Doenças infecciosas, como meningite, encefalite e a infecção pelo vírus HIV, também devem ser descartadas9. Os quadros demenciais na infância, que poderiam ser confundidos com a esquizofrenia, são extremamente raros; além do mais, quando ocorrem, são acompanhados por marcado declínio intelectual e alterações neurológicas. 2.5 Transtornos do comportamento, quadros emocionais e dissociativos Crianças com problemas de comportamento ou emocionais graves algumas vezes apresentam atitudes que parecem pouco adequadas ou mesmo bizarras aos nossos olhos, as quais são descritas como "sintomas psicóticos". Quando comparadas às psicoses infantis, não se observam delírios ou alucinações. Normalmente, os comportamentos da criança estão associados a questões emocionais sérias, que requerem uma investigação psicodinâmica cuidadosa, algumas vezes envolvendo questões de abuso ou negligência contra a criança. A abordagem nesses casos muitas vezes exige da equipe de saúde atitudes no sentido de proteger a criança. 2.6 Transtornos de comunicação Crianças com distúrbios da fala e linguagem podem parecer ter alterações no pensamento e, com isso, ser confundidas com crianças psicóticas. Uma avaliação cuidadosa mostra que não há alterações no conteúdo do pensamento, e outros sintomas psicóticos, como delírios e alucinações, estão ausentes. Outros fatores que muitas vezes confundem esses quadros são as alterações de comportamento associadas. 2.7 Outras psicoses A esquizofrenia na infância se diferencia das demais psicoses por ter um caráter mais crônico e com maior comprometimento não só intelectual, mas em diversas áreas. De um modo geral, as psicoses reativas ou psicogênicas têm uma resposta bastante favorável e rápida à medicação. Um fator estressor é facilmente observado nessas crianças. As psicoses reativas têm sido descritas com maior frequência em países em desenvolvimento ou em imigrantes, onde os fatores externos favorecem o desenvolvimento da psicose. 2.8 Outros quadros Os transtornos de personalidade são entidades diagnósticas que praticamente só são utilizadas na população adulta, uma vez que, sendo a criança um ser em desenvolvimento, ainda não possui as estruturas de personalidade totalmente formadas. Entretanto, alguns transtornos de personalidade, como o transtorno de personalidade antissocial, têm como requisito uma história de transtorno de conduta anterior aos 15 anos. Na verdade, o que parece é que os transtornos de personalidade se iniciam na infância e se estendem até a idade adulta, sendo o continuum de uma mesma entidade. Sob esses aspectos, os transtornos de personalidades, esquizoide, esquizotípica e paranoide seriam quadros importantes no diagnóstico diferencial da esquizofrenia na infância. 2.9 Curso e prognóstico O curso da esquizofrenia é bastante variado e influenciado por diversos fatores, como idade de início, tipo de esquizofrenia, gênero, além de fatores individuais e ambientais que podem interferir em seu prognóstico. Normalmente, o curso da doença é flutuante, inicialmente com uma fase prodrômica, seguida por uma fase ativa, de crise, com sintomatologia variada, onde normalmente é feito o diagnóstico. Com a evolução, episódios de crise, recuperação e fase residual são observados. Na esquizofrenia, normalmente após a estabilização da crise, o indivíduo não volta ao estado anterior; geralmente se percebe alguma alteração na afetividade e no pragmatismo: o chamado "defeito" pós-crise. O prognóstico da doença é reservado, apesar de as novas terapêuticas farmacológicas terem favorecido muito uma melhora da doença. Fatores de um melhor prognóstico são: início tardio, fator precipitante claro, início agudo, antecedente social favorável, como trabalho e relacionamentos interpessoais, presença de sintomas depressivos, ser casado (o que claramente não se aplica aqui), sintomas positivos (delírios e alucinações) e suporte familiar e social favorável. Fatores de um pior prognóstico seriam: início precoce, não existência de fatores precipitantes, fatores pré mórbidos, como má adaptação social e no trabalho, comportamentos autísticos, sintomas negativos, pouco suporte familiar e social, não remissão no período de 3 anos, muitas recaídas. A esquizofrenia na infância acaba tendo um pior prognóstico principalmente pelo início precoce e pela predominância de sintomas negativos. 2.10 Exames complementares A utilização de exames complementares para o diagnóstico de esquizofrenia não se faz necessária, a menos como exclusão de causa orgânica. O diagnóstico é eminentemente clínico, de acordo com a sintomatologia apresentada e sua evolução. Os estudos por imagem têm sua importância, não diagnóstica, mas sim pela propriedade de uma maior compreensão de estruturas cerebrais envolvidas na doença. Estudos através de tomografia computadorizada de crânio têm revelado uma dilatação de ventrículos consequente a uma redução do parênquima cerebralem alguns pacientes. Esses mesmos achados têm sido encontrados em crianças, já evidenciando o comprometimento e também a gravidade de áreas cerebrais atingidas. Estudos utilizando ressonância magnética têm revelado diferenças no volume de áreas do lobo temporal e parietal em adultos com esquizofrenia, especialmente redução na porção anterior do complexo amígdala-hipocampo, mais notadamente no lado esquerdo. Essas alterações não são observadas nas crianças e parece que começam a surgir com a adolescência. 3. Características Clínicas Normalmente, as crianças com esquizofrenia passam a se desinteressar pelas atividades realizadas anteriormente, acompanhadas de isolamento. No início, o quadro é facilmente confundido com depressão, pois a criança torna- se retraída, perde o interesse pelas atividades habituais e passa a apresentar distorções do pensamento e da percepção. Como ocorre com os adultos, a criança pode ter alucinações, delírios e paranoia, temendo que as outras pessoas estejam maquinando para lhe causar danos ou que estejam controlando seus pensamentos. A criança esquizofrênica também pode apresentar contenção das emoções, nem a sua voz nem suas expressões faciais alteram-se em resposta a situações emocionais. Eventos que normalmente provocam o riso ou o choro podem não produzir qualquer resposta. O início do quadro da esquizofrenia na infância costuma ser lento, podendo levar meses ou anos para se chegar ao diagnóstico devido à interpretação da alteração do comportamento como período de transição entre as fases normais do desenvolvimento ou como consequência de algum acontecimento marcante. Quando os sinais e sintomas estão presentes, como os delírios e as alucinações, com queda no rendimento escolar, insônia, agitação, agressividade o diagnóstico é mais evidente. As crianças com esquizofrenia podem ter risos inadequados ou chorar sem serem capazes de explicar o motivo. 