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Teratogenia: Causas e Períodos Críticos

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Tutoria 5 
 Fechamento 1 
 
REFERÊNCIAS 
Moore; embriologia clínica 10ª edição 
Artigo: Risco potencial do uso de medicamentos 
durante a gravidez e a lactação por Alinne Souza 
RIBEIRO e colaboradores, publicado na revista 
Infarma; ciências farmacêuticas v25, 2013 
Manual de teratogênese em humanos da 
Federação Brasileira das associações de 
ginecologia e obstetrícia 2011 
Informações no endereço eletrônico do Sistema 
de Informação Sobre Agentes Teratogênicos 
A letra da Lei e a vida das mulheres- Elisa Batalha- 
Fio cruz- 2016 
 
 
DEFEITOS CONGÊNITOS 
 
 
Conceito 
 
Também chamados de anomalias são distúrbios do 
desenvolvimento presentes ao nascimento. São as 
principais causas de mortalidade infantil (fetal). 
Podem ser estruturais, funcionais, metabólicas, 
comportamentais ou hereditários. Os defeitos 
congênitos têm quatro fatores clínicos 
importantes: 
• Malformação 
• Perturbação 
• Deformação 
• Displasia 
 
TERATOLOGIA 
 
É o ramo da embriologia e da patologia envolvido 
com a produção, a anatomia do desenvolvimento 
e a classificação de embriões e fetos malformados. 
 
 
 
 
Alguns estágios do desenvolvimento 
embrionário são mais vulneráveis a 
perturbações que outros. 
 
 
Até a década de 40 acreditava-se que os embriões 
estavam protegidos de agentes teratógenos pelas 
membranas extraembrionárias ou fetais (âmnio e 
córion) e pelas paredes uterina e abdominal das 
mães. 
Em 1941 foram relatados os primeiros casos dos 
defeitos gerados pelo vírus da rubéola. 
Em 50 foram constatados defeitos graves dos 
membros em mães que tinham consumido a 
talidomida. 
 
As causas dos defeitos congênitos são divididas 
em: 
• Fatores genéticos, como anormalidades 
cromossômicas 
• Fatores ambientais, como fármacos, 
drogas e vírus 
• Herança multifatorial fatores genéticos e 
ambientais agindo em conjunto. 
 
DEFEITOS CONGÊNITOS CAUSADOS POR FATORES 
AMBIENTAIS 
 
Causam de 7% a 10% dos defeitos 
 
Teratógeno 
 
É qualquer agente que possa produzir defeitos 
congênitos (anomalias congênitas) ou aumentar a 
incidência de um defeito na população . 
Fatores ambientais explicam a frase: 
 
 
“Nem tudo o que é familiar é genético.” 
 
 
A diferenciação bioquímica precede a 
morfológica, portanto teratógenos não 
parecem causar defeitos até que a 
diferenciação celular tenha começado, 
sendo seus mecanismos exatos de 
perturbação ainda desconhecidos. 
 
 
Déborah Miranda 
Medicina- XXX - Funorte 
Diferentes tipos de lesões patológicas podem 
provocar um defeito final por uma via comum. Por 
exemplo, a resposta celular inicial tem mais de uma 
forma -bioquímica, molecular, genética, ou 
biofísica- resultam em diferentes alterações da 
célula -morte celular, interação celular ou indução 
defeituosa, redução da biossíntese de substratos, 
prejuízo de movimentos morfogênicos e 
perturbações mecânicas, gerando um defeito final- 
morte intrauterina, defeitos do desenvolvimento, 
retardos do desenvolvimento, retardo do 
crescimento fetal ou perturbações funcionais. 
 
Ao considerar a teratogenia, três princípios são 
importantes: 
 
Períodos críticos do desenvolvimento humano 
 
O período mais crítico é quando a divisão celular, a 
diferenciação celular e a morfogênese estão no seu 
auge. 
 
No período da organogênese (4 a 8 semanas) os 
teratógenos podem induzir defeitos congênitos 
importantes. 
 
Deficiência mental e outros defeitos fisiológicos 
provavelmente serão resultado de uma 
perturbação do período fetal ( da nona ao 
nascimento); 
 
Mas cada tecido, órgão e sistema de um embrião 
têm um período crítico no qual seu 
desenvolvimento pode ser prejudicado, mas é 
errado supor que defeitos sempre resultarão de 
um único evento ocorrido durante o período 
crítico, ou que seja possível determinar o dia exato 
em que o defeito foi produzido. 
 
Exemplos: 
 
Encéfalo: de 3 a 16 semanas e até depois por conta 
da diferenciação e crescimento rápido no 
momento do nascimento; 
 
Dentes: o desenvolvimento continua após o 
nascimento, o desenvolvimento dos dentes 
permanentes pode ser prejudicado por 
tetraciclinas a partir de 14 semanas aos 8 anos; 
 
Sistema esquelético: o período crítico se estende 
até a infância 
 
Durante as duas primeiras semanas perturbações 
ambientais podem interferir na clivagem do zigoto 
e na implantação dos blastocistos, contudo, não 
são conhecidas perturbações que causem defeitos 
congênitos, porque ou aborta ou o embrião 
compensa por sua capacidade totipotente. (Teoria 
do TUDO OU NADA) 
 
 
Os teratógenos podem afetar diferentes 
sistemas orgânicos que estejam em 
desenvolvimento ao mesmo tempo, como a 
talidomida que causa defeitos nos membros 
e anomalias cardíacas e renais 
 
 
 
Dose dos fármacos ou compostos químicos 
 
Como as pesquisas são, em sua maioria, feitas em 
animais, a comparação não é fidedigna visto que as 
respostas em animais correspondem a um nível 
mais alto que em humanos, portanto não podem 
ser imediatamente aplicáveis em gestantes, já que 
o efeito fenotípico é mais intenso. 
Experimentos em animais sugerem apenas que 
resultados semelhantes podem ocorrer em 
humanos, não traz uma garantia da sua ação em 
embriões, por exemplo. 
 
Genótipo do embrião 
 
O genótipo do embrião determina se o agente 
teratogênico prejudicará seu desenvolvimento, já 
que entre os expostos, nem todos desenvolvem os 
defeitos. 
 
TERATÓGENOS HUMANOS 
É importante expor os causadores de efeitos 
nocivos para alertar, principalmente gestantes, 
sobre o perigo. 
 
Prova de teratopatogenicidade 
 
Para provar os potenciais teratógenos existem 
formas prospectivas e retrospectivas de 
abordagem. Mães expostas aos agentes 
geralmente geram filhos com defeitos, ou filhos 
com defeitos, geralmente vieram de mães 
expostas. 
 
 
Fármacos/Drogas 
Lícitas e ilícitas 
 
ÁLCOOL 
 
• Segundo o Sistema de Informações sobre 
Agentes Teratogênicos (SIAT) de Porto Alegre, 
RS, em torno de 30,4% das gestantes 
referem consumo de álcool, em 
quantidade não especificada, durante 
a gravidez. 
• O etanol se distribui livremente no 
tecido fetal, alcançando as mesmas 
concentrações no sangue materno, isto 
porque as enzimas hepáticas fetais, 
particularmente a álcool desidrogenase, estão 
em baixos níveis, ocorrendo uma difusão 
passiva por gradiente de concentração. 
• O risco teratogênico para uma criança que 
sofreu uma exposição intrauterina ao etanol é 
estimado como de moderado a alto 
• Entre os efeitos, há: 
 
Síndrome do álcool fetal (SAF): termo utilizado 
para descrever o conjunto de sinais 
encontrados na criança associadas ao 
alcoolismo materno 
 
Efeitos relacionados ao álcool (ERA): designação 
dada aos indivíduos que não possuem todas as 
características para serem ditos portadores de SAF, 
mas apresentam malformações e/ou desordens 
neuropsicomotoras associadas ao consumo 
materno de álcool 
 
Devido às comprovações sobre o efeito 
teratogênico do etanol e às controvérsias sobre a 
existência de doses consideradas seguras, o 
conselho mais adequado para a mulher, que é 
gestante ou planeja gestar, é a abstinência de 
álcool. 
 
