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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP REDEFOR EUGÊNIO DUARTE DE ALMEIDA O ENSINO DE FÍSICA DE PARTÍCULAS NO ENSINO MÉDIO UMA INTRODUÇÃO SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2012 2 Universidade Estadual de Campinas – Unicamp Redefor Eugênio Duarte de Almeida O Ensino de Física de Partículas no Ensino Médio Uma introdução Monografia de conclusão do Curso de Especialização em Ensino de Física da Universidade Estadual de Campinas sob a supervisão do Prof. Edson Pedro Cecílio Júnior. 3 São José dos Campos 2012 Dedicatória Dedico este trabalho à memória de minha mãe Dirce Coser de Almeida e a meu irmão Mauro Duarte de Almeida Júnior que incentivaram, orientaram e possibilitaram a minha formação acadêmica, alicerce de minha vida profissional e dignidade. 4 Agradecimentos Agradeço à equipe de orientadores da Unicamp a oportunidade pela realização desse Curso de Especialização em Ensino de Física que engrandece minha formação acadêmica e a minha evolução profissional, em especial aos professores Tárcio Pelissoni Manfrim, Júlio César Guimarães Tedesco e Edson Pedro Cecílio Júnior. 5 “Quem disser que compreende a Mecânica Quântica é porque não a compreendeu.” Niels Bohr 6 Resumo Este trabalho tem por objetivo desenvolver, a nível introdutório, o tema de Física de Partículas no Ensino Médio. Por tratar-se de uma área de grande complexidade, porém, de fundamental importância para a compreensão do mundo científico e tecnológico atual, o assunto é colocado de forma conceitual, partindo-se das origens das concepções sobre a constituição da matéria na Grécia Antiga, seguindo a evolução dos modelos atômicos, a descoberta das primeiras partículas – o elétron, o próton, o neutrino e o nêutron – a descoberta do méson pi com a participação do físico brasileiro César Lattes, a miríade de novas partículas surgidas a partir da metade do século XX, a teoria dos quarks , os hádrons, léptons e bósons formando o Modelo Padrão, os aceleradores de partículas, o LHC e culminando com a possível detecção do bóson de Higgs nesse último, anunciada no início de julho de 2012. São apresentadas atividades e trabalhos a serem desenvolvidos pelos alunos para consolidar o seu aprendizado sobre esses importantes conceitos. Palavras-chaves: Física de Partículas, átomo, quarks, hádrons, léptons, bárions , mésons, bósons, interações fundamentais, antipartículas, acelerador de partículas. 7 Abstract This work aims to develop at introductory level, the theme of Particle Physics in High School. As this is an area of great complexity, but of fundamental importance for the understanding of current scientific and technological world, it is approached in a conceptual way, starting with the origins of the conceptions of the constitution of matter in Ancient Greece following the evolution of atomic models, the discovery of the first particles - the electron, the proton and the neutron - the discovery of pi meson with the participation of the brazilian physicist Cesar Lattes, a myriad of new particles arising from the mid-twentieth century, the theory of quarks, hadrons, leptons and bosons forming the Standard Model, particle accelerators, the LHC and culminating with the possible detection of the Higgs boson in the latter announced in early July, 2012. Activities and works are presented to be developed by the students to consolidate their learning about these important concepts. Keywords: Particle Physics, atoms, quarks, hadrons, leptons, barions, mesons ,bosons, fundamental interactions, antiparticles, particle accelerator. 8 SUMÁRIO 1- Introdução .............................................................................................................. 10 2- Desenvolvimento.................................................................................................... 11 2.1- Concepções sobre a constituição da matéria.................................................... 11 2.2- O Atomismo Grego..............................................................................................12 2.3- Modelos Atômicos e Partículas Subatômicas................................................... 12 2.3.1- O Átomo de Dalton...........................................................................................13 2.3.2- A Descoberta do Elétron e o Modelo Atômico de Thomson........................ 14 2.3.3- A Descoberta do Próton...................................................................................15 2.3.4- O Modelo Atômico de Rutherford..................................................................16 2.3.5- O Modelo Atômico de Bohr............................................................................ 17 2.3.6- A Descoberta do Neutrino e do Nêutron........................................................17 2.3.7- O Modelo Atômico Atual.................................................................................18 3- O Enigma da Estabilidade Nuclear: O Méson Pi e César Lattes.......................18 4- A Teoria dos Quarks.............................................................................................. 19 4.1 – Propriedades Fundamentais..............................................................................22 5- Antipartículas..........................................................................................................24 6- Hádrons e Léptons...................................................................................................24 6.1- Hádrons.................................................................................................................24 6.2 - Léptons................................................................................................................. 25 7- Bósons e as Interações Fundamentais...................................................................26 9 8- O Modelo Padrão....................................................................................................30 9- Aceleradores de Partículas....................................................................................30 9.1- Acelerador Linear (Linac)..................................................................................31 9.2- Cíclotron...............................................................................................................33 9.3- Síncrotron............................................................................................................ 33 9.4- O LHC (Large Hadron Collider).......................................................................35 10- O Bóson de Higgs.................................................................................................38 11- Atividades com alunos.........................................................................................39 11.1- Atividade 1: Seminários sobre Física de Partículas...................................... 39 11.2- Atividade 2: Video: Cientistas Brasileiros-César Lattes e J.L. Lopes.........41 11.3- Atividade 3: IdentificandoPartículas............................................................ 