3.1 Epidemiologia As pesquisas demonstram que aproximadamente 1% da população é afetada pela esquizofrenia. Os estudos sobre a hereditariedade ou a genética da esquizofrenia não têm sido totalmente conclusivos, mas está comprovado que o fator de risco é influenciado pela presença da patologia em parentes diretos. A prevalência de esquizofrenia entre os pais de crianças afetadas é cerca de 8%. Estima-se que 0,1 a 1% dos casos de esquizofrenia tenha iniciado antes dos dez anos de idade e cerca de 4% antes dos 15 anos. Os meninos parecem ter leve preponderância entre as crianças com esquizofrenia, com uma razão estimada de 1,67 meninos para cada menina. Alguns diagnósticos em psiquiatria infantil não são muito precisos. Uma vez que a criança é um ser em desenvolvimento, esses quadros só irão se configurar mais claramente ao longo dos anos. 3.2 Estudos genéticos Os componentes genéticos estão entre os mais importantes elementos desta rede, sendo que distintas alterações devem ocorrer no genoma para que a doença se estabeleça. Acredita-se que essas alterações produzam um significativo desequilíbrio de certas vias fisiológicas, que por sua vez desencadeiam o processo patológico. As similares taxas mundiais de prevalência da esquizofrenia, além da similaridade de sintomas e evolução clínica nas diversas populações, sugerem fortemente que a esquizofrenia não resulte de determinados padrões ambientais ou étnicos. O envolvimento de componentes genéticos é fortemente sugerido principalmente por estudos que investigam o padrão de herança da doença, incluindo gêmeos, pais e filhos afetados, e estudos de famílias completas. A taxa de concordância para esquizofrenia é da ordem de 41 a 65% entre gêmeos monozigóticos e de 0 a 28% entre gêmeos dizigóticos. As buscas de marcadores biológicos – principalmente alterações genômicas, alterações de expressão gênica ou alterações na atividade ou na expressão de proteínas – que possam determinar o desenvolvimento da doença ou mesmo apontar caminhos que possam elucidar a sua patogênese, têm sido o alvo principal de diversos grupos de pesquisa nos últimos anos. Apesar da evidência da importância de fatores genéticos, mudanças na estrutura cerebral e vias neuroquímicas, ainda não é possível saber exatamente qual é a causa da esquizofrenia. 3.3 Estudos bioquímicos O sistema dopaminérgico consiste principalmente de três vias: nigroestriatal, mesolímbico e mesocortical, e tuberoinfundibular. Há também vários tipos de receptores dopaminérgicos, com diferentes localizações cerebrais. São conhecidos os receptores D1, D2, D3, D4 e D5; sabe-se que os antipsicóticos atuam de modo indiferenciado nos diversos receptores e sua administração por tempo prolongado (3 a 4 semanas) leva a uma diminuição do ritmo de atividade, fenômeno conhecido por bloqueio de despolarização. Esse fenômeno ocorre nos sistemas nigroestriatal e mesolímbico. Assim é possível inferir que a atividade excessiva de alguns sistemas dopaminérgicos ocorre na esquizofrenia. 3.4 Estudos do neurodesenvolvimento Os fatores de risco pré-natais e perinatais para a esquizofrenia são pesquisados tentando identificar os comprometimentos cerebrais no neurodesenvolvimento. Complicações de gravidez e de parto, exposição pré- natal a viroses e achados neuropatológicos, como anormalidades na citoarquitetura, são comprovadamente associados a um maior risco de desenvolver esquizofrenia. Assim, é consistente o achado de diminuição volumétrica do cérebro, aumento dos ventrículos laterais, além de diminuição do lobo temporal na região do hipocampo em pacientes esquizofrênicos adultos. As alterações histopatológicas são sugestivas mais de disginesia do que de degeneração, como redução de neurônios corticais e periventriculares, ausência de células de gliose e alteração da posição das células piramidais. Além da dopamina, outras substâncias biogênicas provavelmente também estão envolvidas: a noradrenalina, a serotonina e outros neuropeptídeos neurotransmissores. Estudos de neuroimagem com PET e SPECT apontam receptores de neurotransmissores em diferentes regiões cerebrais, além de confirmarem o bloqueio de receptores D2 pelos neurolépticos. A neurobiologia da esquizofrenia de início na infância ainda precisa ser melhor estudada, tanto para melhorar a definição e o entendimento da patologia quanto para melhorar a abordagem terapêutica e o prognóstico. 4. Tipos de Esquizofrenia Esquizofrenia simples: A esquizofrenia simples apresenta mudanças na personalidade. O paciente prefere ficar isolado – o que inibi seu convívio social –, é disperso aos acontecimentos do dia a dia e insensível no que diz respeito a afetos. Esquizofrenia paranoide: O isolamento social também está presente na esquizofrenia paranoide – ou paranoica, como é conhecida. O portador da doença enfrenta problemas como falas confusas, falta de emoção e tende a achar que está sendo perseguido por pessoas ou espíritos. Esquizofrenia desorganizada: Conhecida também como ‘esquizofrenia hebefrênica’, esse tipo é caracterizado por um comportamento mais infantil, respostas emocionais descabidas e pensamentos sem nexo. Esquizofrenia catatônica: O paciente diagnosticado com esquizofrenia catatônica mostra um quadro de apatia. Pode ficar na mesma posição por horas, causando também a redução da atividade motora. Esquizofrenia residual: Existe a alteração no comportamento, nas emoções e no convívio social, mas não na frequência dos demais tipos. Esquizofrenia indiferenciada: Pacientes que não se enquadram perfeitamente em um dos tipos de esquizofrenia, contudo, podem desenvolver algumas das características citadas acima. 4.1 Subtipos de esquizofrenia Podemos subdividir a esquizofrenia em cinco tipos, de acordo com a sintomatologia predominante na ocasião da avaliação. São eles: tipo paranoide, desorganizado ou hebefrênico,catatônico, indiferenciado ou simples e tipo residual8,13. A esquizofrenia paranoide é o tipo mais comum; no quadro clínico, predominam delírios e alucinações, além da perturbação do afeto e pragmatismo. No tipo desorganizado ou hebefrênico, a característica principal é a desorganização do pensamento; o discurso é incoerente, as associações de ideias são ilógicas; o prognóstico é ruim, principalmente pelo rápido desenvolvimento de sintomas negativos, como embotamento afetivo e perda da volição. A forma catatônica se caracteriza pelos sintomas psicomotores proeminentes, que podem se alternar, como hipercinesia, estupor ou obediência automática e negativismo. Atitudes e posturas forçadas podem ser mantidas por longos períodos, e episódios de agitação extrema podem ocorrer. Por razões desconhecidas, esta forma de esquizofrenia tem sido pouco vista nos dias atuais. A forma indiferenciada é a mais complicada de ser caracterizada; o quadro preenche critérios para esquizofrenia, mas não satisfaz os critérios para o tipo paranoide, desorganizado ou catatônico. Muitas vezes, esta forma de esquizofrenia é confundida com transtorno de personalidade. O tipo residual é a forma crônica da doença, onde se percebe uma progressão clara dos sintomas psicóticos da esquizofrenia; no estágio mais tardio, há predominância de sintomas negativos. 