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Godoi_Bandeira-de-Mello_Silva (2006)

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Compreender grande parte dos fenomenos organizaeionais exige, 
em vez de urn conhecimento objetivo e explicativo, metodos que visam 
obtem;ao de urn conhecimento intersubjetivo e compreensivo. Nossa visao 
tende, assim, primeiro a dar conta do horizonte das formas simbolicas 
nas quais se desenvolvem as a~oes sociais, formas essas que assumem 
uma aparencia codificada linguagens -; mas cujo estudo nos interessa 
io por sua gramatica ou estrutura interna, mas por seu carater comunicativo 
de mediad ore formador das experiencias e das necessidades sociais. 
Organizadores 
CONHE(:A 0 SITE DO LIVRO E AS DEMAIS NOVIDADES 
0 NOSSO CATALOGO NO ENDERE(:O: 
www.saraivauni.com.br 
CiWdnCOr.tfsbo<$1Alu3r\:Mii 
·cmtrrs~NJ~ ~: 
L.,;Q!.I.f -
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~· 
/ 
658.0072 
P474 
2006 
Ex.S 
\.--\~ 
Editor a 
Saraiva 
Christiane Kleiniibing Godoi 
Rodrigo Bandeira:.de-Mello 
Anielson Barbosa da Silva 
( Organizadores) 
PESQUISA QUALITATIVA 
EM ESTUDOS ORGANIZACIONAIS 
Paradigmas, Estrategias e Metodos 
fx.5 PUCPft BC 
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Seguindo a tradil;ao das ciencias 
sociais aplicadas, para invest/gar · 
nosso tema recorremos as 
pessoas. Mas como tratar o que 
trazemos de volta em m~os?. 
Cedo descobrimos que estamos 
diante de problema metodologi-
. co muito mais complexo que o 
padrao prevalente, confiado a 
regularidade das relapSes 
matematicas. 
Pedro Lincoln Mattos 
A analise Semiotica-Lingiiistica 
da narrativa parte do pressupos-
to de que esta grandeza, repre-
sentada pelo texto em si, mais 
esconde do que mostra, porque 
se atem ao gerat e nao ao 
particular; ao "pequeno", onde 
de fato o discurso e a narrativa 
mostram suas potencialidades e 
seus significados. 
Mario Aquino Alves 
e lzidoro Blikstein 
Ao centrar sua atenr;ao numa 
instancia em particular, mas 
estendendo o olhar para as 
multip/as dimensoes ali envolvi-
das, o estudo de caso pode se 
constituir em rica fonte de. 
informar;oes para medidas de 
. natureza pratica e decisoes 
polfticas trazendo contribuir;oes 
tanto para a pesquisa academica 
quanto para a vida 
organizacional. 
Arilda Schmidt Godoy 
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PESQUISA QUALITATIVA 
EM ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: 
Paradigmas, Estrategias e Metodos 
www.saraivauni.com.br 
( Organiz~dores) 
PESQUISA QUALITATIVA 
EM ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: 
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Paradigmas, Estrategias e Metodos 
J 
2006 
I""'"'\1.Editora 
\ \ Cs•~;..-.. 
I 
\ 
Olls:':1va 
Av. Marques de Sao Vicente, 1697 ~ CEP: 01139-904 
Barra Funda- Tel.: PABX (OXX11) 3613-3000 
. Fax: (11) 3611·3308 ~ Televendas: (0XX11) 3613-3344 
Fax Vendas: (0XX11) 3611-326.8- Sao Paulo- SP 
Endtm.~<;o 'Internet: http://www.editorasaraiva.com.br 
Filiais: 
AMA20NAS/RONDlJNIAIRORAIMAIACRE 
Rua Costa Azevedo, 56- Centro 
Fone/Fax: (OXX92) 3633-4227 I 3633.4782- Manaus 
BAHIA!SERGIPE 
Rua Agripino D6rea7 23 - Brotas. 
Fone: (()XX71) 3381-5854 I 3381-5895 I 3381-0959- Salvador 
BAU.RUISAO PAULO 
(sa!a dos professores) 
Rua Monsenhor Claro, 2~55/2-57- Centro 
Fane: (0XX14) 3234-5643-3234-7401- Bauru 
CAMPINAS/5.0.0 PAULO 
(sa!a dos professores} 
Rua Camargo Pimentel, 660- Jd. Guanabara 
Fone: (OXX19) 3243-8004/3243-8259- Campinas 
CEARAIPIAUI/MARANHAO 
Av. Filomeno Gomes, 670- Jacarecanga 
Fone: (OXX85) 3238-2323 /3238-1331 - Fortaleza 
DISTRITO FEDERAL 
SIG Sui Od. 3- Bl. B - Loja 97 - Setor Industrial Graflco 
Fone: (OXX61) 3344-2920/3344-2951 13344·1709- Brasma 
GOIASITOCANTINS 
Av. lndependiinda, 5330- Setor Aeroporto 
Fone: (OXX62) 3225-2882 I 3212-2806/3224-3016 -Goiania 
MATO GROSSO DO SUUMATO GROSSO 
Rua 14 de Julho, 3148- Centro 
Fone: (OXX67) 3382-368213382·0112- Campo Grande 
MINAS GERAIS 
Rua Alem Paraiba, 449- Lagolnha 
Fone: (0XX31) 3429·8300 I 3428-8272- Belo Horizonte 
PARAIAMAPA 
Trivessa Apinages, 186- Batista Campos 
Fone: (OXX91)3222·9034 I 3224-9038/3241-0499- Belem 
PARANA/SANTA CATARINA 
Rua Conselheiro La:urindo, 2895 -Prado Velho 
Fone: (0XX41) 3332-4894- Curitiba 
PERNAMBUCOIALAGOAS/PARAIBAIR. G. DO NORTE 
Rua Corredor do Bispo, 185- Boa Vista 
Fone: (OXX81) 3421-4246 I 3421-4510- Recife 
RIBEIRAO PRETO/SAO PAULO 
Av. Frandsco Junqueira, 1255 -Centro 
Fone: (OXX16)3610-5843 I 3610-8284- Ribeiriio Preto 
RIO DE JANE!ROIESPiRITO SANTO 
Rue Visconde de Santa Isabel, 113 a 119- Vila Isabel 
Fone: (OXX21) 2577-9494/2577-8867 I 2577-9565- Rio de Janeiro 
RIO GRANDE DO SUL 
Av. Ceara, 1360- Sao Geraldo 
Fone: (OXX$1)3343-1467 I 3343-7563/3343-2986 I 3343-7469 
Porto Alegre 
SAO JOSE DO RIO PRETO/SAO PAULO 
(sala dos professores) 
Av. Brig. Faria Uma, 6363- Rio Preto Shopping Center- V. Sao Jose 
Fone: (OXX17) 227-3819 I 227·0982/ 227-5249 
Sao JosC do Rio Prete 
SAO JOSE DOS CAMPOS/SAO PAULO 
(sala dos professores) 
Rua Santa luzia, 106- Jd. Santa Madalena 
Fone: (OXX12) 3921-0732- Sao Jose dos Campos 
SAO PAULO 
Av. Marquis de Silo Vicente, 1697- Barra Funda 
Fone: PABX (0XX11)3613-3000 /3611-3308- Sao Paulo 
Sobre os autores 
Anielson Barbosa da Silva 
Professor do Mestrado e~ Administras:ao da Universidade Potiguar (UnP). Doutora-
do em Engenharia:'de Produs:ao, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 
Mestrado em Administras:ao com area de concentras;ao em Organi:z;as;5es e Recursos 
Humanos, pela Universidade Federal da Parafba (UFPB). Colaborador do Instituto Na-
cional de Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira - INEP- na qualidade de especialista 
na avalias:ao de cursos e de instituis:oes de ensino superior. Membra da Sociedade de 
Estudos e Pesquisa O»alitativa (SE&PQ).lnteresse de pesquisas nas areas de Teoria das 
Organizas:oes; Gestao Estrategica de Recursos Humanos; Aprendizagem Gerencial e 
Organizacional; Relas:ao Trabalho e Vida Pessoal. 
Arilda Schmidt Godoy 
Professora do Programa de Pos-Graduas;ao em Administras:ao de Empresas da Universi-
dade Presbiteriana Mackenzie. Doutorado, mestrado e graduas:ao em Educas;ao, pela U ni-
versidade de Sao Paulo (USP). Atuou na area de treinamento e desenvolvimento de recur-
sos humanos no Senac (SP) e Cesp (SP). Lecionou na Escola Superior de Agricultura Luiz 
de O»eiroz (USP) e na Unesp/campus de Rio Claro. Interesse de pesquisas nas areas de 
Administras:ao de Recursos Humanos; Ensino-Aprendizagem; Curricula; Planejamento 
e Avalias:ao Educacional, Competencias e Aprendizagem Individual e Organizacional. 
Carolina Andion 
Professora da Unifae - Centro Universitario. Mestre em Administras:ao pela Ecole des 
Hautes Etudes Commerciales de Montreal (HEC). Doutoranda em Ciencias Humanas 
pela Universidade Federal de Santa Cataria (UFSC). Pesquisadora do Centro Internacional 
Pesquisa em estudos emetodos 
de Pesquisa e Informas;ao sobre a Economia Publica, Social e Cooperativa (CIRIEC). Inte-
resse de pesquisas em Teoria das Organizas;oes, As;ao Coletiva, Desenvolvimento Territorial 
Sustentavel, Responsabilidade Social. 
Christiane Kleinubing Godoi 
Professora do Programa de Mestrado Academico em Administras;ao e do Doutorado 
em Administras;ao e Turismo da Universidade do Vale do Itajaf (SC). Doutorado em 
Engenharia de Produs:ao, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); douto-
rado-sanduiche na Universidade do Minho, Portugal; mestrado em Administras:ao, pela 
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Autora de Psicandlise das organiza[oes: 
Contribui[5es da teoria psicanalftica aos estudos organizacionais (Univali, 2005). Interesse de 
pesquisas nas areas de Metodologia da Pesquisa; Epistemologia e Gestao da Subjetivi-
dade nas Organizas:oes. 
Cristiano Jose Castro de.Aimeida Cunha 
Professor do Departamento de Engenharia de Produ<;:lioe Sistemas da Universidade 
Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutorado em Ciencias Economicas e Sociais pela 
Universidade Tecnica de Aachen, Alemanha. Interesse de pesquisas nas areas de Adapta-
<;:lio Estrategica, Aprendizagem Gerencial e Planejamento Estrategico. 
Cristina Pereira Vecchio Balsini 
Mestranda do Programa de Mestrado Academico em Administras;ao (PMA), da Univer-
sidade do Vale do Itajai (SC). Interesse de pesquisas nas areas de Metodologia da Pes-
quisa e Comportamento Organizacional. 
Elisa Yoshie Ichikawa 
Professora e pesquisadora na Universidade Estadual de Maringa (UEM). Doutorado em 
Engenharia de Prodw;:ao pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestrado 
em Adrninistras;ao pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e graduas;ao em 
Administras:ao de Empresas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Interesse 
de pesquisas nas areas de Administra;;:ao de Ciencia e Tecnologia Organiza~oes; Gestao 
e Avalias:ao da Inovas;ao Tecnol6gica; Planejamento em Ciencia e Tecnologia e Admi-
nistras;ao de Recursos Humanos. 
