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Livro - Tecnicas de Producao Animal

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TÉCNICAS DE
PRODUÇÃO ANIMAL
Renata Augusto Vieira
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Curitiba
2019
Técnicas de 
Produção Animal
Renata Augusto Vieira
Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael.
V658t Vieira, Renata Augusto
Técnicas de produção animal / Renata Augusto Vieira. – Curitiba: 
Fael, 2019.
222 p.: il.
ISBN 978-85-5337-066-5
1. Zootecnia I. Título
CDD 636.08 
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
FAEL
Direção Acadêmica Fabio Heinzen Fonseca
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão Editora Coletânea
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Imagem da Capa Shutterstock.com/Alf Ribeiro
Arte-Final Evelyn Caroline Betim Araujo
Sumário
Carta ao Aluno | 5
1. Introdução à produção animal | 7
2. Anatomia animal | 23
3. Bovinocultura de corte e leite | 47
4. Caprinocultura e ovinocultura | 67
5. Bubalinocultura | 85
6. Avicultura e suinocultura | 103
7. Piscicultura e ranicultura | 119
8. Sanidade Animal | 141
9. Genética e produção | 159
10. Parâmetros zootécnicos e gestão da produção | 177
Gabarito | 195
Referências | 211
Prezado(a) aluno(a),
A produção pecuária teve início há milhares de anos em tri-
bos dispersas em várias localidades do globo terrestre, e chegou 
ao Brasil no início da colonização portuguesa. Desde então, todos 
aqueles que se dedicam à criação animal têm contribuído para a 
ascensão dessa atividade e pela posição de destaque do Brasil 
no cenário mundial como um dos principais países produtores e 
exportadores de carne, leite, ovos, lã, entre outros produtos.
A criação de animais com fins comerciais é uma das ativi-
dades que constitui o agronegócio e é responsável por abaste-
cer o mercado interno e também por exportar a outros países, de 
acordo com as exigências de qualidade determinadas por cada 
um deles. Essa capacidade de atender à demanda internacional 
foi adquirida graças ao desenvolvimento da cadeia pecuária, com 
investimento em novas tecnologias e aprimoramento do conhe-
cimento técnico por parte dos responsáveis envolvidos (agrô-
nomos, técnicos, médicos veterinários, administradores etc.), e 
às condições climáticas e ambientais que colaboram com o pro-
gresso da pecuária brasileira.
Carta ao Aluno
– 6 –
Técnicas de Produção Animal
É de extrema importância que todos aqueles ligados não só à pecuá-
ria, mas também ao agronegócio como um todo, direta ou indiretamente, 
compreendam o funcionamento da cadeia produtiva, pois cada ponto dessa 
rede pode constituir um gargalo de produção, com a possibilidade de gerar 
lucros menores. Não obstante, o conteúdo da presente obra possibilita um 
maior conhecimento em melhorias de processos que podem ser aplicadas 
nos diferentes sistemas de criação, bem como na criação de diversas espé-
cies comerciais, contribuindo também para um maior desenvolvimento do 
processo como um todo.
Isto posto, essa obra tem como objetivo principal apresentar ao lei-
tor as particularidades das principais espécies comerciais de animais uti-
lizados na pecuária moderna. Aborda desde características anatômicas e 
fisiológicas desses animais, até o processo de gestão de um estabeleci-
mento, buscando sempre uma visão abrangente e sistêmica da atividade 
económica, sem deixar de mencionar características peculiares de cada 
atividade específica.
Ademais, por se tratar de um tema amplo, foram selecionados os 
assuntos mais importantes e, por conseguinte, alguns temas ocasional-
mente podem não ter sido mencionados ou então sido tratados de maneira 
superficial. Sendo assim, fica o convite ao leitor para se aprofundar em tais 
temas por meio dos materiais disponibilizados nas referências.
Espero que os assuntos discutidos nessa obra possam trazer diver-
sos esclarecimentos sobre a arte da criação animal e, inclusive, suscitar a 
vontade de adquirir mais conhecimento e, quem sabe, seguir profissional-
mente nessa área.
A autora.
1
Introdução à 
produção animal 
Desde os primórdios da domesticação animal, a relação 
entre homem e animal tem sido muito próxima. Durante séculos, 
essa relação é simbiótica, havendo uma intensa associação entre 
seres humanos e animais. Por exemplo, os bovinos dependem do 
homem no fornecimento de alimentação e abrigo, além de cuida-
dos gerais, ao passo que o homem se beneficiada carne, do leite, 
do esterco e outros produtos.
No início dessa interação, os indivíduos, ainda nômades, 
conduziam alguns animais em busca de melhores locais. Com o 
passar do tempo, já fixos ao ambiente em que viviam, a maioria 
das propriedades eram pequenas, e famílias inteiras viviam com 
um ou dois animais. A família e o gado normalmente coabitavam 
as mesmas instalações e, quando não, dividiam partes adjacentes 
das mesmas.
Técnicas de Produção Animal
– 8 –
Na atualidade, especialmente a partir do pós-Segunda Guerra Mun-
dial, as práticas mudaram e a maioria dos países buscou a autossuficiên-
cia na agricultura e na produção animal. Houve, consequentemente, um 
aumento no tamanho das propriedades, uma maior especialização produ-
tiva e o surgimento de novas tecnologias aliadas ao trabalho de profissio-
nais especializados.
Neste capítulo, serão tratados aspectos iniciais da produção animal, 
desde o início dessa relação entre homem e animal, passando pelo estudo 
geral da zootecnia e finalizando com aspectos de bem-estar animal.
1.1 Interação homem versus animal
Segundo cientistas, há aproximadamente 4,6 bilhões de anos surgiu o 
planeta Terra. Não este ao qual estamos acostumados, com terras e mares, 
mas sim uma versão um pouco mais primitiva, com poucos componen-
tes em estado líquido e muitos 
gasosos. Desde este momento, 
a evolução tem sido cons-
tante: os primeiros seres vivos 
(microrganismos) datam de 
aproximadamente 3,8 bilhões 
de anos atrás e desde então o 
que tem definido o sucesso das 
espécies, sejam elas de plantas 
ou animais, é a capacidade de 
adaptação ao meio. Essa adap-
tação levou ao surgimento de 
diversos ambientes (Figura 
1), que por sua vez contribuí-
ram para a permanência desses 
seres, que constituíram novos 
ambientes, dando lugar a novas 
espécies animais e vegetais. 
Trata-se de um ciclo: a diversidade do meio gera mais evolução a partir 
da adaptação das espécies a novas situações. Por meio desse ciclo de 
Figura 1.1 – Evolução do planeta Terra
Fonte: Shutterstock.com/Vectorpocket
– 9 –
Introdução à produção animal 
evolução, que levou bilhões de anos, surgiram grupos de animais que 
têm características semelhantes, mas que também são fundamentalmente 
diferentes entre si. A partir disso, têm-se raças, linhagens, tipos e varie-
dades (ROLIM, 2014).
A domesticação animal teve início por volta do ano 7000 a.C., quando 
o homem passa do nomadismo ao sedentarismo. Com a Revolução Neolí-
tica (ou Transição Demográfica Neolítica), houve uma grande movimen-
tação de diversas culturas humanas, que abandonavam a vida baseada na 
caça nômade, sempre se deslocando para locais com abundância de recur-
sos, para adquirirem padrões de vida sedentários, transformado o local em 
que viviam de acordo com suas necessidades. Inicia-se, a partir de então, 
a domesticação de plantas e o início do desenvolvimento da agricultura, 
bem como da domesticação animal.
A domesticação foi uma consequência natural da própria criação de 
animais realizada pelo ser humano, a priori, para satisfazer suas necessi-
dades. O homem primitivo, agindo mais por instinto do que por experiên-
cia, convivia próximo aos animais e lhe foi muito fácil coexistir com eles, 
amansá-los, introduzindo-os na domesticidade.Este processo foi longo e 
atravessou gerações até estar concluído (BERTOLLI, 2008).
O cão foi o primeiro animal a ser domesticado pela raça humana para, 
em um primeiro momento, servir de alimento. Posteriormente, percebeu-
-se que o cão era um bom caçador, passando a ser utilizado em técnicas 
de caça, bem como no pastoreio e, por fim, como animal de companhia. 
Após o cão, a cabra, a ovelha e 
os suínos foram domesticados 
na Ásia e na Europa em virtude 
da produção de leite, de lã, de 
carne e de banha, respectiva-
mente. Os bovinos e os bubali-
nos vieram em seguida, embora 
estes (bubalinos) ainda não são 
considerados domésticos, mas 
semidomésticos, uma vez que 
apresentam alta adaptabilidade 
ao habitat natural e à vida sel-
Figura 1.2 – Interação entre homens e animais na 
Pré-História
Fonte: Shutterstock.com/ gerasimov_foto_174
Técnicas de Produção Animal
– 10 –
vagem quando reintroduzidos ao seu ecossistema original. A domestica-
ção do cavalo ocorreu anos mais tarde, durante a Idade do Bronze, na Ásia 
e na Europa (figura 1.2).
1.2 Introdução à Zootecnia
Em 1843 foi usada pela primeira vez a palavra zootechnie, de origem 
francesa, formada a partir de dois radicais gregos: zoon, “animal”, e tecne, 
“tratado sobre uma arte”. Sendo assim, em um primeiro momento, denomi-
nou-se o que hoje é chamado de Zootecnia como conhecimentos voltados à 
criação de animais. Hoje, ela é tratada como uma ciência que estuda criação, 
produção e manejo de animais domésticos ou em processo de domestica-
ção para finalidades econômicas, e, como diversas outras áreas, está em 
contínuo desenvolvimento. À medida que novos estudos e pesquisas são 
realizados, novos conceitos e métodos surgem, modificando a prática da 
produção animal. Cada vez mais a produção pecuária se torna economica-
mente viável, ecologicamente correta e fornece maior qualidade.
Por animais domésticos entende-se aqueles sobre os quais o homem 
tem profundo conhecimento, seja em relação à biologia, à genética, ao 
comportamento ou à reprodução, além de exercer certo domínio sobre eles. 
Ademais, para serem considerados domésticos, considera-se que estes ani-
mais estejam em simbiose com o homem (figura 1.3), ou seja, que haja uma 
associação entre organismos de espécies diferentes mutuamente vantajosa.
