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0 AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONALEDUCACIONAL 1 ELOANE COIMBRA LIMA AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO Fonte: https://robertodearaujocorreia.wordpress.com/2010/07/26/convivencia-em-equipe/ ÁGUA BRANCA-PI 2019 2 Diretor Geral Eloan Coimbra Lima Diretora Acadêmica Eloane Coimbra Lima Secretária Acadêmica Ginoã das Graças Coimbra Lima Coordenação do Curso Cleidinalva Maria Barbosa Oliveira Coordenação do Nead Tiago Soares da Silva LIMA, Eloane Coimbra. Avaliação e Planejamento Educacional. 1ª ed. Água Branca; Isepro – Cursos de Graduação. 80p. Bibliografia 1. Pedagogia 2. Educação 3. Título. Ficha Catalográfica Todos os direitos em relação ao design deste material são reservados à ISEPRO. Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material são reservados ao autor. Todos os direitos de Copyright deste material didático são à ISEPRO. 3 09 10 12 13 13 16 18 19 19 26 28 29 35 37 38 39 42 44 46 48 50 52 54 61 UNIDADE 03 AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO ESCOLAR 3.1 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE E OS FUNDAMENTOS DO PLANEJAMENTO................................................... 3.2 PLANEJAMENTO E AÇÃO PEDAGÓGICA: DIMENSÕES TÉCNICAS E POLÍTICAS DO PLANEJAMENTO..................................... 3.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, QUALIDADE TOTAL E PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO.......................................................... ATIVIDADES............................................................................................. FÓRUM....................................................................................................... ATIVIDADES..............................................................................................35 Apresentação do curso ..................................................................... 06 Apresentação da disciplina................................................. 08 14 23 05 06 UNIDADE 01 INTRODUÇÃO A AVALIAÇÃO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................... ATIVIDADES............................................................................................. FÓRUM............................................................................................................. UNIDADE 02 AVALIAÇÃO COM BASE EM ALGUNS AUTORES................................. 2.1 JUSSARA HOFFMAN........................................................................ 2.2 PHILIPPE PERRENOUD................................................................... 2.3 CIPRIANO LUCKESI......................................................................... 2.4 ANTONI ZABALA............................................................................... 2.5 OUTROS........................................................................................... ATIVIDADES............................................................................................ FÓRUM.................................................................................................... UNIDADE 04 AVALIAR E PLANEJAR 4.0 AVALIAR................................................................................................ 4.1 ATITUDE DO PROFESSOR................................................................. 4.2 A AVALIAÇÃO..................................................................................... 4.3 AVALIAÇÃO X RESISTÊNCIA A MUDANÇAS.................................. 4.2.2 TIPOS E NÍVEIS DE PLANEJAMENTO............................................ 4.2.3 PLANO É UM DOCUMENTO UTILIZADO PARA O REGISTRO DE DECISÕES DO TIPO......................................................... 4.2.4 NO PLANEJAMENTO DE ENSINO, PODEMOSDESTACAR: O PLANO DE CURSO E O PLANO DE AULA............................................ 4.3.1.0 PLANEJAMENTO DE AULA OU PLANO DE AULA........................................................................................................ ATIVIDADE................................................................................................. FÓRUM..................................................................................................... 36 09 12 12 14 15 16 17 19 21 23 23 25 27 30 32 32 34 36 37 38 39 40 42 45 47 47 4 UNIDADE 06 TÉCNICAS E INTRUMENTOS DE AVALIÇÃO 6.1 TECNICAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ................ 6.2 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO....................................... 6.2.1 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA........................................... 6.2.2 AVALIAÇÃO FORMATIVA............................................ 6.2.3 AVALIAÇÃO SOMATIVA..................................................... 6.3 OBSERVAÇÃO E REGISTRO PELO PROFESSOR............. 6.3.1 PROVAS..................................................................... 6.3.2 LISTA DE VERIFICAÇÃO OU CHECKLIST...................... 6.3.3 RELATÓRIO........................................................................ 6.3.4 AUTO-AVALIAÇÃO............................................................. 6.3.5 PORTFÓLIO................................................................... 6.3.6 CONSELHO DE CLASSE.............................................. ATIVIDADES................................................................................ FÓRUM........................................................................................ REFERENCIAS............................................................................ 43 54 UNIDADE 05 CONSTRUÇÃO DA CULTURA AVALIATIVA MEDIDORA 5.1 CONSTRUÇÃO DA CULTURA AVALIATIVA MEDIDORA............. 5.2 FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO ......................................................... 5.2.0 OS 10 CRITÉRIOS DA MEDIAÇÃO............................................. 5.2.1 INTENCIONALIDADE E RECIPROCIDADE............................... 5.2.2 SIGNIFICADO............................................................................. 5.2.3 TRANSCEDÊNCIA...................................................................... 5.2.4 COMPETÊNCIA.......................................................................... 5.2.5 AUTO-REGULAÇÃO E CONTROLE DO COMPORTAMENTO......................................................................... 5.2.6 COMPARTILHAMENTO........................................................... 5.2.7 INDIVIDUAÇÃO........................................................................ 5.2.8 PLANEJAMENTO DE OBJETIVOS.......................................... 5.2.9 DESAFIO.................................................................................. 5.2.11 AUTOMODIFICAÇÃO............................................................ 5.3 MODALIDADES DE AVALIAÇÃO................................................ 5.3.1 DIAGNÓSTICA.......................................................................... 5.3.2 FORMATIVA............................................................................. 5.3.4 SOMATIVA................................................................................ 5.3.4 TAREFAS DE AVALIAÇÃO...................................................... 5.4 AS CARACTERÍSTICAS DA AVALIAÇÃO ESCOLAR.................. ATIVIDADES...................................................................................... FORUM.............................................................................................. 56 57 58 59 60 61 62 62 63 63 64 66 68 68 49 50 51 52 53 55 55 70 71 72 72 72 73 73 76 76 76 77 78 79 79 80 5 A concretização de um curso superiorem Pedagogia na modalidade à distância tem como meta o atendimento às necessidades de toda comunidade quanto ao acesso e atendimento ao um ensino superior de qualidade. Desse modo, propõe-se a importância para o curso de Pedagogia numa perspectiva histórico- cultural, tendo como eixo articulador a interdisciplinaridade e a busca da construção de um currículo integrador. As disciplinas pedagógicas que formulam o currículo foram moldadas para uma sociedade cujo princípio da qualidade torna-se prioridade a partir da relação teoria-prática de um trabalho docente de qualidade que procure satisfazer as necessidades de aprendizagem, enriquecendo as experiências do educando no processo educativo. É dentro desta ideia que o curso de Pedagogia do ISEPRO na modalidade à distância constitui-se de uma base comum formada pelos conhecimentos de ciências humanas aliadas a tecnologia, de uma parte diversificada com uma ampliação dos fundamentos na leitura do fazer pedagógico dentro da escola e da sociedade e uma parte complementar com o objetivo de trabalhar os problemas educativos da realidade educacional em vista a qualificação do professor com novas formas de intervenções como aplicações de ferramentas metodológicas. O ISEPRO tem como recurso didático-educacional o uso de materiais como apostilas/livros, plataformas virtuais, internet, vídeos e principalmente um excelente sistema de acompanhamento à distância através de tutores e monitores. É válido salutar que este curso otimiza sempre seus resultados pelas experiências existentes e atendem a ampla procura de profissionais da área educacional. Os profissionais da área da educação serão orientados a sempre desenvolver a capacidade de intervenção científica e técnica assegurando a reflexão critica permanente sobre sua prática e realidade educacional historicamente contextualizada. O que espera deste docente é sua capacidade de (re) construir seu projeto pessoal e profissional a partir da compreensão da realidade histórica e profissional diante das políticas que direcionam as práticas educativas na sociedade. 