41 11.4- Atividade 4: Jogo de Cartas do Modelo Padrão............................................43 11.5- Atividade 5: Jogo de Cartas “Quarkle”.........................................................44 11.6- Atividade 6: Simulação de um Acelerador Linear........................................44 12- Considerações Finais...........................................................................................44 13- Referências Bibliográficas..................................................................................45 13.1- Sugestões de Leitura .......................................................................................47 13.2- Sites Consultados............................................................................................. 47 14- Anexos..................................................................................................................48 14.1- Anexo 1: Quiz sobre o Video da Atividade 2.................................................48 14.2- Anexo 2: Regras e Cartas do Jogo do Modelo Padrão.................................50 14.3- Anexo 3: Regras e Cartas do Jogo “Quarkle”..............................................51 10 1- Introdução A curiosidade natural do ser humano conferida pelo seu poder de raciocínio e ima- ginação levou-o, desde eras primevas, a buscar um entendimento sobre a sua existência e a de todas as coisas ao seu redor. Nesse contexto, a própria matéria, base de todos os objetos palpáveis, animados ou inanimados e manifestada sob múltiplas formas, cores e texturas torna-se alvo de indagações fundamentais: de onde proveio ? por que possui as proprie- dades que conhecemos ? de que é, essencialmente, constituída em seu aspecto mais ele- mentar ? qual a razão de toda essa diversidade com que ocorre ? As respostas a essas e muitas outras questões a respeito da matéria tem uma longa e fascinante história perpassan- do séculos e atraindo a atenção e o talento intelectual dos maiores luminares do conheci- mento humano que, na busca por explicações, dedicaram-lhes grande parte de suas vidas através do pensamento e da experimentação. Começando com os filósofos gregos, eminentemente teóricos e chegando ao Modelo Padrão da Física de Partículas e à maior máquina construída na história humana – o LHC – produto da mais sofisticada tecnologia é apresentada nesse trabalho uma síntese das melhores respostas que temos até o presente para aquelas indagações primordiais, com propostas variadas de atividades a serem executadas pelos alunos sobre os temas abordados. 11 2– Desenvolvimento 2.1 – CONCEPÇÕES SOBRE A CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA Encontramos, em diversas culturas e desde eras remotas, uma variedade de concepções sobre a natureza do mundo, da matéria e dos fenômenos observados. Estes, muitas vezes, eram miticamente tratados como divindades ou efeitos de sua ação. Foi na Grécia Antiga, a partir do século V a.C. que começaram a surgir inter-pretações despojadas desse caráter mítico e embasadas na observação da composição e dinâmica fenomenológica da natureza. No contexto dessa mentalidade, diversos filósofos buscaram uma sistematização explicativa sintética de todas as coisas do mundo (inclusive de si próprios) através de teorias que estabeleciam elementos e regras fundamentais que abarcavam toda a variedade de seres e transformações. Pela observação da própria constituição do planeta e de seus entes naturais, Tales de Mileto conclui que a água era a matéria prima de todas as coisas; Anaxímenes consi dera o ar como o elemento mais essencial (a água seria derivada de sua condensação); Xenófanes elege a terra como substância primordial e Heráclito, o fogo. Platão, grande filósofo e geômetra, associa os quatro elementos a formas poliédricas – a terra ao cubo, o fogo ao tetraedro, o ar ao octaedro e a água a icosaedro – numa antevisão incipiente de algo que hoje é bem conhecido pelos físicos e químicos: os diferentes tipos de substâncias são constituídos por moléculas cujas propriedades são funções de sua geometria. Aristóteles promove a integração de todas essas ideias em sua teoria dos quatro elementos acrescentando o éter, o qual perdurou até o século XX quando foi descartado pelo experimento de Michelson e Morley. Aristóteles, ao juntar os quatro elementos em 12 uma mesma teoria, cria o conceito de “lugar natural” através do qual procura dar um sentido para a dinâmica dos movimentos dos corpos (a queda de uma pedra ocorre porque o seu lugar natural é embaixo, no centro; a fumaça sobe porque o lugar natural dos gases é em cima, no céu; a chuva cai porque a água deve ficar sobre a terra e o fogo sobe porque seu lugar natural é o Sol, que fica em cima). Leucipo e seu grande discípulo, Demócrito, estabelecem a teoria que constitui um dos fundamentos de nossas atuais concepções sobre a matéria: o atomismo. 2.2 – O ATOMISMO GREGO Com Leucipo e Demócrito, temos a criação do conceito de átomo (“indivisível”) e de um sistema materialista que pode ser sintetizado através das seguintes ideias: - toda a matéria, incluindo os seres vivos, é formada por átomos, em diferentes proporções. - os átomos diferenciam-se pela sua massa e forma, são eternos e imutáveis. - entre um átomo e outro há espaço vazio. - toda transformação (“devenir” - vir a ser) é ocasionada pelo movimento de átomos no espaço vazio . - os átomos que constituem os sujeitos (almas) são de natureza ígnea – mais finos, rápidos e escorregadios. Nesse sistema, toda a mecânica da natureza, incluindo o psiquismo, são reduzidos a movimentos de átomos. 2.3 – MODELOS ATÔMICOS E PARTÍCULAS SUBATÔMICAS Nos séculos seguintes ao atomismo de Leucipo e Demócrito, a velha teoria dos quatro elementos persistiu por muito tempo. Embora seja comum encontrarmos, nos livros 13 didáticos, um salto cronológico do atomismo grego do século V a.C. à teoria atômica de John Dalton na Inglaterra do século XIX quando se desenvolve o tema dos modelos atômicos (o que causa a falsa impressão de que nesse interlúdio o atomismo não foi objeto de hipótese de outros pensadores, embora preterido em favor de outras ideias), é importante citar, portanto, que a ideia de átomo foi considerada por Galileu Galilei: “Galileu não desconhecia a teoria atômica, tanto que, em sua obra Il Saggiatore (O Experimentador), publicada em 1623, admite ser possível chegar a uma teoria corpuscular para fenômenos físicos e desenvolve uma teoria corpuscular para o calor e para a luz; usa, inclusive, o termo átomo para a luz, pois interpreta a luz como sendo formada por partículas (CARUSO; OGURI, 2006). Em sua obra, Diálogo, publicada em 1632, ele apresenta os átomos como entidades sem forma, puramente matemáticas” .