Figura 1.3 – Homem e animal em simbiose
Fonte: Shutterstock.com/ HQuality
– 11 –
Introdução à produção animal 
Para Bertolli (2008), no geral, os objetivos da Zootecnia são: produ-
ção de alimentos, de trabalho, de bens, e de matéria-prima para a indústria 
ou para a agricultura. Estes produtos gerados pela produção pecuária, fru-
tos da Zootecnia, fundamentam sua existência na promoção de uma maior 
qualidade de vida aos seres humanos, embora o acesso a eles nem sempre 
ocorra de forma equilibrada e justa.
Nesse sentido, nota-se que o avanço da Zootecnia como ciência deve-
-se à atuação conjunta de diversos profissionais, sejam eles produtores, 
técnicos/zootecnistas e/ou pesquisadores. Por meio do conhecimento 
prático, adquirido no dia a dia de uma propriedade, os produtores pas-
sam informações, conhecimentos e vivências aos técnicos e zootecnistas. 
Estes, por sua vez, através do conhecimento teórico, aliado ao saber prá-
tico, implementam soluções e, então, transferem aos pesquisadores obser-
vações e ideias a serem desenvolvidas em pesquisas, que se pretendem à 
aplicação empírica, ao final do processo.
Desde o início do vínculo entre homens e animais, pode-se dividir a 
Zootecnia em dois momentos: a Fase Empírica e a Fase Técnica.
 2 Fase empírica: a zootecnia era vista como arte, sem se basear 
em pressupostos científicos, mas sim em percepções pessoais. 
Ela é característica dos primeiros anos de domesticação do ani-
mal pelo homem, uma vez que se pautava na observação, e não 
na criação de hipóteses para sua corroboração ou refutação atra-
vés de experimentos e resultados. 
 2 Fase técnica: a ciência toma o lugar das observações ocasionais 
e passa a direcionar a atividade pecuária, provendo informações 
mais precisas sobre como produzir, visando sempre maior pro-
dutividade e qualidade do produto, bem como o seu beneficia-
mento e incorporação de valor, passando inclusive pelo bem-
-estar dos animais envolvidos no processo.
Através da Fase Empírica, subdividem-se duas grandes áreas: Zoo-
tecnia Geral e Especial. A Zootecnia Geral é a parte teórica, que trata 
do estudo de animais domésticos de um ponto de vista mais amplo, a fim 
de desenvolver leis, métodos, relações e modelos para a interação com o 
animal. Existem quatro aspectos estudados nessa área:
Técnicas de Produção Animal
– 12 –
1. Domesticação – estuda a origem das espécies, a interação do 
homem com a natureza até o ponto em que cada espécie é con-
siderada domesticada, bem como os processos envolvidos nessa 
ação. Entende-se também como animal doméstico aquele que 
passa aos seus descendentes hereditariamente características 
específicas (OLIVEIRA, 2008). Essas caraterísticas podem ser 
divididas em alguns atributos:
 2 sociabilidade – tendência em viver em sociedade;
 2 mansidão – ausência do instinto selvagem;
 2 fecundidade em cativeiro – capacidade de perpetuação da 
espécie em ambiente diferente do habitat natural;
 2 função especializada – função de interesse ao homem, por 
exemplo, produção de leite e/ou carne, aproveitamento de 
pele/pelo, tração, etc.;
 2 facilidade de adaptação – capacidade de adaptar-se a 
ambientes diferentes.
Caso não sejam satisfeitas as condições mencionadas, o ani-
mal não pode ser domesticado. Esse é o caso do elefante, que é 
sociável, de índole mansa, mas não se reproduz facilmente em 
cativeiro. O número de espécies domésticas é, portanto, muito 
limitado, e aproximadamente para cada 1000 selvagens, entre 
mamíferos e aves, há apenas uma doméstica.
2. Individualidade – preocupa-se com o conhecimento e desenvol-
vimento de caraterísticas raciais, étnicas, sexuais e produtivas 
das espécies.
3. Ambiente – analisa as variações ambientais, bem como a adap-
tação animal a essas mudanças. Estuda a interferência das condi-
ções do meio ambiente no desenvolvimento das espécies, assim 
como a intercorrência das condições artificiais, como alimenta-
ção, manejo, sanidade e higiene.
4. Genética – compreende as diferenças entre espécies e entre 
indivíduos através de variedades genéticas e raciais. Ademais, 
– 13 –
Introdução à produção animal 
observa-se os métodos de reprodução, sistemas de acasala-
mento, seleção natural, entre outros.
 Curiosidade
É comum que as pessoas confundam animal doméstico com animal 
amansado, como é o caso de papagaios, macacos, cotias, etc. Con-
tudo, estes não são como os bois, cavalos, carneiros, cabras, cães, 
que são espécies verdadeiramente domésticas. O animal amansado 
é um espécime, ou seja, apenas um em toda uma população; é um 
ser criado sob certas condições, que tem a capacidade de obedecer, 
responder a ordens e conviver pacificamente com o homem; já o ani-
mal doméstico é uma espécie inteira ou um grande grupo. O animal 
amansado é somente um indivíduo que perdeu sua agressividade 
(OLIVEIRA, 2008).
A Zootecnia Especial é o estudo particular de cada espécie, ou seja, 
o processo de produção específico de cada animal, bem como o tipo de 
produto que será gerado dessa criação, por exemplo:
1. bovinocultura de corte – criação de bovinos para produção de carne;
2. bovinocultura de leite – criação de bovinos para produção de leite;
3. suinocultura – criação de suínos para produção de carne;
4. avicultura de postura – criação de galinhas para produção de ovos;
5. avicultura de corte – criação de galinhas para produção de carne.
1.3 Bem-estar animal
Após o surgimento da Zootecnia e, consequentemente, do advento 
dos estudos e das pesquisas relacionadosà produção animal, houve uma 
certa negligência (ou falta de experiência) com a questão do bem-estar 
animal. Todas as tecnologias desenvolvidas para o aprimoramento dos 
resultados produtivos, durante muitos anos, consideraram somente o fun-
cionamento biológico praticamente mecânico dos animais.
Técnicas de Produção Animal
– 14 –
Felizmente, em um período mais recente da história, surge uma maior 
preocupação com a maneira com que se trabalha, por parte dos próprios 
produtores e pesquisadores. Ainda é uma área recente e carente de desen-
volvimento, mas tudo indica que nos próximos anos a preocupação com as 
condições físicas e psicológicas dos animais será mais extensamente consi-
derada. Com vistas a atender o mercado consumidor, um dos pontos-chave 
– quiçá o principal – da cadeia de produção tenderá a ser: entregar produtos 
de alta qualidade, seguros, nutritivos, mas que também tenham compromis-
sos sociais e ambientais; assim, o setor produtivo seja apresenta sinais de 
reestruturação, visando ao bem-estar animal, sem, contudo, perder o foco na 
lucratividade (ESCOLA DE VETERINARIA UFMG, 2012).
1.3.1 Etologia
Com o passar dos anos, as interações entre humanos e animais pas-
saram por modificações substanciais em virtude do aumento da demanda 
por produtos de origem animal. No início do século XX, os sistemas de 
produção adotavam mecanismos com altas taxas de lotação, buscando 
maior produção e redução de espaço. A partir de 1970, a criação intensiva 
de animais levou ao confinamento intenso de bovinos, suínos e aves em 
muitos países. Em contrapartida, ainda que timidamente, também crescia 
o número de pessoas dispostas a evitar o consumo de produtos provenien-
tes de produções que causem sofrimento aos animais (BÉRTOLLI, 2008).
A Etologia é o ramo que estuda o comportamento animal. O termo 
deriva da palavra grega ethos, que significa “costume”, “hábitos”, “com-
portamento”, e logos, que significa “estudo”, “ciência”. Com grande influ-
ência da teoria darwiniana, esta área de estudos se deriva da Zoologia e 
está ligada aos nomes de Konrad Lorenz e Niko Tinbergen, ganhadores 
do prêmio Nobel de Medicina, que buscaram maiores fundamentos para 
explicar o comportamento animal, tendo como uma de suas preocupa-
ções básicas a evolução do comportamento através do processo de seleção 
natural, concepção criada por Charles Darwin.
Para ele, cada espécie apresenta um conjunto de padrões de compor-
tamento que lhe é característico, da mesma forma que é dotada de parti-
cularidades anatômicas. Os etólogos, por sua vez, estudam esses padrões 
específicos, através de observação dos animais em seu ambiente natural, 
– 15 –
Introdução à produção animal 
pois acreditam que detalhes importantes desse comportamento só podem ser 
observados quando os animais estão livres, interagindo com o meio natural.
 Curiosidade
Charles Robert Darwin (1809-1882) foi um naturalista britânico que ficou 
famoso ao desenvolver uma teoria, conhecida como Teoria da Evolução, 
para explicar o surgimento da vida no planeta Terra. Por ir contra os dog-
mas da Igreja, predominantes naquela época, teve grande dificuldade de 
convencer a comunidade da época, levando ainda algumas décadas para 
que sua teoria fosse explorada e, mais tardiamente, aceita como a melhor 
explicação científica para a origem e o desenvolvimento da vida, o que 
perdura até hoje. Em seu livro A origem das espécies, de 1859, ele apresentou 
a ideia de evolução a partir de um ancestral em comum, através da sele-
ção natural, cuja premissa básica é: o animal mais adaptado (com alguma 
mutação ou característica especial) é o mais apto a sobreviver em seu meio 
e, portanto, passa os genes a seus descentes, que também os passarão 
aos seus descentes, de forma que, em um determinado momento, toda a 
espécie será marcada por aquelas características que a tornam mais apta, 
aprimorando, assim, aquele grupo. Este é considerado o paradigma central 
ainda hoje para explicar diversos fenômenos da biologia. 
Figura 1.4 – Naturalista Charles Darwin
 Fo
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Técnicas de Produção Animal
– 16 –
Em 1963, Tinbergen criou quatro fases para observação do compor-
tamento:
1. primeiro deve-se analisar quais são os fatores exógenos e endó-
genos que desencadeiam um comportamento, estabelecendo 
uma relação entre este comportamento e uma condição anterior. 
