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Micorrizas na Agricultura

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MICORRIZAS NA AGRICULTURA
Anna Julia Laue Friske
Fungos micorrízicos arbusculares (FMA), também conhecidos como Mycorrhizae ou Micorrhyzum são predominantes no mundo vegetal, sendo na maioria Ficomicetas, pertencentes a ordem das Mucorales e classificados na família das Endogonaceaes, ocorre na grande maioria das plantas cultivadas e nativas. Sua influência no crescimento das plantas anuais tornaram-nas potencialmente importantes do ponto de vista ecológico e econômico. São inseridas principalmente em solos pobres em nutrientes como o fosforo, potássio, zinco, cobre, estrôncio e enxofre. Dependem obrigatoriamente da planta hospedeira para o seu crescimento, colonizam-se freneticamente tendo como base uma raiz principal. 
As raizes da planta podem ser infectadas através de elementos de propagação de fungo no solo, como os esporos de resistência, ou córtex, desprendidos de outras raizes infectadas. os filamentos que compõem o corpo dos fungos penetram nas raízes formando estruturas intracelulares típicas denominadas de arbúsculos e posteriormente desenvolve o micélio extra radicular que é capaz de adquirir nutrientes do solo com grande eficiência e começam a funcionar como um sistema radicular adicional que se estende por locais do solo onde a planta não alcança, aumentando a absorção. Mas vale lembrar que a colonização radicular nem sempre está relacionada ao desempenho da simbiose e que a eficiência do fungo é independe de sua infectividade.
 As hifas estruturas denominadas raízes dos fungos micorrízicos são, em geral, muito mais eficientes na aquisição e no transporte de potássio do solo até as raízes do que o sistema radicular das plantas, principalmente, em condições de baixa disponibilidade de nutrientes, que é o caso dos solos brasileiros. Elas tem a capacidade de se expandir a mais de 15 cm de distância da superfície da raiz. O fungo obtém carboidratos e outros fatores essenciais para o seu desenvolvimento e esporulação da planta para realizar as funções de radículas e em troca disponibilizam fósforo e água para a raiz. 
A partir daí as hifas crescem entre as células corticais e penetram individualmente nas células da raiz formando arbúsculos – estruturas extremamente ramificadas que acabam por ocupar a maioria do volume das células. Os arbusculos são o principal local de troca de nutrientes entre o fungo e o hospedeiro. Através deles o fungo obtém acúcares da planta e esta os minerais que o fungo extrai do solo. Alguns fungos formam também vesículas, corpos globosos ricos em lípidos e com funções de armazenamento
O fosforo, um nutriente muito importante para a sobrevivência das plantas, principalmente na fotossíntese, tem pouca disponibilidade em solos com baixa fertilidade, torna-se necessária sua adição através de fertilizantes e assim espera-se que haja uma boa economia de fosforo por parte das micorrizas, obtendo bons rendimentos em menores doses de adubação fosfatada. Ele tem algumas funções importantes para o hospedeiro: respiração, armazenamento e transferência de energia, divisão de células, crescimento de célula e vários outros processos.
Existem três tipos de micorrizas, as endomicorrizas, as ecto-endomicorrizas e as ectomicorrizas. A primeira (endomicorrizas), é encontrada em plantas anuais (tem seu ciclo de frutificação em um ano e depois morre) e herbáceas perenes (tronco não lenhoso e com menos de 50 centímetros de altura), principalmente em plantas de alto valor comercial na agricultura (milho, soja, trigo, café) e tem sua distribuição geográfica mais ampla. A própria palavra já diz, “endo” micorriza, a raiz é totalmente infectada tendo o fungo dentro da célula em sua matriz celular. 
A segunda, ecto-endomicorriza, apresenta características de ambos os grupos. Estes fungos tem uma importância ecológica e poderiam ser considerados como um estado de evolução entre as ectomicorrizas e as endomicorrizas. 
As ectomicorrizas são encontradas em plantas lenhosas e arbóreas como eucalipto e pinus (com mais de cinquenta centímetros de altura e um tronco com fluxo de xilema e floema) e sua ocorrência é predominante nas regiões temperadas e frias. O fungo não entra na célula e não ocorre a formação de uma rede fungica no córtex da raiz como na endomicorriza. O que ocorre na verdade é a formação ao redor do córtex de raizes curtas e finas, principalmente na região de formação dos pelos radiculares. As três protegem a planta contra ataques de microorganismos patogênicos externos através da formação de antibióticos. Podemos usar como exemplo a espécie Glomus, que é uma micorriza com penetração na matriz.