 
 
 
 
 
 
TABAGISMO 
 
O fumo é um dos comportamentos mais 
prejudiciais durante a gestação, e seus vários 
componentes causam danos, tanto para a mãe 
como para o feto, de diferentes maneiras. 
Sabe-se que a nicotina diminui o fluxo placentário 
e a circulação fetal, causando episódios de hipóxia-
isquemia e desnutrição no feto; 
O monóxido de carbono reduz a oferta de oxigênio 
materno e fetal aumentando os níveis de 
carboxiemoglobina 
O chumbo é uma neurotoxina e alguns 
hidrocarbonetos encontrados no cigarro são 
mutagênicos. 
 
Entre as consequências, pode haver: 
 
Infertilidade 
O fumo está implicado em aumento de 30% de 
infertilidade no período desde a paradado 
anticoncepcional até a concepção, e a chance de 
não engravidar no período de 1 ano é duas a três 
vezes maior, além de diminuir a função ovariana a 
aumentar a infertilidade tubária, pelo lado 
paterno, diminui a qualidade dos espermatozoides 
 
Abortamento espontâneo 
Sem estudos conclusivos. Mesmo assim, tem-se 
certeza de que o risco é essencialmente maior para 
fumantes pesadas. 
 
Alterações placentárias 
O fumo está significativamente relacionado a 
aumento de 1,5 vez no risco de placenta prévia e 
descolamento 
 
Restrição de crescimento intrauterino 
São a vasoconstrição uterina e a redução da 
perfusão placentária as responsáveis diretas pela 
restrição do crescimento fetal intraútero. 
 
Prematuridade 
Mulheres que fumam têm 30% mais chance de 
terem gestações com menos de 37 semanas, e 
gestantes que fumam 20 cigarros por dia têm risco 
duas vezes maior de ruptura prematura de 
membranas antes das 33 semanas de gravidez. 
 
Mortalidade perinatal 
Há 30% mais chance de óbito perinatal e este se dá 
por condições relacionadas a baixo peso de 
nascimento, prematuridade e alterações 
placentárias. Atualmente, 10% dos casos de 
mortalidade nessa faixa são diretamente causados 
pelo cigarro, principalmente quando há restrição 
de crescimento intrauterino. 
 
Déficit de atenção 
Aparece associado ao tabagismo materno durante 
a gestação. Há evidências da existência de uma 
relação dose-dependente, isto é, quanto maior o 
consumo pela gestante, mais severa a 
sintomatologia da criança. 
 
Déficit cognitivo 
Vários estudos demonstram relação entre o 
consumo de cigarro pela mãe e várias formas de 
deficiência cognitiva nos filhos, quando 
comparados com filhos de mães não fumantes, 
como deficiência na compreensão verbal, no 
desenvolvimento de memória, na percepção de 
estímulos visuais e auditivos, além de níveis mais 
baixos de quociente intelectual (QI) e atraso do 
desenvolvimento motor. Tais achados estão 
relacionados, mais uma vez, à quantidade de 
cigarros utilizada pela mãe durante a gestação. 
 
Malformações congênitas: 
Fendas orais são uma malformação congênita, cuja 
relação com o cigarro é a mais estudada, sendo a 
maioria dos estudos positivos para essa associação. 
Há aumento de risco de filhos com fendas faciais 
em mães fumantes de 273%, ocorrendo em 1 a 
cada 183 nascidos, sendo a proporção normal de 1 
caso a cada 500 nascimentos. Este efeito mostra-
se claramente dependente do número de cigarros 
fumados pela mãe durante a gestação. 
Etiologicamente, a origem das fendas é 
multifatorial, havendo interação de fatores 
ambientais (cigarro) com fatores genéticos 
 
Fumo passivo 
 
Sabe-se que mesmo passivamente, o feto 
está exposto aos agentes tóxicos do cigarro. 
Há relatos de que exposição do feto à 
fumaça do cigarro está associada a 
aumento da suscetibilidade a doenças 
respiratórias e a mudanças no sistema 
imune.21 Além disso, filhos de mães expostas 
à fumaça do cigarro durante a gestação 
apresentam uma redução de peso 
significativa ao nascimento. s uma exposição 
passiva intensa corresponde à exposição 
ativa fraca, de 1 a 5 cigarros por dia. 
 
COCAÍNA 
 
É a droga mais amplamente usada entre mulheres 
em idade fértil 
O uso de cocaína durante a gestação pode resultar 
em vasoconstrição focal ou sistêmica contrações 
uterinas suficientemente fortes para causar 
ruptura completa de um útero gravídico já alterado 
por uma cicatriz de cesariana prévia. Especula-se 
que as alterações causadas pela cocaína durante a 
gestação assemelhem-se à pré-eclâmpsia, e talvez 
isto ocorra pela vasoconstrição, comum nas duas 
situações. 
 
Efeitos na mãe 
Em mulheres com uso irregular da droga são mais 
frequentes 
• Sangramento vaginal 
• Descolamento de placenta 
• Natimortalidade 
Enquanto que em gestantes com uso regular 
identificaram-se mais alterações crônicas 
(infecções sistêmicas, anemia, baixo peso de 
nascimento). A maior incidência de placenta 
prévia, ruptura prematura de membranas e 
abortos espontâneos também está 
comprovadamente associada ao uso de cocaína 
durante a gestação. Sabe-se ainda que as reações 
à cocaína são mais exacerbadas durante a 
gestação, sendo mais frequentes complicações 
como pneumotórax e convulsões. 
 
Efeitos fetais 
O principal temor baseia-se no seu efeito 
vasoconstritivo e consequente disrupção do 
desenvolvimento cerebral, além de se esperar 
alterações de padrão disruptivo em outros 
sistemas (por ex. restrição de crescimento 
intrauterino, defeitos de redução transversal de 
membros, etc.) 
 
MACONHA 
Não há evidências que seu uso seja um teratógeno 
humano, mas que nos dois primeiros meses de 
gestação afeta o crescimento fetal e o peso 
 
ANDRÓGENOS E PROGESTÁGENOS 
 
Mais conhecido: testosterona 
A exposição de embriões femininos à testosterona 
pode resultar na fusão labial e clitoriana. A 
diferenciação anormal dos órgãos genitais 
externos associada ao uso de andrógenos tem sido 
descrita em animais experimentais e seres 
humanos, da mesma forma que a masculinização 
da genitália externa de fetos do sexo feminino é 
descrita em associação com excesso de 
testosterona endógena 
Contato com progestina está associada a 
anomalias cardiovasculares, além de que fetos 
masculinos podem sofrer de hipoplasia da glande. 
O risco teratogênico desse hormônio é baixo. 
 
Exposição a pílulas anticoncepcionais pode 
provocar síndrome de VACTERL: anomalia 
Vertebrais, Anais, Cardíacas, Traqueais, 
Esofágicas, Renais e dos membros 
No passado, o uso de progestágenos era associado 
à virilização de fetos femininos e feminilização de 
fetos masculinos, mas isto era decorrente de 
concentração hormonal excessiva dos 
contraceptivos, o que não ocorre mais atualmente. 
Além disso, a genitália externa inicia sua 
diferenciação a partir da oitava semana 
pósconcepção, quando a gestação já foi 
diagnosticada, na maioria das vezes. 
 
ANTIBIÓTICOS 
 
Tetraciclinas se depositam nos 
ossos e nos dentes do embrião 
em locais de calcificação ativa. 
Causa, no primeiro trimestre manchas 
amarelas nos dentes primários e do 4° ao 9° 
mês diminuição do crescimento dos ossos 
longos e coloração amarelada ou marrom dos 
dentes. 
Estreptomicina (antituberculose) está relacionada 
a deficiência auditiva. 
 
Penicilina não apresenta problemas. 
 