Em outras palavras, o que está em análise é o caráter individual 
influenciado por experiências prévias.
2. em seguida verifica-se como o comportamento se desenvolve 
em um indivíduo. É uma análise ontogenética, que avalia o com-
portamento através do tempo para determinar como o indivíduo 
se desenvolve e se diferencia dos outros.
3. a terceira questão é a análise filogenética, que trata do valor 
adaptativo dos comportamentos, estudando a história do com-
portamento no fluxo evolutivo de cada espécie. Esses compor-
tamentos são, portanto, inatos, frutos de uma herança genética.
4. finalmente, a quarta fase aborda a análise funcional, que é a rela-
ção entre um comportamento e as mudanças que ocorrem no 
ambiente ou no próprio indivíduo.
Atualmente, o estudo do comportamento e bem-estar animal tem 
como principal objetivo promover o equilíbrio dos métodos de criação 
e de produção com melhores condições de manejo, proporcionando con-
dições de vida mais dignas aos animais, o que ainda contribui para altas 
taxas de produtividade. Para garantir esses objetivos, nos últimos anos, 
pesquisas e estudos têm sido desenvolvidos considerando condições do 
sistema nervoso e sensorial das espécies. Existem várias definições, mas, 
mundialmente, é aceito o princípio das cinco liberdades que determinam 
o bem-estar animal e dos “três Rs” para animais submetidos a experimen-
tação laboratorial:
Liberdades:
1. livres de medo e estresse;
2. livres de fome e sede;
3. livres de desconforto;
– 17 –
Introdução à produção animal 
4. livres de dor e doença;
5. liberdade para expressar seu comportamento natural.
3 Rs:
1. redução da quantidade de animais submetidos a testes laboratoriais;
2. recolocação ou substituição (replacement em inglês) de animais 
por outras alternativas;
3. refinamento de técnicas e protocolos para que animais utili-
zados em testes laboratoriais passem por cada vez menos dor 
e estresse.
Figura 1.5 – Animal de laboratório
Fonte: Shutterstock.com/unoL
1.3.2 Bem-estar animal, mercado e legislação
Por muito tempo, perdurou na mentalidade de produtores que índices 
zootécnicos, padrões de produção e economia não poderiam coexistir com 
a preocupação com o bem-estar animal. Os primeiros sinais de preocupa-
ção com manejo animal surgiram na Europa, por volta de 1809, quando 
o conceito de bem-estar animal (BEA) teve início. Esta data marca o sur-
gimento da primeira organização social de defesa dos animais, a Royal 
Society for the Prevention of Cruelty to Animals, em Liverpool, Ingla-
terra. O BEA (bem-estar animal) então passou a integrar os cálculos do 
Técnicas de Produção Animal
– 18 –
valor econômico dos produtos de origem animal e os primeiros conceitos 
de BEA começaram a ser implantados no cenário produtivo mundial a 
partir da definição de protocolos de boas práticas de manejo (ESCOLA 
DE VETERINARIA UFMG, 2012). Surgiram então os primeiros estudos 
que buscaram quantificar o impacto que o padrão de bem-estar pode ter 
nas relações custo-benefício. 
No Brasil o tema começou a ser discutido e ações afirmativas foram 
tomadas em 1934. Neste ano foram estabelecidas as primeiras medi-
das voltadas ao respeito e à proteção animal por meio do Decreto n. 
24.645, que, naquela época, já previa multa a quem desrespeitasse o 
regulamento, além de estabelecer critérios claros do quese considerava 
maus tratos. Também na Constituição de 1988, em seu artigo n. 225, o 
poder público demonstra competência para proteger a fauna e a flora, 
vetando práticas que submetam os animais a maus tratos e crueldade. 
Adicionalmente, a Lei sobre Política Agrícola de 1991 estabelece a obri-
gatoriedade da preservação ambiental e do uso racional da fauna e da 
flora brasileiras. Ou seja, ainda que o tema encontre entraves no que 
concerne à prática dessas ações voltadas ao bem-estar animal, existem 
no país regulamentações e exigências que visam direcionar a produção a 
uma visão um pouco mais sustentável.
Até o momento, a responsabilidade pelo estímulo e pelo desenvol-
vimento da produção pecuária, bem como pela fiscalização do bem-estar 
dos animais de produção, criados para fins econômicos, é do Ministério 
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Inseridos no MAPA 
estão a Secretaria de Defesa Agropecuária e a Coordenação de Boas Prá-
ticas e Bem-estar Animal (CBPA) da Secretaria de Mobilidade Social, do 
Produtor Rural e Cooperativismo (SMC), responsáveis pela fiscalização e 
fomento à produção agropecuária.
Além de tudo, são comprovados os benefícios que podem da promo-
ção do BEA nos estabelecimentos. Por exemplo, uma melhor saúde ani-
mal pode diminuir os riscos para a saúde humana, principalmente em paí-
ses em desenvolvimento. A vacinação contra doenças como a brucelose e 
raiva animal influenciam diretamente na morbidade e mortalidade animal, 
reduzindo, inclusive, o risco potencial de transmissão dessas doenças para 
os humanos. Ademais, a segurança e a qualidade dos produtos alimen-
– 19 –
Introdução à produção animal 
tícios são também influenciadas por fatores que intimamente ligados ao 
bem-estar animal, como um manejo responsável que ajuda na prevenção 
de problemas ligados à qualidade da carne. 
Além desses benefícios práticos, a interação positiva com os ani-
mais pode proporcionar benefícios psicossociais que são importantes 
por contribuírem com o bem-estar humano, pois auxilia no ensino da 
ética do cuidado, na atuação em programas de terapia com animais, entre 
outros (figura 1.6).
A preocupação com o bem-estar animal também pode trazer benefícios 
mais amplos para as comunidades humanas: em áreas rurais, a subsistência 
dos pequenos agricultores está diretamente ligada à sobrevivência, à saúde 
e à produtividade de seus animais. Dessa forma, melhorando o ambiente 
que os cerca, estes aspectos podem ser melhorados consideravelmente, 
auxiliando no desenvolvimento e na manutenção da prosperidade e do 
emprego rural, com os consequentes benefícios da estabilidade familiar e 
da comunidade (FAO, 2009).
Figura 1.6 – Preocupação com bem-estar animal
Fonte: Shutterstock.com/ Doug McLean
Há no Brasil diversas legislações voltadas ao bem-estar animal. Den-
tre elas, podemos citar a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, 
que traz tópicos importantes sobre como deve ser pensado e conduzido o 
agronegócio de forma que seja mais respeitosa com os animais. Resumi-
damente, os principais pontos que essa Declaração abrange são:
Técnicas de Produção Animal
– 20 –
 2 os animais têm direito à existência e à vida por serem todos iguais;
 2 os animais devem ser respeitados, tendo direito aos cuidados e à 
proteção do homem, o qual não pode exterminá-los ou explorá-
-los, passando por cima do direito ao respeito;
 2 é completamente proibida a tortura aos animais, bem como 
métodos cruéis de abate ou sacrifício. Quando for necessário o 
sacrifício de qualquer animal, deve ser feito de modo a poupar-
-lhe dor e angústia;
 2 animais selvagens têm o direito de viverem em seu habitat natural 
e qualquer tipo de privação dessas espécies a ele, ainda que para 
fins educativos, contraria o que está estabelecido nesta norma;
 2 animais domésticos que vivam na companhia do homem têm 
o direito de viverem e se desenvolverem de acordo com a sua 
fisiologia natural. Qualquer condição imposta pelo homem que 
modifique a sua natureza infringe esse código;
 2 os animais têm direito a uma vida duradoura dentro das capa-
cidades de cada um; abandono e morte de animais são crimes;
 2 animais próprios para trabalho (por exemplo, búfalos) têm 
direito a uma jornada razoável, com intensidade relativa à sua 
capacidade, além de terem direito ao descanso e à alimentação 
condizentes com o trabalho que realizam;
 2 animais destinados para alimentação devem ser criados den-
tro de padrões e critérios de bem-estar, sem dor ou sofrimento 
(físico ou psicológico).
Os exemplos citados acima foram retirados da Declaração Universal 
dos Direitos dos Animais, documento este proclamado pela UNESCO em 
uma sessão que ocorreu em Bruxelas, no ano de 1978.
Síntese
Há 4,6 bilhões de anos a história do planeta começou a ser escrita. 
De lá até hoje foram inúmeras as transformações pelas quais as espécies 
– 21 –
Introdução à produção animal 
de plantas e animais passaram e continuam passando, o que proporcionou 
maior adaptabilidade e, portanto, uma evolução das espécies originais. 
Essas mudanças permitiram uma relação mais próxima do homem com 
alguns animais, resultando na domesticação de bovinos, equinos, suínos, 
caprinos, ovinos etc. Dessa relação, o homem percebeu que havia um 
potencial de exploração dos produtos animais, como a carne, o leite e a 
lã; a partir de então, a produção animal surgiu como atividade econômica.
Em 1843, a Zootecnia toma forma pelas mãos de Étienne Pierre, o 
Conde de Gasparine, e hoje é conhecida pela ciência que estuda a criação 
de animais para atender às necessidades humanas. Através das caracterís-
ticas produtivas, a zootecnia analisa e desenvolve bases teóricas que auxi-
liam no aprimoramento da produção animal. Nos últimos anos, a preocu-
pação com o manejo animal tem sido pauta nas discussões dos produtores 
rurais e de toda a sociedade que consome esses produtos.
O bem-estar animal está ganhando cada vez mais reconhecimento 
como fator relevante para o sucesso do desenvolvimento em diversos paí-
ses, especialmente os europeus. Também no Brasil, porém, o BEA tem 
contribuído com programas para melhorar a saúde animal, para desen-
volver a sua produção, para atender a animais envolvidos em catástrofes 
naturais, assim como para adaptação da constituição genética dos animais 
ao ambiente em que são criados.
Atividades
1. A partir da evolução das espécies, animais e plantas desenvol-
veram capacidades adaptativas que foram fundamentais para 
sua permanência e para seu desenvolvimento na Terra. Explique 
como essa adaptação foi fundamental para a relação do homem 
com o animal e como se deu o processo de domesticação.
