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A Desconcentração e a Descentralização do Poder

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A Desconcentração e a Descentralização do Poder
No nível constitucional, toda competência administrativa estatal é concentrada e centralizada. A CF/88 atribui as competências administrativas às pessoas políticas:
· União;
· Estados;
· Distrito Federal; e
· Municípios, o que significa a sua centralização.
Os poderes de natureza administrativa são atribuídos, em grande parte, ao Chefe do Poder Executivo, o que significa a sua concentração num núcleo de poder interno a cada ente federado.
Mas a necessidade prática impõe a desconcentração das competências administrativas estatais. É materialmente impossível que o Chefe do Poder Executivo desempenhe todas as funções administrativas. Por isso, produz-se a criação de outros órgãos administrativos ao interno do ente político. São criados os Ministérios e outras repartições públicas.
Ademais, verificou-se que a simples desconcentração é insuficiente para assegurar a eficiência na gestão administrativa. Mais do que isso, o controle do poder torna desejável a criação de sujeitos dotados de personalidade jurídica autônoma. A criação dos entes da Administração indireta configura a descentralização do poder.
Pensando na vida real, sabemos que pessoas centralizadoras são aquelas que realizam as tarefas sem qualquer distribuição de parcela da atribuição a outras pessoas, ao passo que a descentralização pressupõe a existência de, pelo menos, duas pessoas distintas.
Na centralização administrativa é o próprio ente federativo quem age (a União, por exemplo). No caso, a União poderia agir por meio de um único órgão (centralização-concentrada) ou e dois ou mais órgãos (centralização-desconcentrada). No entanto, no campo administrativo, a atuação centralizada por meio de um único órgão (concentrada) é de aplicação teórica, haja vista as diversas atribuições constitucionais dos entes políticos.
Na atividade centralizada há órgãos públicos, os quais, ao fim, darão conta das tarefas de incumbência do Estado. A essa técnica administrativa tem se denominado DESCONCENTRAÇÃO, a qual para Maria Sylvia Zanella Di Pietro deve ser entendida como uma distribuição interna de competências, ou seja, uma distribuição de competências dentro da mesma pessoa jurídica.
Desconcentração (cria órgãos)
É uma técnica utilizada interna corporis, ou seja, ocorrida no interior de uma pessoa jurídica. Significa a repartição de funções, relacionadas à prestação de serviço público ou a demais atividades administrativas, entre vários órgãos da mesma pessoa jurídica e estrutura ou a criação, através de lei, de outro órgão na mesma pessoa jurídica e estrutura para o desempenho de atribuições preexistentes ou novas, sem que reste configurada qualquer autonomia.
Pode ser citada como exemplo a destinação de atribuição do nível central do Ministério da Fazenda para órgão da sua estrutura localizado em determinado Estado ou o desmembramento de atribuições de órgão superior para outros órgãos de hierarquia menor.
Observação:
Não há, quando se fala em desconcentração, criação de outra PJ nem atribuição de competência parra fora dos limites da mesma PJ.
Espécies de Desconcentração:
Territorial ou geográfica: é aquela em que as competências são repartidas entre as regiões onde cada órgão poderá atuar. Cada órgão público (repartição pública) terá substancialmente as mesmas atribuições dos demais, o que irá variar é apenas o âmbito geográfico de sua atuação.
Os tribunais Federais têm órgãos espalhados em Brasília, em Minas Gerais, no Piauí e no Acre. É a mesma PJ, no caso a União, só que as competências são realizadas por órgãos em bases geográficas distintas.
Exemplos:
· Subprefeituras; e
· Delegacias de Polícia
Material ou temática: ocorre uma repartição de competências em razão da especialização de cada órgão sobre certo assunto (tema e matéria tratados).
O Pode Executivo Federal pode ser desconcentrado em Ministérios (entre outros órgãos), como da Saúde, do Trabalho e Previdência Social, da Cultura, dos Transporte, logo, em diversas áreas temáticas.
