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Teoria das organizações
Book · June 2007
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Bibliometric Studies em Management Theory View project
Covid-19 in and around organizations View project
Miguel Caldas
University of Texas at Tyler
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Carlos osmar Bertero
Fundação Getulio Vargas
78 PUBLICATIONS   944 CITATIONS   
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Miguel Caldas on 14 October 2019.
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https://www.researchgate.net/publication/333731874_Teoria_das_organizacoes?enrichId=rgreq-c208cf33e88210615744a8f25095d47d-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzMzczMTg3NDtBUzo4MTQwMTAzMjA1ODA2MDhAMTU3MTA4NjU5MjE2Ng%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf
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https://www.researchgate.net/project/Bibliometric-Studies-em-Management-Theory?enrichId=rgreq-c208cf33e88210615744a8f25095d47d-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzMzczMTg3NDtBUzo4MTQwMTAzMjA1ODA2MDhAMTU3MTA4NjU5MjE2Ng%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/project/Covid-19-in-and-around-organizations?enrichId=rgreq-c208cf33e88210615744a8f25095d47d-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzMzczMTg3NDtBUzo4MTQwMTAzMjA1ODA2MDhAMTU3MTA4NjU5MjE2Ng%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
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https://www.researchgate.net/profile/Miguel-Caldas-3?enrichId=rgreq-c208cf33e88210615744a8f25095d47d-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzMzczMTg3NDtBUzo4MTQwMTAzMjA1ODA2MDhAMTU3MTA4NjU5MjE2Ng%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Miguel-Caldas-3?enrichId=rgreq-c208cf33e88210615744a8f25095d47d-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzMzczMTg3NDtBUzo4MTQwMTAzMjA1ODA2MDhAMTU3MTA4NjU5MjE2Ng%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/institution/The-University-of-Texas-at-Tyler?enrichId=rgreq-c208cf33e88210615744a8f25095d47d-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzMzczMTg3NDtBUzo4MTQwMTAzMjA1ODA2MDhAMTU3MTA4NjU5MjE2Ng%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf
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https://www.researchgate.net/profile/Carlos-Bertero?enrichId=rgreq-c208cf33e88210615744a8f25095d47d-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzMzczMTg3NDtBUzo4MTQwMTAzMjA1ODA2MDhAMTU3MTA4NjU5MjE2Ng%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf
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https://www.researchgate.net/institution/Fundacao_Getulio_Vargas?enrichId=rgreq-c208cf33e88210615744a8f25095d47d-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzMzczMTg3NDtBUzo4MTQwMTAzMjA1ODA2MDhAMTU3MTA4NjU5MjE2Ng%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Carlos-Bertero?enrichId=rgreq-c208cf33e88210615744a8f25095d47d-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzMzczMTg3NDtBUzo4MTQwMTAzMjA1ODA2MDhAMTU3MTA4NjU5MjE2Ng%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf
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Teoria das Organizações
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Miguel P. Caldas
Carlos Osmar Bertero
 (COORDEnADORES)
Teoria das Organizações
Andrew H. Van de Ven
Andrew J. Grimes
Armen A. Alchian
Chris Grey
Gareth Morgan
Gary Alan Fine
Gibson Burrell
Harold Demsetz
John Freeman
Karl E. Weick
Marcelo Milano Falcão Vieira
Marianne W. Lewis
Michael T. Hannan
Miguel P. Caldas
Miguel Pina e Cunha
Paul J. DiMaggio
Richard L. Daft
Robert Cooper
Roberto Fachin
Sylvia Constant Vergara
Valérie Fournier
W. Graham Astley
Walter W. Powell
Francisco Gabriel Heidemann
REVISÃO TéCnICA
Cláudio Bica, Felipe Zambaldi, 
José Luiz Celeste e Rebeca Alves Chu
TRADUçÃO
Maurício C. Serafim
EDIçÃO/PREPARAçÃO DOS ORIGInAIS
Com apoio de Ilda Fontes, Cláudia Cristina S. Martins, 
Denise F. Cândido, Camila Dayan de Almeida, 
Rafael Valente P. de Siqueira
Série RAE-Clássicos
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Sumário
Apresentação, xv
Parte I – Paradigmas em Estudos Organizacionais, 1
1 Paradigmas em estudos organizacionais: uma introdução à série (Miguel P. Caldas), 3
2 Paradigmas, metáforas e resolução de quebra-cabeças na 
teoria das organizações (Gareth Morgan), 12
3 Metatriangulação: construção teórica com base em 
paradigmas múltiplos (Marianne W. Lewis e Andrew J. Grimes), 34
Parte II – Introdução ao Paradigma Funcionalista, 67
4 Paradigma funcionalista: desenvolvimento de teorias e institucionalismo 
nos anos 1980 e 1990 (Miguel P. Caldas e Roberto Fachin), 69
5 Debates e perspectivas centrais na teoria das organizações 
(W. Graham Astley e Andrew H. Van de Ven), 80
6 Jaula de ferro revisitada: isomorfismo institucional e racionalidade coletiva nos 
campos organizacionais (Paul J. DiMaggio e Walter W. Powell), 117
Parte III – O Paradigma Funcionalista no Final do Século XX, 143
7 Ecologistas e economistas organizacionais: o paradigma funcionalista em expansão 
no final do século XX (Miguel P. Caldas e Miguel Pina e Cunha), 145
8 Ecologia de população das organizações (Michael T. Hannan e John Freeman), 154
9 Produção, custos de informação e organização econômica 
(Armen A. Alchian e Harold Demsetz), 191
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vi Teoria das Organizações • Caldas e Bertero
Parte IV – O Paradigma Interpretacionista, 221
10 Paradigma interpretacionista: a busca da superação do objetivismo funcionalista nos 
anos 1980 e 1990 (Sylvia Constant Vergara e Miguel P. Caldas), 223
11 Organizações como sistemas interpretativos: em busca de um modelo 
(Richard L. Daft e Karl E. Weick), 235
12 O melancólico declínio, o misterioso desaparecimento e o glorioso triunfo do 
interacionismo simbólico (Gary Alan Fine), 257
Parte V – Abordagens Críticas e Pós-modernas, 289
13 Teoria crítica e pós-modernismo: principais alternativas à hegemonia funcionalista 
(Marcelo Milano Falcão Vieira e Miguel P. Caldas), 291
14 Modernismo, pós-modernismo e análise organizacional: 
uma introdução (Robert Cooper e Gibson Burrell), 312
15 Hora da verdade: condições e prospectos para os estudos 
críticos de gestão (Valérie Fournier e Chris Grey), 335
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Andrew H. Van de Ven
Professor da Carlson School of Management – University of Minnesota. 
Seus interesses de pesquisa incluem as áreas de inovação e mudança organi-
zacional, comportamento organizacional e métodos de pesquisa. 
E-mail: avandeven@csom.umn.edu
Endereço: Carlson School of Management – University of Minnesota, 321, 
19th Avenue South, Minneapolis – Minnesota – USA, 55455.
Andrew J. Grimes
Ph.D. em Administração pela University of Minnesota. Professor de Adminis-
tração e membro do Comitê de Teoria Social na University of Kentucky. 
Seus interesses de pesquisa incluem organizações alternativas, poder, episte-
mologia, perspectivas críticas à administração e teoria organizacional radical. 
E-mail:grimes@uky.edu
Armen A. Alchian
Professor emérito do Departamento de Economia, University of California – 
Los Angeles.
Seus interesses de pesquisas incluem as áreas de teoria econômica, custos de 
informação, organização econômica e economia da firma.
E-mail: alchian@econ.ucla.edu
Endereço: Bunche Hall 8262, Department of Economics, UCLA, Box 951477, 
Los Angeles – CA – USA, 90095-1477.
Sobre os autores
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viii Teoria das Organizações • Caldas e Bertero
Chris Grey
Professor de teoria das organizações no Judge Institute of Management Stu-
dies – Cambridge University. 
Seus interesses de pesquisa contemplam estudos críticos de gestão (em es-
pecial pós-estruturalismo e pesquisa qualitativa), aprendizagem e conhecimento 
em gestão, história da administração, gestão e política. 
E-mail: c.grey@jbs.cam.ac.uk
Endereço: Judge Business School, University of Cambridge, Trumpington 
Street, Cambridge, UK – CB2 1AG. 
Gareth Morgan
Professor, Co-Director, Ph.D. Program, York University – Schulich School of 
Business.
E-mail: morgan@imaginiz.com
Endereço: Schulich School of Business – York University, 4700 Keele Street, 
Toronto – Ontario, M3J 1P3, Canada.
Gary Alan Fine
Professor do Departamento de Sociologia da northwestern University.
Seus interesses de pesquisa estão nas áreas de psicologia social, sociologia 
da cultura, sociologia da ciência, sociologia qualitativa, teoria social e comporta-
mento coletivo.
E-mail: g-fine@northwestern.edu
Endereço: Department of Sociology, northwestern University, 1810 Chicago 
Avenue, Evanston, Illinois – USA, 60208-1330. 
Gibson Burrell
Professor de teoria das organizações no Management Centre – University of 
Leicester.
Seus interesses de pesquisa compreendem a teoria social e suas conexões 
com a teoria das organizações.
E-mail: g.burrell@le.ac.uk
Endereço: Management Centre, Ken Edwards Building, University of Leices-
ter, University Road, Leicester, UK – LE1 7RH. 
