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Meningites, Encefalites e Abcessos cranianos Aula 03 Professor: Pedro Mota Aluno: Victor Crusoé Introdução No modulo passado, falamos das doenças vasculares do cérebro. Hoje, vamos falar das infeções do SNC que são doenças menos comuns. Ao longo da vida, é muito mais fácil você ver casos como AVE. Já na próxima aula, vamos falar das infecções das vias áreas superiores. Essas, sim, são bem comuns (laringite, faringite, traqueite, bronquite, pneumonia, tuberculose). No SNC as infecções são mais raras, pois ele é altamente protegido. Por fora, é protegido pela calota craniana e pelas meninges (dura-máter, aracnoide e pia-máter). E essa estrutura formada pelo cérebro impede que chegue algum tipo infecção, apesar disso algunas infecções chegam nessa conectividade. Já na parte de dentro, o que protege é a barreira hematoencefálica. Ela tem uma membrana base, além das células da glia quando a barreira hematoencefálica é vencida. O SNC é muito bem protegido, logo as infecções são raras. Meningites Em quadros de AVC é recomendado não mexer muito com o paciente, a não ser o caso da pressão arterial elevada. Já, as doenças no SN são casos graves e é preciso de um rápido diagnóstico e o paciente possa ter acesso ao tratamento também. É importante conhecer essas infecções, pois o paciente está entre a vida e a morte. A meningite o seu sufixo significa inflação, logo é inflamação das meninges. Inflamam a pia-máter, aracnoide e LCR. Ela tem diversas causas. A meningite viras que é benigna, muitas crianças apresentam, além de passarem despercebidas por parecem viroses inespecíficas. Esse mesmo padrão é comum nas meningites assépticas. Nas meningites bacterianas tem um risco alto e uma mortalidade alta se não tratada adequadamente. Outra forma de meningite é por microbateria, como o caso da bactéria da tuberculose que primeiramente afeta o pulmão, mas pode afetar pleura, pericárdio e até as meninges. E temos a meningite fungica que é ainda mais rara. Liana perguntou sobre esofagite com cândida que é a mesma coisa p para meningite com criptococos. O quadro clinico é muito parecido, mas é causado por um fungo. Não é comum em pessoas imunocompetentes, é muito mais comum em pessoas imunosupressas (fungica). Vale em mais em pacientes com HIV, mas, também, tem em quimioterapia, usuários de corticoides em doses altas. Todos pacientes imunosupressos podem ser sujeitos a essas infecções oportunistas. Outras condições não infeciosas podem fazer meningite: química, neoplásica, leucemia. Muitos pacientes fazem quimioterapia leucêmica pelo LCR para evitar propagação dessas células tumorais para meninge. Temos ainda hipersensibilidade e questões autoimune. São condições mais raras, as mais comuns são as de infeção. Quando atinge a meninge a gente chama de meningite. Quando passa atingir o parênquima que geralmente é uma continuidade a gente chama de meningoencefalite. Pode acontecer sozinho, mas é muito rara que seria denominado de encefalite. Meningites, Encefalites e Abcessos cranianos Aula 03 Professor: Pedro Mota Aluno: Victor Crusoé Os vírus causam bastante meningoencefalite, como os enterovirus, arbovirus, paramexovirus, herpes vírus (uma das formas mais graves e que é muito mais comum em pacientes imunosupressos) e o retrovírus (exemplo do HIV), além de bactérias como os da tuberculose podem causar meningoencefalite. Imagina quando a gente fala de meningoencefalite, a resposta inflamatória e a secreção purulenta está difusa por toda a meninge, cérebro e LCR, por isso que o diagnóstico é pela punção lombar. Quando se localiza na região subdural nós chamamos de hemisubdural, está restrita, sendo um pouco diferente a meningite. Está relacionada a traumas. Aqui estão as meninges a dura-máter, aracnoide e a pia-máter. E aqui temos a inflamação das meninges que a gente chama de meningite. Aqui temos uma epiema subdural, no caso da meningite é como se tivesse movimento difuso. No epiema, a infecção fica mais localizada naquela região. Meningite Viral Geralmente causada por enterovirus com disseminação hematogênica ou neuronal. Tem uma apresentação bifásica (tem a doença, melhora, volta a ter a doença). Tem uma evolução benigna em duas semanas. As vezes passa de maneira despercebida, é um paciente que tenha febre, cefaleia, pode ter vomito, não tem sintomas