Metronidazol 
 
É um antimicrobiano usado principalmente no 
tratamento de infecções causadas por germes 
anaeróbios, especialmente bacilos Gram-
negativos, e por protozoários. Alguns estudos com 
animais encontraram indícios de que esta droga 
seria mutagênica e carcinogênica. Estes achados 
têm embasamento no seu mecanismo de ação, que 
envolve a formação de metabólitos ativos que 
poderiam interagir e alterar o DNA humano. 
Apesar de ser considerada uma droga segura, 
alguns especialistas recomendam que seu uso seja 
evitado durante o primeiro trimestre. Não 
encontrou-se evidências clínicas que pudessem 
associar a droga à maior incidência de alguma 
malformação congênita 
 
ANTICOAGULANTES 
 
Seu uso implica em reprogramar a fisiologia da 
coagulação em busca do ponto de equilíbrio entre 
os riscos de tromboembolismo materno e os de 
hemorragia, inerente ao anticoagulante, 
conjugado aos diversos momentos da gestação, do 
parto e do puerpério 
De modo geral, pode-se afirmar que na gestante 
existe um risco 6 vezes maior de ocorrência do 
tromboembolismo venoso 
 
Causas para o tromboembolismo venoso se maior 
na gestação (embolia pulmonar e trombose 
aguda) 
 
De modo geral, pode-se afirmar que na gestante 
existe um risco 6 vezes maior de ocorrência do 
tromboembolismo venoso 
 
Dois tipos de anticoagulantes são mais utilizados: 
as heparinas e os anticoagulantes orais. 
 As heparinas têm ação imediata após a 
administração,baseada na inibição da trombina e 
do fator X ativado, catalisando a reação dos 
mesmos com a antitrombina III (AT-III), enquanto 
que os anticoagulantes orais (cumarínicos) têm sua 
ação mais lenta, inibindo a síntese dos fatores 
vitamina K dependentes, agindo como 
antagonistas competitivos da vitamina K, (fatores 
II, VII, IX e X) 
 
Para a prevenção e tratamento de 
tromboembolismo venoso, a heparina é o 
anticoagulante de escolha pela sua segurança e 
eficácia bem estabelecidas 
Os derivados cumarínicos são agentes 
anticoagulantes oralmente ativos. 
 
A varfarina 
 
É certamente o mais usado fármaco do grupo, já 
que os outros membros são mais tóxicos e de uso 
pouco seguro. Eles cruzam a barreira placentária e 
são potencialmente teratogênicos, especialmente 
no primeiro trimestre. A extensa literatura sobre o 
assunto aponta como maiores problemas a 
embriopatia (síndrome da varfarina fetal), defeitos 
do sistema nervoso central, aborto espontâneo, 
natimortalidade, prematuridade e hemorragias 
As principais anomalias associadas à exposição no 
primeiro trimestre da gestação (síndrome da 
varfarina fetal) são defeitos esqueléticos, incluindo 
hipoplasia nasal (por falha no desenvolvimento do 
septo nasal) e condrodisplasia punctata 
(calcificações puntiformes das epífises ósseas, 
epífises pontilhadas). 
Período de maior sensibilidade: 6 a 12 semanas 
 
 
ANTICONVULSIVANTE 
 
Aproximadamente 1 a cada 200 gestantes é 
epiléptica e requer o uso de anticonvulsivantes 
Os potenciais efeitos adversos dessas drogas 
incluem crescimento intrauterino restrito, 
dismorfias, malformações e atraso no 
desenvolvimento pósnatal. 
A estratégia de tratamento atual baseia-se no fato 
de que convulsões são mais prejudiciais à mãe e ao 
feto do que os próprios fármacos, podendo causar 
abortamento, hemorragia intracraniana fetal, 
prematuridade ou outras consequências 
deletérias. Assim, o objetivo do tratamento é 
manter a epilepsia sob controle, especialmente 
convulsões do tipo tônico-clônico, utilizando 
anticonvulsivantes que minimizem os efeitos 
adversos tanto para a mãe como para o feto. 
Para isso é necessário um tratamento 
monoterápico, com a menor dose efetiva 
 
Trimetadiona Seu uso na gestação é fortemente 
contraindicado devido à sua associação com um 
quadro muito grave. O padrão de malformações é 
denominado síndrome da trimetadiona fetal (STF) 
e consiste em restrição de crescimento pré e pós-
natal, anomalias cardíacas, retardo mental, 
microcefalia, ptose palpebral, sobrancelhas em 
forma de V, prega epicântica, estrabismo, orelhas 
displásicas e com baixa implantação, fendas labial 
e palatina, dentes irregulares, prega simiesca e 
anomalias renais. A estimativa de risco da STF é de 
até 83% (baseada apenas em relatos de caso) e o 
risco de morte neonatal ou na infância chega a 
30%. Além disso, há um risco maior de 
complicações perinatais. É difícil estimar o 
verdadeiro risco teratogênico desse fármaco, 
entretanto há consenso de que o risco é alto. 
 
Fenitoína (fenil-hidantoína) . É uma das drogas 
anticonvulsivantes com maior risco para 
malformações congênitas maiores e, na maioria 
dos estudos, está entre as drogas com maior 
potencial teratogênico, quando utilizada em 
politerapia. Está associada a um padrão de 
malformações conhecido como síndrome da 
fenitoína fetal (SFF), que se caracteriza por 
dismorfias faciais (hipertelorismo, microftalmia, 
pregas epicânticas, ptose palpebral, orelhas 
anormais e com implantação baixa, fendas labial e 
palatina) e dois dos seguintes achados: restrição de 
crescimento pré ou pós-natal, retardo mental, 
hipoplasia ungueal e de falanges distais e 
malformações maiores. 
Ácido valproico 
Além de DFTN, outras malformações estão 
associadas ao uso dessa medicação, como defeitos 
do SNC, microcefalia, anomalias cardíacas e faciais 
e retardo mental. 
 
ANTIEMÉTICO 
Fármacos para evitar vômitos e enjoo 
é importante ressaltar que a maior parte dos 
agentes antieméticos não costuma estar 
associada a um potencial teratogênico, e seu 
emprego obedece a uma relação risco-benefício 
para a gestante, sendo preferível optar por 
medicações mais bem estudadas dentro da 
classe dos antieméticos. 
 
ANTINEOPLÁSICOS 
 
O câncer na gestação é uma situação muito 
delicada, pois pode acarretar danos graves tanto 
para a mãe, quanto para o feto. A ocorrência de 
câncer durante a gestação é estimada em 0,2 a 1 
caso em 1.000 gestações, sendo os mais 
frequentes o câncer de mama, o câncer de colo de 
útero e as leucemias. A doença em si já é um fator 
de risco para a gestação, pois efeitos sistêmicos, 
principalmente desnutrição e hipertermia, 
secundárias à neoplasia, podem interferir no 
desenvolvimento embriofetal. 
Os agentes antineoplásicos são um grupo de 
medicamentos bastante conhecidos por seu efeito 
teratogênico. A maioria deles atua impedindo a 
replicação celular, interferindo em algum estágio 
da síntese de DNA ou RNA. Outras vezes, 
interrompem algum as vias metabólicas essenciais 
e destroem macromoléculas a grande maioria 
desses agentes atravessa a barreira placentária e 
acaba atingindo os tecidos embriônicos e fetais. A 
teratogenicidade dessas drogas vai depender do 
tempo de exposição, da dose empregada e das 
características de permeabilidade placentária 
O uso de antineoplásicos no primeiro trimestre 
está associado a aumento na taxa de 
malformações, a qual varia entre 6 e 17%, 
parecendo haver um risco maior em casos de 
quimioterapia combinada, ou concomitante com 
radioterapia, do que em monoterapia (17 a 12,6% 
versus 6 a 10,4% respectivamente). 
Adicionalmente, o emprego de agentes citotóxicos 
durante o primeiro trimestre de gestação também 
está associado a aumento na taxa de abortos. No 
segundo e no terceiro trimestre, após 
organogênese, o risco está associado a aumento na 
taxa de prematuridade, restrição do crescimento 
intrauterino (RCIU) e mortalidade perinatal 
Alguns testes em animais de agentes 
quimioterápicos foram realizados, obtendo os 
seguintes resultados: 
Metotrexato (antimetabólico): Altamente 
teratogênico má-rotação intestinal abortamentos. 
Aminopterina (antimetabólico) Defeitos de 
sistema nervoso central, palato, membros e outros 
defeitos esqueléticos. Defeitos de audição, 
hipertelorismo, hipermobilidade articular, 
osteoporose. Aumento no índice de abortamentos. 
 