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Harold Demsetz
Professor emérito do Departamento de Economia, University of California – 
Los Angeles.
Seus interesses de pesquisa incluem os temas de organização industrial, di-
reito e economia, monopólio e competição, economia da firma e políticas públi-
cas voltadas a empresas. 
E-mail: hdemsetz@econ.ucla.edu
Endereço: Bunche Hall 8262, Department of Economics, UCLA, Box 951477, 
Los Angeles – CA – USA, 90095-1477.
John Freeman
Professor de Empreendedorismo e Inovação na Haas School of Business, Uni-
versity of California – Berkeley. 
Seus interesses de pesquisa incluem os temas de empreendedorismo, inova-
ção, comportamento organizacional e grupos industriais. 
E-mail: freeman@haas.berkeley.edu
Endereço: University of California, Berkeley, Haas School of Business 350, 
Barrows Hall, Berkeley – CA – USA, 94720-1900. 
Karl E. Weick
Professor de Psicologia e Comportamento Organizacional na Stephen M. Ross 
School of Business – University of Michigan.
Seus interesses de pesquisa envolvem as temáticas de comportamento orga-
nizacional, psicologia, sensemaking coletivo sob pressão, erros médicos, desem-
penho de alta confiabilidade, improvisação e mudança. 
E-mail: karlw@umich.edu
Endereço: Stephen M. Ross School of Business, University of Michigan, 701 
Tappan St., Ann Arbor – MI – USA, 48109-1234.
Marcelo Milano Falcão Vieira
Professor Adjunto da FGV-EBAPE – Escola Brasileira de Administração Públi-
ca e de Empresas.
Seus interesses de pesquisa contemplam as áreas de poder, instituições e es-
truturação de organizações culturais, cultura e desenvolvimento, organizações e 
desenvolvimento socioterritorial.
E-mail: marcelo.vieira@fgv.br
Sobre os autores ix
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x Teoria das Organizações • Caldas e Bertero
Marianne W. Lewis
Ph.D. em Administração pela University of Kentucky. Professora assistente de 
Administração pela University of Cincinnati. 
Em seus interesses de pesquisa, ela se dedica a explorar tensões, conflitos e 
paradoxos que impedem e possibilitam a inovação, particularmente nas áreas de 
tecnologia de produção industrial avançada, desenvolvimento de produtos e teo-
ria organizacional.
E-mail: marianne.lewis@uc.edu 
Endereço: 102a Carl H. Lindner Hall, PO Box 210165, Cincinnati – Ohio – Es-
tados Unidos, 45221-0165.
Michael T. Hannan
Professor de Administração e Sociologia na Graduate School of Business, 
Stanford University. 
Seus interesses de pesquisa contemplam as temáticas de ecologia organiza-
cional, recursos humanos em empresas emergentes, estratégia organizacional e 
modelos formais de estrutura social.
E-mail: hannan@stanford.edu
Endereço: Stanford University, Graduate School of Business, Stanford – CA – 
USA, 94305-5015.
Miguel P. Caldas
Professor da FGV-EAESP.
E-mail: mpcaldas@hotmail.com
Miguel Pina e Cunha
Professor na Faculdade de Economia, Universidade nova de Lisboa. Doutor 
em Gestão, licenciado em psicologia social e das organizações e mestre em com-
portamento organizacional.
Seus interesses de pesquisa contemplam as temáticas de mudança organi-
zacional não intencional, nomeadamente processos emergentes, improvisação, 
bricolagem, acaso.
E-mail: mpc@fe.unl.pt
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Paul J. DiMaggio
Professor de Sociologia na Princeton University. 
Seus interesses de pesquisa envolvem as áreas de análise organizacional, so-
ciologia da cultura, estratificação social, sociologia econômica, análise de redes 
sociais, sociologia da arte e da literatura e organizações sem fins lucrativos. 
E-mail: dimaggio@princeton.edu
Endereço: Department of Sociology, 2-n-2 Green Hall, Princeton University, 
Princeton – nJ – USA, 08544.
Richard L. Daft
Professor de Administração da Owen Graduate School of Management – Van-
derbilt University.
Seus interesses de pesquisa incluem as temáticas de modelos mentais de lide-
rança, mudança organizacional e projeto de sistema de desempenho para gran-
des organizações. 
E-mail: dick.daft@owen.vanderbilt.edu
Endereço: Owen Graduate School of Management, Vanderbilt University, 
nashville – Tn – USA, 37205. 
Robert Cooper
Professor visitante no Centre for Culture, Social Theory & Technology – Kee-
le University.
Seus interesses de pesquisa incluem as temáticas de produção social e cultu-
ral, relações entre tecnologia e organização moderna e aspectos culturais e so-
ciais da informação. 
E-mail: cooper.robert@talk21.com
Endereço: Centre for Culture, Social Theory & Technology, Darwin Building, 
Keele University, Keele, Staffordshire – UK, ST5 5BG.
Roberto Fachin 
Professor do Mestrado Profissional de Administração da PUC-Minas e da 
Fundação Dom Cabral.
Seus interesses de pesquisa contemplam as relações entre estratégia e orga-
nizações, aspectos políticos na organização.
E-mail: rcfachin@portoweb.com.br
Sobre os autores xi
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xii Teoria das Organizações • Caldas e Bertero
Sylvia Constant Vergara
Professora Titular da FGV-EBAPE – Escola Brasileira de Administração Públi-
ca e de Empresas.
Seus interesses de pesquisa contemplam as áreas de metodologia de pesqui-
sa, comportamento organizacional, desenvolvimento gerencial e gestão da edu-
cação corporativa.
E-mail: sylvia.vergara@fgv.br
Valérie Fournier
Professora de estudos organizacionais no Management Centre – University 
of Leicester. 
Seus interesses de pesquisa em economia e organizações alternativas in-
cluem: economia rural e desenvolvimento sustentável, formas alternativas de tro-
cas e mercados, cooperativas e pedagogia crítica.
E-mail: vf18@le.ac.uk
Endereço: Management Centre, Ken Edwards Building, University of Leices-
ter, University Road, Leicester, UK – LE1 7RH.
W. Graham Astley
Ex-professor da University of Pennsylvania.
In memoriam
Walter W. Powell
Professor de educação, comportamento organizacional, sociologia e comuni-
cação na Stanford University.
Seusinteresses de pesquisa contemplam as áreas de teoria das organizações, 
sociologia econômica e redes sociais e interorganizacionais. 
E-mail: woodyp@stanford.edu
Endereço: 509 Ceras Bld., Stanford University, Stanford – CA – USA, 94305-
3084.
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Maio/1961 a junho/1965 Raimar Richers
Julho/1965 a dezembro/1966 Yolanda F. Balcão
Janeiro/1967 a junho/1968 Carlos Osmar Bertero
Julho/1968 a junho/1969 Ary Bouzan
Julho/1969 a junho/1971 Orlando Figueiredo
Julho/1971 a dezembro/1972 Manoel Tosta Berlinck
Janeiro/1973 a junho/1975 Robert n. V. C. nicol
Julho/1975 a março/1980 Luiz Antonio de Oliveira Lima
Abril/1980 a março/1982 Sérgio Micelli Pessoa de Barros
Abril/1982 a dezembro/1983 Yoshiaki nakano
Janeiro/1984 a setembro/1985 Sérgio Micelli Pessoa de Barros
Outubro/1985 a setembro/1989 Maria Cecília Spina Forjaz
Outubro/1989 a dezembro/1989 Maria Rita Garcia L. Durand
Janeiro/1990 a setembro/1991 Gisela Taschner Goldenstein
Outubro/1991 a novembro/1995 Marilson Alves Gonçalves
Dezembro/1995 a dezembro/2000 Roberto Venosa
Janeiro/2001 a dezembro/2004 Thomaz Wood Jr.
Janeiro/2005 a agosto/2007 Carlos Osmar Bertero
Agosto/2007 Francisco Aranha
Diretores da RAE
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nas últimas décadas os Estudos Organizacionais experimentaram vigoroso 
impulso no Brasil, tendo se acumulado razoável produção científica.
A RAE – revista de administração de empresas, com 47 anos de publicação 
ininterrupta, acompanhou e fez parte desse processo. Em 2002, a RAE ganhou 
a companhia de mais duas publicações: a RAE-eletrônica, também voltada para 
pesquisadores e professores, e a GV-executivo, voltada para o público empresarial 
e para estudantes de Administração.
“RAE-Clássicos”: Teoria das Organizações é o primeiro texto da série e con-
tém uma coletânea de textos essenciais. A obra reúne textos inéditos em língua 
portuguesa, freqüentemente referidos tanto na literatura internacional como na 
produção de autores brasileiros, mas cujo acesso nem sempre é facilitado à maio-
ria pelo fato de estarem noutros idiomas. Ao entregar estes textos ao público bra-
sileiro, traduzidos para nossa língua e precedidos de comentários dos editores, 
estamos seguros de estar contribuindo para o aprimoramento da formação de no-
vos pesquisadores e estudiosos das questões organizacionais entre nós.
Esta edição foi possível graças ao esforço de toda a Equipe RAE – Maurício 
Custódio Serafim, Ilda Fontes, Cláudia Cristina de Souza Martins, Denise Francisco 
Cândido, Camila Dayan de Almeida, Rafael Valente Pedroso de Siqueira, Rosa Maria 
Cadete de Almeida Kluska, Camila Tiemi Okazaki, Thalita Souza Salgado, José Ru-
bens Izzo e Pedro F. Bendassolli –, e ao apoio de Ailton Brandão, da Editora Atlas.
