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Aula 3 - Poder de Reforma

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CARREIRAS JURÍDICAS 
Direito Constitucional – Módulo I 
Robério Nunes 
1 
Poder de Reforma 
 
Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão (redação da Constituição Francesa de 
1793): 
 
Art. 28: “Um povo tem, sempre, o direito de 
rever, de reformar e de mudar a sua 
Constituição. Uma geração não pode sujeitar a 
suas leis as gerações futuras.” 
 
 
 
 
Mutação Constitucional 
 
Art. 5°, Inciso XI, CF/88: “a casa é asilo 
inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo 
penetrar sem consentimento do morador, salvo 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou 
para prestar socorro, ou, durante o dia, por 
determinação judicial;” 
 
Interpretação (judicial e legislativa) 
manifestamente inconstitucional 
 
Art. 102, § 2º, CF/88: “As decisões definitivas 
de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal 
Federal, nas ações diretas de 
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias 
de constitucionalidade produzirão eficácia 
contra todos e efeito vinculante, (...).” 
 
Interpretação manifestamente inconstitucional? 
“Art. 52. Compete privativamente ao Senado 
Federal: (...) X - suspender a 
execução, no todo ou em parte, de lei 
declarada inconstitucional por decisão definitiva 
do Supremo Tribunal Federal; (...).” 
Rcl 4335/AC, rel. Min. Gilmar Mendes, 
19.4.2007. 
 
Características: 
a) Derivado 
b) Subordinado 
c) Condicionado (limitado) 
 
 
Limitações ao Poder de Reforma: 
a) Temporais 
b) Circunstanciais 
c) Formais 
d) Materiais (cláusulas pétreas) 
 
 
Limitação Temporal: 
 
Art. 174 Constituição de 1824: “Se passados 
quatro anos depois de jurada a Constituição do 
Brazil, se conhecer que algum dos seus artigos 
merece reforma, se fará a proposição por 
escripto, a qual deve ter origem na Camara dos 
Deputados, e ser apoiada pela terça parte 
delles”. 
 
Cláusulas pétreas 
Expressas 
Implícitas 
Correntes (Jorge Miranda): 
São legítimas e insuperáveis 
São ilegítimas 
São legítimas, porém superáveis pela dupla 
revisão. 
 
 
Art. 59. O processo legislativo compreende a 
elaboração de: 
I - emendas à Constituição; 
II - leis complementares; 
III - leis ordinárias; 
IV - leis delegadas; 
V - medidas provisórias; 
VI - decretos legislativos; 
VII – resoluções. 
 
“Art. 60. A Constituição poderá ser emendada 
mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da 
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembléias 
Legislativas das unidades da Federação, 
manifestando-se, cada uma delas, pela 
maioria relativa de seus membros.” 
 
 
 
 
 
 
 
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OBS: Limitação Formal 
 
Art. 60. (...) 
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada 
na vigência de intervenção federal, de estado 
de defesa ou de estado de sítio. 
OBS: Limitação Circunstancial 
 
Art. 60. (...) 
§ 2º - A proposta será discutida e votada em 
cada Casa do Congresso Nacional, em dois 
turnos, considerando-se aprovada se obtiver, 
em ambos, três quintos dos votos dos 
respectivos membros. 
OBS: Limitação Formal 
 
Art. 60. (...) 
§ 3º - A emenda à Constituição será 
promulgada pelas Mesas da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal, com o 
respectivo número de ordem. 
OBS: Limitação Formal 
 
Art. 60. (...) 
§ 5º - A matéria constante de proposta de 
emenda rejeitada ou havida por prejudicada 
não pode ser objeto de nova proposta na 
mesma sessão legislativa. 
 
Art. 60. (...) 
§ 5º - A matéria constante de proposta de 
emenda rejeitada ou havida por prejudicada 
não pode ser objeto de nova proposta na 
mesma sessão legislativa. 
Não confundir com: Art. 67. A matéria 
constante de projeto de lei rejeitado somente 
poderá constituir objeto de novo projeto, na 
mesma sessão legislativa, mediante proposta 
da maioria absoluta dos membros de qualquer 
das Casas do Congresso Nacional. 
 
 
 
 
Art. 60. (...) 
§ 4º - Não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
OBS: Limitações materiais (cláusulas 
pétreas) explícitas 
 
O STF já entendeu que “as limitações materiais 
ao poder constituinte de reforma, que o art. 60, 
§ 4º, da Lei Fundamental enumera, não 
significam a intangibilidade literal da 
respectiva disciplina na Constituição 
originária, mas apenas a proteção do núcleo 
essencial dos princípios e institutos cuja 
preservação nelas se protege.” (STF, ADI 
2024-MC; MS 23047-MS, voto do relator Min. 
Sepúlveda Pertence). 
 
