Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
IBET - Instituto Brasileiro de Estudos Tributários Aluno: Dilton Leite Loureiro Rodrigues Módulo: 03 - Seminário: 06 - Tema: ICMS Serviços Data: 19/06/2020 QUESTÃO 01: Construir a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do ICMS – Serviços. Resposta: Preliminarmente, passamos a adotar como premissa o conceito fundado pelo Prof. Paulo de Barros Carvalho, na obra “Direito Tributário, Linguagem e Método”, 7ª Edição - 2018, que, em suma, expressa:“é a fórmula que tem o condão de oferecer o sentido completo da mensagem, isto é, a identificação da pessoa titular do direito, do sujeito obrigado, e ainda, como, quando e onde e por que deve fazê-lo”. Neste sentido, é norma jurídica proveniente do texto legislado que aponta elementos que formatam a referida regra de incidência tributária e visa concluir uma norma-padrão de incidência representada nos signos: D [F -> (S’R’’)], ora interpretada: deve ser que, dado o fato F, então se instale a relação jurídica R, entre os sujeitos S’ e S’’. Ante o exposto, aplicada a hipótese do ICMS – Imposto sobre Circulação Mercadorias e Serviços, sendo que, nesta oportunidade, sobre a temática “Serviços”, subdividimos em: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTES: a) Antecedente: ○ Critério Material: Prestação de serviços de transporte intermunicipal e interestadual; ○ Critério Espacial: Local da ocorrência efetiva do fato jurídico, contemplando todo território nacional, porém individualizado por estadual, haja vista a competência territorial respectiva, bem como ao regime de operações de intercâmbio entre os estados. ○ Critério Temporal: Momento da ocorrência do fato jurídico, qual seja a prestação de serviço de forma integral; b) Consequente: ○ Critério Pessoal: ■ Sujeito Ativo: Estado Federativo onde tiver sido realizada a prestação. ■ Sujeito Passivo: Pessoa física ou jurídica, que pratique a prestação de serviços de transporte ou de comunicação. ○ Critério Quantitativo: ○ Base de Cálculo: valor monetário do serviço prestado. ○ Alíquota: é elemento variável e definido por legislação de competência de cada Estado. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO: a) Antecedente: ○ Critério Material: Prestação de serviços de Comunicação; ○ Critério Espacial: Local da ocorrência efetiva do fato jurídico, contemplando todo território nacional, porém individualizado por estadual, haja vista a competência territorial respectiva; ○ Critério Temporal: Momento da ocorrência do fato jurídico, qual seja a prestação de serviço de forma integral; c) Consequente: Página 1 de 8 IBET - Instituto Brasileiro de Estudos Tributários Aluno: Dilton Leite Loureiro Rodrigues Módulo: 03 - Seminário: 06 - Tema: ICMS Serviços Data: 19/06/2020 ○ Critério Pessoal: ■ Sujeito Ativo: Estado Federativo onde tiver sido realizada a prestação. ■ Sujeito Passivo: Pessoa física ou jurídica, que pratique a prestação de serviços de transporte ou de comunicação. ○ Critério Quantitativo: ■ Base de Cálculo: valor monetário do serviço prestado. ■ Alíquota: é elemento variável e definido por legislação de competência de cada Estado. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- QUESTÃO 02: Que é “prestação de serviços de comunicação”? É possível determinar esse conceito por meio do texto constitucional? O que pode ser tributado pelo ICMS: (i) a comunicação (onerosa) efetivamente realizada, ou; (ii) a mera disponibilidade (onerosa) de meios físicos/canais aptos que possibilitem que a comunicação aconteça? (Vide anexos I e II). Resposta: Comunicação, para fins da aplicação da RMIT, se configura no exercício do transmissão onerosa, por meio de sistemas e equipamentos tecnológicos, de fluxo de mensagens entre emissor e receptor. Para sua caracterização adotamos a premissa de que a comunicação deve se efetivar pela recepção e interpretação dos dados, caso contrário, configurar-se-á, tão somente, mera transmissão de dados. O texto constitucional não determina conceito quanto ao serviço de comunicação, sendo que a LC nº 87/96 elenca os elementos da incidência tributária perante tal hipótese. Assim, só se faz possível interpretação se calcado na sistematicidade da norma jurídica vigente, seja de natureza constitucional ou infraconstitucional. Ademais, pela ótica tributária, determinamos a constituição do crédito tributário com efetivação da repercussão econômica do negócio jurídico decorrente daquela