Henrique Freitas 
Professor do Programa de Pos-graduas;ao em Administrat;ao da Escola de Administras;ao 
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGA/EA/UFRGS). Pesquisador do Con-
selho Nacional de Desenvolvimento Cientffico e Tecnol6gico ( CNPq). Pos-doutorado na 
University of Baltimore (Estados Unidos). Doutorado em Gestao pela Universite Pierre 
Mendes-}rance Ecole Superieure des Affaires (Frans:a). Mestrado em Adrninistras:ao 
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sui (UFRGS). Interesse de pesquisas nas 
. areas de Sistema de lnf0rmas:ao e Decisao; Tecnologia da Informas:ao- Uso e Impactos;. 
Comercio Eletroriico; Sistemas para Analise de Dados. 
lzidoro Blikstein 
Professor e consultor de Comunicas;oes Empresariais da Funda;;:ao Getulio Vargas de Sao 
Paulo. Professor titular de Semi6tica e Lingiiistica do rilestrado e doutorado da Univer-
sidade de Sao Paulo (USP). Livre-docencia e doutorado pela Universidade de Sao Paulo 
(USP). Mestre em Lingiifstica Comparativa pela Universidade de Lyon, (Fran;;:a). Au tor 
de T~cnicas de comunica{iio (Atica) e Kaspar Hauser ou A fobrica[iio da realidade (Cultrix). 
Interesse de pesquisas nas areas de Comunica;;:ao, Teoria e Analise Lingiiistica e Lingii-
istica Hist6rica. 
Janaina Macke 
Professora da Universidade de Caxias. do Sui (UCS). Doutorado em Adrninistra;;:iio e 
mestrado em Engenharia de Produs;ao pela Universida~e Federal do Rio Grande do Sui 
(UFRGS) Interesse de pesquisas nas areas de Planejamento, Projeto e Controle de Siste-
mas de Produs:ao; Administra;;:ao da Produ~ao; Administrat;ao de Recursos Humanos; 
Terceiro Setor. ·-· 
Joao Roman Neto 
Mestrando do Programa de Mestrado em Adrninistrar,:ao da Universidade do Vale do Itajai 
(Univali-SC). Interesse de pesquisas nas areas de Metodologia da Pesquisa e Estrategia. 
Lucy Woellner dos Santok 
Analista de C&T no Instituto Agronomico do Parana (Iapar). Doutorado em Engenha-
ria de Produ;;:ao e Sistemas e mestrado em Adrninistra<;:ao pela Uni~rsidade Federal de 
Santa Catarina (UFSC). Especializa~ao em Historia pela Universidade Estadual de Lon-
drina (UEL). Graduas;ao em Sociologia pela Universidade Federal do Parana (UFPR). 
Interesse de pesquisas nas areas de Hist6ria da Pesquisa Agricola no Brasil, Planejamento 
e Gestao de Institutos de Pesquisa, Sociologia da Ciencia, Administra~ao e Gestao da 
Inovas;ao Tecnol6gica. · 
Mario Aquino Alves 
Professor da FGV-EAESP, onde leciona Teo ria das Organizas;oes, Comunicas;oes, Orga-
nizas:oes da Sociedade Civil e Terceiro Setor nos cursos de gradua;;:ao e p6s-graduas;ao 
(mestrado e doutorado). Bacharel em Administras;ao Publica pela FGV-EAESP e em 
Direito pela USP. E mestre e doutor em Adrninistra;;:ao pela FGV-EAESP.Foi pesqui-
sador visitante no Centre for Voluntary Organisation da London School of Economics 
and Political Science. Interesse de pesquisas nas areas de Teoria das Organizas;oes; 
Pesquisa qualitatlva em estudos organiucionais: paradigmas, estrategias e metodos 
Comunicas;ao nas Organizas:oes; Politica e Planejamento Governamentais; Responsa-
bilidade Social Corp6rativa; Pesquisa Qyalitati\ra. 
Mauricio Serva · 
Professor da PUC-PR. Presidente, no B~asll, do Centro lnternacional de Pesquisa e Inforina-
s:ao sobre a Economia Publica, Social e Cooperativa (Ciriec). Doutor e mestre em Adminis-
tras:ao pela EAESP/FGV. P6s-doutorado em Autonornia e Gestao Social na HEC, Montreal 
(Canada). Interesse de pesquisas nas areas de Epistemologia da Adrninistras:ao, As:ao Cole-
tiva, Desenvolvirnento Territorial Sustentavel. 
Mfrian Oliveira 
Professora do mestrado em Administras:ao e Neg6cios da Faculdade de Administras:ao, 
Contabilidade e Economia da Pontiflcia Universidade Cat6lica do Rio Grande do Sul 
(MAN/FACE/PUC-RS). Doutora em Adrninistras:ao pela Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul (UFRS). Interesse de pesquisas nas areas de E-business, Sistema de Infor-
mas:ao, Metodos de Pesquisa e Qyalidade. 
Paulo Freire Vieira 
Professor do Departamento de Ciencias Sociais da Universidade Federal de Santa Cata-
rina (UFSC). P6s-doutorado na Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, Paris 
(Frans:a). Doutorado em Ciencia PoHtica pela Universitat Munchen (Ludwig-Maximi-
lians), LMUM, Munich 22 (Alemanha). Interesses de pesquisa nas areas de Politicas 
Publicas; Epistemologia; Teoria Politica; Fundamentos do Planejamento Urbano e Re-
gional; Comportamento Politico. 
Pedro Lincoln C. L de Mattos 
Professor titular do Programa de P6s-graduas:ao em Administras:ao da Universidade Fede-
ral de Pernambuco. Pesquisador do CNPq. P6s-doutorado em Filosofia da Linguagem 
(PUC-RJ). Ph.D. pela The London School of Economics. Licenciado em Filosofia (PUC). 
Bacharel (UFPE) e mestre em Administras:ao (EBAP-FGV). Coordenador da Divisao de 
Ensino e Pesquisa da Anpad (2005-2006). Interesse de pesquisas na area de Metodologia 
do Conhecimento em Administras:ao (na pesquisa, no ensino, na consultoria e na gestao). 
Rodrigo Bandeira-de-Mello 
Professor do Programa de Mestrado Academico em Administras:ao e do Doutorado em 
Administras:ao e Turismo da Universidade do Vale do Itajai (SC). Doutorado e mestrado 
em Engenharia de Produs:ao e Sistemas, pela Universidade Federal de Santa Catari-
na (UFSC); Doutorado-sanduiche na The Wharton School, University of Pennsylvania 
(EUA). Interess7 de pesquisas nas areas de Gestao Estrategica; Gestao dos Stakeholders; 
Estrategias de Pesquisa Qyalitativa. 
Sobre os autores 
Sergio luis Bc;>eira 
Professor do mestrado em Administras:ao e do mestrado Profissionalizante em Ges-
tao de Politieas Publicas da Universidade do Vale do Itajai (Univali-SC). Doutor em 
Ciencias Humanas (UFSC). Autor do livro Atrds da cortina d~ Jumafa (2002); co~autor 
de Estudos interdisciplinares em Ciencias Humanas (2003); e co-autor e organizador de 
Democracia & Politicas publicas (2005). Interesse de pesquisas nas areas de Ecologia Poli-
tica; Sociologia Ambiental; Desenvolvimento Sustentavel; Erica; Educas:ao Ambiental; 
Cultura Organizacional. 
I 
Contato com os autores: 
pesquisaqualitativa@editorasaraiva.com.br 
Biblioteca Central 
Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais 
Ac. 220848 - R. 677027 Ex. 5 
Compra .: Curitiba 
Nf.: 8922 R$ 59,33- 19/06/2007 
Administra~ao dos Cilrsos de Mestrado - CCSA · 
/ 
, 
"" 
Apresenta~ao 
A obra Pesquisa Qualitativa em Estudos Organizacionais: paradigmas, 
estrattgias e mitodoste(me ·quinze trabalhos de pesquisadores dedicados are-
flexao e a sistematiza~ao da pritica cientifica no campo dos estudos organi-
zacionais. Distantes da pretensao de domina~ao e manipula~ao dos objetos, 
os trabalhos admitem o conhecimento cientifico como auto-conhecimento, 
como processo de reformula~ao de cren~as, e identificam-se com o fato de que 
a abertura a experienciallo saber modifica e constr6i o proprio pesquisador. 
Resultado de cinco anos de planejamento, organiza~ao, auto-reflexaoe 
intera~ao com os auto res, esta publica~ao nasceu do interesse no debate episte-
mol6gico e metodol6gico no campo organizacional. Situado entre a retomada 
de textos publicados e a necessidade de prosseguir com textos ineditos, a cons-
tru~ao do livro foi acompanhada pela cria~ao lenta e ta.cita de uma visao qualita-
tiva integrada. Os debates nas sessoes de pesquisa dos encontros cientificos, 
nos Ultimos anos, permitiram, por meio da discussao e da aproxima~ao entre as 
pessoas, o surgimento da identifica~ao e do entendimento comum entre os au-
tares acerca do objeto do livro: a visao qualitativa nos estudos organizacionais. 
A concep~ao das estrategias e metod~s de pesquisa propostos na obra in-
dica que compreender fenomenos organizacionais exige praticas que conduzam 
a constru~ao de urn conhecimento int<?rsubjetivo e compreensivo. Portanto, os 
capftulos tendem a indicar caminhos para examinar as produ~oes significativas 
Pesquisa qualitati'(a em estudos or.ganizac:lonais: paradigmas, estrateglas· ~. metodos 
dos pr6prios sujeitos - discursos, relatos, imagens, representas:oes. geradas e 
construidas por atores, de forma dia16gisa, revelando experh~ndas vivenciadas · 
em seus propiios contextos sodais e llist6ricos. · 
Destinada a pesquisadores e estudantes que comes:am a perceber modifica-. 
s:oes em seus pressupostos durante a realizas:ao de pesquisa, questionando suas 
certezas previas e produzindo novas conceps:oes, a obra Pesquisa Qualitativa em 
Estudos Organizacionais introduz a incerteza da compreensao e da interpretas:ao 
no interior das estrategias e metodos de pesquisa analisados. A intens:ao dos 
autores e compartilhar experiencias metodologicas de forma sistematizada, mas 
scm a ilusao de prescrever, uma vez que a cria<;:ao de pniticas de pesquisa e 
protagonizada pela propria comunidade cientffica, constituindo a pluralidade 
metodologica e incentivando o debate epistemologico. 