ÁCIDO RETINÓICO 
Em termos de impacto na saúde pública, a 
teratogenicidade de tais compostos é 
um fato relevante, já que uma porção 
significativa da população que faz uso de 
retinoides por via oral, é constituída por mulheres 
em idade reprodutiva. 
Atualmente, os retinoides são uma boa alternativa 
terapêutica para o tratamento de acne cística, 
psoríase, entre outras doenças queratinizantes, e 
sua administração é tanto por via tópica quanto 
sistêmica 
Mecanismos da ação teratogênica dos retinoides 
(Os compostos naturais e sintéticos que possuem 
uma estrutura química ou propriedades funcionais 
similares às da vitamina 
Assim, interferem diretamente na atividade e 
migração das células da crista neural cranial 
durante o seu desenvolvimento, levando, portanto 
a malformações em estruturas crânio-faciais, 
tímicas, cardíacas e do sistema nervoso central 
 
Lembrando que: 
A vitamina A é lipossolúvel e ocorre sob duas 
formas na natureza: é derivada de animais, sendo 
ingerida pela alimentação, em óleos de peixes e 
fígado, e como provitamina A ou ß-caroteno, 
precursor da vitamina A, encontrado em alguns 
vegetais e ingerido também pela alimentação. A 
vitamina A é necessária para a visão e para o 
crescimento e manutenção das células epiteliais. 
 
 O organismo possui um mecanismo de transporte 
e depósito que mantém a vitamina A em uma 
forma não tóxica, ligada a proteínas. Desde que 
essa capacidade de depósito não seja excedida,não se observa aumento de malformações 
congênitas. Em humanos, 25.000 a 50.000 UI/dia 
são provavelmente necessárias para ultrapassar 
essa capacidade e potencialmente resultar em 
malformações. 
Os estudos epidemiológicos com respeito ao risco 
e dose considerados teratogênicos são 
discordantes. Entretanto, a literatura concorda 
que doses inferiores a 10.000 UI/dia são seguras ( 
3 miligramas) durante a gestação. 
 
Os retinoides 
 estão presentes no sangue de todas as pessoas, e 
dentre outras funções, estimulam a proliferação de 
células epidérmicas. Na pele, elas perdem a 
camada de queratina e dessa forma auxiliam o 
processo de escamação da pele. 
 A isotretinoína também causa a atrofia da glândula 
sebácea, o que explica o uso e efetividade de suas 
formas sintéticas para tratamento de acne cística, 
tanto por via sistêmica quanto na forma tópica. 
 
A isotretinoína é considerada um teratógeno muito 
mais potente em humanos, quando comparada a 
animais Seus efeitos teratogênicos podem ser 
agrupados constituindo a síndrome da 
isotretinoína, o que inclui anomalias do sistema 
nervoso central, alterações crânio-faciais, 
malformações cardíacas, distúrbios 
neurocomportamentais e outras menos 
frequentes, além de aumentar o risco de aborto 
espontâneo e prematuridade, segundo alguns 
estudos epidemiológicos prospectivos 
Costuma-se recomendar que a paciente não 
engravide no período de 1 mês a partir da última 
dose, depois do qual não se espera maiores riscos 
para gestação. 
 
 
 
CORTICOSTEROIDE 
 
Tradicionalmente, há temor em relação ao uso de 
corticosteroides durante a gestação, porque há 
estudos, em modelos animais, demonstrando a 
associação dos mesmos à ocorrência de fenda 
palatina e outras malformações em diversos 
órgãos. Em um estudo de meta-análise encontrou-
se um risco aumentado em torno de 3 a 4 vezes 
para fenda palatina em gestantes expostas a 
corticoides durante o primeiro trimestre de 
gestação, o que é compatível com o achado em 
animais, porém sem outros riscos de 
malformações maiores Assim, mesmo que a 
possibilidade da existência de um efeito 
teratogênico dos corticosteroides não seja 
completamente descartada, este efeito é na pior 
das hipóteses bastante pequeno. 
 
ENZIMA CONSERVADORA DE ANGIOTENSINA(ECA) 
 
Anti-hipertensivos 
atuam causando insuficiência renal fetal e, por 
conseguinte, oligoidrâmnio. 
Este efeito é observado apenas durante o segundo 
e terceiro trimestres de gravidez, por ser este o 
momento em que o rim fetal é sensível ao efeito 
hipotensor dessa classe de medicamentos. 
Estes agentes inibem a conversão da angiotensina 
I no peptídeo ativo angiotensina II. Seu uso está 
contraindicado no período gestacional, estando 
associados à fetotoxicidade. 
 O maior risco ao feto aparenta estar ligado à 
exposição no terceiro trimestre, principalmente 
para os seguintes desfechos: oligoidrâmnio, 
persistência do ducto arterioso, restrição do 
crescimento intrauterino, hipoplasia pulmonar, 
hipocalvária (ossificação incompleta do crânio 
fetal), displasia tubular renal fetal e insuficiência 
renal neonatal. Essas anomalias do 
desenvolvimento foram atribuídas parcialmente a 
uma ação direta dos inibidores da ECA no sistema 
renina-angiotensina fetal e parcialmente a uma 
isquemia resultante de hipotensão materna e 
redução do fluxo sanguíneo fetoplacentário 
subsequente. 
 
INSULINA E MEDICAMENTOS HIPOGLICEMIANTE 
 
A insulina continua sendo o padrão ouro no 
tratamento de diabetes gestacional e diabetes tipo 
2 na gestação, ela alcança o controle glicêmico 
ideal e não cruza a placenta. Em situações de 
resistência aumentada à insulina, o tratamento 
com antidiabéticos orais pode ser interessante, 
porém como cruzam a placenta e devido ao seu 
potencial teratogênico, esses agentes não são 
recomendados durante a gestação. 
 
Diabetes Melitos 
Ensaios clínicos sugerem que o mau controle do 
diabetes mellitus durante a gestação é uma causa 
de complicações e malformações fetais, e que a 
terapia com insulina pode reduzir o risco dessas 
complicações. É pouco provável que a insulina 
tenha efeito teratogênico direto porque o próprio 
diabetes, especialmente quando não tratado, 
resulta em alterações fetais (hiperglicemia, 
hipoglicemia, polidrâmnio, macrossomia, 
hiperinsulinemismo, hipocalcemia, hipercalcemia, 
prematuridade etc.) 
 
Outros antidiabéticos-hipoglicemiantes: 
Tolbutamina, Cloropropamida podem apresentar 
risco de hipoglicemia neonatal e outros como 
Gliburida, Glipizida Mínima transferência 
placentária Resultados promissores na gestação 
 
ANALGÉSICOS 
 
Aspirina (AAS) e paracetamol costumam ser usados 
na gravidez para alívio da febre ou dor. Embora 
estudos epidemiológicos indiquem que a aspirina 
não é um agente teratógeno, altas doses são 
possivelmente lesivas para o embrião ou feto. 
Pesquisas também mostram que mulheres que 
fizeram uso de paracetamol no início da gravidez, 
mostrou uma maior incidência de problemas 
comportamentais incluindo TDAH entre seus filhos 
 
DROGAS TIREOIDIANAS 
 
O iodeto de potássio em misturas para tosse e 
grandes doses de iodo radioativo podem causar 
bócio congênito. Pois atravessam a membrana 
placentária e interferem na produção de tiroxina, 
também pode causar aumento da tireoide e 
cretinismo (interrupção do desenvolvimento físico 
e mental e distrofia dos ossos e partes moles). É 
importante que gestantes evitem até cremes a 
base de iodo povidona porque pode ser absorvido 
pela vagina e causar teratogenia 
 
 
Bócio congênito se a mãe receber 
substâncias além da quantidade necessária 
para cotrolar a doença. 
 
 
IODO RADIOATIVO 
 
É usado no tratamento de hipertireoidismo, câncer 
de tireoide e de próstata. A tireoide do feto tem 
mais afinidade aos iodetos do que a da mãe e 
começa a absorver e incorporar iodetos a partir da 
décima semana de gestação. Uma dose fracionada 
de mais de 12,2 mCi é capaz de destruir a tireoide 
do feto. Não há relatos de efeito deletério imediato 
em doses usadas em diagnóstico com iodo 
radioativo, mas existe uma possibilidade teórica de 
indução de carcinoma de tireoide no concepto. 
Alguns dados sugerem também que a taxa de 
aborto espontâneo pode aumentar durante os 
primeiros 12 meses após o tratamento com iodo 
radioativo.Assim, há uma recomendação para que 
as mulheres submetidas a esse tratamento evitem 
engravidar por, pelo menos, 1 ano após o fim do 
mesmo, para que permita a excreção de todo 
radionuclídeo residual e também para que haja 
uma estabilização dos hormônios tireoidianos. 
 
