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DiDática ii *Profª Ms. Rony Gladys A. Lins Melo * Rony Gladys Albuquerque Lins Melo possui graduação em Pedagogia pela Faculdade de Ciências e Letras Geraldo Rezende (1980), especialização em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Braz Cubas (1991) e mestrado em Educação (Psicologia da Educação) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1995). Atualmente é Professora Adjunto da Sociedade Civil de Educação Braz Cubas (UBC - Universidade Braz Cubas). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Fundamentos da Educação. 33 Sumário Sumário APRESENTAÇÃO 7 INTRODUÇÃO 9 U n i d a d e i A AÇÃO DIDáTIcA: PAPEl DO PROfESSOR ENqUANTO AgENTE mOTIvADOR 11 1.1 A AÇÃO DIDÁTICA 11 1.2 O pApel DO prOfessOr nA fOrmAÇÃO DOs sujeITOs 14 1.2.1 um pOuCO De hIsTórIA 16 1.2.2 méTODO mOnTessOrI 17 1.2.2.1 eDuCAÇÃO, vIDA e eDuCAÇÃO pArA A vIDA 17 1.3 O COmprOmIssO reflexIvO, sOCIAl e éTICO DOs prOfessOres 19 1.4 mOTIvAÇÃO e suA relAÇÃO COm A eDuCAÇÃO 24 1.4.1 A mOTIvAÇÃO pArA AprenDer 32 1.4.2 A mOTIvAÇÃO e As neCessIDADes 33 1.4.3 mOTIvAÇÃO e O prOCessO ensInO-AprenDIzAgem 37 1.5 COnsIDerAÇões DA unIDADe I 41 U n i d a d e i i PlANEjAmENTO 45 2.1 A AÇÃO DIDÁTICA 46 2.1.1 vIsÃO gerAl DO plAnejAmenTO DIDÁTICO 47 2.1.1.1 DefInInDO O plAnejAmenTO 49 2.1.2 resumO: vIsÃO gerAl DO plAnejAmenTO DIDÁTICO 49 2.2 CArACTerÍsTICAs e vAnTAgens DO plAnejAmenTO – O resgATe 4 Sumário DO TODO 51 2.2.1 resumO: CArACTerÍsTICAs e vAnTAgens DO plAnejAmenTO 53 2.3 plAnejAmenTO e A AÇÃO DIDÁTICA 55 2.3.1 COnCeITO 55 2.3.2 ImpOrTânCIA DO plAnejAmenTO 58 2.3.3 hIsTórIA DO plAnejAmenTO nA eDuCAÇÃO esCOlAr 58 2.3.4 DImensÃO InDIvIDuAl - COleTIvA DO plAnejAmenTO e DA elAbOrAÇÃO De plAnOs 59 2.4 TIpOs De plAnejAmenTOs 61 2.4.1 plAnejAmenTO eDuCACIOnAl Ou De um sIsTemA eDuCACIOnAl 62 2.4.2 plAnejAmenTO esCOlAr e prOpOsTA eDuCACIOnAl 62 2.4.2.1 prOpOsTA eDuCACIOnAl 62 2.4.2.2 plAnejAmenTO esCOlAr Ou gesTOr 64 2.4.3 plAnejAmenTO CurrICulAr 66 2.4.4 plAnejAmenTO De CursO 66 2.4.5 plAnejAmenTO De ensInO Ou De DIsCIplInA 67 2.4.6 plAnejAmenTO De AulA 68 2.4.7 prOjeTO DIDÁTICO 69 2.4.8 prOjeTO pOlÍTICO-peDAgógICO 71 2.5 COnsIDerAÇões DA unIDADe II 74 U n i d a d e i i i ObjETIvOS DE ENSINO 79 3.1 A fOrmulAÇÃO DOs ObjeTIvOs 79 3.2 Os COmpOnenTes DO prOCessO DIDÁTICO 81 3.3 ObjeTIvO gerAl 83 3.4 ObjeTIvOs espeCÍfICOs 84 3.4.1 verbOs que pODem AuxIlIAr nA COnsTruÇÃO DOs ObjeTIvOs 85 55 Sumário 3.4.2 ClAssIfICAÇÃO DOs ObjeTIvOs De AprenDIzAgem 88 3.4.3 Os pCns e A COnsTruÇÃO DOs ObjeTIvOs 94 3.4.3.1 ObjeTIvOs De ensInO 94 3.4.4 resumO DAs funÇões DOs ObjeTIvOs espeCÍfICOs 102 3.4.5 fATOres que Influem nA DeTermInAÇÃO DOs ObjeTIvOs 102 3.5 seleÇÃO De COnTeÚDOs 105 3.5.1 CrITérIOs pArA A seleÇÃO DOs COnTeÚDOs: 106 3.5.2 Os pCns e A seleÇÃO DOs COnTeÚDOs 110 3.6 meTODOlOgIA DO ensInO 112 3.6.1 resumO: meTODOlOgIA De ensInO 114 3.7 reCursOs DIDÁTICOs 118 3.7.1 reCursOs vIsuAIs e AuDIOvIsuAIs 118 3.7.1.1 mOnTAgem DOs reCursOs AuDIOvIsuAIs 120 3.7.1.2 COmO AvAlIAr um reCursO AuDIOvIsuAl 121 3.7.1.3 COnfeCÇÃO De reCursOs AuDIOvIsuAIs 122 3.7.2 umA AbOrDAgem sObre sIsTemA mulTImeIOs em TreInAmenTOs 122 3.8 COnsIDerAÇões DA unIDADe III 124 U n i d a d e i V AvAlIAÇÃO EDUcAcIONAl 127 4.1 COnsIDerAÇões DA unIDADe Iv 135 REfERêNcIAS 137 ANExO 145 77 ApresentAção APrESENTAÇÃo Olá, eu sou a Profª. Rony Melo e estaremos juntos nesta disciplina na busca de construirmos novos conhecimentos e refletirmos sobre a profissão de ser professor. Garanto a você que é uma experiência apaixonante mas, ao mesmo tempo, desgastante, pois trabalhamos eminentemente com a formação de seres humanos, não importando a idade. Nosso objetivo sempre será o de transformar, mudar pessoas para melhor e isso, convenhamos, não é uma tarefa fácil. No nosso caminhar, encontraremos pessoas de todos os tipos e com diferentes sonhos, com diferentes visões de mundo. Porém, uma coisa é certa, precisamos ter vontade, estar abertos e sermos muito criativos, bem como estarmos atentos, sem perder o foco no objetivo: a mudança para o melhor. Para isso, estar preparado é fundamental, assim como amar o que fazemos também é. Com esse espírito, vamos começar o nosso caminhar. Primeiramente, vamos traçar nossos passos, afinal, estamos trabalhando com diferentes ferramentas e diferentes linguagens. O que precisamos fazer? A educação à distância precisa de sujeitos com um novo pensar sobre a educação. Você escolherá a hora e o lugar no qual fará suas leituras, e essas serão essenciais. Você precisará desenvolver o hábito de ler e registrar, em forma de resenha ou resumo, suas pesquisas. Você não estará sozinho nunca, ao contrário, fará parte de um grupo interativo. O ambiente virtual será a nossa sala de aula, por onde você me enviará mensagens, participará de Fóruns, responderá as atividades e assistirá as teleaulas. 8 ApresentAção A participação nos debates, no fórum e nos chats serão fundamentais; Atrelada à teoria aprendida, você fará pesquisas em escolas, observando, participando e até mesmo construindo atividades diferenciadas. Você pode e deve enviar sugestões, que serão sempre bem-vindas. A EAD (educação a distância) depende muito de nossas interações, um desafio que, sem sombra de dúvida, venceremos se estivermos todos engajados. Não se esqueça: você faz parte de um grupo - professores, tutores, colegas de disciplina. Durante todo o mês você terá atividades para participar, todas de cunho obrigatório. Algumas pautadas no material didático, outras propostas por mim e aplicadas pela tutoria, aquelas propostas em tarefas da plataforma, além dos exercícios baseados nas teleaulas e nas observações apontadas em outras oportunidades. Sendo assim desenvolva uma atitude investigativa, relacionando as teorias apreendidas nas diferentes disciplinas e a prática proposta na Didática II. Na avaliação serão computadas todas as atividades realizadas: dinâmica presencial (no polo), participações e atividades na plataforma de estudos - AVA e uma avaliação presencial. Toda avaliação deve ocorrer no processo e nunca de forma estanque. Para melhor se posicionar, você tem em mãos o programa da disciplina contendo todas as unidades a serem trabalhadas. Porém, não se esqueça de planejar os estudos. Afinal, planejar é a maneira ideal de se otimizar os recursos de qualquer empreendimento, do mais simples ao mais complexo. 99 Introdução iNTroDuÇÃo “O encargo de aprender repousa sobre a pessoa que deseja fazê-lo, e não sobre aquela que quer ensinar” (Theodore Roosevelt). A linha mestra que norteia qualquer ação na educação está relacionada às experiências da vida humana. A excelência humana é construída independente de qualquer tipo de conhecimento visto que traz, em si, a possibilidade de diálogo. É nesse contexto que o educador atua na mediação da relação dialógica entre o conhecimento e a vontade de aprender, de transformar os espaços e contribuir para o desenvolvimento das pessoas. É nessa diversidade de campos de atuação que ele se organiza com foco na intencionalidade dos objetivos propostos, ou seja, a organização do trabalho pedagógico. A organização do trabalho pedagógico - a preparação de planos e projetos - tem suas bases alicerçadas por diferenciadas áreas do saber, fundamentada em estudos pedagógicos que auxiliam no entendimento do processo de ensino-aprendizagem. Podemos dizer que para a organização do nosso trabalho pedagógico estaremos nos relacionando com: • A Didática. • O entendimento do currículo escolar. • A estruturação de planejamentos, planos e projetos educativos. • O discernimento sobre as metodologias de ensino. 10 Introdução • Os recursos didáticos e a avaliação da aprendizagem. Enfim, com todos os conhecimentos das áreas que favorecem a prática pedagógica, bem como a elaboraçãode ações que interfiram na realidade em que os alunos estejam inseridos. A discussão a respeito da relação professor aluno é essencial, educar é muito mais que ensinar. É aprender junto através de uma metodologia que propicie um clima facilitador da aprendizagem. São apresentados temas para discussões, buscando alternativas auxiliares no processo ensino-aprendizagem, através de um diálogo entre teóricos, sobre a importância do planejamento e organização de suas aulas com criatividade. Primeiramente, vamos identificar qual é o papel da Didática na formação do professor. Libâneo e Alarcão nos ajudarão a entender o papel do professor no século XXI e as contribuições da Didática. Em seguida, discutiremos autores como Rogers e Maslow, na busca de relacionarmos a motivação enquanto instrumento necessário para um bom aprendizado. Por fim, vamos refletir sobre a importância do planejamento e identificar todas as suas etapas, conhecimento essencial para nos tornarmos professores eficientes e conscientes do nosso papel na formação do sujeito autônomo e crítico. Afinal, se não soubermos aonde queremos chegar, não chegaremos a lugar algum. 1111Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador 1U n i d a d e i A AÇÃo DiDáTicA: PAPEl Do ProfESSor ENquANTo AgENTE moTivADor OBJETIVOS DA UNIDADE • Estabelecer a relação entre a Didática, a formação do professor e a motivação para uma docência de qualidade; • Analisar a importância do papel do professor enquanto um mediador, um incentivador no processo ensino-aprendizagem; • Discutir a importância da reflexão e da motivação enquanto instrumentos facilitadores da aprendizagem. HABILIDADES E COMPETÊNCIAS • Fundamentação teórica sobre a prática e o saber-fazer do pedagogo; • Compreensão da ação didática; • Envolvimento dos alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho; • Estímulo do aprender, explicitar a relação com o saber, o sentido do trabalho escolar e o desenvolvimento da capacidade de autoavaliação. 