2. Explique com suas palavras o conceito de Zootecnia. Faça um 
esquema com as áreas de divisão dessa ciência e explique breve-
mente as características de cada uma.
3. Qual o principal objetivo de se estudar e aplicar técnicas de 
bem-estar animal?
Técnicas de Produção Animal
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4. Pesquise normas, códigos, leis etc., que tratem sobre a questão 
do bem-estar animal e explique com suas palavras onde pode-
mos aplicar cada norma.
2
Anatomia animal 
Segundo Oliveira (2008), a anatomia tem origem na pala-
vra grega ἀνατέμνω (anatemnō), cujos morfemas ana e tomia, 
significam, respectivamente, “através de” e “cortar”, remetendo 
ao ato de dissecar. Desde aproximadamente 1600 a.C., já exis-
tiam civilizações que tratavam do estudo das partes do corpo, 
como papiros egípcios. Entretanto, até os dias atuais, os gregos 
são tidos como os pioneiros no estudo da anatomia por terem 
realizado dissecações com propósitos científicos (KONIG; LIE-
BICH, 2016).
Nessa linha, a anatomia, como o estudo científico da forma 
e da estrutura dos seres vivos, foi definida por Aristóteles como 
a busca de um plano básico de construção comum para todas asestruturas por meio de um processo metodológico. Analisando 
sua obra, Historia Animalium, acredita-se que Aristóteles tenha 
realizado pesquisas anatômicas por meio de dissecações.
Técnicas de Produção Animal
– 24 –
A anatomia animal não só permitiu que o homem conhecesse a con-
formação e disposição dos elementos do corpo dos animais, bem como 
colaborou para a evolução da medicina humana. O conhecimento da ana-
tomia sistêmica é muito importante para estudantes, pois propicia o enten-
dimento da conexão geral entre estrutura e função do corpo animal.
Nesse capítulo, serão abordados conceitos introdutórios de anatomia 
animal que auxiliam no entendimento de outros temas, como reprodução, 
manejo e saúde animal.
2.1 Histórico da anatomia
Desde os primeiros estudos 
de  Aristóteles,  quase  dois  mil 
anos  se passaram quando huma-
nistas dos séculos XV e XVI con-
tinuaram a estudar a abordagem 
de  morfologia  comparada.  Na 
Itália (por volta dos anos 1600), o 
estudo detalhado de corpos huma-
nos e animais levou a várias des-
cobertas, que foram registradas 
por meio da arte, que na atuali-
dade se demonstram como regis-
tros expressados em obras de arte 
mundialmente famosas.
Leonardo  da  Vinci,  Fabri-
zio d’Acquapendente, Marcello 
Malpighi  e  Carlo  Ruini  foram 
pioneiros na área e trouxeram a 
era de ouro da anatomia compa-
rada,  que  continuou  até  o  final 
do século XIX.
No início do século XVII, a 
anatomia dos animais começava 
Figura  2.1  –  Anatomia  muscular  Dell’Anatomia e 
dell’Infirmitá del Cavallo
Fonte: Konig e Liebich (2016).
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Anatomia animal 
lentamente a passar por um renascimento. Entretanto, somente após 150 
anos foi criada uma academia veterinária em que o livro de Ruini pôde ser 
usado para ensinar profissionais.
Em meados do século XVIII, Philippe Etienne Lafosse, considerado 
o pai da anatomia dos animais, fundou uma escola veterinária particu-
lar em Paris. Dois anos mais tarde, Lafosse publicou sua obra de maior 
sucesso, Cours d’Hippiatrique – um curso sobre hipiatria ou um tratado 
completo sobre a medicina de cavalos (KONIG; LIEBICH, 2016).
Desde o início dos estudos anatômicos, diversos pesquisadores 
desenvolveram critérios próprios de denominação das partes dos corpos. 
Sendo assim, cada país determinava suas próprias nomenclaturas e havia 
pouca ou quase nenhuma coerência nas definições anatômicas.
A fim de unificar o vocabulário, anatomistas alemães deram o pri-
meiro passo em busca de uma consolidação e passaram a adotar o latim 
como  língua  oficial  na  caraterização  das  partes  corporais.  Em  1895,  o 
suíço Wilhelm His apresentou em um congresso realizado na Basileia um 
rol de nomes contendo mais de 5.550 termos, com as devidas explica-
ções, que passou a ser denominado “Basel Nomina Anatomica” (BNA). 
Entretanto, somente pouco mais de cinquenta anos depois (1952), na reu-
nião do International Anatomical Nomenclature Committee  (IANC),  as 
nomenclaturas propostas por 
His foram revisadas e padroni-
zadas, definindo o latim como 
língua oficial para a descrição 
de estruturas.
Em  1955,  foi  publicada 
a primeira edição da Nomina, 
conhecida  como “Paris 
Nomina Anatomica” (PNA), e 
estabelecido o Comitê Interna-
cional  para Nomenclatura  em 
Anatomia  Veterinária.  Treze 
anos mais tarde, em 1968, foi 
publicada a primeira Nomina 
Figura 2.2 – Vasos sanguíneos de um cavalo ilustrados 
por Seifert von Tennecker, em 1757
Fonte: Konig e Liebich (2016).
Técnicas de Produção Animal
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Anatomica Veterinaria (NAV). Desde então, várias revisões foram reali-
zadas (1972, 1983 e 1993). Essa obra é de extrema relevância, pois padro-
niza mundialmente a terminologia na medicina veterinária, gerando uma 
ferramenta útil para o estudo da anatomia
2.2 Introdução ao estudo da anatomia
Anatomia é uma ciência, ramo da morfologia, que estuda e descreve 
a  forma,  a  estrutura,  a  topografia  e  a  interação  funcional  dos  tecidos  e 
órgãos que compõem o corpo quanto a sua posição, tamanho, coloração, 
origem, função etc. A dissecação ainda é o método mais usual, importante 
e eficiente para estudar e entender anatomia.
A anatomia animal pode ser dividida em dois ramos: descritiva e topo-
gráfica. A primeira refere-se à descrição dos sistemas e subdivide-se por sua 
vez em macroscópica e microscópica. A anatomia topográfica diz respeito 
ao estudo em conjunto de todos os sistemas e das relações entre eles.
2.2.1 Anatomia topográfica
São utilizados termos descritivos padronizados para indicar precisa-
mente a posição ou direção de partes do corpo. Divide-se o corpo animal 
em secções e dessa divisão tem-se a cabeça, o pescoço, o tronco, a cauda 
e os membros. Cada uma dessas partes é subdividida em regiões. Nesse 
sentido, para determinar as estruturas, deve-se considerar que o animal 
está em pé, com os quatro membros apoiados no solo, pescoço e cabeça 
retos, de maneira que as narinas estejam voltadas para a frente e os olhos 
voltados para o horizonte.
2.2.2 Anatomia sistemática
São estudados os sistemas que permitem o funcionamento do corpo 
do animal como um todo. As células e os tecidos com estrutura e função 
similares são agrupados em órgãos ou em sistemas que atuam em conjunto 
para executar determinadas funções que permitem o funcionamento do 
organismo e sua sobrevivência.
– 27 –
Anatomia animal 
Divide-se em áreas, como osteologia (descrição do esqueleto, de 
ossos e das cartilagens), sindesmologia (estudo das articulações), mio-
logia (conhecimento dos músculos), neurologia (sistema nervoso), entre 
outros. Nesse momento, os sistemas de maior importância para o estudo 
de técnicas de produção animal são o sistema digestivo e reprodutivo.
Figura 2.3 – Esqueleto bovino
Fonte: adaptado de Shutterstock.com/miha de.
2.3 Sistema digestivo
O sistema digestivo é responsável pela quebra dos alimentos em par-
tes menores, para ser utilizado na geração de energia para o crescimento e 
para a renovação celular. Os órgãos que compõem esse sistema recebem 
os alimentos, que, em seguida, são degradados química e mecanicamente 
em pedaços menores e então seus nutrientes são absorvidos pelo orga-
nismo (onde e/ou por quem). Por fim, o aparelho elimina resíduos excre-
tados e que não foram aproveitados.
Técnicas de Produção Animal
– 28 –
O  aparelho  digestivo  consiste  basicamente  de  um  tubo  músculo-
-membranoso que se estende da boca até o ânus. Também inclui glândulas 
anexas, como as glândulas salivares, o fígado e o pâncreas.
As funções básicas do sistema digestório são ingestão, mastigação, diges-
tão e absorção dos alimentos e a eliminação do material não aproveitável.
As partes principais do aparelho digestivo em monogástricos (exceto 
aves) e ruminantes são boca, faringe, esôfago, estômago, intestino del-
gado, intestino grosso, glândulas acessórias e canal anal. Nas aves, o sis-
tema digestório pode ser dividido em boca, esôfago, inglúvio (papo), pro-
ventrículo, moela, intestino e canal anal.
Quadro 2.1 – Comparação entre animais monogástricos e ruminantes
Característica Exemplos
Monogástricos
Possuem compartimento 
simples para a digestão
(unicavitário)
Cavalo
Porco
Ave
Coelho
Ruminantes
Possuem vários compar-
timentos que realizam a 
digestão
(pluricavitário)
Bovino
Ovino
Caprino
Fonte: elaborado pelo autor.
a) Boca
As principais funções são apreensão do alimento, mastigação e 
formação do bolo alimentar. Quando o alimento entra em con-
tato com a saliva – e por meio do ato de mastigar, inicia-se a 
digestão química com auxílio das glândulas salivares.
b) Faringe
Cavidade comum por meio da qual passam o ar e o material 
ingerido. Na passagem do bolo alimentar, ocorre a deglutição.
– 29 –
Anatomia animalSaiba mais
Deglutição é o processo pelo qual um bolo alimentar é transportado da 
boca por meio da faringe para o esôfago e finalmente até o estômago. 
Ela pode ser dividida em duas etapas, a primeira é o ato voluntário de 
mastigação e a passagem do bolo alimentar para a faringe, e a segunda 
etapa se inicia quando o bolo alimentar toca a mucosa faríngea, dando 
início aos reflexos de deglutição. Ao final, o alimento chega ao estômago.
c) Esôfago
É o canal entre a faringe e o estômago.
d) Estômago
Em ruminantes e monogástricos, o estômago apresenta varia-
ções quanto à forma, podendo ser dividido em estômago unica-
vitário (com apenas um compartimento) e pluricavitário (com 
diversos compartimentos).