 
Fármacos psicotrópicos 
 
CARBONATO DE LÍTIO 
 
Os relatos iniciais do National Register Lithium 
Babies associando o uso do lítio na gestação a 
aumento muito importante na frequência de 
defeitos congênitos cardíacos (principalmente 
anomalia de Ebstein) datam do início dos anos 
1970. Hoje, no entanto, sabe-se que com exceção 
da eletroconvulsoterapia, o lítio é a opção de 
primeira linha (não necessariamente primeira 
escolha) para o tratamento da doença bipolar na 
gravidez. 
Os achados atuais apoiam uma associação entre o 
uso de lítio durante o primeiro trimestre e 
anomalia de Ebstein entre 0,05 e 0,1%.13 Por outro 
lado, o uso do lítio no período final da gravidez 
pode resultar em toxicidade do recém-nascido, 
incluindo cianose, hipotonia, bradicardia entre 
outros. A maioria desses efeitos tóxicos é 
autolimitada, desaparecendo até a completa 
excreção renal da droga, no período de 1 a 2 
semanas. 
 
BENZODIAZEPÍNICOS 
 
 Alguns benzodiazepínicos podem eventualmente 
ser utilizados para o tratamento de algumas 
formas de epilepsia, como o clonazepam, 
flunitrazepam, diazepam e lorazepan (os últimos 
dois para estados epiléticos). Vide Capítulo 12. 
Conclusão Acredita-se que as crises convulsivas 
sejam mais prejudiciais ao feto do quea própria 
medicação, e apesar de estudos encontrarem um 
aumento de quase 3 vezes no risco de 
malformações maiores entre as mulheres em uso 
de anticonvulsivantes,6 opta-se por tratar a 
gestante pelo risco de hipoxemia placentária e 
traumatismos. 
 
TRANQUILIZANTES 
 
É surpreendente o fato de que uma das maiores 
tragédias na história da medicina tenha sido o fator 
desencadeante do aprimoramento de inúmeras 
novas linhas de pesquisas que delimitaram o 
surgimento de uma nova ciência – a teratologia. A 
talidomida, fármaco muito conhecido na década 
de 1960 pela “tragédia da talidomida”, até hoje 
figura como uma das incógnitas dessa ciência, 
principalmente em razão de seus múltiplos 
mecanismos de ação terapêutica e mecanismos 
teratogênicos ainda desconhecidos. Sintetizada 
pela primeira vez em 1954, a talidomida (alfa-[N-
ftalimido]-glutarimida), tinha como objetivo inicial 
agir como anti-histamínico. Estudos realizados em 
animais falharam em confirmar esse efeito, mas 
demonstraram suas propriedades sedativas e 
hipnóticas, comprovando-se assim a capacidade da 
talidomida de provocar um sono profundo e 
duradouro. Os resultados em animais não 
mostravam toxicidade, generalizando para 
humanos. 
Paralelamente ao crescimento das vendas, 
começaram a surgir os primeiros relatos médicos 
sobre reações adversas, incluindo constipação 
intestinal, vertigem, sensação de ressaca, perda de 
memória e polineurites, entre outras. Por seu lado, 
a Grunenthal minimizava esses relatos, atribuindo-
os ao uso de altas doses e por tempo prolongado. 
malformação congênita, caracterizada pelo 
desenvolvimento defeituoso dos ossos longos dos 
braços e pernas e cujas mãos e pés variavam entre 
o normal e o rudimentar. A esse fenótipo foi dado 
o nome de focomelia, pela semelhança daquelas 
crianças com as focas. 
 
Apesar de ter sido retirada do mercado na 
Alemanha e Inglaterra no final de 1962, por total 
falta de informação quanto aos efeitos 
adversos já comprovados, o medicamento 
continuou sendo vendido em nosso país como uma 
droga “isenta de efeitos colaterais”, pelo menos 
até junho de 1963. Nesse período (1958-1963), a 
talidomida foi comercializada em território 
nacional por diversos laboratórios farmacêuticos, 
sob diversos nomes de marca. Entre 1963 e 1965, 
a talidomida foi banida de quase todo o mundo. De 
acordo com informações obtidas junto à 
Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome 
da Talidomida (ABPST), esse medicamento só foi 
de fato retirado do mercado brasileiro em 1965, ou 
seja, com pelo menos quatro anos de atraso. O 
número de vítimas nesse período foi estimado em 
cerca de trezentos 
 
Compostos químicos 
 
MERCÚRIO 
 
O metilmercúrio é produzido naturalmente no 
meio ambiente, quando o mercúrio inorgânico é 
metilado por micro-organismos do solo e da água, 
sendo bioamplificado na cadeia alimentar 
aquática. Também é produzido industrialmente 
para ser usado como fungicida ou subproduto de 
outros processos químicos. O metilmercúrio é 
rapidamente absorvido por ingestão, inalação ou 
absorção cutânea, acumulando-se no corpo com a 
exposição crônica, que pode provocar parestesias, 
ataxia, disartria, labilidade emocional e 
dificuldades visuais e auditivas. Estes sintomas 
podem estar ausentes até meses após a exposição 
inicial e, geralmente, são permanentes. 
 Peixes e mamíferos aquáticos contaminados são a 
maior fonte de exposição ao metilmercúrio. Nos 
anos 1960, um grande número de recém-nascidos 
com paralisia cerebral, retardo psicomotor e 
microcefalia na vila de pescadores da Baía de 
Minimata, no Japão, chamou a atenção sobre a 
toxicidade dos derivados orgânicos do mercúrio, já 
que os peixes da baía estavam contaminados com 
metilmercúrio.O mesmo quadro (doença de 
Minamata) foi observado em outros casos de 
contaminação 
 
Exposição Ocupacional alimentar por 
metilmercúrio 
A exposição materna a altas doses de 
metilmercúrio durante a gravidez pode causar 
dano ao sistema nervoso central do feto bem como 
anormalidades estruturais e funcionais associadas, 
entretanto, a frequência de outras malformações 
não parece estar aumentada. 
Uma análise integrada de estudos em 3 regiões do 
mundo concluiu que, para cada aumento em 1 ppm 
de mercúrio encontrado no cabelo das mães, há 
um decréscimo de 0,18 ponto de QI na respectiva 
criança. 
 
CHUMBO 
 
No passado, a maior parte da exposição humana ao 
chumbo derivava da queima de aditivos à base de 
chumbos alquílicos na gasolina. Soldas de chumbo, 
canos, baterias de armazenamento, materiais de 
construção (tintas à base de chumbo), tintas, 
conservantes da madeira, uísque ilegal. 
Áreas industriais. 
Efeitos: 
infertilidade, aborto, parto prematuro, morte fetal 
e microcefalia. A exposição do feto ao chumbo 
durante a gestação pode determinar um déficit no 
desenvolvimento cognitivo da criança. 
 
Agentes biológicos 
 
CITOMEGALOVÍRUS 
 
O citomegalovírus é um DNA vírus cujo grupo 
possui uma propriedade biológica particular: pode 
permanecer latente no hospedeiro após a infecção 
primária e ser reativado periodicamente: o grupo 
dos herpes-vírus. A reativação pode ocorrer 
principalmente em períodos de imunodepressão, 
como AIDS, tratamento imunossupressor e 
durante a gestação. O vírus pode ser transmitido 
ao feto durante todo o período gestacional, após 
uma primo-infecção (adquirida durante a gravidez) 
materna ou uma reativação, o que torna elevada a 
incidência de infecção congênita. A transmissão 
vertical, em casos de reativação da infecção, é, no 
entanto bem menos frequente (cerca de 1%) e a 
infecção é menos virulenta. 
 