Expressamos aqui o desejo de todos os autores de que esta obra constitua 
para os leitores fonte de reflexão crítica e orientação prática.
Boa leitura!
Apresentação
Miguel P. Caldas
Professor da FGV-EAESP
Carlos Osmar Bertero
Editor e Diretor – RAE-Publicações
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Parte I
Paradigmas em 
Estudos Organizacionais
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Com este primeiro módulo, composto por esta introdução e os dois artigos 
a seguir, inauguramos a série “RAE-Clássicos”. O objetivo é proporcionar à co-
munidade acadêmica brasileira matéria-prima para reflexão e orientação em seu 
trabalho de pesquisa. O papel deste texto introdutório é apresentar e contextuali-
zar a série, além de situar os dois artigos que compõem este primeiro módulo no 
quadro da teoria das organizações no Brasil.
Produção internacional e contexto local 
nos últimos anos, a RAE trouxe aos seus leitores textos publicados em revis-
tas acadêmicas internacionais de primeira linha. Como crítico constante da im-
portação exagerada e acrítica de modelos estrangeiros também no campo da teo-
ria administrativa, minha percepção sobre a inclusão desses textos em periódicos 
nacionais foi sempre ambivalente. Por um lado, creio ser o papel das publicações 
nacionais a veiculação de investigação científica que, antes de mais nada, derive 
da realidade local e a informe. Por outro lado, devemos considerar que nossos 
periódicos também têm outra missão, com a qual compartilho em intento e es-
forço, de inserir a produção científica nacional no cenário internacional. no que 
se refere à decisão de publicar textos estrangeiros já veiculados em outros países, 
esses dois objetivos são até certo ponto contraditórios: a abordagem mais local 
tenderia a reprovar a iniciativa, enquanto aquela que advoga inserção internacio-
nal talvez a apoiasse.
* Artigo originalmente publicado na RAE – revista de administração de empresas, v. 45, no 1, p. 53-
57, jan./mar. 2005.
1
Paradigmas em estudos 
organizacionais: uma introdução à série*
Miguel P. Caldas
teoria_organizacoes.indd 3 23/10/2007 12:55:58
4 Teoria das Organizações • Caldas e Bertero
O que me motivou a participar da iniciativa desta série foi o seu caráter pri-
mordialmente didático e de formação de pesquisadores. nos últimos anos, tive 
contato freqüente com as conseqüências negativas das deficiências de formação 
conceitual básica em teoria organizacional no Brasil. Como professor em cursos 
de mestrado e doutorado, não foram poucas as ocasiões em que me choquei 
ao ver alunos em situações quase absurdas, por pura falta de acesso a algumas 
referências básicas. Muitos desses alunos estudavam temas fundamentados em 
teorias das quais nunca haviam lido os principais expoentes, a não ser por meio 
de apuds; muitas vezes, porque tais clássicos nunca haviam sido publicados em 
português. Outros alunos, diante de seus problemas de pesquisa, propunham me-
todologias quantitativas e hipotético-dedutivas, embora sua base teórica indicas-
se uma orientação indutiva e de caráter subjetivo. Outros ainda manifestavam 
“gostar de etnografia” e queriam usá-la para testar hipóteses de base objetivista 
e funcional! Uma boa parte queria juntar e citar em seu apoio (e não para sobre-
por ou “metatriangular”, como se discute nos textos a seguir) tudo o que havia 
lido na vida, de Karl Marx a Peter Drucker, passando eventualmente por Lair Ri-
beiro. Lembro-me de um aluno que experimentou severa crise ao descobrir que 
sua “idéia original” era, na verdade, o objeto básico da teoria neo-institucional, à 
época em voga havia mais de 20 anos. 
A lista de eventos desse tipo é longa na vida de qualquer docente brasilei-
ro envolvido com programas de mestrado e doutorado. Ainda mais embaraçoso 
é perceber que tais problemas atingem também colegas em estágios avançados 
da carreira, o que pode ser constatado pela qualidade discutível e pela limitada 
contribuição dos artigos submetidos a eventos e periódicos brasileiros. De fato, 
a baixa qualidade e a limitada contribuição científica na produção brasileira em 
Administração têm sido tratadas em muitos estudos, nas áreas de Estudos Orga-
nizacionais (Machado-da-Silva et al., 1990), Finanças (Leal et al., 2003), Marke-
ting (Vieira, 2003), Tecnologia da Informação (Hoppen et al., 1998) e Recursos 
Humanos (Tonelli et al., 2003), assim como na Administração como um todo 
(Quintella, 2003; Bertero et al., 1999; Caldas; Tinoco, 2004). De forma comple-
mentar, análises bibliométricas e de conteúdo têm mostrado que tais deficiências 
colocam em cheque a legitimidade de uma parcela relevante de nossa produção 
(veja Tonelli et al., 2002; Vergara; Carvalho, 1995, 1996; Vergara; Pinto, 2000; 
Caldas; Tinoco, 2004).
De forma geral, minha opção tem sido por mitigar o problema mediante a su-
gestão de longas listas de leituras complementares, que compreendem em geral 
artigos e livros não disponíveis em português. nunca deixei de me surpreender 
com o impacto positivoque tão singela incursão na literatura essencial do campo 
provocou nos alunos, bem como à sua trajetória intelectual posterior.
na raiz da questão está um problema de acesso: há centenas de pesquisado-
res e estudantes que, devido à indisponibilidade de textos em português, acabam 
sem tomar contato com teorias e autores que poderiam ser cruciais à sua forma-
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Paradigmas em estudos organizacionais: uma introdução à série �
ção e ao seu trabalho de pesquisa. nos últimos anos, testemunhei várias tentati-
vas de publicar em português alguns desses textos essenciais ou “clássicos” (na 
falta de uma denominação mais adequada), que, entretanto, esbarraram na aná-
lise de viabilidade comercial das editoras.
é justamente nesse ponto que se situa este projeto, convergente com a mis-
são da RAE, de “fomentar e disseminar a produção científica em Administração 
no Brasil”. A revista tem enorme influência e, portanto, responsabilidade na di-
fusão do pensamento administrativo desde sua formação (veja Bertero; Keinert, 
1994). Análises bibliométricas ainda inéditas revelam ser a RAE o periódico na-
cional com maior impacto no campo, nas várias áreas da Administração. Milhares 
de docentes, estudantes, profissionais e pesquisadores em formação usam a RAE 
para atualizar-se e também para dar apoio em formação teórica básica. De certa 
forma, a RAE contrapõe a danosa influência nesse mesmo âmbito de conhecidos 
compêndios de teoria administrativa, caracterizados por atualidade, profundida-
de e qualidade duvidosas.
Assim, o projeto, que surgiu como uma simples proposta de introdução a um 
texto clássico, rapidamente evoluiu para a organização de uma série, que tem 
como objetivo a criação de um referencial básico de textos essenciais, nunca an-
tes disponíveis em português. Desejamos partilhar esse trajeto e as respectivas 
apresentações dos textos com colegas que comungam os mesmos ideais.
Cabe observar que não há aqui nenhuma veneração aos textos e autores in-
cluídos. Esta série tampouco deve ser vista como uma desconsideração em rela-
ção à produção local. Trata-se, na verdade, de uma coleção de textos representa-
tivos da melhor produção internacional, cuja divulgação em português deve ser 
vista como um incentivo à reflexão crítica e eventual incorporação. Desejamos 
incentivar a produção nacional “bem informada”, contribuindo para sanar o pro-
blema de falta de acesso a pelo menos uma pequena parte daquilo que julgamos 
básico e que deveria ser conhecido.
Como selecionar o essencial
Se a qualquer de nós, acadêmicos brasileiros da área de Administração, fos-
se perguntado quais são os textos essenciais para quem desejar se aventurar no 
ensino e na pesquisa em estudos organizacionais, a diversidade de respostas se-
ria enorme. Apesar de sermos relativamente poucos, a “diáspora” que ocorreu no 
campo desde sua constituição no Brasil (veja Bertero; Caldas; Wood, 1999) mul-
tiplicou o número de “cultos”, aos quais nos afiliamos, em palavra ou ação, como 
pesquisadores. no entanto, alguns textos apareceriam com maior freqüência, por 
constituírem passagem obrigatória na formação do acadêmico nacional, em dis-
ciplinas como Teoria Geral da Administração ou Teoria Organizacional, ou por 
serem clássicos inquestionáveis, como os principais trabalhos de Herbert Simon 
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6 Teoria das Organizações • Caldas e Bertero
e Max Weber, ou dos brasileiros Alberto Guerreiro Ramos, Maurício Tragtenberg 
e Fernando C. Prestes Motta.
nesta série, trataremos especificamente de artigos acadêmicos ainda não 
disponíveis em português. não focalizaremos textos que sejam localmente co-
nhecidos, por sua publicação em livros ou artigos. Cabe notar que a inserção do 
primeiro texto da série, de Gareth Morgan, foi feita menos por sua conhecida 
abordagem metafórica (divulgada e conhecida no Brasil) do que por sua defesa 
da caracterização paradigmática que alicerça a teoria organizacional. Também 
não focalizaremos somente textos clássicos, no sentido mais restrito da palavra. 
Entre dois artigos que possam introduzir uma mesma teoria ou conceito essen-
cial, escolhemos o mais recente, ou tentamos incluir um texto complementar 
reflexivo que lhe dê perspectiva, como é o caso do segundo capítulo deste pri-
meiro módulo.
