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Autor
 Denilson Matos
Língua Portuguesa II: 
Morfologia I
2009
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www.iesde.com.br
M433 Matos, Denilson. / Língua Portuguesa II: Morfologia I /Denil-
son Matos. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009. 
168 p.
ISBN: 978-85-7638-799-2
1. Língua Portuguesa – Morfologia 2. Língua Portuguesa – For-
mação de palavras 3. Língua Portuguesa – Gramática. I. Título. 
CDD 469.5
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.
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Sumário
morfologia | 7
Conceito de morfologia | 8
Estudos lingüísticos | 9
Significação lexical e gramatical | 10
Formas livres, presas e dependentes | 11
Etimologia | 12
Dupla articulação da linguagem | 13
morfema | 19
Conceito de morfema | 19
Análise mórfica | 22
Tipos de morfema | 25
Estrutura das palavras I | 33
Estrutura das palavras | 34
Estrutura das palavras II | 45
Conceituação | 45
modo | 45
Pessoa | 47
Número | 47
Estruturas do verbo | 48
O acento tônico nos verbos | 55
Processo de formação de palavras I | 59
Afixos | 60
Derivação | 63
Processo de formação de palavras II | 71
Composição | 71
Outros tipos de processos | 73
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Criatividade lexical | 79
O que é? | 79
Neologismo | 81
Considerações finais | 88
Classes de palavras I | 93
Algumas informações essenciais | 93
Classes de palavras II | 107
Artigo | 107
O adjetivo | 110
Numeral | 114
Pronomes | 121
Pronome | 121
O pronome pode ser de seis espécies | 123
Colocação pronominal | 129
Locuções e interjeições | 133
Locuções | 133
Interjeição | 136
Narração | 141
Texto | 141
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Apresentação
Nesta etapa de nosso estudo, abordam-se as diversas partes que constituem 
o léxico de nossa língua preferencialmente aquelas que determinam a for-
mação e construção dos termos que a caracterizam e a identificam. Aqui, 
conheceremos os mecanismos de formação previstos no sistema da Língua 
Portuguesa, bem como aqueles que transcendem às expectativas do regis-
tro padrão.
Na mesma direção, iniciaremos o estudo das classes de palavras que re-
presenta, indubitavelmente, conteúdo capaz de determinar o sucesso do 
estudante diante da constituição e análise da frase e da oração em Língua 
Portuguesa, a saber: a sintaxe.
Desta feita, pretende-se apresentar, sob o amparo da gramática normativa, 
a língua enquanto sua formação, estrutura e classe de palavras. 
Mais especificamente, enquanto estudiosos da linguagem, devemos en-
tender que todo indivíduo que pretenda estudar uma língua, seja ela qual 
for, deve atentar para certas considerações que determinam e auxiliam o 
reconhecimento dessa língua. Assim, o estudo da forma é uma das possi-
bilidades de análise que traz à tona o entendimento de que as palavras se 
organizam não apenas numa frase, mas, também, internamente. Se por um 
lado, palavras quando combinadas podem constituir frases, textos, por ou-
tro, letras, morfemas, sílabas também podem formar palavras.
Portanto, é neste espírito que se busca entender os procedimentos lingüísti-
cos que participam e atuam efetivamente na morfologia das palavras.
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morfologia
Denilson Matos*
Seguindo o raciocínio do texto de apresentação, sugerimos o estudo da morfologia, que é exata-
mente aquela que vai conceber a língua sob um prisma formal, ou seja, a partir da forma da palavra.
Antes de apresentarmos os subsídios teóricos que formulam o conceito dessa parte da gramá-
tica, veja-se o texto a seguir que mostra o jogo com as palavras, feito pelo autor Augusto de Campos, 
observando mais pontualmente que a maestria do autor é percebida no jogo que faz com as partes das 
palavras, para construir novos sentidos.
Tensão
(A
ug
us
to
 d
e 
Ca
m
po
s,
 1
95
6)
Vale ressaltar que, por enquanto, o que se pretende demonstrar é a possibilidade de estudar 
as palavras pelas suas partes, já que estas podem, quando recombinadas, formar novos termos 
e novos sentidos. No caso do poema Tensão, o autor combina e recombina as sílabas e fonemas/
letras das palavras.