1.1 A AÇÃo DiDáTicA A Didática é um ramo da Pedagogia que se ocupa dos fundamentos, das condições, dos modos de realização no processo de construção do conhecimento, do desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes. 12 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador Fica fácil entender que, para a Didática ganhar qualidade, deve estender suas fronteiras rumo à Psicologia, Sociologia, Política e Filosofia, o que a torna uma ciência multidimensional. Baseados em uma concepção de homem e sociedade, assim como em uma concepção da tarefa educativa, é importante salientar os papéis do educador e do educando enquanto sujeitos e agentes do processo de construção do conhecimento. A partir dos anos 80 e 90, o estudo da Didática tornou-se mais intenso, e nos permitiu compreender qual é seu objeto no contexto educacional: o processo de ensino. Nesse processo estão envolvidos professores, alunos, gestores, comunidade, onde somamos ainda o contexto social, político e a própria época na qual vivemos. Para Libâneo (1999), as formas que assumem a prática educativa, sejam não intencionais ou intencionais, formais ou não formais, escolares ou extra-escolares, se interpenetram. O processo educativo, onde quer que se dê, é sempre contextualizado 1313Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador social e politicamente; há uma subordinação à sociedade, que lhe faz exigências, determina objetivos e lhe proporciona condições e meios de ação. Para atender essa diversidade do campo educacional, o educador, independente de sua área de atuação, necessita organizar suas ações, com intencionalidade. Entendendo que o objeto da Didática é o ensino, com intenção de produzir aprendizagem e o mediador, o incentivador do processo é o professor. Vimos até agora que a Didática é uma Ciência que tem como foco o processo ensino-aprendizagem e, consequentemente, as formas de desenvolver esse processo, ou seja, a estruturação coerente e de qualidade dos planos, projetos e programas. Ao refletirmos sobre o significado da Didática no processo de ensino- aprendizagem, é salutar lembrar que o homem, em sua ação, busca alternativas para atender seus objetivos, suas necessidades, além de se preparar para acompanhar as mudanças que ocorrem na sociedade. Nesse contexto, as instituições e espaços educativos permanecem como um local propício para o desenrolar dessas mudanças. Ao pensarmos na Escola e no papel do professor, automaticamente pensamos na Didática. É ela que dará o subsídio para todo o processo ensino-aprendizagem, envolvendo desde os espaços da escola, a formação de professores e a construção de diversos instrumentos necessários para o desenvolvimento de uma prática educativa de qualidade. Ainda segundo Libâneo (1999), para quem lida com a educação tendo em vista a formação humana dos indivíduos, vivendo em contextos sociais determinados, é imprescindível que se desenvolva a capacidade de descobrir as relações sociais reais implícitas em cada acontecimento, em cada situação real da sua vida e da sua profissão, em cada matéria ensinada; como também nos discursos, nos meios de comunicação de massa, nas relações cotidianas na família e no trabalho. Ao mesmo tempo em que cumpre objetivos e exigências da sociedade conforme interesses de grupos e classes sociais que a constituem, o ensino cria condições metodológicas e organizativas para o processo de transmissão/assimilação de conhecimentos, desenvolvendo as capacidades intelectuais e os processos mentais dos alunos, tendo em vista o entendimento crítico dos problemas sociais. 14 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador Para que você compreenda a importância da Didática é preciso interagir, refletir com os assuntos abordados. Isto posto, então vamos começar... CONHEçA MAIS Fórum de discussão: Entre na plataforma de estudos/AVA e participe dando sua opinião quanto a importância da ação didática de acordo com a questão levantada abaixo: Você sabia que Libâneo(1990) critica o conceito de ensino quando visto apenas como a transmissão da matéria aos alunos, realização de exercícios repetitivos, memorização de definições e fórmulas? 1.2 o PAPEl Do ProfESSor NA formAÇÃo DoS SujEiToS Como vimos, a Didática está embasada em fundamentos teóricos que sustentam a prática pedagógica do educador. Seus estudos passeiam por diversas áreas do conhecimento e buscam explicar o desenvolvimento dos seres humanos: Psicologia, Filosofia, Antropologia, entre outras. A Didática faz parte da vida, permeia nosso dia a dia. Ao provocar reflexões sobre seus pressupostos, os métodos de ensino, os papéis no processo educativo, os conhecimentos das diferenciadas abordagens pedagógicas são considerados fundamentais para o saber fazer docente, pois esse posicionamento teórico irá direcionar todo o processo de aprendizagem. Todo professor precisa ter claro qual teoria sua prática está atrelada: • Tecnicista, escolanovista ou interacionista? • Acredita que seu aluno é um ser passivo ou um ser interativo? • É o responsável pela construção de seu conhecimento? 1515Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador • Pensa em ministrar aulas eminentemente expositivas? • Acredita na importância do uso de metodologias diferenciadas? A Didática está intimamente ligada à Teoria da Educação e à Teoria da Organização Escolar e, de modo muito especial, vincula-se à Teoria do Conhecimento e à Psicologia da Educação. Acreditamos que uma das competências mais importantes do professor é ser um investigador, um pesquisador e estar em constante formação. É preciso buscar o novo, mas só rompemos paradigmas se conseguirmos construir novos conhecimentos. Outra preocupação da Didática sobre aformação do professor recaí na necessidade de ele ser um excelente planejador, conhecer diferentes técnicas e saber ousar, ser um inovador. Deve ser papel do professor apresentar aos alunos estímulos e incentivos que lhe favoreçam determinado tipo de conduta, tornando a aprendizagem mais eficaz e mais prazerosa. Uma pesquisa realizada pela revista norte-americana Times revelou que os melhores professores não eram aqueles que utilizavam as melhores técnicas, ou mesmo aqueles que tinham maior conhecimento do conteúdo, mas sim aqueles que possuíam mais alegria e entusiasmo, logicamente atrelados ao saber. Outro fator importante para que o professor consiga motivar seus alunos é sem dúvida alguma ter um firme posicionamento teórico. Precisamos ter conhecimento a respeito de como o sujeito se desenvolve e o que os estudos nesta área vêm apontando a respeito de como ele aprende. Percebeu como a Didática, todo o nosso caminhar enquanto estudante modifica e modificará nossas vidas? E como a Didática esta intimamente relacionada as outras ciências? Por exemplo, a Psicologia da Educação estuda importantes aspectos do processo de ensino e aprendizagem, como as implicações das fases de desenvolvimento dos alunos conforme a idade e os mecanismos psicológicos presentes na assimilação ativa de conhecimentos e habilidades. A psicogênese vem nos explicando sobre o desenvolvimento infantil e suas 16 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador diferentes necessidades em diferentes idades. A teoria epistemológica de Jean Piaget explica a evolução da inteligência por meio de saltos qualitativos, os estágios. Cada criança consegue ao agir sobre os objetos levantar suas hipóteses e se superar, mas para o autor é necessário ter maturidade. Nada ocorre antes do tempo, porém, é preciso estimular, incentivar para que ela busque novas respostas. Por exemplo, não podemos ensinar matemática para uma criança de seis ou sete anos sem utilizarmos materiais concretos e sem conhecermos o método montessoriano. Todos nós já ouvimos falar do Material Dourado, material estruturado para o ensino da matemática composto de 1 cubo grande, barrinhas das dezenas e cubos pequenos para as unidades. A criança aprende a sequenciar, seriar, adicionar, subtrair com o auxílio desse material. “O potencial de aprender está em cada um de nós.” (Maria Montessori ) 1.2.1 um Pouco DE hiSTóriA A ideia de que a escola deveria girar em torno do aluno, ao invés do aluno girar em torno da instrução arbitrária, já tem mais de duzentos anos. Mas foi só na primeira metade do Século XX que alguns médicos que também eram educadores reuniram as condições essenciais para a realização de talreforma nos métodos de educação. Em seus trabalhos, Itard, Séguin, Montessori e Decroly consideraram as fases do desenvolvimento infantil e as diferenças individuais de cada criança, preocupando-se não apenas com sua formação física e psíquica, mas também com seu processo de adaptação à vida social. Para tanto, partiram do conhecimento da criança nos vários aspectos de sua personalidade, criando condições para que ela pudesse se libertar interiormente. 