Exemplo:
· Ministérios da União
Hierárquica ou funcional: utiliza como critério para distribuição de competência, observando-se o critério de subordinação e precedência hierárquica, fazendo-se distinção entre órgãos superiores e subalternos na estrutura administrativa.
A Secretaria da Saúde de Divinópolis (Minas Gerais) é órgão subordinado hierarquicamente à Prefeitura; ambos, por sua vez, são órgãos da mesma pessoa jurídica, no caso do Município. 
Exemplo:
· Tribunais administrativos em relação aos órgãos de primeira instancia
A multiplicação de órgãos públicos envolve um processo de desconcentração do poder. A criação de novos órgãos significa uma dissociação de competências, com atribuição de uma parcela do poder político-administrativo – originariamente concentrado no órgão constitucional – para outros órgãos, instituídos infraconstitucionalmente.
Há a transferência de atribuições no âmbito da Administração Pública do centro para setores periféricos dentro da mesma pessoa jurídica de modo a manter vinculação hierárquica. Pode ser citada como exemplo a destinação de atribuição do nível central do Ministério da Fazenda para órgão da sua estrutura localizado em determinado Estado ou o desmembramento de atribuições de órgão superior para outros órgãos de hierarquia menor.
Ou seja, não existe uma multiplicação de órgãos com competência idêntica e homogênea. Há uma especialização de funções.
ATENÇÃO: 
Nada obsta que os tipos de desconcentração acima sejam mesclados. Além disso, a desconcentração não elimina os vínculos hierárquicos. Deve ser ressaltado que o movimento inverso também pode acontecer, pois pessoas jurídicas detentoras de competência descentralizada podem ser extintas ou transformadas ocasionando a centralização da competência e órgãos podem ser extintos ou transformados gerando a concentração de competência.
Não existe uma multiplicação de órgãos com competência idêntica e homogênea. Há uma especialização de funções. Fácil constatar que os órgãos não são pessoas jurídicas, ao contrário disso, são partes de uma pessoa, tal como os órgãos do corpo humano.
Observação:
De acordo com MARÇAL JUSTEN FILHO, desconcentração é o fenômeno de ampliação quantitativa do número de titulares das competências e de redução qualitativa da intensidade e da extensão de suas atribuições. Ou seja, quanto maior o número de órgãos administrativos no âmbito de um sujeito, tanto menos concentrada são as competências, o que implica menor amplitude de atribuições para cada órgão.
Observação:
Não há, quando se fala em desconcentração, criação de outra PJ nem atribuição de competência parra fora dos limites da mesma PJ. Fácil constatar que os órgãos não são pessoas jurídicas, ao contrário disso, são partes de uma pessoa, tal como os órgãos do corpo humano.
Observação:
Existe desconcentração quando atividades são distribuídas de um centro para setores periféricos ou de escalões superiores para escalões inferiores, dentro da mesma entidade ou da mesma pessoa jurídica (diferente da descentralização, em que se transferem atividades a entes dotados de personalidade jurídica própria). As atribuições administrativas são outorgadas aos vários órgãos que compõem a hierarquia, criando-se uma relação de coordenação e subordinação entre uns e outros. Isso é feito para descongestionar, desconcentrar, tirar do centro um volume grande de atribuições, para permitir seu mais adequado e reacional desempenho. A desconcentração liga-se à hierarquia.
Descentralização (cria entidades)
O ente federativo não atua sozinho, repassando o exercício de parte de suas atribuições a outras pessoas, físicas ou jurídicas, conforme o caso.
Exemplo:
A emissão de moeda compete constitucionalmente à União. No entanto, no lugar de realizar a atribuição por meio de seus próprios órgãos (centralização), outorgou a competência ao Banco Central do Brasil.
Na desconcentração, há repartição de funções dentro da própria pessoa jurídica. Não há na descentralização relação de hierarquia ou de subordinação, o que existe é um laçode vinculação, de controle finalístico ou de supervisão ministerial.