5. Quando consultar um médico Pode ser difícil saber como lidar com mudanças comportamentais vagas. O professor ou outro profissional da escola pode alertar para mudanças no comportamento da criança. Procurar aconselhamento médico se a criança: • Tiver atrasos de desenvolvimento em comparação com outros irmãos ou colegas; • Parar de realizar atividades diárias, como tomar banho ou vestir-se; •Não quiser mais se socializar; •Estiver apresentando um baixo desempenho acadêmico; •Apresentar estranhos rituais alimentares; •Demonstrar excessiva suspeita dos outros; • Mostrar uma falta de emoção ou mostra emoções inadequadas para a situação; •Apresentar ideias e medos estranhos; •Confundir sonhos ou programas da televisão para a realidade; •Apresentar ideias, comportamento ou fala estranhos; • Tiver comportamento violento ou agressivo ou agitação. Estes sinais e sintomas gerais não significam necessariamente que o seu filho tem esquizofrenia na infância. Poderiam indicar uma fase, outro transtorno de saúde mental, como depressão ou um transtorno de ansiedade, ou uma condição médica. Procure atendimento médico o mais rápido possível se tiver dúvidas sobre o comportamento ou desenvolvimento da criança. Pensamentos suicidas e comportamento Pensamentos suicidas e comportamento são comuns entre as pessoas com esquizofrenia. Se você tem uma criança ou adolescente que está em perigo de tentar suicídio ou fez uma tentativa de suicídio, certifique-se que alguém permanece com ele ou ela, e busque atendimento médico. Causas Não se sabe o que causa a esquizofrenia na infância, mas pensa-se que ela se desenvolve da mesma forma que a esquizofrenia adulta. Os pesquisadores acreditam que uma combinação de genética, química cerebral e meio ambiente contribui para o desenvolvimento da doença. Não está claro por que a esquizofrenia começa tão cedo na vida de alguns e não de outros. Problemas com certos produtos químicos cerebrais naturais, incluindo neurotransmissores chamados dopamina e glutamato, podem contribuir para a esquizofrenia. Estudos de neuroimagem mostram diferenças na estrutura cerebral e no sistema nervoso central de pessoas com esquizofrenia. Enquanto os pesquisadores não estão certos sobre o significado dessas mudanças, eles indicam que a esquizofrenia é uma doença cerebral. Fatores de Risco Embora a causa precisa da esquizofrenia não seja conhecida, certos fatores parecem aumentar o risco de desenvolver ou desencadear esquizofrenia, incluindo: • Ter histórico familiar de esquizofrenia; • Aumento da ativação do sistema imunológico, como a inflamação ou doenças autoimunes; • Idade avançada do pai; • Algumas complicações da gravidez e do nascimento, tais como a desnutrição ou a exposição às toxinas ou aos vírus que podem afetar o desenvolvimento do cérebro; • Tomar drogas psicoativas ou psicoativas (alterando a mente) durante a adolescência. Complicações Se não tratada adequadamente, a esquizofrenia na infância pode resultar em graves problemas emocionais, comportamentais e de saúde. Complicações associadas à esquizofrenia podem ocorrer na infância ou mais tarde, tais como: • Suicídio, tentativas de suicídio e pensamentos de suicídio; • Auto ferimento; • Transtornos de ansiedade, transtornos de pânico e transtorno obsessivo- compulsivo (TOC); • Depressão; • Abuso de álcool ou outras drogas, incluindo tabaco; • Conflitos familiares; • Incapacidade de viver de forma independente, frequentar a escola ou trabalhar; • Isolamento social; • Saúde e problemas médicos; • Problemas legais e financeiros e falta de moradia; • Comportamento agressivo, embora raro. 6. Tratamento e Terapia Embora não exista cura para a esquizofrenia, muitas pessoas com essa doença podem levar uma vida produtiva e satisfatória com o tratamento adequado. A recuperação é possível através de uma variedade de serviços, incluindo programas de medicação e reabilitação. A reabilitação pode ajudar uma pessoa a recuperar a confiança e as habilidades necessárias para viver uma vida produtiva e independente na sociedade. O portador de esquizofrenia é incapaz de avaliar seu próprio comportamento. Neste caso, pessoas próximas ao paciente são quem identificam os sintomas e procuram ajuda médica. Com acompanhamento de um psicólogo, psiquiatra e medicamentos é possível que a frequencia das crises diminuam e o paciente consiga viver de maneira mãos tranquila. O acompanhamento de um especialista é indispensável. Como as causas ainda são desconhecidas, os tratamentos se concentram na eliminação dos sintomas da doença. Os tratamentos incluem: O tratamento das psicoses está voltado para duas vertentes: farmacológica e socioeducativa. A base do tratamento farmacológico restringe-se aos neurolépticos ou antipsicóticos. A eficácia dessas drogas sobre as psicoses tem sido demonstrada em vários trabalhos. Infelizmente, os estudos dessas drogas na infância são em número infinitamente menor que em adultos. Por uma série de razões, as pesquisas com os neurolépticos iniciam-se na população adulta, e somente após alguns anos essas drogas são autorizadas para uso na infância. Nos últimos anos, tem surgido um número importante de neurolépticos (atípicos) com eficácia comprovada e menores efeitos adversos, porém sua utilização no tratamento das psicoses infantis ainda é restrita. O haloperidol, uma droga já utilizada há vários anos, continua sendo uma boa escolha para o tratamento das psicoses infantis (dose de 0,02 a 0,12 mg/kg/dia)9. Apesar de terem efeitos colaterais, como sintomas extrapiramidais e acatisia, estes são facilmente controlados, e são drogas extremamente seguras. Outra boa opção seria a risperidona, que apresenta um risco de discinesia tardia bem inferior ao haloperidol. A olanzapina também tem sido utilizada no tratamento das psicoses infantis, com boa resposta. Existem dois tipos principais de medicação antipsicótica: Os antipsicóticos típicos (“convencionais”) controlam efetivamente os sintomas “positivos”, como alucinações, delírios e confusão da esquizofrenia. Alguns antipsicóticos típicos são: • Clorpromazina (Thorazine) • Haloperidol (Haldol) • Mesoridazina (Serentil) • Perfenazina (Trilafon) • Flufenazina (Proxlixina) • Tioridazina (Mellaril) • Thiothixene (Navane) • Trifluoperazina (Stelazine) Os antipsicóticos atípicos (“de nova geração”) tratam os sintomas positivos e negativos da esquizofrenia,frequentemente com menos efeitos colaterais. Alguns antipsicóticos atípicos são: • Aripiprazol (Abilify, Aristada) • Asenapina (Saphris) • Brexpiprazol (Rexulti) • Cariprazina (Vraylar) • Clozapina (Clozaril, FazaClo, Versacloz) • Iloperidona (Fanapt) • Lurasidona (Latuda) • Olanzapina (Zyprexa) • Paliperidona (Invega) • Quetiapina (Seroquel) • Risperidona (Risperdal) • Ziprasidona (Geodon) Uma terceira categoria menor de drogas usadas para tratar a esquizofrenia é conhecida como “agentes antipsicóticos diversos”. Os agentes antipsicóticos diversos funcionam de maneira diferente dos medicamentos antipsicóticos típicos ou atípicos. A loxapina (Adasuve, Loxitane) é um desses antipsicóticos diversos e é usada para tratar a agitação em pessoas com esquizofrenia. Os efeitos colaterais são comuns com drogas antipsicóticas. Eles variam de efeitos colaterais leves, como boca seca, visão turva, constipação, sonolência e tontura que geralmente desaparecem depois de algumas semanas para efeitos colaterais mais graves, como problemas com o controle muscular, estimulação, tremores e carrapatos faciais. A nova geração de drogas tem menos efeitos colaterais. No entanto, é importante conversar com seu psiquiatra antes de fazer qualquer alteração na medicação, pois muitos efeitos colaterais podem ser controlados. Abordagem psicossocial Na literatura não existem trabalhos mostrando que determinadas técnicas psicoterápicas são efetivas no tratamento da esquizofrenia na infância9. Parece que ações socioeducativas voltadas ao funcionamento da família, soluções de problemas e habilidades de comunicação têm sido mais efetivas na diminuição das crises. No nosso meio, o tratamento desses casos em nível de hospital/dia (HD) tem mostrado uma evolução mais favorável. De um modo geral, a criança permanece no HD cerca de duas a cinco vezes por semana, por meio período, onde é assistida por uma equipe multidisciplinar. A