(Projetando o ensino de partículas elementares e interações fundamentais no ensino médio, Lisiane Araujo Pinheiro, Sayonara Salvador Cabral da Costa, Marco Antonio Moreira, XVIII Simpósio Nacional de Ensino de Física, SNEF 2009) 2.3.1 - ÁTOMO DE DALTON No entanto, é partir de John Dalton que a teoria atômica é aplicada com grande sucesso para desvendar os segredos das leis das combinações químicas (lei das proporções múltiplas). Para isso, Dalton estabeleceu as seguintes hipóteses atômicas: - Os átomos são partículas reais, descontínuas e indivisíveis de matéria, e permanecem inalterados nas reações químicas - Os átomos de um mesmo elemento são iguais entre si. - Os átomos de elementos diferentes são diferentes entre si. 14 - Na formação dos compostos, os átomos entramem proporções numéricas fixas 1:1, 1:2, 1:3, 2:3, 2:5 etc.; - O peso do composto é igual à soma dos pesos dos átomos dos elementos que o constituem. (Química na Abordagem do Cotidiano, Volume 1, Tito & Canto, Editora Moderna, 1997). Com esse modelo atômico de Dalton, temos o átomo como partícula fundamental da natureza explicando de forma bem sucedida resultados empíricos da Química. (Modelo Atômico de Dalton: esferas rígidas, diferentes no tamanho e massa, conforme o elemento químico) 2.3.2 – DESCOBERTA DO ELÉTRON E O MODELO ATÔMICO DE THOMSON No final do século XIX, experimentos com descargas elétricas em tubos de gases rarefeitos (ampola de Crookes ou tubo de raios catódicos) realizados por Joseph John Thomson, em 1897, demonstraram a existência de partículas de carga negativa emitidas pelo filamento aquecido do tubo. Essas partículas já haviam sido previstas por George Johnstone Stoney: eram os elétrons. Desta forma, tem-se uma primeira partícula mais elementar do que o átomo. 15 (Modelo de Ampola de Crookes: à esquerda o filamento emissor de elétrons) A partir da descoberta do elétron, Thomson estabelece o seu Modelo Atômico do Pudim de Passas (ou Ameixas): um átomo com elétrons uniformemente distribuídos através de uma massa de carga positiva. (Modelo de Thomson: “pudim de passas ou ameixas” – uma massa positiva com elétrons incrustados) 2.3.3 – A DESCOBERTA DO PRÓTON Em 1886, utilizando o mesmo tubo de raios catódicos, porém, com o cátodo perfurado, Eugen Goldstein observa a emissão de um feixe de raios em sentido oposto ao dos raios catódicos, que denominou raios canais. Pelo seu movimento, deduziu que esses raios tinham carga oposta à dos raios catódicos, ou seja, positiva. No entanto, não soube interpretar sua natureza, o que só foi resolvido 12 anos depois por Wilhelm Wien que determinou que os raios canais eram constituídos de hidrogênio ionizado. Associando a 16 seus estudos publicados sobre desintegração radioativa, em 1919, Ernest Rutherford concluiu que a partícula constituinte dos raios canais são os prótons. Temos então mais uma partícula fundamental que, juntamente com o elétron, desvendou a origem das cargas elétricas. 2.3.4 – MODELO ATÔMICO DE RUTHERFORD Em seu famoso experimento de bombardeamento da lâmina de ouro com partículas alfa (espalhamento, 1911), Rutherford concluiu que a maior parte do átomo é composta de espaço vazio, com um núcleo positivo e de diâmetro dez mil vezes menor que o do próprio átomo e concentrando praticamente toda a sua massa. Em torno desse núcleo, os elétrons orbitam, tal como os planetas em torno do Sol – tem-se assim o Modelo Atômico Planetário. A sua falha está no fato de que os elétrons, acelerados em torno do núcleo, emitiriam energia eletromagnética e colapsariam nesse núcleo, problema que Rutherford não conseguiu solucionar. (Modelo de Rutherford: o átomo como um sistema solar) 17 2.3.5 – MODELO ATÔMICO DE BOHR Niels Bohr, em 1913, no intuito de resolver o problema do modelo planetário de Rutherford postulou que os elétrons ocupam, em torno do núcleo atômico, órbitas onde sua energia é quantizada e de tal forma que, nelas, não emitem radiação, permanecendo estáveis. No entanto, Bohr não conseguiu explicar seus postulados adequadamente. (Modelo de Bohr: os elétrons ocupam órbitas circulares e estáveis, onde não irradiam) 2.3.6 – A DESCOBERTA DO NEUTRINO E DO NÊUTRON Em 1930, Wolfang Pauli, equacionando as energias emitidas no fenômeno da radiação beta, concluiu que a grande variedade de valores obtidos poderia ser explicada pela existência de uma partícula eletricamente neutra que carregaria parte da energia. Essa partícula viria a ser batizada de neutrino por Enrico Fermi. Em 1932, James Chadwick, num experimento de bombardeio de amostras de berílio com partículas alfa, detectou a emissão de uma radiação eletricamente neutra, comprovando experimentalmente a existência do nêutron, já previsto teoricamente por Rutherford em 1920. Com o nêutron, passou-se a ter, até então, três partículas fundamentais constituintes do átomo, agrupadas de forma a ter-se um núcleo com prótons e nêutrons (chamados, portanto, de núcleons) e elétrons dispostos ao redor desse núcleo 18 constituindo a eletrosfera, organizada em orbitais dispostos em ordem crescente de energia (diagrama de Pauling). 2.3.7 – MODELO ATÔMICO ATUAL Reúne diversas características, destacando-se a interpretação probabilística de orbital (região onde há maior probabilidade de se encontrar um elétron), o Princípio da Incerteza de Heisenberg (impossibilidade de determinar simultaneamente e com grande precisão a posição e momentum de uma partícula qualquer), o conceito de partícula-onda (de Broglie) e a descrição matemática pela equação de onda de Schrödinger. Novas e numerosas partículas subatômicas responsáveis por diversas interações passam a ser descobertas, cada uma delas como resposta a uma nova indagação surgida na interpretação da microfísica atômica. (Modelo Atual: orbitais s, p,d, f,...) 3 - O ENIGMA DA ESTABILIDADE NUCLEAR: O MÉSON PI E CÉSAR LATTES Uma vez estabelecido o modelo atômico com prótons e nêutrons formando um núcleo, a questão imediata que se levantou foi: como é mantida a estabilidade desse núcleo se os prótons estão sujeitos à repulsão coulombiana ? 19 Trabalhando teoricamente esse problema, o físico japonês Hideki Yukawa postulou, em 1935, a existência de uma partícula de massa intermediária entre o próton e o elétron (a qual, por isso, batizou de “méson” ) e que seria responsável pela ligação entre os prótons e os nêutrons originando a força nuclear forte que atua nos domínios das dimensões do núcleo atômico (da ordem de 10 -15 m), onde supera a força coulombiana de repulsão. A detecção do primeiro tipo de méson descoberto (o méson pi ou píon) veio a ter a participação do físico brasileiro César Lattes (Cesare Mansueto Giulio Lattes, 1924 – 2005). Esse méson foi inicialmente detectado através de rastros deixados em emulsões fotográficas expostas ao bombardeio de radiação cósmica no Pic du Midi, nos Pirineus (França), a 2 800 m de altitude e no Monte Chacaltaya, na Bolívia, a 5 500 m. Lattes revolucionou a técnica de elaboração da emulsão fotográfica acrescentando-lhe o tetraborato de sódio (bórax), o que aumentava bastante o tempo de duração das imagens nas chapas. Nessa época, Lattes trabalhava na equipe de Cecil Frank Powell, Giuseppe Occhialini e H. Muirhead na Universidade de Bristol, Inglaterra. Posteriormente, em trabalho com Eugene Gardner, na Universidade de Berkeley, participou da detecção de mésons pi produzidos pela colisão de partículas alfa contra núcleos de carbono no acelerador cíclotron daquela instituição. Dessa forma, foi comprovada a existência do méson pi, porém, apenas Cecil Powell foi laureado com o Prêmio Nobel, em 1950. 