1717Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador Maria Montessori (Itália, 1870-1952) foi a primeira mulher a se formar em Medicina em seu país, e foi também pioneira na área da Pedagogia. Particularmente interessada nos estudos do médico francês Édouard Séguin, um dos desbravadores dos mecanismos do aprendizado infantil, criou sua filosofia e seu método com o objetivo de desenvolver o potencial criativo desde a primeira infância, associando-o à vontade de aprender que existe em cada um de nós. 1.2.2 méToDo moNTESSori 1.2.2.1 EDucAÇÃo, viDA E EDucAÇÃo PArA A viDA Especialmente voltado para a educação pré-escolar, o Método Montessori tem como principais objetivos as atividades motoras e sensoriais da criança, num trabalho individual que abrange também o aspecto da sociabilização. Partindo do concreto para o abstrato, está baseado no fato de que as crianças aprendem melhor pela experiência direta de procura e descoberta do que pela imposição do conhecimento. Para Montessori, o espírito da criança se forma a partir de estímulos externos que precisam ser determinados. Em seu método de ensino a criança é livre, mas livre apenas para escolher os objetos sobre os quais possa agir. Por isso, Montessori criou materiais didáticos simples e muito atraentes, projetados especialmente para provocar o raciocínio e auxiliar em todo tipo de aprendizado, do sistema decimal à estrutura da linguagem, tornando todo o processo muito mais rico e interessante. Os objetivos individuais que o método propõe são fazer com que a criança encontre um lugar no mundo, desenvolva um trabalho gratificante e nutra paz e densidade interiores, para ter capacidade de amar. Esses são os fundamentos de qualquer comunidade pacífica, formada por indivíduos independentes e responsáveis. Neste contexto, o papel do educador é criar condições para que a criança atinja essas metas e desenvolva sua personalidade integral por intermédio do trabalho, do jogo, 18 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador de atividades prazerosas e da formação artística e social. No Método Montessori, a escola não é apenas um lugar de instrução, mas também de educação, de vida e de educação para a vida. CONHEçA MAIS Para saber mais sobre os trabalhos de Montessori, visite o site sobre o método Montessori: http://www.eeibougainville.com.br/ metodomontessori.html Teóricos como Bruner e Ausubel (Bock, 2009) nos apontam a importância de uma aprendizagem significativa. De acordo com esses teóricos, cabe ao professor trabalhar primeiro com grandes conceitos, os conceitos ligados ao senso comum, afinal entendemos de tudo um pouco. Após essa visão significativa do fato ou conceito a ser trabalhado ter sido entendido pelo aluno, o professor poderá se aprofundar na construção de novos conhecimentos, o que demonstra a preocupação em atrelar a construção do conhecimento aos já existentes num processo contínuo de ancoragem. A isso chamamos de aprendizagem significativa, a qual está subjacente em todos os documentos legais, tais como PCN e nos materiais pedagógicos trabalhados no sistema educacional. DICA DE LEITUrA Para você compreender mais as ideias de Bruner e Ausubel, consulte o livro na nossa Biblioteca Virtual: Aprendizagem Significativa de A. A. Moreira, 1992. Ed. Cultrix. Sinopse: Apresenta a diferença entre aaprendizagem mecânica,desconexa e longe das experiências vivenciadas e a aprendizagem significativa, ligada ao contexto real, apontada nos PCNs, sempre atrelada à realidade. Mapas conceituais. Ou ainda o capítulo 8, p.117, ”Psicologia da Aprendizagem”, do livro de A.M. BOCK, 2010, da Ed. Scipione, que discute as diferenças entre a aprendizagem significativa e a mecânica. 1919Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador Libâneo (1999) aponta que, na prática, o professor estabelece objetivos e expectativas de desempenho a partir do limite superior de possibilidades reais de desenvolvimento e aproveitamento escolar dos alunos; a partir de um diagnóstico do nível de preparo prévio dos alunos para acompanhar a matéria. Conforme o desenvolvimento mental estabelece-se padrões de desempenho para a maioria da classe, podendo-se daí para frente exigir tudo o que se pode esperar deles. Podemos perceber que só faremos escolhas adequadas se tivermos conhecimento, daí a importância do professor refletir sobre si mesmo, sobre sua prática e principalmente elaborar pesquisas para tornar suas aulas atraentes, significativas, tendo como consequência um bom aprendizado por parte de seus alunos. Todas essas informaçõesnos são dadas pelas diferentes Ciências, mas principalmente pela Didática. Com as ideias de Libâneo, podemos concluir então que: A ciência que investiga a teoria e a prática da educação nos seus vínculos com a prática social e global é a Pedagogia. (LIBÂNEO, 1999). Sendo a Didática uma disciplina que estuda os objetivos, os conteúdos, os meios e as condições do processo de ensino tendo em vista finalidades educacionais, que são sempre sociais, ela se fundamenta na Pedagogia: é, assim, uma disciplina pedagógica. Através da ação educativa o meio social exerce influências sobre os indivíduos e estes, ao assimilarem e recriarem essas influências tornam-se capazes de estabelecer uma relação ativa e transformadora em relação ao meio social. 1.3 o comPromiSSo rEflExivo, SociAl E éTico DoS ProfESSorES De acordo com Libâneo (1999), o trabalho docente constitui o exercício profissional do professor e este é o seu primeiro compromisso com a sociedade. Sua 20 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador responsabilidade é preparar os alunos para se tornarem cidadãos ativos e participantes na família, no trabalho, nas associações de classe, na vida cultural e política. É uma atividade fundamentalmente social, porque contribui para a formação cultural e científica do povo, tarefa indispensável para outras conquistas democráticas. A característica mais importante da atividade profissional do professor é a mediação entre o aluno e a sociedade, papel que cumpre provendo as condições e os meios (conhecimentos, métodos, organização do ensino) que assegurem o encontro do aluno com as matérias de estudo. Para isso, planeja, desenvolve suas aulas e avalia o processo de ensino. O sinal mais indicativo da responsabilidade profissional do professor é seu permanente empenho na instrução e educação dos seus alunos, dirigindo o ensino e as atividades de estudo de modo que estes dominem os conhecimentos básicos e as habilidades, e desenvolvam suas forças, capacidades físicas e intelectuais, tendo em vista equipá-los para enfrentar os desafios da vida prática no trabalho e nas lutas sociais pela democratização da sociedade. O compromisso social, expresso primordialmente na competência profissional, é exercido no âmbito da vida social e política. Como toda profissão, o magistério é um ato político porque se realiza no contexto das relações sociais onde se manifestam os interesses das classes sociais. O compromisso ético-político é uma tomada de posição frente aos interesses sociais em jogo na sociedade. Quando o professor se posiciona, consciente e explicitamente do lado dos interesses da população, ele insere sua atividade profissional - ou seja, sua competência técnica - na luta ativa por esses interesses: a luta por melhores condições de vida e de trabalho e a ação conjunta pela transformação das condições gerais (econômicas, políticas, culturais) da sociedade. Estas considerações justificam a necessidade de uma sólida preparação profissional face às exigências colocadas pelo trabalho docente. (Resumo de Libâneo. J C Didática. Cortez. p 27. 28 e 47, 48). Outra discussão atual é quanto a escolha do paradigma educacional pelos professores. Para Isabel Alarcão - Profa Dra da Universidade de Aveiro (Portugal), em 2121Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador seu livro .Professores Reflexivos e Uma Escola Reflexiva., procuramos encontrar hoje a nossa identidade perdida e precisamos reaprender a pensar. Ainda segundo a autora, o professor reflexivo precisa ter a capacidade de utilizar o pensamento como atribuidor de sentido e para isso faz da sua prática um campo de reflexão teórica, estruturadora da ação, seu papel é ativo e não apenas técnico. É preciso conhecer para escolher. É preciso conhecer para intervir. Conclui que a informação precisa ser organizada para ser interiorizada, para tornar seu o conhecimento, o seu saber. O conhecimento tem de ser um bem comum, a aprendizagem um direito de todos. Para Alarcão (1999), nossa sociedade, denominada =sociedade da informação, do conhecimento e da aprendizagem, exige competência de acesso, avaliação e gestão da informação oferecida. Nela, o homem deve ter a capacidade de transformar as informações em conhecimento. O pensamento e a compreensão são fatores de desenvolvimento pessoal, social, institucional, nacional e internacional. Para saber viver nela é preciso que o sujeito tenha competência. Além da informação e do saber, deve desenvolver certas capacidades: saber-fazer, aprender a aprender, aprender a conviver e aprender a ser e,também, para ser um ator crítico, deve desenvolver a competência da compreensão e a capacidade de utilizar as várias linguagens, inclusive a da informática. As novas competências exigidas pela sociedade da informação é a de possuir uma formação holística e integrada, não podemos mais trabalhar de forma fragmentada, pois todo cidadão deve estar preparado para encontrar a informação necessária, decidir sobre sua relevância e fidedignidade. Outra proposta é a de se desenvolver um trabalho numa dimensão coletiva. O professor não pode agir isoladamente. Seus planos e projetos devem atingir a todos os alunos e, para isso, é preciso vencer as inércias para se tornarem seres intelectuais capazes de gerir sua ação profissional. Algumas ideias pertencentes a essa visão do professor reflexivo: • Não basta saber, mas sim, usar e aplicar este saber em contextos específicos. 