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SEGURANÇA, SAÚDE, HIGIENE E MEDICINA DO TRABALHO

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Prévia do material em texto

Segurança, Saúde, Higiene 
e Medicina do Trabalho
Autor
Rui Bocchino Macedo
1.ª edição
© 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos 
direitos autorais.
Todos os direitos reservados.
IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 • Batel 
80730-200 • Curitiba • PR
www.iesde.com.br
M141 Macedo, Rui Bocchino. / Segurança, Saúde, Higiene e Medic-
ina do Trabalho. / Rui Bocchino Macedo. — Curitiba : 
IESDE Brasil S.A. , 2008.
128 p.
ISBN: 978-85-7638-843-2
1. Segurança do Trabalho. 2. Higiene do Trabalho. 3. Medicina 
do Trabalho. 4. Regulamentos de Segurança. I. Título. 
CDD 363.11
Sumário
Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho | 7
Saúde do trabalhador | 7
Anamnese ocupacional | 8
Problemas crônicos de origem ocupacional | 10
Medicina do Trabalho e Toxicologia | 17
Toxicologia | 18
Toxicologia ocupacional | 27
Princípios gerais de Toxicologia | 27
Metais pesados | 35
Chumbo | 36
Mercúrio | 38
Níquel | 40
Cromo | 40
Arsênio | 40
Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho | 47
Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) | 47
Organização dos Serviços de Medicina do Trabalho | 48
Normas regulamentadoras | 61
Riscos ambientais | 77
Riscos ambientais | 77
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) | 79
Acidentes de trabalho e riscos físicos | 87
Riscos físicos | 88
Radiações | 92
Epidemiologia – fatores de risco de natureza ocupacional conhecidos | 93
Doenças ocupacionais | 99
Conceito | 100
Epidemiologia | 101
LER/DORT | 102
Previdência Social | 109
A diferença entre INSS E SUS | 110
Seguro social | 111
Regime geral da Previdência Social | 111
Gabarito | 121
Referências | 123
Anotações | 125
Ao longo da história do mundo, o homem sempre enfrentou os mais 
diversos tipos de risco. O trabalho é, talvez, a maior fonte desses riscos, 
até porque o homem passa a maior parte de sua vida dentro de seu am-
biente laboral, afastando-se de sua família. Desde o caçador mais primi-
tivo, passando pelo artesão da Idade Média, com “escala” nos primeiros 
trabalhadores fabris da Revolução Industrial, até chegar no trabalhador 
moderno, o homem constantemente passou por diversos riscos de aci-
dentes, de aquisição de doenças e, mesmo, de perder seu maior bem: 
a própria vida. Concomitante a esse processo, o homem foi, também, 
aprendendo a se cuidar de uma maneira mais adequada, prevenindo-
se, ainda que de maneira empírica, contra os males que pudessem afe-
tar seu bem-estar. Não é exagero, portanto, afi rmar que os Serviços de 
Saúde e Segurança do Trabalho tiveram origem nos primórdios da hu-
manidade, junto com os processos de trabalho mais remotos, e foram se 
adaptando às novas descobertas e aquisições de conhecimentos na bus-
ca eterna de se atingir uma excelência na arte da prevenção e promoção 
da saúde, especifi camente no ambiente laboral.
A presente obra busca introduzir o leitor nesta viagem apaixonante pelo 
mundo da Medicina do Trabalho, através de seus capítulos. 
Inicialmente, o leitor é apresentado ao tema, além de ser apresenta-
do aos mais relevantes assuntos: saúde do trabalhador e o Serviço 
Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. 
Após, apresentam-se as principais leis que regem o mundo da Segurança 
e Medicina do Trabalho: as normas regulamentadoras, apresentadas 
uma a uma. Abordaremos os Riscos Ambientais e a Toxicologia. Este 
tema é abordado com mais profundidade nos dois capítulos seguintes, 
para, logo após, fazer a introdução do leitor no assunto que envolve as 
doenças do trabalho, LER/DORT, que mereceram um capítulo a parte, 
tamanha a sua incidência no mundo laboral moderno. 
Noções fundamentais sobre o funcionamento da Previdência Social tam-
bém são apresentadas, fi cando por conta dos Acidentes de Trabalhos, 
seus riscos e prevenções o encerramento desta obra.
Espera-se que a presente obra estimule o leitor a criar uma mentalida-
de prevencionista no que tange aos assuntos relacionados à Saúde e 
Segurança do Trabalho. A partir do momento em que esta idéia se so-
bressair em relação às medidas paliativas e curativas, os ambientes labo-
rais, certamente, serão mais prazerosos e menos propensos a aquisição 
de doenças laborais.
Introdução à Segurança, 
Saúde, Higiene e Medicina 
do Trabalho
Rui Bocchino Macedo*
Saúde do trabalhador
O trabalho das sociedades atuais é realizado dentro de padrões determinados historicamente. A 
metalurgia, por exemplo, descende do trabalho em metais da Idade Média, onde o artesão medieval 
realizava todas as etapas do trabalho com o metal, desde a fundição até o acabamento final, por vezes 
também atuando em sua revenda. O metalúrgico atual, por sua vez, representa apenas uma pequena 
parcela em toda a cadeia de transformação do metal, pois seu trabalho limita-se a estar à frente de má-
quinas, realizando passos da produção, sendo o ritmo de trabalho elevado com estímulos salariais para 
o aumento da produtividade e com controle constante sobre a produção.
Ao artesão medieval, que concentrava todo o processo de produção a sua pessoa, cabia a função 
de imaginar, criar como seria a peça a ser produzida antes de lidar com o metal. Havia a liberdade para 
introduzir mudanças durante a produção, que era baixa, devido ao fato de as técnicas serem extrema-
mente rudimentares naquela época. Quanto ao trabalhador moderno, a execução de tarefa monótona, 
repetitiva e desprovida de conteúdo mais intelectualizado, associado à alta produtividade e compe-
titividade da empresa no mercado, pode levar o trabalhador a permanente sofrimento psíquico, com 
repercussões na esfera intelecto-emocional e somático, conhecido como estresse.
* Especialista em Medicina do Trabalho pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Médico pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). 
Responsável Técnico pelo Serviço de Engenharia e Saúde Ocupacional (SESAO) da UFPR. Professor.
8 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
No Brasil, há queixas de trabalhadores e sindicatos de um certo descaso nas condições dos am-
bientes de trabalho, especialmente no que diz respeito à exposição do trabalhador a produtos químicos, 
ruídos e trepidações; jornadas de trabalho muito extensas com a realização de horas extras; submissão 
do trabalhador frente ao autoritarismo na organização do trabalho sem a participação dos trabalhado-
res nas decisões; demissão imotivada, decorrentes da inviabilização de reivindicações por melhorias; 
baixos salários; problemas sociais relacionados a condições inadequadas de transporte urbano, mora-
dia, alimentação, lazer, acesso a serviços de saúde e medicamentos.
A abordagem quanto à saúde do trabalhador é feita através, inicialmente, de uma anamnese clí-
nica/ocupacional, de um exame clínico e de uma investigação laboratorial. Esse contato é fundamental 
para se poder conhecer o trabalhador, bem como seu ambiente de trabalho como um todo, para conse-
guir relacionar ou não os sintomas dos quais se queixa com o seu respectivo trabalho.
Anamnese ocupacional
A maioria das doenças relacionadas ao trabalho e ao meio ambiente manifestam-se como queixas 
comuns, sem sinais e sintomas específicos. Assim, a história de exposição a um agente ou situação no traba-
lho capaz de produzir doença é fundamental para o diagnóstico correto e a adoção dos procedimentos dele 
decorrentes, como o tratamento, a prevenção e os possíveis encaminhamentos previdenciários.
O profissional de atenção primária à saúde tem um importante papel na detecção, tratamento e 
prevenção das doenças decorrentes das exposições tóxicas e/ou situações particularesde trabalho, que 
podem ser reconhecidas ou suspeitadas a partir da história do paciente.
Na anamnese ocupacional são levantadas questões com a descrição dos trabalhos atual e pas-
sados. Também são levantados os riscos a que o trabalhador está ou esteve exposto, como o contato 
com poeiras, fumaças, metais, líquidos ou outras substâncias químicas, ou ainda fatores como calor ou 
ruídos excessivos. Ainda na anamnese ocupacional, devem ser levados em consideração a jornada de 
trabalho, o turno (diurno, noturno ou rodízio), além da opinião pessoal do trabalhador, que é questio-
nado sobre as suas condições de trabalho.
Deve conter, na anamnese, a descrição da atividade específica realizada, do ritmo e dos turnos 
de trabalho e da matéria-prima ou substância que possa interferir no risco. Essas informações são im-
portantes para que seja feita a diferenciação entre as categorias. Por exemplo, o metalúrgico, que pode 
estar lotado num setor administrativo ou na linha de produção, o que pode diferenciar a exposição a 
riscos. Trabalhadores de mesma função em empresas distintas também podem apresentar diferentes 
formas de organização e ritmos de trabalho.
Fatores como o turno de trabalho podem interferir no diagnóstico e no tratamento de qualquer 
doença, sendo, por conseguinte, extremamente importante a anamnese ocupacional. Isso fica eviden-
ciado na realização de exames ou na determinação de horários fixos para o uso de medicações em 
funcionários de turnos alternados, além da investigação de riscos percebidos pelo próprio trabalhador. 
A grande maioria das pessoas que procuram os serviços de saúde são atendidas por profissionais 
não-especialistas em questões de saúde ocupacional ou ambiental. Com o crescimento do setor infor-
9|Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho 
mal de trabalho, um número cada vez maior de trabalhadores estará descoberto das ações de serviços 
especializado das empresas e de planos de saúde complementares, tendo como única alternativa a 
rede pública de serviços de saúde. É interessante destacar que o momento da entrevista e a escuta do 
paciente falando sobre seu trabalho pode representar uma oportunidade de estreitamento da relação 
médico–paciente e constituir um processo pedagógico de identificação, no trabalho, de fatores adoe-
cedores que necessitam ser evitados ou corrigidos.