6 A disciplina de avaliação destina-se a estudantes da área da licenciatura sendo fundamental para o mecanismo que orienta e acompanha o processo educativo, tornando-se inevitável a reflexão sobre a ação que o educador deve ter frente o ato avaliativo. A avaliação se faz presente em todos os domínios da atividade humana. O “julgar”, o “comparar”, isto é, “o avaliar” faz parte de nosso cotidiano, seja por meio das reflexões informais que orientam as habituais opções do dia-a-dia ou, formalmente, através da reflexão formada e sistemática que define a tomada de decisões. Compreenderemos nessa disciplina a conceituação de avaliação nas perspectivas de alguns atores; avaliação e planejamento, a cultura avaliativa mediadora; modalidades de avaliação nas dimensões de análise do desempenho do aluno, do professor e de toda a situação de ensino que se realiza no contexto escolar, o planejamento de aula, o plano de aula, e por fim, técnicas de instrumentos avaliativos. O material foi pensado para que você estudante tenha um entendimento aprimorado de avaliação. Sinta-se à vontade para adentrar no processo de avaliação da aprendizagem. BONS ESTUDOS! Eloane Coimbra Lima Licenciado em Pedagogia e Bacharelado em Psicologia Mestre em Psicologia Universidade de Fortaleza Especialista em Docência do Ensino Superior e Psicopedagogia Professora do Instituto Superior de Educação Programus 7 UNIDADE 01 INTRODUÇÃO A AVALIAÇÃO Fonte: https://www.escolaaberta.com.br/?product=avaliacao-educacional 9 Educação Inclusiva 1.0 INTRODUÇÃO A AVALIAÇÃO Ao falarmos de avaliação, logo associasse a esta prática termos que nos foram instruídos desde cedo como notas, diagnósticos, controle, classificações, seleções, continuidade, retenção, medos e tantos outros elementos pré-estabelecidos neste termo. Segundo Almeida (1992, 1997), a palavra avaliação possui diversos significados advindos de muitas concepções e, como por exemplo, apreciação, análise, estimação, determinação de valor, diagnóstico, controle, classificação, entre outros. O processo de avaliação permeia a constituição da sociedade desde registros antigos da evolução do homem, visto que sempre estivemos sendo classificados por algum critério pela estética, pela etnia, por profissões ou por outros pressupostos impostos pela sociedade em que vivemos em especial no contexto educacional. Deste modo percebemos que a avaliação não ocorre apenas em um momento específico, e sim que está presente em todo o processo educacional, tornando-se um instrumento que se concebe desde o início até a finalização do trabalho do professor. Ainda como uma prática pedagógica, o professor não deve se abster de seu papel como avaliador no processo de ensino e de aprendizagem, de 10 Avaliação Educacional forma que este instrumento torne-se um elemento presente em seu cotidiano, assim como afirma Chueiri: [...] a avaliação, como prática escolar, não é uma atividade neutra ou meramente técnica, isto é, não se dá num vazio conceitual, mas é dimensionada por um modelo teórico de mundo, de ciência e de educação, traduzida em prática pedagógica. (2008, p. 52) Percebe-se que o ato de avaliar é amplo e não se restringe ao único objetivo, vai além da medida, posicionando-se favorável ou desfavorável à ação avaliada, propiciando uma tomada de decisão. Sob a ótica de Sant’Anna avaliação é: ‘’Um processo pelo qual se procura identificar, aferir, investigar e analisar as modificações do comportamento e rendimento do aluno, do educador, do sistema, confirmando se a construção do conhecimento se processou, seja este teórico (mental) ou prático.’’ (SANT’ANNA, 1998, p.29, 30). Para Kraemer (2006), avaliação vem do latim, e significa valor ou mérito ao objeto em pesquisa, junção do ato de avaliar ao de medir os conhecimentos adquiridos pelo individuo. È um instrumento valioso e indispensável no sistema escolar, podendo descrever os conhecimentos, atitudes ou aptidões que os alunos apropriaram. Sendo assim a avaliação revela os objetivos de ensino já atingidos num determinado ponto de percurso e também as dificuldades no processo de ensino aprendizagem. Nossas decisões a respeito da avaliação da aprendizagem não são isoladas ou neutras. Elas se vinculam as nossas concepções sobre educação, sobre escola, sobre aprendizagem, ou seja, a forma como realizamos a avaliação irá refletir uma visão conservadora de educação e sociedade. 11 Avaliação Educacional 1.2 O quadro abaixo nos permite elaborar uma comparação mais evidente entre ambos os modos de compreensão da aprendizagem e da Fonte: Roffmann (1994, p. 58, grifo do autor) Avaliação é um instrumento permanente do trabalho docente, tendo como propósito observar se o aluno aprendeu ou não, podendo assim refletir sobre o nível de qualidade do trabalho escolar, tanto do aluno quanto do professor, gerando mudanças significativas. Para Vasconcellos (1995) “a avaliação é, na prática, um entulho contra o qual se esboroam muitos esforços para pôr um pouco de dignidade no processo escolar”. Diante dessa colocação, é significativa a percepção de uma avaliação pautada numa perspectiva transformadora, tendo como pano de fundo resgatar seu papel no contexto escolar. APRENDER AVALIAR Aprendizagem significa modificação de Comportamento que alguém que ensina produz em alguém que aprende. • Avaliação significa o controle permanentemente exercido sobre o aluno no intuito de ele chegar a demonstrar comportamentos definidos comoideais pelo professor; •. Dialogar é perguntar e ouvir respostas; •. Acompanhar significa estar sempre junto para observar e registrar resultados. Aprendizagem significa descobrir a razão das coisas e pressupõe a organização das experiências vividas pelos sujeitos numa compreensão progressiva das noções. • Avaliação significa ação provocativa do professor, desafiando o educando a refletir sobre as situações vividas, a formular e a reformular hipóteses, encaminhando-se a um saber enriquecido; •. Dialogar é refletir em conjunto (professor e aluno) sobre o objeto de conhecimento. Exige aprofundamento em teorias de conhecimento e nas diferentes áreas do saber. • Acompanhar é favorecer o “vir a ser”, desenvolvendo ações educativas que possibilitem novas descobertas. 12 Avaliação Educacional Apresente duas definições de avaliação segundo autores da apostila e explique quais pontos são relevantes na atuação do professor no processo ensino aprendizagem? Segundo Almeida (1992, 1997), a palavra avaliação possui diversos significados advindos de muitas concepções e, como por exemplo, apreciação, análise, estimação, determinação de valor, diagnóstico, controle, classificação, entre outros. Nessa perspectiva comente o PARA QUÊ? E POR QUÊ? O processo avaliativo? 13 Avaliação Educacional UNIDADE 02 AVALIAÇÃO COM BASE EM ALGUNS AUTORES Fonte: https://imageimage.eu 14 Avaliação Educacional 2. AVALIAÇÃO COM BASE EM ALGUNS AUTORES 2.1 Jussara Hoffmann A avaliação é essencial à educação. Inerente e indissociável enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão sobre a ação. Um professor que não avalia constantemente a ação educativa, no sentido indagativo, investigativo do termo, constrói sua docência em verdades absolutas, pré-moldadas e terminais. A avaliação é reflexão transformada em ação. Ação essa que nos impulsiona para novas reflexões. Reflexão permanente do educador sobre a realidade, e acompanhamento, passo a passo do educando, na sua trajetória de construção de conhecimento. A avaliação mediadora propõe um modelo baseado no diálogo e aproximação do professor com o seu aluno de forma que as práticas de ensino sejam repensadas e modificadas de acordo com a realidade sociocultural de seus alunos, nesta perspectiva de avaliação o erro é considerado como parte do processo na construção do conhecimento e não como algo passível de punição, na visão mediadora o professor é capaz de criar situações desafiadoras que tornem capaz a reflexão e ação tornando a aprendizagem mais significativa. Segundo HOFMANN (2000) a avaliação mediadora se desenvolve em beneficio ao educando e dá-se fundamentalmente pela proximidade entre quem educa e quem é educado. Através da avaliação mediadora é possível compreender que cada aprendizagem tem o seu momento próprio e é diferenciada em cada aluno, propiciando tanto ao professor quanto ao aluno momentos de reflexões sobre as práticas pedagógicas utilizadas. Em uma entrevista ao Senai HOFMANN diz: ‘’ As transformações de avaliação são multidimensionais. Uma grande questão é que avaliar envolve valor, e valor envolve pessoa. Nós somos o que sabemos em múltiplas dimensões. Quando avaliamos uma pessoa, nos envolvemos por inteiro - o que sabemos, o que sentimos, o que conhecemos desta pessoa, a relação que nós temos com ela. E é esta relação que o professor acaba criando com seu aluno. Então, para que ele 15 Avaliação Educacional transforme essa sua prática, algumas concepções são extremamente necessárias. Em primeiro lugar, o sentimento de compromisso em relação àquela pessoa com quem está se relacionando. Avaliar é muito mais que conhecer o aluno, é reconhecê-lo como uma pessoa digna de respeito e de interesse. Em segundo lugar, o professor precisa estar preocupado com a aprendizagem desse aluno. Nesse sentido, o professor se torna um aprendiz do processo, pois se aprofunda nas estratégias de pensamento do aluno, nas formas como ele age, pensa e realiza essas atividades educativas. Só assim é que o professor pode intervir, ajudar e orientar esse aluno. É um comprometimento do professor com a sua aprendizagem - tornar-se um permanente aprendiz. Aprendiz da sua disciplina e dos próprios processos de aprendizagem. Por isso a avaliação é um terreno bastante arenoso, complexo e difícil. Eu mudo como pessoa quando passo a perceber o enorme comprometimento que tenho como educador ao avaliar um aluno.’’ 