* mestre em estudos da linguagem (Língua Portuguesa e Lingüística) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). 
Especialista em Língua Portuguesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Bacharel e Licenciado em Letras (Português/Literatura) 
pela UERJ. 
com
som
con
tem
can
tem
ten
são
tam
bém
tom
bem
sem
som
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8 | Língua Portuguesa II: Morfologia I
Exemplo:
Com Tem Contém 
Som Bem Tensão 
Tom Sem Também 
Se na primeira coluna colocarmos, no lugar da letra [c], a letra [s] ou [t], veremos como resultado ou-
tras palavras. O mesmo na coluna da palavra “tem”, se colocarmos [b] ou [s]. Na terceira coluna, chamamos 
a atenção para a presença da sílaba “tem”/”ten” que participa na formulação de diferentes palavras. Isso 
comprova que toda palavra é formada por vários pedaços que se combinam.
Esta reflexão serve para fazermos a inferência de que o estudo da morfologia deve estar presente 
em nossas investidas lingüísticas, toda vez que se quiser tratar da forma da palavra.
Conceito de morfologia
Assim, pretende-se apresentar o âmbito dos estudos morfológicos, pode-se afirmar, segundo as 
propostas de Ernani Terra (1996), que ao analisarmos a maioria das palavras percebe-se que elas podem 
ser divididas em segmentos. Nessa direção, por exemplo, na palavra “bonitas”, sob a ótica da morfologia, 
devemos reconhecer a existência de dois grupos de unidades significativas: 
a) “bonita” 
b) “bonit-“, “-a”, e “-s” 
O primeiro grupo (a), representado pela palavra “bonita”, pode ser empregado como palavra iso-
lada e isto sempre trará um significado. Já o segundo grupo (b), “bonit-“, “-a”, e “-s”, nunca poderá reali-
zar-se, em Língua Portuguesa, como palavra provida de significado, destacada do restante da palavra, 
solta na frase ou descontextualizada. 
A esses segmentos mínimos (“bonit-“, “-a”, e “-s”) dá-se o nome de morfema. E a análise dessas par-
tes, chama-se análise mórfica, isto é, processo pelo qual se divide a palavra em seus elementos mórficos: 
unidades mínimas significativas.
Aqui a preocupação está em apresentar o estudo que se preocupa em analisar essas partes ou 
morfemas: a morfologia, que tem como objetivo precípuo, estudar a estrutura e a formação das pala-
vras de uma língua, a partir de suas partes constitutivas.
A própria palavra morfologia já nos conduz a uma análise de suas partes. Por exemplo, é possível 
separá-la em dois segmentos, são eles: 
“morf(o)” = forma
+
“logia”= estudo
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9|Morfologia
Diante dessadivisão, podemos concluir que:
A morfologia tem como objetivo estudar a estrutura e a formação das palavras de uma língua.
Desta feita, com o objetivo de apresentar o conteúdo, fez-se essa breve incursão sobre a morfo-
logia. Todavia, daremos início ao estudo morfológico das palavras da Língua Portuguesa através dos 
caminhos sinalizados pelos estudos da significação lexical e gramatical das palavras, a compreensão 
do que seriam as formas livres, presas e dependentes, a abordagem panorâmica sobre a etimologia e o 
estudo da dupla articulação da linguagem
Estudos lingüísticos
Segundo manoel Pinto Ribeiro (2003), as palavras da Língua Portuguesa podem ser subdivididas 
em vocábulos formais variáveis e invariáveis. Temos um vocábulo formal quando um segmento fônico 
se associa a uma significação lexical ou gramatical. 
Um dos aspectos do estudo dos vocábulos é o que procura verificar se ocorre uma variação (mas-
culino / feminino) ou flexão (singular / plural). Dessa forma, os vocábulos podem ser subdivididos em 
vocábulos formais variáveis e vocábulos formais invariáveis. 
Os vocábulos formais variáveis podem ser exemplificados pelas seguintes classes de palavras:
Substantivos (menino, meninas)1. 
Verbo (tenho, tenhas)2. 
Artigo (o, os, a, as)3. 
Adjetivo (lindo, lindas)4. 
Pronome (sua, suas)5. 
