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POESIAS COMPLETAS CRUZ E SOUZA

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2 SOBRE O AUTOR
João da Cruz e Souza nasceu em 24 de novembro de 1861, na cidade catarinense Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis). Ele era filho de ex-escravos e após os pais receberem alforria, ficou sob os cuidados dos seus antigos donos, assim, recebeu educação no Liceu Provincial de Santa Catarina, colégio muito conceituado na região. Apesar de todo o preconceito racial que ele sofreu por ser negro, ele não se deixou abalar, sendo um dos mais importantes autores da literatura brasileira.
Atuou como diretor do jornal abolicionista Tribuna Popular fazendo também contribuições das revistas "Ilustrada" e "Novidades", sendo posteriormente nomeado promotor público de Laguna (SC), contudo foi recusado logo em seguida por ser negro. Após morar por algum tempo no Rio Grande do Sul, ele se mudou para o Rio de Janeiro onde trabalhou em empregos que não condiziam com a sua formação e capacidade. Apesar do tempo relativamente curto no Rio de Janeiro, 8 meses, lá ele conheceu Nestor Vitor, que posteriormente seria divulgador de sua obra.
Cruz e Souza, ao lado de Alphonsus de Guimarães, é considerado o precursor do Simbolismo Brasileiro, se estendendo até 1922 com A Semana de Arte Moderna, o qual teve início em 1893 com a publicação de “Missal” (poemas em prosa) e “Broquéis” (poesias). Nesse mesmo ano, casou-se com Gavita Rosa Gonçalves, também poetisa, e teve 4 filhos, entretanto eles acabaram contraindo tuberculose e faleceram precocemente. Devido a esse acontecimento, sua esposa acabou desenvolvimento crises nervosas. Na obra Poesias Completas, é possível notar esse período em que ele cuidou de sua esposa, sendo este o tema de vários de seus poemas. Nota-se também que as publicações de Cruz e Souza para os jornais estavam, muitas vezes, pautadas no tema do racismo e do preconceito racial. 
Em 1898, Cruz e Souza também contraiu tuberculose e mudou-se para um sítio no estado de Minas Gerais em busca de tratamento. Não atingindo melhora, ele veio a falecer em 19 de março de 1898. 
Em 1905 agradou muito a crítica francesa com a obra "Últimos Sonetos" publicada por seu amigo Nestor. Já no ano de 1961, para comemorar o centenário do autor, toda a sua obra foi publicada num volume de mais de oitocentas páginas. 
Algumas obras: 
- Tropos e Fantasias, 1885 
- Missal, 1893 
- Broquéis, 1893 
- Evocação, 1898 
- Faróis, poesia, 1900
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3 CONTEXTO HISTÓRICO
No contexto histórico referente ao século XIX, percebe-se uma instabilidade e tensão social. A questão referente à escravidão preocupava o governo imperial, visto que neste cenário era comum haver manifestações contrárias à escravidão, exigindo a abolição e libertação dos escravos. 
 A Lei Áurea foi uma solução majoritariamente definitiva para a questão da escravidão, posto que, já haviam sido proclamadas algumas leis as quais resolviam apenas algumas questões. Entre elas estão: a Lei Eusébio de Queirós a qual proibia o tráfico de escravos provenientes do continente Africano ao Brasil; a Lei do Ventre Livre a qual determinava que os filhos de mulheres escravizadas nascidos a partir de 28 de setembro de 1871, seriam considerados de condição livre; a Lei dos Sexagenários que previa a libertação de escravos com idade igual ou superior a 60 anos. 
Além dos eventos relacionados a abolição da escravatura, encontra-se o cenário da independência do Brasil. O espírito de liberdade de D. Pedro em relação a Portugal foi importante para a proclamação da independência, visto que, após a chegada da carta que exigia o retorno do príncipe a Portugal, ele recusou, permanecendo assim na colônia.
A independência do Brasil foi um processo iniciado a partir da Revolução Liberal do Porto, que resultou na independência do Brasil. O processo que ocorreu no dia 7 de setembro de 1822 as margens do Rio Ipiranga, teve como característica importante sua não passividade, já que após a declaração da independência, várias regiões demonstraram insatisfação em movimentos "não adesistas". Entre estas regiões estão: Maranhão, Pará, Bahia e Cisplatina (atual Uruguai). Essas regiões eram os centros comerciais e políticos mais importantes na época. 
Umas das consequências mais marcantes do processo de independência foi o endividamento do Brasil por meio de uma indenização de 2 milhões de libras esterlinas paga aos portugueses. 
Apesar de toda a revolta gerada por tal processo, o Império Brasileiro foi finalmente formado, tendo como imperador D. Pedro I.