Podemos dividir a anamnese ocupacional quanto à investigação: do perfil ocupacional, da expo-
sição ocupacional e contaminação ambiental.
Perfil ocupacional
Nele devem estar contidas as atividades atuais e passadas. Ele descreve o ritmo de trabalho, rit-
mo das atividades, conteúdo das tarefas, matérias-primas utilizadas, posto de trabalho, riscos ambien-
tais, medidas de proteção, efeitos verificados com a exposição. Investiga também fatores que podem 
aumentar, predispor ou modificar os riscos ocupacionais, como idade, sexo, hábitos de fumar ou se 
alimentar no trabalho, avalia se os sintomas são exacerbados ou atenuados pela exposição aos riscos 
ocupacionais, avalia a modificação dos riscos aos finais de semana, férias, final do turno de trabalho ou 
ainda em que dia da semana os sintomas são mais intensos.
Exposição ocupacional
Exposição de característica específica, relata fatores que podem modificar os efeitos das exposi-
ções aos riscos ocupacionais, como alergias, patologias no trabalho atual ou passado, além de sua pre-
disposição a adquirir determinadas doenças. Também deve citar fatores que podem alterar as respostas 
aos riscos ocupacionais quando eles existem, tais como história de doença respiratória ou cardíaca, 
patologia renal, insuficiência hepática, alterações neurológicas, estado de nutrição, erro metabólico, 
hipovitaminose. Além disso, busca problemas de saúde similar em colegas de trabalho.
A adoção rotineira da coleta da história ocupacional e a existência de uma rede de referência para 
as ações no cuidado primário desempenham um importante papel na detecção, prevenção e tratamen-
to de doenças relacionadas ao trabalho.
Contaminação ambiental
Investiga a ocorrência de exposição não-profissional a substâncias potencialmente patogênicas, 
como a casa do trabalhador próxima a alguma indústria ou a contaminação com substâncias tóxicas ou 
pesticidas nos momentos de lazer, ou mesmo resíduos tóxicos trazidos do ambiente de trabalho para 
casa por outros membros da família.
10 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
Investigação laboratorial
Com esse procedimento busca-se, além das confirmações diagnósticas, observar medidas de ex-
posição que estão ocorrendo no período subclínico, obter um diagnóstico precoce e avaliar as medidas 
de controle de riscos, na fonte e no meio ambiente, que forem instituídas. Pode ser usada como medida de 
exposição, como indicador biológico de exposição, além de ser parte fundamental de um programa de 
vigilância epidemiológica.
Realiza-se, normalmente, no sangue ou na urina. Outros testes podem ser realizados em labora-
tórios especializados em Toxicologia, utilizando unhas, cabelos, tecidos e outros fluídos corporais. Os 
parâmetros clínicos obtidos devem ser admitidos como padrão para acompanhamento da evolução no 
quadro de exposição a determinado agente, mas não como um valor absolutamente seguro.
Serve, também, como parâmetro para a busca de um ambiente de trabalho seguro e sem riscos 
ou, ao menos, com todos os riscos controlados. O valor determinado como limite de tolerância pode ser 
reduzido até drasticamente, de acordo com novos estudos e acompanhamentos de trabalhadores por 
longos períodos ou descobertas de novos feitos.
Muitas das doenças relacionadas ao trabalho ou a uma exposição ambiental manifestam-se como 
um problema médico comum e não apresentam sintomatologia específica. Assim, a história de uma 
exposição prévia significativa a um agente ou condição de trabalho adoecedora é que vai permitir que 
se suspeite da relação da doença com o trabalho ou com uma exposição ambiental. Se esses aspectos 
não forem adequadamente explorados pelo médico que atende o paciente, o diagnóstico etiológico 
fica prejudicado, o tratamento pode vir a ser inadequado e ficam perdidas as chances de uma atuação 
preventiva sobre o paciente e o conjunto dos demais expostos à mesma situação. 
Problemas crônicos de origem ocupacional
Dermatoses ocupacionais
O problema das dermatoses ocupacionais é amplo e muito complexo, sendo uma das maiores 
causas de falta ao trabalho em todo o mundo. Mesmo para o médico do Trabalho mais experiente é, 
muitas vezes, difícil de se lidar com esses pacientes, em especial no que se refere a sua relação com 
a indústria onde trabalha, pois é freqüente a necessidade de orientação segura, no sentido de maior 
proteção no ambiente profissional, ou até a mudança de ramo de atividade, o que nem sempre é fácil 
convencer o paciente ou a empresa. A saúde dos trabalhadores e a convivência saudável entre estes e 
seu ambiente de trabalho é de vital importância para o bem-estar da empresa, pois o trabalhador, em 
suas plenas condições de trabalho e saudável, mantém sua produção elevada. Portanto, são necessários 
que alguns cuidados sejam tomados quanto à saúde dos trabalhadores, quando os mesmos trabalham 
direta ou indiretamente com produtos quimicamente perigosos, principalmente os derivados do óleo 
mineral, petróleo, detergentes, solventes, plásticos, resinas, borracha natural, tintas, vernizes, corantes, 
petróleo e seus derivados, ácidos. Essas substâncias podem provocar, freqüentemente, dermatites ou 
dermatoses nos indivíduos, quando os mesmos ficam em contato com esses tipos de produto sem as 
mínimas condições de higiene exigida. 
11|Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho 
As causas das dermatoses ocupacionais podem ser:
mecânicas, devido a um trauma ou fricção;::::
físicas, decorrentes da exposição ao frio,ao calor e à radiações ionizantes;::::
químicas, pelo contato com compostos orgânicos e inorgânicos; e::::
biológicas, devido ao contato com plantas, animais e microorganismos.::::
No organismo, as dermatoses podem surgir através de dois mecanismos diferentes: o otoérgico e 
o alérgico. O mecanismo otoérgico (não-imunológico) corresponde a 75% das dermatoses causadas por 
irritantes primários, como os ácidos fortes, álcalis, solventes e sais de metal. A dermatite de contato 
por irritante primário, causada pelo contato direto com o composto químico, leva ao aparecimento de 
irritação local, sem irradiação, e desaparece quando cessa a exposição, voltando a aparecer a cada novo 
contato, e vai depender do tempo de exposição e da concentração da substância envolvida. A grande 
maioria dos trabalhadores expostos ao mesmo agente agressivo apresenta dermatite. 
O mecanismo alérgico, por sua vez, ocorre quando uma pessoa já está sensibilizada (hipersensi-
bilidade) e envolve o sistema imune, em geral do tipo de hipersensibilidade tardia a uma substância e 
pode apresentar reação alérgica de 48 a 72 horas após a exposição, sendo que a dermatite de contato 
normalmente não se apresenta na primeira exposição a um novo composto, e a reação inicial aparece, 
em média, cinco dias após o primeiro contato. O diagnóstico dessa doença é realizado através da histó-
ria ocupacional das manifestações cutâneas diversas e do patch-test, que é um exame que consiste no 
contato direto de diversas substâncias potencialmente alérgenas com a pele para chegar ao diagnósti-
co definitivo. 
As principais substâncias químicas causadoras de dermatites de contato são os bicarbonatos 
de cromo, potássio e amônio; os plásticos, como resinas epóxi e catalisadores; aceleradores e anti-
oxidantes de borracha; agentes germicidas usados em sabões e compostos halogenados; aminas aromá-
ticas e seus derivados, como tinturas e anestésicos locais; o mercúrio e seus compostos inorgânicos; o 
níquel e seus compostos; cobalto e seus compostos; e algumas ervas venenosas.
Para se realizar o diagnóstico preciso de dermatose ocupacional é necessário, além de uma ana-
mnese completa, um exame físico minucioso. Na entrevista, devem ser pesquisados fatos cronológicos 
e de evolução, enfatizando aspectos como melhora ou não com tratamentos, por exemplo. A história 
prévia de alergias a drogas, alimentos e inalantes é fundamental, assim como antecedentes atópicos 
pessoais e familiares, como asma, rinite e eczema atópico. No ambiente de trabalho, é importante ob-
servar as condições de trabalho e as medidas de higiene do local, além de pesquisar lesões cutâneas 
semelhantes em colegas, e observar se a reexposição do trabalhador ao alergeno causará agravamento 
do quadro. Em casos de dermatoses ocupacionais, as lesões podem ser bilaterais e normalmente situa-
das em regiões expostas ou em contato direto com substâncias químicas.
O exame físico deve conter uma análise geral da pele. Também devem ser avaliados os fatores 
predisponentes indiretos, como a característica da pele. Por fim, devem ser observadas a quantidade 
de pêlos e a higiene pessoal dos trabalhadores. O tratamento profilático dessa patologia consiste na 
proteção dos trabalhadores aos agentes alérgenos. Já no tratamento específico, após a identificação e 
eliminação desses agentes, podem ser usadas medicações tópicas ou sistêmicas, dependendo do tipo 
da lesão, da distribuição, do grau e do fato de ser aguda ou crônica.
12 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
Surdez ocupacional
A exposição a ruídos de duração prolongada ou de grande intensidade pode acarretar danos à 
audição e, conseqüentemente, levar à surdez profissional. Essa doença é comum em caldeireiros, ferrei-
ros, prenseiros, maquinistas, tecelões, entre outros.
O grau da lesão produzida pelo ruído está relacionado com diversos fatores. Um dos principais 
fatores é a intensidade. Ruídos superiores a 80dB poderão levar a trauma auditivo. O tipo de ruído tam-
bém é importante. O ruído intermitente, ou de impacto, parece produzir danos maiores. O período de 
exposição também deve ser levado em consideração, assim como a duração do trabalho, uma vez que 
o efeito é cumulativo. Também são fatores importantes a susceptibilidade individual, a idade, as patolo-
gias auditivas prévias e outras patologias, como hipertensão arterial, diabetes e hipertireoidismo.