Exemplo:
A autarquia federal Banco Central encontra-se vinculada ao Ministério da Fazenda; a fundação pública federal FUNASA está vinculada ao Ministério da Saúde; a sociedade de economia mista federal Companhia Docas do Estado de São Paulo é vinculada ao Ministério dos Transportes.
Há uma característica comum em todos os tipos de descentralização de atividades administrativas:
· O Estado atribui a outra pessoa, física ou jurídica, a possibilidade de realizar algo.
· Na descentralização haverá pelo menos duas pessoas envolvidas: o descentralizador e o descentralizado.
Note que, na desconcentração, não haverá a ampliação de titulares de atribuições, diversamente da descentralizada, em que novas pessoas se envolverão com as tarefas.
Observação:
A descentralização, nos termos do art. 6º do Decreto-Lei n. 200/67, tem natureza jurídica de princípio fundamental da organização administrativa. 
Ano: 2014 Banca: IBFC Órgão: TRE-AM Prova: IBFC - 2014 - TRE-AM - Analista Judiciário - Área Administrativa
Assinale a alternativa INCORRETA:
a) Desconcentração é fenômeno da distribuição interna de plexos de competências decisórias, agrupadas em unidades individualizadas.
b) Hierarquia é o vínculo de autoridade que une órgãos e agentes, através de escalões sucessivos numa relação de autoridade de superior a inferior.
c) Pela descentralização, embora existam dois entes personalizados, persiste o vínculo hierárquico entre a Administração Central e a pessoa estatal descentralizada.
d) A descentralização pressupõe pessoas jurídicas diversas: aquela que originariamente tem a titulação sobre certa atividade e outra que à qual foi atribuído o seu desempenho.
Não há subordinação hierárquica da pessoa estatal descentralizada com a Administração Central, cabendo a esta apenas o controle finalístico que visa manter a entidade criada no estrito cumprimento de suas finalidades. Alguns doutrinadores chamam esse controle finalístico de "supervisão ministerial.
DICA DA HORA
É comum de a vinculação da entidade da Administração Indireta dar-se com Ministérios. Essa, no entanto, é mais uma daquelas regras que comporta exceções. A Empresa Brasil de comunicação S.A (EBC) está vinculada à Casa Civil da Presidência da República (Lei n. 13.417/2017, nova redação ao art. 5º da Lei n. 11.652/2008). E a Empresa de Planejamento de Logística (EPL) está vinculada à Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos da Secretaria-Geral da Presidência da Republica (art. 20 da Lei n. 13.334/2016).
Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: Câmara dos Deputados Prova: CESPE - 2012 - Câmara dos Deputados - Todos os Cargos - Conhecimentos Básicos - exceto para Técnico em Material e Patrimônio
Acerca da organização administrativa, julgue o próximo item.
A desconcentração consiste na criação, pelo poder público, de uma pessoa jurídica de direito público ou privado com a atribuição de titularidade e execução de determinado serviço público.
Certo ou Errado
TOME NOTA
São princípios ligados ao processo de descentralização: 
Reserva legal (o procedimento de criação depende de lei específica);
Especialidade (a nova pessoa jurídica desempenha função específica e não genérica); e
Tutela (tais entidades são controladas pela Administração Central, num processo de vinculação e não subordinação).
A descentralização poderá ser:
Política (chamada de vertical)
Tem como base a CF/88. A característica fundamental é que o ente descentralizado exerce suas atribuições por meio de seu corpo legislativo.
Exemplo:
Deslocamento de uma competência para legislar da União para os Estados; dos Estados para os Municípios. Aqui o deslocamento ocorre de um ENTE POLÍTICO para outro ENTE POLÍTICO.
ATENÇÃO:
Não confunda com descentralização administrativa, em que a ADMINISTRAÇÃO DIRETA descentraliza para ente da ADMINISTRAÇÃO INDIRETA.
Administrativa (chamada de horizontal)
Segundo Mararia Sylvia Zanella Di Pietro, ocorre quando as atribuições que os entes exercem somente tem o valor jurídico que lhes empresta o ente central; suas atribuições não decorrem, com força própria, da CF/88.