20 (Lattes explicando a descoberta do méson pi e com o autor deste trabalho em palestra de 14 de agosto de 1999, na cidade de Rio Claro – SP) 21 4 – A TEORIA DOS QUARKS Por volta de década de 1950, já era grande o número de partículas que constituema “fauna” subatômica. Na década de 1960, esse número já era quase o mesmo que o de elementos da tabela periódica, o que leva os físicos Murray Gell-Mann e George Zweig, em 1964, a propor que muitas dessas partículas (hádrons e bárions), são formadas por partículas mais elementares – os quarks (termo que Gell-Mann extraiu do romance Finnegans Wake, de James Joyce). Os quarks são de seis tipos: up (u), down (d), top (t), bottom(b), charm (c) e strange(s) sendo que nas condições de temperatura de nosso atual Universo temos apenas os quarks up e down; os demais só ocorrem em experimentos de alta energia produzidos em acelera- dores de partículas. (Quarks: up, down, top, bottom, charm, strange) Os quarks apresentam carga elétrica que corresponde a uma fração da carga elétrica elementar (e = 1,6.10 -19 C) : +/- 1/3.e ou +/- 2/3.e 22 Desta forma, um próton, que possui carga +1e ou um nêutron que possui carga nula são constituídos, respectivamente, de 2 quarks up e um quark down (uud) e 1 quark up e dois quarks down (udd). (Modelo dos Quarks: próton: uud e nêutron: udd) 4.1 – PROPRIEDADES FUNDAMENTAIS As partículas subatômicas apresentam diversas propriedades que explicam os fenômenos que ocorrem na microescala da matéria. Na tabela seguinte, são descritas algumas delas: 23 Propriedades Significados Massa Corresponde à energia de repouso da partícula expressa através da relação m = E /c² = MeV/c² Carga Elétrica Propriedade fundamental que gera a interação eletromagnética, expressa na unidade coulomb (C) tendo por valor de referência e = 1,6.10 -19 C Spin Grandeza associada ao sentido do vetor momen- to magnético da partícula. Figurativamente, apresentado como um sentido de rotação “para a direita” ou “para a esquerda”, podendo assumir valor inteiro ou fracionário. Paridade Grandeza associada à mudança de sinal da função de onda que descreve a partícula quando ocorre mudança de sinal em suas coordenadas espaciais. Se estas trocam o sinal e a função não, então a função é par; caso contrário, a função é ímpar. Carga de cor Propriedade associada à interação entre os quarks (interação forte) através dos glúons. É análoga da carga elétrica, porém, no domínio do núcleo atômico. Carga de sabor Propriedade associada a um número quântico que é conservado na interação forte, porém, não na interação fraca Estranheza Propriedade associada a um número quântico que descreve a decomposição de partículas e quarks e antiquarks em interações fortes e eletromagnéticas. 24 5 – ANTIPARTÍCULAS Toda partícula tem sua correspondente antipartícula, de mesma massa, paridade e mesmo spin, porém, carga elétrica oposta. Quando uma partícula e sua antiparticula se encontram, ocorre um aniquilamento com a produção de energia. Por exemplo, a anti- partícula do elétron (e - ) é o pósitron ( e + ): quando ambos colidem, são destruídos e transformados em radiação gama: e - + e + γ Processo similar ocorre com outros pares partícula-antiparticula. 6 – HÁDRONS E LÉPTONS 6.1 - HÁDRONS São partículas formadas por um quark e um antiquark (méson) ou três quarks (bárions). Dessa forma , temos, por exemplo: - um próton (p) é um hádron do tipo bárion pois é formado por dois quarks up e um quark down (uud). - o píon positivo ( π + ) é um hádron do tipo méson pois é formado por um quark up e um antiquark down (ud) 25 (Hádrons: formados por um quark e um antiquark ou por três quarks) 6.2 - LÉPTONS São partículas elementares em si mesmas, não sendo constituídas de quarks. Porém, tal como esses, existem em seis tipos: elétron, neutrino do elétron, múon, neutrino do múon, tau e neutrino do tau. Os quarks e léptons, possuem spin fracionário e são chamados de férmions e obedecem ao Principio de Exclusão de Pauli. Hádrons e léptons desempenham um papel estrutural na matéria (1ª geração) (Família dos léptons) 26 7- BÓSONS E AS INTERAÇÕES FUNDAMENTAIS São partículas que desempenham o papel de mediadoras de processos de interação entre outras partículas, não possuem estrutura interna e seu spin é inteiro. Os bósons são: o glúon (g), o fóton (γ), e as partículas W + , W - e Z 0 . O gráviton (G) ainda é puramente teórico uma vez que não foi detectado. Através dos bósons, podemos compreender a estrutura conceitual da Física de Partículas para as quatro forças fundamentais que governam todos os processos físicos do Universo: força eletromagnética, força gravitacional, força nuclear forte e força nuclear fraca. Deste modo, temos as seguintes relações: - Os glúons atuam entre os quarks, prótons e nêutrons, produzindo a força nuclear forte, de domínio restrito à distâncias da ordem de 10 -15 m. A propriedade dos quarks que permite a sua interação através dos glúons é denominada carga-cor e são o vermelho, verde e azul. Entre os antiquarks, vale uma propriedade semelhante com as cores ciano, magenta ou amarelo, complementares às dos quarks, respectivamente. - Os fótons atuam entre partículas carregadas eletricamente, produzindo a atração ou repulsão eletromagnética (força coulombiana). Esses fótons mediadores são denominados fótons virtuais, de duração muito pequena. 27 (fóton virtual – γ – intermediando a repulsão coulombiana entre elétrons) - Os Bósons W + , W - e Z 0 são mediadores da força nuclear fraca: os W + para as partículas carregadas negativamente ou W - para as partículas carregadas positivamente. formando as chamadas correntes carregadas. Os bósons Z são neutros e, portanto, atuam em interações fracas de partículas de carga nula, formando as correntes neutras. Tais bósons são muito massivos (o bóson Z tem massa 22 mil vezes maior que um quark up) o que os torna lentos e menos eficientes em sua atuação como mediadores, em razão do que a força nuclear fraca atua num raio cerca de mil vezes menor (10 -18 m) do que o da força nuclear forte. A força nuclear fraca atua produzindo a fissão de partículas, tendo-se como exemplo clássico a cisão do nêutron no decaimento beta, produzindo-se um próton, um elétron e um antineutrino com intermediação de um bóson W. (Decaimento beta: um quark down do nêutron se decompõe em um próton e um bóson W que rapidamente se transforma em um elétron de alta energia – partícula beta – e um antineutrino) 28 (decaimentos onde aparecem os bósons W+, W- e Z0)- O gráviton é considerado o mediador da interação gravitacional, porém, ainda não foi detectado experimentalmente. O Brasil participa do esforço de detecção do gráviton através do Projeto Ômega, que consiste de três detectores esferoidais de nomes Schenberg, Newton e Einstein, que formarão o Laboratório Brasileiro de Ondas Gravitacionais. (http://questcosmic.wordpress.com/2012/09/19/na-onda-do-graviton-revista-fapesp-2001/) (Família dos Bósons) As figuras que representam as interações entre os diversos tipos de partículas são conhecidas por Diagramas de