Trauma acústico e surdez por exposição ao ruído são os tipos de transtornos auditivos que podem 
acometer o profissional. O trauma acústico é uma lesão produzida no ouvido médio ou interno por impac-
to sonoro ou ruído intenso. O diagnóstico é feito através da história ocupacional, na qual se busca estímulo 
e associação com o início da sintomatologia (surdez, vertigens, zumbidos, dor); do exame físico, a partir do 
qual se busca evidência de congestão vascular ou até ruptura timpânica com lesão na cadeia ossicular; e 
da audiometria, em que há ou não falha na discriminação vocal, além de queda em 4KHz. 
A surdez por exposição ao ruído decorre de uma exposição crônica, em que traumatismos suces-
sivos levam a um deslocamento assimétrico da membrana basilar. Os sintomas são causados devido à 
cronicidade da evolução do quadro, como zumbido noturno ou em locais silenciosos. A audiometria 
aponta, inicialmente, queda em 4KHz. Com a evolução do quadro, ocorre aprofundamento da queda e 
propagação para 3, 6 e 8KHz, com cada vez mais dificuldade de discriminação vocal.
Além da perda auditiva característica, o ruído pode ser o fator causador de outras doenças. Essas 
patologias podem afetar o trabalhador psicologicamente, causando depressão, estresse, entre outras 
doenças, chegando a gerar danos inclusive no sistema cardiovascular, podendo ser fator causador de 
hipertensão arterial e taquicardia.
Dores na coluna
Uma das maiores queixas no mundo moderno é a de dor na coluna. Dentro de um ambiente laboral, 
essa patologia acomete vários trabalhadores, devido a diversos fatores, os quais serão abordados a seguir.
Para melhor entender o mecanismo da dor na coluna, é necessário conhecer a estrutura anatômi-
ca da coluna vertebral humana. Ela é dividida em 33 vértebras, sendo 7 formadoras da coluna cervical, 
12 da coluna torácica, 5 da coluna lombar, 5 vértebras fundidas formadoras da região sacral e 4 vérte-
bras da região coccígea. Seu limite superior é o osso occipital, sendo o osso ilíaco o limite inferior. 
A coluna vertebral possui uma região denominada canal vertebral, que segue as diferentes cur-
vas da coluna vertebral. Grande e triangular nas regiões cervical e lombar, onde a coluna possui maior 
mobilidade, o canal vertebral é pequeno e redondo na região onde não há muita mobilidade, a região 
torácica. Esse canal possui algumas características gerais, cada qual com sua função, sendo que cada re-
gião da coluna possui suas próprias características, assim como cada vértebra se difere uma da outra.
Além das vértebras, outras estruturas podem ser responsáveis pelas dores na coluna. Os discos 
intervertebrais, músculos e ligamentos são algumas dessas estruturas. Também se destacam outras do-
13|Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho 
enças presentes em outras estruturas que podem resultar em dores na coluna, tais como aneurisma de 
aorta, úlcera duodenal, inflamação na próstata, doença inflamatória pélvica, entre outras.
Algumas são as doenças e situações diretamente relacionadas com as dores na coluna. Dentre 
elas, destacam-se a osteoporose, hérnias discais, tumores, postura viciosa, obesidade, fibromialgia, ar-
trose, artrite reumatóide – com inflamação nas articulações e outros tecidos, gravidez e encurtamento 
dos músculos das pernas. Além disso, existem fatores de risco que influenciam no aparecimento do 
quadro álgico na coluna vertebral. Dentre eles, podem-se citar a obesidade, a tensão emocional, osesforços excessivos, a idade, o sexo e a atividade profissional.
Algumas doenças da coluna vertebral podem estar relacionadas ao trabalho. As dores musculares 
são um exemplo, especialmente as dores em coluna lombar, denominadas lombalgias. Também pro-
blemas posturais, que podem gerar desvios no eixo, ou aumento na curvatura preexistente da coluna 
vertebral. Esses desvios são denominados cifose, lordose e escoliose. Osteofitose e hérnias discais também 
são causas comuns de dores na coluna.
A lombalgia é uma doença cuja incidência mundial é de aproximadamente 5% de novos casos ao 
ano, sendo que em alguma fase da vida, estima-se que 80% dos indivíduos terão dor lombar. Ela pode 
ser diagnosticada em três fases. A fase subaguda é quando ela se iniciou há menos de um mês. A fase 
aguda ocorre quando o início do quadro ocorreu entre um e seis meses. A fase crônica é quando a dor 
já vem há mais de seis meses. Suas causas são as mais diversas. Podem ser decorrentes de problemas 
mecânicos – posturais, devido a posturas viciosas, obesidade, gravidez, esforços repetitivos, ergonomia 
inadequada; degenerativos, como estenose do canal vertebral, artrose articular; psicológicas, como dor 
miofascial; tumorais, por metástase óssea; mistas, como fibromialgia, entre outras.
A cifose caracteriza-se por ser um aumento anormal da concavidade posterior da coluna verte-
bral. As causas mais importantes dessa deformidade são a má postura e o condicionamento físico ina-
dequado. Outras doenças também podem causar essa deformidade, como a espondilite anquilosante 
e a osteoporose senil.
A lordose é um aumento anormal da curva lombar, levando a uma acentuação da lordose lombar 
anatômica. A essa situação, dá-se o nome de hiperlordose. A dor ocorre especialmente em atividades 
que envolvam a extensão da coluna lombar, tal como permanecer em postura ortostática por muito 
tempo, o que tende a acentuar o quadro. A flexão do tronco usualmente atenua a dor, o que faz com 
que, normalmente, a pessoa prefira permanecer em posição sentada ou deitada.
A escoliose é a curvatura lateral da coluna vertebral. Sua progressão depende muito da idade em 
que ela se inicia, bem como da magnitude do ângulo da curvatura durante o período de crescimento 
na adolescência. Para a melhora do quadro, são essenciais o tratamento fisioterápico, com uso de alon-
gamentos e melhora na respiração.
A osteofitose, popularmente conhecida como bico de papagaio, é decorrente da protusão pro-
gressiva do anel fibroso do disco intervertebral, dando origem à formação de osteófitos, cujos efeitos 
são agravados pela desidratação gradual do disco intervertebral. Ela causa a aproximação das vértebras 
e pode comprimir a raiz nervosa, gerando fortes dores. 
As hérnias de disco são resultados de diversos pequenos traumas da coluna, que vão, gradativa-
mente, lesando as estruturas do disco intervertebral. Também podem ser decorrentes de um trauma 
severo sobre a coluna. Elas surgem quando o núcleo do disco intervertebral migra do seu local, no cen-
tro do disco, para a sua periferia, em direção ao canal medular ou nos espaços por onde saem as raízes 
nervosas, levando à compressão das raízes nervosas.
14 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
Texto complementar
A Importância da Medicina e Segurança do Trabalho Preventiva
Introdução
As mudanças no mundo do trabalho advindas das inovações tecnológicas e organizacionais 
têm incrementado significativamente a produção nas empresas, eliminando assim tarefas penosas 
ou pesadas. Essa relação estabelecida entre o homem e a tecnologia ocasionou novos riscos para a 
saúde dos trabalhadores, tanto nos aspectos físico, mental ou social. 
Tal processo passou a exigir dos trabalhadores uma maior qualificação e uma crescente inter-
venção desses nos processos produtivos, o que conseqüentemente tornou-os mais suscetíveis a 
acidentes de trabalho. Tanto as empresas, quanto o Estado não tomaram postura diante de tal fato. 
Somente em meados dos anos 1980 surge o campo da saúde do trabalhador no Brasil objetivando 
mudar o complexo quadro da saúde. 
Apesar de tantas transformações serem tão evidentes, ainda fica difícil de serem captadas e 
apreendidas pelos profissionais. Atualmente, ainda deparamos com empresas desinformadas, de-
sinteressadas ou até mesmo com dificuldades de solucionar assuntos correlatos a acidentes de 
trabalho. Diante desse fato, este artigo busca contribuir abordando a importância da Medicina e 
Segurança do Trabalho Preventiva. 
Desenvolvimento
A relação entre o trabalho e a saúde/ doença surgiu na Antigüidade, mas tornou-se um foco de 
atenção a partir da Revolução Industrial. Afinal, no trabalho escravo ou no regime servil, inexistia a 
preocupação em preservar a saúde dos que eram submetidos ao trabalho. Os trabalhadores eram 
equiparados a animais e ferramentas. 
Com a Revolução Industrial, o trabalhador passou a vender sua força de trabalho tornando-se presa 
da máquina e da produção rápida para acumulação de capital. As jornadas eram excessivas, em ambien-
tes extremamente desfavoráveis à saúde, aos quais se submetiam também mulheres e crianças. Esses 
ambientes inadequados propiciavam a acelerada proliferação de doenças infecto-contagiosas, ao mes-
mo tempo em que a periculosidade das máquinas era responsável por mutilações e mortes.
Através dos tempos, o Estado passou a intervir no espaço do trabalho baseando-se no estudo 
da causalidade das doenças. Assim, toma figura o médico do Trabalho que vai refletir na propensão 
a isolar riscos específicos e, dessa forma, atuar sobre suas conseqüências, medicando em função de 
sintomas e sinais ou, quando muito, associando-os a uma doença legalmente reconhecida. A partir 
daí houve uma crescente difusão da matéria de Segurança e Medicina do Trabalho. 
No Brasil, a legislação trabalhista compõe-se de normas regulamentadoras, normas regula-
mentadoras rurais e outras leis complementares, como portarias, decretos e convenções interna-
cionais da Organização Internacional do Trabalho. 
15|Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho 
Devido ao fato de ter surgido e se mantido a sombra da legislação, muitos de nós não demos 
a devida importância a Segurança do Trabalho. Limitamos a mera leitura da legislação sem preo-
cuparmos com a interpretação e a cultura prevencionista. Ainda existe uma gama de instituições 
empresariais que só implantam os programas exigidos por lei para terem os documentos e papéis 
em seus arquivos com o objetivo de apresentar aos fiscais do Trabalho, em caso de fiscalização. 