A presença de FMAs é fundamental para a indústria agrícola. Por exemplo, a soja: um solo com deficiência de fosforo (nutriente inorgânico) acaba ocasionando, primeiramente, a inibição do crescimento e utilização dos produtos da fotossíntese. O nitrogênio é o principal indicador de qualidade dos grãos (soja), de acordo que suas folhas bem nitrogenadas possuem um tom de verde vivido, significa que a planta esta em desenvolvimento e as com deficiência tem predominância da cor amarela, sem características positivas. A micorriza é fundamental na reabilitação desse solo desprovido de nutrientes minerais, com ph ácido e de baixa fertilidade. Ela promove a conexão entre a planta e o ambiente físico e biológico disponibilizando ao vetor maior resistência e tolerância a estresses biológicos e abióticos, também influenciando na diversidade ambiental, no aumento de volume e longevidade das raízes e caules. 
A rotação de culturas dos FMAs é uma pratica muito importante para um bom resultado final, sendo cultura o conjunto do hospedeiro mais a micorriza, favorece a multiplicação dos fungos micorrizicos e aumenta seus efeitos nas plantas. Para que isso ocorra perfeitamente deve-se atentar ao modo de preparo do solo, as fontes e níveis de corretivos e fertilizantes e o tipo, dosagem e modo de aplicação dos pesticidas. O uso contínuo dessa técnica (rotação de culturas) pode causar redução de potencial de inoculo do solo e na formação, desenvolvimento e eficiência da micorriza, afetando negativamente a produção de culturas subsequentes. Na implantação da cultura, o solo é revolvido, quebrando sua estrutura. Nesse processo a matéria orgânica é exposta, que em conjunto com a alteração de pH ocorre a decomposição e mineralização pela biomassa microbiana.
O uso de fertilizantes fosfatados pela agricultura mundial está atingindo o patamar de 40 milhões de toneladas por ano. O fósforo utilizado na fabricação de fertilizantes advém fundamentalmente da exploração de recursos minerais não renováveis através da mineração e do processamento de rochas fosfáticas a preços atuais de exploração.
O emprego de fungos micorrízicos constitui-se em uma das alternativas para otimização da obtenção de mudas, pois permite abreviar o tempo de formação da muda. Isso aumenta a produtividade, a rotatividade na ocupação da infra-estrutura e a eficiência de utilização de mão-de-obra especializada. A utilização de micorrizas contribui para valorizar o trabalho dos pequenos proprietários e ampliar sua receita considerado boa opção por oferecer tanto o mais rápido retorno econômico como a oportunidade de receita distribuída pela maior parte do ano. Para acompanhar a expansão da cultura e impulsionar o cultivo em maior escala, é desejável aumento da produtividade dos viveiros, com consequente redução nos custos de produção. 
O custo anual da manutenção das micorrizas é estimado em cerca de 10% do total da produção fotossintética de uma árvore. No entanto, o potencial da rede micorrízica reter e conservar os elementos minerais do solo é talvez bem mais importante. Uma estimativa de 70-90% de raízes/micorrizas morrem e são substituídas anualmente, se essas raizes não estivessem interligadas por micélio seriam decompostas pela comunidade microbiana do solo e, pelo menos uma parte dos nutrientes, poderiam ser lexiviados do solo pela água da chuva. No entanto, as ligações do micélio micorrízico ajudam a reter os nutrientes minerais dentrodo sistema, disponibilizando-os para as plantas e, consequentemente, para as cadeias tróficas que se seguem.
O potencial de uso de fungos micorrízicos na formação de mudas torna-se ainda maior quando se evidencia que o tratamento do substrato ou o uso de terra de subsolo, pobre em nutrientes, é uma prática normalmente recomendada para a eliminação de patógenos e de plantas daninhas. Além disso, contribui para diminuir os gastos com fertilizantes e defensivos agrícolas, aumentando a eficiência da adubação fosfatada. A micorrização ainda pode aumentar a resistência das plantas a patógenos e a sobrevivência das mudas ao transplante para o campo, reduzindo as perdas. Mas também há plantas que exibem alto micotrofismo e dependência micorrízica.
Entre os vários fatores que podem interferir na simbiose, um dos mais relevantes é o substrato, principalmente no que diz respeito ao nível de potassio disponível. A infecção e a eficiência do fungo micorrízico variam em função do nível de fertilidade do substrato, se está alto ou baixo, o que sempre deve ser considerado nos programas de seleção desses fungos em função da conservação de ecossistemas.
A adição de matéria orgânica beneficia duplamente a planta principal: como fonte de nitrogênio, o elemento mais exigido pela cultura, devido ao seu crescimento vegetativo contínuo, e, por conferir maior aeração ao substrato, uma vez que a planta não suporta a adição de muita agua. A carência de nitrogênio resulta em crescimento quase nulo, sem desenvolver ramos secundários e florescimento. A presença de matéria orgânica também melhora as características físicas, químicas, físico-químicas e biológicas do solo, colaborando para elevação do pH e aumento na disponibilidade dos macronutrientes, tendo assim um aumento no potencial da micorriza, ou seja resposta linear da planta até 30% a mais da dose de esterco de curral. A melhor estratégia para essa cultura seria: a seleção de isolados eficientes em condições de baixa disponibilidade de nutrientes no substrato, possibilitando economia de insumos, ou a seleção daqueles que possam otimizar o aproveitamento de nutrientes de substratos, nos quais ocorrem com alta disponibilidade.