2.2 PHILIPPE PERRENOUD Philippe Perrenoud em sua Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens, entre duas lógicas afirma que na prática da avaliação da aprendizagem não só se classificam os alunos na sala de aula, também, estas práticas possuem um efeito social muito mais definido: a avaliação cria as hierarquias sociais que consolidam a sociedade atual. Sugestão de Leitura! Avaliação Mediadora: Uma Relação Dialógica na Construção do Conhecimento Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.b r/pdf/ideias_22_p051-059_c.pdf 16 Avaliação Educacional A escola conformou-se com as desigualdades do êxito por tanto tempo quanto elas pareciam “na ordem das coisas”. É verdade que era importante que o ensino fosse corretamente distribuído e que os alunos trabalhassem, mas a pedagogia não pretendia nenhum milagre, ela não podia senão “revelar” as desigualdades das aptidões. Dentro dessa perspectiva, uma avaliação formativa não tinha muito sentido: a escola ensinava e, se tivessem vontade e meios intelectuais, os alunos aprendiam. A escola não se sentia responsável pelas aprendizagens, limitava-se a oferecer a todos a oportunidade de aprender: cabia a cada um aproveita-la! A noção de desigualdades das oportunidades não significou, até um período recente, nada, além disto: que cada um tenha acesso ao ensino, sem entraves geográficos ou financeiros, sem inquietação com seu sexo ou sua condição de origem. O que há de novo nessa ideia? Não se servem todos os professores da avaliação durante o ano para ajustar o ritmo e o nível global de seu ensino? Não se conhece muitos professores que utilizam a avaliação de modo mais individualizado, para melhor delimitar as dificuldades de certos alunos e tentar remedia-las? Toda ação pedagógica repousa sobre uma parcela intuitiva de avaliação formativa, no sentido de que, inevitavelmente, há um mínimo de regulação e função das aprendizagens ou, ao menos, dos funcionamentos observáveis dos alunos. Para se tornar uma prática realmente nova, seria necessário, entretanto, que a avaliação formativa fosse a regra e se integrasse a um dispositivo da pedagogia diferenciada. É esse caráter metódico, instrumentado e constante que a distancia das práticas comuns. Portanto, não se poderia, sob risco de especulação, afirmar que o professor faz constantemente avaliação formativa, ao menos não no pleno sentido do termo. Se a avaliação formativa nada mais é do que uma maneira de regular a ação pedagógica, por que não é uma prática corrente? Quando um artesão modela um objeto, não deixa de observar o resultado para ajustar seus gestos e, se preciso for, “corrigir o alvo”, expressão comum que designa uma faculdade humana universal: a arte de conduzir a ação pelo olhar, em função de seus resultados provisórios e dos obstáculos encontrados. Cada professor dispõe dela, como todo mundo. Ele se dirige, porém, a um grupo, e regula sua ação em função de sua dinâmica de conjunto, do nível global e da distribuição dos resultados, mais do que das trajetórias de cada aluno. A avaliação formativa introduz uma ruptura, porque propõe deslocaressa regulação ao nível das aprendizagens e individualizá-las. Nenhum núcleo se preocupa em classificar seus pacientes, do menos doente ao mais gravemente atingido. Nem mesmo pensa em lhes administrar um tratamento coletivo. Esforça-se para determinar, para cada um deles, um diagnóstico individualizado, estabelecendo uma ação terapêutica sob medida. Mutatis mutandis, a avaliação formativa deveria ter a mesma função em uma pedagogia diferenciada. Perrenoud, Phillipe. Avaliação - Da excelência á regulação das aprendizagens - entre duas lógicas. Porto Alegre. Artes Médicas. Rio Grande do Sul, 1999. 17 Avaliação Educacional 2.3 CIPRIANO LUCKESI Avaliar x Examinar. LUCKESI (2006), quando fala de avaliação da aprendizagem, prefere defini-la como sendo um juízo de qualidades sobre dados relevantes tendo em vista uma tomada de decisão, o juízo de qualidade é produzido por um processo comparativo entre o objeto que está sendo ajuizado e o padrão ideal de julgamento. Com muita frequência verificamos o termo avaliação associado a outros, como nota, exame, promoção e repetência, sucesso e fracasso e a avaliação sendo vista como um processo que determina o grau de aprendizagem dos alunos. Nas escolas a avaliação tem assumido uma função seletiva, de exclusão daqueles que costumam ser rotulados como “incapazes”, pois o modelo de avaliação atualmente utilizado nas escolas é baseado no processo classificatório. Para LUCKESI (2006) a avaliação praticada nas escolas é a avaliação da culpa e as notas praticadas são utilizadas para classificar os alunos, onde são comparados desempenhos e não os objetivos que se pretende atingir. Esta prática de avaliação se explícita por uma relação autoritária e conservadora que permite ao professor manter a disciplina e atenção dos alunos, desta forma a avaliação da aprendizagem torna-se um instrumento 18 Avaliação Educacional de controle que tudo pode. Nesta concepção é possível perceber que a avaliação tem sido utilizada como um instrumento estático e freador do processo de crescimento, com o objetivo de desempenhar um papel disciplinador tornando o padrão de exigência critério do professor que ao planejar suas aulas não estabelece um mínimo de necessário a ser aprendido pelos alunos e utiliza-se de “médias” de notas para estabelecer a competência do aluno. Avaliar é o ato de diagnosticar uma experiência, tendo em vista reorientá-la para produzir o melhor resultado possível; por isso, não é classificatória, nem seletiva, ao contrário, é diagnóstica e inclusiva. Examinar é classificatório e seletivo, e por isso mesmo, excludente, já que não se destina à construção do melhor resultado possível, e sim a classificação estática do que é examinado. São situações opostas entre si, porém, nossos professores, em seu cotidiano, não percebem tal distinção, e quando dizem que estão avaliando, na verdade estão examinando. O ato de avaliar é um ato de investigar. Porém, o objeto da investigação em avaliação é diferente de outras investigações científicas. A Avaliação é uma investigação que se caracteriza por trabalhar com a qualidade do fenômeno que estuda, ou seja, investigação sob a ótica de sua qualidade. Na prática avaliativa, também poderemos operar com o olhar unidirecional ou sistêmico (a depender dos fundamentos epistemológicos com os quais trabalhamos), mas tendo sempre como foco de investigação a qualidade que emerge das características da realidade, e não, em primeiro lugar, sua constituição e operação. “A média então é realizada a partir da quantidade e não da qualidade, não garantindo o mínimo de conhecimento”. (LUCKESI, 2006). Esta forma de avaliação retira dos alunos a espontaneidade, a criatividade e a criticidade, gerando insegurança e medo, o aluno passa a ser conduzido a estudar em função da nota e não pela obtenção do saber, a aprendizagem deixa de ser algo prazeroso e passa a ser um processo desmotivador, contribuindo para a seletividade social. 19 Avaliação Educacional 2.4 ANTONI ZABALA O livro de Antoni Zabala objetiva “oferecer determinados instrumentos que ajudem [os professores] a interpretar o que acontece na aula, conhecer melhor o que pode se fazer e o que foge às suas possibilidades; saber que medidas podem tomar para recuperar o que funciona e generalizá-lo, assim como para revisar o que não está tão claro” (p.24). Para o autor, a avaliação é o elemento-chave de todo o processo de ensinar e aprender (...); com idoneidade(...); com auto-avaliação (profissionais e alunos). Um olhar, um gesto, uma expressão de alento ou de confiança, uma recusa, um não levar em conta o que se fez, uma manifestação de afeto, tudo isto merece ser considerado como indicadores para a avaliação de um aluno. 20 Avaliação Educacional Para Zabala, no processo avaliativo, a pergunta inicial é: “por que temos que avaliar?”