família também participa de algumas atividades, onde é realizado um trabalho de orientação sobre a doença e muitas vezes tenta-se abordar possíveis fatores dinâmicos que possam interferir no quadro. Orientação familiar e terapia familiar A presença de uma criança doente em uma família quase que inevitavelmente acaba levando a um desequilíbrio nas relações familiares, principalmente quando se trata de doença mental. Muitas vezes, um ser doente acaba mobilizando sentimentos variados, como culpa, raiva, medo, vergonha, fracasso, entre outros, os quais necessitam ser trabalhados. Em algumas situações, uma orientação familiar pode solucionar o problema. Entretanto, nas famílias onde as relações já eram conflituosas, o surgimento de uma criança doente somente favorece a rede de problemas já existente, e a criança não tem a possibilidade de mudanças, sendo necessário um processo de terapia de família com o objetivo de uma melhor compreensão e solução desses conflitos. Hoje, muitas pessoas com diagnóstico de esquizofrenia vão à escola, trabalham, casam-se e têm filhos. O ganhador do Prêmio Nobel de Matemática de 1994, John Nash, viveu com esquizofrenia por trinta anos. Proporcionando um ambiente acolhedor, medicação apropriada, tratamento e incentivo, podemos capacitar pessoas com esquizofrenia a serem membros produtivos de nossa comunidade. Contudo, representações negativas de pessoas com esquizofrenia na televisão, cinema e outros meios de comunicação, continuam a perpetuar o estigma e piorar ainda mais a discriminação. Como disse uma paciente, "Quando você é hospitalizado por causa de uma perna quebrada, as pessoas lhe mandam flores ou vão visitá-lo. Mas se você for internado por causa de uma doença mental, as pessoas não mandam flores, e não visitam você." Muitos pacientes relatam que o apoio consistente de pais, amigos, profissionais de saúde ou professores, foi um fator importante em sua reabilitação. Temos aqui alguns depoimentos de pessoas que sofreram discriminação: "Uma noite a polícia me parou para verificar a placa de meu carro. Estava escuro. As luzes estavam piscando. Eu estava apavorada e tremendo. Quando o policial se aproximou de meu carro, eu estava tão assustada que não conseguia falar. Ele me acusou de não colaborar. Eu tentei dizer que sofria de esquizofrenia. ‘O que isso tem a ver?’ respondeu ele." Elizabeth Anderson Professora Vocalista Casada por cinco anos Diagnóstico de esquizofrenia há três anos "Eu estava grávida quando recebi o diagnóstico de esquizofrenia. Os pais de meus amigos perguntaram: ‘Quando será o aborto?’" Michele Miserelli Mãe Diagnóstico de esquizofrenia em 1988 Porta-voz da Sociedade de Esquizofrenia do Canadá Hoje já ouvimos vozes de esperança "Eu tinha acabado de me graduar em Inglês quando recebi o diagnóstico de esquizofrenia há dezoito anos atrás. Durante muito tempo eu não conseguia me concentrar o suficiente para ler. Mas com minha nova medicação, posso ler novamente. Toco violão e adoro violoncello." Elizabeth MacDonell Grau de Bacharel em literatura inglesa Toca violão em uma orquestra local Viveu com esquizofrenia por 18 ano O que você pode fazer? • Cuidado com as palavras que você usa. "Louco", "maluco", "psicopata", são palavras que ferem. • Ajude a conscientizar os outros de como nossas palavras e atitudes machucam. Não ria de piadas cruéis. Faça com que os outros saibam que a ignorância dói. • Ajude pessoas que possam estar sofrendo dos sintomas iniciais de uma doença mental. • Participe. Ligue para seu grupo local de Apoio à Esquizofrenia. Se não houver um em sua comunidade, ou se desejar mais informações sobre o Programa Mundial de Combate ao Estigma e à Discriminação (Worldwide Program to Fight Stigma and Discrimination), entre em contato com a Associação Mundial de Psiquiatria (WPA) – por telefone, fax, ou e-mail – para receber informações sobre programas nacionais em seu país. Psicoterapia na esquizofrenia A psicoterapia tem se mostrado um importante recurso terapêutico, associado ao tratamento farmacológico, na recuperação e na reabilitação do indivíduo esquizofrênico. Por meio de abordagens educativas, suportivas, interpessoais ou dinâmicas, visa-se recuperar o indivíduo no nível psíquico, interpessoal e social. Objetivos da psicoterapia Encontram-se resumidos a seguir os objetivos comuns, levantados por vários autores, que podem ser atingidos na psicoterapia de um paciente com diagnóstico de esquizofrenia: 1. Oferecer continência e suporte. 2. Oferecer informações sobre a doença e modos de lidar com ela. 3. Restabelecer o contato com a realidade. O paciente deve ser capaz de reconhecer experiências reais e diferenciá-las das alucinatórias ou delirantes. Isso pode ser alcançado por meio do teste de realidade, feito pela intervenção direta do terapeuta ou pelos próprios pacientes no caso da psicoterapia de grupo. 4. Integrar a experiência psicótica no contexto de vida do paciente, ou seja, dar um sentido à experiência psicótica. 5. Identificar fatores estressores e instrumentalizar o paciente a lidar com os eventos da vida. Os fatores desencadeantes de crises estão intimamente relacionados com as recaídas e o prognóstico da doença. Discutir formas de suportar, modificar ou compreender melhor as situações vividas pelos pacientes podem ajudá-los a ter uma melhor evolução na sua doença. Algumas estratégias usadas são a busca de solução de problemas e o planejamento de metas, conseguidas pela orientação direta do terapeuta ou por discussões grupais. 6. Desenvolver maior capacidade de diferenciar, reconhecer e lidar com diferentes sensações e sentimentos. 7. Crescimento emocional associado à mudança nos padrões de comportamento, resultando em melhora na qualidade de vida e na adaptação social fora do setting terapêutico. 8. Conquistade maior autonomia e independência. Aumentando-se a capacidade de gerenciar a própria vida, melhora-se também a autoestima. 9. Diminuição do isolamento. Outro sintoma proeminente nos pacientes esquizofrênicos é o autismo. Em geral, esses pacientes apresentam pouca possibilidade de troca e de registro de experiências negativas no contato com as pessoas – geralmente paranoides. A oportunidade de experimentarem contatos positivos, individualmente ou em grupo, pode possibilitar a diminuição do autismo. 10. Observação dos pacientes. Pode-se observar, durante o processo psicoterápico, o funcionamento e o comportamento dos pacientes - de esquiva, de inibição, de desconfiança ou de inadequação - como também, a presença de sintomas psicopatológicos - delírios, alucinações, auto referência, depressão, entre outros. Essa observação pode ajudar o clínico na avaliação de determinado paciente. É mais aconselhável que a consulta clínica seja realizada por um psiquiatra que não seja o terapeuta do paciente. O que modifica as características dos diferentes tipos de intervenção será a ênfase dada a um ou outro objetivo. O papel do terapeuta Os pacientes esquizofrênicos geralmente apresentam pouca condição de suportar altos níveis de tensão. Por isso, o terapeuta deve ser ativo e monitorar a expressão dos afetos no encontro terapêutico, criando, assim, um clima de compreensão, respeito e empatia. Podem-se sugerir temas, estimular a participação e organizar a conversa, ou seja, coordenar ativamente a sessão. Sua fala deve ser concreta e de fácil entendimento, aproximando-se ao máximo do universo e da linguagem dos pacientes. Algumas