A infecção materna primária leva à ocorrência de 
recém-nascidos afetados em até 40% das vezes, 
enquanto apenas 0,5 a 3% dos RN nascidos de 
mães com infecção secundária serão infectados. 
Pode haver também transmissão perinatal, 
quando as principais fontes de transmissão viral 
são a passagem do feto pelo canal do parto e o 
leite. Diferentemente de outras infecções 
congênitas, a taxa da transmissão vertical da 
citomegalovirose não difere substancialmente, de 
acordo com a idade gestacional em que a mãe é 
infectada, sendo semelhante durante todo o 
período 
As formas graves da doença são decorrentes de 
infecções antes da 27ª semana e as formas menos 
graves ocorrem por infecções no terceiro 
trimestre. 
O acometimento de vários órgãos fetais pelo CMV 
se dá por via hematogênica. O mecanismo 
patogênico mais provável é a contínua replicação 
viral nos órgãos afetados e vários tecidos são 
suscetíveis aos efeitos citotóxicos do CMV 
 
RUBÉOLA 
 
A rubéola é uma doença viral contagiosa, benigna 
na maior parte da vida, mas se torna 
potencialmente muito grave quando infecta 
gestantes. A forma congênita é caracterizada pela 
transmissão vertical da infecção para o feto, 
durante a gestação, por ocasião de viremia 
decorrente de rimo-infecção materna. Quando 
uma gestante é infectada, várias situações podem 
ocorrer: infecção da placenta sem acometimento 
fetal, infecção placentária e fetal, ausência de 
infecção fetal, aborto espontâneo, natimorto e 
reabsorção do embrião. O fato de o sistema 
imunológico fetal estar imaturo no início da 
gestação favorece a infecção 
Um dos efeitos marcantes da infecção é o 
acentuado retardo de crescimento pré e pós-natal, 
que se prolonga pelo resto da vida. Apesar de a 
grande maioria dos defeitos se dar com infecção 
antes da 16ª semana, há raros relatos de casos de 
surdez com infecção após 28 semanas, estenose de 
artéria pulmonar após 24 semanas e retardo de 
crescimento associado à infecção no terceiro 
trimestre. 
Os sistemas mais gravemente acometidos são: 
sistema cardiovascular, sistema nervoso central, 
sistema ocular e sistema auditivo. 
 
 
HEPATITE B 
 
As crianças infectadas com hepatite B no período 
perinatal têm um riscomaior (90%) de desenvolver 
infecção crônica. Se enquadrar em algum grupo de 
risco para hepatite B, ela deverá ser imunizada. As 
mulheres com maior risco de contraírem hepatite 
B são aquelas que trabalham em unidades de 
saúde ou de segurança pública, fazem hemodiálise 
ou as que geralmente são expostas a sangue em 
unidades médicas ou dentárias, ou ainda aquelas 
que têm contato doméstico com portadores de 
hepatite B. Também são grupos de risco: as 
usuárias de drogas intravenosas, mulheres com 
múltiplos parceiros sexuais 
Vacina: tríplice viral 
 
TOXOPLASMOSE 
 
Quando ocorre rimo-infecção por Toxoplasma 
gondi na gestante, há risco de transmissão 
transplacentária do parasita para a circulação fetal, 
o que causa a toxoplasmose congênita. A 
severidade da doença diminui, à medida que 
aumenta a idade gestacional em que ocorre a 
infecção. A infecção materna num momento 
precoce da gestação (primeiro e segundo 
trimestres) pode resultar em toxoplasmose 
congênita grave, morte intrauterina e aborto 
espontâneo, enquanto num período mais tardio, a 
infecção é bem menos preocupante, com grande 
prevalência de formas assintomáticas. Na 
toxoplasmose congênita grave, observam-se 
infartos no córtex cerebral e gânglios da base, 
vasculites periaquedutal e periventricular com 
necrose, o que pode levar à obstrução dos forames 
e do aqueduto de Sylvius e consequente 
hidrocefalia. A retina é afetada por um intenso 
processo inflamatório e necrótico, que atinge a 
camada pigmentar dos cones e bastonetes, 
levando ao quadro de coriorretinite. No 
miocárdio, ocorre necrose fibrilar, enquanto, nos 
pulmões, ocorre infiltrado no interstício pulmonar 
e alveolar. Os fetos com toxoplasmose congênita 
geralmente parecem normais ao exame ecográfico 
pré-natal, porém podem aparecer achados, como 
calcificações intracranianas, dilatação ventricular, 
hepatomegalia, ascite e aumento da espessura 
placentária. 
 
SÍFILIS 
 
Trata-se de uma doença sexualmente 
transmissível, cujo agente etiológico é o 
microorganismo Treponema pallidum, bactéria do 
grupo das espiroquetas, que é transmitida durante 
atividade sexual por lesão mucocutânea 
A infecção congênita é classificada em sífilis 
congênita precoce (manifestações clínicas até os 2 
anos de idade) e tardia (manifestações após os 2 
anos, geralmente apenas na fase da puberdade). A 
infecção pode ser transmitida da mãe para o feto 
por via transplacentária ou pelo contato direto do 
feto com as lesões durante a passagem pelo canal 
de parto, em qualquer estágio da infecção 
materna. 
Crianças com sífilis congênita precoce podem ser 
assintomáticas ao nascimento e desenvolver a 
doença com 10 a 14 dias de vida. O quadro clínico 
inclui exantema maculopapular ou petéquias, 
hepatoesplenomegalia, icterícia, anemia, 
linfadenopatia, coriorretinite, osteocondrite, 
pseudoparalisia, obstrução nasal. 
Se este quadro não for tratado, pode ocorrer a 
sífilis congênita tardia, que geralmente tem início 
no terceiro ano de vida, com distrofias dentárias, 
nariz em sela, anormalidades dentárias e ceratite 
intersticial (tríade de Hutchinson), malformações 
de palato, surdez neurossensorial, lesões oculares, 
neurossífilis, alterações articulares e lesões 
cardiovasculares. 
 
 
HIV 
 
As preocupações em relação à infecção pelo HIV, 
durante a gestação, são relacionadas aos possíveis 
efeitos diretos do vírus na mãe e no feto e às 
formas de transmissão da doença ao bebê. Há 
alguns anos surgiram relatos de casos associando a 
infecção pelo HIV, durante a gestação, a uma 
síndrome malformativa caracterizada 
principalmente por déficit de crescimento, defeitos 
de face média e microcefalia nos filhos de 
gestantes infectadas. 
 
HERPES SIMPLES 
 
O vírus do herpes simples (HSV) é um vírus de DNA 
que causa infecção tanto nervosa quanto cutânea 
recorrente, envolvendo com mais frequência 
lábios ou genitália. A infecção do neonato pode 
ocorrer intraparto (80% dos casos), 
transplacentária (somente na rimo-infecção 
materna) ou pós-parto, podendo ocorrer tanto em 
infecção primária quanto em recorrentes, ou 
mesmo em mulheres portadoras assintomáticas 
que eliminam o vírus na secreção vaginal O quadro 
do herpes neonatal varia de doença localizada na 
pele, olhos e boca (vesículas, coriorretinite, 
ceratoconjuntivite), até encefalite, retardo mental, 
convulsões e doença disseminada. Na infecção 
disseminada, além das manifestações da infecção 
localizada, pode ocorrer inapetência, vômitos, 
letargia, febre, icterícia colestática, sofrimento 
respiratório. 
 
 
Atenção: são preconizados pelo SUS os 
tratamentos e diagnósticos para sífilis, HIV, 
Toxoplasmose, hepatite B. 
Possuem vacina pelo SUS: Hepatite e rubéola 
 
 
Agentes físicos 
 
RADIAÇÃO IONIZANTE 
 
A radiação ionizante pode agir nas células e tecidos 
do corpo de duas maneiras: pelo efeito direto, que 
consiste na alteração estrutural do átomo pela 
adição de energia e consequente ionização, 
liberando um elétron livre; e do efeito indireto. 
Este é provocado pela ionização da água 
intracelular, levando à formação de radicais livres 
(OH-, H+, H+² e peróxido de hidrogênio), os quais 
são compostos altamente reativos que atacam 
moléculas vizinhas. 
O período pré-implantação é aquele no qual o 
embrião é menos sensível à radiação. Nos 
primeiros 14 dias, o efeito mais comum é a falha na 
implantação do embrião, ou não haver 
manifestações (lei do tudo ou nada). Na 
organogênese (até 8 semanas), o sistema nervoso 
central é bastante suscetível ao efeito teratogênico 
da radiação ionizante. Da oitava até a décima 
quinta semana de gestação se estabelece um 
período muito sensível à radiação, estando as 
células da haste neuronal sujeitas a maiores danos 
em decorrência de uma alta atividade mitótica (se 
houver exposição a doses elevadas, existe alto 
risco de retardo mental). A partir da 16a até a 25a 
semana há uma diminuição da sensibilidade do 
sistema nervoso central (SNC) e de muitos outros 
órgãos. Após a vigésima quinta semana 
gestacional, o SNC torna-se bem pouco suscetível a 
malformações fetais e as anomalias funcionais são 
pouco prováveis. 
 