Alguns textos são de correntes teóricas que têm atingido popularidade no 
Brasil, como o neo-institucionalismo, mas cujos textos-base não estão ainda dis-
poníveis em português. Outros são incluídos para prover conceitos-chave, como 
os debates em torno de voluntarismo versus determinismo organizacional, ou a 
questão dos níveis de análise, cujas bases não foram divulgadas em nosso idio-
ma. Mesmo assim, devemos admitir que muitos artigos relevantes são excluídos, 
seja pela indisponibilidade de obtenção de direitos autorais, seja pela limitação 
de espaço físico neste livro.
Paradigmas, metáforas e metatriangulações
A discussão sobre os paradigmas em estudos organizacionais, que Gareth 
Morgan toma por empréstimo de seu trabalho de 1979 com Gibson Burrell, é, 
em nosso entender, essencial ao pesquisador do campo. Com esse artigo de 1980, 
que ora reproduzimos, Morgan – à época um doutorando galês saído de Lancas-
ter, na Inglaterra, e começando a vida acadêmica na América do norte – conse-
guiu veicular sua perspectiva pouco convencional sobre teoria organizacional na 
mais tradicional publicação do campo: a Administrative Science Quarterly. 
O artigo apresenta dois elementos. O primeiro é a exposição de seu modelo 
de “paradigmas sociológicos”, ou seja, uma base ontológica e epistemológica que, 
segundo Morgan e Burrell, fundamentariam as teorias organizacionais modernas. 
no livro publicado no ano anterior, que Morgan procura sintetizar no artigo, Bur-
rell e Morgan (1979) sugeriam que o campo de teoria organizacional seria forma-
do por uma série de posições epistemológicas e ontológicas de base, as quais for-
mariam algumas posições metateóricas a priori no desenvolvimento científico em 
análise organizacional. Cada um desses quase-paradigmas paralelos coexistiria na 
área e influenciaria teorias que seriam aprisionadas por seus próprios pressupos-
tos e desconheceriam ou ignorariam os demais “silos” representados por “campos 
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Paradigmas em estudos organizacionais: uma introdução à série 7
concorrentes”. Por sua vez, cada um desses campos de conhecimento iniciaria ci-
clos (ditos “paradigmáticos”) semelhantes aos que Kuhn (1962) havia descrito a 
partir de seu conceito de “resolução de quebra-cabeças” (McCourt, 1997).
De forma didática, Burrell e Morgan (1979) apresentaram à academia de Ad-
ministração norte-americana um modelo de categorização dos campos paradig-
máticos. Os autores sobrepunham dois eixos: um representaria os pressupostos 
metateóricos sobre a natureza da ciência, opondo a ciência “objetivista” à ciência 
“subjetivista”, enquanto o outro simbolizaria as premissas metateóricas sobre a 
natureza da sociedade, contrastando uma sociologia da “regulação” a uma socio-
logia da “mudança radical”. 
O conhecido diagrama que resulta da sobreposição desses dois eixos define 
o que os autores entendem ser os quatro principais paradigmas que fundamenta-
riam – ou que poderiam fundamentar – a análise organizacional. Seu argumento 
é de que o desconhecimento dessa realidade paradigmática inconsciente e indis-
cutida, bem como a aceitação tácita quase hegemônica do paradigma funciona-
lista (no quadrante objetivista e regulacionista do diagrama), estariam aprisio-
nando e limitando o desenvolvimento do campo, e seria sua missão “libertá-lo” 
e expandir seus limites. Ou seja, a intenção seria a de, em primeiro lugar, sugerir 
que o campo cresceria em reflexividade e riqueza se os distintos paradigmas pu-
dessem se reconhecer e eventualmente dialogar no processo de desenvolvimento 
científico e, em segundo lugar, desvendar caminhos metateóricospouco explora-
dos e promissores, além do funcionalismo dominante, especialmente os referen-
ciais críticos e interpretativos.
O segundo elemento apresentado pelo texto de Morgan é sua conceituação da 
visão metafórica da teoria organizacional e da realidade organizacional, que foi di-
vulgada no Brasil pela publicação, em 1996, do livro Imagens da organização (Edi-
tora Atlas). Em função da ampla divulgação deste segundo elemento, ele não será 
aqui comentado. Vale, entretanto, registrar que: (a) ambos os elementos originam-
se do mesmo trabalho de Morgan com Burrell, seu professor em Lancaster; (b) a 
discussão sobre metáforas que Morgan inicia nesse artigo em 1980 é um esforço 
de refinamento e aprofundamento do criticado conceito de “analogia” utilizado 
no livro de 1979 (McCourt, 1997; Oswick; Keenoy; Grant, 2002); (c) o trabalho 
marca também um afastamento entre mestre e aluno – enquanto Morgan focali-
za a análise metafórica, aprofundando e popularizando seu trabalho com Burrell 
(Palmer e Dunford, 1996), este último segue um caminho de busca e exploração 
de rumos alternativos aos próprios quatro paradigmas, divulgando e patrocinando 
o movimento pós-modernista em análise organizacional (Burrell, 1996; Cooper; 
Burrell, 1988) e a corrente feminista em organizações (Burrell, 1984); e (d) o ca-
minho que Morgan iniciou guindou-o à condição de superstar na análise organiza-
cional (especialmente fora dos EUA), levou-o cada vez mais a legitimar o conceito 
de metáforas organizacionais e, ao menos nos últimos dez anos, conduziu-o a uma 
carreira de palestrante e consultor internacional (para observar a vida e a traje-
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8 Teoria das Organizações • Caldas e Bertero
tória intelectual de Morgan, veja, entre outros, <www.schulich.yorku.ca e www.
imaginiz.com>).
De qualquer forma, o impacto do trabalho de Burrell e Morgan no campo é 
inquestionável, em grande parte pelo artigo de 1980 e por sua seqüência (Mor-
gan, 1983). nos últimos 25 anos, Burrell e Morgan tiverem um papel crucial: 
primeiro, na popularização e crescente aceitação de tradições teóricas críticas e 
interpretativas na teoria organizacional; e, segundo, na promoção de diálogos in-
terparadigmáticos, dos quais o texto de Lewis e Grimes, também aqui traduzido, 
irá se ocupar extensivamente. 
no Brasil, a popularização do conceito de paradigmas de Burrell e Morgan 
na década de 1980, bem como do trabalho de Morgan sobre metáforas durante 
os anos 1990, foi crucial na popularização e legitimação de perspectivas críticas 
em organizações. Trabalhos hoje clássicos no Brasil (e.g., Machado-da-Silva et al., 
1990) usaram os quatro paradigmas para analisar a produção científica, o que 
desde então foi reproduzido como protocolo de análise, quase sempre evidencian-
do a preocupante hegemonia do funcionalismo na teoria organizacional que se 
faz e se reproduz no Brasil, e promovendo a diversidade paradigmática na direção 
de outros referenciais. O uso de Burrell e Morgan para a formação de mestres e 
doutores foi intensivo, especialmente entre meados da década de 1980 e meados 
da década de 1990, pelas mãos de professores tais como Fernando C. Prestes Mot-
ta, Carlos Osmar Bertero, Maria Tereza Fleury, Sylvia Vergara, Clóvis Machado-
da-Silva, Roberto Fachin e Tânia Fischer, entre muitos outros.
Paradoxalmente, a partir de meados da década de 1990, talvez pela divulga-
ção do livro Imagens da organização, o trabalho de Burrell e Morgan cai drastica-
mente de uso. Por exemplo, entre 1997 e 2002, dentre as quase 50 mil citações 
registradas em todos os trabalhos publicados nos Enanpads, apenas 14 são feitas 
ao livro de Burrell e Morgan, de 1979. no mesmo período, Morgan é citado qua-
se 200 vezes (um terço delas na área de organizações), dois terços das quais são 
citações ao livro Imagens da organização. Ou seja, a redução do uso desse impor-
tante trabalho, que o livro de Morgan não substitui em nenhuma medida, faz de 
“Paradigmas sociológicos e análise organizacional” um dos textos mais influen-
tes, porém menos efetivamente lidos, da teoria organizacional. Desejamos que 
a disponibilização desse artigo de Morgan abra novamente caminho para a sua 
utilização no Brasil.
Por outro lado, o trabalho de Burrell e Morgan também passou a ser critica-
do. De acordo com alguns críticos, o modelo de paradigmas simultâneos que Bur-
rell e Morgan propuseram catalisou a proliferação de perspectivas concorrentes, 
ou ao menos sua popularização e aceitação no campo. Além disso, também gerou 
polarização e segregação. Assim, ao evidenciar diferenças elementares, Burrell e 
Morgan promoveram a segregação das perspectivas. 