Felizmente um maior número de pessoas já compreende que as doenças profissionais são aquelas 
decorrentes da exposição dos trabalhadores aos riscos ambientais, ergonômicos ou de acidentes.
O setor de segurança e saúde tornou-se multidisciplinar e busca incessantemente prevenir os 
riscos ocupacionais. Essa é a forma mais eficiente de promover e preservar a saúde e a integridade 
física dos trabalhadores. Nesse aspecto se destaca os profissionais da área, composto por técnico de 
Segurança do Trabalho, engenheiro de Segurança do Trabalho, médico do Trabalho e enfermeiro 
do Trabalho. Estes, por sua vez, atuam na eliminação ou neutralização dos riscos, prevenindo uma 
doença ou impedindo o seu agravamento. Para tanto, é necessária a antecipação dos riscos que 
envolvem a análise de projetos de novas instalações, métodos ou processos de trabalho, ou de mo-
dificação dos já existentes, visando identificar os riscos potenciais e introduzir medidas de proteção 
para sua redução ou eliminação. Outra etapa do processo de prevenção é a de reconhecimento dos 
riscos. Nesse caso, o risco já está presente e será preciso intervir no ambiente de trabalho. Reconhe-
cer os riscos é uma tarefa que exige observação cuidadosa das condições ambientais, caracteriza-
ção das atividades, entrevistas e pesquisas.A adoção das medidas de controle, também se torna 
necessária para a etapa da prevenção. Nesse caso o engenheiro de Segurança deverá especificar e 
propor equipamentos, alterações no arranjo físico, obras e serviços nas instalações, procedimentos 
adequados, enfim, uma série de recomendações técnicas pertinentes a projetos e serviços de en-
genharia.
Além dessas etapas, por parte do empregador, é de fundamental importância o treinamento 
dos empregados para a correta utilização dos equipamentos de proteção individual ou coletiva. A 
empresa deve treinar o trabalhador com recursos próprios, ou por meio dos fabricantes de EPIs que 
já fazem esse trabalho gratuitamente, através de palestras ou mini-cursos. Portanto, a inspeção no 
local de trabalho é procedimento essencial de antecipação intempéries em relação à segurança e 
Medicina do Trabalho. 
Eliminando-se as condições inseguras e os atos inseguros é possível reduzir os acidentes e as 
doenças ocupacionais. Esse é o papel da Medicina e Segurança do Trabalho Preventiva.
Conclusão
Qualquer empresa que queira realmente melhorar a qualidade de vida dos seus colaboradores 
deve estar disposta a ouvir sua equipe, dar possibilidade do indivíduo expor suas súplicas, fortale-
cendo desta forma uma relação de trabalho confiável e saudável. Após abrir este importante canal 
de comunicação, a empresa deverá fazer um levantamento criterioso dos problemas que acome-
tem a equipe como um todo, visualizando sua real existência e verificando suas incidências. Uma 
vez realizado este reconhecimento da saúde geral dos trabalhadores, devem-se levantar os proble-
mas mais comuns e fazer um estudo individualizado para descobrir de que forma estão ou não rela-
cionados às rotinas de trabalho de cada um, sendo importante nesta fase o auxílio de profissionais 
preparados para esta compreensão. 
16 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
Uma vez realizado todo este levantamento e análise, deve-se agir tentando eliminar os fatores 
de risco e caso isso não tenha sido possível, deve-se proteger os colaboradores dos riscos, muitas 
vezes adotando uso de EPIs mais adequados, orientações de forma de trabalho e fomentando este 
indivíduo de recursos de proteção direcionada, e por último, após todas estas ações deve-se investir 
num mecanismo de defesa e preparo para a função, adaptando todo o posto e o indivíduo. 
Portanto, a maneira mais eficaz de impedir o acidente é conhecer e controlar os riscos. Isso se 
faz com uma política de segurança e saúde dos trabalhadores que tenha por base a ação de profissio-
nais especializados, antecipando, reconhecendo, avaliando e controlando todo o risco existente.
(RAINATO, Thalita Alvarenga. Disponível em: <http://revista.fundacaoaprender.org.br/index.php?id=997.)
Atividades
1. Um funcionário chega com queixa de dor intensa em região lombar. Não há ambulatório médico 
na empresa, sendo você o único responsável pela Segurança do Trabalho na ocasião. Qual é a sua 
conduta?
a) Daria um antiinflamatório com miorelaxante e analgésico ao funcionário.
b) Trocaria imediatamente o seu posto de trabalho, evitando agravamento da lesão.
c) Faria bolsa de água quente na região afetada e encaminharia o funcionário ao serviço médico 
mais próximo ou conveniado.
d) Manteria o paciente no trabalho e o orientaria a buscar um médico após o serviço.
e) Orientaria os colegas de trabalho a dobrarem a jornada para compensar a falta do trabalhador 
com problemas.
2. Analisando a importância da anamnese e considerando os efeitos da exposição a riscos ocupacio-
nais, assinale a alternativa correta.
a) Fatores que alteram as respostas aos riscos ocupacionais podem ser ignorados.
b) A busca de problemas similares em colegas de trabalho é irrelevante.
c) A predisposição de adquirir determinadas doenças deve ser considerada.
d) O hábito de se alimentar no trabalho não interfere no risco.
e) n.d.a.
Medicina do Trabalho 
e Toxicologia
Embora as discussões mais importantes sobre o assunto tenham se iniciado há poucas décadas, 
a Medicina do Trabalho é uma área que já é estudada há séculos. Apesar de já existirem obras e estudos 
ainda mais antigos, Bernardino Ramazzini, um médico italiano nascido no ano de 1633, na cidade de 
Modena, é considerado o pai da Medicina do Trabalho. Isso ocorre devido à obra publicada no ano de 
1700 intitulada De Morbis Artificum Diatriba (As Doenças dos Trabalhadores). Nesse estudo, Ramazzini 
destacou 54 profissões consideradas mais importantes na ocasião. Dessa maneira, conseguiu relacionar 
algumas doenças adquiridas pelo trabalhador com seu respectivo posto de trabalho. Foi na Revolução 
Industrial Inglesa, ocorrida no século XVIII, entretanto, que a Medicina do Trabalho começou a ser vista 
de maneira mais importante e assim foi crescendo até chegar na representatividade atual. Na ocasião, 
ocorreram transformações radicais na forma de produzir e de viver das pessoas, bem como de adoecer e 
de morrer. Com as mudanças e as exigências dos processos produtivos e movimentos sociais, surgiram 
novos enfoques em instrumentos de trabalho em uma perspectiva interdisciplinar, com a delimitação 
do campo da Saúde do Trabalhador.
Define-se Medicina do Trabalho como a especialidade que lida com as relações entre a saúde dos 
homens e mulheres trabalhadores e seu trabalho, visando não somente à prevenção das doenças e 
dos acidentes de trabalho, mas também à promoção da saúde e da qualidade de vida através de ações 
capazes de acelerar a saúde individual e propiciar uma saudável inter-relação das pessoas e dessas com 
seu trabalho. O médico do Trabalho possui um campo de atuação muito amplo, extrapolando o âmbito 
tradicional da prática médica. Não basta ao médico do Trabalho ter conhecimento apenas na sua área, 
ele também necessita de uma noção ampla de outras áreas, como Clínica Médica e Saúde Pública, por 
exemplo, para que possa realizar programas de prevenção, ou mesmo para chegar a diagnósticos mais 
precisos. Também o médico do Trabalho deve trabalhar com uma equipe multidisciplinar. Para isso, 
deve contar com o crucial auxílio de engenheiros de Segurança do Trabalho, técnicos em Segurança 
do Trabalho, fonoaudiologistas, fisioterapeutas e outros profissionais capacitados para a promoção da 
saúde no ambiente laboral. Vários são os campos de atuação para o médico do Trabalho. Dentre os 
principais, destacam-se as empresas, Perícia Médica da Previdência Social e Judicial, Assessoria Sindical, 
Consultoria Privada e Toxicologia.
18 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
Toxicologia
“Todas as coisas são um veneno e nada existe sem veneno, apenas a dosagem é razão para que 
uma coisa não seja um veneno”. Essa frase é de autoria do médico alemão Theophrastus Bombast von 
Hohenhein, nascido em 1493, em Eisiedeln, e que também é conhecido como Paracelsius. Ele estudou 
Medicina na Universidade da Basiléia e iniciou sua prática médica nas Minas de Tirol, onde começou a 
relacionar as doenças apresentadas pelos mineiros, à exposição excessiva aos minerais. Partindo desse 
conceito de Paracelsius, que é tido como verdade até os dias atuais, percebe-se que todas as substâncias 
podem ser consideradas tóxicas. O conceito de tóxico, entretanto, é algo que já vem desde os homens 
mais primitivos. A palavra toxikon tem origem grega e significa veneno das flechas, que eram usadas nas 
caças na Antigüidade. As pontas das flechas eram preparadas com material bacterialmente contamina-
do com pedaços de cadáveres ou venenos vegetais com o intuito de acelerar a morte dos animais.
Com o passar dos anos, novos estudos foram feitos e foi criada a Toxicologia, que é a ciência que 
estuda as intoxicações, os venenos que as provocam e o tratamento adequado. Também define os limi-
tes de segurança dos agentes químicos.
Histórico
A Toxicologia, historicamente, pode ser divididaem três fases:
Fase do descobrimento:::: – teve início com o homem primitivo em seu contato com a natureza 
como meio de sobrevivência. Do seu contato com as plantas e animais, começou a identificar 
substâncias que eram ou não benéficas a sua vida.
Fase primitiva:::: – estuda os venenos como meio de suicídio e homicídio. Nessa fase, os vene-
nos eram também utilizados como forma punitiva.