prestação de serviços. Por exclusão, a mera disponibilidade não seria passível de tributação, face a impossibilidade de identificação do receptor quanto a recebimento da mensagem, figura necessária para qualificar a relação comunicacional. Vejamos posicionamento jurisprudencial sobre o tema: O perfil constitucional do ICMS exige a ocorrência de operação de circulação de mercadorias (ou serviços) para que ocorra a incidência e, portanto, o tributo não pode ser cobrado sobre operações apenas porque elas têm por objeto "bens", ou nas quais fique descaracterizada atividade mercantil-comercial. [ADI 4.565 MC, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 7-4-2011, P, DJE de 27-6-2011.] ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- QUESTÃO 03: Página 2 de 8 IBET - Instituto Brasileiro de Estudos Tributários Aluno: Dilton Leite Loureiro Rodrigues Módulo: 03 - Seminário: 06 - Tema: ICMS Serviços Data: 19/06/2020 Sobre a possibilidade de se cobrar ICMS, responda: a) O termo “mercadoria” do artigo 155, II da CF/88 alcança os denominados “bens e mercadorias digitais”? Fundamente. b) Há possibilidade jurídica de se cobrar ICMS nas seguintes situações: serviço de internet por acesso discado e banda larga; software e transmissão de dados por streaming; NETFLIX. Fundamentar. Se positiva sua resposta, quais espécies de ICMS seriam de possíveis incidências nesse casos: ICMS-bens e mercadorias ou ICMS-comunicação? Justifique. Resposta: a) Sim. Em que pese a característica da intangibilidade, dos infoprodutos, produtos digitais, dentre outros, os mesmos são equiparados a mercadorias tangíveis para fins de incidência do ICMS, em destaque àqueles relacionados as operações realizadas com softwares, programas, jogos eletrônicos, aplicativos, entre outros, e que sejam comercializados por meio de transferência eletrônica de dados, face os efeitos do Convênio ICMS nº 106/2017. Ressalta-se que o ICMS se faz devido por ocasião da venda ou da disponibilização ao consumidor final, com a obrigatoriedade de emissão de NF-e ocorrerá apenas quando estas forem destinadas ao consumidor final, já que todas as operações anteriores estão amparadas pela isenção. b) Sobre as hipóteses citadas, consideramos: ○ Sobre os serviços de internet por acesso discado e banda larga, incide o ICMS-Mercadorias. Vejamos posicionamento do STF quanto a temática: O ICMS incide sobre a tarifa de assinatura básica mensal cobrada pelas prestadoras de serviço de telefonia, independentemente da franquia de minutos conferida ou não ao usuário. [RE 912.888, rel. min. Teori Zavascki, j. 13-10-2016, P, DJE de 10-5-2017, Tema 827.] Súmula nº 334 do STJ: O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à Internet. ○ Sobreos software e transmissão de dados por streaming encontramos uma complexidade de entendimentos normativos regionalizados acerca da definição quanto a sua figura jurídica, bem como incidência de ISS ou ICMS. Em que pese diversidade, partimos da premissa de que, no streaming, inexistindo a transferência de propriedade de mercadoria apta a ensejar a incidência do ICMS, estaria sub rogado de tal encargo. Tal entendimento é chancelado, inclusive, pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, mediante Portaria CAT nº 24/2018 que, não há incidência de ICMS sobre streaming (disponibilização sem cessão definitiva). Página 3 de 8 IBET - Instituto Brasileiro de Estudos Tributários Aluno: Dilton Leite Loureiro Rodrigues Módulo: 03 - Seminário: 06 - Tema: ICMS Serviços Data: 19/06/2020 Tributário. ICMS. Habilitação de aparelhos celulares. A lei geral de telecomunicações (art. 60, § 1º, da Lei 9.472/1997) não prevê o serviço de habilitação de telefonia móvel como atividade-fim, mas atividade-meio para o serviço de comunicação. A atividade em questão não se inclui na descrição de serviços de telecomunicação constante do art. 2º, III, da LC 87/1996, por corresponder a procedimento tipicamente protocolar, cuja finalidade refere-se a aspecto preparatório. Os serviços preparatórios, tais como habilitação, instalação, disponibilidade, assinatura, cadastro de usuário e equipamento, entre outros, que configuram atividade-meio ou serviços suplementares, não sofrem a incidência de ICMS, posto serviços disponibilizados de sorte a assegurar ao usuário a possibilidade do uso do serviço de comunicação, configurando aqueles tão somente atividades preparatórias destes, não incidem ICMS. Inocorrência de violação aos arts. 