Numeral (um, umas, primeiro, primeiras)6. 
Já os vocábulos formais invariáveis são exemplificadas pelas seguintes classes de palavras:
Advérbio (1. mais cansada, não fiques com medo)
Preposição (a, de, desde, contra)2. 
Conjunção (e, mas)3. 
Interjeição (ah! hum!)4. 
Vale lembrar que não é necessário, por enquanto, preocupar-se com relação a tais classes, pois, 
passo a passo, desde o começo, entenderemos os aspectos morfológicos da língua através de uma 
abordagem que pretende, didaticamente, levá-los a conviverem com as questões da morfologia que 
podem ser analisadas em grupos básicos, a saber:
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10 | Língua Portuguesa II: Morfologia I
1 Estrutura de palavras.
2 Formação de palavras.
3 Classe de palavras.
Assim, juntos, construiremos os conceitos que nos permitirão transitar nas veredas da estrutura, 
formação e classe das palavras. Trataremos, inicialmente, da significação lexical e gramatical.
Significação lexical e gramatical
Segundo Celso Cunha & Lindley e Cintra (2001), quanto à natureza da significação, os morfemas 
classificam-se em lexicais ou gramaticais.
Por que falar de significação lexical e gramatical?
Primeiro ressaltamos que não se pode perder de vista que estamos tratando de palavra. Por isso, 
convém, antes de entender as suas partes constitutivas (estrutura) e a relação que há de umas com as 
outras (classes), compreender que há um significado latente em cada uma delas. Portanto, numa abor-
dagem morfológica, convém saber quais significados estão em jogo, ou seja:
o significado lexical;::::
o significado gramatical. ::::
Significação lexical
Os morfemas lexicais apresentam significação externa, porque fazem referência a fatos do mun-
do extralingüístico, aos símbolos básicos de tudo o que os falantes distinguem na realidade objetiva ou 
subjetiva.
Em casa, casebre, casinha, casarão, podemos verificar que cas- é o elemento vocabular que faz 
referência ao mundo extralingüístico, além de o radical ser a parte comum a todas as palavras. 
A significação dos radicais é chamada de lexical, dessa forma, a formação das palavras em desta-
que recebe o nome de formação lexical. Podemos acrescentar aqui a significação dos prefixos (partícu-
las que são inseridas antes do radical das palavras), que dão origem a novos vocábulos. Por exemplo: 
pré- (prefixo que indica algo que vem antes); curso pré-vestibular (curso que ocorre antes do exame do 
vestibular).
Significação gramatical
Já a significação dos morfemas gramaticais deve ser classificada como interna, pois deriva das 
relações e categorias da língua. Observando o enunciado As meninas gostavam de boneca, dizemos que 
é composto por cinco vocábulos formais que apresentam a seguinte estrutura:
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11|Morfologia
As = -a (feminino) + -s (plural); meninas = menin- (radical) + -a (feminino) + -s (plural); gostavam = gost- 
(radical) + -a (vogal temática de 1.ª conjugação) + -va (desinência modo-temporal do imperfeito do indicati-
vo) + -m (desinência número-pessoal); de (relaciona gostavam a bonecas, morfema relacional); boneca = bo-
nec- (radical) + -a (feminino). Todos esses morfemas, indicadores de feminino, plural, vogal temática, modo e 
tempo, número e pessoa, além do morfema relacional, são os que possuem significação gramatical.
Agora que vimos o significado lexical e gramatical cuidaremos de alguns conceitos que justificam 
o nome morfologia, como vimos no início. Lembram? 
“morfologia é o estudo da forma”.
Veremos como são agrupadas e analisadas as palavras a partir da perspectiva da forma.
Formas livres, presas e dependentes1
Forma livre
São os vocábulos que são capazes de estabelecer alguma comunicação. Consideremos a frase: 
”Os homens e as mulheres podem ser independentes”
Podemos citar como exemplos de vocábulos livres: homens / mulheres / podem / ser . 
Atualmente as classes de palavras que podem servir de exemplo para a forma livre são : os subs-
tantivos, os adjetivos, os verbos e alguns advérbios.
Por exemplo:
“Os índices de miséria aumentam, trazendo preocupação para os países menos desenvolvidos”.