22 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador • Mais importante que recordar conceitos é entender sua função. • É preciso organizar o pensamento para compreender e reagir. • Uso da informática - nova competência = Como não gerar um fator de exclusão social? Como distinguir o válido do não válido? • É preciso aprender autonomamente. • Só o pensamento organiza o conhecimento. • Reafirma-se a necessidade da reflexão crítica pelos professores. • A reflexão não ocorre do nada, precisa ser sistemática = utilizar metodologias de pesquisa - ação, aprendizagem experiencial e abordagem reflexiva. A autora aborda também que todo professor deve ter: • Conhecimento científico / pedagógico - Como seleciona, organiza e aplica os conteúdos para torná-lo mais compreensível ao aluno. • Conhecimento do conteúdo disciplinar - domínio da matéria. • Conhecimento do currículo. • Conhecimento do aluno e suas características. • Conhecimento dos contextos. • Conhecimento dos fins educativos. Alarcão nos aponta a importância de gerir uma escola reflexiva. Discute a organização da escola com vista à criação de condições de reflexibilidade individuais e coletivas e de requalificação profissional e institucional. Conceito de escola reflexiva: • As características da liderança institucional. • A centralidade do currículo precisa ser menos engessada e mais 2323Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador interdisciplinar. • Papel dos professores e alunos – deve ser interativo, reflexivo. • A interação com a comunidade. • A permanente qualificação profissional. • Desenvolvimento institucional. • Professor reflexivo - Saber fazer sólido, teórico e prático. • A escola reflexiva - que pensa a si própria, na sua missão social, na sua • organização, no seu processo formativo e avaliativo. • Autonomia da escola - elaboração do PROJETO DE ESCOLA - orientador da ação. Do trabalho coletivo, carta de definição político educativo. O que é gerir uma escola reflexiva com professores reflexivos? • É ser capaz de liderar e mobilizar as pessoas. • Saber agir em situação-problema. • Nortear-se pelo PROJETO DE ESCOLA. • Assegurar a participação democrática. • Pensar e escutar antes de decidir. • Saber avaliar e deixar-se avaliar. • Ser consequente. • Decidir.• Acreditar que todos e a própria escola se encontram em um processo de desenvolvimento e aprendizagem. Para a autora, o resultado de gerir uma escola reflexiva é ter a certeza de que 24 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador o poder para organizar a educação não reside nas mãos individuais, mas sim num trabalho coletivo, participativo, num trabalho que respeite os limites de seus alunos e professores. CONHEçA MAIS Ronca (1996) fez a seguinte afirmação: A expressão “dar aula” é frutoda era do “mundo pronto”. Essa idéia foi bem discutida no artigo deSantos(2009),o qual vocês encontrarão no link abaixo: O papel do professor na promoção da aprendizagemsignificativa. Júlio César Furtado dos Santos:www.famema.br/... papelprofessorpromocaoaprendizagemsignificativa. 1.4 moTivAÇÃo E SuA rElAÇÃo com A EDucAÇÃo Objetivo: Identificar a importância da motivação para a aprendizagem. Relacionar a Didática com a motivação e o papel do professor ...mire, veja: o mais importante e bonito do mundo é isto; que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. (João Guimarães Rosa, em “Grande Sertão: Veredas”) A motivação tem sido um tema muito estudado no campo da Educação. O que gerou esse interesse entre nós educadores foi a sua relação com a mobilização e manutenção do comportamento das pessoas em direção a suas metas. Os educadores são unânimes em reconhecer a motivação como um elemento decisivo no processo de construção do conhecimento. É importante que o educando, por determinado tempo e num dado contexto, 2525Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador dedique seu pensamento, sua atenção, suas energias, seus sentimentos, seu interesse, seu fazer e, sobretudo, seu querer fazer a determinado objeto de conhecimento, que, em princípio, pode ser o objeto de conhecimento proposto pelo educador. Sabemos ser necessário que o educador conheça o nível de interesse de seu aluno, sempre relacionado com sua idade, afinal somos todos diferentes, mas em alguns pontos, somos iguais. A cada idade corresponde a uma forma de vida que tem valor, equilíbrio, coerência que merece ser respeitada e levada a sério; a cada idade correspondem problemas e conflitos reais (....), pois o tempo todo, ela (a criança) teve de enfrentar situações novas.(....) Temos de incentivá-la a gostar da sua idade, a desfrutar do seu presente. (SNYDERS) Precisamos atrelar os conhecimentos a serem trabalhados ao interesse do aluno, seja ele de qualquer idade. A escola tem uma finalidade clara – transformar sujeitos em cidadãos. Afinal, a motivação é a responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de determinadas metas. Em segundo lugar, precisamos lembrar ainda que todo comportamento humano é gerado por algo que o motiva. Como o próprio termo sugere, motivação significa motivo para a ação. Para Bock (2008), a motivação continua sendo um complexo tema para a Pedagogia e para a Psicologia e, particularmente, para as teorias de aprendizagem e ensino. Atribuímos à motivação tanto a facilidade quanto a dificuldade para aprender. Atribuímos às condições motivadoras o sucesso ou o fracasso dos professores ao tentar ensinar algo a seus alunos. E, apesar de dificilmente detectarmos o motivo que subjaz a algum tipo de comportamento, sabemos que sempre há algum. Compete ao educador, especificamente, articular teoria (entendimento do desenvolvimento da criança) e prática (utilização de metodologias diferenciadas que irão de encontro aos interesses das crianças), durante todo o processo de mediação de conhecimentos com os alunos. 26 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador É nesse contexto que o papel do professor torna-se fundamental, visto que trata da reflexão sobre a prática, com embasamento teórico no contexto do trabalho pedagógico. É preciso que ele una: conteúdo, prazer, interesse, motivação, direção e mudança comportamental por meio da participação ativa do educando. Surge novamente a importância da motivação, de se estar aberto para as possibilidades que se apresentam. Com essas observações podemos inferir que: Primeiro: a motivação é a responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de determinadas metas. Em segundo lugar, precisamos lembrar ainda que todo comportamento humano é gerado por algo que o motiva. Como o próprio termo sugere, motivação significa motivo para a ação. Ora, sabe-se muito bem que, apenas raramente, os educandos já se encontram espontaneamente mobilizados para os objetos das diferentes aprendizagens. Via de regra, cabe ao educador, após verificar o clima da sala, ouvir um pouco o que seus alunos comentam, para buscar favorecer as condições para a necessária mobilização. Como começar o assunto do dia, por exemplo,falando sobre o jogo de ontem,ou outro assunto,tendo como base as conversas entre eles. Podemos dizer que a motivação é um processo que relaciona necessidade, ambiente e objeto, e que predispõe o organismo para a ação em busca da satisfação da necessidade. E, quando esse objeto não é encontrado, falamos em frustração. Ainda segundo Bock (2008), o estudo da motivação considera três tipos de variáveis: • O ambiente. • As forças internas ao indivíduo, como necessidade, desejo, vontade, interesse, impulso, instinto. • O objeto que atrai o indivíduo por ser fonte de satisfação da força interna 2727Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador que o mobiliza. A motivação é, portanto, o processo que mobiliza o organismo para a ação, a partir de uma relação estabelecida entre o ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação. Isso significa que, na base da motivação, está sempre um organismo que apresenta uma necessidade (para nós, o aluno), um desejo, uma intenção, um interesse, uma vontade ou uma predisposição para agir. Na motivação está também incluído o ambiente que estimula o organismo e que oferece o objeto de satisfação. E, por fim, na motivação está incluído o objeto que aparece como a possibilidade de satisfação da necessidade. Mas para você o que é motivação? Registre em suas anotações e ao final da leitura verifique seu nível de entendimento. Segundo Paul Spector (2002), motivação é um estado interior que conduz uma pessoa a assumir determinados tipos de comportamentos. Para o autor .Motivação envolve direção, intensidade e persistência de um comportamento, ou seja: a) Direção: escolha de comportamentos específicos entre uma série de comportamentos possíveis. Por exemplo: um trabalhador pode decidir ir trabalhar, em vez de telefonar alegando que está doente e ficar assistindo televisão; b) Intensidade: esforço que uma pessoa gasta na realização de uma tarefa. Por exemplo: um trabalhador que precisa fazer um levantamento de estoque pode empenhar um grande esforço para realizar a tarefa em pouco tempo e corretamente, ou não querer se esforçar, fazendo a empreitada vagarosamente; c) Persistência: empenho contínuo e engajado no desempenho de determinado tipo de comportamento ao longo do tempo. Mas afinal, o que nos motiva? O que nos leva, por exemplo, a fazer um curso a distância, ou arrumar um novo emprego, por fim, o que nos leva a sonhar, a almejar mudanças? 