respiratórios nem digestórios e depois melhora. As vezes nem é preciso fazer punção lombar, pois ela se apresenta de uma forma tão branda que passa despercebida. Quando não dá para distinguir entre uma meningite bacteriana e viral a gente faz punção lombar. Tem um LCR bem límpido com a presença de linfócito e monócito. Contudo, a meningite com herpes ela é grave. O paciente já tem uma cefaleia aumentada, febre, rigidez de nuca. Tem uma mortalidade alta se não for tratada. Temos duas formas meningites virais, uma mais branda e outra mais grave. Clinicamente as vezes não para distinguir, o que dá para saber é que essa forma aqui é mais branda e mais leve. A meningoencefalite herpética é sempre de forma mais grave. Nesse caso, sempre se confundi com a bacteriana sendo necessário fazer a punção Meningites, Encefalites e Abcessos cranianos Aula 03 Professor: Pedro Mota Aluno: Victor Crusoé lombar. Depois ele vai comentar do diagnóstico da herpética que é complicado, pois tem que fazer o PCR, mas o serviço público não realiza. Outros vírus que podem causar a meningite: o vírus da caxumba (tem evolução benigna), o vírus do HIV pode causar meningite (vem um LCR de meningite viral, mas sem outros vírus/ o diagnostico pode ser difícil quando temos que comparar com o do herpes). Meningite Bacteriana Ele é sempre grave, tem uma mortalidade muito alta. Temos os Streptococcus pneumoniae (Pneumococo), Haemophilus influenzae e Neisseria meningitidis (meningococo). Nas crianças temos esses três tipos de bactéria, mas, também, temos a estreptococos do grupo B, temos a listeria monocytogenes (causa mais em criança e em idosos). O sistema imune de uma criança de e de um idoso não funciona tão bem quanto de um adulto. A meningite começa com a infecção de vias áreas superiores. É extremamente comum. Pode começar com uma síndrome febril inespecífica (tem febre, prostação, fraqueza) tendo uma característica de virose. A gente não conhece o agente etiológico. Contudo, pode começar com otite média com secreção, mastoidite (que decorre da otite), pode começar como uma pneumonia (o pneumococo sobe pela via hematogenica e causa meningite), ou de maneira direta a pessoa inala o meninigoco que já penetra no SN. Pessoas que tem contato com meningite meningocócica tem que fazer profilaxia. Clínica da Meningite É uma febre de início agudo, poucos dias, salvo a meningite de tuberculose o paciente fica com febre por 30 dias. A cefaleia que é holocraniana, vômitos em jato (vomito sem náusea), rigidez de nuca, mialgia, astenia, pode ter confusão mental principalmente na meningocencefalite herpética ou se não da evolução da doença. A tríade clássica é febre, rigidez de nuca e alteração do nível de consciência. A gente atende nos ambulatórios muitos pacientes com síndrome febril aguda. Muitos pacientes com febre e cefaleia. E febre, cefaleia e vomito. O desafio é reconhecer quais pacientes vamos suspeitar de meningite. Não é comum apresentação de problemas respiratórios. Meningite não dá tosse, diarreia, dor abdominal, jordano positivo, não dá disúria. Um paciente que está com febre, cefaleia e vomito a gente pressupõem que seja uma intoxicação alimentar. Aí temos que pesquisar a rigidez de nuca e se tiver febre, cefaleia e rebaixamento do nível de consciência não podemos deixar passar abatido. Rebaixou com febre tem que pensar em meningite. Meningites, Encefalites e Abcessos cranianos Aula 03 Professor: Pedro Mota Aluno:Victor Crusoé Sinais Brud: Levanta a cabeça perna vem junto. Ker: levanta a perna o paciente sente dor. Você tem que pedir para o paciente deixar a cabeça solta em sua mãe. Se você levanta a cabeça o paciente com meningite vai todo. Nem toda rigidez de nuca era meningite, as vezes pode ser um torcicolo Encefalites Cenário de forma cerebral difusa. Se for predomínio de meningite nas inflamações das meninges, como está muito fora o paciente não rebaixa muito. Quando tem encefalite ou meningoencefalite tem rebaixamento sensório. Você tem uma disfunção cerebral difusa. Tem alteração de consciência com letargia, confusão mental, pode ter convulsão, febre, cefaleia, vômitos e rigidez de nuca. A encefalite tem mais alteração de consciência do que meningite. Convulsão não é tão comum, mas acontece. Algumas infecções do SN trazem como convulsão como apresentação inicial que são a neurotoxoplasmose (comum em pacientes