Feynman: são diagramas espaço-temporais (o eixo x representa o espaço e o eixo y representa o tempo) onde: http://questcosmic.wordpress.com/2012/09/19/na-onda-do-graviton-revista-fapesp-2001/ 29 - linhas retas representam férmions. - linhas onduladas representam bósons. -vértices (junções de três linhas) representam interações onde devem ser conservados o momentum a energia, a carga elétrica e o spin das partículas que entram e saem. São uma forma simples e rápida de se representar as interações e fornecem um roteiro de cálculo bastante prático na estrutura da eletrodinâmica quântica, onde são estudadas. Richard Phillips Feynman (1918 – 1988) teve uma interessante passagem pelo Brasil na década de 50, tendo lecionado no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) a convite do físico Jayme Tionmo. Feyman era aficionado por percussão, tocava bongô e desfilou num bloco carioca (Inocentes de Copacabana) como tocador de tamborim. O bloco sagrou-se campeão do carnaval de 1952. Fez uma pertinente crítica à educação brasileira, depois de ter conhecido nossas escolas e estudantes, observando a falta de um ensino reflexivo e com ênfase na memorização de conceitos sem a devida compreensão de seu significado, num artigo intitulado “O americano, outra vez !”. Nesse artigo, Feynman escreve: “(...) eu disse que não conseguia entender como alguém podia ser educado neste sistema de autopropagação, no qual as pessoas passam as provas e ensinam os outros a passar nas provas, mas ninguém sabe nada.” (http://telis.edugraf.ufsc.br/apliques/2005-1/melga/Feynman_OAmericanoOutraVez.pdf) Hoje, mais de meio século depois, essa estrutura ainda se mantém, apesar das reformas na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e da criação dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) que preconizam mudanças de qualidade no ensino enfatizando o desenvolvimento do pensamento crítico aliado ao senso de cidadania. As iniciativas ainda são pontuais e incipientes, tanto na rede pública (que padece de outras http://telis.edugraf.ufsc.br/apliques/2005-1/melga/Feynman_OAmericanoOutraVez.pdf 30 mazelas agravantes) quanto na rede particular (onde predomina a ênfase na preparação para os vestibulares). 8 - O MODELO PADRÃO A descrição da composição da matéria e das interações fundamentais através desse conjunto de partículas constitui o chamado Modelo Padrão das Partículas Elementares, desenvolvido a partir de 1967 por Sheldon Glashow, Abdus Salam e Steven Weinberg. (Modelo Padrão das Partículas) Esse modelo ainda não está completo; além do gráviton, falta ainda o chamado Bóson de Higgs, responsável pela massa de partículas que a possuem. 9- ACELERADORES DE PARTÍCULAS A descoberta de muitas novas partículas previstas teoricamente ocorre em equipamentos denominados de aceleradores de partículas. O princípio geral dos funcionamento de um acelerador de partículas consiste em se produzir em uma determinada fonte (gás ionizado, amostra de material radioativo , cátodo emissor de elétrons) um feixe de partículas (prótons, elétrons, nêutrons, íons) de alta http://pt.wikipedia.org/wiki/Sheldon_Glashow http://pt.wikipedia.org/wiki/Abdus_Salam http://pt.wikipedia.org/wiki/Steven_Weinberg 31 energia (MeV, GeV, TeV) concentrado em um pequeno volume e que pode ser utilizado para bombardear um alvo fixo ou choca-se contra si mesmo, dependendo do modelo de acelerador utilizado. Do ponto de vista da geometria, há essencialmente dois tipos de aceleradores de partículas: o linear e o circular (ou cíclico). 9.1 –ACELERADOR LINEAR (LINAC) Um acelerador linear promove a aceleração das partículas quando atravessam as diferenças de potenciais elétricos estabelecidos entre seus eletrodos. Como exemplos de aceleradores lineares, podemos citar desde o simples gerador de van de Graaf , o tubo de raios catódicos dos aparelhos de televisão ou monitores de vídeo ao gigantesco SLAC (Stanford Linear Accelerator, Illinois, EUA) que acelera o feixe de elétrons a 22 GeV e tem 3,2 km de comprimento. Os aceleradores lineares de grande porte utilizam longos tubos divididos em seções de diferentes comprimentos e conectadas a alternadores que promovem uma variação na polaridade dessas seções de modo que as partículas são sempre atraídas pela seção seguinte, de carga oposta, adquirindo energia cinética crescente. Utiliza-se também o método das ondas eletromagnéticas estacionárias no interior do tubo, que transferem energia para as partículas, acelerando-as. (esquema de uma acelerador linear: o feixe de partículas é acelerado por alternância nas polaridades dos tubos de tamanhos variáveis) 32 Aceleradores lineares podem ser usados não apenas na pesquisa de partículas, mas para se estudar a estrutura de materiais, produzir fármacos, tratamento de câncer, etc. A USP possui um acelerador linear – o Pelletron – que é uma versão evoluída de um acelerador tipo van de Graaf (tipo Tandem) (esquema do Pelletron da USP, em foto de 22/10/2010) (Pelletron – USP, 22/10/2010) 33 Os aceleradores circulares (ou cíclicos) são de dois tipos: cíclotron e síncroton. 9.2- CÍCLOTRON Inventado em 1929 por Ernest O. Lawrence, consiste de duas caixas ocas (evacuadas) com formato de “D” que funcionam como eletrodos e são colocadas entre os polos de um eletromagneto, sendo atravessadas por um campo magnético perpendicular ao plano dos “des”. Uma fonte de íons é colocada no centro do aparelho; os íons liberados são acelerados em trajetórias espirais devido à existência do campo magnético e à alternância na polaridade dos “des” que, para essa finalidade, são ligados a um oscilador de rádio frequência. (esquema de um cíclotron) 9.3- SÍNCROTRON Num acelerador síncrotron (sincro = sincronizado) o feixe de partículas é mantido estável em uma trajetória circular pela sincronização entre as frequências de oscilação do campo elétrico (que acelera o feixe) e do campo magnético (que confina e deflete o feixe garantido a forma circular) com a frequência de revolução do feixe de partículas. Um síncrotron acelera partículas com energias da ordem de GeV a TeV. 34 São destaque o Tévatron, do Fermilab (EUA), com uma circunferência de 6,3 km e energias até 1 TeV e o maior de todos, o LHC (Large Hadron Collider), entre a França e a Suíça, que pode atingir energias até 14 TeV. (Tévatron – Fermilab, Batavia, Illinois, EUA) No Brasil, temos o LNLS, Laboratório Nacional deLuz Síncrotron, situado na Unicamp (Universidade de Campinas), um projeto nacional e que é utilizado em pes- quisas e aplicações em diversas áreas: medicina, farmacologia, materiais, eletroni- ca,nanotecnologia, alimentação, paleontologia, etc. No caso, a luz síncrotron é pro- duzida pela aceleração de elétrons e sua interação com a matéria produz efeitos va- riados, conforme o tipo de material utilizado. O LNLS é único na América Latina e pioneiro no hemisfério sul, produzindo feixes de elétrons com energias de 1,37 GeV a 3 GeV , no novo projeto. 