2º; 150, I; e 155, II, da CF/1988. [RE 572.020, rel. p/ o ac. min. Luiz Fux, j. 6-2-2014, P, DJE de 13-10-2014.] Ação direta de inconstitucionalidade. Direito tributário. (...) Lei estadual 7.098, de 30-12-1998, do Estado de Mato Grosso. (...) ICMS. Incidência sobre softwares adquiridos por meio de transferência eletrônica de dados (art. 2º, § 1º, item 6, e art. 6º, § 6º, ambos da lei impugnada). Possibilidade. Inexistência de bem corpóreo ou mercadoria em sentido estrito. Irrelevância. O Tribunal não pode se furtar a abarcar situações novas, consequências concretas do mundo real, com base em premissas jurídicas que não são mais totalmente corretas. O apego a tais diretrizes jurídicas acaba por enfraquecer o texto constitucional, pois não permite que a abertura dos dispositivos da Constituição possa se adaptar aos novos tempos, antes imprevisíveis. [ADI 1.945 MC, rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, j. 26-5-2010, P, DJE de 14-3-2011.] ≠ RE 176.626, rel. p/ o ac. min. Sepúlveda Pertence, j. 10-11-1998, 1ª T, DJ de 11-12-1998 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- QUESTÃO 04: Que é “prestação de serviços de transporte”? Quais suas modalidades? É necessária a efetividade da prestação de serviços para que o ICMS incida? Analisar a tributação de transporte aéreo de passageiros e cargas. Há a incidência do aludido imposto no caso de o transporte ser efetuado por meio de veículo próprio da empresa, dirigido por motorista que com ela possui vínculo empregatício? E se o motorista for terceirizado? E se o veículo for locado? Resposta: A prestação de serviço de transporte está configurada no deslocamento oneroso de pessoas e bens, mediante contraprestação e de forma integral. Para tanto, engloba as seguinte modalidades: a) Transporte ferroviário de cargas e passageiros; b) Transporte rodoviário de carga, passageiros, valores, carga a granel e de combustível c) Transporte multimodal de cargas; d) Transporte aquaviário de cargas; e) Transporte aéreo de carga e passageiros; f) Redespacho, subcontratação e transbordo. Página 4 de 8 IBET - Instituto Brasileiro de Estudos Tributários Aluno: Dilton Leite Loureiro Rodrigues Módulo: 03 - Seminário: 06 - Tema: ICMS Serviços Data: 19/06/2020 Nos termos do Parecer PGFN/CAT nº 57/13, observamos a conclusão: Logo, poderíamos definir que a exação sobre a prestação de serviços de transporte interestadual ou intermunicipal teria a norma de incidência do tributo assim definida: Aqueles que sem relação de emprego, numa relação negocial, prestarem serviços de transporte interestadual ou intermunicipal, no território de um ou mais entes da federação brasileira (no local em que se iniciar a prestação), ficará obrigado, no momento em que iniciar a execução do referido serviço, a pagar ao ente no qual este serviço se iniciou. Quanto a efetividade, sim. Tal característica se faz necessária para a formação integral da RMIT, em destaque ao critério temporal que se realiza mediante a plenitude do lapso entre o início e fim da prestação pactuada. Acerca da tributação de transporte aéreo de passageiros e cargas, tecemos importante consideração de exceção à regra geral, haja vista que, o STF por meio da ADIN nº 1600, reconheceu a inconstitucionalidade dos artigos da Lei Complementar n.º 87, que trata do ICMS sobre passagens aéreas entre municípios, estados e países, bem como o transporte aéreo de cargas internacional, sob o argumento que a lei simplesmente instituiu a cobrança do imposto sem, de fato, regulamentar adequadamente a parte que trata dos serviços de navegação aérea, ferindo o que prescreve o artigo 155, parágrafo segundo, inciso XII. Nas hipóteses em que o transporte é feito com veículo da própria empresa, por empregado com vínculo empregatício ou pessoal terceirizado, não constitui fato jurídico tributável, haja vista inexistir a configuração da prestação de serviço de transporte, mas mero deslocamento. Vejamos jurisprudência vigente: “I.S.T.R. Inconstitucionalidade do art. 3º, inciso III, do Decreto-lei nº 1.438/75, com a redação do Decreto-lei nº 1.582/77, na parte em que erigiu como contribuinte do I.S.T.R. a pessoa física ou jurídica que transportar, em veículo próprio, mercadoria ou bens próprios destinados ao comércio ou a indústria, porque incompatível com o art. 21, inciso VII, da Constituição Federal. Recurso extraordinário não conhecido” RE 101.874, Rel. Min. Oscar Correa, Primeira Turma, DJ 18.5.1984. E ainda: “I.S.T.R. Inconstitucionalidade Do Art. 3º, Inciso Iii, Do Decreto-lei N. 1438/75, Com A Redação Do Decreto-lei N. 1582/77, Na Parte Em Que Erigiu Como Contribuinte Do I.S.T.F. A Pessoa Física Ou Jurídica Que Transportar, Em Veículo Próprio, Mercadoria Ou Bens Proprios Destinados Ao Comércio Ou À Indústria, Porque Incompatível Com O Art. 21, Inciso Vii, Da Constituição Federal. Recurso Extraordinário Não Conhecido” Re 100.875, Rel. Min. Soares Munoz, Plenário, Dj 6.4.1984. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- QUESTÃO 05: Página 5 de 8 IBET - Instituto Brasileiro de Estudos Tributários Aluno: Dilton Leite Loureiro Rodrigues Módulo: 03 - Seminário: 06 - Tema: ICMS Serviços Data: 19/06/2020 Empresa de transporte internacional, contratada para trazer documentos do exterior, subcontrataempresa brasileira que efetive o transporte da entrada do documento em território nacional até o destinatário local. Pergunta-se: (a) tal operação pode ser desmembrada para fins de tributação pelo ICMS? (b) se positiva a resposta, qual seria o sujeito passivo da relação tributária? (Vide anexo VI). Respostas: Diante do questionado, em que se considera importação de bens cumulado com transporte nacional, partimos da premissa de que o ICMS-Importação é cabível no estado em que ocorre a nacionalização da mercadoria. No que tange o transporte de mercadoria importada em território nacional, se faz cabível a incidência de ICMS interestadual, que, por força do Convênio ICMS 57/2013, estima alíquota ICMS na Importação de 4% (quatro por cento) nas operações interestaduais com bens e mercadorias importados do exterior. Essa alíquota aplica-se aos bens e mercadorias importados do exterior que, após seu desembaraço aduaneiro: a) não tenham sido submetidos a processo de industrialização; b) ainda que submetidos a qualquer processo de transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento, recondicionamento, renovação ou recondicionamento, resultem em mercadorias ou bens com Conteúdo de Importação superior a 40% (quarenta por cento). ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- QUESTÃO 06: Prestadora de serviço de transporte é contratada para efetuar transporte de mercadoria de estabelecimento localizado em Osasco/SP para uma trading estabelecida em São Bernardo do Campo/SP. O destino final da mercadoria transportada é a exportação. Com base no art. 155, § 2º, X, “a” da CF/88 e parágrafo único do art. 3º da LC 87/96, o Fisco paulista entende que nesse trajeto interno há imunidade do ICMS somente com relação à operação de circulação das mercadorias transportadas e não para o ICMS relativo à prestação de serviços de transporte. Você concorda com esse entendimento? (Vide anexo VII). Resposta: Partimos da premissa de que a segregação das atividades está em descompasso da norma e jurisprudência vigente, que entende que a imunidade tributária para tais fins abrange desde a circulação das mercadorias transportadas à prestação de serviços de transporte que destinem mercadorias ao exterior, nos termos do art. 155, § 2º, X, “a” da CF/88 e o art. 3º, inciso IX, parágrafo único, inciso I, da LC 87/96). Vejamos especificamente o último: Página 6 de 8 IBET - Instituto Brasileiro de Estudos Tributários Aluno: Dilton Leite Loureiro Rodrigues Módulo: 03 - Seminário: 06 - Tema: ICMS Serviços Data: 19/06/2020 Art. 3º O imposto não incide sobre: [...] IX - operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de bens móveis salvados de sinistro para companhias seguradoras. Parágrafo único. Equipara-se às operações de que trata o inciso II a saída de mercadoria realizada com o fim específico de exportação para o exterior, destinada a: I - empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro estabelecimento da mesma empresa; A jurisprudência do STJ é firme, neste sentido: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. ICMS. TRANSPORTE INTERESTADUAL DE MERCADORIA DESTINADA AO EXTERIOR. ISENÇÃO FISCAL. PRECEDENTES. PROVA DA NÃO REPERCUSSÃO. SÚMULA 7/STJ.1. Os precedentes jurisprudenciais desta Corte Superior afirmam pela não incidência do ICMS sobre serviço de transporte interestadual de mercadorias destinadas ao exterior, pois o art. 3º, II, da LC n. 87/96 tem por finalidade a desoneração do comércio exterior como pressuposto para o desenvolvimento nacional, com a diminuição das desigualdades regionais pelo primado do trabalho. 