Organizadores 
Sumario 
lntrodu~ao 
Pesquisa qualitativa e o. debate sobre a propriedade de pesquisar 
Christiane Kleinubirii/ Godoi, Rodrigo Bandeira-de-Mello e Anielson Barbosa da Silva 
PARTE I ESTUDOS ORGANIZACIONAJS E OJLEMAS PARAOJGMA.TJCOS 
Capitulo 1 
Estudos organizacionris: dilemas paradigmaticos 
e abertura interdisciplinar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 
Sergio Lu[s Boeira e Paulo Freire Vieira 
lntrodu\=ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 
1.1 Revolu~ao cientffica e seus reflexos nas teorias das organizat;oes 19 
1.1.1 Aspectos da escola classica da administra\=ao 24 
1.1.2 Aspectos da escola das rela\=oes humanas 26 
1.1.3 0 Grande Paradigma do Ocidente (GPO) . . . 27 
1.2 Paradigma: da ciencia normal a matriz disciplinar. . . 30 
1.3 Fenomenologia, paradigma disjuntor-redutor e complexidade. 34 
1.3.1 Fenomenologia e ambivalencia . 34 
1.3.2 Paradigma disjuntor-redutor. . . . . . . . . . . . . . . 36 
1.3.3 Paradigma da complexidade . . . . . . . . . . . . . . 40 
1.4 Teorias organizacionais e complexidade: abertura interdisciplinar 42 
1.5 Considerac;oes flnais e hip6teses para debate.. . . . . . . . . . . 47 
em estudos organizacionais: paradigmas, estl·ate•;ias e metodos 
Capitulo 2 
Perspectiva multiparadigmatica nos estudos organizacionais . 
Anielson Barbosa da Sifva e Joao Roman Neto 
lntroduc;;a·o .......................... . 
2.1 Perspectiva paradlgmatica nos estudos organizacionais 
2.2 A difusao de uma perspectiva multiparadigmatica 
nos estudos organizacionais . . . . . . . . . . . 
2.2.1 Posic;;oes multiparadigmaticas . . . . . . 
2.3 lmplicac;;oes da perspectiva multiparadigmatica 
53 
53 
55 
66 
68 
na pesquisa qualitativa. . . . . . . . . . . . . . 
Reflexoes finais sobre a utilizac;;ao de paradigmas 
.......... 77 
2.4 
nos estudos organizacionais . .......... 80 
Capitulo 3 
A pesquisa qualitativa nos estudos organizacionais brasileiros: 
uma analise bibliometrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 
Christiane Kleinubing Godoi e Cristina Pereira Vecchio Balsini 
lnt~oduc;;ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 
3.1 A visao qualitativa nos estudos organizacionais: 
elementos metodol6gico-epistemol6gicos . . . . . . . . . . . . . . 91 
3.2 A visao qualitativa nos estudos organizacionais: elementos 
metodol6gico-tecnicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 
3.3 Pesquisa qualitativa e os estudos 
organizacionais brasileiros . 99 
3.4 Considerac;;oes finais . . . . . . . 107 
PARTE II ESTRATEGIAS DE PESQUISA EM ORGANIZA<;OES 
Capitulo 4 
Estudo de Caso qualitativo 
Arilda Schmidt Godoy 
lntroduc;;ao . . . . . . . . . . . . 
4.1 Breve hist6rico . . . . . . . 
4.2 Definic;;ao e caracterfsticas . 
4.3 Tipos de estudo de caso. . 
4.4 Ouando usar o estudo de caso 
4.5 A realiza~,;ao.de um estudo de caso 
115 
115 
117 
118 
123 
127 
128 
Sumario 
4.5.1. Escolhendo uma unidade de analise 
4.5.2 Definindo o papel da teoria . . 
4.5.3. Revendo a lit~ratura . . .. 
4.5.4 Conduzindo a coleta de dados 
4.5.5 Analisando'os dados. 
4.6 A questao do rigor no estudo de caso qualitative. 
4.7 Caracteristicas de habilidade do pesquisador. 
4.8 Considerac;;oes finals . .... . ..... 
Capitulo 5 
A Etnografia e os estudos organizacionais 
Carolina Andion e Mauricio Serva 
lntrodw;ao ............................... . 
5.1 A etnografia e a necessidade de novos lug ares epistemol6gicos. 
5.2 Particularidades da postura etnografica . . . . . . . . . . . 
~.2.1 Dialetica sujeito/objeto . . . . . . . . . . . . . . 
5.2.2 Dialetica individuo/sociedade ou particular/geral. 
5.2.3 Dialeti~ subjetividade/objetividade . . . . . . . 
5.3 Momentos da pesquisa etnografica 
e sua aplicac;;ao nos estudos organizacionais 
5.3.1 Concepc;;ao do campo tematico de estudo . 
5.3.2 Realizac;;ao do trabalho de campo. . . . . . 
5.3.3 Elaborac;;ao ¢o texto . . . . . . . . . . . . . 
5.4 Etnografia e estudos organizacionais: sugestoes de temas 
de pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
5.4.1 Redes organizacionais . . . . . . . . . . . . 
5.4.2 lnscric;;ao social do mercado e das empresas 
5.4.3 Trajet6ria dos grupos empresariais . . . . 
5.4.4 Racionalidade nas organizac;;oes. . . . . . 
5.4.5 Processos de desenvolvimento territorial . 
5.5 Considera.;oes finals . 
Capitulo 6 
Contribuic;;oes da hist6ria oral a pesquisa organizacional 
Elisa Yoshie Ichikawa e Lucy Woel/ner dos Santos 
lntroduc;;iio ......... . 
6.1 0 que e a hist6ria oral . 
128 
129 
131 
133 
137 
138 
141 
143 
147 
147 
148 
153 
154 
154 
155 
156 
156 
159 
163 
166 
166 
169 
171 
172 
174 
176 
181 
181 
182 
'I 
Pesquisa qualltatlva em estudos organizacionais: paradigmas, estrategias e metodos 
6.2 
6.3 
6.4 
6.5 
6.6 
6.1.1 Como tudo comec;;ou . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
A hist6ria oral no Brasil. . . . . . . . . : . . .. . . . . . . . . . 
Sabre o status da hist6ria oral: disciplina, metoda ou tecnica? . 
A entrevista de hist6ria oral . . . . . . . . . . . . 
6.4.1 0 que e a entrevista de hist6ria oral . . . . . . . . 
6.4.2 A transcric;;ao da entrevista e suas formas . . . . . . 
Possibilidades da hist6ria oral nos estudos organizacionais. 
Considerac;;6es finais . 
Capitulo7 
A pesquisa-ac;;ao como estrategia de pesquisa participativa 
Janaina Macke 
lntrodw:;:ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
7.1 A pesquisa-ac;;ao como estrategia de pesquisa organizacional 
7 .1.1 Caracterfsticas da pesquisa-ac;;ao . . . . . . . . . . . 
7 .1.2 0 processo de intervenc;;ao . . . . . . . . . . . . . . 
7.2 Explorando as fronteiras da pesquisa-ac;;ao com estudo de caso 
7.3 
7.4 
7.5 
e com atividades de intervenc;;ao profissional . . . 
A construc;;ao de conhecimento na pesquisa-ac;;ao. 
Analise de uma pesquisa realizada a partir 
da estrategia de pesquisa-ac;;ao ......... . 
7.4.1 Primeira fase da intervenc;;ao: a compreensao 
do referendal conceitual. . . . . . . . .. . . . . . . . . . 
7.4.2 Segunda fase da intervenc;;ao: A identificac;;ao 
de alternativas de mudanc;;a . . . . . . . . . . . . . . . 
7 .4.3 Terceira fase da intervenc;;ao: A execw;ao da mudanc;;a 
estrutural planejada . . . . . . . . . . . . . . . . . 
7.4.4 Quarta fase da intervenc;;ao: Avaliac;;ao do processo 
de intervenc;;ao . . . . . . . . . . . 
7.4.5 Modelo de intervenc;;ao construfdo 
Considerac;;oes finais . 
Capitulo 8 
Grounded theory . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
Rodrigo Bandeira-de-Mello e Cristiano Jose Castro de Almeida Cunha 
lntroduc;;ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
8.1 Barney Glaser e Anselm Straus: as origens da grounded theory 
183 
185' 
188 
193 
194 
198 
200 
202 
207 
. 207 
208 
215 
220 
22:..! 
227 
228 
230 
231 
232 
232 
233 
236 
241 
241 
242 
Sumario 
8.2 A influencia do interacionismo simb61ico 
8.3 A teoria que emerge dos dados. . . . · . 
a:3.1 Criatividade e objetividade . . . 
8.3.2 Circularidade entre as fases de coleta e de analise . 
8.3.3 lntera~ao entre o pesquisador e a realidade dos sujeitos 
8.4. Avaliac;;ao da qualidade da teoria substantiva . . . . . . . . . . 
8.5. Aplicac;;oes nos estudos organizadonais: 
finalidades e riscos . . . . . . . . . . . . 
Capitulo 9 
A fenomenologia como metoda de pesquisa 
em estudos organizadonais . . . . . . . . . . 
Anielson Barbosa da Silva 
• 9 • • ~ • • • • • '. • • • 
lntrodw;ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
9.1 A experiencia vivid a como ponto de paftida e de chegada 
na trajet6ria da pesquisa fenomenol6gica. . . . . . . . . . 
9.2 A fenomenologia e a hermeneutica delimitando 
a trajet6ria.da pesquisa ............ ·. 
9.3 lnvestigando a experiencia vivida . . . . . . . . 
9.4 Analise fenomenol6gica: uma atividade hermeneutica . 
9.5 A escrita fenomenol6gica- revelando o fenomeno de forma 
compreensiva interpretativa . . . . . . . . . . . 
9.6 Mantendo uma/relac;;ao forte e orientada . . . . 
9.7 A rela<;ao entre as partes eo todo no contexte 
da pesquisa fenomenol6gica 
9.8 Considera<;6es finais .............. . 
PARTE Ill METODOS DE COLETA E ANAUSE DE MATERIAL EMPfRICO 
Capitulo 10 
Entrevista qualitativa: instrumento de pesquisa e evento dial6gico . 
Christiane Kleiniibing Godoi e Pedro Lincoln C. L de Mattos 
lntrodw;ao . . . . . . · . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
10.1 Entrevista qualitativa: tentativas (e riscos) de definic;;ao formal 
10.2 Revendo alguns procedimentos metodol6gicos de praxe 
na entrevista qualitativa . . . . . . . . . . . . 
10.2.1 Quantas e quais pessoas entrevistar? ...... . 
244 
247 
249 
250 
254 
255 
258 
267 
267 
269 
273 
279 
281 
288 
291 
292 
293 
301 
301 
303 
307 
308 
Pesqulsa qualitativa em estut;los org,anizacionais: paradig,mu, estrategia5 e metodos 
1 0.2.2 0 relacionamento entrevistador-entrevistado: 
facilita~ao ou inibi~ao .. . . . : . . . . : . . .. · 
1 0.2.3 Acordo inlciai, roteiro e outros aspectos procedimentals 
10,3 Superando 0 formalismq: a Emtrevista como evento dialogico 
10.4 Considera~oes finais ..................... . 
Capitulo 11 
Focus group: intrumentalizando o seu planejamento 
Mfrian Oliveira e Henrique Freitas 
lntrodu~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
11.1 Focus group: vantagens e desvantagens . . . 
11.2 Usos do focus group no desenho da pesquisa 
11.3 Etapas para a realiza~ao do focus group . . . 
11.3.1 Planejamento para a realiza'¥ao do focus group 
11.3.2 Condw;ao das sessoes do focus group . . . . . 
11 .3.3 Analise dos dados obtidos com o focus group . 