. Essa pergunta é necessária para que se entenda qual deve ser o objeto e o sujeito da avaliação, e demora um pouco a ser respondida. A proposta elimina a ideia da avaliação apenas do aluno como sujeito que aprende, e propõe também uma avaliação de como o professor ensina. Elabora a ideia de que devemos realizar uma avaliação que seja inicial, reguladora (prefere esse termo ao invés de formativa, por entender que explica melhor as características de adaptação e adequação, ou seja, é capaz de acompanhar o progresso do ensino), final e integradora. Esta divisão é empregada como necessária para se continuar fazendo o que se faz, ou o que se deve fazer de novo, o que é mais uma justificativa para a avaliação, o por quê avaliar. Em o que avaliar, propõe a avaliação de fatos, conceitos, procedimentos e atitudes, chegando a justificar a prova escrita para fatos e conceitos, seja-a do tipo mais rápido ou exaustivo. Uma nota importante diz respeito à observação de que os conceitos podem ser mais bem avaliados quando a expressão verbal é possível, e não apenas a escrita, da mesma forma que vê nas pessoas a necessidade de uma expressão de gestos, citando o exemplo do uso das mãos que os indivíduos fazem para explicar melhor esses conceitos. Esclarece que os procedimentos só podem ser avaliados enquanto um saber fazer, propondo uma avaliação sistemática em situações naturais ou artificialmente criadas. Afirma que os conteúdos atitudinais implicam na observação das atitudes em diferentes situações e levanta a possibilidade das pessoas não darem o devido valor às atitudes enquanto um conteúdo, pelo fato das mesmas não poderem ser quantificadas. Utiliza a metáfora do médico que não possui instrumentos para medir dor, enjôo ou estresse e, nem por isso deixa de diagnosticar e medicar. ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1998. 21 Avaliação Educacional Para o educador espanhol, as técnicas para ensinar crianças pequenas deveriam ser conhecidas de todos os professores. Monitorar os alunos que trabalham em grupos, observar suas reações e evoluções durante a aprendizagem e fazer relatórios de desenvolvimento são alguns dos caminhos para ser fazer uma avaliação formativa. Em entrevista à NOVAESCOLA, Antoni Zabala (2000) considera a nossa legislação ao afirmar: Educação Infantil inspira avaliação formativa. Diz ele: As técnicas para atender a diversidade estão na Educação Infantil. O que fazem as crianças lá? Ficam sentadas umas atrás das outras, escutando o mestre? Não, elas fazem coisas. E não fazem sozinhas. Estão sempre com os colegas, em pares ou trios. Um olha o outro e aprende com ele. (...) A professora não transmite conhecimento, ela ajuda a todos, cobrando tarefase querendo saber por que motivo não as executaram, quais as dificuldades. O modelo de avaliação também está lá. Os professores não sancionam seus alunos, dizendo que não sabem isso ou aquilo. Eles tentam averiguar o que eles não sabem para orientá-los. (ZABALA, 2000). Outros autores A avaliação educativa é um processo complexo, que começa com a formulação de objetivos e requer a elaboração de meios para obter evidências de resultados, interpretação de resultados pra saber em que medida foram os objetivos alcançados e formulação de um juízo de valor. (SARABBI,1971) Avaliação em educação significa descrever algo em termos de atributos selecionados e julgar o grau de aceitabilidade do que foi descrito. O algo, que deve ser descrito julgado, pode ser qualquer aspecto educacional, mas é, tipicamente: (a) um programa escolar, (b) um procedimento curricular ou (c) o comportamento de um indivíduo ou de um grupo. (THORNDIKE & HAGEM, 1960) 22 Avaliação Educacional Avaliação significa atribuir um valor a uma dimensão mensurável do comportamento em relação a um padrão de natureza social ou cientifica. (BRADFIELD & MOREDOCK, 1963) É um processo contínuo, sistemático, compreensivo, comparativo, cumulativo, informativo e global, que permite avaliar o conhecimento do aluno. (MARQUES, Juracy C., 1976) Nas definições selecionadas sobre avaliação, constatamos a ênfase ao desempenho do aluno. Nosso pensamento é que, enquanto a avaliação estiver voltada exclusivamente para o aluno, isto é, enquanto não houver um despertar, uma conscientização da necessidade de uma nova metodologia para o aluno e inclusão da própria escola no processo, a qualidade do ensino permanecerá comprometida. 23 Avaliação Educacional Avaliar é o ato de diagnosticar uma experiência, tendo em vista reorientá-la para produzir o melhor resultado possível; por isso, não é classificatória, nem seletiva, ao contrário, é diagnóstica e inclusiva. Conforme o exemplo de caso a seguir, comente a atuação do professor no processo avaliativo na perspectiva de LUCKESI. Como a auto avaliação docente pode contribuir com a realização da proposta pedagógica da escola, com o aperfeiçoamento das práticas pedagógicas / avaliativas e, em especial, com a aprendizagem dos educandos? 24 Avaliação Educacional UNIDADE 03 AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO ESCOLAR Fonte: https://canalcederj.cecierj.edu.br/recurso/16822 25 Avaliação Educacional 3.AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO ESCOLAR 3.1 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE E OS FUNDAMENTOS DO PLANEJAMENTO O planejamento é um processo de sistematização e organização das ações do professor. É um instrumento da racionalização do trabalho pedagógico que articula a atividade escolar com os conteúdos do contexto social (LIBÂNEO, 1991). O ato de planejar está presente em todos os momentos da vida humana. A todo o momento as pessoas são obrigadas a planejar, a tomar decisões que, em alguns momentos, são definidas a partir de improvisações; em outros, são decididas partindo de ações previamente organizadas (KENSKI, 1995). • O significado do termo ‘planejamento’ é muito ambíguo, mas no seu uso trivial ele compreende a ideia de que sem um mínimo de conhecimento das condições existentes numa determinada situação e sem um esforço de previsões das alterações possíveis desta situação nenhuma ação de mudança será eficaz e eficiente, ainda que haja clareza dos objetivos dessa ação. Nesse sentido trivial, qualquer indivíduo razoavelmente equilibrado é um planejador [...]. Não há uma ‘ciência do planejamento’ nem mesmo há métodos de planejamentos gerais e abstratos que possam ser aplicados a tantas variedades de situações sociais e educacionais principalmente se considerarmos a natureza política, histórica, cultural, econômica etc. (AZANHA, 1993, p. 70-78). • Planejamento é um processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, na busca da melhoria do funcionamento do sistema educacional. Como processo o planejamento não corre em um momento do ano, mas a cada dia. A realidade educacional é dinâmica. Os problemas, as reivindicações não têm hora nem lugar para se 26 Avaliação Educacional manifestarem. Assim, decide-se a cada dia a cada hora (SOBRINHO, 1994, p.3). • Planejamento é um “processo de tomada de decisão sobre uma ação. Processo que num planejamento coletivo (que é nossa meta) envolve busca de informações, elaboração de propostas, encontro de discussões, reunião de decisão, avaliação permanente” (MST, 1995, p.5). • Planejamento é processo de reflexão, de tomada de decisão [...] enquanto processo, ele é permanente (VASCONCELOS, 1995, p.43). Em síntese, o planejamento é uma tomada de decisão sistematizada, racionalmente organizada sobre a educação, o educando, o ensino, o educador, as matérias, as disciplinas, os conteúdos, os métodos e técnicas de ensino, a organização administrativa da escola e sobre a comunidade escolar. O planejamento da educação é composto por diferentes níveis de organização. Assim, podemos pensar em nível macro no Planejamento do Sistema de Educação, que corresponde ao planejamento da educação em âmbito nacional, estadual e municipal. Este planejamento elabora, incorpora e reflete as políticas educacionais. O planejamento global da escola corresponde às ações sobre o funcionamento administrativo e pedagógico da escola; para tanto, este planejamento necessita da participação em conjunto da comunidade escolar. O planejamento curricular é a organização da dinâmica escolar. É um instrumento que sistematiza as ações escolares do espaço físico às avaliações da aprendizagem. O planejamento de ensino envolve a organização das ações dos educadores durante o processo de ensino, integrando professores, coordenadores e alunos na elaboração de uma proposta de ensino, que será projetada para o ano letivo e constantemente avaliada. O planejamento de aula organiza ações referentes ao trabalho na sala de aula. É o que o professor prepara para o desenvolvimento da 27 Avaliação Educacional aprendizagem de seus alunos coerentemente articulado com o planejamento curricular, com o planejamento escolar e com o planejamento de ensino. 