Muitos críticos (veja revisão, por exemplo, em McCourt, 1997; Oswick; Kee-
noy; Grant, 2002) apontaram a excessiva ortodoxia da chamada “incomensura-
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Paradigmas em estudos organizacionais: uma introdução à série 9
bilidade paradigmática” e o banimento do diálogo e o crescimento interparadig-
mático com conseqüências negativas do trabalho de Burrell e Morgan. Morgan 
respondeu a essa polêmica aprofundando a discussão de analogias e metáforas 
e advogando a maximização da reflexividade e da capacidade analítica que tal 
abordagem geraria, tanto para pesquisadores quanto para profissionais (Mor-
gan, 1996). Por sua vez, Burrell (1996) reagiu a Morgan, criticando a excessiva 
promiscuidade paradigmática e sugerindo que Morgan poderia estar dando a 
falsa impressão de que paradigmas e modelos metateóricos são intercambiáveis 
como produtos em prateleiras de supermercados. Outros teóricos argumenta-
ram que a proliferação paradigmática promoveu a “anarquia” no campo, que 
deveria ater-se a um paradigma dominante, em geral aquele relacionado ao 
postulante (por exemplo, veja Donaldson, 1985) ou por ele escolhido (Pfeffer, 
1993).
nesta primeira edição da série, selecionamos também o instigante texto 
de Lewis e Grimes, publicado em 1999 na prestigiosa Academy of Management 
 Review, para exemplificar a corrente que defende o diálogo e co-desenvolvimen-
to interparadigmático e que procura desenvolver pesquisa e gerar conhecimento 
por meio da oposição sistemática e proposital de perspectivas opostas. 
O texto é bem construído e atualizado. Além disso, oferece recursos impor-
tantes ao pesquisador. Em primeiro lugar, o texto registra a produção dos pesqui-
sadores “multiparadigmáticos” e “interparadigmáticos”, incluindo vários tipos e 
formas de manifestação dessas abordagens. Acredito que, como eu, o leitor que 
já admirava ou aplicava abordagens interparadigmáticas irá achar curiosa e re-
levadora a sua desconstrução na tipologia de aplicações levada a cabo pelos au-
tores. Em segundo lugar, o trabalho tem grande mérito também pela prescrição 
estruturada da abordagem de pesquisa interparadigmática, denominada “meta-
triangulação”, uma técnica que eles revisam e ampliam nesse artigo. Em terceiro 
lugar, cabe registrar que o texto tem grande valor também para leitores não aca-
dêmicos, ou leitores acadêmicos mais próximos da prática gerencial, pois traz um 
exemplo de aplicação da técnica de metatriangulação a um caso de tecnologia 
avançada de produção. Lewis e Grimes revêem e ampliam significativamente o 
trabalho de Burrell e Morgan 20 anos após a publicação do livro que popularizou 
a categorização paradigmática em estudos organizacionais. 
Estimo que o leitor – seja para sua própria formação ou desenvolvimento, 
seja para o seu uso em pesquisa ou no ensino – verá grande utilidade nestas 
duas obras.
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Introdução1
Para o filho de um camponês que cresceu dentro das estreitas fronteiras 
de seu vilarejo e que passa a vida toda no lugar em que nasceu, o modo 
de pensar e de falar característico desse vilarejo é algo que ele tem como 
inteiramente dado e certo. Mas para o rapaz da zona rural que vai para a 
cidade e gradualmente se adapta à vida urbana, o modo de viver e de pen-
sar do campo deixa de ser algo tido como dado e seguro. Ele ganhou um 
certo “distanciamento” desse modo de vida e consegue fazer agora uma 
distinção, talvez bastante consciente, entre as idéias e os modos de pensar 
“rurais” e “urbanos”. nesse tipo de distinção repousa o início da aborda-
gem que a sociologia do conhecimento procura desenvolver com todos os 
detalhes. Aquilo que, dentro de um certo grupo, é aceito como absoluto 
parece, para quem está fora, condicionado pela situação do grupo e reco-
nhecido como algo parcial (nesse caso, “rural”). Esse tipo de conhecimento 
pressupõe uma perspectiva mais imparcial (Mannheim, 1936). 
Mannheim utiliza esse exemplo de urbanização de um jovem camponês como 
um meio para ilustrar como os modos de pensar sobre o mundo são mediados 
* Artigo originalmente publicado sob o título “Paradigms, metaphors, and puzzle solving in organiza-
tion theory”, por Gareth Morgan, na revista Administrative Science Quarterly, v. 25, n. 4, p. 605-622, 
1980. Publicado com autorização da Johnson Graduate School of Management, Cornell University. 
© Johnson Graduate School of Management, Cornell University. <www.johnson.cornell.edu/ASQ>.
2
Paradigmas, metáforas e 
resolução de quebra-cabeças na 
teoria das organizações*
Gareth Morgan
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Paradigmas, metáforas e resolução de quebra-cabeças na teoria das organizações 13
pelo ambiente social e como a aquisição de novos modos de pensar depende de 
um afastamento da antiga visão de mundo. O exemplo é um ponto de partida 
bem adequado para uma análise da teoria das organizações que procura exami-
nar como os teóricos de organizações tentam compreender seu objeto de estudo e 
também como eles podem lograr um certo distanciamento do modo ortodoxo de 
vê-lo. Os teóricos de organizações, assim como os cientistas de outras disciplinas, 
com freqüência abordam seu objeto de estudo a partir de um marco de referência 
baseado em pressuposições inquestionáveis. na medida em que esses pressupos-
tos são afirmados e reafirmados de forma contínua pelos cientistas da área e por 
outros com os quais os teóricos de organizações interagem, eles podem ficar sem 
questionamento, como também fora e além da percepção consciente. nesse sen-
tido, a visão de mundo ortodoxa pode vir a assumir o status de real, corriqueira 
e inquestionável, como a visão de mundo do jovem camponês de Mannheim que 
permaneceu em casa. A natureza parcial e auto-sustentadora da ortodoxia so-
mente se torna evidente na medida em que o teórico explicita as pressuposições 
básicas, que desafiam os modos alternativos de visão, e começa a apreciar essas 
alternativas em seus próprios termos. 
Paradigmas, metáforas e resolução de quebra-cabeças
Para compreender a natureza da ortodoxia, na teoria das organizações, deve-
se entender a relação entre os modos específicos de teorização e pesquisa e as vi-
sões de mundo que eles refletem. Será útil começar com o conceito de paradigma 
popularizado por Kuhn (1962), apesar de este conceito ter sido exposto a uma 
ampla e confusa variedade de interpretações (Morgan, 1979). O que se deve, em 
parte, ao próprio Kuhn ter usado o conceito de paradigma pelo menos de 21 mo-
dos distintos (Masterman, 1970) e consistentes com três sentidos amplos do ter-
mo: (1) como um modo de ver, ou visão cabal de realidade; (2) como referência 
à organizaçãosocial da ciência, em termos de escolas de pensamento associadas 
a tipos particulares de realizações científicas; e (3) como referência ao uso con-
creto de tipos específicos de ferramentas e textos para o processo de resolução de 
quebra-cabeças científicos (veja Figura 1).
é provável que uma das implicações mais importantes do trabalho de Kuhn 
provenha da identificação dos paradigmas como realidades alternativas; e o uso 
indiscriminado do conceito de paradigma de maneira diversa tende a mascarar 
esse insight básico. O termo paradigma é, portanto, utilizado aqui em seu sen-
tido metateórico ou filosófico, para denotar uma visão implícita ou explícita da 
realidade. Toda análise adequada do papel dos paradigmas na teoria social deve 
desvendar as pressuposições centrais que caracterizam e definem uma visão de 
mundo, de modo que se torne possível apreender o que há de comum nas pers-
pectivas dos teóricos, cujos trabalhos poderiam, em caso contrário, num nível 
mais superficial, parecer distintos e de alcance amplo.1
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14 Teoria das Organizações • Caldas e Bertero
Toda visão de mundo, ou paradigma metateórico, pode incluir diversas esco-
las de pensamento, que com freqüência constituem diferentes maneiras de abor-
dar e estudar uma realidade compartilhada, ou visão de mundo (o nível de metá-
fora, na Figura 1). Argumentar-se-á neste artigo que, na ciência social, as escolas 
de pensamento – aquelas comunidades de teóricos que subscrevem a perspecti-
vas relativamente coerentes – se baseiam na aceitação e no uso de diferentes ti-
pos de metáfora como base para investigação. 
no nível de análise da resolução de quebra-cabeças (Figura 1), é possível 
identificar muitos tipos de atividade de pesquisa que procuram operacionalizar 
as implicações específicas da metáfora que define uma certa escola de pensa-
mento. nesse nível de análise detalhada, muitos textos, modelos e instrumentos 
específicos de pesquisa competem pela atenção dos teóricos, e grande parte da 
pesquisa e do debate nas ciências sociais está focada nesse nível. Isso inclui o que 
Kuhn (1962) descreveu como “ciência normal”. na teoria das organizações, por 
exemplo, o livro de Thompson Organizations in action (1967) serviu de modelo 
e ponto de partida fundamental para os teóricos interessados em teoria contin-
gencial, que desenvolve insights gerados pela metáfora do organismo (Burrell e 
Morgan, 1979). As numerosas proposições apresentadas no livro de Thompson 
geraram uma grande quantidade de pesquisas voltadas para a resolução de que-
bra-cabeças, em que as pressuposições metafóricas subjacentes ao modelo de 
Thompson foram consideradas seguras e inquestionáveis como uma maneira de 
compreender as organizações. 
Ao apreciar como as atividades específicas de resolução de quebra-cabeças 
estão relacionadas com as metáforas preferidas que, por sua vez, estão de acordo 
com uma visão preferencial da realidade, o teórico pode perceber com muito mais 
consciência o papel que exerce em relação à construção social do conhecimento 
científico. Como no caso do jovem camponês “urbanizado” de Mannheim, uma 
Figura 1 Paradigmas, metáforas e a resolução de quebra-cabeças: três conceitos para 
se compreender a natureza e a organização da ciência social.