Substantivo –“índices”, “miséria”, “preocupação”, “países”.
Adjetivo – “desenvolvidos”
Verbo – “aumentam”, “trazem”
Advérbio – “menos”
Todas as palavras retiradas do texto são exemplos de formas livres.
1 Segundo Bloomfield (1933), os vocábulos formais são de 2 espécies: a) formas livres - são aquelas que podem constituir, isoladas, um 
enunciado suficiente para comunicação. Ex. lei. b) formas presas - aquelas que não são suficientes para, sozinhas, constituírem um enunciado. 
Ex.: pro-(de proscrever), trans- (de transformar). Segundo Carone (1995, p. 32), uma palavra pode ser constituída de: uma forma livre mínima- 
leal; de duas formas livres mínimas - couve-flor; de uma forma livre e uma ou mais formas presas - leal-dade, in-feliz-mente; apenas de formas 
presas - re- a-bert-ur-a. Aos conceitos de formas livres e formas presas, mattoso (2006, p. 70) acrescenta as formas dependentes, que de acordo 
com o autor não são livres porque não constituem, isoladas, um enunciado; e não são presas porque são separáveis como vocábulos formais. 
São consideradas formas dependentes os artigos, preposições, algumas conjunções e os pronomes oblíquos átonos. São exemplos de formas 
dependentes: o rapaz, diga-me, preciso de ajuda.
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12 | Língua Portuguesa II: Morfologia I
Forma presa
São os vocábulos que não existem isoladamente. Podemos citar como exemplo: a desinência de 
plural, a de feminino, a modo-temporal, a número-pessoal, os prefixos, os sufixos, as vogais temáticas. 
Os radicais normalmente aparecem como formas presas. 
É interessante notar que o conceito de forma presa, muitas vezes, depende do contexto. Por 
exemplo, o vocábulo “mar” é considerado indivisível (um único elemento: radical), porém, observando o 
vocábulo “mares” (forma livre), estamos diante de três formas presas = mar + e + s, pois o radical passou 
a ser uma forma presa nessa palavra.
Forma dependente
As formas dependentes não são suficientes para estabelecer comunicação, pois dependem das 
formas livres. Ou seja, embora sejam estruturas necessárias para conexãoe ajustes entre os termos das 
frases isoladas, perdem sua função comunicativa e relacional.
Por exemplo: 
 “Os homens e as mulheres podem ser independentes”.
Podemos citar como exemplos de vocábulos dependentes: “os”, “e” e “as”. 
São chamados de formas dependentes as classes dos artigos, pronomes e conectivos.
Outra linha de estudos que complementa a abordagem da morfologia é a Etimologia, que com 
sua perspectiva histórica apresenta a trajetória da palavra através dos tempos sobre o prisma da evolu-
ção e transformação da mesma. Vale ressaltar que tal estudo, embora tratado de forma complementar, 
é absolutamente independente enquanto área do saber e representa um campo especifico dos estudos 
lingüísticos. 
Nosso desejo é estimular o interesse pela Etimologia, compreendendo que tal aprofundamento 
trará maior mobilidade para o entendimento da morfologia, bem como da Língua Portuguesa de uma 
forma geral. 
Objetivamente, realizaremos uma abordagem mais ampla do ponto de vista do estudo da pala-
vra, enquanto forma lingüística. Proponho uma passagem pela Etimologia. Esse estudo pode ser muito 
útil quando concebido simultaneamente ao estudo da morfologia.
Etimologia
As palavras certamente representam importantes ferramentas do espírito e do conhecimento 
humano. A ampliação do conhecimento pode ser alcançada a partir do estudo das suas histórias. Assim, 
o estudo da Etimologia2 (do grego ethymon – verdadeiro) é a possibilidade que se tem de entender, 
2 Os etimologistas são os estudiosos da língua, que buscam reconstruir a história das palavras (etimologia): em que época surgem numa 
determinada língua; quais suas fontes e como suas formas e significados se transformaram.
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13|Morfologia
reconhecer e aprender mais sobre a história de uma língua, e por conseqüência, sobre o homem e sua 
visão de mundo numa determinada época.