28 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador Todos nós temos muitas necessidades que competem entre si para serem satisfeitas. Por exemplo, neste momento sua necessidade de sono pode estar competindo com sua necessidade de continuar estudando. Também, nem todas as necessidades são igualmente importantes. Os motivos se diferem em prioridade eforça relativa, sendo que as necessidades mais prementes (tais como fome e sede) devem ser satisfeitas antes de o indivíduo voltar sua atenção para necessidades superiores, tais como autorrealização. Segundo Maslow, dentro de cada ser humano existe uma hierarquia de cinco necessidades. São elas: Fisiológicas: fome, sede, sexo e outras necessidades corporais necessárias à manutenção do equilíbrio do organismo. Proteção: sentir-se seguro e protegido, procurar prazer e evitar danos físicos e emocionais. Sociais: interagir afetivamente com outras pessoas, ser aceito, dar e receber atenção. Estima: duas versões: externa (o desejo de ter o respeito dos outros, a necessidade de status, reconhecimento, atenção, apreciação) e interna (autor respeito, incluindo sentimentos como confiança, competência, capacidade de realização, independência e liberdade). Autorrealização: necessidade de desenvolver competências e realizar o seu potencial. Cada um dessas necessidades ocupa uma hierarquia para atingirmos a autorrealização, ou seja, a pessoa move-se para o topo da pirâmide. 2929Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador Escala de necessidades Fonte: Adaptada de Huffman (2003) Para você entender melhor, saiba mais sobre esse teórico: 30 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador 3131Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador CONHEçA MAIS Para conhecer mais sobre Maslow, visite: http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Maslow_Biografia. htm. De acordo com Maslow, à medida que cada necessidade é atendida, a próxima aparece. A teoria sugere que, embora nenhuma necessidade humana seja satisfeita em sua totalidade, uma necessidade satisfeita extingue a motivação. As necessidades fisiológicas e as de proteção e segurança são consideradas de nível baixo; as sociais e as relacionadas à estima e à autorrealização são de nível alto. A diferenciação entre os níveis parte da premissa de que as necessidades de nível baixo são satisfeitas externamente, no contexto do trabalho (por meio dos salários e da estabilidade no emprego). A hierarquia das necessidades de Maslow apresenta que uma pessoa com muita fome iria primeiramente à busca do alimento, a seguir se preocuparia com a segurança, com amor e reconhecimento, e assim por diante. Porém, é importante lembrarmos que os críticos a essa teoria argumentam que alguns aspectos da teoria não foram amplamente pesquisados. As pessoas algumas 32 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador vezes buscam a satisfação de níveis mais altos. Assim, não é correto afirmar-se que o educador motiva. o educando, assim como se dizer que o educando é o responsável pela sua motivação. 1.4.1 A moTivAÇÃo PArA APrENDEr Ninguém motiva ninguém... (Rogers) A motivação é um elemento decisivo no processo da Construção do Conhecimento. Rogers chocou os participantes de um encontro de educadores, há cerca de 5 anos, com o tema de sua conferência: Ninguém motiva ninguém. Trata-se de uma questão mais complexa, que envolve muitas variáveis. No contexto de uma relação pedagógica construtivista, pode-se dizer que a motivação para aprender é resultante de um processo de interações entre os agentes desse processo (educador-educando, educando - educador, educando - educando), os objetos do conhecimento (temas/assuntos) e o contexto em que se inserem (sala de aula, instituição, comunidade, realidade em geral). Desta maneira, a motivação pode ser desencadeada (e mantida): • Por estímulos internos do próprio educando, pelas relações interpessoais existentes entre os diversos agentes do processo, pela forma como o tema/ assunto é trabalhado; • Pela mobilização do próprio educador em relação à ação proposta; • Pelo contexto e pelas condições favorecedoras para a aprendizagem. 3333Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador Compete ao professor ao preparar suas aulas ter claro o que irá ensinar e porque, bem como escolher metodologias adequadas para tornar sua aula motivadora. Pode por exemplo optar por uma aula passeio ou aula da descoberta, visitando o entorno da escola e pedindo em seguida que seus alunos façam uma descrição do que observaram. Dessa forma todos os alunos prestariam mais atenção. A manutenção da atenção, do desejo de descobrir depende significativamente do educando, pois decorre de sua relação consciente, intencional e ativa com o objeto do conhecimento; isso exige querer, exige responsabilidade pessoal pela construção autônoma do seu conhecimento. Trata-se, portanto, de um desafio para o educador: • Criar, intensificar e diversificar o desejo de aprender; • Buscar as melhores formas para provocar, estimular a atenção do educando; • Mantê-la em nível adequado e satisfatório para que seja reforçado o desejo de aprender; • Ficar atento para não desestimular o aluno. 1.4.2 A moTivAÇÃo E AS NEcESSiDADES Como vimos anteriormente, diferentes estudos sobre a motivação humana relacionam-na com as necessidades. Necessidade é o estado de insatisfação, combinado à tensão interna de um desequilíbrio do organismo. Como se sabe, todo o sistema vivo está em permanente busca de equilíbrio. Jean Piaget descreveu em sua teoria que para haver aprendizagem o sujeito tem que se desequilibrar, entrar em conflito, para daí buscar, pensar, construir conhecimentos para encontrar o equilíbrio novamente. 34 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador Ruy Mattos apresenta uma série de necessidades humanas, classificando-as, conforme é apresentado a seguir: NEcESSIDADES fISIOlÓgIcAS E mATERIAIS NEcESSIDADES fISIOlÓgIcAS E mATERIAIS NEcESSIDADES TRANScENDENTAIS/mÍSTIcAS NEcESSIDADES POlÍTIcAS NEcESSIDADES SOcIAIS • Alimento • Sexo • Abrigo • Defesa • Sono (descanso) • Movimentação • Lazer • Segurança • Orientação • Criação • Qualificação • Desenvolvimento 1. Desenvolvimento espiritual 2. Desenvolvimento místico • Engajamento • Legitimidade • Representatividade • Igualdade • Autodeterminação • Associação • Reconhecimento • Afeto • Respeito • Prestígio • Realização • Responsabilidade • Autoconhecimento • Auto e heterocontrole Esta classificação é apenas uma dentre outras possíveis e, certamente, não estará completa, mas permite uma visão ampla da maioria das necessidades humanas. Somos seres inacabados, entendendo o prefixo .in. com negação. Também somos insatisfeitos, há situações e circunstâncias que acabam por 3535Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador amortecer ou enfraquecer sua vontade de fazer, seu desejo de ser, sua vontade de mudar para melhor, sua necessidade de criar. Ao viver nos deparamos com inúmeras dificuldades, algumas superáveis outras não, porém todas elas nos deixam marcas. Segundo Amaral (2007), alguns desses fatores podem encontrar-se, por exemplo, em relações desestruturadas na família e na escola, nas relações interpessoais, no autoritarismo, no egocentrismo, na alienação produzida pela ideologia do consumo, na cultura crescente da lei do menor esforço, e outras tantas mais. Ainda para a autora, o ciclo motivacional poderia ser assim representado: cIclO mOTIvAcIONAl Equilíbrio AçãoEquanidade frustração Satisfação volta ao Equilíbrio compensação Alívio da tensão Tensão Ansiedade Desconforto Para você entender melhor, saiba mais sobre esse teórico: 36 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador 3737Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador Carl Rogers, estudando o processo da motivação para aprender, concluiu, confirmando essas teorias, que: se o educando sentir-se ajustado, em equilíbrio, não tem consciência da necessidade de aprender. Noentanto, se ele sentir-se desajustado, insatisfeito, carente ou inadequado em relação a essa necessidade, ficará estimulado. Ele pode também não tomar consciência de sua inadequação; nesse caso, não há desajuste, nem desequilíbrio. Portanto, para sentir-se estimulado, o educando precisa tomar consciência de um estado de incongruência ou inadequação, para ficar vulnerável, em desequilíbrio, em tensão. Quando isso ocorre, se os estímulos para aprender forem adequados, representando uma pequena ameaça à mudança, o estudante motiva-se para mudar ou aprender; no entanto, se a ameaça for muito forte, defende-se, fecha-se, resiste, não se motiva e, portanto, não aprende. Para os seguidores das abordagens humanista, sócio-cultural, construtivista e por competências, a aprendizagem mais útil, significativa, capaz de gerar mobilização e autonomia é o aprender a aprender. 1.4.3 moTivAÇÃo E o ProcESSo ENSiNo-APrENDizAgEm Se para aprendermos precisamos estar motivados, como o professor poderia fazer? Após a análise das ideias de Maslow, Rogers e Piaget, entre outros, elencamos algumas ideias, tais como: 1. Saber quem é o seu aluno, quais são seus interesses, o que ele faz no intervalo. 