intervenções possíveis do terapeuta são: afirmação, conselho, validação, encorajamento, reforço, clarificação, confrontação, elaboração e atribuição de significado. O processo de interpretação é um caso especial de atribuição de significado. Ele tem, geralmente, o sentido de tornar conscientes pensamentos e sentimentos que, anteriormente, eram inconscientes. Os grupos terapêuticos não são tão eficazes como as sessões individuais na revelação de processos emocionais inconscientes. Na psicoterapia de pacientes esquizofrênicos, as interpretações são mais úteis quando se referem a sentimentos que estão obviamente presentes (como os inferidos diretamente de expressões faciais ou gestos), mas que não estão acessíveis à percepção consciente do indivíduo. A interpretação da transferência deve ocupar um pequeno espaço no tratamento. O terapeuta deve ser habilidoso ao colocar suas intervenções para não confrontar demais ou desautorizar os pacientes. Esses pacientes podem fazer projeções no terapeuta e distorcerem a realidade. Um terapeuta menos neutro ajudará o paciente a discriminar o que é fantasia do que não é. É mais adequado trabalhar com o momento atual, no aqui e agora, e fazer pouca investigação ou alusões ao passado. Muitos pacientes têm dificuldade em discriminar memória de fantasia. É necessário ao terapeuta conter, compreender, processar e devolver em palavras ou atitudes o que está sendo vivenciado na sessão. Só assim haverá uma maior chance da psicoterapia ser eficaz. Uma outra tarefa importante do terapeuta é a de estar atento para oferecer a intervenção adequada àquele determinado tipo de paciente, naquela determinada fase da doença. Não superestimar os pacientes, nem oferecer uma proposta aquém das suas capacidades. Seleção e encaminhamento de pacientes A eficácia da psicoterapia exige que o diagnóstico seja um passo essencial no processo. Uma avaliação e um diagnóstico cuidadosos ajudam a determinar se o paciente é adequado para a psicoterapia e, se for, qual o tipo de abordagem que lhe será de maior benefício. Para avaliação e fornecimento de informações, é interessante que sejam feitas entrevistas individuais com cada paciente antes do ingresso numa psicoterapia. Essa prática contribui para o aumento da taxa de adesão ao tratamento. Desse modo, devem-se considerar no paciente o diagnóstico nosológico, o grau de comprometimento e o tempo de evolução da doença, os sintomas psicopatológicos predominantes, a fase da doença, a capacidade de adaptação a situações de estresse, as circunstâncias de vida, a forma habitual de relacionar-se, as defesas predominantemente usadas, a eficácia ou não no controle e expressão dos impulsos e dos afetos, a capacidade de distinguir os sentimentos ou emoções como provenientes do seu mundo interno ou externo, a capacidade de expressão verbal, o estilo de comunicação e a existência de um tema ou área problemática que se destaque dentre outras.18 Além disso, deve-se avaliar a motivação do paciente para o tratamento. Caso não exista, considerar a possibilidade de criar estratégias de mobilização ou sensibilização. As habilidades ou preferências dos pacientes e as experiências anteriores positivas ou negativas devem ser consideradas. Pode ser necessária a mobilização da família. Uma família mobilizada pode contribuir estimulando o paciente, facilitando o seu acesso ao tratamento ou reforçando a sua importância. A partir desses elementos, pode-se ter uma ideia da condição do paciente, qual sua demanda e suas necessidades primordiais, e fazer uma avaliação da capacidade de tolerância ou suportabilidade do paciente ao setting terapêutico (seja ele em grupo ou individual). Também é necessário considerar, nas intervenções grupais, os objetivos de cada grupo. Para a formação de grupos novos é interessante buscar a maior homogeneidade possível, seja nas características individuais de cada paciente ou nas suas necessidades, para assim facilitar a coesão. Para cada intervenção, dependendo dos seus objetivos, haverá diferentes critérios de inclusão e de exclusão. Utilizando-se o modelo tridimensional para a classificação de sintomas psicopatológicos em negativos, positivos e de desorganização, sugerimos que: a) Pacientes com predomínio de sintomas positivos intensos podem não se beneficiar de intervenções grupais. Enquanto não haja estabilização de seu quadro clínico, com a consequente redução dos sintomas, esses pacientes, em geral, não devem ser incluídos em grupos. Uma possibilidade, nesses casos, pode ser a intervenção psicoterápica individual. O terapeuta poderá acompanhar o paciente durante sua recuperação, oferecendo suporte e continência e, posteriormente, encaminhá-lo a um grupo. Entretanto, em grupos coesos é possível a inclusão de pacientes com sintomas positivos moderados. Os outros pacientes podem funcionar como auxiliares daqueles mais sintomáticos. Um certo conteúdo psicótico, abertamente apresentado, pode ser útil para estimular debates. b) Pacientes com predomínio de sintomas negativos podem se beneficiar de grupos psicoterápicos e de intervenções individuais. Ainda que não participem ativamente, podem aproveitar a experiência. É importante avaliar o grau de ameaça que o paciente sente no contato com o outro antes de encaminhá-lo a um grupo. c) Para pacientes com predomínio de sintomas de desorganização, são mais indicadas intervenções em terapia ocupacional. Pacientes estáveis com razoável controle dos sintomas podem se beneficiar de diferentes formas de intervenções psicoterápicas. Nesses casos, a complexa gama de variáveis individuais e grupais precisará ser considerada na decisão da melhor indicação. O enfoque poderá estar na recuperação das habilidades sociais, na aceitação da doença, na diminuição do isolamento, no desenvolvimento emocional, no resgate da história individual, entre outros. Os vários objetivos poderão se distribuir em diferentes tipos de intervenções individuais e grupais, como por exemplo, grupos operativos, grupos interpessoais, psicoterapia individual, terapia ocupacional individual ou grupal. A psicoterapia grupal pode combinar-se à psicoterapia individual em diferentes momentos no decurso do tratamento. Os efeitos terapêuticos de uma abordagem adicionam-se àoutra e amplificam-se. É recomendado, portanto, que a equipe terapêutica organize um plano de tratamento moldado para cada paciente. Família e Doença Mental A concepção e compreensão atual sobre a estrutura da família nuclear no mundo ocidental estão centradas na afeição e na intensificação das relações entre pais e filhos na privacidade de suas casas (Melman, 2001), começou a se ampliar na Europa, a partir do século XVII, e nesse sentido, amplia e problematiza a concepção de família (Neder, 2002), pois, para ela, não existiria histórica e antropologicamente, um modelo-padrão de organização familiar. Assim, deve-se pensar as famílias de forma plural, para que construa uma democracia baseada na tolerância com as diferenças. Portanto, é nessa idéia das inúmeras possibilidades de formatação de grupos familiares que implicam aceitação, tolerância e, não raro na solidariedade com a singularidade que a presença da diferença remete e, nesse contexto, coloca-se a doença mental. Os significados e representações sobre os transtornos mentais podem não ser compartilhados igualmente por todas as pessoas que vivem numa mesma casa, o que resulta em diferentes atitudes e vivências ante