Nessa situação, o que existe é a criação de entes personalizados, com poder de autoadministração, capacidade de gerir os próprios negócios, mas com subordinação a leis e regras impostas pelo ente central. Nada impede que ocorram, ao mesmo tempo, a descentralização política e administrativa.
Dessa forma, para a prestação de um serviço público que não pode mais ser prestado com eficiência diretamente pelo ente federado, cria-se uma nova pessoa jurídica dotada de autonomia administrativa, personalidade jurídica própria e sem relação hierárquica com o ente criador ou delega-se mediante convênio, contrato ou concessão a prestação.
A ausência de relação hierárquica não elimina as formas de controle relacionados à finalidade da descentralização. O controle finalístico (supervisão) é exercido sobre as entidades da Administração Pública indireta pelo órgão da Administração Pública direta que trata da matéria.
Exemplo:
O Ministério da Previdência Social exerce o controle finalístico (supervisão) sobre a autarquia INSSA. 
Hely Lopes Meirelles ilustra, que a descentralização administrativa pressupõe a existência de pessoa distinta do ente estatal, a qual, investida de poderes administrativos e de administração, exerce atividade de consecução de interesse público. A pessoa descentralizada age sempre em nome próprio, apesar da outorga legal do serviço público ou da atividade pelo ente central.
Tendo em vista o direito comparado, a descentralização administrativa admite as seguintes formas:
Descentralização territorial ou geográfica: ocorre com entidade local geograficamente delimitada, dotada de personalidade jurídica própria de direito público, sujeita ao controle central e com capacidade administrativa genérica para exercer a totalidade ou a maior parte dos encargos públicos de interesse da coletividade. Essa hipótese ocorre em Estados unitários como, por exemplo, França, Portugal, Itália, Espanha, Bélgica e no Brasil Império.
Observação:
Alguns doutrinadores admitem essa forma de descentralização no Brasil de hoje, para definir a situação dos territórios federais. Embora eles não integrem a Federação, tem personalidade jurídica de direito público, são geograficamente delimitados e possuem capacidade genérica, abrangendo serviços como saúde, justiça, segurança e outros. Nesse caso, eles não têm autonomia, em que pese o fato de gozarem de capacidade legislativa, o que não é comum em uma descentralização administrativa.
Observação:
Os extintos territórios federais. Alguns autores entendem não se tratar de descentralização, por não envolver diretamente a prestação de serviço público e sim a administração de área territorial com a prestação indireta ou mediata de serviço público.
ATENÇÃO:
Hoje não mais existem no Brasil os territórios, como foram os territórios de Roraima e Amapá (atuais Estado) e Fernando de Noronha (anexado ao Estado de Pernambuco). Contudo, há possibilidade de criação de novos territórios, por lei complementar federal, segundo estabelece o texto constitucional.
Os territórios integram a União, não sendo, portanto, integrantes da federação. Assim, territórios não são entes federativos ou políticos, mas sim meras entidades administrativas. Há aqueles que os classificam como autarquias da União.
Descentralização por serviços, funcional ou técnica: está relacionada à criação de uma determinada pessoa jurídica de direito público (autarquias e fundações públicas) ou direito privado pelo ente estatal, dotada de personalidade jurídica própria, capacidade de autoadministração, patrimônio e pessoal próprios, capacidade específica para a sua finalidade (princípio da especialização), sujeita ao controle ou tutela central. 
Exemplo:
A FUNASA (Fundação Nacional de Saúde) é pessoa jurídica de Direito Público (Fundação Pública), responsável pelo serviço público de saúde; ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) é pessoa jurídicade Direito Privado (empresa pública) e presta serviço público de correios.
No Brasil, a descentralização por serviços dá-se exclusivamente por lei. Por vezes, a lei, diretamente, cria entidade, correspondendo à figura das autarquias e das fundações públicas de Direito Público. Por outras, a lei autoriza a instituição, correspondendo às fundações públicas de direito privado, sociedades de economia mista e empresas públicas.