§ 4º - “Não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir” 
 
§ 4º - “Não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir”. 
 
§ 4º - “Não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir” 
 
§ 4º - “Não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir: 
 
I - a forma federativa de Estado;” 
 
§ 4º - “Não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir: 
 
(...) II - o voto direto, secreto, universal e 
periódico; 
 
§ 4º - “Não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir: 
 
(...) III – a separação dos poderes; 
 
§ 4º - “Não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir: 
 
 
(...) IV - os direitos e garantias individuais”; 
 
Tudo que está no art. 5º é cláusula pétrea? 
 
Art. 5º, (...) “XXIX - a lei assegurará aos 
autores de inventos industriais privilégio 
temporário para sua utilização, bem como 
proteção às criações industriais, à 
propriedade das marcas, aos nomes de 
empresas e a outros signos distintivos, 
 
 
 
 
 
 
 
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tendo em vista o interesse social e o 
desenvolvimento tecnológico e econômico do 
País; (...)” 
 
Art. 153, § 2°, inciso II: “não incidirá, nos 
termos e limites fixados em lei, sobre 
rendimentos provenientes de aposentadoria e 
pensão, pagos pela previdência social da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, a pessoa com idade superior a 
sessenta e cinco anos, cuja renda total seja 
constituída, exclusivamente, de rendimentos do 
trabalho”. 
 
“IMUNIDADE. ART. 153, § 2º, II DA CF/88. 
REVOGAÇÃO PELA EC Nº 20/98. 
POSSIBILIDADE. 
 
1. Mostra-se impertinente a alegação de que a 
norma art. 153, § 2º, II, da Constituição Federal 
não poderia ter sido revogada pela EC nº 20/98 
por se tratar de cláusula pétrea. 
 
2. Esta norma não consagrava direito ou 
garantia fundamental, apenas previa a 
imunidade do imposto sobre a renda a um 
determinado grupo social. Sua supressão do 
texto constitucional, portanto, não representou 
a cassação ou o tolhimento de um direito 
fundamental e, tampouco, um rompimento da 
ordem constitucional vigente. 
 
 
 
3. Recurso extraordinário conhecido e 
improvido.” (RE 372600, 2ª T, 16/12/2003). 
 
Há limites materiais implícitos na CF/88? 
 
“Não há dúvida de que, em face do novo 
sistema constitucional, é o S.T.F. competente 
para, em controle difuso ou concentrado, 
examinar a constitucionalidade, ou não, de 
Emenda Constitucional (...) impugnada por 
violadora de cláusulas pétreas explícitas ou 
implícitas” (STF, ADI’s 829, 830 e 833, 
14/04/1993) 
 
Procedimento de Revisão 
 
ADCT, Art. 3º: “A revisão constitucional será 
realizada após cinco anos, 
contados da promulgação da 
Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos 
membros do Congresso Nacional, em sessão 
unicameral.” 
 
“Emenda ou revisão, como processos de 
mudança na constituição, são manifestações 
do poder constituinte instituído e, por sua 
natureza, limitado. Está a ‘revisão’ prevista no 
art. 3° do ADCT de 1988 sujeita aos limites 
estabelecidos no parágrafo 4° e seus incisos, 
do art. 60, da Constituição” (STF, ADI 981-
MC/PR , 17/12/1993) 
 
ADCT: “Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 
o eleitorado definirá, através de plebiscito, a 
forma(república ou monarquia constitucional) e 
o sistema de governo (parlamentarismo ou 
presidencialismo) que devem vigorar no País.” 
(Vide EC nº 2/92) 
 
“O resultado do plebiscito de 21 de abril de 
1933 não tornou sem objeto a revisão a que se 
refere o art. 3° do ADCT. Após 5 de outubro de 
1993, cabia ao Congresso Nacional deliberar 
no sentido da oportunidade ou necessidade de 
proceder à aludida revisão constitucional (...)” 
(STF, ADI 981- MC/PR) 
 
 
 “Após 5 de outubro de 1993, cabia ao 
Congresso Nacional deliberar no sentido da 
oportunidade ou necessidade de proceder à 
aludida revisão constitucional, a ser feita uma 
só vez” (STF, ADI 981- MC/PR) 
 
“Ao Poder Legislativo, Federal ou Estadual, 
não está aberta a via da introdução, no cenário 
jurídico, do instituto da revisão constitucional” 
(STF, ADI 1722-MC/TO)

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