Em  monogástricos,  o  estômago  é  constituído  por  uma  única 
estrutura, que é composta pela cárdia e pelo piloro, estruturas 
do tipo esfíncter que controlam a entrada e a saída do bolo ali-
mentar.
Nos  ruminantes,  o  estômago  é  dividido  em  quatro  estrutu-
ras ou cavidades: as três primeiras são o rúmen, o retículo e o 
omaso. Nelas, o alimento  recém-chegado ao estômago é umi-
dificado  e  digerido  por micro-organismos  (especialmente  car-
boidratos complexos). O rúmen é o maior dos compartimentos 
e é a primeira estrutura a  receber o alimento após uma rápida 
mastigação. Nele, o alimento passa por um processo de tritura-
ção mecânica do que foi ingerido e são liberadas enzimas que 
auxiliam no  início da digestão da celulose. Após esse período 
no rúmen, o alimento volta à boca, em que é mastigado nova-
mente de maneira mais completa. Logo após, o bolo alimentar 
volta ao rúmen e em seguida passa para o retículo, continuando 
Técnicas de Produção Animal
– 30 –
a digestão. O omaso é a terceira estrutura a receber o alimento, 
responsável pela  retirada da  água do bolo  alimentar. A última 
cavidade,  o  abomaso  (também  chamado  de  “estômago  verda-
deiro”), é responsável pela digestão do que não foi degradado 
pelas estruturas anteriores e nele é liberado o suco gástrico, que 
auxilia no processo da digestão química do alimento.
A ruminação é um ato no qual o animal ingere o alimento rapida-
mente, completando a mastigação mais tarde. Esse mecanismo 
envolve a regurgitação do alimento (retorno do alimento à boca), 
remastigação, reinsalivação e, então, a redeglutição.
Figura 2.4 – Comparação entre o aparelho digestivo de monogástricos e ruminantes
 
Fonte: Shutterstock.com/ Designua
e) Intestino delgado
O intestino, em geral, é a parte caudal do canal alimentar. Tem iní-
cio no piloro e prossegue até o ânus. É divido em intestino delgado 
– indo do piloro até o ceco – e intestino grosso – do ceco até o ânus.
O  intestino  delgado  é  segmentado  em  três  partes:  duodeno, 
jejuno e íleo. O duodeno é a parte inicial, seguido pelo jejuno 
(a parte mais extensa) e ao final pelo íleo, que é composto por 
uma forte camada muscular responsável pelo transporte do bolo 
alimentar até o ceco.
No  intestino  delgado,  os movimentos intestinais são seme-
lhantes para ruminantes e não ruminantes. A movimentação da 
– 31 –
Anatomia animal 
ingesta através do intestino auxilia na mistura do alimento com 
sucos digestivos (suco pancreático e biliar), promovendo maior 
absorção dos nutrientes.
f) Intestino grosso
O  intestino  grosso  tem  início  no  ceco,  que  é  a  estrutura  que 
se  conecta  com a  última parte  do  intestino  delgado,  o  íleo. A 
segunda parte do intestino grosso é o colo, seguido pela terceira 
e última parte, o reto.
g) Canal anal
O canal anal é uma estrutura curta e constitui a parte final do 
canal alimentar, abrindo-se para o exterior pelo ânus. Esse é con-
trolado pelos esfíncteres anais externo e interno.
Figura 2.5 – Topografia dos órgãos abdominais e pélvicos da vaca
Fonte: Shutterstock.com/Nicolas Primola.
h) Glândulas acessórias
 2 Glândulas Salivares: existem três pares de glândulas (paró-
tidas, submaxilares e sublinguais) que estão localizadas na 
boca dos animais. Possuem a função de secretar líquidos que 
auxiliam na umidificação e na formação do bolo alimentar.
 2 Fígado: produz a bile, fluido produzido e  armazenado na 
vesícula biliar que atua na emulsificação da gordura. A bile 
é lançada no duodeno, parte inicial do intestino delgado.
Técnicas de Produção Animal
– 32 –
 2 Pâncreas:  glândula  responsável  pela  produção  enzimas 
digestivas que são lançadas também no duodeno.
Nas aves, o sistema digestivo é divido em:
a) Boca
As aves não possuem dentes ou lábios, por isso a função da apre-
ensão dos alimentos, diferentemente do que ocorre em outros 
animais, é feita com auxílio do bico. Não há produção de saliva, 
por isso a umidificação do alimento ocorre no papo.
b) Esôfago
Possui  a  mesma 
função do esô-
fago dos mamí-
feros. Trata-se de 
um canal inter-
mediário entre a 
boca e o papo.
c) Inglúvio (papo)
Constitui parte do 
esôfago. É uma 
região avolumada 
com a função 
principal de umi-
dificar o alimento.
d) Proventrículo
É a primeira parte do estômago, onde tem início a digestão com 
a secreção do suco gástrico.
e) Intestino
Região onde ocorre a absorção de nutrientes e onde são lançados 
os sucos produzidos pelas glândulas acessórias.
f) Ânus
Localizado na cloaca.
olho
bico
traquéia
esôfago
crop
coração
baço
fígado
coluna
vertebral pulmões
ovário
rim
oviduto
moela intestino
cloaca
Figura 2.6 – Sistema digestivo em aves
Fonte: Shutterstock.com/BlueRingMedia
– 33 –
Anatomia animal 
2.4 Sistema reprodutivo
A reprodução é o maior recurso para preservação de vida na Terra. 
Especialmente a reprodução sexuada – fusão dos gametas feminino e mas-
culino –, que contribui para a manutenção e evolução das espécies. Por 
meio dela, as informações genéticas do pai e da mãe são passadas às gera-
ções futuras e, por mais que os reprodutores tenham vários descendentes, 
todos serão diferentes geneticamente entre si. A diferenciação genética é a 
característica mais importante para a evolução das espécies, uma vez que 
apenas os melhores adaptados se mantêm.
2.4.1 Sistema reprodutor feminino
A principal diferença na questão reprodutiva entre fêmeas e machos 
é que as fêmeas são responsáveis pela gestação da cria até seu nascimento 
e, posteriormente, pela sobrevivência do filhote até que ele adquira maior 
autonomia. Para tanto, o organismo das fêmeas é preparado para a fecun-
dação, bem como para a gestação e amamentação em algumas espécies. 
Ademais, produzem hormônios específicos para cada fase, que auxiliam 
no desenvolvimento das matrizes e de seus filhotes. O sistema reprodutor 
feminino é composto de ovários, trompas, útero, vagina e vulva.
a) Ovários
São glândulas  com duas  funções  principais,  produção de hor-
mônios e produção de óvulos. São órgãos primários que ficam 
localizados atrás dos rins, um do lado esquerdo e outro do lado 
direito.  Nos  ovários  são  produzidos  os  folículos,  que  poste-
riormente darão origem aos óvulos. Estes, também conhecidos 
como gametas femininos, carregam em si informações genéticas 
da fêmea que serão passadas adiante para a prole.
Em regra, as fêmeas  possuem  dois  ovários  que  ficam  ativos 
durante  toda  a  vida,  produzindo  hormônios  da  puberdade, 
durante a gestação e até que a fêmea envelheça.
b) Trompas
São pares  de  “tubos” que  fazem a  ligação dos  ovários  com o 
útero. Os óvulos prontos para serem fecundados são conduzidos 
Técnicas de Produção Animal
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pelas trompas através de cílios que se movimentam carregando 
esses óvulos. Os espermatozoides também são conduzidos pelas 
trompas. Geralmente a fecundação ocorre nas próprias trompas.
c) Útero
O útero pode ser dividido em três regiões básicas: cornos, corpo 
e cervix(colo). O colo do útero é a região mais “baixa”, onde há 
a ligação entre útero e vagina. Também nessa região é formado 
o tampão mucoso durante a gestação, que auxilia na proteção do 
útero contra a entrada de corpos estranhos.
Figura 2.7 – Útero, ovário e trompas de vaca
Fonte: Dr. J. Maierl, Munique
d) Vagina
Trata-se da porção do canal de parto que está localizada dentro 
da pélvis, entre o útero e a vulva. Também serve como local para 
o acolhimento do pênis durante a cópula, e é o local onde ocorre 
a ejaculação na maioria dos animais.
É uma estrutura muito flexível e naturalmente lubrificada para o 
momento da cópula e também para o momento do parto.
e) Vulva
Porção externa do aparelho reprodutor feminino, que se estende 
da vagina para o exterior.
– 35 –
Anatomia animal 
Figura 2.8 – Comparação dos órgãos genitais em fêmeas de diversas espécies
Fonte: Shutterstock.com/Peter Hermes Furian
Quadro 2.2 – Conceitos importantes na fisiologia da fêmea
Conceito Significado
Puberdade
Período de transição entre a infância e a maturidade, 
durante o qual ocorre o desenvolvimento dos caracte-
res sexuais secundários, aceleração do crescimento e 
maturação dos órgãos reprodutores, levando ao início 
das funções reprodutivas. Caracteriza-se pelo surgi-
mento dos primeiros folículos e, consequentemente, 
do primeiro cio.
Ovulação
Os folículos ovarianos se desenvolvem, formando 
uma  protuberância  e,  finalmente,  rompendo-se. 
Desse rompimento saem o líquido folicular e o 
óvulo, que são expelidos do ovário, completando o 
processo de ovulação.
Técnicas de Produção Animal
– 36 –
Conceito Significado
Cio
Período no qual ocorrem modificações físicas e compor-
tamentais nas fêmeas. Ocorre em períodos que variam 
a cada espécie e representam a receptividade à cópula.
Ciclo Estral
A produção de óvulos ocorre de maneira cíclica, em 
intervalos regulares. O intervalo entre um cio e outro 
é denominado ciclo estral e este é controlado por dois 
hormônios:  hormônio  foliculoestimulante  (FSH)  e 
hormônio luteinizante (LH).
Pró-Estro
Antes do início do ciclo, há a produção de FSH, que 
estimula a produção dos folículos nos ovários, junta-
mente com outro hormônio, o estradiol. Em seguida, 
há o aumento de produção de LH.