35 (LNLS – Labortório Nacional de Luz Síncrotron – Unicamp) 9.4- O LHC (LARGE HADRON COLLIDER) Em português, Grande Colisor de Hádrons, é o maior acelerador de partículas síncrotron do mundo e a maior máquina construída na história da humanidade, fazendo parte do CERN (sigla francesa para Centro Europeu de Pesquisas Nucleares) e situado entre a França e Suiça. Faz parte de um consórcio de 20 países. Tem um anel principal de 27 km de circunferência, subterrâneo (100 m abaixo da superfície), utilizando ímãs refrigerados a -271,25°C (1,9 K) para confinar feixes de prótons que viajam a 99,99 % da velocidade da luz com energias de até 14 TeV. Possui seis detectores que analisam diferentes parâmetros das colisões entre os prótons: ATLAS (A Toroidal LHC Apparatus, mede o momento das partículas; CMS (Compact Muon Solenoid, mede aspectos gerais das subpartículas geradas nas colisões; ALICE (A Large Ion Collider Experiment) , projetado para estudar colisões de íons de ferro que produzem quarks e glúons; LHCb (Large Hadron Collider beauty), que detecta antimatéria através da partícula quark beauty; LHCf (Large Hadron Collider for ward) que simula colisões idênticas às dos raios cósmicos e, finalmente, o TOTEM (Total 36 Elastic and diffractive cross section Measurement) que medirá parâmetros da seção de choque do feixe de prótons, seu tamanho e a precisão das colisões. Todo esse equipamento tem capacidade de produzir 15 petabytes de dados por ano e necessita de uma rede de computadores para ser analisados. O LHC entrou em funcionamento no dia 10 de setembro de 2008 e foi interrompido nove dias depois, em 19 de setembro, devido a um vazamento de hélio utilizado para resfriar os ímãs que produzem o campo magnético, ficando fora de operação por vários meses. A entrada do LHC em operação provocou uma onda de especulações fantasiosas sobre possíveis efeitos catastróficos como a criação de partículas estranhas (strangelets ou strange quarks) que poderiam gerar um buraco negro e destruir o planeta e mesmo o surgimento de partículas que produziriam um monopolo magnético que também provocariam destruição da matéria do planeta devido ao desequilíbrio magnético ocasionado. Na Índia , uma menina de 16 anos cometeu suicídio pelo medo causado por essas notícias, num mau exemplo do que o sensacionalismo irrefletido e a desinformação podem acarretar. Dois dos objetivos do LHC são: recriar as condições que deram origem ao Big Bang, o instante do surgimento do Universo, e encontrar a partícula Bóson de Higgs. (Vista aérea da região do CERN e do LHC, entre Genébra, Suíça e Prévessin, França) 37 (Vista de uma parte do interior do anel principal do LHC, em construção) (Parte da grande equipe de cientistas e técnicos do LHC) 38 10- O BÓSON DE HIGGS Previsto teoricamente em 1964 por Peter Higgs, essa partícula constitui o quantum de um campo que preenche todo o espaço vazio do Universo, denominado “campo de Higgs” , surgido um trilionésimo após o Big Bang e que explica a origem da massa das partículas (daquelas que a possuem). As partículas, no início do Universo seriam todas iguais e só adquiriram massa devido ao surgimento desse campo. O bóson de Higgs tem sido procurado de forma semelhante à utilizada na busca de inúmeras outras partículas: pela forma apresentada por seu decaimento e revelada num acelerador de partículas (no caso, o LHC ou o Tévatron). No caso, a teoria prevê diversas possibilidades de decaimento para esse bóson, dependendo da energia utilizada para produzi-lo: até 100 GeV é pouco provável que decaia em um par de bósons W; a partir de 170 GeV, a probabilidade desse tipo de decaimento é alta. Também pode ocorrer decaimento por meio de bósons Z, num padrão apresentado no diagrama: 39 O bóson de Higgs foi chamado, numa analogia muito infeliz, de “partícula de Deus” num livro sobre o tema escrito pelo físico Leon Lederman (Prêmio Nobel de 1993) que, originalmente, a chamou de “Partícula Maldita” tendo mudado o nome por influência de seu editor. Essa nomenclatura tem provocado muita confusão devido ao apelo teológico mas que passa longe do assunto ( a relação é “nada”, segundo o físico da USP Henrique Xavier). A provável confirmação do bóson de Higgs ocorreu em 4 de julho de 2012, com um anúncio público feito no CERN para uma plateia de cientistas e para o mundo e com a presença do próprio Peter Higgs, com 83 anos. Na ocasião, foi anunciada a detecção (pelos detectores ATLAS e ALICE) de uma partícula com energia entre 125 a 126 GeV, a uma margem de confiança estatística da ordem de “5 sigma” que corresponde a 99,9999% de certeza. Por essas medidas, trata-se de um bóson, mas se é o bóson de Higgs ainda não foi dada a última palavra, pois todo novo resultado requer revisões e análises cuidadosas que agora estão sendo desenvolvidas. Ficamos no aguardo de novas notícias... 11- ATIVIDADES COM ALUNOS A seguir são apresentadas diversas atividades, todas de natureza conceitual e lúdica, desenvolvidas com alunos do terceiro ano do ensino médio. Algumas, como os jogos de cartas de partículas, ainda se encontram em fase de experimentação. 11.1- ATIVIDADE 1 – SEMINÁRIOS SOBRE FÍSICA DE PARTÍCULAS Numa primeira atividade, grupos de alunos fizeram seminário e trabalho de mural para exposição nas dependências da escola, tendo por tema Física de Partículas. O seminário foi desenvolvido com intervenções do professor no sentido de aprofundar as discussões e o desenvolvimento dos conceitos. 40 41 11.2 - ATIVIDADE 2 – VIDEO: CIENTISTAS BRASILEIROS Em consonância com a proposta do Caderno do Aluno, volume 4, 4º Bimestre, essa atividade consistiu na apresentação do excelente vídeo Cientistas Brasileiros: César Lattes e José Leite Lopes ( https://www.youtube.com/watch?v=DB3PzzIrRTc) , onde os alunos puderam conhecer melhor a história de César Lattes e da descoberta do méson pi, do desenvolvimento da Física no Brasil e a criação do CBPF, da USP e da Unicamp com seus percalços e sabotagens do imperialismo norte americano, com toda a contextualização histórica. A seguir, os alunos responderam a um “quiz” de 10 questões sobre o documentário, constante no anexo. 11.3- ATIVIDADE 3 : IDENTIFICANDO PARTÍCULAS Essa atividade é muito interessante e consta no Caderno do Aluno, volume 4, 4º bimestre. São fornecidas figuras de trajetórias de algumas partículas (reproduzidas a seguir): https://www.youtube.com/watch?v=DB3PzzIrRTc 42 Os alunos devem recortar esses quadros e utilizá-los para identificaras parti- culas desconhecidas nas trajetórias das figuras seguintes e que estão apenas indicadas com “?”. A identificação é feita sobrepondo-se as trajetórias previamente recortadas ás figuras dadas e observando-se a coincidência de formas: 43 11.4 - ATIVIDADE 4: JOGO DE CARTAS DO MODELO PADRÃO Essa é uma atividade lúdica, um jogo de baralho das partículas elementares idealizado por Marcos Fernando Soares Alves, licenciado em Física e Dr. Luciano Gonsalves Costa, Professor do Departamento de Física da Universidade Estadual de 44 Maringá, publicado através do artigo Proposta de aplicação de Física de partículas elementares para o Ensino Médio: um jogo sobre o modelo padrão , disponível em http://www.pg.utfpr.edu.br/sinect/anais2010/artigos/Ens_Fis/art85.pdf No Anexo 2 são apresentadas as regras e as cartas utilizadas nesse jogo. 11.5 - ATIVIDADE 5 – JOGO DE CARTAS “QUARKLE” É uma outra atividade lúdica com baralho de partículas, diferente do apresentado na Atividade 4. Esse jogo chama-se Quarkle, As regras e cartas estão reproduzidas no anexo 3. 