Com relação às empresas estatais (sociedades de economia mistas e empresas públicas), adianta-se que costumam ter dois campos de atuação:
1) Ora exploram atividades econômicas, em razão do que dispõe o art. 173 da CF/88;
2) Ora são prestadoras de serviços públicos, nos termos do art. 175 da CF/88.
No caso de atividades econômicas exploradas pelo Estado, não há que falar de descentralização funcional, uma vez que não há prestação de serviços públicos. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT é um exemplo de descentralização funcional ou por serviços, pois é prestadora de serviços públicos.
Para a doutrina brasileira, a titularidade dos serviços e atividades públicas não pode sair das mãos do Poder Público, só sendo possível essa transferência para as pessoas da Administração Indireta, mais especificamente as de direito público, como é o caso das autarquias e das fundações públicas, o que se define como outorga de serviços públicos, a qual depende de lei para sua realização.
Observação:
A doutrina brasileira é divergente ao definir a outorga da atividade administrativa. Parte dos estudiosos admite a outorga dos serviços públicos, isto é, transferência de sua titularidade e execução a todas as pessoas jurídicas da Administração Indireta, independentemente de serem elas de direito público ou de direito privado, admitindo, assim, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. No entanto, segundo a maioria dos autores, considerando o grande poder transferido em razão do deslocamento da titularidade do serviço, essa só poderá ocorrer com as pessoas jurídicas da Administração Indireta que estão sujeitas ao regime público, logo, às autarquias e às fundações públicas de direito público, não se admitindo a titularidade dos serviços públicos (que são deveres e obrigações do Estado) nas mãos de pessoas privadas, o que parece mais lógico.
Observação:
Maria Sylvia Zanella aduz, porém, que, em algumas hipóteses, a lei transfere a titularidade e a execução de determinados serviços públicos a pessoas jurídicas de direito privado criadas pelos entes.
É o que a doutrina brasileira denomina OUTORGA DE SERVIÇOS PÚBLICOS: A ADMINISTRAÇÃO DIRETA transfere às pessoas jurídicas de direito público por lei, tanto a titularidade quanto a execução do serviço – lembrando que, nesse caso, a titularidade do serviço não pode sair das mãos do Poder Público.
Descentralização por colaboração: ocorre quando a Administração transfere a execução de determinado serviço público à pessoa jurídica de direito privado previamente existente. Nessa hipótese, o Poder Público conserva a titularidade do serviço, podendo dispor sobre ele de acordo com o interesse público. O instrumento de formalização, via de regra, é um contrato administrativo, ato unilateral a depender do caso, nada impedindo que também ocorra por lei. Denomina-se delegação de serviços.
Observação:
Muitos doutrinadores defendem que a transferência de titularidade dos serviços e atividades, a qual se denomina outorga, só seria possível para as pessoas jurídicas da Administração Indireta regidas pelo direito público, como é o caso das autarquias e das fundações públicas de direito público. Sendo assim, para as empresas públicas e sociedades de economia mista, que são também pessoas que compõem a Administração Indireta – porém regidas pelo direito privado – a descentralização seria somente da execução dos serviços, feita mediante delegação formalizada por lei, conforme estabelece o art. 37, XIX da CF/88.
Assim, resumindo, no Brasil tem-se como regra a descentralização realizada por:
· OUTORGA:
· Transfere-se a titularidade e a execução dos serviços públicos 
· É exclusiva para as pessoas da Administração Indireta de direito público, portanto, as autarquias e as fundações públicas de direito público (o que se justifica porque a titularidade dos serviços não pode sair das mãos do Poder Público).
· Realizada por lei.
· DELEGAÇÃO:
· Transfere-se somente a execução dos serviços públicos
· Realiza-se por lei, às pessoas jurídicas da Administração Indireta de direito privado: às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às fundações públicas de direito privado.
· Por contrato administrativo ou atos administrativos, aos particulares, como ocorre nas concessões e permissões de serviços públicos.
Questão interessante surge quando o serviço público é descentralizado para empresas públicas e sociedades de economia mista que tem natureza de pessoas jurídicas de direito privado e como finalidade, na forma do art. 173 da CF/88, explorar atividade econômica e em paridade com os particulares para resguardar relevante interesse coletivo e imperativos de segurança nacional.