11.4 Considera~oes finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
Capitulo 12 
Analise de entrevistas nao estruturadas: da formaliza~ao 
a pragmatica da linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . 
Pedro Lincoln C. L. de Mattos 
lntrodu~ao ....................... . 
12.1 Qual o exato escopo deste ensaio metodol6gico? 
12.2 0 que tem acontecido a analise de conteudo? 
Um "dialogo" com L. Bardin ......... . 
12.4 
12.3 "Um divisor de aguas" ao analisar entrevistas. 
12.3.1 A pratica da objetividade . . . . . . . 
12.3.2 Onde procurar o significado? .... 
A entrevista como conversa~ao e sua analise . 
12.4.1 Uma inter-ac;ao lingUfstica . . . . . . . 
12.4.2 Elementos de analise da conversac;ao. 
12.4.3 0 momento decisive da interpretac;ao 
12.5 Sugestoes para a analise de entrevistas . . . . 
12.5.1 Advertencia para um risco. . . . . . . 
12.5.2 0 nivel de analise que interessa aqui . 
12.5.3 Um tnodelo de apoio em cinco fases . 
311 
312 
314 
320 
325 
325 
327 
328 
331 
332 
340 
342 
343 
347 
. 347 
. 350 
351 
354 
355 
356 
359 
359 
360 
363 
364 
364 
365 
366 
~ 
Sumario 
12.5.4 0 julgamento de pares sobre consistencia da analise 370 
12.6 Considera~6es finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 370 
Capitulo 13 
Perspectivas de analise do discurso nos estudos organiz~cionais . . . . . . 375 
Christiane Kleiniibing Godoi 
lntrodU<;;ao ....................... , 
13.1 As primeiras perspectivas da analise do discurso: 
analise do conteudo e analise semi6tica. . . . 
13.2 A terceira perspectiva da analise do discurso: 
13.3 
13.4 
a interpreta~ao social dos discursos . . . . . . . . . . . . 
Analise do discurso e teoria psicanalftica. 
Sobre a interpreta~ao do discurso na investiga~ao social . 
Considera~6es finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
Capitulo 14 
Analise da narrativa 
Mario Aquino Alves e lziaoro Blikstein 
375 
.. 379 
382 
389 
397 
403 
lntroduc;:ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 403 
14. 1 0 conceito de narrativa em uma abordagem · 
semi6tica-lingUistica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
14.1.1 A narrativa e suas func;:6es ............ . 
14.1.2 Os tipos de,''narrativas e sua condi~ao ideol6gica. 
14.1.3 Dialogismo, polifonia, silencio e intertextualidade 
na narrativa . . . . . . . . . . . . . . . . . 
14.2 Narratologia: a analise narrativa propriamente dita . 
14.2.1 Exemplo de narratologia ........ . 
14.2.2 A narrativa no contexto das organizac;:6es 
14.3 Considera~6es finais . . . . . . . . . . . . . . . . 
Capitulo 15 
405 
407 
410 
413 
417 
418 
421 
426 
Softwares em pesquisa qualitativa . 
Rodrigo Bandeira-de-Mello 
.................... 429 
lntrodu~ao ............ . 
15.1 Urn pouco de hist6ria . . . . 
15.2 Uma proposta de classifica-;ao dos softwares . 
15.3 CAODAS: possibilidades e limita-;oes ..... 
429 
430 
•431 
433 
::\~~:~~, Pesquisa qualltatiya em estudos organizacion~is: paradigr;,as, estrateglas e metodos 
15.4 Uma aplicac;ao do Atlas/ti como apoio 
a grounded theory . . . . . . . : . . . . . . . . < • • • • •.• 
15.4.1 0 software Atlas/ti; . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
15.4.2 Utilizando o Atlas/ti na gerac;;ao de teoria substantiva 
15.5 Considerac;6es flnais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
438 
439 
443 
457 
lntrodut;ao Pesquisa qualitativa e o debate 
sobre a propriedade de pesquisar 
Ate a decada de 1990, o debate epistemol6gico pertencia aos dominios 
da filosofia das ciencias e da historia das ciencias, ao saber especialY£ado de 
filosofos e sociologos. Gradativamente, os cientistas passaram a adquirir inte-
resse filos6fico, a problematizar sua pnitica, a preocupar-se com as condi<;oes 
scciais e os contextos culturais dos modelos de investigas:ao cientifica. 
Com o privilegi9 da reflexao epistemol6gica, foi possivel identificar, na 
modernidade, aquila 4ue Santos (2004) chamou de uma ciencia feita no mun-
do, mas nao feita de mundo, uma ciencia que, para intervir eficazmente no 
mundo, precisava distanciar-se dele. 0 amadurecimento hist6rico perrnitiu a 
ultrapassagem, tanto do pensamento magico que imaginava que 0 que dize-
mos sobre as coisas coincide com as pr6prias coisas -, quanta do pensamento 
moderno- cn!dulo de que aquila que dizemos e uma representas:ao das coisas. 
Com base nessa dupla supera<;ao, a nos:aode que os enunciados, mais do que 
produzir apenas uma representas:ao do mundo, criam o mundo, e que o ponto 
de vista constr6i o objeto, como ja insistiam Saussere, Bachelard e tantos ou-
tros, tomou-se hoje urn trufsmo. 
Ainda assirn, freqiientemente nos deparamos - e hesitamos - com as 
classicas, insoluveis e recursivas quest6es como: existe uma realidade exterior 
a n6s? 0 mundo s6 se constitui quando eu falo dele ou penso sobre ele? Mais 
do que saber se existe ou nao uma realidade real, o que se tornou irnportante e 
Pesquisa qualitativa· em esfudos organizacionais: paradigmas, estrategias e metodos 
saber como se pensa esia realidade. 0 pensamento e o discurso nao sao capazes 
de revelar uma verdade sobre a realidade ou de compreender essa realidade em 
toda a sua espessura, torn an do mal formuladas e prescindiveis ·as interrogas;oes 
sobre o estatuto ontologico da realidade. Ao nos afastarmos do essencialismo - o 
pensamento que acreditava que a realidade tinha uma essencia propria -, pas-
samos, como sujeitos hist6ricos, a enxergar o mundo como urn jogo de relas;oes 
entre as coisas e as categorias construfdas. 
0 conhecimento dentifico da modernidade foi urn conhecimento de-
sencantado e triste, narra Santos (2003), que transformava a natureza num 
automato ou num interlocutor esrupido. 0 aviltamento da natureza acabava 
por reduzir o proprio pesquisador, na medida que excluia o dialogo e propu-
nha urn exercicio de prepotencia sobre a natureza. 
A fim de trilhar o percurso da passagem da epistemologia da ciencia mo-
derna a p6s-moderna- expressao tiio inadequada quanto autentica -, passare-
mos a considerar dois momentos: o periodo de domina;ao do objeto, que inclui tan-
to a conceps;ao de exterioridade racionalista do objeto quanto a metqfisica do sujeito, 
tam bern conhecida como filosofia da consciencia, ambos envolvidos com a l6gica 
da domina;iio; e, posteriormente, o periodo de relativismo, que inclui o relativis-
mo epistemol6gico e a epistemologia social, ambos envolvidos com a l6gica da 
emancipa;iio. Rorty (1997), Heiddeger (2004), Gadamer (2003), Palmer (1988), 
Santos (2001; 2003; 2004), Griin e Costa (2002) e, principalmente, Veiga-Neto 
(2002) infiuenciaram a formas;ao da visao historico-epistemologica apresentada 
a seguir, para ilustrar o momento epistemologico atual de rompimento da dico-
tomomia domina;ao-emancipa;ao. 
No primeiro periodo- o de domina;iio do objeto -, os atos de conhecer e 
dominar os objetos de conhecimento eram inseparaveis, o que atribuia ao pen-
samento cientifico, urn poder de manipulas;iio sem limites. A dominas;iio dos 
objetos conhecidos era a condis;iio necessaria da objetividade cientifica. A esse 
movimento denominamos conceps;iio da exterioridade racionalista do objeto. 
Aparentemente oposta ao objetivismo, a metaffsica do sujeito, ou a filoso-
fia centrada na consciencia, acreditava que o estatuto do mundo se fundamen-
tava na subjetividade humana. A metafisica ocidental, inaugurada por Descar-
tes, foi construfda, portanto, com base em uma nos;ao de que a verdade residia 
na equivalencia ehtre a consciencia humana e os objetos. Entre a abordagem 
Pesquisa qualitativa eo debate sobre a propriedade de pesquisar 
objetivadora das c~encias mod~rnas e 0. movimento _metafisico, posteriormente · 
cham ado por ~eidegger de stndrome do subjetismo modern.o (que € diferente de 
subjetivismo ), encontramos poucas distins:oes no que se refere ao envolvimento 
com a domiiza;iio. Isso porque, a partir de Gadamer, as experiencias de verda-
de deixam de ser consideradas fatos ou experiencias conceituais, e acontecem 
como momento estetico ou como evento lingiiistico. 
A metodologia objetificadora das ciencias socials e a abordagem da 
conscienda humaria como fundamento Ultimo da certeza estavam, portanto, 
indissociavelmente ligadas como faces do mesmo periodo epistemologico: o 
chamado fondacionalismo moderno ou tradirao fondacional da jilosqfia ocidental, 
colocado em cheque somente com Nietzsche no infcio do seculo XX. Para essa 
conceps:iio, urn conhecimento so podia ser considerado verdadeiro se tivesse 
urn fondamento absoluto. 
0 segundo periodo, aqui denominado periodo de relativismo, inicia com 
o movimento antifimdacional, que inclui Gadamer, Foucault, Derrida, Rorty, 
dentre outros. Logicamente, esse movimento nao buscava a verdade; niio es-
tava preocupado em dominar e manipular objetos nem em obter ou adquirir 
conhecimento de maneira instrumental. Nao se constituiu exatamente como 
urn movimento coeso, mas foi capaz de aglutinar em torno da posic;ao antifun-
dacional muitos pensadores contemporaneos pos-modernistas, assinalando o 
I 
segundo periodo epistem'ol6gico aqui considerado, o perfodo do relativismo, 
transpassado pela logica da emancipa;iio. 
Heidegger estabeleceu uma critica intensa a metafisica,pelo fato de ela 
conceber o estatuto do mundo exclusivamente na subjetividade humana. Para 
ele, o processo de compreender nao era urn processo mental de dominas:ao de 
objetos, mas urn processo temporal, intentional e historico. Objetivar passou 
a ser, entiio, urn ato de poder excessive, e as pretensoes de objetividade das 
ciencias modernas sofreram seus primeiros ataques. 
A hermeneutica filosofica de Heidegger e Gadamer pretendia recuperar 
o carater dinamico da compreensiio e operou uma guinada radical, que foi da au-
toconsciencia a linguisticidade, ja livre da obsessiio por urn fundamento solido. 