Nesta etapa, trataremos dos derradeiros conceitos que nos darão uma idéia da relação que há 
entre os estudos morfológicos e a linguagem propriamente dita. Afinal, só há sentido no estudo morfo-
lógico se visto como parte integrante de um sistema maior, chamado gramática da língua, que por sua 
vez se realiza através da linguagem.
A linguagem é fundamental para efetivação da comunicação, entretanto, sob uma perspectiva 
morfológica, não basta apenas associá-las à idéia de comunicação, mas, também, de entender como ela 
se articula. Nesse intuito, veremos algumas considerações sob a articulação da linguagem. 
Dupla articulação da linguagem
A articulação é característica da linguagem humana, diferenciando-a fundamentalmente das ou-
tras produções vocais não-lingüísticas e dos outros sistemas de comunicação (os códigos e as quase-
linguagens: linguagem gestual, dos animais, musical etc.). O método de articulação é o mais utilizado 
para entendermos como se constitui ou se estrutura uma língua.
Conforme manoel Ribeiro (2003), foi martinet, o lingüista francês, quem introduziu a expressão 
“dupla articulação da linguagem” no estudo das línguas. Assim, podemos afirmar que toda língua pode 
ser analisada em dois tipos de unidade:
1 Significativas (1.ª articulação).
2 Distintivas (fonológicas) (2.ª articulação).
Vejamos então cada uma delas:
Primeira articulação da linguagem: unidades significativas
Na primeira articulação da linguagem, são estudadas as suas unidades significativas. Podemos 
citar como exemplos da primeira articulação da linguagem:
o :::: discurso - unidade maior, este poderia conter: um parágrafo, um texto ou uma simples frase; 
a :::: frase - divisão elementar do discurso, que tem como objetivo estabelecer comunicação; 
a :::: oração - divisão elementar de uma frase verbal; 
os :::: termos da oração - sujeito, objetos, complementos nominais, etc.;
os :::: vocábulos formais - as palavras da nossa língua; 
as :::: unidades mínimas ou elementares - o radical e os elementos mórficos constituintes de 
um vocábulo.3
3 Conforme vimos os morfemas.
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14 | Língua Portuguesa II: Morfologia I
Segunda articulação da linguagem: unidades distintivas
Na segunda articulação da linguagem, são estudadas as unidades que pertencem ao campo fo-
nológico (unidades distintivas), que mostram quais são e como funcionam os fonemas de uma língua, 
com seu papel distintivo.
Pela substituição de um fonema, verificamos que ocorre uma oposição lingüística, visto que moti-
va uma mudança de significado na nossa mensagem. Podemos citar como exemplo dessa característica 
o grupo de vocábulos: mala X cala X fala X bala no qual a troca do fonema inicial da palavra dá origem 
a vocábulos distintos, isto é, embora, isoladamente, seja desprovida de quaisquer significado lexical ou 
gramatical.4
Na 2.ª articulação, verificamos os sons das palavras.
Assim, numa frase como “Telefone-me agora”, teremos as seguintes unidades da segunda ar-
ticulação: 
1. te /lê /fo /ne /me /a/go/ra
Ou
2. t/e/l/e/f/o/n/e m/e a/g/o/r/a
Desta feita, poderíamos, de forma geral, organizar as unidades de articulação da linguagem em 
2 grupos:
Grupo I
Discurso
Frase
Oração
Termos da oração
Vocábulos
morfemas 
4 Vide 1.1.1
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15|Morfologia
Exemplos:
Discurso: Entremos, já que as portas se abrem de par em par, cerrando-se logo depois de nossa 
passagem. A sala não é grande, mas espaçosa; cobre as paredes um papel aveludado de sombrio es-
carlate, sobre o qual destacam entre espelhos duas ordens de quadros representando os mistérios de 
Lesbos. Deve fazer idéia da energia e aparente vitalidade com que as linhas e colorido dos contornos se 
debuxavam no fundo rubro, ao trêmulo da claridade deslumbrante do gás.” (Trecho da obra Lucíola, de 
José de Alencar, Cap. VI)
Frase: “A sala não é grande, mas espaçosa”
Oração: “mas espaçosa”
Vocábulo: “espaçosa”
Morfema: “-a”
Grupo II
Sílaba
Fonema 
Sílaba: (Amizade) A-mi-za -de
Fonema: s/a/p/a/t/o
Enfim, nesses quadros podemos compreender que:
1. A maior unidade significativa é o discurso, por exemplo, o trecho do livro Lucíola, de José de 
Alencar; e a menor unidade significativa é o morfema, por exemplo, o morfema “-a” da palavra espaço-
sa, que significa feminino.