2. Aplicando algumas dinâmicas de grupo, procura descobrir seus interesses. Para Piaget, o professor deve criar espaços para que seus alunos levantem hipóteses,questionem, dêem suas opiniões. Para esse teórico, o professor nunca deve dar uma resposta, mas gerar desequilíbrios. Bruner, seguidor de Piaget, é defensor desta proposta. O aluno deve ser desafiado, para que deseje saber, e uma forma de criar este interesse é dar a ele a 38 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador possibilidade de descobrir. Atualmente Coll, em seu livro “O Construtivismo em Sala de Aula” discute muito bem esse assunto. Outra alternativa é a de desenvolver nos alunos uma atitude de investigação, uma atitude que garanta o desejo mais duradouro de saber, de querer saber sempre. Para isso as aulas deverão ser dinâmicas e nunca expositivas. As aulas deveriam sempre ser iniciadas com assuntos instigadores ou amostragem ou ainda a apresentação de filmes relacionados ao tema a ser estudado. Desejar saber, investigar, ser curioso, deve passar a ser um estilo de vida. Essa atitude pode ser desenvolvida com atividades muito simples, que começam pelo incentivo à observação da realidade próxima ao aluno — sua vida cotidiana —, os objetos que fazem parte de seu mundo físico e social. Essas observações sistematizadas vão gerar dúvidas (por que as coisas são como são?) e aí é preciso investigar, descobrir. Freinet nos deixou um legado muito grande de como dar aulas motivadoras. Criou por exemplo técnicas que instigavam os alunos a querer ler e escrever. Técnicas como: jornal na sala de aula: os alunos, com o auxílio de uma impressora escreviam as notícias; o jornal mural: os alunos afixavam as notícias ou recados importantes para eles; a aula passeio ou como é conhecida hoje, a técnica da descoberta: os alunos saíam fora da sala para pesquisar tipos de plantas, frutas, contar rebanhos. Os alunos precisam se comunicar entre si. Cabe ao professor construir um contrato questionando os alunos qual a melhor hora para se fazer isso. Todas as regras deveriam ser criadas em conjunto com os alunos. O professor por sua vez deve ter uma linguagem acessível e os exercícios e tarefas deverão ter um grau adequado de complexidade. Tarefas muito difíceis, que geram fracasso, e tarefas fáceis, que não desafiam, levam à perda do interesse. Compreender a utilidade, o significado, estabelecer relações do que se está aprendendo é também fundamental. Não é difícil para o professor estar sempre retomando em suas aulas a importância e utilidade que o conhecimento tem e poderá ter para o aluno. 3939Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador Compreendendo a razão, o significado do que esta aprendendo e a sua utilidade a aprendizagem torna-se prazerosa. Afinal, o que é mais interessante é estarmos sempre reinventando, criando,descobrindo que a vida não é parada,estanque, mas sim um movimento de descobertas constante. Estamos diferentes agora, em relação a algumas horas atrás. Você já pensou sobre isso? O psiquiatra e psicoterapeuta de jovens e família, o autor Içami Tiba (1996), diz que professor bem preparado consegue também tornar sua aula interessante e prazerosa. Segundo este autor, o professor deve ter muita criatividade para tornar sua aula apetitosa. Os temperos fundamentais são: alegria, bom humor, respeito humano e disciplina. Quanto maior a interação do professor com a classe, maior será o domínio sobre os alunos. O aluno é peça-chave para a disciplina escolar e sucesso do aprendizado. Atualmente, a maior dificuldade que se encontra é a desmotivação. (p. 124) E você, o que mais te motiva? Do que realmente gosta? O que você espera ao se tornar professor? Um dos nossos objetivos é que você desenvolva uma atitude investigativa e isso começa com o nosso próprio conhecimento, com a visão que temos de nós mesmos. Ao nos conhecermos nos tornamos mais críticos, mais criativos e porque não,mais ousados. DICA DE FILME 1. Admirável Mrs Holland 40 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador 2. Motivação – Youtube Assim, procure ler os livros e artigos indicados e assista ao filme – Motivação no Youtube, postado em 5/04/2009. Você ira gostar muito. 4141Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador 1.5 coNSiDErAÇõES DA uNiDADE i A ação didática, principalmente na visão de Libâneo, o qual nos aponta a importância do processo educacional, seja em qualquer instância. Fizemos um rápido sobrevôo no caminhar da educação. Apontamos ideias de Montessori, Ausubel e Bruner, enquanto educadores inovadores. Discutimos também as ideias de Alarcão e dos estudiosos portugueses que vêm reforçando a ideia de uma postura reflexiva. Cabe ao professor, segundo esses autores, refletir sobre sua prática antes, durante e após suas ações. Por fim, buscamos nos estudos da escola nova, algumas ideias de Maslow e Rogers sobre a motivação. Eu particularmente acredito muito na sua importância. Penso que se tivermos curiosidade, se estivermos abertos, aprenderemos muito mais e com mais prazer. Chegamos ao final de nossas atividades da Unidade I. Esperamos que as discussões, os filmes assistidos, a participação no Fórum, as realizações das atividades propostas ao longo dessas semanas de estudo tenham contribuído para o seu desenvolvimento. Lembre-se de assistir à primeira teleaula e reler o material sempre que surgirem as dúvidas e registre tudo: ansiedades, reflexões... pois elas serão úteis para o nosso caminhar. 42 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador TESTE SEU CONHECIMENTO 4343Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador 44 Unidade i - a ação didática: papel do professor enqUanto agente motivador rESPOSTAS COMENTADAS 1. A resposta será postada no AVA. 2. Todas são verdadeiras. DICA DE FILME Sugestão de Filmes: O preço do desafio –Filme comercial Motivação – youtube em 05/06/2000 Admirável Mrs Holland – filme comercial Sugestão de Filmes / Ebooks: http://www.novaescola.abril.com.br http://www.centrorefeducacional.com.br http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Maslow_Biografia.htm 4545UNIDADE II - plANEjAmENto 45 2U n i d a d e i i PlANEjAmENTo OBJETIVOS DA UNIDADE • Analisar os pressupostos da Didática sob o ponto de vista técnico e humano; • Identificar a estrutura e a utilização dos diferentes planos; • Analisar os dispositivos legais que sustentam o fazer pedagógico da escola; • Identificar os diferentes tipos de Planos e sua aplicabilidade; • Estruturarum plano de ensino (apenas a estrutura do Plano); • Identificar a importância da seleção dos conteúdos e sua relação direta com os objetivos e com os recursos disponíveis. HABILIDADES E COMPETÊNCIAS • Fundamentação teórica sobre a prática e o saber-fazer do pedagogo; • Compreensão da ação didática; • Envolvimento dos alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho; • Estímulo do aprender, explicitar a relação com o saber, o sentido do trabalho escolar e o desenvolvimento da capacidade de autoavaliação. 46 UNIDADE II - plANEjAmENto46 2.1 A AÇÃo DiDáTicA A Didática é um ramo da Pedagogia que se ocupa dos fundamentos, das condições, dos modos de realização no processo de construção do conhecimento, do desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes. Fica fácil entender que, para a Didática ganhar qualidade, deve estender suas fronteiras rumo à Psicologia, Sociologia, Política e Filosofia, o que a torna uma ciência multidimensional. 4747UNIDADE II - plANEjAmENto 47 2.1.1 viSÃo gErAl Do PlANEjAmENTo DiDáTico O ser humano - o animal com o cérebro mais desenvolvido - éacima de tudo um organismo que aprende. Ele é concebido para aprender. Como ele o faz? E sob quais circunstâncias e cenários ele o faz melhor? Acredito ao pensar o futuro, ao planejar. (Edward Hall - Antropólogo) Nestas últimas décadas, em comparação com o que ocorreu desde o homem primitivo até os nossos dias, houve uma vertiginosa e fulminante aceleração no processo do desenvolvimento mundial. Essa mudança veio a exigir intensificação das relações humanas, aumento de atividade e necessidade de maiores conhecimentos. Passamos a nos interessar pelo outro. O homem tem se esforçado para viver melhor e atingir seus objetivos ou mesmo suas necessidades, entendemos que as mudanças são rápidas e que não podemos parar nunca. Estamos compreendendo que para isso precisamos reaprender a viver em grupo, em sociedade, deixando para o lado o individualismo. Hoje buscamos uma visão holística, global e não mais fragmentada. Para tanto precisamos aprender a refletir mais sobre nossas ações e planejar mais. Pela reflexão conseguimos nos conhecer melhor, conhecer mais o que existe a nossa volta, o que favorece uma conduta inteligente em situações novas de vida. Pelo planejamento, o homem organiza e disciplina a sua ação, partindo sempre para realizações mais complexas. Não há nada que façamos que tenhamos planejado antecipadamente, só que não são formalizadas, ficam apenas no pensar. Para as atividades diárias raramente delineamos etapas concretas de ação. Isto porque sua consecução está ligada a um processo rotineiro ou mesmo tradicional: diariamente as realizamos da mesma forma. 48 UNIDADE II - plANEjAmENto48 Já, no entanto, quando nos propomos a realizar una atividade diferenciada, na qual não temos total domínio, buscamos racionalizá-la através de objetivos, métodos ou reflexões de como agir, como caminhar para finalmente agir. Por exemplo, quando nos propomos a fazer uma série de compras inicialmente determinamos quais os artigos que desejamos adquirir e, conforme as mercadorias pretendidas, estabelecemos um itinerário X que favorecerá esta realização. Nesta segunda etapa temos uma série de alternativas a decidir e o que fazer e como fazer para realizar as compras. Em um momento posterior realizamos a ação, isto é percorremos o itinerário pré-estabelecido para realizar as compras. Após, verificamos qual o resultado obtido, ou melhor, das compras desejadas verificamos o que realmente conseguimos adquirir e temos oportunidade de constatar se os meios adotados foram os mais adequados ao que desejávamos realizar. Assim, também, ocorrem-nos diversos campos da atividade humana. Para a obtenção de êxito, o planejamento se impõe como medida básica. Todas as nossas ações, conscientemente ou não, são planejadas. Em educação, o planejamento didático é uma necessidade indiscutível, se quiser assegurar eficiência de desempenho. Permite antecipar comportamentos a longo e a curto prazos, pensar em como agir e com quais recursos e construir formas de avaliar, mesmo que seja de acordo com os objetivos traçados. Não resta dúvida que o ato de planejar é inerente ao ser humano. Se pensarmos antecipadamente as nossas ações, prevendo erros e acertos o desgaste é muito menor e, consequentemente, os erros também o serão. Precisamos sempre saber o que queremos e aonde queremos chegar, caso contrário não chegaremos a nenhum lugar. É importante, no entanto, compreender que o planejamento não deve ter como foco o engessamento de maneira definitiva das pessoas envolvidas no processo. 