A compreensiio comes;ou a ser vista como urn empreendimento no qual nos 
lans;amos desprovidos da possibilidade de saber, a priori, as conseqiiendas desse 
ato. Essa inseguranra epistemol6gica - it1erente ao que Gadamer denomina de 
Pesqulsa qualltativa em estudos organizaclonais: 
abertura a experiencia restaura no campo cientifico a dijicu/dade da vida e tor-: 
na-se a antitese da conceps;ao cientifica do rpetodo como corretor, ou remedio, 
para as dificuldades. A vida humana e concebida como urn horizonte de possi-
bilidades nao deddidas. . · · · 
A abertura a experiencia modifica o proprio pesquisador em favor do dis-
curso ou da situac;ao, ou seja, o pesquisador e invadido e construido pela expe-
riencia. A epistemologia social, expressao proposta por Popkewitz ( 1994) na qual 
pesquisador e objeto sao construidos na experiencia, tenta dar conta desse jogo 
entre o pesquisador e a sua pesquisa. A hermeneutica visa, portanto, situar o 
locus do significado na linguagem e no texto e nao mais no sujeito. A atenc;ao 
reside na capacidade do sujeito de se entregar aos objetos e deixar que estes, de 
forma recursiva, o redefinam. Os pesquisadores comec;am a observar que vao 
se modificando durante a sua pesquisa, redefinindo seus horizontes de sentido, 
questionando suas certezas previas e produzindo novas concepc;6es. A tarefa 
de compreensao e interpretac;ao dos sentidos impregnados nas pniticas e vista 
como infinita. A postura hermeneutica implica estarmos nao apenas abertos, 
mas expostos as novas possibilidades presentes nos objetos. 
Nao ha mais o risco de urn eu autotranscendente pois, no encontro com 
o outro e com a linguagem, ha sempre a perda do eu. E essa perda e transfor-
mac;ao do eu, na relac;ao com o outro, que impede a objetificac;ao e a dominac;ao 
dos objetos pelo sujeito. Se no fundacionalismo cartesiano o mundo era con-
cebido a partir do sujeito, na hermeneutica o sujeito e constituido a partir do 
mundo, mais precisamente a partir da tradifiio de sentido onde ele esta situado. 
0 eu e entendido em termos de sujeito nao centrado e. 0 outm e a propria tra-
diriio epistemoldgica, na qual o sujeito esta inserido e tem de dialogar. A tarefa 
da hermeneutica consiste em extrair a compreensiio das proposic;6es nas quais 
ja estamos vivendo. Por meio da concepc;ao hermeneutica podemos dizer que 
a tarefa da pesquisa niio e descobrir objetos absolutos, mas prosseguir a cons-
truc;ao dos sentidos da conversac;ao. 
Assim, o movimento antifundacionaleo lugar on de o conceito de inter-
pretac;iio foi redefinido. Abandonou-se definitivamente a esperans:a de haver 
um lugar privilegiado a partir do qual se possa olhar e compreenderobjetiva-
mente as relac;6es do mundo. Nao se trata exatamente de um relativismo epis-
temol6gico, no sentido de Rorty, mas de uma epistemologia regional e fundada 
Pesqulsa cp~lltativa e o debate sobre a PfOI)rie<lade de pesquisar. 
na contingencia. A._ expressao epistemologia social, trouxe para o conceito ele-
mentos que ate e~tao lhe eram estranhos, tais como o poder ~ o interesse. Na 
noc;ao de epistemologia social, ha dois aspeCtos complementares importantes: 
a questiio da impossibilidade do distanciamento e da assepsia metodologica 
ao lans:armos olhares sobre omundo; eo fato de que somos necessariamente 
parte daquilo que analisamos e, muitas vezes, tentamos modificar .. 
Essa tensiio dinimica entre regulafli.O e emancipafli.O social, no entanto, 
passou porum processo hist6rico de degradac;ao caracterizado justamente pela 
transformac;ao das energias erilancipatorias em energias regulat6rias, ou seja, 
a concep~iio da emancipac;ao foi absorvida pela da regula~ao. Com a diluic;ao 
da emandpac;ao na regulac;ao, o paradigma da modernidade deixou de poder 
renovar-se, entrou em colapso e em crise final. 0 fato de ainda permanecer 
como paradigma dominante e atribuido a natural inercia hist6rica, como jus-
tifica Santos (2003), que faz com que o pensamento epistemol6gico caminhe 
sempre a frente das praticas de pesquisa. 
Sobrevivemos a urn estilhac;amento paradigmatico profundo e, possivel-
mente, irreversivel, resultante de uma multiplicidade da interac;ao de condi-
c;oes sociais e te6ricas. Assistimos a uma crise, iniciada em meados do seculo 
XIX e atravessou todo o seculo XX, que desestruturou as noc;oes classicas de 
verdade, raziio, identidade e objetividade, bern como desinstituiu as grandes 
narrativas fundadoras(~om seus sistemas totalizantes e explicac;oes generaliza-
veis e definitivas. Chegamos ao fim de urn cido do pensamento cientifico. 
No lugar em que hoje nos situamos, sabemos que os objetos tern fron-
teiras pouco definidas e que a experiencia rigorosa tornou-se irrealizavel dian-
te da complexidade, pois exigiria urn dispendio infinito de atividades huma-
nas. 0 rigor cientifico objetualizou, desqualificou, degradou e caricaturizou os 
fenomenos: para afirmar a personalidade do cientista destruiu a personalidade 
da natureza. 0 conhecimento ganhava em rigor o que perdia em riqueza. 0 
que esperamos hoje e menos convers~ sobre rigor e mais sobre originalidade, 
para que o conhecimento recupere o seu encantamento. 
Santos (2003) indica que todo conhecimento cientifico e autoconheci-
mento, pois o objeto e uma forma de prolongamento do sujeito. Ao admitir-
mos que a ciencia nao descobre, cria, e que o ato criativo e protagonizado por 
cada cientista e pela comunidade cientifica, torna-se cada vez mais necess:irio 
. Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estrategias e metodos 
conhecer-se interiormente antes de pretender conhecer aquila que se pode 
coqhecer do real. Trata-:-se de um conhecimento compreensivo e fntimo que 
nao nos separa, mas nos une pessoalmente ao que estudamos. Ressubjetivado, · 
o conhecimento cientf:fico ensina a viver e se traduz em um saber pr:itico. 
A ciencia moderna nos ensinou pouco sobre a maneira de estar no mundo; 
fez do cientista um ignorante especializado e do cidadao comum um ignorante 
generalizado; constituiu-se contra o sensa co mum- considerado superficial, ilu-
s6rio e falso. A ciencia p6s-moderna procura destituir a distinc;ao hienirquica 
entre conhecimento cienti:ficq. e sensa comum, e reabilitar o senso comum 
por reconhecer, nessa forma de conhecimento, amplas possibilidades de en-
riquecer a nossa relac;ao com o mundo. 0 fato de o conhecimento traduzir-
se em autoconhecimento evidencia a prudencia na nossa aventura cientifica, 
prudencia originada no reconhecimento da inseguranc;a, que resulta do fato 
de a nossa reflexao epistemol6gica ser multo mais avam;ada e sofisticada que 
a nossa pn.itica cienti:fica. 
Em rela<;iio ao que tinhamos na modernidade, nao adquirimos apenas 
uma melhor observac;ao dos fatos mas, sobretudo, uma nova visao do mundo e 
da vida. Reconhecemos a ac;ao humana como subjetiva e a ciencia social como 
uma ciencia subjetiva. Jogo, palco, texto ou biogra:fia - o mundo e comuni-
cac;ao e, por isso, a l6gica existencial da ciencia p6s-moderna e promover a 
situac;iio comunicativa, como idealizava Habermas. 
Sendo total, o conhecimento e tambem local; constitui-se ao redor de 
temas que, em determinado momento, sao adotados por grupos sociais con-
cretos como projetos de vida locais. A fragmentac;ao p6s-moderna, portanto, 
nao e disciplinar mas tematica, como lembra Santos (2003). 0 conhecimento 
avanp a medida que o seu objeto transdisciplinar se amplia. Trata-se de um 
conhecimento sabre as condi<;6es de possibilidade da ac;ao humana projetadas 
no mundo a partir de um espa<;o-tempo local; de um conhecimento relativa-
mente imetodico, constituido a partir de uma pluralidade metodologica. 
Nao M mais espac;o para a noc;ao de pensamento e linguagem como des-
conectados do meio ambiente. Ao reinterpretarmos objetividade como intersub-
jetividade ou como solidariedade, na proposic;:ao de Rorty (1997), abdicamos de:fi-
nitivamente de nos colocarmos em contato com a realidade, independentemente 
da mente e da linguagem. Qgando buscavamos objetividade, nos distanciavamos 
das pessoas ao redor, atraves da nossa vinculac;ao solitaria a algo que podia ser 
descrito sein referenda a nenhtim ser humano esped:fico. Substituimos a auto-
imagem formada e guiada pela razao, pela imagein de um cientista que conta 
com urn sentido de solidadariedade COni 0 resto de SUa pro:fissiio. . . 
Nao temos mais a possibilidade de nos lan):armos para alem das comu-
nidades humanas. Substituir o desejo de objetividade pelo desejo de solidariedade 
com a comunidade signi:fica desenvolver habitos de confians:a, de respeito pela 
opiniiio dos colegas, de curiosidade e zelo pelos novos dados e ideias - unicas 
virtudes que os cientistas tern. A ciencia engendra em si um modelo de solida-
riedade humana, mas a investigas:ao no interior das sociedades t diferente da 
investigas:ao sobre as coisas. Podemos ser melhores do que somos, no sentido 
de sermos melhores te6ricos, cientistas, cidadaos ou arnigos. Acreditamos que 
toda e qualquer visao coerente e tao boa quanta qualquer outra. Escapamos da 
forquilha de Hume ao nos lembrarmos constantemente que somos responsa-
veis pelo que esta fora de nos. 
Na pratica da.pesquisa, trabalhamos somente com as mais tenues e su-
per:ficiais formula):6es de criterios, apenas com padr6es mais soltos e flexiveis 
possiveis, a medida que vemos a investigas:ao como reformulac;ao de cren-
c;as em vez de descobrimento da natureza dos objetos. Assumimos a pesquisa 
como processo de mudanc;a das nossas crenc;as. Aprendemos que o melhor 
caminho para encontrar 1lllgo em que acreditar e escutar tantas sugest6es e 
argumentos quantos forem possiveis. 
Nao louvamos os cientistas por serem mais objetivos,l6gicos, met6dicos 
ou devotos a verdade do que outras pessoas. 0 poder sobre os objetos deixou 
de ser a mais elogiavel caracteristica de um pesquisador, e nao nos sentimos 
mais envaidecidos em receber um elogio como "voce domina o seu objeto de 
pesquisa". A imagem que temos de um grande cientista nao e a de alguem que 
aprendeu algo corretamente, mas a de alguem que fez algo novo. 