Fase moderna:::: – surgiram os métodos de estudos para a identificação de venenos, o que dimi-
nuiu as ações criminosas. Nessa fase, foi considerável o aumento das intoxicações acidentais.
Vários nomes importantes na Medicina realizaram diversos tipos de estudos relacionados à Toxi-
cologia. Hipócrates (460-375 a.C.), médico grego e considerado o pai da Medicina descreveu o quadro 
clínico de intoxicação por chumbo em mineiros. Na Idade Média, o médico e filósofo persa Avicena 
(980-1037) descreveu a cólica plúmbica, ou seja, a dor abdominal presente em pessoas expostas ao 
chumbo. Na Roma Antiga, Plínio, o Velho (23-79 d.C.), considerado um dos mais importantes naturalis-
tas da Antigüidade, escreveu a obra Naturalis Historia, um vasto compêndio das ciências antigas distri-
buído em 37 capítulos dedicado a Tito Flávio, futuro imperador romano. Nela, Plínio descreve o aspecto 
de alguns escravos que observou nas minas de chumbo e de mercúrio. O médico saxão Georgius Agri-
cola (1495-1595), também conhecido como o pai da Mineralogia, escreveu a obra De Re Metallica, em 
que descreve com minúcia de detalhes as operações minerais e metalúrgicas de sua época, detalhando 
as principais doenças dos mineiros e fundidores. Anos mais tarde, Percival Pott (1713-1788) descreve, 
no ano de 1775, o câncer ocupacional entre os limpadores de chaminé na Inglaterra, identificando a 
fuligem, através da substância 3,4-Benzopireno e a falta de higiene como causa do câncer escrotal. Os 
principais afetados eram as crianças que, por sua baixa estatura, tinham a responsabilidade de entrar 
19|Medicina do Trabalho e Toxicologia
nas chaminés e limpá-las. Graças a esse estudo, foi criada a Lei dos Limpadores de Chaminé, no ano de 
1788. Também na Alemanha a industrialização era avançada, mas o número de casos de câncer escrotal 
era significativamente menor, devido a um melhor ajuste da roupa ao corpo do trabalhador em relação 
aos colegas ingleses, sendo elas consideradas uma espécie de primórdio de equipamento de proteção 
individual (EPI). Pouco tempo depois, o médico francês Tanquerel des Panches (1809-1862) publicou 
a primeira descrição moderna da intoxicação por chumbo, no ano de 1839. Em seu estudo, Tanquerel 
analisou 1 217 casos, fazendo a descrição completa de toda a síndrome, destacando a dor abdominal 
como principal sintoma. Seu estudo foi tão completo que desde então muito pouco foi acrescentado 
nas descrições clínicas de intoxicação por chumbo.
Conceitos
Para melhor compreensão da Toxicologia, é necessário saber que ela se divide em:
Clínica:::: – estuda a ação do agente tóxico (sintomas, diagnóstico e orientação).
Química:::: – estuda as propriedades do agente tóxico e suas ações dentro do organismo.
Ocupacional:::: – estuda as enfermidades industriais e a insalubridade do ambiente de trabalho.
Analítica:::: – estuda a análise de produtos tóxicos visando determinar sua toxicidade.
Profilática:::: – estuda a poluição da água, terra, ar e alimentos. Procura manter e aumentar a 
segurança para a vida.
Forense:::: – estuda a ação de propriedades dos agentes tóxicos para estabelecer a causa de 
morte ou envenenamento em intoxicações, auxiliando a Justiça.
Para melhor delineamento do estudo, o presente capítulo será focado principalmente na Toxico-
logia Ocupacional, que é o ramo da Toxicologia voltado para o estudo da interação entre o homem e as 
substâncias químicas presentes em seu ambiente de trabalho.
Outro conceito fundamental é o de intoxicação. Qualifica-se como intoxicação toda e qualquer 
manifestação clínica ou laboratorial de efeitos adversos. É um estado patológico, causado pela intera-
ção de um agente químico com o organismo. Esse agente químico é também conhecido como agente 
tóxico ou xenobiótico. É uma substância química que provoca o desequilíbrio do organismo e que gera 
desde simples distúrbios de saúde até o óbito. Tudo vai depender de alguns fatores e, especialmente, de 
sua toxicidade, que é a propriedade potencial das substâncias químicas de instalar, em maior ou menor 
grau, um estado patológico após sua introdução ou interação com o organismo.
Vários são os fatores que podem afetar no grau de toxicidade de um agente. Algumas caracterís-
ticas da pessoa afetada, como a idade, a massa corpórea, estados nutricionais ou doenças prévias são 
fundamentais para que o agente tenha maior ou menor toxicidades. Também a concentração do agen-
te tóxico, bem como seu estado de dispersão, de acordo com a forma e o tamanho da partícula, exercem 
influência no grau de toxicidade. Outros fatores também são importantes para que a substância seja 
mais ou menos tóxicas, como a afinidade da substância com um determinado tecido ou órgão do corpo 
humano, ou ainda a sensibilidade desse tecido ou órgão, por exemplo.
20 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
Intoxicação no Brasil em 2005
A análise dos dados obtidos em 2005 revela novo recorde no número de intoxicações com cerca 
de quase 90 mil casos registrados. Os animais peçonhentos tiveram o maior número de registros. Foram 
mais de 23 mil casos de acidentes com animais venenosos, sendo 1/3 deles causado por escorpiões. 
Pernambuco foi o estado que mais registrou acidentes com escorpiões, com cerca de 2 200 casos em 
2005. As serpentes e as aranhas também são animais que causaram alto número de acidentes tóxicos 
e o alto índice está possivelmente relacionado à ocupação desordenada do homem em encostas sem 
saneamento básico e com solos empobrecidos.
O número de mortes por intoxicação também cresceu. O aumento foi de 18% em relação ao ano 
anterior e o principal agente causador de óbito foram os agrotóxicos. O uso indiscriminado de agrotó-
xicos, que se dividem em quatro categorias: de uso agrícola, uso doméstico, uso veterinário e raticidas, 
aparecem como um outro grande problema brasileiro, a falta de conhecimento e a má manipulação 
desse produto nas lavouras causaram 159 mortes, dentre as quais os homens são as maiores vítimas dos 
agrotóxicos, respondendo a 70% dos óbitos.
Entre as crianças menores de cinco anos, os medicamentos ocuparam o primeiro lugar na lista de 
agentes tóxicos mais perigosos, cerca de 6 500 acidentes naquele ano. As plantas também representa-
ram alto índice de intoxicação nessa faixa etária, com mais de 40% das vítimas.
Os medicamentos apresentaram alto índice de intoxicação entre as mulheres, com 64% do total 
de casos. Também são esses produtos os maiores responsáveis por tentativas de suicídios, com 58% dos 
casos, seguidos por agentes agrícolas, com 14% do total.
Em relação às drogas de abuso, lícitas e ilícitas, os adultos jovens com idade entre 20 e 29 anos 
foram o maior número de casos registrados, especialmente na região Sudeste, com 1 790 casos. A região 
Centro-Oeste, entretanto, foi a que apresentou maior letalidade, com 8,75% do total. O sexo masculino 
apresentou um número de casos 2,6 vezes maior que as mulheres.
A região Sul foi a que teve maior número de registro de casos. Em cada três casos registrados no 
Brasil, um deles era proveniente dessa região.
Causas de intoxicação no trabalho
O ambiente de trabalho pode apresentar vários fatores de risco ao trabalhador. A emissão de 
gases através de vazamentos de alguns equipamentos é uma das principais causas de intoxicação 
no trabalho.
O próprio trabalhador por vezes pode cometer alguns erros que são capazes de causar intoxica-
ção. A ausência ou o uso inadequado dos equipamentos de proteção individual(EPIs) é um exemplo. 
Também é comum observar em um ambiente aberto trabalhadores aplicando produtos tóxicos contra 
o vento, o que também pode gerar intoxicações. Alguns problemas na higiene, tais como o uso da mes-
ma roupa em dias consecutivos, a ausência de banho diário, a alimentação sem higiene das mãos são 
causadores de acidentes tóxicos. Trabalhadores que tomam banho com água quente antes do trabalho 
dilatam os poros cutâneos devido ao calor, o que pode facilitar a penetração de toxinas. Pelo mesmo 
motivo, a aplicação de produtos nas horas de maior temperatura também pode representar um risco.
Os trabalhadores que ficam sozinhos em seus postos correm o risco de não receber ajuda imediata em 
caso de intoxicação.
21|Medicina do Trabalho e Toxicologia
Alguns outros fatores, como o armazenamento inadequado dos produtos tóxicos, podem causar 
acidentes que levam à intoxicação. Outro fator importante é a resistência física do trabalhador. Quanto 
mais baixa a resistência, maior o risco de contaminação por parte desse trabalhador.
Há também casos de intoxicação de familiares de trabalhadores. Isso ocorre quando principal-
mente o posto de trabalho localiza-se na própria residência, ou então quando a roupa utilizada ao lon-
go da jornada de trabalho é lavada em casa de maneira inadequada.
Classificação das intoxicações
As intoxicações são classificadas de três formas. Para tanto, observa-se sua origem, seus efeitos e 
seus níveis operacionais.
Quanto à origem, as intoxicações podem ser classificadas como acidentais (medicamentos, ali-
mentos, ambiente ou profissão), intencionais (homicídios, suicídios ou doping), genéticas (transmitidas 
geneticamente), congênitas (adquiridas pelo feto) e sociais (dependência química).
Quanto aos efeitos, as intoxicações podem ser crônicas (ação lenta e progressiva com exposição 
contínua) ou agudas (introdução rápida do agente tóxico no organismo em dose única).
Em relação aos níveis operacionais, as intoxicações são classificadas como de altas doses (expo-
sição curta; intoxicações agudas e acidentais), doses médias (exposição por período de tempo maior; 
intoxicação profissional) e pequenas doses (exposição longa, com efeito teratogênico; intoxicação 
ambiental).