3.2 PLANEJAMENTO E AÇÃO PEDAGÓGICA: DIMENSÕES TÉCNICAS E POLÍTICAS DO PLANEJAMENTO Todo planejamento deve retratar a prática pedagógica da escola e do professor. No entanto, a história da educação brasileira tem demonstrado que o planejamento educacional tem sido uma prática desvinculada da realidade social, marcada por uma ação mecânica, repetitiva e burocrática, contribuindo pouco para mudanças na qualidade da educação escolar. Por isso, ao estudar esta unidade, reflita sobre a importância do planejamento como uma prática crítica e transformadora do pedagogo; por isso, faz-se necessário que você compreenda as duas dimensões que constituem o planejamento: Dimensão política – toda ação humana é eminentemente de uma ação política. O planejamento não pode ser uma ação docente encarada como uma atividade neutra, descompromissada e ingênua. Mesmo quando o docente “não” planeja, ele traduz uma escolha política. A ação de planejar é carregada de intencionalidades, por isso, o planejamento deve ser uma ação pedagógica comprometida e consciente. Dimensão técnica – o saber técnico é aquele que permite viabilizar a execução do ensino, é o saber fazer a atividade profissional. No caso da prática do planejamento educacional, o saber técnico determina a competência para organizar as ações que serão desenvolvidas visando à aprendizagem dos alunos. Cabe ao professorsaber fazer, elaborar e organizar a prática docente. Verifique que a dimensão técnica é a segunda aprendizagem: aprender a fazer - para poder agir sobre o meio envolvente. Considerando, então, essa condição do professor, como avaliador, de atribuir sentidos e significados à avaliação, cabe-nos questionar: que concepções 28 Avaliação Educacional pedagógicas subjazem à atual prática de avaliação do processo de ensino e de aprendizagem no contexto escolar? Para compreender o enfoque do planejamento e realidade, é necessário um prática transformadora numa ação aqui e agora, isso inclui uma dialética entre o ‘’deve ser’’ e o ‘’ser’’, entre o pensar e o agir. No campo do planejamento, pensar mais a realidade é promissor. Faz com que as pessoas se inclinem para ações mais concretas para política de estratégicas conscientes. (Gandin, 1994, p. 39). Pensando conforme o autor o planejamento e a realidade devem estar intrinsicamente ligadas na atuação docente. É necessário compreender que a construção de uma realidade ocorre paralelamente as ações existentes, entre o planejar e o realizar, ou seja, o planejamento é justamente a inteligência que da eficácia ao processo de construção da realidade. Conforme Gandin, 1994, a realidade pode ser concebida através de três modelos: Global, Campo de ação e Instituição. Global, inclui todo complexo sócio-econômico-cultural; ela é assim classificada por abranger a totalidade, tanto de conteúdo natural e humano como de espaço. Campo de ação, se restringe a educação, ao sindicalismo, a saúde ou qualquer outro setor de atividade humana dentro do que opera a instituição ou o grupo que planeja. Instituição, realidade restrita e especifica do processo planejado. PLANEJAMENTO REALIDADE 29 Avaliação Educacional Ao falar das duas visões desejada e executada, definimos um conjunto de ideias e ações advindas de um planejamento na proposta de uma ação consciente entre teoria e pratica. Desejada A proposta da ação do planejamento desejada, se refere a um conjunto de ações objetivando a transformação da realidade em uma direção escolhida. Executada Ação mediadora do planejamento, consiste na transformação da proposta do desejado, que age sobre a realidade existente e busca determinar fins a serem executados para a construção de uma nova realidade. DESEJADA GLOBAL DESEJADA CAMPO DE AÇÃO DESEJADA INSTITUIÇÃO EXECUTADA GLOBAL EXCUTADA CAMPO DE AÇÃO EXECUTADA INSTITUIÇÃO REALIDADE 30 Avaliação Educacional 3.3 Planejamento estratégico, qualidade total e planejamento participativo. 1- A contemporaneidade da crise enquanto povo e humanidade – estamos num momento de julgamento, de decisão, de reencaminhamento. Os valores são permanentes e se reorganizam em nova escala, assim a participação passa a estar mais evidente para resolver problemas da humanidade do que a ordem. A crise está em que nem todos aceitam a mesma hierarquia de valores. 2- A nova crise – A riqueza, o novo modelo (científico) de interpretação da realidade, o novo modo de vida criam um novo tempo, uma nova sociedade e põe –se em cheque a igreja, uma força que acentua a mudança. Organiza-se uma nova globalidade; coloca-se no centro para desenvolvimento humano o próprio homem. 3- A contribuição do planejamento – No planejamento aparecem três linhas: a) Planejamento de qualidade total – é o que mais dá continuidade ao desenvolvimento, é o que mais apresenta caráter conservador. Parte da premissa de que o mundo é um processo econômico. È uma dessas coisas comuns da sociedade pela qual as instituições organizam um discurso com uma tendência e vivem sem percebe-lo. b) Planejamento estratégico – está vinculado a um processo de compreensão da necessidade de rever fins para os quais esta gastando energia. A questão da qualidade e participação estão contempladas neste modelo. c) Planejamento participativo – Parte de uma idéia de que nossa realidade é injusta e de que essa injustiça se deve à falta de participação de todos nos níveis e aspectos de atividade humana. Para a construção de uma sociedade nova, mais justa, com superação de crise, só acontece se passar pela participação de todos. 31 Avaliação Educacional A função essencial do planejamento é transformar a realidade numa direção escolhida. ‘’O bom plano é aquele que se amolda dialeticamente ao real, transformando-o.’’ (FUSARI,1984, p. 35) O planejamento só tem sentido quando colocado numa perspectiva de mudança. Por isso ‘’não há dúvidas de que planejar significa transformar, revolucionar. Só consegue seus objetivos quem realmente assume um processo de planejamento.’’ (DALMÁS,2008, p. 25). A ideia de avaliar, não só para medir mudanças comportamentais, mas também a aprendizagem, portanto para quantificar resultados, encontra-se apoiada na racionalidade instrumental preconizada pelo Positivismo. Coerente com essa visão de quantificação de resultados, a avaliação é conceituada como a sistemática de dados por meio da qual se determinam as mudanças de comportamento do aluno e em que medida estas mudanças ocorrem (Bloom et al., 1975, p. 23). Portanto, ela visa a comprovar o rendimento do aluno com base nos objetivos (comportamentos) predefinidos e, desse modo, a avaliação é reduzida à medida e separa o processo de ensino de seu resultado (Caldeira, 2000, p. 23). O termo “contínua” também é uma referência para o número de instrumentos de verificação que complementam essa observação. Uma ou duas provas parecem recursos insuficientes para a avaliação discente. Fazer a média entre estes dois instrumentos, aplicados no final do primeiro e do segundo mês dos bimestres, equivale a ensinar aos alunos que todo o resto (a interação nas aulas, a realização de exercícios, as respostas às questões orais do professor…) não vale coisa alguma. Distribuir a avaliação em diversos instrumentos de medida, para além das provas, e incluir a observação diária, senão para obter notas, como registro qualitativo do processo, são maneiras de realizar uma avaliação contínua. Fica claro que o processo da avaliação adquire finalidades que vão além da promoção ou reprovação dos alunos, e se dirigem para os cuidados de uma educação integral. 32 Avaliação Educacional Planejamento e realidade é um dos principais fundamentos da avaliação. Após sua leitura nesta unidade elabore uma síntese comentado os pontos de visão entre a realidade desejada e executada? O planejamento só tem sentido quando colocado numa perspectiva de mudança. Por isso não há dúvidas de que planejar significa transformar, revolucionar. Só consegue seus objetivos quem realmente assume um processo de planejamento.’’ (DALMÁS,2008, p. 25). Apresente sua opinião sobre o que o autor fala de transformar e revolucionar. 33 Avaliação Educacional UNIDADE 04 AVALIAR E PLANEJAR 34 Avaliação Educacional 4. AVALIAR O termo avaliação nos remete automaticamente ao processo de ensino e aprendizagem porque se constituem em articulações indissociáveis e inquietantes na práxis pedagógica dos docentes. Tal momento de avaliar a aprendizagem do aluno não deve ser o ponto de chegada, mas uma oportunidade de parar e observar se a caminhada está ocorrendo com a qualidade previamente estabelecida para esse processo de ensino e aprendizagem para retomar a prática pedagógica de forma mais adequada, uma vez que o objeto da ação avaliativa, no caso a aprendizagem, é dinâmico, e, com a função classificatória, a avaliação não auxilia o avanço e o crescimento para a autonomia. (LUCKESI, 2005). Visão tradicional – aluno passivo; professorcomo detentor e transmissor do saber; objetivo: recepção e retenção dos conteúdos da aprendizagem, sem criticidade da realidade que o cerca. Visão atual – aluno ativo; professor mediador; ênfase na exploração e na descoberta; objetivo: apropriação e compreensão dos conteúdos das aprendizagens e no desenvolvimento do raciocínio e do pensamento. Gasparin (2005) destaca também que a avaliação da aprendizagem na concepção dialética do conhecimento, é a manifestação de quanto o aluno se apropriou das soluções para a resolução dos problemas e das questões levantadas, ou seja, do conhecimento adquirido. Sendo a avaliação uma das etapas da atividade escolar, é necessário que esteja sintonizada com a finalidade do processo ensino e aprendizagem e como possibilidade de perceber nos sujeitos escolares suas fragilidades, seus avanços e desta forma, mediar o processo de apropriação do conhecimento e consequentemente, com a função social da escola que é a de promover o acesso aos conhecimentos socialmente produzidos pela humanidade a fim de possibilitar ao aluno condições de emancipação humana. Deste modo, a educação ofertada pela instituição escolar deve possibilitar o processo dialético de trabalho pedagógico para formar alunos autônomos em 35 Avaliação Educacional sua aprendizagem e em seu desenvolvimento humano, produtores de conhecimento crítico e significativo, conscientes e compromissados com a melhoria do seu meio social. O ato de avaliar importa coleta, análise e síntese dos dados, que são objeto da avaliação acrescidos de um juízo de valor ou qualidade. A avaliação, diferentemente da verificação, envolve decisão sobre o que