com HIV + a herpética e criptocócica) e neurocisticercose São infecções do SNC, parasitarias e podem abrir com convulsão. Ele recomendou a gente estudar isso. Paciente chega com quadro de convulsão e nunca apresentou epilepsia. Pode ter febre. A gente faz uma tomografia para afastar a possibilidade dessas infecções. Tem um quadro que quando a Neisseria meningitidis cai na circulação sanguínea causa uma bacteremia e essa condição é chamada de meningococcemia. Ela talvez seja a infecção que mate mais rápido. É um quadro clinico agudo, febre, comprometimento rápido do estado geral, rebaixa o nível de consciência. As vezes se apresenta como sepse pode ser concomitante ao quadro de meningite tornando difícil o diagnóstico. Um paciente com sepse apresenta febre, rebaixamento, taquicardíaco e taquipneico. Independentemente de ser meningite ou não é sempre uma coisa grave. Tem um protocolo da sepse que você tem que hidratar e entrar com antibiótico. A gente pode reconhecer uma meningococcemia por meio cutâneo através de petéquias e purpuras. Paciente que chega apresentando petéquia e púrpuras + febre tem que pensar em meningococcemia. Lembre que existem várias doenças que dão lesão agudas e febre- como dengue, Zika. Lembre que não é uma mácula, Meningites, Encefalites e Abcessos cranianos Aula 03 Professor: Pedro Mota Aluno: Victor Crusoé Pápula, vesícula. É preciso avaliar nesse caso com atenção. Lembre-se que algunas doenças autoimunes, também, podem causar petéquias. Possa ser uma das infecções que mate mais rápido em torno de 24 a 48 horas ou até menos. A meningite meningocócica tem vacina. Se um paciente chegar na emergência com suspeita disso deve ser tratado de “olho fechado”, o ceftriaxona já deve estar na veia + hidratação. Lembrar que nem toda febre com petéquia é meningococcemia. Lembra que a gente tem que raciocinar com um conjunto de sinais de sintomas. Diagnóstico Sempre que houver suspeita de meningite é necessário fazer punção lombar. O estudo do LCR vamos avaliar celularidade, proteína, glicose, a gente pode ver a pressão- contudo não é muito comum. Glicose baixa é sugestivo de bacteriano, viral a glicose está normal. A presença de proteína está aumentada em bacteriana, avalia de é gram-positivo ou negativo. Se for uma diplococo gram-negativo é meningocócica Algumas vezes vamos ter que fazer um exame chamado de PCR (Polymarese Chain Reaction) não confundir com proteína C reativa. Identifica o DNA ou RNA de vírus e bactérias. Hoje a gente não faz mais o desvio de barra, a gente vai o PCR. Contudo, ainda não está disponível no sistema de saúde, ele seria fundamental para diagnosticar meningites virais, como a herpética. Os exames gerais como hemograma, VHS serve para afastar outras patologias. Hoje em dia, antes de colher o LCR se faz tomografia, pois pode indicar sinais de hipertensão craniana. Se causar um desbalanço o cérebro pode descer causando uma hérnia intracranial comprimindo o bulbo pelo forame magno gerando uma parada respiratória, contudo não se deve retardar a colheita do LCR, apenas nos casso de encefalite e hipertensão craniana. Os indícios para hipertensão intracraniana são: papiledema, cefaleia e bradicardia que é chamada de Tríade de Cushing. Tratamento da Meningite A forma principal que falei para vocês foi a bacteriana. A utilização do antibiótico deve ser a mais rápida possível. Ceftriaxona: pega bem meningococo, pneumococo. 2 gramas, IV, 12/12 horas que é o dobro da dose de pneumonia. É uma cefalosporina de 3º geração. Em geral, contra os gram-negativos, menos em pseudômonas. Ampicilina: usado em listeria. 2 gramas de 4/4 ou de 6/6. É um beta-lactamico. Tem pequena amplitude, mas a listeria responde a ela, porém não responde a ceftriaxona. Meningites, Encefalites e Abcessos cranianos Aula 03 Professor: Pedro Mota Aluno: Victor Crusoé A associação do corticoide um pouco antes do antibiótico principalmente se for suspeita de pneumococo a gente pode dar o dexametasona. Dando corticoide, no caso de meningite, não piora a situação do paciente. A gente usa quando a infecção atinge tecido muito pobres, como meningite e pericardite. A inflação é muito deletéria, ela não leva enzimas para essa região. O corticoide teoricamente aumenta sobrevida. Lembre-se que o tratamento principal é através do antibiótico. Na suspeita de meningite viral, o LCR vem límpido. Se o paciente for soro positivo nem se fala. A gente usa uma droga antiviral especifica por vírus do herpes, alguns vírus de DNA que é o aciclovir. 