Compreender grande parte dos fenomenos organizacionais exige, em vez 
de urn conhecimento objetivo e explicativo, metodos que visam a obtens:ao de um 
conhecimento intersubjetivo e compreensivo. Nossa visao tende, assim, primeiro 
a dar conta do horizonte das formas simb6licas nas quais se desenvolvem as a~6es 
sociais, formas essas que assumem uma aparenciacodificada -linguagens -, mas 
cujo estudo nos interessa nao por sua gramatica ou estrutura interna, mas por 
Pesquisa qualitativa em estudos cirganizacionais: paradigmas, estrategias e metodos 
seu cariter comunicativo_de mediador e formador das experiendas e das neces-
sidades soci!1is. E, segu~do, a exaininar as prod~c,:6es significativas dos proprios 
sujeitos discursos, relatos, imagens, representac,:6es etc. - geradas e construidas 
por atores, no diilogo direto com eles, ·em seus pr6prios contextos situacionais, 
sociais e hist6ricos. 
A epistemologia nos estudos organizacionais prosperou em periodo de 
crise, como previu Piaget (1980), eo campo da pesquisa qualitativa esti, hoje, 
repleto de entusiasmo, criatividade, agitac,:ao intelectual e ac;ao, como concor:.. 
dam Gergen e Gergen (2000). Os cientistas dedicam.:.se a epistemologia dos 
metodos, as relac,:oes com participantes e a criac;ao de novas modos de Cresci-
mento dos metodos qualitativos em importantes campos substantivos. Nesta 
proposta de reconhecimento e superac;ao do formalismo na pesquisa, a ques-
tao residual, e mais importante, versa agora sobre que tipo de seres humanos 
desejamos nos tornar. 
Este livro esti estruturado em tres partes. Na parte inicial, Estudos orga-
nizadonais e dilemas paradigmiticos, os leitores encontrarao reflex6es epis-
temol6gicas, urn "pano de fundo" dos demais capftulos. Pretendemos levar os 
leitores a refletir acerca dos fundamentos filos6ficos da pesquisa qualitativa, a 
medida que expandem seu escopo de analise no sentido de uma integrac;ao pa-
radigmatica. Esperamos que essa reflexao revele oportunidades para pesquisas 
qualitativas serias e de qualidade no ambito dos estudos organizacionais. 
Urn capitulo provocativo, de Sergio Luis Boeira e Paulo Freire Vieira, 
inicia a reflexao sabre as aberturas paradigmiticas possiveis para a construc;ao 
do conhecimento em dencias sociais. Uma oportunidade para a coexistencia 
de metodos com distintas finalidades e bases filos6ficas. Ao sintetizarem a evo-
luc,:ao do pensamento cientffico, os auto res questionam a utilizac;ao dominante 
do paradigma disjuntor-redutor na teoria das organizac;6es. Eles sugerem uma 
abordagem da.complexidade capaz de atenuar a trajetoria de disputas te6ricas 
e metodol6gicas encontradas no campo dos estudos organizacionais, ao mes-
mo tempo em que favorece a integras:ao paradigmatica. 
A exemplo do Capitulo 1, Anielson Barbosa da Silva e Joao Roman 
Neto aprofundam a discussao sabre os paradigmas por urn caminho dife-
rente de Boeira e Vieira, partindo da perspectiva desenvolvida por Burrell e 
Morgan, e abordam a difusao de uma pesquisa multiparadigmatica nos es-
Pesquisa qualitativa eo debate sobre a proprjedade de pesqulsar 
tudos organizacionais. Nesse segundo capitulo, os autores apresentam virias 
posit;5es metateoricas relacionadas a mUltiplos paradigmas _:_ incomensurabi- · 
lidade, integras:ao e cruzamento, e o paradigma do cruzamento indlca quatro 
estrategias: sequencial, paralela, de ligac,:ao e de interac;ao. Tambem. discutem · 
as implicas:oes da perspectiva multiparadigmatica na pesquisa quilitativa e 
destacam algumas reflexoes finais em totno. da utilizac;ao dos paradigmas nos 
estudos organizacionais. 
Christiane Kleinubing Godoi e Cristina Pereira Vecchio Balsini, no Capi-
tulo 3, inidam sua investigac,:ao empirica partindo do argumento que e central 
e comum aos capitulos desta parte: a visao dicotomica e reducionista entre 
o qualitativo e o quantitativa nao contribui para o avanc;o do entendimento 
dos complexos fenomenos organizadonais. A analise documental da produc;ao 
cientifica brasileira em estudos organizacionais revelou a deficiencia dos au-
tares em declarar suas escolhas metodologicas. Nao obstante, estudos de caso 
e:xplorat6rios que utilizaram tecnicas de coleta por meio de entrevistas parecem 
ser o delineamento mais tipico. 
A designat;ao estratigias de pesquisa foi preferida a clissica denomina-
s:ao metodos de pesquisa, termo este indissoc~avel do campo metodol6gico 
moderno. 0 p6s-modernismo, explica Rosenau (1992), substituiu metodo por 
estratigias, no sentido de aproxima<;iio do objeto de pesquisa. Nao se trata mais, 
portanto, de uma simples opt;ao semantica, mas de uma postura critica com 
relac;ao a ausencia de aproximas;ao entre sujeito e objeto. 0 termo estratigia de 
pesquisa compreende aqui urn pacote de conceps;oes, pniticas e habilidades que 
o pesquisador emprega para mover-se do paradigma ao ~undo empirico, de-
finem Denzin e Lincoln (2000). Ao colocarem os paradigmas em movimento, 
as estrategias situam os paradigmas no espas:o empirico local. A Parte II, Estra-
tegias de pesquisa em organizac;oes, marca a intermediat;ao entre a discussao 
paradigmitica tecida na Parte I e as pniticas de coleta e analise do material 
empfrico que compoem a Parte III. 
Dentre as estrategias abordadas, a primeira e a do estudo de caso, segui-
da da etnografia, historia oral, pesquisa-as;ao,grounded theory e fenomenologia. 
Seus pressupostos, caracteristicas definidoras e criterios de avalias;ao do rigor 
sao discutidos. Nesta segunda parte, o leitor tambem encontrara possibilidades 
de utilizas:ao dessas estratt~gias de pesquisa nos estudos organizacionais, hem 
e me~odos 
como a discussao acerca da importancia do pesquisador na condu~ao desse 
prm;:esso. Ha uma preocupa~ao co mum entre os autores da Parte II em l~cali­
zar epistemolotiicamente as respectivas estrategias. E, consoa~te a refl.e~ao ini-
ciada na Parte I, discutem possibilidades de utiliza~ao da pesquisa qualitativa 
ou de uma integras:ao paradigmatica. 
No Capitulo 4, Arilda Schmidt Godoy discute as caracterfsticas do es-
tudo de caso interpretativo e apresenta, com um vies pragmatico, as etapas de 
desenvolvimento dessa estrategia de pesquisa, hem como seu relacionamento 
com outras estrategias, como a grounded theory discutida no Capitulo 8. 
Carolina Andion e Mauricio Serva apresentam no Capitulo 5 a etno-
grafia a luz de uma discussao epistemol6gica: a visao polarizada natureza-
cultura ou objetivismo-subjetivismo deve ser modificada no sentido de uma 
perspectiva multidisciplinar para o estudo da complexidade da realidade or-
ganizacional. Neste capitulo, os autores discutem aspectos importantes aos 
estudos organizacionais, como os conceitos de tecelagem etnogr4fica e o Jato 
social total, a complementaridade entre sujeito e objeto e a relevancia do texto 
etnografico. Finalmente, sem ter a pretensao de serem exaustivos, os autores 
discutem possibilidades de pesquisa etnognifica nos estudos organizacionais. 
No Capitulo 6, Elisa Yoshie Ichikawa e Lucy Woellner dos Santos mos-
tram a importancia da hist6ria para o entendimento dos fenomenos organi-
zacionais. Partindo da relevancia dos eventos passados e da contextualizac;ao 
hist6rica da etnografia, o leitor depara-se com a proposta deste capitulo so-
bre hist6ria oral: a considerac;ao da historia do tempo presente, de urn processo 
hist6rico ainda inacabado por meio da narrativa de atores sociais que nem 
sempre aparecem na hist6ria "oficial". As autoras salientam a necessidade de 
aprofundamento da discussao metodol6gica sobre a hist6ria oral no pais, co-
mentam as caracteristicas da pritica da entrevista na hist6rial oral e apontam 
possibilidades de pesquisa na Administra;;:ao. 
No Capitulo 7,Janaina Macke apresenta as caracteristicas da pesquisa-
a;;:ao como uma forma de pesquisa-participativa que favorece a interdiscipli-
naridade. A autora explicita a diferen<;a entre a pesquisa-ac;ao e a consultoria, 
objeto de freqiiente confusao na aplicac;ao deste tipo de estrategia, e explora a 
questao de como se constr6i conhecimento a partir das intervenc,:6es de uma 
pesquisa -a;;ao. 
Pesquisa qualitativa e o debate sobre a propriedad~ de pesquisar 
No Capitulo 8, Rodrigo Bandeira-de-Mello e Cristiano Cunha apre-
sentam os fund3.!11entos da grounded theory ~ discutem a l6gicada teoria que 
"emerge dos dados". Como fruto da experienda dos autores, eles propordo-
nam ao leitor uma avalia<;aO critica das J?OS1)ibilidades e OS riscos da aplica<;aO 
dessa estrategia nos estudos organizacionais. 
A Parte II encerra-se com a discussao entre a fenomenologia e a herme-
neutica elaborada por Anielson Barbosa da Silva, em torno dos significados das 
experiencias vividas. Neste nono capitulo, o autor sugere etapas para a inves-
tigac;ao e ~;m:ilise de pesquisa utilizando 0 metodo fenomenol6gico-hermeneu-
tico. Sao apresentadas especificidades do processo de investigas:ao e um ciclo de 
amilise compreensiva interpretativa para a elaboras:ao do texto fenomenol6gico. 
Na terceira e Ultima parte do livro, Metodos de coleta e analise de ma-
terial empirico, entramos na discussao de elementos metodologico-tecnicos 
referentes a coleta de dados e a analise das informas:oes coletadas. Inicia-se 
com o metodo, ou tecnica, de coleta mais utilizado em pesquisa qualitativa nos 
estudos organizacionais: a entrevista em profundidade, seja individual ou em 
grupo, na forma de um focus group. No ambito da analise do material empirico, 
quatro possibilidades sao discutidas: a pragmatica, a an:ilise do discurso, a ami-
lise da narrativa e a utilizas:ao de softwares como apoio ao pesquisador. 
No Capitulo 10, Christiane Kleiniibing Godoi e Pedro Lincoln C. L. 
de Mattos iniciam a crit;ka ao formalismo na pesquisa, que encontra uma 
de suas principais manifesta;;:oes na preocupac;ao exagerada com instrumentos 
de pesquisa. A entrevista qualitativa e analisada, pelos autores, por meio do 
contraste entre o tratamento da entrevista como instrumento e a pratica da 
pesquisa como eventos discursivos complexos sujeitos a criterios diferenciados 
de praxis e validac;ao. 
0 focus group e apresentado, no Capitulo 11, como uma entrevista cole-
tiva em profundidade. Mirian Oliveira e Henrique Freitas discutem as espe-
cificidades da aplicas:ao do metodo na pratica, em especial seu planejamento. 