Agentes ambientais
As doenças ocupacionais podem ser causadas por alguns agentes presentes no posto de traba-
lho. São eles os agentes físicos, ergonômicos, biológicos e químicos.
Os agentes físicos são observados nas formas de ruídos, vibração, frio, calor, umidade, pressão, 
radiação, entre outros. Os agentes ergonômicos caracterizam-se como fatores fisiológicos ou psicológi-
cos inerentes à execução da atividade profissional. Os agentes biológicos são os microorganismos e os 
germes, tais como vírus, fungos e bactérias.
Os agentes químicos, por sua vez, podem estar presentes no ambiente nos estados sólido, líquido 
e gasoso. No estado sólido podem estar sob a forma de poeiras de origem animal (pêlos e couro), vege-
tal (fibras de algodão, bagaço de cana), mineral (sílica, amianto, carvão) e sintética (fibras de plástico). 
No estado líquido estão as soluções ácidas, alcalinas e solventes orgânicos. No estado gasoso, encon-
tram-se as substâncias que se misturam com o ar respirável.
Contaminantes atmosféricos
Os contaminantes atmosféricos são representados pelos gases, vapores e aerossóis. Os gases, 
nas Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP) encontram-se no estado gasoso, enquanto os 
vapores são sólidos ou líquidos e os aerossóis são partículas sólidas ou líquidas, suspensas ou dispersas 
no ar, com tamanho reduzido.
22 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
Os gases podem ser classificados como de ação irritante ou asfixiantes. Quando são irritantes, po-
dem ter ação intensa (sulfúricos, aldeídos, flúor, amoníacos, acroleína), moderada (cloro e derivados) ou 
leve (arsínia, ozônio, brometo e cloreto de metila). Essas substâncias podem levar à inflamação tecidual 
e são percebidos pelo homem em concentrações baixas. A distinção entre irritante e corrosiva depende 
da natureza da substância, concentração, viscosidade, osmolaridade, potencial de oxidação e redução, 
complexo de afinidade a pontes bivalentes, da ação do irritante alcalino, intoxicação protoplástica, irri-
tante ácido, denaturante, irritante hidrocarboneto. Podemos citar como efeitos clínicos com a inalação: 
cefaléia, secura/insensibilidade nasal, hemorragia, edema de glote, esôfago ou pulmão.Também atra-
vés das vias respiratórias podem ocorrer respiração ofegante, sibilância, tosse e perda de função das 
vias aéreas. Os gases asfixiantes podem apenas substituir o oxigênio atmosférico, como o nitrogênio ou 
ainda podem também interagir com o organismo causando alterações nos mecanismos de transporte 
sanguíneo do oxigênio ou na respiração celular. Como exemplo temos o monóxido de carbono.
Os aerossóis são classificados em poeiras, fumo, fumaça e névoa. Tal classificação é realizada de 
acordo com o tamanho das partículas.
Poeiras:::: : partículas sólidas que podem se apresentar em suspensão no ar, geradas de materiais 
inorgânicos, como rochas, minérios, metais, carvão e madeira, sendo produzidas por desinte-
gração, trituração, pulverização ou impacto. Elas não se difundem no ar e se depositam sob a 
influência da gravidade. São partículas com diâmetro variando entre 1 e 100 mícrons.
Fumos:::: : partículas produzidas normalmente pela condensação de vapores após a volatilização 
de metais fundidos, tais como o derretimento de ferro e chumbo, por exemplo. Seu diâmetro 
é inferior a 10 mícron.
Fumaças:::::: combustão completa da matéria orgânica, com partículas inferiores a 1 mícron 
de diâmetro.
Névoas:::: : partículas líquidas de diâmetro entre 0,01 e 100 mícrons, resultantes da condensação 
de vapores sobre certos núcleos ou da dispersão mecânica de líquidos.
Toxicocinética
Os agentes tóxicos seguem etapas determinadas ao entrar no organismo. Essas etapas são: 
Absorção:::: – é a passagem do agente tóxico do local de exposição para a corrente sanguínea. 
Ocorre pelas vias de penetração cutânea, digestiva, respiratória, além de outras menos co-
muns, como ocular, genital e dental, por exemplo.
Distribuição:::: – após a absorção, o agente tóxico se difunde pelos tecidos através do sangue, 
líquido intersticial e líquidos celulares. No corpo, existem os considerados órgãos de proteção, 
ou seja, enquanto armazenado, o agente tóxico dificilmente causa danos ao organismo. Os 
principais órgãos de proteção são as proteínas plasmáticas, o fígado e os rins.
Metabolismo:::: – são os processos pelos quais o agente tóxico e seus metabólitos se modificam 
no organismo por reações enzimáticas e não-enzimáticas. Algumas dessas transformações po-
dem reduzir ou mesmo impedir seus efeitos, diminuindo a atividade e facilitando a excreção. O 
principal sítio de desintoxicação é o fígado, através de enzimas chamadas biotransformadoras.
23|Medicina do Trabalho e Toxicologia
Excreção:::: – são os processos pelos quais os agentes tóxicos são eliminados do organismo. A 
principal via de eliminação é a urinária, mas também pode haver excreção por via pulmonar, 
digestivas ou outras secundárias.
Texto complementar
Atestado médico
Considerações ético jurídicas
(COSTA, 2008. Adaptado.)
O atestado pode ser classificado como uma instituição, criado que foi, para uma finalidade 
certa e definida, qual seja a de demonstrar a verdade de determinado ato, ou de determinada situ-
ação, estado ou ocorrência. De acordo com Plácido e Silva, dicionarista especializado, “o atestado 
indica o documento em que se faz atestação, isto é, em que se afirma a veracidade de certo fato ou 
a existência de certa obrigação. É assim o seu instrumento.“
A utilidade e a segurança do atestado estão intrinsecamente vinculadas à certeza de sua vera-
cidade. Assim é que uma declaraçãoduvidosa tem, no campo das relações sociais, o mesmo valor 
de uma declaração falsa, exatamente por não imprimir um conteúdo de certeza ao seu próprio 
objeto. Confirmada por atestado médico a veracidade de determinado fato ou a existência de certa 
obrigação, poderá o beneficiário da declaração pleitear os direitos advindos daquilo que foi declara-
do. Expedido no exercício de profissão regular, merecedora de que seus profissionais nele deposite 
confiança, o atestado médico é verdadeiro por presunção e sua recusa propicia o oferecimento de 
reclamações tendentes à garantia dos direitos representados pela declaração. 
Em busca de preservar a confiabilidade do atestado médico, apontamos aqui cinco condições 
para sua expedição?
ser sempre exarado por médico habilitado na forma da lei;1. 
ser subscrito por quem, de fato, examinou o beneficiário da declaração;2. 
ser elaborado em linguagem simples, clara e de conteúdo verídico;3. 
omitir a revelação explícita do diagnóstico, salvo quando ocorrente dever legal, justa causa 4. 
ou pedido expresso do paciente;
expressar a prudência do médico ao estabelecer as conseqüências do exame e, portanto, 5. 
ao prognosticar.
24 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
Em sendo o atestado parte integrante do ato médico que se inicia com o exame do paciente, não 
justifica cobrança de valor adicional por sua expedição, sob pena de cominações éticas e penais.
Infelizmente, encontram-se muitos e muitos atestados falsos, tal ocorrência tanto pode proce-
der da pusilanimidade do próprio atestante, como da conduta viciada do beneficiário que comete 
a fraude. Qualquer que seja a situação, atestante e beneficiário estarão sempre envolvidos em res-
ponsabilidade conjunta e solidária, capaz de produzir efeitos diversos e funestos tanto no campo 
ético-profissional, como no campo jurídico-social.
Aspectos ético-penais
O Código Internacional de Ética Médica visa a preservar um dos pontos mais importantes da 
relação do médico com o paciente, qual seja o de garantir que a conduta médica relate, sempre, 
a veracidade dos fatos constatados no exame, qualquer que seja o procedimento executado ou a 
executar. A mesma linha de disposições pode ser flagrada em nosso Código de Ética Médica.
Tratando conjuntamente do atestado e boletim médicos, o Código pátrio proíbe ao profissio-
nal fornecer atestado que não corresponda à prática de ato que o justifique, ou relatando situação 
diferente da realmente constatada.
Como normatização interna que é, o Código Brasileiro se permite detalhamento incompatível 
com a natureza internacional daquele outro diploma.
Assim, proíbe a utilização do atestado como instrumento de captação de clientela: confere ao 
paciente direito subjetivo ao atestado que define como parte integrante do ato médico, não impor-
tando seu fornecimento em majoração de honorários.
E ainda do nosso Código a proibição de que o médico sirva-se de formulários de instituições 
publicas para atestar, mesmo a verdade, quando verificada em instituição particular. O óbito, em 
princípio, somente poderá ser atestado após verificação pessoal e por quem tenha prestado assis-
tência ao paciente, salvo nas hipóteses de verificação em plantão, como médico substituto ou por 
via de necrópsias ou exame médico-legal. Por outro lado, se o médico vinha prestando assistência 
ao paciente, atestar-lhe o óbito converte-se em obrigação, salvo na suspeita de morte violenta.
Quando o boletim médico contiver afirmação técnica à semelhança do atestado, deverá com-
portar-se segundo as linhas gerais que regulam a produção deste, vedando-se a informação falsa 
ou tendenciosa.
Do ponto de vista da legislação, o Código Penal, tomando como bem jurídico a preservar a ve-
racidade do atestado médico, pune com detenção de um mês a um ano a quem concede atestado 
falso, agregando à pena certa multa, se o crime e cometido com fim de lucro.
As disposições do Código de Ética acerca do atestado de óbito e do fornecimento deste sem 
base em ato profissional pessoalmente desenvolvido são igualmente encontradas no Decreto-Lei 
20.931, de 1932.
Verificando-se a legislação estrangeira, observa-se que o tratamento e semelhante ao dado 
pela norma nacional. E o que resulta da análise da legislação francesa, portuguesa, italiana e outras. 