RADIAÇÃO 
 
Pode lesar células embrionárias, cromossomo s, 
resultando em morte celular, retardo no 
desenvolvimento mental e do crescimento físico. 
A dosagem é importante: radiação usada para 
fins de diagnóstico supõe -se que não são 
perigosas. 
 
HIPERTERMIA 
 
Exposição intensa, por exemplo, a ondas 
eletromagnéticas que elevam a temperatura 
corporal, ou, mesmo casos de febre alta 
desencadeados por outros quadros. 
 
 
Defeitos de origem mecânica 
 
O concepto está sujeito a alterações mecânicas 
intrauterinas que podem desfavorecer seu 
desenvolvimento adequado, provocando os 
defeitos congênitos. 
 
TRAUMA NA GESTAÇÃO 
 
 A incidência de eventos traumáticos ocorridos 
com mulheres no período de gravidez 
tem sua avaliação prejudicada, pois 
grande parte não chega aos hospitais 
ou aos serviços de emergência 
obstétricos, por serem considerados 
pequenos/leves, ou por ocorrerem em momento 
precoce na gestação, sem que esta tenha sido 
sequer constatada, ficando suas repercussões 
ignoradas. Estima-se, contudo, que cerca de 6 a 7% 
das gestantes sofram algum tipo de trauma 
durante a gravidez. 
Dentre os traumas sofridos pela gestante, os mais 
rotineiros referem-se a acidentes de trânsito 
(colisões de veículo e atropelamento), acidentes 
de trabalho, eventos domésticos, quedas e 
agressão. 
Alguns autores propõem que a gestante tenha uma 
propensão a acidentes por razões como a alteração 
de sua compleição física, que dificulta sua 
movimentação e afeta sua rápida resposta 
(reflexa) aos perigos iminentes. 
 
Principais consequências do trauma na gestação 
 
Hematoma retroplacentário: descolamento de 
placenta e anormalidadesda formação 
placentária, além de doenças hipertensivas 
induzidas pela gestação. Parece haver maior 
incidência de partos prematuros e de restrição de 
crescimento intrauterino no grupo em questão. 
 
Hemorragia fetal intracraniana 
 
Hemorragia materno-fetal: no caso de o trauma 
resultar em hemorragia materno-fetal, pode haver 
isoimunização Rh em mães Rh negativas, devendo-
se fazer tratamento com imunoglobulina Rh. 
 
Oligoidrâminio 
 
O líquido amniótico absorve pressões mecânicas, 
protegendo o embrião da maioria dos traumas 
externos, reduzir o volume do líquido pode causar 
deformações mecânicas de membros 
Síndrome da banda amniótica: Essas anomalias 
estão associadas ao estrangulamento de partes 
fetais in útero, levando a deformações, 
malformações ou roturas. 
Pode apresentar também o pé torto ou 
desenvolvimento congênito do quadril. 
Compressão prolongada geralmente por 
deformação do útero. 
 Oligoidrâmnio: diminuição da quantidade de 
líquido amniótico. 
Obs: faixas amnióticas. 
 
 
Fatores maternos como 
teratógenos: 
 
DIABETES MELITO: 
Está associada a incidência duas a três vezes 
maior de defeitos congênitos. 
Macrossomia: filho geralmente grande de mãe 
diabética. 
 
 
 
Classificação de medicamentos 
segundo a FDA 
 
AS DIFICULDADES PARA TESTES 
 
As dificuldades em determinar a teratogenicidade 
de uma dada droga resultam de uma série de 
fatores. 
 Em primeiro lugar, por razões éticas, quase todos 
os ensaios clínicos excluem as mulheres grávidas e 
estipulam que as mulheres pré-menopáusicas 
participantes tomem precauções contraceptivas 
eficazes. 
Quando os efeitos teratogênicos de drogas são 
testados em animais, isso ainda deixa de dar a 
resposta definitiva, pois a relevância de tais 
estudos para a gravidez humana é discutível. Isto é 
exemplificado pelo teratógeno talidomida, agora 
bem conhecido, que apesar de causar deformações 
graves em cerca de um terço de fetos humanos 
expostos, não demonstrou teratogenicidade em 
animais inicialmente testados. 
Mesmo que malformações devam ser observadas 
em animais que passaram pelo teste de exposição, 
a freqüência de malformações muitas vezes é tão 
baixa que o tamanho das amostras raramente é 
grande o suficiente para detectar o risco. 
Consequentemente, muitas vezes o risco não é 
detectado até uma droga entrar no mercado e ser 
utilizada há algum tempo e uma amostra grande o 
suficiente de mulheres seja exposta a ela para que 
qualquer teratogenicidade venha a ser suspeitada. 
Com a talidomida, o efeito incapacitante da droga 
em crianças expostas foi imediatamente visível; no 
entanto, alterações no feto em desenvolvimento 
podem ser muito mais sutis, por exemplo, no caso 
da exposição in-utero ao dietilestilbestrol, que só 
foi reconhecido como causador de complicações 
no sistema reprodutivo quando pessoas expostas 
tentaram conceber. Como exemplo ilustrativo, nós 
compilamos uma lista de medicamentos sobre os 
quais pesquisas têm descoberto evidências de 
efeitos teratogênicos em humanos. Esta lista não é 
de forma alguma definitiva ou exaustiva e só inclui 
drogas que estão na lista de medicamentos 
essenciais da OMS, para os quais evidências 
humanas estão disponíveis. Há outros agentes não 
incluídos nesta lista que apresentam forte 
evidência de teratogenicidade, como, por 
exemplo, a talidomida e isotretinoína. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estudo epidemiológico: Inicialmente foi feito um 
levantamento dos fármacos mais dispensados por 
mulheres na cidade de Aimorés - Minas Gerais, de 
acordo com informações dos farmacêuticos de 10 
farmácias 
 
municipais. Os fármacos selecionados foram 
estudados quanto ao seu potencial risco em 
gestantes e lactentes de acordo com a classificação 
de risco da FDA nas classes: A, B, C, D e X e nas 
classes farmacológicas respectivas. 
 
Resultado 
Dos fármacos selecionados, 1 (4,76%) se 
enquadrou na categoria de risco A, considerada a 
mais segura. Na categoria B, 5 (23,8%) fármacos se 
enquadram nos que ainda estão em estudo em 
humanos sobre seus efeitos adversos. Na C, 10 
(47,61%) estão no grupo que pode apresentar 
efeitos teratogênicos ou tóxicos para os embriões, 
enquanto na D foram identificados 4 (19,04%) 
fármacos que estão na categoria que evidencia 
risco para os fetos humanos, mas os benefícios em 
certas situações, como por exemplo, nas doenças 
graves ou que põem em risco a vida e para as quais 
não existe outra alternativa terapêutica, podem 
fazer com que o uso durante a gravidez esteja 
justificado, apesar dos riscos. Na categoria X, 
apenas 1 (4,76%) fármaco foi identificado, 
representando alterações fetais ou evidência de 
aumento no risco para o feto com base na 
experiência em humanos 
 
Como Proteger Gestantes de agentes 
teratógenos 
 
Intervenções antes da gravidez, incluindo 
intervenções na população em geral 
 
Indústrias que utilizam tais substâncias devem ser 
obrigadas a medir regularmente os níveis; deve ser 
exigida inspeção e auditoria para assegurar que 
esta medição seja realizada. 
 
Reuniões regulares de saúde ocupacional para as 
mulheres que tenham ocupações, 
particularmente, em risco podem ajudar a 
prevenir, por exemplo, através da mudança de 
atividade em preparação para uma gravidez 
planejada e da detecção de casos de exposição a 
teratógenos potencialmente perigosos antes de 
engravidar. Reuniões com um profissional de 
saúde treinado permitiria, então, a educação e os 
conselhos de planejamento familiar. 
 
Uma regulamentação mais rigorosa sobre a 
disponibilidade e o acesso aos produtos agrícolas e 
farmacêuticos (automedicação) permitiria ser mais 
bem controlada a exposição a estes teratógenos, e 
os riscos discutidos e minimizados. 
 
Campanhas públicas de educação 
Uma das questões centrais na 
prevenção de distúrbios congênitos é a 
frequente a falta de consciência em 
torno do impacto dos produtos 
químicos sobre o corpo humano e, 
especial, sobre o risco de distúrbios congênitos. 
 