Qyestoes acerca do tamanho do grupo, numero de sessoes e papel do mode-
radar sao discutidas pelos autores. A entrevista coletiva e o cerne da sessao de 
focus group e ganha, neste capitulo, enfase especial. 
· A critica ao formalismo na pesquisa tern seu aprofundamento no Capi-
tulo 12, no qual Pedro Lincoln C. L de Mattos discute a an:ilise pragmatica 
Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estrategias e metodos 
da conversas:ao. Assim como no Capitulo 10, a entrevista e tam hem entendida 
como forma especial de· conversa~ao e intera~ao. Ap6s o diaJ:ogo com a anilise 
do conteudo e coni a analise da conversac;ao, o auto£ propoe urn modelo de 
apoio ao pesquisador para a analise de urn con junto de entrevistas com base 
na anilise pragmatica. 
A anilise do disturso e discutida por Christiane Kleiniibing Godoi no 
Capitulo 13, que realiza uma aproximac;ao a variedade de abordagens e mo-
delos de anilise do discurso a partir de tres perspectivas: a informacional-
quantitativa (anilise do conteudo); a estrutural-textual (analise semi6tica) e a 
social-hermeneutica (interpretac;ao social dos discursos), com destaque para a 
terceira perspectiva em virtude das possibilidades de abertura aos estudos or-
ganizacionais. A autora recorre a teoria psicanalftica naquilo em que ela possa 
ampliar a compreensao da interpretac;ao discursiva. 
Mario Aquino Alves e Izidoro Blikstein apresentam, no Capitulo 14, as 
caracteristicas das narrativas e explicitam suas diferenc;as e semelhans:as com 
o discurso. A anilise de narrativas - a busca pelo significado deste tipo de 
discurso - e proposta neste capitulo por meio dos instrumentos da semi6tica: 
possibilitam ao pesquisador compreender as diversas facetas do texto, o dito e 
o nao dito, hem como suas finalidades. Os autores concluem o capitulo com 
exemplos de aplicas:ao da analise de narrativa nos discursos empresariais. 
Por fim, Rodrigo Bandeira-de-Mello discute as possibilidades e limi-
tas:oes do uso de urn grupo de softwares conhecido por Computer-Assisted 
Q!Ialitative Data Analysis Software (CAQPAS) ou anilise de dados qualita-
tivos assistida pelo computador, na pesquisa qualitativa, com base na literatu-
ra especializada e na sua experiencia com o uso de softwares em projetos de 
pesquisa. 0 autor apresenta tambem a aplicac;ao de urn programa, o Atlas/ti, 
como apoio a operacionalizac;ao do metodo da grounded theory. 
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Estudos Organizacionais 
e Dilemas Paradigmaticos 
Capitulo 1 Estudos organizacionais: 
dilemas paradigmaticos 
e abertura interdisciplinar 
• lntrodu~ao 
Na literatura disponivel sobre metodologia de pesquisa, teorias, estudos 
organizacionais ou ciencia da administra~o aparecem muitas vezes associados 
aos paradigmas "positivista" e "fenomenol6gico" (Easterby-Srnith et al., 1999, p. 
27; Roesch, 1999). Ha autores que optam por utilizar o termo mitodo em lugar 
de paradigma, inclusiv¢ ao tratarem do chamado metodo dialetico, ao lado do 
hipotetico-dedutivo e do fenomenolOgico (Vergara, 2000, p. 12). De modo ge-
ral, considera-se que a filosofia positivista teria sido afirmada como paradigma 
desde meados do seculo XIX, fundamentando o desenvolvimento de pesqui-
sas quantitativas e experimentais, enquanto a filosofia fenomenol6gica como 
"novo paradigma" ou metodo de pesquisa nas ciencias sociais - teria sido de-
senvolvida "nos Ultimos cinqiienta anos" (Easterby-Smith eta/., 1999, p. 24), 
gerando urn volume consideravel de pesquisas com perfil qualitativo. 
Sabe-se que, por outro lado, nas ciencias sociais as ideologias, as teorias 
mais duradouras e OS "paradigmas" tern sido associados as obras dos classicos, 
como Marx (marxismo), Weber (weberianismo) e Durkheim (funcionalismo, 
positivismo ); diversas escolas, como a de Frankfurt ou a de Chicago, sao toma-
das eventualmente como paradigmas ou fonte de referencial te6ri:co-metodo-
l6gico. Burrel e Morgan (1979; Burrel, 1999), por exemplo, distinguem quatro 
Estudos e dilemas 
p~adigmas no interior da analise social: humanista radical, estruturalista ra-
dical, interpretativista e funcionalista. Entretanto, esta fora de nosso proposito 
abordar todas estas categorias. 1 
Urn dos objetivos deste capitulo,a ser tratado na sec;ao 1.1, e apontar tra-
c;os hist6rico-filos6ficos mais antigos e ambivalentes da concepc;ao dominante 
de ciencia na modernidade e seus reflexos nas duas principals correntes da den-
cia das organiza<;6es- a escola classica e a escola das relac;:6es humanas. Recor-
reremos, para tanto, a noc;:ao de Grande Paradigma do Ocidente (GP0).2 
N a bibliografia especializada relativa ao tratamento do conceito de para dig-
rna na metodologia das ciencias naturais e sociais (por exemplo, Alves-Mazzotti 
e Gewandsznajder, 2002), a obra de Thomas Kuhn (The structure if scientific revo-
lutions) comparece como maior numero de cita<;6es. Todavia, esse autor nao re-
conheceu a existencia de paradigmas no campo das ciencias sociais, acentuando 
seti estagio pre-paradigmatico. Alem disso, suas posic;6es iniciais acabaram sendo 
redefinidas no transcurso dos debates suscitados pela publicac;:ao e dissernina<;ao 
desta obra (Kuhn, 1989; 1970). Decorre dai o segundo objetivo deste capitulo, a 
ser tratado na sec;ao 1.2: reexaminar o conceito de paradigma proposto por Kuhn 
e desaconselhar sua utilizac;ao no campo dos estudos organizacionais. 
Urn terceiro e ultimo objetivo, a ser tratado na sec;:ao 1.3, consiste numa 
explorac;ao das influencias do debate sobre a complexidade sistemica no de-
senvolvimento dos estudos crganizacionais. A linha de argumenta<;ao, baseada 
nas contribui<;6es seminais de Edgar Morin, reforc;:a o ponto de vista segundo 
o qual sua concep<;ao de paradigma e mais coerente comparando-a com 
a kuhniana- com o desenvolvimento historico das pesquisas sobre organi-
za<;6es. Estas sao caracterizadas por uma crescente abertura interdisciplinar, 
especialmente apos o surgimento de duas obras capitais: Uma nova ciencia das 
Para uma abordagem mais recente da problematica proposta por Burrel (1999), ver o capitulo se-
guinte, de Silva e Roman Neto. 
Esta fora de nosso prop6sito, ·portanto, abordar aqui as varias escolas, mode los ou enfoques te6ricos 
nos estudos organizacionais ou suas tecnicas de pesquis;:~ (Motta e Vasconcelos, 2002; Caldas eta/., 
1998; Flick, 2004). Tambem nao se faz uma distino;:ao, para efeitos deste capitulo, entre ciencia da 
administra~iio, teoria(s) das organizat;6es ou estudos organizacionais. Ver, a prop6sito, o capitulo 
seguinte, de autoria de Silva e Roman Neto'. 
~studos organizacionais: dilemas paradlgmiiticos e abertura lnterdisdplinar 
organizaf6es (Ramos, 1981) e Imagens da organizafii() (Morgan, 1986; 1996). 
Ambas.ampliam o dialogo entre diversas disciplinas, a exemplo da sociolo~a, 
da psicologia, da antropologia, da ecologia, da biologia, da econ:ornia, da ciencia 
politica e da filosofia- bern como entre campos de integra~ao interdisciplinar, 
a exemplo da pesquisa de sistemas, da cibernetica e das teorias da informac;ao 
e da comunica~ao. Por fim, algumas hipoteses sao apresentadas como contri-
buic;:ao ao aprofundamento progressivo do debate sobre este tema. 
- 1.1 Revolu~ao cientffica e seus refl~xos nas teorias 
das organiza~oes 
A seguir, oferecemos urn esboc;:o da trajetoria evolutiva da concepc;ao 
dominante de ciencia na modernidade, destacando nao so seus aspectos am-
bivalentes e contradit6rios, mas tambem a convergenda paradigmatica que se 
afirma entre o secclo.XVI e as primeiras decadas do seculo XX, repercutindo 
ate a atualidade. Destacamos aspectos das duas principals correntes da ciencia 
das organizac;6es - a escola dassica e a escola das relac;:oes humanas - e intro-
duzirnos a noc;:ao de Grande Paradigma do Ocidente (GPO), de Edgar Morin, 
a tim de evidenciar que ambas fazem parte desse mesmo paradigma. · .. 
Partimos da consta!fi<;ao de que, em contraste com o pensamento me-
dieval, predominantemente teocentrico, o pensamento moderno aos poucos 
afirmou-se com urn vies decididamente antropocentrico. No rpundo contem-
podneo, vivemos o dilema (reflexividade, autoconfronto) entre a tradic;:ao e 
a emergencia (hipotetica ou potencial) de uma era centrada na ecologia dos 
saberes e das temporalidades (Santos, 2004). 
A ciencia floresce e torna-se mais complexa na modernidade, emanci-
pando-se da filosofia e gerando uma representac;ao mecanicista e matematiza-
da da natureza. Desta forma, acabou legit:lmando uma percepc;ao dualista da 
relas:ao entre o mundo natural-objetivo e o mundo humano-subjetivo. Ja no 
transcurso do seculo XVII e, portanto, antes do surgimento da contribui~ao de 
Isaac Newton, as contribuic;6es de Galileu Galilei e Rene Descartes sugeriam 
que a natureza e o universo ja haviam sido tral)sformados em objetos privile-
giados de descris:ao e elaborac;ao matematica. 
Estudos organizaclonais e dilemas paradigmatlcos < 
Se parece fora de duvida que na epoca mediev:al as artes liberais do Qua-
drivium formavam urn c:p:npo exdusivamente matematico, do qual faziam 
parte a aritmetica, a geometria, a astronomia e a musica, importa reconhecer 
que tais "artes matematicas" constituiam, na realidade, instrumentos de com-
preensao de uma natureza e de urn universo de cara.ter fundamentalmente 
qualitativo (Soares, 2001, p. 33). 
A ruptura com essa representac;ao qualitativa acontece na epoca do Re-
nascimento, mediante a retomada do ideal platonico e pitagorico de "matema-
tizac;ao do mundo" (internalizado por Copernico e Kepler). Como se sabe, no 
transcurso do seculo XVII, a elite europeia abandona gradualmente o latim, 
criando assim condic;oes propicias para a ado9ao das diferentes linguas nacio-
nais. Ao mesmo tempo, com base nas contribuic;oes de Descartes e Gassendi, 
a comunidade cientifica internacional passa a dispor de uma nova linguagem 
- a logica- na busca de revelas:ao da essencia perene do "mundo". 