2. O fonema é a menor unidade distintiva da linguagem.
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16 | Língua Portuguesa II: Morfologia I
Texto complementar
Um passeio etimológico no pescoço da girafa
A semelhança da girafa com o camelo levou os europeus, em épocas passadas, também a de-
signá-la de camelo-leopardo, no entanto com uma pequena diferença na forma de grafar a palavra: 
camelopardo.
Também a chamaram assim por julgarem que a girafa era o cruzamento de um camelo com 
um leopardo. Apesar de há muito se saber que essa não corresponde à realidade, esse erro per-
manece imortalizado, pois o nome científico da girafa é Giraffa camelopardalis – versão latina de 
camelo-leopardo.
Os camelos, embora não estejam classificados na subordem dos ruminantes, são animais que 
ruminam e, ao contrário da maioria deles, eles não têm cornos. Como os girafídeos, mas com menor 
tamanho, os camelídeos também apresentam pescoço longo.
A grande diferença entre as duas famílias está no fato dos girafídeos andarem sobre suas patas 
desenvolvidas com cascos (ungulígrados), enquanto que, entre os camelídeos, o contato com o solo 
se dá por meio das duas últimas falanges (digitígrados).
“Zarafa” é palavra de origem árabena Língua Portuguesa: ZARAFA. A palavra girafa provém da 
antiga palavra arábica ZIRAFAH, a qual significa “o mais alto de todos”. Diz-se também que a palavra 
girafa tem origem no nome árabe XIRAPHA, que significa “o que caminha muito depressa” ou “aquela 
que anda muito rápido”. O nome girafa vem também do árabe ZURAFA, que significa “a graciosa”. 
Embora o termo derive de uma palavra árabe, a letra G que veio de uma derivação da letra Z, não é 
natural. Podemos supor que a palavra zirafah é uma mistura comum chamada metátese. Em lingü-
ística (transposição de fonemas dentro de um mesmo vocábulo) e relativa à desordem neurológi-
ca chamada dislexia (incapacidade, devida a lesão central, para se ler compreensivelmente) ZaVaR 
(pescoço).
Enquanto Adão ou qualquer ancestral humano fizeram bem em chamar a girafa de uma cria-
tura “pescoço”, o termo hebreu enfatiza a garganta ou a parte frontal do pescoço mais que a parte 
proeminente detrás da girafa. Em hebreu, essa parte da anatomia é OREF, mais corretamente pro-
nunciada por Sephardim como KHOREF ou GHOREF. 
Assim, podemos verificar quantas discussões se pode fazer a partir da história de apenas 
uma palavra. 
A título de curiosidade, vejamos como a girafa é chamada em outras línguas: o selo postal da 
França mostra a palavra girafa escrita em francês: GIRAFE. O selo do Congo mostra a palavra girafa 
em latim: GIRAFFA, que se grafa igual ao italiano. E o selo dos Estados Unidos mostra a palavra girafa, 
em inglês, que se grafa igual ao alemão: GIRAFFE. Girafa em suaíle é TWIGA. Girafa em espanhol é 
JIRAFA, girafa em polonês é ŻYRAFA e girafa em tcheco é ŽIRAFA.
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17|Morfologia
Desta feita, podemos afirmar que o patrimônio lingüístico de uma nação é um dos seus maio-
res bens, além de representar o legado para as gerações futuras, pois com a transmissão dos idio-
mas transferem-se milhares de características, fatores e costumes especiais e únicos.
Enfim, o estudo da etimologia é imprescindível para se circunscrever a história, o tempo e a 
vida de uma nação. E funciona como estudo complementar para a compreensão da morfologia.
(Disponível em: <www.sergiosakall.com.br/girafas/etimologia/html> (Adaptado). 
Acesso em: 14 jun. 2007).
Análise lingüística
1. Faça o que se pede:
a) Procure em pelo menos quatro dicionários diferentes de Língua Portuguesa, qual o significado 
da palavra morfologia.
b) A morfologia pode ser estudada em três partes distintas. Quais são?