Programas educacionais de sensibilização 
Podem assumir diferentes formas: 
• Educação dos profissionais de saúde 
• Campanhas públicas que incorporem cartazes, 
programas de TV/rádio e artigos de jornal para 
elevar a consciência dos perigos de produtos 
químicos para a saúde reprodutiva 
 • Incorporação das classes de curta duração sobre 
os efeitos a longo prazo de produtos químicos nos 
currículos de ciência do ensino fundamental e 
médio (em unidades sobre o meio ambiente, a 
poluição ou a saúde humana) 
 • O aconselhamento sobre cuidados pré-
concepção em ambientes de cuidados primários de 
saúde ou como parte de serviços de planejamento 
familiar e de saúde reprodutiva que analisem as 
potenciais exposições a teratógenos, sendo feito 
sob medida conforme as circunstâncias da mulher 
e do seu parceiro. Consultas de cuidado pré-
concepção representam uma oportunidade 
adicional e importante para identificar e mitigar os 
riscos individuais de quem planeja uma gravidez. 
 
legislação promulgada para reduzir a exposição dos 
trabalhadores a teratógenos perigosos ajudará a 
reduzir as taxas de distúrbios congênitos, para 
garantir que a saúde e a segurança dos 
trabalhadores não sejam comprometidas em nome 
de maiores lucros para a empresa. 
No setor agrícola, os trabalhadores podem ser 
expostos a produtos químicos teratogênicos 
através da pele durante o manuseio; através do 
nariz, olhos e boca durante a pulverização; e pela 
boca durante o consumo de alimentos e bebidas 
contaminados. A exposição pode ser reduzida 
através do uso de roupas de proteção, como luvas 
e máscaras durante o manuseio e a pulverização. 
A equipe do hospital que trabalha regularmente 
com fontes radiológicas (por exemplo, 
radiologistas e enfermeiros radiológicos)pode ser 
protegida por uma série de medidas que reduzem 
a exposição (por exemplo, aventais de chumbo), ou 
através do monitoramento dos níveis ambientais e 
o alerta aos gestores se os níveis de segurança são 
violados. Uma série de outras ocupações coloca 
trabalhadores em maior risco de exposição a 
teratógenos (por exemplo, trabalhadores de 
serrarias, pintores, trabalhadores da tintura, 
trabalhadores da produção de agrotóxicos, 
empregados da fabricação em geral etc.) 
 
Leis de proteção materna 
Muitos países têm leis de proteção materna para 
proteger os direitos da mãe e reduzir a exposição 
ocupacional a teratógenos. 
 
Serviço de informação de teratologia Programas de 
educação pública podem fornecer informações 
sobre o risco de exposição a teratógenos 
ambientais e farmacêuticos, particularmente 
durante os primeiros estágios da gravidez. Além 
disso, é importante ter organizações que possam 
fornecer conselhos confiáveis sobre casos 
específicos, a pedido, tanto durante a gravidez 
como antes da concepção.( O Serviço de 
Genética Médica (SGM), da Universidade 
Federal da Bahia (UFBA), conta com o 
Sistema de Informação sobre Agentes 
Teratogênicos (SIAT/BA), totalmente gratuito, 
sem fins lucrativos, que fornece informações 
atualizadas a profissionais da área de saúde, 
pesquisadores e a comunidade em geral 
sobre os riscos relacionados às exposições a 
medicamentos e de outros agentes químicos, 
físicos ou biológicos, potencialmente 
teratogênicos, ou seja, capazes de causar 
malformação ao feto durante a gestação.) 
 
Legislação trabalhista Onde não existe proteção 
trabalhista legal para as mulheres grávidas, ou 
onde tais leis não são devidamente aplicadas, as 
mulheres estariam com medo de perder o 
emprego ao revelarem que estão grávidas ou 
pedirem para mudar suas tarefas profissionais. A 
implicação disso é que às mulheres grávidas, ou 
àquelas que estão tentando engravidar, não é dada 
a condição de que necessitam para a própria 
proteção e a do feto contra a exposição 
teratogênica no trabalho. 
 
Muitas mulheres que não têm condição 
psicológica, social ou física de engravidar. 
 
Aborto 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica 
os abortos não como ilegais ou legais, 
mas como inseguros, parcialmente 
seguros ou seguros. define como 
aborto não seguro uma gravidez que 
é encerrada por pessoas que não 
possuem as habilidades e informações 
necessárias ou em um ambiente que não está em 
conformidade com os padrões médicos mínimos. 
Quando é realizado em sintonia com as diretrizes e 
normas da OMS, o risco de complicações graves ou 
morte é insignificante. 
 
A “Pesquisa sobre aborto no Brasil: avanços e 
desafios para o campo da saúde coletiva”, de 
Greice Menezes e Estela Aquino, de 2009, mostrou 
que o perfil das mulheres brasileiras que morrem 
em decorrência do aborto é de jovens, negras, de 
estratos sociais menos privilegiados e que residem 
em áreas periféricas das cidades. 
 
“As razões para a interrupção da gravidez incluem 
a falta de acesso a contraceptivos ou falha destes; 
preocupações socioeconômicas, como situação de 
pobreza, baixa escolaridade e desemprego; 
necessidade de planejar o tamanho da família, 
como o espaçamento entre filhos; falta de apoio do 
parceiro; riscos para a saúde materna ou fetal e 
gravidez resultante de estupro ou incesto”, 
 
ABORTO LEGAL NO BRASIL 
+ 
O aborto é permitido no Brasil em casos de 
estupro, risco de morte para a mãe ou anencefalia 
— neste último caso, foi permitido após o STF 
julgar uma ADPF sobre o tema em 2012. A Lei 
12.845/2013 garante atendimento em qualquer 
hospital do SUS 
Na prática, ainda há grandes entraves e obstáculos. 
“Existem barreiras geográficas, organizacionais e 
alto índice de objeção de consciência por parte das 
equipes [quando se negam a prestar o cuidado]”, 
Apenas metade das mulheres que tentam utilizar 
os serviços — muitas delas meninas e adolescentes 
estupradas — consegue efetivamente interromper 
a gravidez. “Pela norma técnica vigente, não é 
necessário o serviço estar credenciado para fazer o 
aborto legal. Qualquer serviço de saúde deve 
atender, mas poucos o fazem”, relata. “E, desde 
2005, a mulher não tem que apresentar um 
boletim de ocorrência do abuso sexual sofrido, mas 
na ponta do serrviço muitas vezes isso é exigido” 
A quinta maior causa de mortalidade materna no 
país são complicações decorrentes de abortos 
induzidos. 
Mais da metade das gestações no Brasil (55%) não 
é planejada. É o que aponta a pesquisa “Nascer no 
Brasil: inquérito nacional sobre parto e 
nascimento”, de 2014, que ouviu mulheres nas 
maternidades, já com a criança nascida. Das cerca 
de 24 mil entrevistadas, 4.080 (17%) tinham entre 
10 e 19 anos; entre elas, o índice de gravidez não 
desejada atingiu 66%. A coordenadora da 
pesquisa, Maria do Carmo Leal, da Escola Nacional 
de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), 
conta que, para muitas, a gravidez não foi 
programada mas poderia acontecer na vida delas. 
Porém, 29% disseram que a criança não caberia de 
jeito nenhum naquele momento. 
A juíza de Direito do Pará Andréa Bispo estudou o 
discurso sociológico no ordenamento jurídico do 
país que mantém o aborto criminalizado (Radis 
187). A justificativa para a criminalização é a 
naturalização da maternidade como papel 
tradicional — e, muitas vezes, visto como único — 
atribuído à mulher na sociedade. 
 
Na Constituição Federal, é previsto o acesso a 
planejamento familiar, e isso significa programar 
quando engravidar, quantos filhos ter e o intervalo 
entre as gestações. Esse direito não é efetivamente 
garantido. 
Damares Alves, ministra da Mulher, Família e 
Direitos Humanos, tem defendido em público o 
adiamento do início da atividade sexual entre os 
jovens como plano para enfrentar a gravidez 
precoce e a transmissão de infecções sexualmente 
transmissíveis (IST). Em nota técnica obtida pelo 
jornal O Globo (26/1), a pasta comandada por 
Damares afirmava que o início precoce da vida 
sexual leva a “comportamentos antissociais ou 
delinquentes” e “afastamento dos pais, escola e 
fé”, entre outras consequências.

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