os problemas (Melman, 2001), pois as subjetividades e objetividades de cada componente do grupo familiar que possuem representações e valores diferenciados a respeito do doente mental são determinadas historicamente, e ainda, esse olhar recebe a influência e os reflexos de outros contextos, como a religiosidade, o fator socioeconômico, a cultura e outros. Dessa forma: O adoecimento de um membro da família representa, em geral, um forte abalo. Para a maioria das pessoas a enfermidade significa uma grande ruptura na trajetória existencial. A vivência de catástrofe desestrutura as formas habituais de lidar com situações do cotidiano. Muitos familiares não estão preparados para enfrentar os problemas, não sabem como agir. Encarando as dificuldades, tentando explicar o aparecimento da doença, essas pessoas mergulham na turbulência de suas dúvidas e conflitos (Melman, 2001, p. 19-20). No entanto, a convivência com a doença e o adoecer, seja física ou psiquiátrica, acaba por representar uma dificuldade e um desgaste ao grupo familiar, isso tudo, podendo ser ampliado se este adoecer for longo, com manifestações agudas e, sobretudo, for vivido, como incapacitante e estigmatizador (Cavalheri, 2003). Ao remeter-se às singularidades da doença mental, encontra-se que: Os transtornos mentais e comportamentais exercem considerável impacto sobre os indivíduos, as famílias e as comunidades. Os indivíduos não só apresentam sintomas inquietadores de seu distúrbio como sofrem também por estarem incapacitados de participar em atividade de trabalho e lazer, muitas vezes em virtude da discriminação. Eles se preocupam pelo fato de não poderem arcar com suas responsabilidades para com a família e os amigos, e temem ser um fardo para os outros (OPAS/OMS, 2001, p. 51). A situação acaba por sobrecarregar as rotinas familiares, implicando mudanças das atividades diárias desse grupo, como os cuidados com a casa, o trabalho, a escola e os cuidados pessoais. A isso, soma-se o quadro de sintomas que o indivíduo poderá apresentar o que significará cuidados intensivos por parte da família, para acompanhamento em consultas, com a higiene, alimentação, sono, medicação e outros (Cavalheri, 2003). Assim, a sociedade frente à doença mental e todo o movimento de crítica, desospitalização e afluência da reforma psiquiátrica na atualidade, acabaram por configurar: “uma nova realidade na qual um número cada vez maior de pessoas passaram a ser assistidas em serviços extra-hospitalares. Esses fenômenos introduziram novos elementos no campo de negociação entre famílias e o campo da saúde mental, obrigando as partes implicadas a rediscutir as bases de uma nova relação” (Melman, 2001, p. 61). Nesse sentido, há de se considerar que a real possibilidade de reinserção social do indivíduo com transtorno mental implica envolvimento e comprometimento do grupo familiar e isto, independe como a família se constitui, pois ela continua representando a garantia de sobrevivência e proteção de seus membros (Cavalheri, 2003). Dessa forma, no que diz respeito as relações sociais, Não é difícil perceber que o processo de inclusão começa na família, pois ela precisa se dar conta da importância de uma pessoa com deficiência ter estreitas e íntimas com as outras, participando da vida normal, integrando-se em grupos sociais diversos. Nesse caso, a aceitação por parte dos pais será o fator fundamental para o desenvolvimento da criança ao longo da vida, estimulando a convivência com os demais membros da sociedade, as atividades culturais, esportivas, de lazer e outros (FGV/IBR/CPS, 2004, p. 44). A importância da valorização das famílias, como um espaço de produção de identidade social básica para qualquer criança, portanto, um lugar de formação de uma cidadania ativa, cuja construção desta identidade seja em seu aspecto individual ou coletivo, deve, também, passar pela tolerância com a diversidade humana (Neder, 2002). O objeto deste estudo foi um Programa de Educação Especial no município de Indaiatuba e, que possui como objetivo central, a perspectiva da inclusão educacional dos alunos em classes comuns da rede regular de ensino ou, em outras palavras, busca "trabalhar a política sociopedagógica da inclusão" (Ferretti, Milan, & Sanches, 2004). Entretanto, ainda que um programa de caráter e características educacionais possui em sua estrutura ações e serviços (Classes de Apoio e Oficinas Pedagógicas) que, sob o ponto de vista da educação inclusiva, mantém o aluno deficiente excluído de um contexto socioeducacional regular. Por outro lado, as Salas de Recursos e as Orientações Pedagógicas em Caráter Itinerante do Programa Educação Especial, têm a qualidade de complementar o ensino regular em seus níveis de escolarização, promovendo e auxiliando, assim, no processo de inclusão. Entre todos os alunos matriculados no Programa - deficientes físicos, intelectuais, auditivos, visuais e com dificuldades acentuadas de aprendizagem, fez-se a opção de apoiados no Estudo de Caso, realizar entrevista semi- estruturada e gravada, com a família do aluno com diagnóstico de Transtorno Mental e com acompanhamento psiquiátrico. A unidade de análise [família] é de fundamental importância na vida do indivíduo, pois o grupo familiar é a primeira e importante vinculação afetiva e social da criança, seguida da sua entrada no ambiente socioeducacional da escola. Portanto, nesse contexto, o papel da família é essencial no desenvolvimento da vida escolar do aluno. É importante ressaltar que, o diagnóstico de Transtorno Mental (OMS, 1993), foi utilizado em razão da Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10 ser referência na prática dos serviços de saúde mental no Brasil. No entanto, segundo a Organização Mundial de Saúde (1993), “O termo 'transtorno' é usado [...] de forma a evitar problemas ainda maiores inerentes ao uso de termos tais como 'doença' ou 'enfermidade'. 'Transtorno' não é um termo exato, porém é usado [...] para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais” (OMS, 1993, p. 05). Por outro lado, frente à utilização corrente de termos como: doença mental e loucura, encontrados na literatura também são utilizados para manter-nos fiel às revisões literárias realizadas e ao socialmente representado. A opção pelo diagnóstico de Transtorno Mental e, em tratamento psiquiátrico, deve-se ao fato de o tema ser um desafio à Educação, suscitando controvérsias na maioria das vezes e, ainda, entender que a própria nosografia psiquiátrica em relação ao doente mental é excludente e responsiva a um processo dialético histórico- estrutural deconstrução da doença mental. Por conseguinte, a unidade de análise que foi parte do objeto de estudo: a família do aluno com diagnóstico de Transtorno Mental referiu-se exclusivamente ao aluno com diagnóstico médico inicial nesta categoria e, em tratamento psiquiátrico. Assim, com a análise da entrevista com o familiar, fundamentada com o conceito das Representações Sociais, sob a perspectiva da Psicologia Social Crítica e com base no enfoque histórico-estrutural da dialética Exclusão/Inclusão, entende-se que haveria a necessidade de se buscar uma resposta à seguinte questão: “Como são as representações sociais da família do aluno com diagnóstico de Transtorno Mental matriculado no Programa de Educação Especial no município de Indaiatuba frente à perspectiva de sua inclusão educacional?” As representações sociais: “... representam, por