Paradigmas
Realidades alternativas
Metáforas
Bases das escolas de pensamento
Atividades de resolução de quebra-cabeças
Baseadas em ferramentas e textos específicos
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Paradigmas, metáforas e resolução de quebra-cabeças na teoria das organizações 1�
perspectiva cosmopolita sobre teorização depende de o teórico deixar, em algum 
momento, a comunidade dos praticantes com os quais se sente confortável, a fim 
de avaliar os domínios da teorização definidos por outros paradigmas e a varieda-
de de metáforas e métodos pelos quais se pode conduzir a teoria e a pesquisa. 
Paradigmas como realidades alternativas
O papel dos paradigmas, como visões da realidade social, foi recentemen-
te explorado em detalhe por Burrell e Morgan (1979), que argumentaram que 
a teoria social em geral e a teoria das organizações em particular poderiam ser 
utilmente analisadas em termos de quatro amplas visões de mundo, que são re-
presentadas em diferentes conjuntos de pressuposições metateóricas sobre a na-
tureza da ciência, a dimensão subjetiva-objetiva, e a natureza da sociedade, a di-
mensão da mudança por regulação ou por via radical (Figura 2). Cada um desses 
quatro paradigmas – funcionalista, interpretativista, humanista radical e estrutu-
ralista radical – representa uma rede de escolas de pensamento inter-relaciona-
das, diferenciadas em abordagem e perspectiva, mas que compartilham pressu-
postos fundamentais sobre a natureza da realidade de que tratam. 
Paradigma humanista 
radical
Teoria antiorganização
Paradigma estruturalista 
radical
Teoria organizacional radical
Paradigma interpretativista
Hermenêutica, 
etnometodologia e 
interacionismo simbólico 
fenomenológico
Paradigma funcionalista
Pluralismo
Estrutura 
de referência 
da ação
Teoria 
dos sistemas 
sociais
Behaviorismo, 
determinismo 
e empiricismo 
abstrato
SOCIOLOGIA DA MUDANÇA RADICAL
SUBJETIVO OBJETIVO
SOCIOLOGIA 
DA REGULAÇÃO
Prisão psíquica
Realização e 
produção de 
sentido
Jogos de 
linguagem
Texto
Cultura Teatro
Sistema 
político
Sistema frouxamente 
acoplado
Sistema 
cibernético
Ecologia 
populacional
Organismo
Máquina
Catástrofe
Fragmentação
Instrumento 
de dominação
Figura 2 Paradigmas, metáforas e escolas relacionadas de análise organizacional.
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O paradigma funcionalista se baseia na pressuposição de que a sociedade 
tem existência concreta e real e um caráter sistêmico orientado para produzir um 
estado de coisas ordenado e regulado. Ele estimula uma abordagem para a teoria 
social que focaliza o entendimento do papel dos seres humanos na sociedade. O 
comportamento é sempre visto como algo que está contextualmente atado a um 
mundo real de relacionamentos sociais concretos e tangíveis. Os pressupostos 
ontológicos estimulam a crença na possibilidade de uma ciência social objetiva 
e isenta de conotações de valor, em que o cientista se distancia da cena que ele 
ou ela está analisando com o rigor e a técnica do método científico. A perspec-
tiva funcionalista é fundamentalmente reguladora e prática, em sua orientação 
básica, e está interessada em compreender a sociedade de maneira que produza 
conhecimento empírico útil. 
O paradigma interpretativista, por outro lado, se baseia na visão de que o 
mundo social possui uma situação ontológica duvidosa e de que o que passa por 
realidade social não existe em sentido concreto, mas é produto da experiência 
subjetiva e intersubjetiva dos indivíduos. A sociedade é entendida a partir do 
ponto de vista do participante em ação, em vez do observador. O teórico social 
interpretativista tenta compreender o processo pelo qual as múltiplas realidades 
compartilhadas surgem, se sustentam e se modificam. Da mesma forma que a 
abordagem funcionalista, a interpretativista se baseia na pressuposição e na cren-
ça de que há uma ordem e um padrão implícito no mundo social; no entanto, o 
teórico interpretativista vê a tentativa do funcionalista de estabelecer uma ciên-
cia social objetiva como um fim inatingível. A ciência é considerada uma rede de 
jogos de linguagem, baseada em grupos de conceitos e regras subjetivamente de-
terminados, que os praticantes da ciência inventam e seguem. Vê-se que a situa-
ção do conhecimento científico é, portanto, tão problemática quanto o conheci-
mento do senso comum da vida diária. 
O paradigma humanista radical, como o paradigma interpretativista, enfatiza 
como a realidade é socialmente criada e socialmente sustentada, mas vincula sua 
análise ao interesse em alguma coisa que pode ser descrita comouma patologia 
da consciência, pela qual os seres humanos se aprisionam dentro de fronteiras 
da realidade que eles mesmos criam e sustentam. Essa perspectiva se baseia na 
visão de que o processo de criação da realidade pode ser influenciado por proces-
sos psíquicos e sociais que canalizam, restringem e controlam as mentes dos seres 
humanos de maneira a aliená-los em relação às potencialidades inerentes à sua 
verdadeira natureza de humanos. A crítica contemporânea do humanismo radi-
cal enfoca os aspectos alienadores dos vários modos de pensamento e ação que 
caracterizam a vida nas sociedades industriais. Vê-se, por exemplo, o capitalismo 
como algo essencialmente totalitário, a idéia da acumulação de capital como algo 
que modela a natureza do trabalho, da tecnologia, da racionalidade, da lógica, 
da ciência, dos papéis, da linguagem, que mistifica conceitos ideológicos como 
escassez, lazer, e assim por diante. Os conceitos que o teórico funcionalista pode 
considerar como blocos de construção da ordem social e da liberdade humana 
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Paradigmas, metáforas e resolução de quebra-cabeças na teoria das organizações 17
são, para o humanista radical, modos de dominação ideológica. O humanista ra-
dical está interessado em descobrir como as pessoas podem associar pensamento 
e ação (práxis) como um meio para transcender sua alienação.
A realidade definida pelo paradigma estruturalista radical, assim como a do 
humanista radical, fundamenta-se na visão de que a sociedade é uma força po-
tencialmente dominadora. no entanto, ela está vinculada a uma concepção mate-
rialista do mundo social, definida por estruturas sólidas, concretas e ontologica-
mente reais. Vê-se a realidade como uma coisa que existe por si própria, de uma 
forma independente de como é percebida e reafirmada pelas pessoas em suas 
atividades do dia-a-dia. Vê-se essa realidade como algo que se caracteriza por 
tensões e contradições intrínsecas entre elementos antagônicos, o que, inevitavel-
mente, leva a uma mudança radical no sistema como um todo. O estruturalista 
radical está interessado em compreender essas tensões intrínsecas e a maneira 
como os detentores do poder na sociedade procuram controlá-las por meio de 
vários modos de dominação. Põe-se a ênfase sobre a importância da práxis como 
meio de transcender esta dominação.
Cada um desses quatro paradigmas define os fundamentos dos modos anta-
gônicos de análise social e tem implicações radicalmente diferentes para o estudo 
das organizações. 
Status epistemológico da metáfora
Os seres humanos estão constantemente tentando formular concepções so-
bre o mundo e, como argumentaram Cassirer (1946, 1955) e outros, o fazem em 
termos simbólicos, tentando tornar o mundo concreto, dando-lhe uma forma. Por 
meio da linguagem, da ciência, da arte e dos mitos, por exemplo, os seres huma-
nos estruturam seu mundo de maneira tal que ela faça sentido para eles. Essas 
tentativas de objetificar a realidade incorporam intenções subjetivas aos signi-
ficados que sustentam os construtos simbólicos utilizados. O conhecimento e a 
compreensão do mundo não são dados aos seres humanos por eventos externos; 
os humanos tentam objetificar o mundo por meio de processos essencialmente 
subjetivos. Como enfatizou Cassirer, todos os modos de compreensão simbólica 
possuem essa qualidade. Palavras, nomes, conceitos, idéias, fatos, observações 
etc. não denotam tanto “coisas” externas quanto concepções de coisas, ativadas 
na mente por uma forma seletiva e significativa de observar o mundo, que po-
dem ser compartilhadas com os outros. Elas não devem ser vistas como uma re-
presentação da realidade que “está lá fora”, mas como ferramentas para captar 
e lidar com o que se percebe que “está lá fora”. nesse aspecto, o cientista, como 
os outros na vida cotidiana, recorre a construtos simbólicos para estabelecer re-
lações concretas entre o mundo subjetivo e o objetivo, num processo que capta 
apenas uma pálida e breve visão de ambos. A ciência, como os outros modos de 
atividade simbólica, é construída com base no uso de ferramentas epistemológi-
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cas imperfeitas, abrigando o que Cassirer (1946) descreveu como “a maldição da 
mediação” e propiciando o que Whitehead (1925) descreveu como “ficções úteis” 
para lidar com o mundo. 
Para se compreender de que maneira se constrói a teoria científica como uma 
forma simbólica, deve-se prestar atenção ao papel da metáfora, pois o processo 
de concepção metafórica é um modo básico de simbolismo, central para o modo 
como os humanos modelam sua experiência e seu conhecimento do mundo em 
que vivem. A metáfora é com freqüência considerada não mais que um artifício 
literário e descritivo para efeitos decorativos; mas ela é, fundamentalmente, uma 
forma criativa que produz seu efeito pela intersecção ou sobreposição de ima-
gens. A metáfora atua por meio de afirmações de que o objeto A é ou se asseme-
lha a B, em que os processos de comparação, substituição e interação entre as 
imagens de A e B atuam como geradores de um novo sentido (Black, 1962). 