A diferença entre aqueles países e o nosso vai ocorrer, não nos textos legais, mas na maneira como 
aquelas normas são aplicadas e na efetividade da punição que ali se observa.
25|Medicina do Trabalho e Toxicologia
Algumas medidas simples têm sido propostas a essa prática mal-sã, como relata Irany Novaes 
ao escrever:
a experiência de juízes registra casos de ação contra médico que, em um semestre, vendeu mais de quinhentos ates-
tados para abono de falta em uma só entidade. Há situações muito ilustrativas que comprovam ser possível coibir 
o médico em sua faina de conceder atestados falsos. Os mesários escolhidos pela Justiça Eleitoral não encontram 
um só médico que dê atestado para justificar seu não comparecimento a convocação, graças a idéia brilhante que 
um juiz teve de despachar o pedido nos seguintes termos: Justificada a ausência, convoque-se o atestante para as 
próximas eleições.
Sem dúvida, a liberalidade na outorga desse valioso instrumento é nociva aos médicos e à 
própria medicina, por abalar a credibilidade de ambos perante a sociedade, a qual, ademais, perde 
um instrumento útil que pela prática fraudulenta já não atende à sua finalidade original.
Segredo médico
Por segredo entende-se tudo aquilo que é conhecido e não revelado. O segredo é, portanto, o 
guardado resultado de um certo processo de conhecimento que se desenvolveu. Não há que falar 
em segredo quando ausente o conhecimento. Visto que a informação segredada advém de pesqui-
sa, delimita-se dois campos dentro dos quais se pode considerar o sigilo: sigilo quanto aos passos 
do processo de conhecimento e sigilo quanto ao resultado da pesquisa.
No primeiro caso, tratamos, segundo a terminologia definida por alguns autores, de segredo 
profissional. Na outra hipótese, temos o sigilo médico ou sigilo diagnóstico 
Para o professor Hilton Rocha, a divisão existem é indispensável:
Com a evolução, com as evoluções sociais e comunitárias, o rigorismo do sigilo foi-se atenuando, ampliando-
se as exceções iniciais. Não se consegue mais manter estritamente inviolados os diagnósticos. Tenho para 
mim que poderíamos considerar dois aspectos distintos, a que eu rotulo para diferenciar como sigilo médico 
e segredo profissional. Se sigilo médico envolve diagnósticos, que hoje muitas vezes somos compelidos a 
divulgar, já o segredo profissional, como relacionado com confidências, inclusive sobre intimidadas dos lares 
visitados, estes são segredos de que somos confidentes, e não podemos jamais revelar, sob pena de nos tor-
narmos perjuros.
Atividades
1. A Medicina do Trabalho:
a) visa somente atender aos interesses da empresa, buscando somente maior lucratividade.
b) possui um campo de trabalho pequeno, restrito a empresas de grande porte.
c) busca a prevenção de doenças e acidentes de trabalho, além da promoção da saúde e quali-
dade de vida do trabalhador.
d) não necessita ter conhecimentos de outras áreas da Medicina, como a Clínica Médica, por 
exemplo.
26 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
2. Assinale a alternativa correta.
a) A intoxicação é um estado patológico causado pela interação de um agente químico e o 
organismo.
b) O agente tóxico não é capaz de levar ao óbito.
c) O grau de toxicidade não tem relação com o biotipo da pessoa.
d) O estado de disperção do agente tóxico não influi na sua toxicidade.
Toxicologia ocupacional
O corpo humano possui sistemas naturais de defesa que o ajudam a se proteger contra muitos 
riscos ambientais e ocupacionais. Esses sistemas de defesa ajudam também o organismoa curar-se 
quando sofre um dano e/ou fica doente. Os riscos ocupacionais podem ser representados pelas bacté-
rias, vírus, substâncias químicas (material particulado, líquidos, gases, vapores), ruído, temperatura, pro-
cedimentos de trabalho (fatores anti-ergonômicos). O principal objetivo deste capítulo é identificar os 
princípios gerais da Toxicologia Ocupacional e a sua importância no cotidiano do médico do Trabalho, 
com exemplos práticos.
Princípios gerais de Toxicologia
Podemos destacar a relação dose–resposta do agente toxicológico, os fatores que influenciam 
na toxicidade, a toxicocinética, a toxicologia dos metais (Pb, Hg, Cd, As), a toxicidade dos solventes, dos 
gases e dos vapores irritantes e asfixiantes, além dos agrotóxicos.
Principais vias de introdução
A pele constitui-se numa importante camada protetora do organismo, mas não protege sempre 
contra os riscos presentes no ambiente de trabalho, porque as substâncias químicas podem ser absorvi-
das diretamente pelo organismo através da pele saudável. Uma vez absorvidas, as substâncias químicas, 
através da circulação, são transportadas para os órgãos-alvo, produzindo efeitos nocivos.
Vários materiais ou situações no ambiente de trabalho podem causar moléstias ou lesões. O tra-
balho mecânico onde se realizam fricção, pressão e outras formas de força, como os trabalhadores que 
utilizam rebitadeiras, retiram lascas, verrumas e martelos, podem produzir calos, bolhas, lesões dos 
nervos, cortes etc. Existem centenas de novas substâncias químicas que ingressam nos ambientes de 
trabalho a cada ano e algumas delas podem ocasionar irritação da pele e reações alérgicas da derme. 
Algumas substâncias, tais como ácidos e álcalis fortes, provocarão lesões na pele quase instantanea-
mente, enquanto outras, como ácidos, álcalis diluídos e solventes em geral, provocarão efeitos na pele 
apenas se houver contato desta com a substância química com certa freqüência.
28 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
Quais substâncias podem danificar a pele?
Podem causar danos a pele todas as formas de petróleo, entre elas diesel, lubrificantes, combus-
tíveis, solventes, diluentes e desengraxantes, como parafina e tricloroetileno, além dos produtos deri-
vados do petróleo e produtos do alcatrão da hulha, como os fenóis e os cresóis. Algumas substâncias 
podem tornar a pele enrijecida, após a formação de bolhas ou produzir escamas. Tais lesões são deno-
minadas dermatites.
Dermatites: sintomatologia
Habitualmente, os sintomas somente aparecem quando a substância química entra em contato 
com a pele e desaparecem quando o trabalhador deixa de estar em contato com a substância.
Algumas substâncias químicas podem causar dermatites de contato, tais como o formaldeído, 
compostos de níquel, resinas epóxi, catalisadores utilizados na fabricação de produtos plásticos, agen-
tes germicidas que levam sabão, produtos de limpeza, em particular o hexaclorofeno, bitionol, silicilani-
lidas halogenadas e os cromatos.
Sistema respiratório
O sistema respiratório possui um mecanismo muito eficaz para filtrar os poluentes normais que 
ocorrem no ar. Os sistemas de filtração do nariz (pêlos) e do trato respiratório superior (mucosas e cílios 
vibráteis) impedem que grandes partículas penetrem no organismo e atinjam os pulmões, produzindo 
efeitos adversos à saúde.
Em geral, o sistema respiratório filtra as partículas de pó de diâmetro grande, entre as quais as fibras, 
sendo muito difícil eliminar as partículas de diâmetros pequenos, que podem atingir partes mais profundas 
dos pulmões e ocasionar graves problemas respiratórios locais. Quando os pulmões estão expostos a con-
centrações elevadas de pós, vapores, fumos de cigarro, poluentes da atmosfera, os mecanismos de filtração 
podem ficar sobrecarregados e sofrer um dano. Uma vez instalado esse dano, é provável que se desenvolvam 
nos pulmões diferentes bactérias, vírus, entre outros germes, provocando doenças como a pneumonia.
Tarefas em locais com pó em demasia, como minas de bauxita e carvão, engenhos de açúcar, 
amianto, indústria química, indústria farmacêutica, acarretam em maior possibilidade de contrair doen-
ças respiratórias em comparação a outros trabalhadores em outras atividades.
Gases e vapores também podem penetrar no organismo através do sistema respiratório. Efeitos 
locais no trato respiratório superior e nos pulmões serão absorvidos passando para a corrente sangüí-
nea, podendo provocar efeitos adversos nos órgãos-alvo.
Aspectos toxicológicos dos solventes orgânicos
Os solventes orgânicos são de grande interesse para a Toxicologia Ocupacional, sendo largamen-
te utilizados na dissolução, extração, desengraxamento, para tintas corantes, pinturas, coberturas, na 
29|Toxicologia ocupacional
diluição, como dispersante e na limpeza a seco. Mas seu uso também pode estar relacionado a combus-
tíveis, alimentos, drogas de uso abusivo, bebidas, explosivos e poluentes.
Sua absorção pode ocorrer de maneira rápida pela via inalatória ou cutânea e menos comumente 
através de sua ingestão. Sua distribuição ocorre de acordo com o teor de lipídios e o mecanismo de 
vascularização. Os tecidos adiposos e outros, ricos em lipídios, são depósitos para armazenamento. Seu 
metabolismo geralmente é hepático. Sua excreção se dá pela urina, fezes e pelo ar expirado.
Características comuns na toxicidade dos solventes
Podem ser observados efeitos dérmicos locais devido à extração dos lipídios da derme, efeito 
depressor do Sistema Nervoso Central, efeitos neurotóxicos, efeitos hepatotóxicos, ou seja, tóxicos para 
o fígado, efeitos nefrotóxicos, ou seja, tóxico para os rins e provável risco de câncer.
Como efeitos hepatotóxicos podemos citar a hepatite química, com o aumento das transami-
nases indicando dano hepatocelular esteatose, que ocasionalmente progride para necrose hepática; 
possível cirrose (na recuperação); metabolismo reduzido de outros xenobióticos.
Os efeitos tóxicos sobre os rins podem variar desde uma necrose tubular aguda, devido à ex-
posição aguda severa a hidrocarbonetos halogenados, glicóis, tolueno e destilados do petróleo, até 
mesmo a uma glomerulonefrite crônica, devido a uma exposição contínua,ccom a qual a gasolina está 
bastante relacionada.