excelência, o espaço do sujeito social, lutando para dar sentido, interpretar e construir o mundo em que ele se encontra. Para mais além das estruturas dadas da vida social, elas oferecem a possibilidade da novidade, da autonomia, daquilo que ainda não existe, mas poderia existir” (Jovchelovitch, 2000, p. 41). Por outro lado, a construção do objeto de pesquisa é um processo pelo qual o fenômeno de Representação Social é simplificado e tornado compreensível pela teoria, para a finalidade da pesquisa (Sá, 1998). Método Participantes Foram entrevistadas duas mães de alunos regularmente matriculados no Programa de Educação Especial, com diagnóstico de Transtorno Mental, conforme a Classificação Internacional de Doenças - 10 [CID-10] (OMS, 1993), e, em tratamento psiquiátrico. Para que as participantes desta pesquisa tivessem seus direitos resguardados, sem que fossem infringidos os princípios éticos, o presente projeto foi submetido à: (1) Aprovação no Comitê de Ética da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo; (2) Pedido de autorização institucional à Secretaria Municipal de Educação; (3) Na abordagem inicial aos sujeitos da pesquisa, foi facultada a possibilidade de participarem ou não do estudo e informados, previamente, de que, uma eventual negação, não lhes acarretaria prejuízos. Foram esclarecidos da necessidade da gravação, cada um receberia uma identificação fictícia para manter o anonimato, e os dados contidos nos depoimentos seriam publicados e divulgados em periódicos e eventos científicos nacionais e internacionais. Ao final da abordagem foi esclarecido que a colaboração deles seria relevante aos profissionais da educação e da saúde mental; (4) Consentimento Livre e Esclarecido foi obtido com as colaboradoras. Assim, foi importante a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido com as participantes, a fim de clarificar informações que possam ter ficado obscuras. Em seguida, o mesmo foi assinado pelas participantes e pelo pesquisador; (5) Foi firmado compromisso com as participantes de que teriam suas dúvidas, quanto à pesquisa, esclarecidas sempre que necessário. A primeira análise dos prontuários escolares indicou 15 alunos que, inicialmente, enquadravam-se no diagnóstico de Transtorno Mental e de Comportamento e encontravam-se em assistência psiquiátrica, sendo oito do sexo masculino e sete do feminino. Considerando que, a classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento é ampla e implica inúmeras diretrizes diagnósticas, assim, para fins deste estudo, após uma segunda análise dos prontuários dos alunos e novas consultas à Direção e Coordenação do Programa, realizou-se dois Estudos de Casos. Nos dois casos escolhidos, os documentos - o parecer médico e os registros, asseguravam, circunscrevendo e ou indicando, conforme documentos em prontuários das alunas, em um primeiro momento, exclusivamente, o diagnóstico inicial de Transtorno Mental e, encontrava-se em tratamento psiquiátrico, conforme informação verbal da Coordenadora do Programa. Assim, entrevistaram-se as mães das seguintes alunas: 1. Lélia (D1), sexo feminino, dez anos, aluna de Classe de Apoio / Educação Infantil, com diagnóstico de Transtorno Desintegrativo da Infância com características Psicóticas [F84.3]; com acompanhamento psiquiátrico (convênio privado) e psicológico em unidade de saúde pública municipal e prescrição medicamentosa de Haldol. Frequentou a partir de 2001, a Sala de Recursos do Programa de Educação Especial, em período contrário ao da Pré-Escola. Em 2002, foi matriculada em período integral e, exclusivamente, no Programa de Educação Especial que passou a frequentar regularmente. 2. Íris (D2), sexo feminino, 14 anos, aluna de Oficina Pedagógica, com registro de diagnóstico de Esquizofrenia e com acompanhamento em unidade de saúde pública municipal nos setores de Psiquiatria e Terapia Ocupacional; não havia registro de prescrição medicamentosa. Frequentou a Pré-Escola, posteriormente o Ensino Fundamental regular comum e foi matriculada, em 1999, em período integral e, exclusivamente, no Programa de Educação Especial, onde permaneceu desde então. Procedimentos de Coleta e Análise dos Dados Os aspectos éticos foram cumpridos, conforme as Resoluções do Conselho Nacional de Saúde (CNS) dispostas por meio da Resolução n.º 96, de 10 de outubro de 1996 (Brasil, 1996), que aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa, envolvendo seres humanos (Brasil, 1996). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo e autorizada pela Secretaria Municipal de Educação. Para a análise dos discursos dos entrevistados, foi utilizada a proposta de Análise de Conteúdo de Bardin (1994), definida por ela como um "conjunto de técnicas de análise de comunicações" (p. 42) que, por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo dos dados coletados, possibilita a inferência de conhecimentos que se referem às condições de produção e ou recepção (variáveis inferidas) das comunicações. Resultados Entre as muitas questões para estudo que acabaram por emergir, destaca-se aquela em que o familiar revelaria o seu entendimento frente à perspectiva de retorno do filho ao ensino regular comum. Portanto, para a mãe de Lélia, a perspectiva da inclusão escolar na rede regular comum:"... seria uma tentativa?..." (D1.37). Justificada por ela em razão da filha:"... ela não sabe escrever nada." (D1.38). Por outro lado, a mãe de Íris relatou: "é... eu fiquei pensando nisso o ano passado quando ela terminou no ano passado..." (D2.33). Pois,"... será que a minha filha vai ficar sempre só frequentando aqui... não vai ter condição nunca de frequentar uma escola normal..." (D2.34),"... aí, eu fico pensando, mas... do jeito que ela está como ela vai ter condição de frequentar uma escola normal..." (D2.35). No entanto, para esta mãe:"... podia até tentar não é? Para ver como ela se comporta agora não é? Depois desse tempo todo, não é?" (D2.36). A análise desta categoria indicou que as mães da alunas representaram a perspectiva de inclusão escolar como uma tentativa, uma vez que as alunas não estavam, ainda, alfabetizadas. Entretanto, encontramos que nas proposições Educação Inclusiva haveria um lugar para Lélia e Íris, uma vez que implicaria: “... uma reforma radical nas escolas em termos de currículo, avaliação, pedagogia e formas de agrupamento dos alunos nas atividades de sala de aula. Ela é baseada em um sistema de valores que faz com que todos se sintam bem-vindos e celebra a diversidade que tem como base o gênero, a nacionalidade, a raça, a linguagem de origem, o background social, o nível de aquisição educacional ou a deficiência (Mittler, 2003, p. 34). A educação inclusiva é uma aplicação prática de um movimento mundial denominado de inclusão social que propõe um novo paradigma e implica um processo bilateral, das pessoas excluídas e da sociedade, na construção de uma parceria que busca efetivar a equiparaçãode oportunidades (Mendes, 2002). Nesse sentido, embora o debate sobre a educação inclusiva não tenha nascido no contexto da educação especial, se aplica também a ela, na medida em que sua clientela também faz parte daquela população historicamente excluída da escola e da sociedade (Mendes, 2002). Para melhor compreender, a importância da ampliação da proposição de uma sociedade inclusiva, ao entrevistar as mães, foi possível, ainda, entender a dialética exclusão/inclusão, pois as duas