Demonstrou-se que a metáfora exerce uma influência importante sobre o de-
senvolvimento da linguagem (Muller, 1871); enquanto o sentido muda de uma 
situação para outra, novas palavras e novos sentidos, criados como sentidos de 
referência, são utilizados metaforicamente para captar novas aplicações. Isso é 
bem ilustrado, por exemplo, na história da palavra organização. O Oxford English 
Dictionary indica que, antes de 1873, o termo organização era usado principal-
mente para descrever a ação de organizar ou o estado de estar organizado, par-
ticularmente em sentido biológico. Em 1816, o termo foi utilizado para ordenar 
e coordenar as partes em um todo sistêmico. Por volta de 1873, Herbert Spencer 
usou o termo para se referir a “um corpo, sistema ou sociedade organizados”. O 
estado de ser organizado em sentido biológico constituiu a base da metáfora da 
ação de criar arranjos ou de coordenar, em sentido geral, como também da me-
táfora do corpo, sistema ou sociedade, em sentido geral. O uso do termo organi-
zação para descrever uma instituição social é razoavelmente moderno e cria um 
novo significado pela extensão metafórica dos sentidos antigos. 
Mostrou-se também que a metáfora exerce um papel importante no uso da 
linguagem, no desenvolvimento cognitivo e na maneira geral pela qual os seres 
humanos formam concepções sobre suas realidades (Burke, 1945, 1954; Jakob-
son e Halle, 1956; Ortony, 1979). Deu-se atenção considerável ao papel exercido 
pela metáfora no desenvolvimento da ciência e do pensamento social (Berggren, 
1962, 1963; Black, 1962; Schön, 1963; Hesse, 1966), e Brown (1977) fez uma 
análise da influência da metáfora sobre a sociologia. 
O trabalho de pesquisa desses diferentes teóricos contribui para uma visão 
da investigação científica como um processo criativo em que os cientistas vêem 
o mundo metaforicamente, por meio da linguagem e dos conceitos que filtram e 
estruturam suas percepções de seus objetos de estudo e por meio das metáforas 
que eles implícita ou explicitamente escolhem para desenvolver seus modelos de 
análise. é a esta última utilização das metáforas que se volta o foco de atenção 
deste artigo, com vistas a mostrar como as escolas de pensamento dedicadas à 
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Paradigmas, metáforas e resolução de quebra-cabeças na teoria das organizações 19
teoria das organizações se baseiam em insights associados a diferentes metáforas 
para o estudo das organizações e como a lógica da metáfora possui importantes 
implicações para o processo de construção teórica. 
A utilização da metáfora serve para gerar uma imagem para o estudo de um 
objeto. Essa imagem pode prover o fundamento para a pesquisa científica deta-
lhada que se baseia em tentativas de descobrir até que pontoas características da 
metáfora são encontradas no objeto de investigação. Grande parte da atividade 
de resolução de quebra-cabeças da ciência normal é desse tipo, com os cientis-
tas tentando examinar, operacionalizar e mensurar as implicações minuciosas do 
insight metafórico sobre o qual suas pesquisas implícita ou explicitamente se ba-
seiam. Esta limitação da atenção cobra muito de um comprometimento prévio e 
algo irracional para com a imagem do objeto de investigação, já que todo insight 
metafórico proporciona uma visão apenas parcial e unilateral do fenômeno ao 
qual ele se aplica. 
O potencial criativo da metáfora depende de que haja algum grau de dife-
rença entre os objetos envolvidos no processo metafórico. Por exemplo, um bo-
xeador pode ser descrito como “um tigre no ringue”. Ao escolher o termo tigre, 
evocamos impressões específicas de um animal feroz que, ora e ao mesmo tem-
po, se move com graça, dissimulação, poder, força e velocidade, ao encalço de 
sua presa. Por implicação, a metáfora sugere que o boxeador possui essas quali-
dades, ao lutar com seu adversário. O uso dessa metáfora requer que se ignore a 
pele de listras alaranjadas e pretas do tigre, as quatro patas, as garras, os dentes 
caninos e o rugido ensurdecedor, em favor de uma ênfase sobre as característi-
cas que o boxeador e o tigre têm em comum. A metáfora, portanto, se baseia so-
mente numa verdade parcial; ela requer da pessoa que a utiliza uma abstração 
algo unilateral, em que certas características sejam enfatizadas e outras sejam 
suprimidas, numa comparação seletiva. A Figura 3 ilustra o significado crucial 
da diferença numa metáfora. Se os dois objetos são percebidos como totalmente 
distintos, por exemplo, boxeador e panela (Figura 3a), ou são vistos como quase 
idênticos, por exemplo, boxeador e homem (Figura 3c), o processo metafórico 
produz um imaginário fraco ou sem sentido. O uso mais poderoso da metáfora 
surge nos exemplos tipificados na Figura 3b, em que as diferenças entre os dois 
fenômenos são percebidas como significativas, mas não totais. A metáfora é uma 
forma de expressão criativa que confia na falsidade construtiva como meio para 
liberar a imaginação. 
A lógica das metáforas possui, portanto, implicações importantes para a teo-
ria das organizações, pois sugere que nenhuma metáfora pode captar toda a natu-
reza da vida organizacional. Em vez da tentativa de forjar uma síntese sobre bases 
limitadas, emerge como meta apropriada um pluralismo teórico consciente e de 
alcance amplo. Metáforas diferentes podem constituir e captar a natureza da vida 
organizacional de maneiras diferentes, cada uma gerando tipos de insight pode-
rosos, distintos, mas essencialmente parciais. Aqui, a lógica sugere que se podem 
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usar novas metáforas para criar novas maneiras de ver as organizações, que supe-
rem as fraquezas e os pontos cegos das metáforas tradicionais, oferecendo aborda-
gens suplementares ou até contraditórias para a análise organizacional. 
Figura 3 Papel da diferença na metáfora.
Reconhecer que a teoria das organizações é metafórica é reconhecer que ela 
é um empreendimento essencialmente subjetivo, interessado em produzir análi-
ses parciais da vida organizacional, o que tem conseqüências importantes, pois 
estimula um espírito de investigação crítica e uma precaução contra um compro-
metimento excessivo com pontos de vista favorecidos. As abordagens tradicionais 
de análise organizacional, com freqüência, se baseiam em conceitos e métodos 
bem testados, que são considerados axiomáticos, no que concerne à compreen-
são da organização. nessa situação, perde-se de vista a natureza metafórica da 
imagem que gerou esses conceitos e o processo de análise organizacional se torna 
excessivamente concreto, na medida em que os teóricos e os pesquisadores tra-
tam os conceitos como descrições da realidade. Retornando à ilustração anterior, 
o boxeador é tratado como um tigre e é sobre a “natureza do tigre” que se põe 
o foco da teoria e da pesquisa, muitas vezes em prejuízo de todo o resto. Esta 
perspectiva resulta num enclausuramento prematuro do pensamento e também 
da investigação. As escolas de teóricos comprometidos com abordagens e con-
ceitos particulares, com freqüência, consideram que as perspectivas alternativas 
estão desorientadas ou representam ameaças à natureza de seu empreendimento 
básico. As abordagens, as técnicas, os conceitos e as descobertas que essas pers-
pectivas alternativas geram são, muitas vezes, interpretadas e avaliadas de ma-
neira não apropriada, com grande perda de valor significativo. O que se segue, 
com freqüência, são mal-entendidos, hostilidade ou indiferença calculada, com o 
efeito de dificultar ou impossibilitar debates abertos e construtivos. A consciência 
da natureza metafórica da teoria pode ajudar a romper a compartimentalização 
falsa e restritiva da investigação e do entendimento que caracteriza a moderna 
teoria das organizações. Para compreender qualquer fenômeno organizacional, 
devem-se entreter muitos insights metafóricos diferentes. 
O status metafórico da teorização científica também tem implicações impor-
tantes para o modo pelo qual se pode conduzir a pesquisa, estimulando uma am-
pliação de perspectiva e flexibilidade de abordagem. Ao quebrar a divisão rígida 
entre o que constitui arte e ciência, a consciência do status epistemológico da me-
X Y
(a)
X Y
(b)
X Y
(c)
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Paradigmas, metáforas e resolução de quebra-cabeças na teoria das organizações 21
táfora sensibiliza os cientistas para a idéia de que as disciplinas não científicas po-
dem conter insights, abordagens e métodos de investigação relevantes e capazes 
de contribuir para a análise organizacional (Brown, 1977). A consciência de que, 
em sua pesquisa específica, os cientistas em geral estão tentando operacionalizar 
uma metáfora serve como uma influência sensata para o comprometimento com 
a pesquisa empírica e a resolução de quebra-cabeças como um fim em si mesmo. 
Esta consciência enfatiza a necessidade de se lograr um firme entendimento dos 
elos que existem entre teoria e método e a extensão das abordagens metodológicas 
para investigar diferentes pontos de vistas metafóricos (Morgan; Smircich, 1980).