11.6 – ATIVIDADE 6 – SIMULAÇÃO DE UM ACELERADOR LINEAR Essa atividade consiste numa simulação de aceleração de elétrons num acelerador linear encontrada em: http://www.fisica.ufs.br/egsantana/elecmagnet/movimiento/lineal/lineal.htm Nessa simulação, que pode ser realizada no laboratório de informática da escola, os alunos variam a carga, a massa, a ddp e o período da oscilação da ddp. Há um desafio: encontrar conjuntos de valores para essas grandezas tais que o elétron tenha sempre sua energia aumentada ao longo do percurso. 12- CONSIDERAÇÕES FINAIS Da Grécia ao presente, o desafio de descobrir a estrutura fundamental da matéria tem sido uma epopeia muito bem sucedida do ser humano. Começando como uma indagação puramente filosófica, a busca por uma resposta a esse desafio atraiu o interesse dos maiores pensadores e cientistas cuja somatória de contribuições transcenderam em muito o aspecto puramente intelectual, propiciando o desenvolvimento das mais sofisticadas tecnologias de que dispomos na atualidade. Do http://www.pg.utfpr.edu.br/sinect/anais2010/artigos/Ens_Fis/art85.pdf http://www.fisica.ufs.br/egsantana/elecmagnet/movimiento/lineal/lineal.htm 45 atomismo de Leucipo e Demócrito ao Bóson de Higgs, passando pela evolução dos modelos atômicos, a descoberta das subpartículas e a construção do Modelo Padrão, atingimos um patamar de compreensão que está nos conduzindo, através dos experimentos do LHC, à obtenção de uma das respostas mais cruciais da Filosofia e da Ciência: como e por quais mecanismos esse Universo em que existimos surgiu e, por extensão, a vida e nós mesmos. Os desafios não terminaram, porém, vivemos uma época feliz por podermos, pelo menos, dizer que nunca estivemos tão perto. “Está quente !”, diz o instrutor ao aprendiz, quando o desafia a encontrar uma resposta e recebe de volta algo consistente. Parece que foi essa a mensagem dos “5 sigma” obtidos no LHC. Espero que esse modesto trabalho traga algum incentivo para que outros professores abracem o desafio de introduzir a Física de Partículas em seus planejamentos e, com sua criatividade, multipliquem essa iniciativa propondo novas estratégias e atividades, divulgando-as nos fóruns acadêmicos e educacionais. 13- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDALLA, Maria Cristina Batoni, Sobre o Discreto Charme das Partículas Elementares, Física na Escola, vol. 06, nº 01, 2005 BASSALO, José Maria Filardo, César Lattes: Um dos Descobridores do então Méson Pi, Caderno Catarinense de Ensino de Física, nº 07 vol. 02, 1990 ABREU, Iracema Godoy de – O Atomismo Grego de Leucipo e Demócrito – Universidade Estadual Paulista – UNESP. ALVES, Marcos Fernando Soares; COSTA, Luciano Gonsalves – Proposta de Aplicação de Física de Partículas Elementares para o Ensino Médio: um jogo sobre o modelo padrão. 46 CANDIDO, Suzana Laino; Formas num mundo de formas, 1ª Edição, Editora Moderna, 19979 CADERNO DO ALUNO, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, volume 4, Rede Estadual de SP. HARVEY, Bernard G., Química Nuclear, Série Textos de Química, Ed. Edgard Blucher, São Paulo, 1969 LOZADA, Cláudia de Oliveira; TEIXEIRA DE ARAÚJO, Mauro Sérgio – Ensino de Física de Partículas Elementares no Ensino Médio: As perspectivas dos professores em relação ao ensino do modelo padrão – Universidade Cruzeiro do Sul. OSTERMANN, Fernanda; CAVALCANTI, Cláudio J. de H. – Um pôster para ensinar Física de Partículas na escola – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRS PINHEIRO, Lisiane Araujo; CABRAL DA COSTA, Sayonara Salvador; MOREIRA, Marco Antonio – Projetando o Ensino de Partículas Elementares e Interações Fundamentais no Ensino Médio; XVIII Simpósio Nacional de Ensino Física – SNEF 2009. SIQUEIRA, Maxwell; Pietrocola Maurício – A Transposição Didática aplicada à teoria contemporânea: A Física de Partículas Elementares no Ensino Médio – Universidade de São Paulo VIEIRA , Cássio Leite, Lattes: Nosso Heroi na Era Nuclear, Física na Escola, V.6, nº 02, 2005 47 13.1 – SUGESTÕES DE LEITURA GELL-MANN, Murray, O Quark e o Jaguar, Editora Rocco, 1996, Rio de Janeiro SPOLADORE, Luiz G., Eletrodinâmica dos Quarks, Argônio Editora, 2009. Rio de Janeiro. 13.2-SITES CONSULTADOS http://www.astro.iag.usp.br/~douglas/cosmologia/arquivos/aulas/cap03.pdf http://conspiratorio.wordpress.com/2008/09/11/tragico-menina-de-16-anos-comete-suicidio- por-medo-do-lhc/ http://www.dfn.if.usp.br/pagina-lafn/aceleradores/pelletron/index.html http://fei.edu.br/~rbianchi/publications/particulas-elementares.pdf http://www.fisica.ufs.br/egsantana/elecmagnet/movimiento/lineal/lineal.htm http://www.gizmodo.com.br/o-que-e-o-boson-de-higgs/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Estranheza_%28f%C3%ADsica%29 http://www.infoescola.com/fisica-nuclear/proton/ http://www.infoescola.com/fisica/forca-nuclear-fraca/ http://www.infopedia.pt/$acelerador-de-particulas-linear http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=como-fisicos-procuram- boson-higgs&id=010830120703 http://www.molwick.com/pt/materia/563-forca-nuclear.html http://www.mundoeducacao.com.br/quimica/acelerador-particulas.htm http://www.sbfisica.org.br/v1/arquivos_diversos/apresentacoes/LNLS.pdf http://shenews.projo.com/2009/02/physics-face-of-1.html http://www.sprace.org.br/aventuradasparticulas http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2012-07-04/descoberta-particula-de-deus.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Antipart%C3%ADcula http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADncrotron http://www.astro.iag.usp.br/~douglas/cosmologia/arquivos/aulas/cap03.pdf http://conspiratorio.wordpress.com/2008/09/11/tragico-menina-de-16-anos-comete-suicidio-por-medo-do-lhc/ http://conspiratorio.wordpress.com/2008/09/11/tragico-menina-de-16-anos-comete-suicidio-por-medo-do-lhc/ http://www.dfn.if.usp.br/pagina-lafn/aceleradores/pelletron/index.html http://fei.edu.br/~rbianchi/publications/particulas-elementares.pdf http://www.fisica.ufs.br/egsantana/elecmagnet/movimiento/lineal/lineal.htm http://www.gizmodo.com.br/o-que-e-o-boson-de-higgs/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Estranheza_%28f%C3%ADsica%29 http://www.infoescola.com/fisica-nuclear/proton/ http://www.infoescola.com/fisica/forca-nuclear-fraca/ http://www.infopedia.pt/$acelerador-de-particulas-linear http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=como-fisicos-procuram-boson-higgs&id=010830120703 http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=como-fisicos-procuram-boson-higgs&id=010830120703 http://www.molwick.com/pt/materia/563-forca-nuclear.html http://www.mundoeducacao.com.br/quimica/acelerador-particulas.htm http://www.sbfisica.org.br/v1/arquivos_diversos/apresentacoes/LNLS.pdfhttp://shenews.projo.com/2009/02/physics-face-of-1.html http://www.sprace.org.br/aventuradasparticulas http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2012-07-04/descoberta-particula-de-deus.