alunas haviam frequentado a Pré- escola (Educação Infantil). Embora, a legislação brasileira vigente na época não obrigasse a matrícula escolar da criança na faixa etária até seis anos e 11 meses, ambas possuíam um antecedente de frequência na modalidade de Educação Infantil, relatado por uma das mães: "Ela estudou na Escola... é prezinho também..." (D1.4). Por outro lado, foi na Pré-escola que as alunas apresentaram comportamentos diferenciados mais acentuados, que foram assim pontuados pelas mães,"... desde os quatro aninhos que ela está na escolinha, mas ela nunca teve progresso nenhum..." (D1.5)"...quando ela entrou no prezinho que ela começou com essas dificuldades aí..." (D2.38) Essas mães representaram, ainda, o período da Pré-escola, como um espaço lúdico, mas também de proposições pedagógicas. Para a mãe de Lélia, nos momentos de brincadeira:"...ela conseguia ficar" (D1.10) No entanto, "...na hora de fazer alguma atividade, algum desenho, ela se recusava..." (D1.11).Por outro lado, a mãe de Íris relatou que independente das atividades propostas,"...ela atormentava muito as outras crianças, atrapalhava as crianças no que elas estavam fazendo, negócio de, às vezes, beliscar, puxar cabelo, tirava a atenção das crianças" (D2.4) Naquele período, a relação com as professoras foram, assim, descritas: para a mãe de Lélia "...ela ficava num cantinho, e lá ela ficava..." (D1.12) e "...nunca participou de desenhar" (D1.13). Já para a mãe de Íris, sua filha apresentava o seguinte comportamento:"...ficava só atrás da professora, ela fazia lição e... fazia ali... , às vezes, de desenhar ou pintar alguma coisa ou ela rasgava, ou ela amassava..." (D2.7).Ainda,"...ficava só ali, atrás da professora... chegava uma hora que ela ficava rodando, só queria ficar atrás da professora..." (D2.8). Somando-se a isso, "...na época, eu não sei se ela chegou cuspir, mas, mais tarde ela começou com esse negócio de cuspir..." (D2.5).No contexto pré- escolar, a mãe de Lélia, entendeu que:"...bom ela estudava na escolinha só que lá eles acharam que não era problema de lá..." (D1.7). Naquele momento, por indicação da Unidade Escolar e por meio do Grupo de Apoio Pedagógico (GAP) da Secretaria Municipal de Educação (SEME),"...ela estava fazendo tratamento no Departamento de Reabilitação Física e Mental (DEREFIM) com a Psicóloga..." (D1.14) e,"...foi ela que indicou essa Escola [Programa de Apoio à Educação Especial - PAEE] aqui..." (D1.15).Naquele período a mãe relatou ter havido um momento de discussão intersetorial: "Fez uma vez... [...] foi a doutora, que é psicóloga do Departamento de Reabilitação Física e Mental (DEREFIM), com a professora que ela estudava." (D1.72). Como resultado da discussão, houve a indicação, por meio de laudo psicológico do Departamento de Reabilitação Física e Mental (DEREFIM), que a aluna, em horário contrário ao da Pré-escola, começou a frequentar o Programa de Apoio à Educação Especial (PAEE). Foi interessante constatar que essa mãe passou a representar o Programa como uma proposta escolar, pois:"...ela começou a frequentar a escolinha, enquanto que estava no pré... [...] brincando..." (D1.9). Nesse ponto, observa-se uma confusão e ambiguidade na fala dessa mãe, pois, para ela o papel da Educação Infantil, tanto poderia representar um espaço somente para brincadeiras, como um espaço de aprendizagem e, ainda, um misto entre um e outro. A experiência da mãe de Íris, no contexto pré-escolar, frente aos comportamentos e atitudes da filha, foi relatada da seguinte maneira: "...na época do prezinho... eu não estava levando ela em lugar nenhum..." (D2.39). Entretanto: "...quando ela foi indicada, quando eu coloquei ela no prezinho, quando ela não estava se enturmando lá, estava dando problemas, eles indicaram para mim levar no Programa de Apoio à Educação Especial (PAEE)..." (D2.1). Em sua fala ficou claro, haver sido orientada a importância da filha receber assistência, no caso, frequentar em horário contrário ao da Pré-escola, a Sala de Recursos do Programa de Apoio à Educação Especial (PAEE), a mãe ressaltou:"...eu, não aceitei muito porque... ficava naquela, eu não queria.... aceitar dela ir para uma escola especial..." (D2.2)."...achava que com o tempo isso aí ia... ela ia melhorar, que ia acabar frequentando a escola normal e, na época, pela dificuldade que eu tinha, eu acabei não levando, ela estava no prezinho, porque na época não tinha perua nem para pegar nem para levar de volta..." (D2.3), Para Jerusalinsky (1997), o papel da escola é fundamental, pois é nesse espaço de entrar e sair, um lugar de trânsito, que faz dela uma instituição "normal" da sociedade, não estando representada socialmente como um depósito, como o é um hospital psiquiátrico. Nesse sentido, espera-se de alguém, que ao frequentar a escola sinta-se mais reconhecido socialmente do que aquele que não frequenta. Pois, é assim que, muitos "psicóticos púberes ou adolescentes, reclamam que querem ir à escola com seus irmãos, precisamente porque isso funcionaria para eles, como um signo de reconhecimento de serem capazes de circular, numa certa porção, pela norma social" (Jerusalinsky ,1997, p. 91). Discussão A contribuição e relevância deste estudo devem-se ao fato de que as questões que envolvem a construção da doença mental têm sofrido modificações ao longo da história humana em um processo histórico-estrutural de exclusão/inclusão, portanto, com verdades historicamente produzidas e variadas. Por outro lado, existe uma ideia subjacente de que a loucura não é parte da esfera ou de competência, também, das proposições do processo ensino e ou aprendizagem regular ou especial e, ainda, servindo para fortalecimento de paradigmas que estabelecem uma linha divisória entre "normal" e "anormal". Com a educação inclusiva, é necessário romper com paradigmas, a fim de estabelecer um novo lugar escolar implicado na diversidade e que a segregação de alunos e o distanciamento mútuo entre família e escola, não são mais possíveis. Ainda, há uma necessidade premente de ações intersetoriais e de complementaridade de ações, sobretudo na formulação e implementação das políticas públicas. Assim, justifica-se a importância deste estudo em razão de, historicamente, sempre houve uma tendência da instituição escolar de homogeneizar seus alunos, sendo a educação inclusiva, antes de tudo, uma provocação que propõe uma educação para todos, sem exceção. As propostas político-pedagógicas, assim como o cotidiano escolar em seus processos pedagógicos e de avaliação do desenvolvimento do aluno, segundo as concepções da educação inclusiva, também, devem ser submetidas a um novo olhar e distintas práticas. Ensino/aprendizagem é chamada para participar efetivamente do desenvolvimento escolar em todos os seus aspectos. Isso dado, espera-se com esse estudo que a unidade escolar frente à organização e execução das proposições da educação inclusiva, além de buscar ou ampliar sua articulação com a família do aluno com transtorno mental, venha a contribuir para um trabalho produtivo com as diferenças, conflitos, desentendimentos e desestabilizações que implicam as relações com a diferença, especialmente, se considerarmos que as políticas intersetoriais que envolvem as áreas de educação, de saúde e social precisam ser revistas e ampliadas. Na especificidade deste estudo, encontram-se alguns caminhos para melhor entender a problemática que envolve a
Compartilhar