Não haverá transferência de titularidade do serviço público para as citadas pessoas estatais e, em regra, a descentralização será por delegação e não outorga. Contudo, existem leis que impõem a prestação de certos serviços públicos pelas empresas públicas e sociedades de economia mista.
Relações entre os dois fenômenos
A ≠ entre Concentração e Desconcentração leva em conta a quantidade de órgãos públicos encarregados do exercício das competências administrativas. Por outro lado, a ≠ entre centralização e descentralização baseia-se no número de pessoas jurídicas autônomas competentes para desempenhar tarefas públicas.
Em relação a via administrativa, pode se dizer que o Estado age, basicamente, de duas maneiras:
· Centralizada:
· Centralização concentrada (unipessoalidade mono-orgânica): quando a competência é exercida por uma única pessoa jurídica sem divisões internas. Seria o caso, improvável na prática, de uma entidade federativa que desempenhasse diretamente todas as suas competências sem divisão em órgãos públicos;
· Centralização desconcentrada (unipessoalidade pluriorgânica): a atribuição administrativa é cometida a uma única pessoa jurídica dividida internamente em diversos órgãos públicos. É o que ocorre, por exemplo, com as competências da União Federal exercidas pelos Ministérios.
· Descentralizada:
· Descentralização concentrada (multipessoalidade mono-orgânica): ocorre quando são atribuídas competências administrativas a pessoa jurídica autônoma sem divisões internas. Exemplo: autarquia sem órgãos internos;
· Descentralização desconcentrada (multipessoalidade pluriorgânica): é a situação surgida quando as competências administrativas são atribuídas a pessoa jurídica autônoma dividida em órgãos internos. Exemplo: autarquia estruturada internamente em diversos órgãos e repartições.
	Desconcentração
	Descentralização
	Competências atribuídas a órgãos públicos sem personalidade própria
	Competências atribuídas a entidades com personalidade jurídica autônoma
	O conjunto de órgãos forma a chamada Administração Pública Direta ou Centralizada
	O conjunto de entidades forma a chamada Administração Pública Indireta ou Descentralizada
	Órgãos não podem ser acionados diretamente perante o Poder Judiciário, com exceção de alguns órgãos dotados de capacidade processual especial
	Entidades descentralizadas respondem judicialmente pelos prejuízos causados a particulares
	Exemplos: Ministérios, Secretarias, Delegacias de Polícia, Delegacias da Receita Federal, Tribunais e Casas Legislativas
	Exemplos: Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista
QUESTÃO:
Qual a diferença entre a administração pública extroversa e administração pública introversa? 
Administração Pública extroversa é o conjunto de relações jurídicas externas entre o Poder Público e os administrados. A administração pública introversasignifica o complexo das vinculações internas envolvendo agentes públicos, órgãos estatais e entidades administrativas
O processo de desconcentração é possível dentro da descentralização?
É plenamente possível que ocorra a desconcentração em uma entidade descentralizada. A criação de uma autarquia é exemplo de descentralização administrativa, pois nasce uma nova entidade da Administração Indireta. Ao ser criar, no interior dessa autarquia, uma superintendência, uma gerencia ou uma diretoria, todas essas unidades serão órgãos criados na entidade, a qual, portanto, desconcentra a atividade.
Ano: 2012 Banca: ESAF Órgão: MI Prova: ESAF - 2012 - MI - Nível Superior - Conhecimentos Gerais
A doutrina pátria costuma classificar a prestação de serviços públicos entre concentrados e desconcentrados, centralizados e descentralizados. Tendo em conta tal classificação, é correto afirmar que o serviço público realizado por órgão com competência específica para tanto, integrante da estrutura de uma entidade que compõe a administração indireta titular de tal serviço, configura uma prestação de serviços
a) Descentralizada por colaboração.
b) Concentrada descentralizada.
c) Desconcentrada centralizada.
d) Concentrada centralizada.
e) Desconcentrada descentralizada.