Estro
Início  da  receptividade  sexual  da  fêmea  e momento 
no qual ocorre a ovulação, quando os níveis de FSH 
diminuem e os de LH aumentam. Assim que a ovula-
ção  termina,  também  termina  esse  período. A  fêmea 
apresenta sinais claros, como presença de muco cris-
talino, imobilidade ao ser montada, vulva edematosa, 
inquietação, monta em outras fêmeas, diminuição da 
ingestão de água e de alimentos, urina com mais fre-
quência, entre outros.
Metaestro
Trata-se da  fase pós-ovulatória. Há  redução do nível 
de estrogênio e aumento de progesterona, o que inibe 
o desenvolvimento de novos folículos caso haja fecun-
dação. Quando não há fecundação, o ovulo é eliminado 
e a progesterona retorna a níveis baixos, deixando de 
atuar até o próximo ciclo.
Fonte: adaptado de Bértoli (2008).
2.4.2 Sistema reprodutivo masculino
Assim  como  nos  seres  humanos,  o  aparelho  reprodutor masculino 
compartilha algumas estruturas com o sistema urinário. O sistema repro-
– 37 –
Anatomia animal 
dutor é composto de testículos, epidídimo, ducto deferente, uretra e glân-
dulas acessórias.
a) Testículos
O organismo masculino é composto por um par de testículos, 
que  variam  de  forma  e  tamanho  de  acordo  com  a  espécie. 
Neles são produzidos os espermatozoides e o hormônio mas-
culino, a testosterona.
b) Epidídimo
Quando saem dos testículos – ainda imaturos –, os espermato-
zoides passam pelo epidídimo, que faz a conexão com o ducto 
deferente. É no epidídimo que ocorre o amadurecimento dos 
espermatozoides antes de serem expelidos.
c) Ducto deferente
É uma estrutura muscular responsável pela propulsão dos esper-
matozoides no momento da ejaculação.
d) Uretra
Canal por onde passa a urina proveniente da bexiga e também o 
esperma durante a ejaculação.
e) Glândulas acessórias
 2 Vesículas seminais: são duas vesículas (um par) que depo-
sitam no interior da uretra o líquido seminal (composto 
por secreções da própria vesícula, da próstata e da glân-
dula bulbouretral, que auxiliam na manutenção e locomo-
ção dos espermatozoides até o exterior do sistema repro-
dutor masculino).
 2 Próstata:  glândula  que  contribui  para  a  produção  do 
líquido seminal.
 2 Glândulas  bulbouretrais  (de  Cowper):  par  de  glându-
las que auxilia na produção de secreção que compõe o 
líquido seminal.
Técnicas de Produção Animal
– 38 –
Figura 2.9 – Órgãos genitais masculinos do garanhão
Fonte: geralmedicinaveterinária.com.
2.5 Sistema reprodutivo das aves
Nas  aves,  os  sistemas  reprodutivos  feminino  e masculino  não  são 
diferentes até o sétimo dia de desenvolvimento embrionário. Mesmo após 
o nascimento, a sexagem é uma tarefa complicada. Essas características se 
explicam, basicamente, em função do desenvolvimento do aparelho repro-
dutor adaptado à condição de ovíparos – o embrião se desenvolve dentro 
de um ovo em ambiente externo, sem ligação com o corpo da mãe. Ade-
mais, as aves apresentam condições particulares morfológicas, como, por 
exemplo, ausência do ovário direito nas fêmeas e modificações morfoló-
gicas do sistema reprodutor ao longo do tempo.
2.5.1 Sistema reprodutor feminino das aves
O sistema reprodutor feminino é formado por um ovário e um oviduto.
a) Ovário
Local  onde  são  produzidos  os  folículos  que  darão  origem 
ao  óvulo. A  principal  diferença  entre  fêmeas  de mamíferos 
– 39 –
Anatomia animal 
e aves é que, naquelas, vários folículos são liberados em um 
período de alguns dias, ao passo que nessas, um único folí-
culo  é  liberado,  originando  o  óvulo,  em  um  intervalo  bem 
menor (a cada dia).
Além disso, outra função essencial dos ovários é a produção de 
hormônios fundamentais para o crescimento do trato reprodutivo.
b) Oviduto
Canal que faz a ligação do ovário com a cloaca. É dividido em 
três partes:
 2 infundíbulo – estrutura afunilada que recebe o óvulo (gema) 
e onde ocorre a fecundação.
 2 magno – estrutura 
seguinte ao infun-
díbulo, onde é ini-
ciada a formação 
da clara (albúmen).
 2 istmo – por-
ção  final,  onde  é 
produzida uma 
menor quanti-
dade de albúmen 
para composição 
da  clara,  além 
da formação das 
camadas interna e 
externa do ovo.
c) Útero
Local onde ocorre a formação da casca do ovo (composta por 
carbonato de cálcio, proteínas, pigmentos, cutícula, entre outros).
d) Vagina
Região de passagem do ovo para a cloaca. Tem como principal 
função adicionar um muco protetor sobre a casca.
Figura 2.10 – Sistema reprodutor feminino em aves
Fonte: sipbb.com
Técnicas de Produção Animal
– 40 –
2.5.2 Sistema reprodutor masculino das aves
a) Testículos
Dois  testículos,  sendo  o  esquerdo  maior  que  o  direito.  Têm 
como principal função a produção de espermatozoides e arma-
zenamento de  sêmen. Diferentemente dos machos mamíferos, 
os testículos ficam armazenados dentro da cavidade abdominal 
(a uma temperatura alta, entre 41 e 43 ºC).
b) Epidídimo
Porção que faz a ligação dos testículos com o ducto deferente.
c) Ducto deferente
Local de armazenamento dos espermatozoides.
d) Cloaca
Figura 2.11 – Sistema reprodutor masculino em aves
Fonte: sipbb.com.
– 41 –
Anatomia animal 
2.6 Técnicas modernas de reprodução
Ao longo dos anos, e em função dos avanços tecnológicos na pecuária, 
foram desenvolvidos métodos de reprodução que incrementam os resulta-
dos econômicos e produtivos na produção de animais superiores (animais 
vertebrados). Consistem de técnicas especializadasque apresentam rela-
tivo custo, porém que tendem a trazer um alto retorno econômico.
2.6.1 Inseminação artificial
Consiste em inserir o sêmen retirado do macho no aparelho reprodu-
tor da fêmea, por meio da manipulação humana. Normalmente, o sêmen 
de um animal de alto valor é retirado e distribuído entre várias fêmeas, 
sendo depositado o mais próximo possível das trompas, aumentando as 
chances de fecundação.
Os cuidados com os espermatozoides coletados no sêmen variam 
entre as espécies. Nos bovinos, por exemplo, os espermatozoides supor-
tam baixas temperaturas, e por isso o material tende a ser congelado para 
uso posterior. Os suínos e os equinos, por sua vez, não produzem esperma-
tozoides que toleram o congelamento e, por conseguinte, estes são manti-
dos apenas resfriados. Ovinos e caprinos têm apresentado capacidade de 
congelamento do esperma semelhante à de bovinos.
Algumas das vantagens na utilização da inseminação artificial estão 
elencadas a seguir:
 2 maior aproveitamento do macho, uma vez que com uma dose 
coletada de sêmen pode-se inseminar diversas matrizes;
 2 redução de problemas sanitários, físicos e psicológicos decor-
rentes do processo de monta natural;
 2 técnica relativamente simples;
 2 favorecimento do desenvolvimento de raças.
 2 Embora existam diversas vantagens, alguns riscos devem ser 
considerados na utilização dessa técnica, como:
Técnicas de Produção Animal
– 42 –
 2 possibilidade  de  diminuição  da  diversidade  genética  pelo  uso 
excessivo de descendentes;
 2 multiplicação de genes desfavoráveis relacionados a doenças 
genéticas;
 2 aumento da consanguinidade entre indivíduos, gerando maior 
probabilidade de compartilhamento de genes recessivos entre 
os animais.
Figura 2.12 – Inseminação artificial em bovino
Fonte: Shutterstock.com/Thanakorn Boonthawee
2.6.2 Fertilização in vitro (FIV) 
Trata-se da fecundação do espermatozoide no óvulo em um ambiente 
externo ao corpo das fêmeas. Em seguida, o óvulo fertilizado é inserido 
na fêmea para que se desenvolva durante a gestação. Na FIV, há a possi-
bilidade de se implantar os óvulos na própria fêmea que os produziu, bem 
como em outras.
Por exigir um nível técnico específico, material e tecnologia, tem-se 
uma técnica de alto custo.
As vantagens dessa técnica são:
 2 maior aproveitamento de uma matriz superior, aumentando 
sua descendência;
– 43 –
Anatomia animal 
 2 permite que uma fêmea de alto padrão produza óvulos com 
maior frequência e não fique prenhe.
Como desvantagens, podemos citar:
 2 alto custo de material, treinamento e mão de obra capacitada 
para realizar a técnica;
 2 assim como na inseminação artificial, existe o risco de redução 
da diversidade genética, ainda que menor.
Figura 2.13 – Fertilização in vitro
Fonte: Shutterstock.com/Martchan
2.6.3 Clonagem
Clonagem é a reprodução de organismos idênticos a partir de células 
já existentes. Ou seja, diferentemente das técnicas estudadas até agora, na 
clonagem não há a utilização de gametas para a fecundação, e sim cópias 
sucessivas de uma célula preexistente. Por isso, nesse método, os animais 
produzidos são todos geneticamente idênticos.
Apesar  de  ser  uma  técnica  ainda  em  estudo,  sem muita  aplicação 
comercial como as anteriormente citadas, existem alguns animais que já 
foram produzidos por meio da clonagem. O primeiro animal obtido por 
essa técnica foi uma rã, gerada por meio de uma célula intestinal de outra 
rã, em 1962. Anos mais  tarde, nasceu a ovelha Dolly, o primeiro clone 
mamífero e o mais famoso da história. A ovelha surgiu como um clone a 
Técnicas de Produção Animal
– 44 –
partir da célula mamária de outro animal adulto, e morreu aos seis anos 
de idade. Muito se afirmava sobre a mortalidade precoce de clones, mas 
no ano de 2017, pesquisadores reavaliaram o caso de Dolly e verificaram 
que a ovelha não apresentava sinais de envelhecimento precoce como fora 
sugerido por outros pesquisadores. Em razão desse e de outros dilemas, 
pode corroborar o  fato de que a  técnica de clonagem ainda é  imatura e 
carece de maiores estudos.