fazer ante ou com o objeto avaliado. Avaliar – a valere : dar valor (Quantitativa) Verificar – verum facere : fazer verdadeiro (Qualitativa) O ato de avaliar é pontual, não inclui processo, geralmente tem hora e data marcada no calendário, consiste basicamente em um processo seletivo e classificatório onde a aprendizagem do aluno é submetida a testes e provas que verificam se o aluno “gravou” ou não tudo aquilo que o professor expôs em aula. O processo de avaliação da aprendizagem deve ser praticado com esta perspectiva dialética do conhecimento, mas os critérios e procedimentos de avaliação muitas vezes não condizem com a realidade vivida pelo aluno no processo de construção do conhecimento, levando-o ao fracasso escolar. Vasconcellos (2005) propõe que o papel que se espera da escola é que possa colaborar com a formação do cidadão pela mediação do conhecimento científico, estético, filosófico. Para o autor, Os alunos, desde cedo, precisariam ser orientados para dar um sentido ao estudo; [...] na tríplice articulação entre compreender o mundo em que vivemos, usufruir do patrimônio acumulado pela humanidade e transformar este mundo, qual seja, colocar este conhecimento a serviço da construção de um mundo melhor, mais justo e solidário (p.69). Hoffmann (1994) explica que a contradição entre o discurso e a prática de alguns educadores e sua ação classificatória e autoritária exercida, encontra explicação na concepção de avaliação do educador, reflexo de sua história de vida como aluno e como professor. Muitos professores reproduzem em sua prática pedagógica em sala de aula, influências de sua formação desenvolvida numa visão tradicional e classificatória da avaliação. 36 Avaliação Educacional 4.1 Atitude do professor • Coletar, analisar e sintetizar, da forma mais objetiva possível, as manifestações das condutas cognitivas, afetivas e psicomotoras dos educandos, produzindo configuração do efetivamente aprendido. • Atribuir uma qualidade a esta configuração da aprendizagem a partir de um padrão preestabelecido; • Tomar decisão sobre condutas discentes e docentes a serem seguidas, tendo em vista o que for necessário, como: reorientação imediata da aprendizagem ( caso sua qualidade se mostre insatisfatória e o conteúdo seja de vital importância) ou encaminhamento para passos subsequentes de aprendizagem ( caso os educandos atinjam um nível satisfatório de qualidade). Reafirmando ideias: 4.2 A Avaliação • Não é pontual, é diagnóstica, inclusiva, democrática e dialógica. • Examinar e avaliar são práticas completamente diferentes. • Avaliar significa subsidiar a construção do melhor resultado possível e não pura e simplesmente aprovar ou reprovar alguma coisa. Os exames, através das provas, engessam a aprendizagem; a avaliação a constrói fluidamente. • O ato de avaliar a aprendizagem implica em acompanhamento e reorientação permanente da aprendizagem. Segundo Vasconcellos (2005), deve-se avaliar para mudar o que tem que ser mudado. A avaliação deve ter efeito prático, ou seja, para o professor mudar a forma de trabalhar retomando conteúdos, explicando de outra maneira, mudando a forma de organizar o trabalho em sala de aula e dar atenção especial aos alunos que apresentam maior dificuldade; quanto à escola, proporcionar mais condições de estudo, criar espaço para recuperação, rever o currículo, incentivar a integração entre professores e desenvolver sempre alternativas para melhoria do processo de ensino e aprendizagem, envolvendo o coletivo escolar. 37 Avaliação Educacional 4.3 Avaliação X Resistência a Mudanças São três as principais razões da resistência dos professores com relação às mudanças: A Psicológica (biográfica, pessoal) tem a ver com o fato de que os educadores e as educadoras foram educados assim. Repete automaticamente, em sua prática educativa, o que aconteceu com eles. A Histórica, decorrente da própria história da educação. Os exames escolares que praticamos hoje foram sistematizados no século XVI pelas pedagogias jesuíticas e camoniana. Somos herdeiros desses modelos pedagógicos, quase que de forma linear. A Atual, uma vez que vivemos hoje num modelo de sociedade excludente e os exames expressam e reproduzem esse modelo de sociedade. Trabalhar com avaliação implica em ter um olhar de inclusão, mas a sociedade é excludente. Daí uma das razões das dificuldades em mudar. Mudar a concepção de avaliação para desenvolver uma prática avaliativa mediadora O professor necessita de compreender o que é avaliar e, ao mesmo tempo, praticar essa compreensão no cotidiano escolar. Repetir conceitos de avaliação é uma atitude simples e banal; o difícil é praticar a avaliação. Isso exige mudanças internas do educador e do sistema de ensino. Ao abordar as concepções pedagógicas que permeiam a avaliação no contexto escolar, pudemos verificar, inicialmente, que avaliar e examinar se equivalem. Esteban (2004, p. 86) declara: embora muito criticada, a avaliação do desempenho escolar, como resultado do exame que o professor ou professora realiza sobre o aluno ou aluna, ainda é predominante. Observa- se também que avaliar tem-se confundido com a possibilidade de medir a quantidade de conhecimentos adquiridos pelos alunos e alunas, considerando o que foi ensinado pelo professor ou professora. Nesse sentido, Gatti (2003) afirma: É preciso ter presente, também, que medir é diferente de avaliar. Ao medirmos um fenômeno por intermédio de uma escala, de provas, de testes, de instrumentos calibrados ou por uma classificação ou categorização, apenas 38 Avaliação Educacional estamos levantando dados sobre uma grandeza do fenômeno. (...) Mas, a partir das medidas, para termos uma avaliação é preciso que se construa o significado dessas grandezas em relação ao que está sendo analisado quando considerado com um todo, em suas relações com outros fenômenos, suas características historicamente consideradas, o contexto de sua manifestação, dentro dos objetivos e metas definidos para o processo de avaliação, considerando os valores sociais envolvidos. (p. 110) Fonte: https://bloguniversidadelivrepampedia.com4.2.1 PLANEJAR Planejar consiste em um ato conjunto de diálogos participativos, momento de expor as ideias e ideais em uma tomada de decisão, criar um plano para otimizar o alcance de um determinado objetivo. No contexto educacional, planejar se refere ao planejamento que será executado na prática e no dia a dia das instituições de ensino. O planejamento de um sistema educacional é feito em nível sistêmico, isto é, em nível nacional, estadual e municipal. Consiste no processo de análise e reflexão das várias facetas de um sistema educacional, para delimitar suas dificuldades e prever alternativas de solução. O planejamento de https://bloguniversidadelivrepampedia.com/ 39 Avaliação Educacional um sistema educacional reflete a política de educação adotada (HAYDT, 2006, p. 95). O planejamento escolar engloba o processo de reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição. “É um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social”. (LIBÂNEO, 1992, p. 221). 4.2.2 Tipos e Níveis de Planejamento Não se pretende, aqui, explorar e esgotar todos os tipos e níveis de planejamento, mesmo porque, como aponta Gandin (2001, p. 83), é impossível enumerar todos tipos e níveis de planejamento necessários à atividade humana. Vamos nos deter, então, nos que são essenciais para a educação: Planejamento Educacional – também denominado Planejamento do Sistema de Educação, “[...] é o de maior abrangência, correspondendo ao planejamento que é feito em nível nacional, estadual ou municipal. Incorpora e reflete as grandes políticas educacionais. (VASCONCELLOS, 2000, p.95). Planejamento Escolar ou Planejamento da Escola – atividade que envolve o processo de reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição. "É um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social." (LIBÂNEO, 1992, p. 221). Planejamento Curricular – é o "[...] processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É previsão sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno. Portanto, essa modalidade de planejar constitui um instrumento que orienta a ação educativa na escola, pois a preocupação é com a proposta geral das experiências de aprendizagem 40 Avaliação Educacional que a escola deve oferecer ao estudante, através dos diversos componentes curriculares." (VASCONCELLOS, 1995, p. 56). Planejamento de Ensino – é o "[...] processo de decisão sobre a atuação concreta dos professores no cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo as ações e situações em constante interações entre professor e alunos e entre os próprios alunos." (PADILHA, 2001, p. 33). 