5 a 10mg por kg de 8/8. Geralmente a gente usa duas ou três ampolas venosas de 8/8. Existe a dose oral, mas no caso de meningite o ideal é venoso. O fungico da gente trata com anfotericina B Profilaxia Todas as pessoas que tiveram contato têm que fazer profilaxia, principalmente se for diante de meningocócica. As outras preciso em caso de contato próximo. A gente faz em dose única de ciprofloxacina (mais usado), pode usar ceftriaxona intramuscular, ofloxacina, azitromicina e o que preconizado pela secretaria de saúde é a rifampicina 600 mg 12/12 por 2 dias. (Droga principal no tratamento da TB). A vacina é extremamente importante, já entrou no programa de vacinação. Abcesso Cerebral Aqui temos um outro tipo de infecção. Temos o epiema quando coleção pus está na região subdural. Aqui é quando está no parênquima cerebral que é um concentrado de pus. Há o abcesso hepático, abcesso pulmonar e o abcesso cerebral. O que predispõem o abcesso cerebral são infecções no ouvido- principalmente otite mais graves-, alterações dentarias. É mais fácil da bactéria chegar no parênquima cerebral. Cardiopatias congênitas, também, é um fator, pois aumenta o risco de endocardite e bacteremias, infecções pulmonares, TCE, até acne pode fazer abcesso cerebral. Os sintomas são febre, queda do estado geral, efeito da massa (compressão intracraniana), cefaleia, náusea, vomito, convulsão, comprometimento focal como se fosse uma AVC relacionado da topografia da lesão. O abcesso é menos comum que meningite. O diagnóstico é por exame do crânio principalmente ressonância nuclear magnética. O tratamento a gente só pode, enquanto dá o diagnostico se for realizado uma aspiração cirúrgica. Meningites, Encefalites e Abcessos cranianos Aula 03 Professor: Pedro Mota Aluno: Victor Crusoé Quando o paciente tem abcesso cerebral a gente tem que rastrear onde está sendo a fonte. Esse tipo de imagem a ressonância e a tomografia pode sugerir vários tipos doenças. Quando tem vários círculos pode sugerir neurotoxico, neurocisticercose, até alguns tumores podem causar esse tipo de imagem. Ele pediu para comparar imagens de abcesso cerebral, neurotoxoplasmose e de neurocisticercose de tomografia e ressonância. Anelar grande é abcesso, anelar pequena neurocisticercose, anelar múltipla é neurotoxico. O que está dentro do anel é pus, porisso que não fica com o contraste. A diferença básica entre um tumor e o abcesso é a presença de febre e uma infecção que poderiam ser a fonte do abcesso. Tratamento Tratamento a gente pode usar corticoide em tumor ou infeções. Tratamento não cirúrgico quando a lesão é pequena, quando o patógeno é identificado, quando tem múltiplas lesões, quando não tem pressão intracraniana, quando o diagnóstico é precoce, quando você pode monitorar o paciente Tratamento cirúrgico se a lesão for grande, única, o patógeno não for identificado, e tiver pressão intracraniana. O neurocirurgião vai aspirar e tentar cultivar a bactéria. Ele pediu para pesquisar o diâmetro da lesão que você opera. O ideal é o cirurgião não entrar e você tratar com antibióticos de maneira empírica. O antibiótico depende da sensibilidade com a bactéria e se ele for sensível ao sistema nervoso central. Muito comum que seja estafilococos, enterococos. Um antibiótico muito bom é vancomicina. Tem aspecto amplo e penetra no SNC Associar com ceftriaxona, pois pega uma boa parte dos gram-negativos. Podemos usar também o metronidazol que é uma droga conta anaeróbio. Se for neurotoxicoplasmose o tratamento já é com sulfadiazina e primetamina. Se não tiver a droga é preferível transferir o paciente para que ele possa receber um antibiótico de amplo aspecto. Neurocisticercose a gente trata com albendazol. Casos Meningites, Encefalites e Abcessos cranianos Aula 03 Professor: Pedro Mota Aluno: Victor Crusoé Suspeita: meningite viral, meningoenfalite e abcesso. Provável de abcesso. Meningites, Encefalites e Abcessos cranianos Aula 03 Professor: Pedro Mota Aluno: Victor Crusoé Suspeita: meningococemia Suspeita: meningite herpética. Extra LCR límpido, linfócito e monócitos e um pouco de proteína. LCR límpido e com muito proteína, sem célula= Guillain Barré
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