4949UNIDADE II - plANEjAmENto 49 2.1.1.1 DEfiNiNDo o PlANEjAmENTo Vejamos duas definições de Planejamento: Ato ou efeito de planejar. Trabalho de preparação para qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados. Processo que leva ao estabelecimento de um conjunto coordenado de ações, visando à consecução de determinados objetivos (Dicionário Aurélio, 2004). O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos de sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino. O planejamento é um meio para se programar as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação. (LIBÂNEO, 1994, p. 221) PLANEJAR é uma necessidade principalmente para o professor, pois ele trabalha com a mudança de comportamento de outras pessoas. Planejar é um desafio permanente, pois os dados em que o planejamento se apóia estão em constante mudança, bem como os elementos de que ele é formado, pois planejar requer um amplo conhecimento da área da ciência ou da técnica que se ensina, da própria técnica de planejar e ainda dos avanços quanto à metodologia educacional. Por isso só um PROFESSOR ATUALIZADO PLANEJA BEM. 2.1.2 rESumo: viSÃo gErAl Do PlANEjAmENTo DiDáTico 1 – Desenvolvimento mundial nas últimas décadas: • Intensificação das relações humanas. • Aumento de atividade. • Necessidade de maiores conhecimentos. 50 UNIDADE II - plANEjAmENto50 2 – Homem: • Esforço para adaptar-se ao seu semelhante. • Relacionamento: amenizar tensões, conflitos e antagonismos. • Favorecer a participação, a colaboração e a cooperação. • Necessidade Básica: reflexão e planejamento. 3 – Reflexão: • Desenvolver discernimento, compreensão e julgamento da realidade. • Favorecer a conduta inteligente em situações novas de vida. 4 – Planejamento: • Organiza e disciplina a sua ação. • Dia-a-dia: situações que requerem planejamento, só que não são formalizadas. • Processo rotineiro ou mesmo tradicional. Ex: compras. • Atividade não comum: planejamento sistematizado. 5 – Educação: • Planejamento: uma necessidade indiscutível se quiser assegurar eficiência de desempenho. 5151UNIDADE II - plANEjAmENto 51 6 – Planejamento: • Define os resultados que se pretende alcançar, em que espaço de tempo, com que recursos materiais e humanos e mediante que objetivos procedimentos, ou técnicas e recursos adequados. • Atividade inerente à função do professor. 2.2 cArAcTErÍSTicAS E vANTAgENS Do PlANEjAmENTo – o rESgATE Do ToDo “Só posso compreender um todo se conheço, especificamente, suas partes. Mas só posso compreender as partes, se conheço o todo”. (Pascal, filósofo) O planejamento é importante na educação porque garante ao professor um progressivo aperfeiçoamento, abrindo-lhe novas e ricas perspectivas quanto a descrição dos objetivos, ou seja, o que se pretende alcançar, quanto a seleção de conteúdos, quanto a escolha das metodologias apropriadas e os recursos necessários, bem como as formas de avaliar o que foi realizado. Torna o ensino construtivo e eficaz, reajustando-o continuamenteao progresso das ciências, às necessidades reais dos alunos e às exigências da vida social, em constante evolução. De acordo com Haydt (2006), existem vários aspectos que caracterizam um planejamento: 1 – Unidade: • Desenvolvimento do plano de ensino em torno de uma ideia fundamental 52 UNIDADE II - plANEjAmENto52 e unificadora. Consiste em fazer convergir todas as atividades para os objetivos visados, fazendo com que todo o trabalho obedeça a uma diretriz geral e única. 2 – Continuidade: • Consiste na sequência natural, lógica e coerente do planejamento devendo prever a continuidade do desenvolvimento do aluno, a continuidade de uma série para a outra. Esta característica se reveste da maior importância, pois, ao observá-la, o professor está garantindo a formação de pré-requisitos no desenvolvimento do aluno. Não observar rigorosamente a continuidade do plano significa promover hiatos na formação do aluno, que muitas vezes ocasionam danos irreversíveis. 3 – Flexibilidade: • Nenhum planejamento em educação deve ser rígido, pois são destinados às pessoas que não apresentam rigidez de comportamentos. Por outro lado, esta característica adquire uma dimensão social, na medida em que permite reajustamento resultante das mudanças que ocorrem aceleradamente à nossa volta. Um planejamento que goza desta característica permite o replanejamento, caso o professor constate que a clientela escolar não reage bem às atividades propostas. 4 – Objetividade: • Consiste em basear-se em condições reais e imediatas de tempo, lugar e recursos. Muitos planejamentos permanecem arquivados na gaveta do professor, porque ao serem elaborados, prevê-se material não disponível e inacessível *a realidade concreta; se o professor dispuser apenas de um quadro de giz e algumas gravuras, é com isso que deve contar se não puder providenciar algo melhor, pois PLANEJAR é, antes de mais nada, 5353UNIDADE II - plANEjAmENto 53 a organização de um trabalho para uma realidade concreta e não para cumprir formalidades. 5 – Precisão e Clareza: • Conter indicações exatas, sugestões concretas e simplicidade, pois um trabalho que somente o planejador leia e interprete não tem condições de ser contínuo. Quanto mais reduzida for a faixa de imprecisão, tanto mais seguro e eficaz o plano de ensino e para ser claro, o plano não deve ser uma obra de erudição, mas conter somente as palavras necessárias para exprimir as ideias e os fatos mais importantes, tomando o plano claro e simples, limitando interpretações que podem levar a erros. 2.2.1 rESumo: cArAcTErÍSTicAS E vANTAgENS Do PlANEjAmENTo l – Características: 1. Unidade: • Ideia fundamental e unificadora. • Convergir todas as atividades para os objetivos visados, fazendo com que todo o trabalho obedeça a uma diretriz geral e única. 2 – Continuidade: • Sequência natural, lógica e coerente do planejamento. • Continuidade do desenvolvimento do aluno. • Continuidade de uma série para outra. 54 UNIDADE II - plANEjAmENto54 • Formação de pré-requisitos. • “Hiato” na formação do aluno (danos irreversíveis). 3 – Flexibilidade: • Não há rigidez no planejamento. • Reajustamento resultante das mudanças que ocorrem aceleradamente à nossa volta. • Permite o replanejamento. 4 – Objetividade: • Condições reais e imediatas de tempo, lugar e recursos. • Realidade concreta e não cumprir formalidades. 5 – Precisão e clareza: • Conter indicações exatas. • Sugestões concretas. • Simplicidade. • Limita interpretações que podem levar a erros. Registre em suas anotações: 1 - Em sua opinião, por que as palavras “reflexão” e “planejamento” são importantes? 5555UNIDADE II - plANEjAmENto 55 2 - Escolha três características do planejamento que você julga mais importante e explique por quê? 2.3 PlANEjAmENTo E A AÇÃo DiDáTicA 2.3.1 coNcEiTo Planejamento educacional é, antes de tudo, aplicar à própria educação aquilo que os verdadeiros educadores se esforçam por inculcar a seus alunos: uma abordagem racional e científica dos problemas. Tal abordagem supõe a determinação dos objetivos e dos recursos disponíveis, a análise das conseqüências que advirão das diversas atuações possíveis, a escolha entre essas possibilidades, a determinação de metas específicas a atingir em prazos bem definidos e, finalmente, o desenvolvimento dos meios mais eficazes para implantar a política escolhida. Assim concebido, o planejamento educacional significa bem mais que a elaboração de um projeto: é um processo contínuo que engloba uma série de operações interdependentes (UNESCO, 1968 apud MENEGOLLA; SANT‘ANNA, 1991,p. 32). Portanto, planejamento é o processo de análise crítica que o educador faz de suas ações e intenções buscando ampliar sua consciência em relação: • Aos problemas do cotidiano pedagógico. • A origem deles. • À conjuntura na qual aparecem. • Quais as formas de superá-los. 56 UNIDADE II - plANEjAmENto56 Objetivo: • Aperfeiçoar a ação do processo ensino-aprendizagem. • Superação das altas taxas de evasão e retenção. • Avanço do processo de democratização da educação escolar. Pressuposto: • Com consciência crítica. Educador : • Comprometido com o processo de transformação da educação escolar e da sociedade. • Com competência técnica e compromisso político. É necessário que o educador saiba: • O quê FAZ. • Por que FAZ. • Como FAZ. • Para que FAZ. • Para quem FAZ. Como deve ser feito: Planejamento não é elaboração mecânica de planos, projetos e programas. 