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4 ESCOLA LITERÁRIA
O simbolismo era modelo literário do século XlX, de origem Francesa, com traços românticos que tende a fugir do mundo físico; surgiu em resposta ao cientificismo e seus autores buscaram o resgate de certos valores do Romantismo que foram esquecidos pelo Realismo. De acordo com a proposta simbolista, a arte e a literatura não poderiam ser retratadas apenas sob o ponto de vista da realidade. 
Charles Baudelaire é considerado um dos principais nomes da época, através da publicação “As Flores Do Mal”, porém quando o simbolismo se estabelece na França, Baudelaire já havia falecido, sendo considerado um pré-simbolista.
Na época eram comuns figura de linguagem como ressonância e alteração, pois buscavam poesias com certa musicalidade. O poeta simbolista valoriza a morte, o soturno e o mistério. Esse gosto exótico levou o simbolismo a ser chamado de decadentismo.
No Brasil teve início em 1893, com as obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia) de Cruz e Souza, considerado o maior autor simbolista brasileiro, juntamente com Alphonsus de Guimarães. O movimento simbolista na literatura brasileira teve força até o movimento modernista do começo da década de 1920.
Principais características do movimento:
- Oposição ao racionalismo, materialismo, cientificismo;
- Mistério e fantasia;
- Misticismo, religiosidade e sublimação; 
- Valorização da espiritualidade humana.
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5 ANÁLISE DA OBRA
Poesias Completas de Cruz e Souza , publicado postumamente em 1905, graças ao esforço do amigo Nestor Victor, contempla três obras, as quais são elas: Broquéis, Faróis e Últimos Sonetos, respectivamente. Estas demonstram a máxima depuração estética atingida por Cruz e Souza e o apaziguamento interior; o soneto em versos decassílabos representa bem o caráter vago de sua poesia.
Em Broquéis (1893), livro que deu início concreto ao simbolismo no Brasil, o poeta não realizou totalmente seu ideal estético em razão aos laços com o formalismo parnasiano. Este é composto por 54 poemas, tendo 47 deles como sonetos. Na obra é perceptível a grande utilização da palavra “branco” para trazer o ar de claridade e de termos religiosos aos seus poemas. Cruz e Sousa, ao mesmo tempo em que nos parece querer falar de diversas coisas, acaba falando de nada; fazendo ainda grande utilização da musicalidade em seus poemas.
Na segunda fase, representada por Faróis (1900), o poeta abandonou o esteticismo para cultivar um confissionismo revoltado. Este engloba poemas mais longos, com versos de medidas regulares, mas diferentes, inclusive versos curtos (redondilhas maiores) e variada estrofação (vários poemas em dísticos). Evidencia-se sempre o esmero no uso do vocabulário erudito e seleto. O destaque de palavras em maiúsculas para indicar sua elevação à categoria absoluta, dentro da estilística simbolista, continua frequente. Não obstante a deprimência de tom e a acentuação do senso trágico, sempre relacionados com a matéria, persiste a tendência em abstrair, em diluir a realidade na aspiração ansiosa pelo vago, fluido e indefinido, como talvez melhor exemplifiquem as tristezas incertas, esparsas, indefinidas.
Apenas na fase final, fixada em Últimos Sonetos, realizou o ideal simbolista de exploração do poder pleno da palavra. Sua ânsia de infinito e verdade e seu agudo senso estético levam-no a uma poesia original e profunda. Cruz e Souza foi um dos pioneiros no Brasil a se dedicar na literatura à prosa poética.
Nestes últimos sonetos podemos ler uma ansiedade do poeta diante do descaso para com sua obra artística. Vários poemas tematizam o desejode reconhecimento artístico, de perfeição, de grandeza; podemos perceber que o poeta parecia ter consciência da proximidade da morte e desesperava-se diante do fato de não palmilhar o "Caminho da glória". O livro parece fundir fatos autobiográficos no desenvolvimento de uma teoria-poética sobre o artista: Diante do impasse de reconhecer-se inteligente e criativo e não ter sua obra legitimada pelos grupos de escritores da época, o poeta desabafa nos sonetos a angústia, e principalmente o forte desejo de fazer parte da plêiade de poetas e escritores do então centro político e cultural do Brasil, o Rio de Janeiro.
Vê-se, que em Últimos Sonetos a poesia de Cruz e Sousa torna-se cada vez mais dramática, transparecendo o senso trágico da existência. Sua cosmovisão passa a explorar as antíteses. Sua linguagem, mesmo estando perto da morte, é ainda exuberante, porém concentrada. As atmosferas mórbidas e a sensualidade ébria já não lhe interessam, vão sumindo as ricas impressões dos sentidos, pois o mundo deixou de ter seu macabro fascínio e a carne revelou-se desprezível.