Na desconcentração há um vínculo de hierarquia a unir os órgãos integrantes de um Poder, o que não acontecerá na descentralização administrativa. A relação entre o ente político e a entidade descentralizada é baseada noutros instrumentos, com a supervisão ministerial, no caso das entidades da Administração Indireta ligadas no Poder Executivo Federal.
A desconcentração não fratura a unidade administrativa da Administração Pública. Diferente disso, a repartição interna tem como efeito aproximar o Estado do real “cliente” de suas atividades: o cidadão. Com efeito, com a existência de mais órgãos, ao menos em tese o cidadão deverá ser atendido com maior adequação, uma vez que, muito provavelmente, possuirá uma proximidade maior com a instituição pública.
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PC-DF Prova: CESPE - 2013 - PC-DF - Escrivão de Polícia
Com relação à organização político-administrativa, julgue os itens que seguem.
Haverá descentralização administrativa quando, por lei, competências de um órgão central forem destacadas e transferidas a outras pessoas jurídicas estruturadas sob o regime do direito público ou sob a forma do direito privado.
Certo ou Errado
DescOncentração - Criam Órgãos Públicos > é uma técnica de distribuição interna de competências. Esses Órgãos não possuem Personalidade Jurídica Própria e possuem relação de subordinação e hierarquização. Denominando-se, assim, as chamadas Secretárias.
DescEntralização - Criam Entidades > essas entidades possuem Personalidade Jurídica Própria, podendo ser pública ou privada. Não possuem relação de hierarquia com os entes políticos que os criaram (Adm. Direta), possuindo apenas uma relação de vinculação, denominando-se ''supervisão ministerial'' ou ''controle finalístico'', formando, assim, a chamada Administração Indireta (Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públicas e por fim, as Sociedades de Economia Mista). Essa descentralização pode ser por OUTORGA (transfere a titularidade e a execução do serviço) ou por DELEGAÇÃO (transfere apenas a execução de determinado serviço)
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) Prova: CESPE - 2013 - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) - Analista Judiciário - Área Judiciária
Julgue os próximos itens, relativos à administração indireta e à descentralização administrativa.
A concessão de serviço público a particulares é classificada como descentralização administrativa por delegação ou por colaboração.
Certo ou Errado
A descentralização por colaboração ou delegação ocorre quando, por meio de contrato ou ato unilateral, o Estado transfere a execução de determinado serviço público a particulares, conservando o Poder Público a titularidade do serviço. Como o próprio nome sugere, na descentralização por colaboração o particular “colabora” com o Poder Público, executando o serviço que deveria ser por ele prestado. É o que ocorre nas concessões, permissões ou autorizações de serviços públicos, por exemplo, quando o Estado transfere, mediante contrato, a administração de rodovias e de aeroportos para a iniciativa privada.
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: MC Prova: CESPE - 2013 - MC - Atividade Técnica de Suporte - Direito
Com relação à organização administrativa, julgue os itens subsecutivos.
A realização de algumas funções do Estado por meio de outras pessoas jurídicas caracteriza a descentralização.
Certo ou Errado
Quando se fala em "pessoas Jurídicas” entende-se logo que é descentralização, porque a descentralização cria entidades com personalidade jurídica ñ órgãos, por isso a questão está correta!!!
ATENÇÃO:
A noção fundamental que distingue a centralização e descentralização é a de entidade. Nos termos do art. 1º, § 2º, II, da Lei n. 9.784/99, II - Entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica própria. Tendo personalidade autônoma, tais entidades respondem judicialmente pelos prejuízos causados por seus agentes públicos.
Concentração
É a técnica de cumprimento de competências administrativas por meio de órgãos públicos despersonalizados e sem divisões internas. Trata-se de situação raríssima, pois pressupõe a ausência completa de distribuição de tarefas entre repartições públicas internas.
A diferença entre concentração e desconcentração é baseada na noção de órgão público. Órgão público é um núcleo de competências estatais sem personalidade jurídica própria.

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