Em pesquisas recentes foi comprovado que elas são capazes de aumentar a solubilização de fosfato mineral no solo, cuja correção com este tipo de nutriente é extremamente problemática nos solos tropicais altamente intemperizados. Deste modo as plantas podem absorver mais água e adaptar-se a climas mais secos.
Cada espécie de micorriza funciona melhor para um determinado tipo de solo ou tipo de planta. Por exemplo, a espécie Glomus intradices funciona melhor em solos arenosos e mais "secos", ideal para plantio de trigo, milho, cebola. Já a espécie Glomus mosseae funciona melhor em solos mais úmidos, ideal para plantio de bananas, arroz, cana de açucar. 
O preço médio na compra de 100g de micorrizas é 320 reais e para se obter um resultado final melhorado indica-se que use uma mistura de 5 diferentes espécies de micorrizas, assim poderá ser utilizado em qualquer tipo de planta, independentemente do tipo de solo.
A agricultura atua sobre o meio alterando as relações entre os seres vivos e permitindo a obtenção de recursos de natureza diversa, nomeadamente alimentares. Esta alteração, pode ser feita de forma mais ou menos intensiva, com maior ou menor respeito pelos equilíbrios naturais, com maior ou menor grau de proteção e melhoria do meio e da qualidade de vida.
A agricultura biológica é um sistema de produção que visa a manutenção da produtividade do solo e da cultura, para proporcionar nutrientes às plantas e controlar as infestantes, parasitas e doenças, com utilização preferencial de rotações de culturas, adição de sub-produtos agrícolas, estrumes, leguminosas, detritos orgânicos, rochas ou minerais triturados e controlo biológico de pragas, evitando-se assim o uso de fertilizantes e pesticidas de síntese química, reguladores de crescimento e aditivos nas rações.
REFERÊNCIAS 
A Agricultura Biológica. Acessado em: 27 de set de 2018. Disponível em: http://naturlink.pt/article.aspx?menuid=3&cid=93126&bl=1
A Microbiota do Solo na Agricultura Orgânica e no Manejo das Culturas. Acessado em: 13 de set de 2018. Disponível em: http://www.santoandre.sp.gov.br/PESQUISA/ebooks/343091.pdf#page=30
ANPII palestrou sobre inoculantes a base de micorrizas arbusculares na FertBio 2016. Acessado em: 20 de set de 2018. Disponível em: www.agrolink.com.br
Desempenho de fungos micorrízicos arbusculares na produção de mudas de maracujazeiro-amarelo, em diferentes substratos. Acesso em: 12 de set de 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-87052003000100012 
Influência da micorriza na cultura da soja: preocupação com a produção de energia – uma revisão. Acesso em: 13 de set de 2018. Disponível em: http://www.liberato.com.br/sites/default/files/arquivos/Revista_SIER/v.16%2C%20n.25%20%282015%29/08-micorriza-09-abril.pdf
Manejo da Micorriza Arbuscular por meio da Rotação de Culturas nos Sistemas Agrícolas do Cerrado. Acessado em: 12 de set de 2018. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CPAC-2010/20763/1/comtec-42.pdf
Micorriza Para cultivo. Acessado em: 27 de set de 2018. Disponível em: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-797026358-micorriza-100-gramas-_JM
Utilização das micorrizas na agricultura. Acessado em: 12 de set de 2018. Disponível em: www.infoteca.cnptia.embrapa.br
Micorrizas - um bom negócio entre plantas e fungos. Acessado em: 27 de set de 2018. Disponível em: http://naturlink.pt/article.aspx?menuid=66&cid=3149&bl=1&viewall=true
Micorrizas. Acessado em: 27 de set de 2018. Disponível em: https://www.infoescola.com/biologia/micorrizas/
Micorriza e as orquídeas. Acessado em: 27 de set de 2018. Disponível em: https://www.orquideas.eco.br/micorriza-orquideas/
Inoculação com fungos micorrízicos arbusculares favorece atributos bioquímicos do solo em diferentes cultivares de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum). Acessado em: 20 de set de 2018. Disponível em: http://repositorio.ufla.br/bitstream/1/13224/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O_Inocula%C3%A7%C3%A3o%20com%20fungos%20micorr%C3%ADzicos%20arbusculares%20favorece%20atributos%20bioqu%C3%ADmicos%20do%20solo%20em%20diferentes%20cultivares%20de%20cana-dea%C3%A7%C3%BAcar%20%28Saccharum%20officinarum%29.pdf
O maravilhoso mundo das micorrizas que você desconhece mas não vive sem! Acesso em: 27 de set de 2018. Disponível em: https://cientistasfeministas.wordpress.com/2016/12/12/o-maravilhoso-mundo-das-micorrizas-que-voce-desconhece-mas-nao-vive-sem/

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