4.2.3 Plano é um documento utilizado para o registro de decisões do tipo: Para existir plano é necessária a discussão (planejamento) sobre fins e objetivos, culminando com a definição dos mesmos, pois somente desse modo é que se pode responder as questões indicadas acima. Segundo Padilha (2001), o plano é a "apresentação sistematizada e justificada das decisões tomadas relativas à ação a realizar." Plano tem a conotação de produto do É importante esclarecer que do planejamento resultar á o plano. Ficou confuso? Vamos esclarecer! O QUE SE PENSA FAZER COMO FAZER QUANDO FAZER COM QUE FAZER COM QUEM FAZER 41 Avaliação Educacional planejamento. Ele é na verdade um guia com a função de orientar a prática, é a formalização do processo de planejar. Dentro da categoria plano, devemos, ainda, dar uma atenção especial ao plano global da instituição: o PPP - Projeto Político-Pedagógico que é também um produto do planejamento. A sua construção deve envolver e articular todos os que participam da realidade escolar: corpo docente, discente e comunidade. Segundo Vasconcellos (1995, p.143), "[...] é um instrumento teórico- metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita resinificar a ação de todos os agentes da instituição." No planejamento escolar podemos incluir o PPP da escola. O planejamento do ano letivo, por exemplo, constitui um momento privilegiado para a reflexão coletiva sobre as ações no interior da escola e de integração da equipe de trabalho. Ele dá um suporte à elaboração, ao desenvolvimento e à avaliação de planos de ensino e ao preparo de aulas. Traduz-se em uma atitude ou instrumentos a vivência do trabalho pedagógico, possibilitando ou antecipando possibilidades para a construção de projeto educacional. Planejamento de ensino é o processo de decisão sobre atuação concreta dos professores no cotidiano de seu trabalho pedagógico. Envolvem as ações e situações em constantes interações entre professor e alunos e entre os próprios alunos. (PADILHA, 2001). Esse nível de planejamento trata da estruturação/organização das atividades do professor em relação ao ensino e ao que se espera da aprendizagem do aluno. É a elaboração intencional de estratégias que atuam no contexto das situações de ensino aprendizagem. 42 Avaliação Educacional 4.2.4 No planejamento de ensino, podemos destacar: o plano de curso e o plano de aula. » Plano de curso: é a organização de um conjunto de disciplinas e suas especificidades que serão desenvolvidas, em dada instituição educacional, durante o período de duração de um determinado curso. Segundo Vasconcellos (1995, p. 117), esse tipo de plano é a “sistematização da proposta geral de trabalho do professor naquela determinada disciplina ou área de estudo, numa dada realidade”. » Plano de ensino: o plano de ensino prevê um “plano da aula” específico. O plano de aula surge a partir da organização do plano de curso ou do projeto pedagógico a ser desenvolvido com o grupo de alunos. Ele operacionaliza a ação pedagógica e escolar, em que o professor prevê todos os elementos que são essenciais, tais como objetivos, metodologia, recursos estratégias, critérios de avaliação e cronograma de execução. Estas ações, nas escolas, podem ser desenvolvidas por meio de várias modalidades de intervenção pedagógica, dependendo da proposta da escola, que por sua vez dependerá da concepção de educação prevista no projeto político pedagógico. No seu plano de ensino, o professor irá definir a forma de organização do trabalho pedagógico, que veremos mais adiante. O plano de ensino é diferente de projeto de ensino ou projeto de trabalho. Pensando nesta diferença é importante saber elaborar um plano de ensino. » Projeto Político Pedagógico: é o planejamento geral que envolve o processo de reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição. É um processo de organização e coordenação da ação dos professores. Ele articula a atividade escolar e o contexto social da escola. É o planejamento que define os fins do trabalho pedagógico. (MEC, 2006) » Plano de Aula: é a sequência de tudo o que vai ser desenvolvido em um dia letivo. (“...) É a sistematização de todas as atividades que se desenvolvem no 43 Avaliação Educacional período de tempo em que o professor e o aluno interagem, numa dinâmica de ensino-aprendizagem.” (PILETTI, 2001, p.73) Os conceitos apresentados têm por objetivo mostrar para o professor a importância, a funcionalidade e principalmente a relação íntima existente entre essastipologias. Segundo Fusari (2008, p.45), “Apesar de os educadores em geral utilizarem, no cotidiano do trabalho, os termos “planejamento’’ e “plano” como sinônimos, estes não o são. ” Segundo Libâneo (1991), o plano é um guia de orientações, pois nele são estabelecidos as diretrizes e os meios de realização do trabalho docente. Como a sua função é orientar a prática, ele não pode ser um documento rígido e complexo, pois uma das características do processo de ensino é estar em constante movimento, sofrendo modificações cotidianamente. O plano de ensino é um roteiro organizado das unidades didáticas para um ano ou semestre. É denominado também de plano de curso, plano anual, plano de unidades didáticas e contém os seguintes componentes: ementa da disciplina, justificativa da disciplina em relação ao objetivos gerais da escola e do curso; objetivos gerais; objetivos específicos, conteúdo (com a divisão temática de cada unidade); tempo provável (número de aulas do período de abrangência do plano); desenvolvimento metodológico (métodos e técnicas pedagógicas específicas da disciplina); recursos tecnológicos; formas de avaliação e referencial teórico (livros, documentos, sites, etc.). Exemplo: Ementa: É uma descrição discursiva que resume o conteúdo conceitual ou conceitual/procedimental de uma disciplina. Justificativa: A justificativa deverá responder a três questões básicas do processo didático: o por quê? O para quê e o como. 44 Avaliação Educacional Objetivos: É a descrição clara do que se pretende alcançar como resultado da nossa atividade. Os objetivos nascem da própria situação: da comunidade, da família, da escola, da disciplina, do professor e principalmente do aluno. Os objetivos, portanto, são sempre do aluno e para o aluno. Os objetivos educacionais ou gerais são as metas e os valores mais amplos que a escola procura atingir a longo prazo, e os objetivos instrucionais, também chamados de específicos, são proposições mais específicas referentes às mudanças comportamentais esperadas para um determinado grupo-classe. Conteúdo: Refere-se à organização do conhecimento em si, com base nas suas próprias regras. Abrange também as experiências educativas no campo do conhecimento, devidamente selecionadas e organizadas pela escola. O conteúdo é um instrumento básico para poder atingir os objetivos. PREPARAR ACOMPANHAR PLANEJAR REVISAR 45 Avaliação Educacional 4.3.1.0 PLANEJAMENTO DE AULA OU PLANO DE AULA A forma predominante de organização didática do processo de ensino é a aula. É na aula que ocorre a organização e criação de situações docentes, isto é, as condições e meios necessários para que os alunos assimilem ativamente conhecimentos, habilidades e desenvolvam suas capacidades cognoscitivas. O plano de aula é o plano de ensino em uma visão mais detalhada, as unidades e subunidades que antes haviam sido previstos em linhas de forma geral, agora aparecem mais especificadas e sistematizadas para a realidade. Isso se torna uma tarefa indispensável, tal como o plano de ensino, que devem resultar em um documento escrito que será pata apoio das ações do cotidiano dos professores, assim como também para possibilitar as revisões e melhora de ano para ano. Uma elaboração de plano de aula, deve levar em consideração que a aula é um período de tempo variável, ou seja, dificilmente completaremos em uma só aula todo o desenvolvimento de uma unidade programada, levamos também em consideração a absorção e acompanhamento da turma e dos alunos em particularidade. Contando que uma aula deve haver as seguintes fases: Preparação e apresentação dos objetivos, conteúdos e tarefas. Desenvolvimento da matéria nova. A fixação, exercícios, revisão e sistematização. Aplicação da síntese. Avaliação. Isso quer dizer que dizer que não devemos preparar uma aula, mas sim um conjunto de aulas. 46 Avaliação Educacional Para exemplificar, veremos um modelo de plano de aula.: Fonte: https://aosmestredaeducacao.blogspot.com/2012/05/plano-de-aula-modelo-de-jose-carlos.html https://aosmestredaeducacao.blogspot.com/2012/05/plano-de-aula-modelo-de-jose-carlos.html 47 Avaliação Educacional http://images.comunidades.net/mos/mosqueteirasliterarias/investimento_educacao_debate_eed_entrevista_2.jpeg Escolha uma disciplina de sua afinidade e elabore um plano de curso. Utilize o exemplo desta unidade como modelo. Planejamento de ensino é o "[...] processo de decisão sobre a atuação concreta dos professores no cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo as ações e situações em constante interações entre professor e alunos e entre os próprios alunos." (PADILHA, 2001, p. 33). Comente sobre a atuação docente que não utiliza o planejamento de ensino. http://images.comunidades.net/mos/mosqueteirasliterarias/investimento_educacao_debate_eed_entrevista_2.jpeg 48 Avaliação Educacional 1. UNIDADE 05 CONSTRUÇÃO DA CULTURA AVALIATIVA MEDIADORA FONTE: http://oenem.com.br 49 Avaliação Educacional 5.1 CONSTRUÇÃO DA CULTURA AVALIATIVA MEDIADORA Para desenvolver uma cultura da avaliação mediadora os educadores e a escola necessitam de praticar essa forma avaliativa e essa prática realimentará novos estudos e aprofundamentos de tal modo que um novo entendimento e um novo modo de ser vai emergindo dentro do espaço escolar. O que vai dar suporte à mudança é a prática refletida, investigada. O futuro da prática da avaliação da aprendizagem no país é aprendermos a praticá-la tanto do ponto de vista individual de nós educadores, assim como do ponto de vista do sistema e dos sistemas de ensino. Avaliação não virá por decreto, emergirá solidamente da prática dos educadores. Diferenças entre medir (examinar) e AVALIAR Medir: • Verificação QUANTITATIVA da extensão dos conteúdos adquiridos pelo aluno; • Verificação momentânea. Avaliar: • Verificação, tanto QUANTITATIVA como QUALITATIVA, ou apenas QUALITATIVA do aluno como um todo (aspectos cognitivos, sócioafetivos e psicomotores); • Medida + Juízo de valores; • Tem caráter subjetivo; • É contínua; • Mais abrangente do que a medida. 