Portanto, trata-se de uma técnica de alto custo, ainda em estudo e que 
reduz drasticamente a variabilidade e a diversidade genética.
Vantagens:
 2 multiplicação de animais idênticos com características desejadas;
 2 uniformidade do rebanho.
Desvantagens:
 2 grande diminuição da diversidade genética do rebanho, uma vez 
que se trata do mesmo código genético para todos os animais;
 2 maior  possibilidade  do  surgimento  de  anomalias  genéticas 
nos clones;
 2 em geral, ainda é uma técnica de baixa eficiência, pois a intera-
ção de fatores biológicos e técnicos envolvidos no processo de 
clonagem ainda não é muito bem compreendida.
Síntese
A reprodução é o maior recurso da natureza para a preservação e a 
manutenção da vida na Terra, pois permite a sucessão de descendentes e 
garante que os mais adaptados sobrevivam às mudanças naturais.
Para  compreender  como  ocorre  a  reprodução,  é  fundamental  o 
entendimento das estruturas e sistemas que constituem o organismo ani-
mal. A anatomia é a ciência que estuda a distribuição e o funcionamento 
(fisiologia)  do  corpo,  podendo  ser  dividida  em  anatomia  topográfica  e 
sistêmica. As duas se complementam e uma permite que se compreenda 
a outra, e vice-versa.
– 45 –
Anatomia animal 
São vários os sistemas de compõem o corpo do animal, e todos têm 
sua  importância  no  funcionamento  do  organismo  como  um  todo.  São 
destacados dois sistemas fundamentais para a disciplina de técnicas de 
produção animal, quais sejam o sistema digestivo – responsável pela 
alimentação e absorção dos nutrientes que mantêm o animal vivo –, e o 
sistema reprodutor – responsável pela reprodução das espécies e, conse-
quentemente, pelo desenvolvimento de novos animais.
Finalmente,  além  da  cruza  natural  entre  macho  e  fêmea, existem 
técnicas desenvolvidas ao longo dos anos que permitem uma reprodução 
mais eficiente, gerando maior retorno econômico. As mais utilizadas são a 
inseminação artificial e a fertilização in vitro. A clonagem também é uma 
possibilidade, entretanto ainda carece de mais estudos.
Atividades
1. A anatomia  é  uma  ciência,  ramo da morfologia,  que  estuda  e 
descreve a forma, a estrutura, a topografia e a interação funcio-
nal dos tecidos e órgãos que compõem o corpo quanto a sua 
posição,  tamanho,  coloração,  origem,  função  etc.  Descreva  e 
explique quais são as divisões existentes no ramo da anatomia.
2. Explique com suas palavras qual a principal função do sis-
tema digestório e como ele se difere entre animais que pos-
suem um compartimento simples para digestão e animais 
com múltiplos compartimentos.
3. O  que  é  o  ciclo  estral?  Descreva  o  processo  e  os  hormônios 
envolvidos em cada etapa.
4. Descreva as principais técnicas de reprodução existentes atual-
mente, suas vantagens e a principal diferença entre a clonagem e 
as demais técnicas.
3
Bovinocultura de 
corte e leite 
A produção animal ocupa um papel econômico e social 
muito grande em nosso país. Em 2015, o Brasil ocupou o pri-
meiro lugar no ranking de mundial de rebanho bovino, com 209 
milhões de cabeças (GOMES, 2017). De 2017 para 2018, a pro-
dução de bovinos cresceu 3,6% de acordo com o IBGE. Esses 
dados corroboram o fato de que a bovinocultura brasileira é parte 
importante na cadeia pecuária nacional. Por isso, desenvolver 
a bovinocultura de maneira sustentável é um grande desafio, 
pois trata-se de buscar uma harmonia entre renda e preservação 
ambiental, bem como de focar em sistemas sustentáveis, dura-
douros e resilientes às variações climáticas e de mercado.
A produção e criação de bovinos pode ser divididaem dois 
ramos: de corte, voltada para a criação de animais que abastece-
rão o mercado com carne e seus subprodutos; e a bovinocultura 
leiteira, responsável pela produção de leite.
Nesse capítulo, serão estudados aspectos importantes na 
produção de gado de corte e leiteiro, como a importância socioe-
conômica no Brasil e no mundo, bem como as principais técnicas 
de produção e manejo.
Técnicas de Produção Animal
– 48 –
3.1 Importância socioeconômica
Atualmente, a posição do Brasil no cenário produtivo, comercial e 
mercadológico é extremamente promissora. Ao ocupar as primeiras posi-
ções em produção animal, mercado consumidor e exportador, o Brasil 
mostra que conseguiu um grande crescimento em pouco anos. Por volta 
da década de 70, o rebanho nacional era menos da metade das 209 cabeças 
que se tem hoje. Essa baixa expressividade no mercado interno, obvia-
mente, não supria sequer as demandas dos próprios brasileiros. Esses últi-
mos 40 anos foram vitais para o amadurecimento da pecuária e grande 
parte desse desenvolvimento se deve a uma modernização revolucionária 
baseada em avanços tecnológicos e na organização da cadeia produtiva 
(GOMES, 2017; IBGE, 2017; SENAR, 2015).
A crescente adoção de tecnologias pelos produtores rurais nos últi-
mos anos proporcionou saltos de produção e qualidade, especialmente nos 
eixos da melhoria na alimentação, evolução da pesquisa genética, manejo 
e saúde animal.
Quando se trata de alimentação, houve uma grande ascensão na pro-
dutividade de carne e leite influenciada pela utilização de pastagens de 
qualidade. O melhoramento de espécies e a seleção de capins com maior 
aproveitamento pelo animal contribuíram fortemente para um acréscimo 
de produção de carne e leite. Ademais, avanços na suplementação animal 
(mineral e proteica) e em tecnologias de criação, como confinamento e 
semiconfinamento, também contribuíram fortemente na produtividade, 
diminuindo a idade ao abate, por exemplo.
Simultaneamente à questão da alimentação, o desenvolvimento da 
genética também teve papel de destaque no desenvolvimento da produ-
ção animal brasileira. A melhoria genética de espécies melhor adaptadas à 
realidade brasileira (como as raças zebuínas e taurinas) foi fator definidor 
para o sucesso da criação no brasil. A introdução do gado zebu na região 
centro-oeste, por exemplo, foi fundamental para o sucesso de produção 
nessa região, tornando-se, inclusive, a base do rebanho brasileiro da atu-
alidade. Além disso, a diversidade de raças existentes no Brasil permite o 
cruzamento de animais com características desejáveis, que geram outros 
animais com maior rusticidade, desempenho, qualidade e eficiência supe-
– 49 –
Bovinocultura de corte e leite 
rior. Nesse sentido, em poucas décadas, o Brasil passou de importador de 
gado, para exportador de material genético de excelência.
Figura 3.1 – Gado zebu
Fonte: Shutterstock.com/Stepnext
Com relação ao manejo, gestão e saúde animal, a revolução da pecuá-
ria ocorre desde os primórdios da domesticação animal. Por muitos anos, a 
criação de animais era uma atividade familiar, de subsistência e, por mais 
que nos dias de hoje ainda sejam muito fortes a agricultura e a pecuária 
familiar, a produção animal tem se tornado cada vez mais uma operação 
profissional. A constante evolução, a profissionalização e a tecnificação 
proporcionam avanços no manejo animal e na gestão da propriedade. 
Aliada aos fatores econômicos, é também crescente a preocupação com 
o bem-estar animal e com as boas práticas, voltada a uma produção cons-
ciente; a preocupação sanitária nos últimos anos tem colocado o Brasil 
em posição de destaque no combate a doenças e propulsor de técnicas e 
medidas de defesa sanitária, garantindo que a carne exportada seja bem 
recepcionada pelos países importadores. Todos esses fatores têm elevado 
os ganhos, diminuído os riscos e gerado renda e emprego.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
(EMBRAPA), em 2015, o Brasil ocupava o primeiro lugar como maior 
rebanho bovino (209 milhões de cabeças), o segundo maior consumidor 
(38,6 kg/habitante/ano) e o segundo lugar também em exportações (1,9 
milhões toneladas) de carne bovina do mundo. Em 2017, a exportação de 
carne bovina foi responsável por 3% das exportações brasileiras e garantiu 
Técnicas de Produção Animal
– 50 –
um faturamento de 6 bilhões de reais. No ano de 2018, segundo dados do 
Departamento Norte-Americano de Agricultura (sigla em inglês USDA), 
o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de produção de carne 
bovina e o segundo maior país em consumo desse mesmo produto, atrás 
somente da China.
Com relação ao Produto Interno Bruto (PIB), representa 6% do PIB 
brasileiro ou 30% do PIB do Agronegócio, movimentando mais de 400 
bilhões de reais, resultado esse que vem aumentando ao longo dos anos 
e trouxe um incremento de quase 45% nos últimos cinco anos. Nos indi-
cadores do IBGE para o ano de 2018, destacam-se no cenário nacional 
como os estados com mais abates de bovinos Mato Grosso (15,6%), Mato 
Grosso do Sul (11,2%) e Goiás (10%).
A carne bovina também ocupa grande parte do mercado consumidor 
interno (cerca de 80% do consumo), além de possuir tecnologias avança-
das e moderno parque industrial para processamento com capacidade de 
abate de aproximadamente 200 mil bovinos por dia.
 Saiba mais
QUALIDADE DA PRODUÇÃO
O avanço da produção pecuária no Brasil aconteceu e ainda acontece 
graças aos aspectos já discutidos anteriormente (melhoramento gené-
tico, manejo, bem-estar animal, medidas sanitárias, entre outros), além 
das melhorias da qualidade que também vem evoluindo “da porteira 
para dentro”. Comprometidos com o aumento da produtividade, da 
qualidade e com a sustentabilidade do negócio, instituições de ciência 
e tecnologia, centros de ensino, indústrias, associações de produtores, 
ONGs, e demais atores, integram um grupo extremamente atuante com 
iniciativas que contribuem para uma melhora da qualidade “dentro e 
fora da porteira”.