Recorde-se que, para Platao, se o homem permanecesse dominado pe-
los sentidos, so poderia aspirar a ter urn conhecimento imperfeito do mundo 
real, restrito ao mundo das aparencias, em fluxo permanente. A esse tipo de 
conhecimento ele denomina doxa (opinHio). Em contraste, o verdadeiro co-
nhecimento a episteme ( ciencia) - consistiria no alcance, por meio da razao, 
do mundo das ideias, o locus das essencias imutaveis de todas as coisas (Aranha 
e Martins, 1993,<p. 136). Desse ponto de vista, o conhecimento sensivel de-
veria fundamentar-se no conhecimento matematico, considerado como uma 
etapa intermediaria (dianoia) na construc;ao do conhecimento verdadeiro; este, 
ainda segundo o platonismo, deveria pro mover a conjugac;ao do intelecto e das 
emoc;:6es, da razao e das qualidades morals. Em sfntese, a episteme seria fruto 
da combinac;:ao de inteligencia e amor (Platao, 1996, p. 24, 26). 
De acordo como historiador portugues Vitorino Godinho (1990, p. 34), 
OS algarismos indo-arabicos foram introduzidos na cristandade a partir do Se-
culo XIII. Todavia, pelo menos ate o seculo XVI, sua utilizac;:ao permaneceu 
restrita a pequenos grupos. A disserninac;:ao de uma mentalidade quantitativis-
ta foi, segundo este pesquisador, condicionada por dois fatores predominan-
tes: a construc;ao progressiva do Estado moderno (com a cria<;:ao de exercitos 
profissionais permanentes e a contabilidade publica) e o desenvolvimento da 
economia de mercado. Da confluencia desses dois fatores emerge a estatistica. 
l:studos organizacionals: dilemas paradigmaticos e abertura interd!sciplln~ 
Para Alfred Crosby (1997), historiador norte-americano, ao final da 
Idade Media (entre os seculos XIII e XIV, por volta do ano 1250), ocorre a 
transic;ao da percepfiiO qualitativa para a percepfiio quantitativa da realidade, 
em decorrencia de uina serie de fatores socioculturais e socioeconomicos. Por 
exemplo, a construc;:ao do primeiro relogio mecanico (que data de aproximada-
mente 1270) desempenhou um papel de destaque no processo de quantificariio 
do tempo, enquanto urn novo tipo de carta maritima (denominada portolano, de 
1296) influenciou decisivamente na quantificariio do espafo. Da mesma forma, 
vale a pena mencionar a invenc;ao datecnica da escriturac;:ao contabil, a partir de 
registros concisos e exatos das atividades economicas (Crosby, 1997, p. 206). 
Na trajet6ria de desenvolvimento da ciencia moderna, ao lado das conver-
gencias que lhe concedem a indispensavel coerencia interna (na sua versao do-
minante), podemos identificar tambem urn amplo espectro de divergencias en-
tre alguns de seus precursores mais ilustres, como Galileu Galilei, Isaac Newton, 
Rene Descartes e Francis Bacon. Certamente, as contribui~oes de muitos outros 
autores criticos ou desviantes da cultura moderna teriam sido objeto de urn 
exame mais minucioso, caso o objetivo deste capitulo fosse a compreensao das 
contradic;:oes da cultura moderna enquanto contexto da ciencia moderna. 
No debate travado pelos autores considerados pioneiros da ci<~ncia 
modema, destaca-se, por exemplo, a divergencia entre Newton e Descartes 
quanto a experirnenti~ao entendida como metodo cientffico. No seculo XVIII, 
segundo Soares (2001, p. 49), os cartesianos reconhecein a superioridade da 
perspectiva newtoniana e procuram incorporar a experimentac;ao em sua visao 
dedutivista do processo de constru-;:ao do conhecimento. Embora Newton e 
Galileu sejam classificados como neoplatonicos, tal como Descartes, as pers-
pectivas dos dois primeiros podem ser caracterizadas como indutivistas, con-
trarias ao dedutivismo essencialista de corte cartesiano. 
0 indutivista Bacon praticamente ignora os principios da mecaniza-;:ao e 
da matematizas:ao da natureza, alem de assumir uma representac;ao muito mais 
qualitativa do que quantitativa daquilo que constitui a "experiencia". Referin-
do-se ao sistema heliocentrico de Copernico, ele questiona a tese (suposta-
mente "absurda") relativa ao movimento da Terra e a utilizac;ao de teorias ma-
tematicas aprioristicas, que nao se baseiam na observac;io. Para Soares (2001, 
p. 46), Bacon constitui-se, de fato, no Ultimo grande nome do racionalismo 
Estudos organizacionais e dilemas paradigmiiticos 
crftic~-experiencial, ao propor que, se dispusermos do. metodo adequado, a 
propria mente "sera guiada a cada passo e tudo sera feito como que por uma. 
maqJltnaria" (Roszak, 1988, p. 316). 
Numa sintese lucida das caracteristicas gerais da ciencia moderna, o histo-
riador holandes Reyer Hooykaas (1986, p. 167) destaca, em primeiro lugar, que 
ela nao reconhece autoridades, excetuando a da propria natureza (isto e, a ideia 
de natureza). Em caso de conflito entre as expectativas criadas pela imaginas:ao 
do investigador e os registros de suas observa<;6es e experiencias, sua razao tera 
que se adaptar aos dados fornecidos pela natureza (a rigor, pela interpretas:ao 
dos mesmos, mas de tal maneira que parecesse uma simples adapta<;ao aos da-
dos "fornecidos pela natureza''). Dessa forma, na cienda moderna o empiris-
mo (indutivismo) racional e critico predomina sobre o racionalismo concebido 
como auto-sufich~ncia da razao teorica. Em segundo lugar, a ciencia moderna 
nao se baseia apenas na observas:ao- direta ou indireta- da natureza. A realiza-
<;ao de experiencias controladas desempenha urn papel decisivo no processo da 
pesquisa. Esta conceps:ao de ciencia conquista a natureza pela pratica e obtem 
dela informas;6es genuinas por interferencia de meios artificiais. Em terceiro 
lugar, a ciencia moderna estaria associada a forma<;ao de uma imagem mecani-
dsta de mundo, explicando os fenomenos naturais, tanto quanto possfvel, por 
analogia com a dinamica de funcionamento de sistemas artificiais. Finalmente, a 
versao dominante da ciencia moderna procura descrever ou explicar fenomenos 
observaveis - direta ou indiretamente por meio da linguagem matematica. 
A conceps:ao organicista de natureza, predominante na pre-modernida-
de - pela qual se atribuia ao todo, ao conjunto, ao grupo, urn valor superior a 
parte isolada, ao indivfduo - cede espa<;o a uma concep<;ao mecanicista, ato-
mistico-individualista (Marchant, 1980; Fernandez, 2004, p. 28). 0 novo mo-
delo, inspirado na metafora da m~quina, pressup6e que as partes atomizadas 
da natureza sao intercambiaveis e podem ser conhecidas ou controladas de 
forma objetiva. A natureza seria pura e simplesmente materia em movimento, 
passi:Vel de ser reduzida a algumas poucas leis, que seriam tanto mais seguras 
ou confiaveis quanto mais traduziveis na linguagem abstrata da matematica. 
A chamada revolu;iio cientifica provocou tambem o nascimento das cien-
cias particulares, especialmente aquelas que lidam com fenomenos "naturais". 
Estas ultimas, ao idealizarem seu desligamento da filosofia e da metafisica 
Estudos organizacionais: dilemas paradigmiitlcos e abertura interdisc:iplinar 
medieval, assumem urn papel relativamente funcional ao desenvolvimento das 
sociedades centradas no mercado (Ramos, 1981). Alimentam, assim, especial-
mente a partir da Revolw;ao Francesa, a promessa burguesa de progresso civi-
lizatorio, centrado nos ideais de liberdade, igualdade e fraternjdade. 
Nesse contexto de genese da episteme, a matematica e a logica sao en-
tendidas como ciencias formais, porque seus objetos nao sao coisas ou pro-
cessos, mas entes formais, que viabillzam a constru~ao de raciodnios validos, 
prescindindo, assim, do criterio de objetividade. "Na matematica, a verdade 
consiste na coerencia entre urn enunciado dado e urn sistema de ideias admiti-
do previamente. A verdade matemiitica nao e absoluta, mas sim relativa a esse 
sistema'' (Moreira, 2002, p. 2-3). 
Por sua vez, a fisica, a qufmica, a biologia, a economia e suas ramifi-
ca<;oes sao chamadas ciencias factuais, adequando-se, portanto, ao postulado 
de objetividade. Qyando os fatos investigados dizem respeito a estrutura e 
a dinarnica do mundo natural, constituem o objeto das ciencias naturais ou 
fisicas; quando envolvem o ser humano ou a sociedade, constituem o objeto 
das ciencias humanas ou sociais. A fisica, a qufrnica e a biologia sao tidas como 
prototipos das dencias naturais, enquanto a histori~, a antropologia, a sociolo-
gia e o direito fazem parte do campo das ciencias humanas e sociais. Moreira 
(2002, p. 3) observa que o caso da psicologia e mais controvertido, na medida 
em que conjuga as abord~gens experimental (natural) e social (fenomenologi-
ca). Pode-se dizer a mesma coisa da administras:ao: por urn lado e reconhecida 
como uma ciencia factual derivada das ciencias humanas e sociais mais anti-
gas, mas sua vertente classica foi fortemente influenciada pela engenharia e 
incorporou alguns dos metodos utilizados nas ciencias fisicas. 
Estas Ultimas compartilham duas premissas: a primeira estipula que 
existe uma realidade unica a ser apreendida, considerada externa a todos os 
pesquisadores; e a segunda estipula que o conhecimento cientifico transcende 
o nfvel da simples observa~ao dos fatos. Neste sentido, os cientistas inventam 
conceitos, como o de <ltomo, campo, massa, energia, adapta<;lio, integra~ao, se-
le<;ao, classe social ou tendencia hist6rica. Embora os conceitos adquiram sen-
tido somente se guardarem liga<;ao com o contexto no qual foram concebidos, 
devemos consider:i-los como componentes indispensaveis do chamado meto-
do cientifico. Em outras palavras, os conceitos nao sao observriveis fisicamente; 
Estudos or!!anizaclonais e dlfemas paradlgmatlcos 
antes, sua existenda e inftrida (portanto intuida, imaginada) a partir de fatoS; 
experimentais (Moreira, 2002, p. 6). . . 
Apartir da profusao de novas descobertas gestadas no Renascimento 
exprimindo o anseio pela constmc,:ao progressiva de urn mundo mai~ seguro, 
previsivel e controhivel, a modernidade encontrou na filosofia de Descartes e 
no positivismo de Auguste Comte dois de seus principais pontos de referen-
cia. Como se sabe, o sistema de Comte pressup6e que a evoluc,:ao do nosso 
conhecimento do mundo obedece a uma trajet6ria linear: a fase teol6gica (fe-
tichismo, politeismo e monotefsmo) teria sido suplantada pela fase metafisica 
e esta, por

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