5757UNIDADE II - plANEjAmENto 57 • PLANEJAMENTO = Reflexão contínua da práxis pedagógica. • PLANO = Formalização dos diferentes momentos desse processo • Documento. Reflexões para se fazer ao Planejar: Conteúdo a ser analisado no processo de planejamento: • A sociedade brasileira e seus problemas. • As relações da educação escolar com a sociedade. • Funções da educação escolar na construção da cidadania do homem brasileiro. • Objetivos da educação básica. • Conteúdos da educação escolar e sua função na formação do cidadão. • Relações entre objetivos, conteúdo, metodologia, técnicas e recursos de ensino. • Teorias de ensino e aprendizagem. • Quem é o aluno que freqüenta a escola. Quando é realizado: • No início do ano. • No decorrer de todo o ano. • No final do ano. 58 UNIDADE II - plANEjAmENto58 • No início do próximo ano... 2.3.2 imPorTâNciA Do PlANEjAmENTo Educação escolar - PROCESSO: sistemático, coerente, organizado, intencional, crítico; da passagem dos conhecimentos universais para os educandos, através da mediação do educador. 2.3.3 hiSTóriA Do PlANEjAmENTo NA EDucAÇÃo EScolAr ANOS 50 e 60 - planejamento feito em cadernos, fichas e apontamentos pessoais do professor. ANOS 70 - tecnicismo influenciando o planejamento Planejar = preenchimento de formulários, com esquemas rígidos na forma desse preenchimento consequência ->burocracia inócua. O que se busca hoje -> RESGATE do planejamento como forma de: • Superar os problemas do cotidiano da educação escolar. • Superar o improviso, a má ou ausência de preparação das atividades docente. Estabelecer prioridades - condições da situação existencial concreta em que vive homem. 5959UNIDADE II - plANEjAmENto 59 2.3.4 DimENSÃo iNDiviDuAl - colETivA Do PlANEjAmENTo E DA ElAborAÇÃo DE PlANoS PLANEJAMENTO - Processo coletivo de identificação dos problemas do ensino -aprendizagem, estudo de suas raízes e proposta de formas para sua superação. PLANO - A partir da reflexão coletiva, o educador individualmente ou em pequenos grupos documentam o que pretendem, e como. Em educação o coletivo não é a soma mecânica das partes, mas a tentativa contínua do trabalho pedagógico escolar ser coerente, articulado, sistemático e orgânico. Quando pensamos em planejar a educação,é necessário que esse exercício venha acompanhado de reflexão sobre como realizar e organizar o trabalho escolar. Isso significa: • Encarar de frente os problemas da escola em que trabalhamos e do contexto do sistema educacional; • Assumir também a escola como instância social, com o compromisso de gerar aprendizagens e formar cidadãos. Quando nos propomos a realizar e pensar o planejamento, formalizando-o em: plano da escola/plano gestor, plano de ensino e plano de aula, significa que precisamos exercer uma atividade engajada, intencional, científica, de caráter político e ideológico e isento de neutralidade. “Planejar ou burocratizar”? De acordo com Fusari (1994), o ato de planejar não é só técnica. Além dessa dimensão ele é fundamentalmente: A instância de decisões políticas (pensar), capazes de consolidar e dinamizar ações que venham ao encontro dos interesses de uma coletividade; 60 UNIDADE II - plANEjAmENto60 O resultado de decisões políticas de indivíduos e/ou o conjunto destes, as quais serão implementadas por meio de ações pedagógicas (o nosso fazer) no âmbito educacional. O planejamento não é uma tarefa neutra, mas ideologicamente comprometida com os fins pretendidos por aquele grupo ou instituição. Isso significa dizer que o planejamento: • É um processo constituído de vários atores que compõem esse planejar; • É uma atividade que subsidia o ser humano no encaminhamento de suas ações e na obtenção de resultados desejados. Ainda para o autor, ao tratarmos de planejamento em uma escola, os seguintes aspectos devem ser considerados: • O coletivo de indivíduos que desempenham inúmeras atividades, as quais por natureza própria requerem um processo de planejamento que possibilite a participação efetiva desse conjunto de pessoas, que a princípio deve tomar decisões pertinentes aos fins a que se propõe uma instituição educacional; • O planejamento como uma ferramenta viabilizadora de um processo que contribua para o desenvolvimento de todos aqueles que estejam direta ou indiretamente vinculados à educação; • Os inúmeros desafios a enfrentar quando falamos de processo de planejamento como um procedimento viabilizador de um direito público que é a educação. No contexto educacional, tem havido certa confusão entre o processo de planejamento e os documentos (plano, programa ou projeto) decorrentes desse processo. Tal situação tem levado os profissionais da educação a encararem o planejamento como algo que mais atrapalha do que ajuda na inovação do ensino e da aprendizagem. (JARBAS,1985) Texto resumido: http://www.ufpe.br/daepe/n3_3.htm 6161UNIDADE II - plANEjAmENto 61 2.4 TiPoS DE PlANEjAmENToS Observe o fluxograma a seguir: PlANEjAmENTO EDUcAcIONAl mEc/cfE/cEE/cmE INSTITUIÇÃOPlANEjAmENTO cURRIcUlAR PlANEjAmENTO DE cURSO PlANO DE DIScIPlINA PlANO DE AUlA Como vimos, o planejamento educacional é de responsabilidade do Ministério da Educação - MEC, Conselho Nacional de Educação – CNE, em âmbito federal, do Conselho Estadual de Educação – CEE, em âmbito estadual e, do Conselho Municipal de Educação – CME, na esfera municipal. Em cada uma das esferas, são fixados currículos mínimos, carga horária e, definidos critérios para o funcionamento das instituições públicas. 62 UNIDADE II - plANEjAmENto62 2.4.1 PlANEjAmENTo EDucAcioNAl ou DE um SiSTEmA EDucAcioNAl Planejamento educacional: Consiste na tomada de decisões sobre a educação no conjunto do desenvolvimento geral do país. A elaboração desse tipo de planejamento requer a proposição de objetivos em longo prazo que definam uma política da educação. É o realizado pelo Governo Federal, através do Plano Nacional de Educação e da legislação vigente. Os Estados e Municípios também poderão construir seu Planejamento tendo como base a legislação vigente. A partir das constatações feitas,o governo traçará suas metas, definindo prioridades. Esse tipo de planejamento reflete a política de educação adotada. 2.4.2 PlANEjAmENTo EScolAr E ProPoSTA EDucAcioNAl É o planejamento geral de uma escola, é o processo de tomada de decisões. Resultará em PROPOSTA EDUCACIONAL OU NO PROJETO POLÍCO PEDAGÓGICO, bem como no Planejamento Escolar. 2.4.2.1 ProPoSTA EDucAcioNAl É o maior documento da escola e deverá refletir sua cara. Nesse documento busca-se a integração efetiva entre a escola e a realidade 6363UNIDADE II - plANEjAmENto 63 social, ressaltando a relação teoria e prática. As atividades educativas deveriam ser planejadas tendo como ponto de referência a problemática sociocultural, econômica e política do contexto escolar em que a escola está inserida. Deve ocorrer a participação da comunidade escolar: professores, alunos, especialistas e demais pessoas envolvidas neste processo, que seria o ponto essencial para as propostas de atuação da escola e as formas de produção do conhecimento. Deve conter os objetivos nacionais da educação e os objetivos gerais da escola: • Identificação. • Caracterização. • Pressupostos filosóficos. • Pressupostos psicológicos. • Objetivos. • Missão. • Planejamento Curricular. • Planejamentos de Ensino. • Projeto Pedagógico. • Metodologias utilizadas. • Formas de Avaliação. • Direito e deveres dos Professores. • Direito e deveres dos Alunos. • Calendário. • Atividades docentes e discentes –ADD. • Plano de Formação continuada dos professores. 64 UNIDADE II - plANEjAmENto64 • Horário de atendimento aos pais. • Projetos de Recuperação. Todas as atividades desenvolvidas pela escola, suas parcerias... Enfim todas as suas realizações deverão constar na sua Proposta Educacional,que tem a duração quadrienal. 2.4.2.2 PlANEjAmENTo EScolAr ou gESTor É um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social. (LIBÂNEO, 1992, p. 221-2). Fase l - Estudo real da escola em suas relações com o contexto social em que se insere. O estudo deverá ser feito deforma global, analisando as circunstâncias socioculturais, econômicas e políticas dos diferentes níveis presentes nas relações escola e sociedade (universo sociocultural dos alunos, seus interesses e suas necessidades, identificar o que já conhecem, o que aspiram e como vivem). O resultado desse primeiro momento do planejamento participativo seria um diagnóstico sincero da realidade concreta do aluno, elaborado de forma consciente e comprometida com seus interesses e necessidades. Fase II - Após primeira fase, devamos proceder à organização do trabalho didático. A definição dos objetivos a serem perseguidos, a sistematização do conteúdo programático e a seleção dos procedimentos de ensino a serem utilizados são as ações básicas dessa segunda fase. Na definição dos objetivos, portanto, será essencial a especificação dos diferentes níveis de aprendizagem a serem atingidos: a aquisição, a reelaboração dos conhecimentos aprendidos e a produção de novos. Assim, os objetivos deverão expressar ações, tais como reflexão crítica, a curiosidade científica, a investigação e a 6565UNIDADE II - plANEjAmENto 65 criatividade. Resumo das etapas do Planejamento Escolar: 1. Sondagem e diagnóstico da realidade da escola. 1.1 Características da comunidade. 1.2 Características da clientela escolar. 1.3 Levantamento dos recursos humanos e materiais disponíveis. 1.4 Avaliação da escola como um todo: evasão do ano anterior, repetência, aceleração dos estudos, reclassificação, porcentagem de aprovação e de alunos recuperados. Para ficar mais claro: Sondagem= é o levantamento de dados e fatos importantes de uma realidade; Diagnóstico = é a análise e interpretação objetiva dos dados coletados. 2. Definição dos objetivos e prioridades da escola. 3. Proposição da organização geral da escola. 3.1 Quadro curricular: Análise dos PCNs, Referencial
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