Como características dos efeitos tóxicos ao sistema nervoso central (SNC) de forma aguda pode 
ter sua atividade como um anestésico geral ou, por uma inibição seletiva, acarretando narcose, euforia, 
agitação (desinibição), incoordenação motora, ataxia, disartria. De forma crônica, torna-se mais comple-
xa a atribuição, mas pode estar relacionada com a “Síndrome dos Pintores” que, por sua vez, pode estar 
ligada à ocorrência de um conjunto de fatores como depressão, desempenho psicomotor retardado, 
alteração da personalidade, bem como déficit de memória recente.
Capazes também de apresentar alta toxicidade periférica, os solventes podem causar neuro-
patia axonal distal, especificamente. Dentre eles estão o n-hexano, metil-n-butil cetona, dissulfeto de 
carbono (conhecidos), estireno, tetracloroetileno (suspeitos), levando a parestesias sensoriais preco-
ces, tais como dormências, perda da capacidade de receber estímulos dos músculos e tendões, pos-
teriormente. Esses efeitos apresentam-se inicialmente nas baixas extremidades, como a ocorrência 
de reflexos no tendão calcâneo e a vibração. Como efeito motor, observa-se a fraqueza motora e a 
atrofia de nervos.
Toxicologia geral dos solventes halogenados alifáticos
Esses solventes têm como algumas de suas principais características o potencial de causar severa 
hepatotoxicidade, nefrotoxicidade, arritmias cardíacas e alto potencial carcinogênico, ou seja, podem 
desenvolver câncer.
30 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
Toxicologia específica dos solventes halogenados alifáticos
A gasolina pode estar relacionada aos casosde glomerulonefrite1. Quando aspirada, pode levar 
à pneumonite, e sua alta toxicidade pode estar relacionada, também, aos altos teores de chumbo em 
sua composição.
Para a investigação da intoxicação por nitratos alifáticos, por se tratar de um composto de extre-
ma hepatotoxicidade, como o trinitrotolueno (TNT), a metahemoglobina é um exame a ser solicitado, 
sendo a hipotensão um dos sintomas observados.
É muito importante lembrar que o organismo dispõe de vários mecanismos que podem emitir 
sinais de alarme quando ocorrem riscos, tais como odor, tosse e irritação no nariz. Esses sinais de adver-
tência apenas indicarão um provável risco. Muitas substâncias químicas, no entanto, não apresentam 
odor e, assim, não as podemos identificar. Outras substâncias químicas só apresentam odor quando 
se apresentam em concentrações muito acima dos níveis de segurança e já podem estar provocando 
danos à saúde.
Alternativamente, outras não apresentam odor após determinado tempo próximo a elas, pois o 
nariz se habitua com essa sensação, ocorrendo, portanto, uma adaptação. Dessa forma, nem sempre o 
olfato é um sinal de alarme confiável.
Álcoois
Os álcoois estão divididos em etanol, metanol e glicol. O etanol pode apresentar numerosos efei-
tos adversos. É capaz de provocar intoxicação aguda, como nos casos de embriaguez e no abuso crô-
nico do álcool, podendo causar dependência. Fetos também podem sofrer as conseqüências do álcool 
durante a gestação e, quando nascem, frequentemente sofrem da Síndrome Alcoólica Fetal, causada 
pela abstinência, conhecida nos adultos como Delirium tremens.
O metanol, também conhecido como álcool metílico ou álcool da madeira, líquido, inflamá-
vel, é obtido através da destilação de madeiras ou pela reação do gás de síntese, vindos de origens fósseis 
como o gás natural, passando por um catalisador metálico a altas temperaturas e pressões. É utilizado como 
solvente na indústria de plásticos, na extração de produtos animal e vegetal, também na indústria farma-
cêutica, no preparo de hormônios e vitaminas. Pode ser usado também como combustível e no preparo do 
biodiesel. Apresenta metabolismo muito lento nos primatas. Quando inalado provoca leve irritação às mu-
cosas e membranas. Os sintomas da exposição incluem dor de cabeça, náusea, vômito, e coma, podendo 
levar à morte. Devido a sua alta toxicidade no nervo óptico, quando afeta a retina pode causar cegueira.
O etileno glicol (etanodiol) é bastante nefrotóxico. Pode levar à deficiência de cálcio, levando o 
doente a se submeter à hemodiálise, além de poder apresentar alta toxicidade no sistema reprodutivo.
Toxicologia específica dos solventes aromáticos
BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno, xileno) – contaminantes comuns do solo e água. O tolueno 
apresenta potente toxicidade no SNC e desordem cognitiva crônica. O xileno é irritante às membranas 
e mucosas, especialmente a ocular.
1 Inflamação dos glomérulos, que são estruturas renais microscópicas, responsáveis pela filtragem do sangue.
31|Toxicologia ocupacional
O benzeno foi descoberto em 1825, por Michael Faraday, no gás da iluminação usado em Lon-
dres, na ocasião. Aproximadamente 50% do benzeno inalado é absorvido, e sua baixa solubilidade em 
água provoca expansão dos tecidos adiposos. Com intoxicação aguda, os efeitos são essencialmente 
devido à ação no sistema nervoso central. Em concentração moderada, os sintomas são desmaios, ou 
um estado de confusão, excitação e palidez, seguido de fraqueza, dor de cabeça e sensação de morte 
iminente. Em concentrações altas os sintomas são de excitação e euforia, seguido de cansaço, fadiga e 
sonolência. Se a vítima não for atendida nessa fase, problemas respiratórios ocorrem associados a con-
trações musculares, convulsões e morte. O maior efeito atribuído à exposição crônica são os efeitos ao 
sistema nervoso central, que podem levar a vítima à leucemia.
A exposição ocupacional do benzeno se dá em refinarias de petróleo, em petroquímicas, em co-
querias, nos distribuidores de combustíveis, nas indústrias de couro, em laboratórios químicos e bioló-
gicos. A exposição extra-ocupacional ocorre no ato de inalar a fumaça do cigarro e da poluição do trá-
fego veicular. Na metabolização, o benzeno é distribuído para várias partes do corpo, tais como medula 
óssea, sangue, tecido adiposo e fígado. É também transportado do sangue para os pulmões. Cerca de 
12% do benzeno absorvido é eliminado inalterado pelos pulmões, e cerca de 1% pela urina. A meia-
vida do benzeno é estimada em 9 horas, mas esses valores podem alcançar também 24 horas, porque o 
benzeno tende a se depositar no tecido adiposo, de onde é lentamente liberado.
Na intoxicação aguda, os sintomas mais evidentes são mais evidentes no SNC, enquanto na into-
xicação crônica o efeito mais relevante está a cargo do sistema hematopoiético, caracterizado por uma 
menor produção de eritrócitos, leucócitos e plaquetas pela medula, características da anemia aplásica, 
além da indução de leucemia mielóide aguda. O benzeno é um líquido inflamável, incolor, que pode ser 
de odor agradável, carcinógeno não-genotóxico.
O tolueno é um hidrocarboneto aromático volátil e incolor, com amplo uso industrial, na-
turalmente presente no petróleo. É um dos solventes produzidos em maior quantidade. Cerca de 
92% do tolueno obtido é utilizado na produção de gasolina. O restante, purificado como tolue-
no comercial, é empregado na elaboração de produtos químicos. Muitas tintas, colas, polidores, 
diluentes, desengordurantes e removedores contêm essa substância como seu principal constituinte. 
É um solvente que atua sobre o SNC em exposições agudas e crônicas. Apresenta ação irritante sobre pele 
e mucosas e seus efeitos agudos são semelhantes aos decorrentes da intoxicação etanólica: efeitos estimu-
lantes, seguidos de depressão do SNC. Em exposições crônicas, pode provocar hepatotoxicidade, nefrotoxi-
cidade e perda auditiva. Estudos sobre a exposição crônica ao tolueno a baixas concentrações demonstram 
mudanças neurocomportamentais e exposições a altas concentrações podem ocasionar não apenas defi-
ciência de atenção e concentração, mas também déficit motor.
O controle e a prevenção da exposição a esse solvente é realizado através de medidas de controle 
ambiental, com uso de roupas impermeáveis, luvas, óculos de segurança e máscaras com filtro químico. 
Adicionalmente, tendo em vista seus efeitos tóxicos, todos os trabalhadores com risco de exposição ao 
tolueno devem realizar monitorização biológica por meio de exames toxicológicos para avaliar seu grau 
de exposição a esse solvente. A norma regulamentadora (NR) 7, da Secretaria de Segurança e Medicina 
do Trabalho do Ministério do Trabalho, indica o ácido hipúrico (AH) urinário como indicador de exposi-
ção ocupacional ao tolueno. O AH é o metabólito do tolueno encontrado em maior concentração na uri-
na e seus níveis estão diretamente relacionados aos níveis de tolueno no ambiente, sendo considerado 
adequado como biomarcador de exposição a esse solvente. De acordo com a NR 7, o valor de referência 
(VR) para o AH é 1,5 grama de AH por grama de creatinina, e seu Indice Biológico Máximo Permitido 
(IBMP) é 2,5 gramas de AH por grama de creatinina.
32 | Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho
A exposição ocupacional se dá em usinas petroquímicas e refinarias de petróleo, enquanto a ex-
posição extra-ocupacional ocorre com o uso de produtos de limpeza e colas. O tolueno é absorvido 
através dos pulmões e mais lentamente pela pele. No organismo, é encontrado primeiramente no san-
gue, e em seguida deposita-se no tecido adiposo. Cerca de 20% da dose absorvida é eliminada pelo 
trato respiratório, e 80% é biotransformado, sendo os principais metabólitos dessa reação o ácido hi-
púrico, o o-cresol e o ácido benzóico. A chamada “cola de sapateiro” é um produto tóxico que contém o 
solvente tolueno. Além

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