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Antipart%C3%ADcula http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADncrotron 48 http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%B3son_de_Higgs http://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_at%C3%B4mico_de_Rutherford http://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_at%C3%B4mico_de_Thomson http://pt.wikipedia.org/wiki/El%C3%A9tron http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81tomo_de_Bohr http://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_fraca http://pt.wikipedia.org/wiki/Neutrino http://pt.wikipedia.org/wiki/Quark http://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_forte http://pt.wikipedia.org/wiki/Tevatron 14- ANEXOS A seguir, são apresentados o Quiz aplicado com o vídeo Cientistas Brasileiros e as regras e cartas dos baralhos do Modelo Padrão e do Quarkle. 14.1- ANEXO 1 : QUIZ SOBRE O VIDEO DA ATIVIDADE 2 1) César Lattes teve uma participação decisiva na descoberta do: a) nêutron b) próton c) méson pi d) bóson de Higgs 2) A descoberta de Lattes confirmou a previsão teórica do físico: a) José Leite Lopes b) Marcelo Damy c) Hideki Yukawa d) Gleb Wataghin 3) São cientistas brasileiros do grupo de Lattes que lutaram pelo desenvolvimento da Física no Brasil: a) Hideki Yukawa, Mario Schenberg, Marcelo Damy, Jayme Tiomno. b) Gleb Wataghin, Marcelo Damy, José Leite Lopes , Eugene Gardner http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%B3son_de_Higgs http://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_at%C3%B4mico_de_Rutherford http://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_at%C3%B4mico_de_Thomson http://pt.wikipedia.org/wiki/El%C3%A9tron http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81tomo_de_Bohr http://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_fraca http://pt.wikipedia.org/wiki/Neutrino http://pt.wikipedia.org/wiki/Quark http://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_forte http://pt.wikipedia.org/wiki/Tevatron 49 c) Cecil Powell, Jaime Tiomno, Mario Schenberg, Eugene Gardner d) Mario Schenberg, José Leite Lopes, Marcelo Damy, Jayme Tiomno. 4) A descoberta de Lattes foi premiada com o Nobel de Física de 1950 que, no entanto, foi atribuído a: a) Hideki Yukawa b) Cecil Powell c) Gleb Wataghin d) Eugene Gardner 5) São radiações de alta energia que tiveram grande importância na detecção da partícula que Lattes e equipe estavam procurando: a) radiação alfa. b) radiação ultravioleta. c) radiação cósmica. d) radiação infravermelha 6) Lattes teve a genial ideia de mudar a composição química dos filmes fotográficos utilizados para a detecção de partículas, de modo a prolongar a duração dos traços deixados nesses filmes. Para isso, Lattes adicionou aos filmes: a) cloreto de prata b) tetraborato de sódio (bórax) c) tetracloreto de carbono d) amoniato de zinco 7) A equipe brasileira de Lattes, no intuito de desenvolver as pesquisas físicas no Brasil, criou : a) o CBPF. b) a USP c) a UNICAMP d) a UNESP. 8) A confirmação definitiva da descoberta de Lattes ocorreu em : a) um acelerador cíclotron nos EUA. b) um observatório astronômico nos Andes bolivianos c) um acelerador linear de elétrons na UNICAMP d) um sincrotron na USP. 9) Lattes participou da criação de duas importantes universidades brasileiras, a saber: a) USP e UNESP b) PUC E UNICAMP c) UNESP E UNICAMP d) USP E UNICAMP 50 10) Com as crises políticas das décadas de 50 e 60 o instituto de pesquisas fundado por Lattes e sua equipe enfrentou dificuldades motivadas: a) pela pressão da URSS, pois era época da guerra fria. b) pela pressão dos Estados Unidos, contrário a autonomia brasileira. c) pela evasão de cientistas. d) pelo fato de Lattes não ter recebido o Prêmio Nobel de Física de 1950. 14.2 – ANEXO 2: REGRAS E CARTAS DO JOGO DO MODELO PADRÃO Esta proposta lúdica foi baseada num jogo de cartas popularmente conhecido como “PIF”. O jogo aqui apresentado é constituído por 51 cartas, sendo: 36 cartas quarks e léptons, 6 cartas “coringas” e 9 cartas informativas, além de um dado. Cada jogador recebe 6 cartas .Ganha quem primeiro montar um dos grupos de férmions (quarks ou léptons), para isso, caso receba ou durante a“compra” de novas cartas, o jogador poderá utilizar a carta “coringa” que por corresponder a uma determinada geração, “substitui” duas cartas das partículas da geração correspondente. Há ainda as cartas informativas, que explicam conceitos sobre as partículas, o Modelo Padrão, algumas descobertas, evoluções e inquietações do homem a respeito dos constituintes do Universo. Estas cartas, informativas, podem levar o jogador a alterar a estratégia de jogo. O descarte das cartas é comandado pelo lançamento do dado, a cada duas faces distintas do dado correspondem a um tipo de carta (quarks, léptons e informativas, lembrando que as cartas “coringas” são consideradas quarks ou léptons). Assim, o jogador só poderá participar da rodada se possuir o tipo de carta definida pelo dado para descarte, caso contrário, deverá “pular” a vez. Se, após o lançamento do dado, a face apresentada for a correspondente à carta informativa, antes de ser descartada seu conteúdo deverá ser lido em voz alta por aquele que irá descartá-la, a fim de que todos ouçam. Ao longo do jogo, a estratégia em relação a que família montar, quarks ou léptons, podem ser alteradas de acordo com olançamento do dado, já que são suas faces quem determina a carta a ser descartada. As cartas dos quarks e léptons (reduzidas) são: Cartas coringa e cartas informativas: 51 14.3 – ANEXO 3: REGRAS E CARTAS DO JOGO “QUARKLE” 1. O objetivo deste jogo é ser o primeiro a “criar” 5 partículas. 2. Uma partícula deve ter carga -2e, outra deve ter carga -e, outra zero, outra +e e a outra +2e. 3. Quarkle deve ser jogado por pelo menos 2 ou 3 pessoas, mas não é recomendado mais de quatro jogadores. 4. Para começar o jogo, cada jogador recebe 3 cartas do maço embaralhado. O restante é colocado no centro da mesa. 5. Um jogador pode formar uma partícula quando for sua vez de jogar. As partículas devem ser colocadas em frente ao jogador, viradas ara cima, em pilhas de 2 ou 3 cartas. As partículas podem ser criadas em qualquer ordem. Cada jogador precisa de um espaço para 5 pilhas em sua frente. 6. No sentido horário, após o carteador, o primeiro jogador pesca uma carta do monte. O jogador combina as cartas para tentar formar uma partícula (usando as regras propostas acima). É possível ao jogador criar mais de uma partícula em sua vez. Quando não formar mais nenhuma partícula é a vez do próximo jogador. 7. Se o jogador ficar sem cartas, recebe mais 3 do maço, mas a vez é do próximo. 8. O primeiro a criar as 5 partículas ganha! Se acabarem as cartas da mesa e nenhum jogador conseguir formar mais partículas, ganha o que tiver mais partículas já criadas. 9. Fique com suas partículas para a atividade seguinte. Regras para o jogo Quarkle: A seguir, temos os modelos das cartas utilizadas no jogo: 52 53 54 55 56 57 58
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