Com relação à qualidade da produção, existem cada vez mais estímulos 
para que o produtor se adeque às exigências do mercado consumidor, 
interno e externo. O Pacto Sinal Verde para a Carne de Qualidade e o 
Programa de Novilho Precoce, por exemplo, são exemplos disso. Para
– 51 –
Bovinocultura de corte e leite 
Gomes (2017), esse tipo de iniciativa traz benefícios abrangentes, pois 
além de valorizar os produtores que melhor produzem, também eleva 
a qualidade da carne bovina que chega ao consumidor e orientam os 
sistemas produtivos para práticas melhores do ponto de vista ambien-
tal e econômico.
Os exemplos citados são alguns dos muitos existentes no país, mas que 
refletem bem um importante caminho que a atividade vem trilhando, 
que é o foco na qualidade, sustentado por boas práticas de produção 
(GOMES; FEIJÓ; CHIARI, 2017)
3.2 Bovinocultura de corte
Aproximadamente 80% do rebanho brasileiro de gado de corte é for-
mado por raças zebuínas (Nelores, Gyr e Guzerá), sendo que 90% com-
preende animais da raça Nelore. Por conta da grande extensão do território 
brasileiro, especialmente da região central do Brasil, e as condições climá-
ticas dessa região, o gado zebuíno – de origem indiana (Bos indicos) – teve 
uma ótima adaptação, uma vez que em seu país de origem as condições 
são semelhantes ao clima central brasileiro. Por volta de 1960, chegaram 
também ao Brasil animais taurinos, de origem europeia, provenientes do 
Uruguai. Atualmente compreendem aproximadamente 20% do rebanho 
nacional, com representantes das raças Angus, Holandês, Simental, entre 
outros; e são criados, em sua maioria, na região Sul do país.
A bovinocultura de corte tem como objetivo a produção de animais 
bem-acabados, precoces, dentro dos padrões sanitáriose de qualidade, 
com custo de produção razoável e com uso sustentável das terras. Uma 
utilização racional da terra é fator de extrema importância para a realidade 
brasileira, pois apesar de ser o quinto maior país em área, muito do que 
se destina a áreas de pastagens apresenta algum nível de degradação. Em 
outras palavras, dos 174 milhões de hectares de pastagens, aproximada-
mente 120 milhões (quase 70%) estão em algum estágio de degradação. 
Consequentemente, o animal que se alimenta e se desenvolve em ambien-
tes dessa qualidade, demora aproximadamente 50 meses para atingir o 
peso ideal de abate; enquanto aquele animal que se alimenta de pastos de 
alta qualidade leva menos de 24 meses.
Técnicas de Produção Animal
– 52 –
3.2.1 Sistemas de produção
Atualmente, existem três tipos de sistemas de criação de bovinos de 
corte no Brasil, que variam de acordo com o grau de tecnologias utiliza-
das: Sistemas extensivo, intensivo e semi-intensivo.
 2 Sistema extensivo
A criação é desenvolvida em campo nativo ou sobre pastagem sem 
nenhum tipo de manejo. Geralmente é realizado em grandes áreas, 
com baixa taxa de lotação e baixa produtividade, além de pouca 
utilização de insumos e mão-de-obra. É um sistema mais arcaico, 
onde são empregadas poucas ou nenhuma tecnologia de produção.
Figura 3.2 – Cultivo extensivo
Fonte: Shutterstock.com/ Patrick Jennings
 2 Sistema intensivo
Os animais são criados confinados ou em pastagens, mas com 
utilização de suplementação alimentar no cocho. São emprega-
das diversas tecnologias e o uso da terra é melhor aproveitado.
Normalmente são adotadas medidas de manejo que proporcio-
nam o aumento da produtividade, como a recuperação da ferti-
lização do solo, o ajuste de carga animal, o planejamento forra-
geiro, o melhoramento dos pastos e o manejo intensivo. Nesse 
sistema, a carne tende a ser a mais mole em função do menor 
esforço feito pelo animal se comparado ao sistema extensivo, 
– 53 –
Bovinocultura de corte e leite 
em que o deslocamento dos animais pelo terreno favorece o 
endurecimento da carne.
Figura 3.3 – Cultivo intensivo
Fonte: Shutterstock.com/Andre Nery
 2 Sistema semi-intensivo
São utilizadas algumas técnicas de produção para alcançar 
melhores índices de produtividade, como, por exemplo, suple-
mentação alimentar no pasto. Esse sistema encontra-se entre os 
sistemas extensivo e intensivo.
Figura 3.4 – Cultivo semi-intensivo
Fonte: Shutterstock.com/fotorobs
Técnicas de Produção Animal
– 54 –
3.2.2 Manejo
3.2.2.1 Alimentação
A alimentação do gado varia de acordo com o sistema de produção 
adotado. Como visto no tópico anterior, a adoção de cada sistema ofertara 
um tipo de alimento.
Apesar de o sistema extensivo utilizar pouco ou quase nenhuma tec-
nologia, podem ser adotadas algumas práticas que auxiliarão no cresci-
mento dos animais. No pastejo, é fundamental que as boas práticas de 
correção do solo sejam aplicadas, como por exemplo, o uso de corretivos 
e fertilizantes, irrigação e conservação de forragem, ou seja, as condições 
gerais do solo são decisivas para a qualidade da pastagem, afinal, o cultivo 
de pasto depende das condições solo e o gado depende exclusivamente do 
pasto para se alimentar e se desenvolver.
Em sistemas intensivos e semi-intensivos, o uso de suplementação 
mineral e proteica, concentrados volumosos, vitaminas e pastagens de 
qualidade, além da correção, adubação, rotação, irrigação e integração 
lavoura e/ou florestas garantem um ótimo aproveitamento do alimento 
pelo animal.
 Saiba mais
VOCÊ SABE O QUE É CREEP FEEDING?
Creep feeding é a suplementação alimentar para os bezerros ainda 
durante a fase de amamentação. A suplementação é feita geralmente 
com concentrado em cocho privativo aos bezerros. O sistema é 
composto de um pequeno cercado, onde ficam os cochos e para acesso 
exclusivo dos bezerros. A vantagem dessa técnica é permitir a desmama 
de bezerros mais pesados e proporcionar redução no tempo de abate 
dos animais.
É importante que o cercado esteja localizado junto das áreas de descanso 
das vacas.
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Bovinocultura de corte e leite 
3.2.2.2 Instalações
As instalações devem ser planejadas e utilizadas levando em con-
sideração duas funções básicas: permitir o manejo dos animais e servir 
como abrigo. A quantidade, o tipo e a disposição das instalações variam 
de acordo com alguns fatores, tais como o sistema de criação, a dispo-
nibilidade de recurso financeiros, a exploração comercial, entre outros. 
Naturalmente, quanto mais tecnificado for o sistema de produção, maior 
gasto será necessário com as instalações.
Em geral, as instalações costumam apresentar alguns setores básicos:
 2 Centro de manejo
Local específico para serem realizadas algumas práticas ani-
mais, como identificação, apartação, descorna, vacinação, cas-
tração, exames básicos, inseminação artificial, profilaxia, entre 
outros. Em outras palavras, trata-se de uma instalação que ofe-
reça maior conforto ao produtor/trabalhador e ao animal.
Figura 3.5 – Centro de manejo
Fonte: Shutterstock.com/ Iakov Filimonov
 2 Curral
O curral deve ser próximo à sede e ao centro de manejo para 
que o acesso a esses locais pelos animais e pessoas seja fácil. 
Deve ser em um terreno plano, seco e não suscetível à erosão.
Técnicas de Produção Animal
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É importante que energia elétrica, água, e vias de acesso ade-
quadas, que permitam a circulação em diversas situações, 
como em dias de chuva por exemplo. Além disso, é impor-
tante que seja construído em uma área suficiente que permita a 
ampliação futura.
 2 Cocho
Cochos e bebedouros são os locais onde os animais se alimen-
tam e bebem água, respectivamente. O correto dimensionamento 
é essencial para que o consumo de água e suplementos mine-
rais/proteicos seja adequado. Uma má distribuição dos cochos e 
bebedouros pode gerar estresse e competição dos animais para 
acesso à comida e água, dificuldade de alimentação naqueles 
que são construídos no tamanho errado, exposição do alimento 
e dos suplementos à chuva, formação de atoleiros ao redor do 
cocho e/ou bebedouro, entre outros.
Em geral, os cochos devem ser posicionados no pasto ou no con-
finamento de maneira que os animais tenham fácil acesso e per-
manência; devem ser cobertos e ter espaço suficiente para todos 
os animais tenham livre acesso sem competição.
Figura 3.6 – Cocho para alimentação
Fonte: Shutterstock.com/ JMx Images
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Bovinocultura de corte e leite 
3.3 Bovinocultura de leite
Nos últimos 30 anos, a produção mundial de leite aumentou mais de 
50%, chegando a 769 milhões de toneladas em 2013 (FAO, 2016). Só no 
Brasil, nos últimos 15 anos, a produção leiteira de bovinos dobrou.
Segundo a Food and Agriculture Organization of the United Nations 
(FAO,2016), aproximadamente 150 milhões de lares em todo o mundo 
trabalham com produção leiteira, sendo mais evidente nos países em 
desenvolvimento principalmente entre pequenos agricultores, pois for-
nece rápido retorno econômico.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE) no ano de 2017, a produção leiteira alcançou a média de quase 
18 mil litros por dia de litros, sendo o Estado de Minas Gerais o maior 
produtor Brasileiro, seguido pelo Paraná́.
No Brasil, o modelo de produção é baseado em pequenas propriedades, 
com mão de obra familiar e que se mantém ao longo dos anos em razão 
da sucessão familiar. Contudo, nos últimos anos, assim como na criação 
do gado de corte, vem ocorrendo uma evolução e, consequentemente, 
um intenso processo de modernização do campo, através da utilização de 
insumos e novas tecnologias que aumentam a produtividade.
3.3.1 Sistemas de produção
A escolha pelo melhor tipo de sistema por parte do produtor rural 
depende de fatores técnicos

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