A metáfora na teoria das organizações
na teoria das organizações, a visão ortodoxa baseou-se de forma predomi-
nante nas metáforas da máquina e do organismo. A metáfora da máquina alicerça 
as obras dos teóricos clássicos da Administração (Taylor, 1911; Fayol, 1949) e a 
especificação weberiana de burocracia como tipo ideal (Weber, 1946). Embora as 
concepções que fundamentam o trabalho de teóricos tão distintos tivessem a in-
tenção de servir a diferentes fins, isto é, à melhoria da eficiência na teoria clássica 
de Administração e à nossa compreensão da sociedade na teoria weberiana, as 
duas linhas de pensamento se fundiram para proporcionar as bases da moderna 
teoria organizacional. O imaginário mecânico é muito claro. As máquinas são con-
cebidas em termos racionais para realizar o trabalho, visando alcançar fins pré-es-
pecificados; a metáfora da máquina na teoria das organizações expressa esses fins 
como metas, e a relação entre meios e fins como uma racionalidade intencional. 
na realidade, os modelos mecânicos de organização foram descritos de diversas 
maneiras, na literatura da teoria das organizações, como “modelos de racionali-
dade” (Gouldner, 1973; Thompson, 1967) e “modelos de meta” (Georgiou, 1973; 
Etzioni, 1960). Os detalhes desses modelos de máquina são tirados de conceitos 
mecânicos. Por exemplo, eles dão importância crucial aos conceitos de estrutura 
e tecnologia na definição das características organizacionais. As máquinas são en-
tidades tecnológicas cujas relações entre os elementos constitutivos formam uma 
estrutura. na teoria organizacional clássica e burocrática, dá-se ênfaseprincipal-
mente à análise e ao modelo da estrutura formal de uma organização e sua tecno-
logia. De fato, essas teorias essencialmente constituem mapas de ação para esse 
modelo; elas procuram modelar as organizações como se elas fossem máquinas, 
e os seres humanos previstos para trabalhar dentro dessas estruturas mecânicas 
devem ser avaliados por suas habilidades instrumentais. A concepção tayloriana 
de homem econômico e o conceito weberiano de burocrata sem rosto ampliam os 
princípios da metáfora da máquina para definir a visão de natureza humana que 
melhor se ajusta à máquina organizacional. De fato, como sugere Weber, o modo 
burocrático de organização desenvolve mais perfeitamente esse modo de organi-
zação, na medida em que ele elimina dos negócios oficiais o amor, o ódio e todos 
os elementos puramente emocionais, irracionais e pessoais (Weber, 1946, p. 216). 
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22 Teoria das Organizações • Caldas e Bertero
Além do mais, o funcionamento de toda empresa burocrática é julgado em termos 
de sua eficiência, outro conceito que deriva da concepção mecânica de organiza-
ção como um instrumento para alcançar fins predeterminados. 
A outra metáfora central na teoria das organizações é a do organismo. O 
termo organismo veio a ser utilizado para se referir a qualquer sistema de par-
tes mutuamente interligadas e dependentes, constituídas para compartilhar uma 
vida comum, e focaliza sua atenção sobre a natureza das atividades da vida. Vê-
se o organismo, tipicamente, como uma combinação de elementos diferenciados, 
mas integrados, que tentam sobreviver no contexto de um ambiente mais amplo 
(Spencer, 1873, 1876-1896). São fortes e claras as ligações entre esta metáfora 
do organismo e grande parte da teoria contemporânea das organizações. A ênfa-
se principal da abordagem de sistemas abertos, por exemplo, é a estreita relação 
interativa entre a organização e o ambiente e como a vida ou a sobrevivência da 
organização depende de conseguir uma relação apropriada. Também se enfatiza 
a idéia de que a organização tem necessidades ou funções imperativas que de-
vem ser satisfeitas para que ela logre essa relação com o ambiente. Os estudos de 
Hawthorne (Roethlisberger e Dickson, 1939), as teorias funcionalistas estrutu-
rais de Selznick (1948) e Parsons (1951, 1956), a abordagem de sistemas socio-
técnicos (Trist e Bamforth, 1951), a abordagem de sistemas gerais (Katz; Kahn, 
1966) e grande parte da moderna teoria da contingência (Burns; Stalker, 1961; 
Lawrence; Lorsch, 1967) baseiam-se todos no desenvolvimento da metáfora do 
organismo. Enquanto na metáfora da máquina o conceito de organização é como 
uma estrutura um tanto estática e fechada, na metáfora do organismo o conceito 
de organização é como uma entidade viva, em constante fluxo e mutação, intera-
gindo com seu ambiente na tentativa de satisfazer a suas necessidades. A relação 
entre organização e meio-ambiente enfatizava que certos tipos de organização 
são mais capazes de sobreviver em certos ambientes do que outros. O foco sobre 
as necessidades e funções imperativas permitiu que os teóricos identificassem 
atividades essenciais à sustentação da vida. O imperativo de satisfazer às necessi-
dades psicológicas dos membros organizacionais (Trist; Bamforth, 1951; Argyris, 
1952, 1957) e de adotar os estilos gerenciais apropriados (McGregor, 1960; Li-
kert, 1967), a tecnologia (Woodward, 1965), os modos de diferenciação, integra-
ção e resolução de conflito (Lawrence; Lorsch, 1967) e os modos de escolha estra-
tégica e de controle (Child, 1972; Miles; Snow, 1978) foram todos incorporados 
à teoria contingencial contemporânea, que, em essência, leva as implicações da 
metáfora do organismo às suas conclusões lógicas, porque se vêem as organiza-
ções, a partir dessa perspectiva, não somente em termos da rede de relações que 
caracterizam a estrutura interna dos organismos, mas também em termos das re-
lações que existem entre a organização (organismo) e seu ambiente. 
A distinção entre máquina e organismo serviu de base para o continuum das 
formas organizacionais (Burns; Stalker, 1961) e influenciou muitas tentativas de 
mensurar as características organizacionais. Desde o final da década de 1960, por 
exemplo, a pesquisa sobre organizações foi dominada por tentativas de conduzir 
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Paradigmas, metáforas e resolução de quebra-cabeças na teoria das organizações 23
estudos empíricos detalhados sobre vários aspectos da abordagem contingencial, 
como indicam os volumes da revista Administrative Science Quarterly (ASQ) ao 
longo dos últimos dez anos. Apesar de esses estudos terem gerado numerosos 
insights, que informam nossa compreensão das organizações como máquinas ou 
organismos, deve-se reconhecer que o tipo de insights gerados é limitado pelas 
metáforas em que eles se baseiam. Recentemente, os teóricos organizacionais 
acabaram reconhecendo isso e se deram conta de que observar as organizações 
sob a ótica de novas metáforas torna possível entendê-las de novas maneiras. Po-
demos adicionar dimensões ricas e criativas à teoria das organizações, quando as 
vemos em termos sistemáticos como sistemas cibernéticos, sistemas frouxamen-
te acoplados, sistemas ecológicos, teatros, culturas, sistemas políticos, jogos de 
linguagem, textos, realizações, representações teatrais, prisões psíquicas, instru-
mentos de dominação, sistemas cismáticos etc.
A metáfora cibernética estimula os teóricos a ver as organizações como pa-
drões de informação e faz ver como os estados de equilíbrio homeostático podem 
ser sustentados por processos de aprendizagem baseados em feedback negativo. 
Alguns teóricos começaram a explorar as implicações dessa metáfora para a orga-
nização e a administração (Buckley, 1967; Hage, 1974; Argyris; Schön, 1978), e a 
cibernética passou então a ser amplamente usada como uma técnica para melho-
rar os sistemas de controle organizacional (Lawler; Rhode, 1976). A metáfora de 
sistema frouxamente acoplado, introduzida na teoria das organizações por Weick 
(1974, 1976), tenta especificamente se contrapor às pressuposições implícitas nas 
metáforas da máquina e do organismo de que as organizações são sistemas preci-
sos, eficientes e bem coordenados. A metáfora da ecologia populacional (Hannan; 
Freeman, 1977) revela a importância de focalizar a competição e a seleção nas 
populações de organizações, em vez da adaptação das organizações ao ambien-
te. A metáfora do teatro mostra como os membros das organizações são, essen-
cialmente, atores humanos que se engajam em vários papéis e outras performan-
ces oficiais e não oficiais (Goffman, 1959, 1961). A metáfora da cultura chama a 
atenção para os aspectos simbólicos da vida organizacional e para o modo como 
a linguagem, os rituais, as histórias, os mitos etc. corporificam redes de significa-
do subjetivo que são cruciais para compreender como as realidades organizacio-
nais são criadas e sustentadas (Turner, 1971; Pondy; Mitroff, 1979). A metáfora 
do sistema político enfoca os conflitos de interesse e o papel do poder nas organi-
zações (Crozier, 1964; Pettigrew, 1973; Pfeffer; Salancik, 1978). 
Essas metáforas criam meios para enxergar as organizações e seu funcionamen-
to de modo que as metáforas da máquina e do organismo não conseguem fazer. 
no entanto, todas elas podem ser utilizadas de maneira funcionalista, gerando 
modos de teorização baseados na pressuposição de que a realidade da vida orga-
nizacional se ampara numa rede de relações ontologicamente reais, que são mais 
ou menos ordenadas e coesas. Como conseqüência, elas podem simplesmente 
desenvolver diferentes abordagens para o estudo de um paradigma comum. As 
metáforas da cibernética, do sistema frouxamente acoplado e da ecologia popula-
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24 Teoria das Organizações • Caldas e Bertero
cional têm, todas elas, raízes nas ciências naturais e todas, de uma

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