2. O estudo da Etimologia pode ser utilizado para ampliar o horizonte histórico de análise dos 
estudiosos da morfologia, assim, escolha três palavras quaisquer cuja origem e história você 
gostaria de conhecer. Temos certeza que você fará boas e interessantes descobertas. 
a) Para ajudar nessa pesquisa utilize o dicionário (GUÉRIOS, R. F. m. Dicionário de Etimologias da Língua 
Portuguesa. São Paulo, Nacional: [Curitiba] Univ. Federal. Paraná, 1979 e o Dicionário Etimológico de 
Nomes e Sobrenomes. 2. ed. São Paulo: Ave maria, 1973. 
b) Faça buscas na web sobre etimologia.
3. Complete:
 Sabe-se que -logia significa estudo, então descubra as especialidades abaixo, em seguida crie ou 
encontre pelo menos um exemplo de unidade significativa, a partir das palavras descobertas. 
a) Olhos: _____________________
b) Pele:________________________
c) Da mulher: __________________
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18 | Língua Portuguesa II: Morfologia I
d) Da estrutura e formação da palavras:___________________
e) Dos sons:____________________
4. Classifique os vocábulos do poema de Cecília meireles em formas livres, presas e dependentes:
Compensação
Cecília Meireles
(...)Hoje eu queria andar lá em cima,
Nas nuvens,
com as nuvens,
pelas nuvens,
para as nuvens.(...)
5. Responda o que se pede:
a) Na 1.ª articulação de uma língua, temos unidades __________________ da linguagem.
b) Escolha uma das unidades da 1.ª articulação e escreva sobre ela.
c) Em “nuvens”, podemos dizer que o -s é uma unidade da 1.ª articulação. Explique.
d) No vocábulo universidade, é possível dizer que temos 12 ou 6 unidades distintivas. Por quê?
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Gabarito
morfologia
1. Faça o que se pede:
a) Livre.
b) Estrutura das palavras, processo de formação de palavras e classe de palavras.
2. Livre.
3. Complete:
a) oftalmologia (a oftalmologia é muito importante para o cuidado com a visão. unidade 
significativa: frase).
b) dermatologia (Estudei para a prova de ginecologia, mas só havia vagas para a área de 
odontologia e dermatologia / unidade significativa: oração).
c) ginecologia (-logia / unidade significativa: morfema (sufixo que significa estudo).
d) morfologia.
e) fonologia.
 unidade significativa: a fonologia e a morfologia são estudos importantes para o conhecimento 
de uma língua. Por isso devemos, enquanto estudiosos da língua, procurar sempre 
aprofundamento nessas áreas. / unidade significativa: discurso.
4. Classifique os vocábulos do poema de Cecília Meireles em formas livres, presas e dependentes:
Formas livres –:::: hoje, eu, queria, andar, lá, cima, nuvens.
São as classes dos substantivos, adjetivos, verbos e advérbios.
Forma presa –:::: nuvens /-s / 
São as desinências de plural, as de feminino, modo-temporal, número-pessoal, os prefixos, os 
sufixos e as vogais temáticas. Os radicais normalmente aparecem como formas presas. 
Forma dependente – em, nas, pelas, para.
São as classes de artigos, pronomes e conectivos.
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| Língua Portuguesa II: morfologia I
5. Responda o que se pede:
a) significativas.
b) explicação a partir da unidade que for escolhida.
 discurso (unidade maior, este poderia conter um parágrafo, um texto ou uma simples frase); 
 frases (divisão elementar do discurso, que tem como objetivo estabelecer comunicação); 
 oração (divisão elementar de uma frase verbal);
 termos da oração (por exemplo, sujeito e predicado);
 vocábulos formais (as palavras da nossa língua);
 unidades mínimas ou elementares (o radical e os elementos mórficos constituintes de um 
vocábulo). 
c) Sim, é uma unidade de 1.ª articulação, pois, enquanto morfema gramatical, tem significado na 
Língua Portuguesa: indica plural.
d) Porque, considerando que as unidades distintivas são a sílaba e o fonema, podemos observar, 
no vocábulo universidade, 12 fonemas e 6 sílabas. 
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