2. A questão específica levantada pelo Fisco Estadual atinente à existência de destaque do ICMS na nota fiscal do serviço prestado ao exportador, e que o valor do tributo fora suportado por este - e não pela transportadora -, não foi objeto de análise pela Corte de origem, o que atrai a incidência da Súmula 211/STJ ao ponto. 3. O Tribunal de origem limitou-se a aduzir que a jurisprudência firmou-se no sentido de que é dispensada a prova da não repercussão exigida no indigitado normativo quando a pretensão se volta à repetição de ICMS incidente sobre operações de exportação, entendimento que encontra amparo na jurisprudência desta Corte. 4. Diante da ausência de prequestionamento da tese, caberia à recorrente apontar a alegação de violação do artigo 535 do Código de Processo Civil, quando da interposição do recurso especial com fundamento na alínea a do inciso III do artigo 105 da Constituição Federal, tarefa a qual não se incumbiu. 5. "A jurisprudência desta Corte é no sentido de que os tributos ditos indiretos, dentre eles o ICMS, sujeitam-se, em caso de restituição, compensação ou creditamento, à demonstração dos pressupostos estabelecidos no artigo 166 do CTN, o que não ocorreu na espécie, segundo conclusão obtida pelo Tribunal a quo. A aferição a respeito da ocorrência do repasse ou não do encargo financeiro importa revolver matéria fático-probatória, o que é inviável nesta seara recursal, ante o óbice da Súmula 7/STJ" [REsp 1209607/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/11/2010, DJe 12/11/2010] Logo, ao nosso ver, a conduta do Fisco Paulista é passível de nulidade, haja vista a cobrança de crédito tributário fundado em descumprimento legal de lei infraconstititucional. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- QUESTÃO 07: Página 7 de 8 IBET - Instituto Brasileiro de Estudos Tributários Aluno: Dilton Leite Loureiro Rodrigues Módulo: 03 - Seminário: 06 - Tema: ICMS Serviços Data: 19/06/2020 Os conceitos de transbordo e baldeação na prestação, utilizados na prestação de serviços de transporte de cargas, são sinônimos? A mudança de modal, utilizando-se de veículos de propriedade de mesmo titular, é caso de transbordo ou prestação de serviço independente? Empresa X realiza serviço de transporte entre os Municípios Y e Z, ambos do Estado de São Paulo, utilizando-se, para tanto, de caminhão e avião, tendo as mercadorias sido acondicionadas, ou seja, permanecendo por tempo razoável em estabelecimento da empresa quando da mudança de modal, haveria de se falar em descontinuidade de transporte e, por consequência, nova cobrança de ICMS? (Analisar a problemática à luz do Parecer PGFN/CAT nº 57/13). Resposta: Transbordo e Baldeação, para finalidade de incidência tributária são modalidades equivalentes, haja vista que o primeiro se configura pela transferência direta e imediata de bens e/ou pessoas para outro meio de transporte no curso da prestação global dos serviços, enquanto que o segundo se perfaz em idêntica transferência, porém, com acondicionamento/armazenamento de mercadorias no entremeio. A mudança de modal no caso citado nos parece ser mera hipótese de transbordo, em face da mudança exclusiva do meio de transporte modal, permanecendo-se a prestação de serviço global inicialmente pactuada. Vejamos o que dispõe a Leinº 9.611, de 19 de fevereiro de 1998: Art. 2º Transporte Multimodal de Cargas é aquele que, regido por um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade única de um Operador de Transporte Multimodal. Parágrafo único. O Transporte Multimodal de Cargas é: I - nacional, quando os pontos de embarque e de destino estiverem situados no território nacional; II - internacional, quando o ponto de embarque ou de destino estiver situado fora do território nacional. Logo, na hipótese citada, inexistindo a figura negocial - Frisa-se: característica elementar para caracterização da cobrança do ICMS - em operação interna da própria empresa, ainda que com acondicionamento da mercadoria por tempo razoável, não estariam presentes outros elementos essenciais que caracterizam a prestação de serviço de transporte, como a existência de uma obrigação de fazer decorrente da realização de um negócio jurídico entre pessoas distintas. No caso tratamos de única empresa realizando entre 2 municípios do Estado de São Paulo, sem novo negócio jurídico ou mesmo partes distintas que a realizem, tendo tão somente a mudança de modal com acondicionamento temporário da carga. Página 8 de 8
Compartilhar