50 Avaliação Educacional 5.2 Funções da Avaliação • Selecionar A seleção possibilita a escolha do melhor método a ser utilizado para a aprendizagem dos diferentes conteúdos ou tarefas requeridas para sua realização. • Diagnosticar O diagnóstico permite julgar a causa provável (certa ou hipotética) de um problema de aprendizagem ocorrido, e definir o melhor procedimento para superação. • Antecipar A avaliação antecipatória possibilita orientar para uma certa direção ou meta buscada. Isto é, define as regras de um jogo, dá as coordenadas, antecipa problemas, fornece parâmetros para a boa realização de algo que se deseja alcançar. • Orientar Orientar significa: direcionar, nortear, ajustar-se ou voltar-se para uma certa direção, conduzir. Na avaliação como orientação, avaliar e intervir ocorrem simultaneamente, de modo relacional e não causal. • Certificar Certificação é o momento em que se recebe “algo” (uma confirmação) que indica que se completou minimamente certa exigência. • Regular 51 Avaliação Educacional A função da avaliação como regulação é permitir uma avaliação formativa ou contínua. Ela informa e permite corrigir, antecipar e confirmar o que está acontecendo no processo / na direção pretendida. Essas funções atuam de forma interdependente, não podendo ser consideradasisoladamente. A função pedagógico-didática está referida aos próprios objetivos do processo de ensino e diretamente vinculada às funções de diagnóstico e de controle. A função diagnóstica se torna esvaziada se não estiver referida à função pedagógicodidática e se não for suprida de dados e alimentada pelo acompanhamento do processo de ensino que ocorre na função de controle. A função de controle, sem a função de diagnóstico e sem seu significado pedagógico didático, fica restrita à simples tarefa de atribuição de notas e classificação. 5.2.0 Os 10 critérios da Mediação A aprendizagem mediada é um segundo tipo de aprendizagem, é indispensável para assegurar um aprendizado efetivo. Feuerstein, em uma formula criada por Piaget, inclui o homem como mediador entre o mundo de estimulos, o organismo e a resposta, ao desenvolver a formula de Piaget, 52 Avaliação Educacional sua nove para a aprendizagem mediada se torna S-H-O-H-R, onde o H representa o mediador homem. Por sua vez, o mediador é aquele que se interpõe entre o organismo que aprende, e o mundo dos estimulos, servindo como uma pomte de intergligação dos dois. ‘’Quando uma criança não interage efetivamente com o ambiente ou experimenta dificuldades na aprendizagem, desenvolve o que Feuerstein chama de dedo em riste: o dedo indicador é apontado em direção a criança mostrando que a falha ou o problema esta rigidamente fixado nele. Na mediação, entretanto, a aprendizagem é uma interação da criança com um mediador, assim o dedo aponta para ambas direções.’’ (APRENDIZAGEM MEDIADA, p., 19). A seguir estudaremos cada um dos dez critérios da mediação. 5.2.1 INTENCIONALIDADE E RECIPROCIDADE O processo de ensino e aprendizagem não pode acontecer de uma forma “amadora”. Para planejar suas atividades de docência, o docente deve ter a intencionalidade, já premeditando qual direção a ser seguida, qual ação a ser executada. A partir da intencionalidade o mediador orienta premeditadamente a interação numa direção escolhida, selecionando, moldando e interpretando estímulo específico. Já a reciprocidade ocorre quando existem respostas do mediado e uma indicação de que ele está receptivo e envolvido no processo de aprendizagem. Nas ocorrências em sala de aula, podem existir alguns obstáculos quanto a intencionalidade e a reciprocidade, como por exemplo, o professor pode esperar que o aluno inicie uma interação, acreditando que não é importante iniciar a interação do estimulo com o aluno. 53 Avaliação Educacional Os principais elementos que influenciam e que estão ligados a intencionalidade e reciprocidade são: 1. O mediador, cuja linguagem, ritmo e gestual podem ser variados para destacar a intencionalidade. 2. O mediado, cujo foco de sua atenção, nível de interesse, disponibilização e interação afetam diretamente a reciprocidade. 3. O estimulo, que pode ser variado em termos de amplitude, modalidade, repetição, etc.…, com intenção de ampliar a intencionalidade e a reciprocidade. 5.2.2 SIGNIFICADO A mediação do significado ocorre quando o mediador traz significado e finalidade a uma atividade. O mediador explicita o significado de determinada atividade, imprimindo valor nesta, tornando-a relevante para o mediado. É como se o mediador desse a chave para a compreensão do significado do estímulo. A mediação do significado, abre e interpreta o contexto cultural no qual o mediado está situado. O significado é mediado tanto no nível cognitivo (intelectual) quanto no afetivo (emocional): ■ valores e crenças são comunicados no nível cognitivo; ■ energia e entusiasmo são comunicados no nível afetivo. Em casa Uma pessoa que esteja cuidando da criança media a intencionalidade e a reciprocidade quando prepara o seu banho abrindo a água e ajudando-a a se vestir. A pessoa media a significação encorajando a ter prazer com a água e 54 Avaliação Educacional oferecendo os motivos para aquela experiência. Dessa forma, a pessoa ajuda a criança a se divertir com a atividade e a compreender seu significado. Em resposta aos críticos que perguntam se é certo o mediador impor seus valores ao mediado, Feuerstein responde com a pergunta sobre se é certo não o fazer. Considere o seguinte: ■ quando uma mãe dá significado a tudo que faz, a criança começa a desejar e a precisar de significado em todos os aspectos da vida; ■ o processo de dar significado estimula a criança a fazer perguntas e a estabelecer a base para prospecções mais profundas, para futuros desafios e para a possível rejeição daquele significado; ■ sem uma firme compreensão de seu ambiente, uma criança não terá a força necessária para responder a ele - para aceitá-lo ou para transformá-lo; ■ sem mediação do significado, a criança é privada do acesso a estímulos enriquecidos cognitiva e afetivamente. Por esses motivos, Feuerstein acredita que é direito de todo mediado receber experiências de aprendizagem mediada e que é dever do mediador proporcioná-las. Embora os mediadores possam optar por não impor conscientemente seus valores ao mediado, é inevitável que isso ocorra em alguma extensão. Nenhuma situação está totalmente livre de valores. Entretanto, se a mediação do significado não for explícita, a capacidade do mediado de perceber significado como valor e de avaliar criticamente as situações ficará reduzida. "O significado é o princípio energético e emocional que exige do mediador a garantia de que o estímulo que está apresentando atinge a criança. É a agulha que passa a linha pelo tecido."(H. Sharron.) 55 Avaliação Educacional 5.2.3 TRANSCEDÊNCIA A transcendência acontece quando uma interação vai além da necessidade direta e imediata, consequentemente ampliando e diversificando o sistema de necessidades do mediado. O mediador, por meio da transcendência, incentiva que o mediado consiga ligar uma atividade específica com outras. Por meio da transcendência há o desenvolvimento do pensamento reflexivo, da formação de relações entre as coisas, aquisição de princípios, conceitos ou estratégias que podem ser generalizados para situações além do problema. Lembre-se, a mediação da transcendência envolve: ■ encontrar uma regra geral que se aplicam as situações correlatas; ■ ligar eventos no presente com eventos futuros e passados; ■ engajar-se num pensamento reflexivo para alcançar a compreensão do que está subjacente na situação; ■ pensar lateralmente sobre experiências e conclusões. 5.2.4 COMPETÊNCIA A partir da mediação da competência o mediador auxilia o mediado a ter autoconfiança para desenvolver as atividades, não focando somente no sucesso, mas principalmente possibilitando que o mediado, perceba que está 56 Avaliação Educacional tendo sucesso, tenha mais confiança em si mesmo e sinta-se encorajado por buscar realizar os objetivos. O mediador, ao mediar a competência, instiga em seu mediado uma boa postura mental, uma crença positiva em sua capacidade, a motivação para tentar, e a determinação para perseverar. ‘’Talvez a causa mais importante do sucesso ou da falha de uma pessoa no processo educativo tenha a ver com o que ela acredita acerca de si mesma’’. (Artur W. Combs) 5.2.5 AUTO-REGULAÇÃO E CONTROLE DO COMPORTAMENTO A mediação da Auto regulação e do Controle do Comportamento acontece quando o mediado passa a ter consciência de seu aprendizado e passa a se auto monitorar. A mediação da auto regulação e do controle do comportamento faz com que o aluno consiga pensar sobre sua própria forma de pensar (metacognição) e sobre seu comportamento. Esse critério de mediação, envolve ajudar a criança a analisar a tarefa para ajudar seu comportamento apropriadamente. Exemplificando,
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