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A HISTÓRIA DO TERRORISMO

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A HISTÓRIA DO TERRORISMO
Walter Laqueuer
KILIAN
As origens
- Exerce fascinação e é de difícil interpretação (inesperado, chocante e violento)
- Características: anonimato e a violação de normas estabelecidas.
- não é explicado nem por cientistas sociais nem por psiquiatras.
- sua interpretação é difícil devido: ao caráter mutante; aos métodos utilizados; aos objetivos da luta e ao caráter das pessoas envolvidas.
- terrorismo não é uma ideologia, mas uma estratégia insurrecional que pode ser usada pelas pessoas de distintas convicções políticas. Também não é uma técnica. Ele serve para todos os propósitos e é livre de julgamento de valores.
- não é uma subcategoria da guerrilha ou da guerra revolucionária. A diferença da guerrilha para o terrorismo não é semântica mas qualitativa.
- principais características do terrorismo contemporâneo: é um fenômeno sem precedentes e novo. Por esta razão seus precedentes são de pouco interesse; é um dos problemas mais importantes e perigosos que faceiam a humanidade nos dias de hoje; é uma resposta à injustiça política e social; a única forma conhecida de reduzir a probabilidade do fenômeno é a redução das injustiças, estresses e frustrações que o alimentam; terroristas são crentes fanáticos dirigidos pelo desespero pelas condições intoleráveis; e o terrorismo pode ocorrer em qualquer lugar.
- o autor afirma que é uma tarefa sem esperança tentar prover uma teoria geral do terrorismo. Logo, ele concentrou seu foco nos estágios principais no desenvolvimento e na doutrina do terrorismo, nas suas características essenciais e nos seus problemas cardinais.
- os termos terrorista e terrorismo são recentes e pode-se definir como qualquer um que tente impor sua visão pela utilização de um sistema de coerção intimidativo. 
· movimentos que usaram o terrorismo sistemático como sua principal arma:
· “Sicari” – seita religiosa altamente organizada composta por homens de baixa posição social que usavam uma tática pouco ortodoxa para atacar seus inimigos (uma faca embaixo das casacas) na luta na Palestina. Logo depois do evento se misturavam com a multidão. Eles eram extremistas, anti-romanos, nacionalistas e suas vítimas eram os moderados judeus. Outros dizem que era um movimento de protesto social para incitar os pobres contra os ricos.
· “Assassinos” – uma seita, um ramo dos ismailis que apareceu no séc. XI e foram suprimidos pelos mongóis no séc. XIII. Baseados na Pérsia, se espalharam pela Síria, matando prefeitos, goernadores, califas e até o rei cruzado de Jerusalém, Conrado de Montferrat. O grupo era pequeno demais para enfrentar o inimigo em campo aberto, então desenvolveu uma campanha de terror sistemática e de longa duração levada a termo por uma força disciplinada. Operavam em segredo e os combatentes terroristas (fidaain) se camuflavam como estrangeiros e até como cristãos. Usavam facas. Defendiam sua autonomia religiosa e seu modo de vida.
· “Thugs” na Índia – matavam usando uma gravata de seda e tinham a morte como algo sem valor.
· Na China, existiam militantes de sociedades secretas entre os piratas dos rios, foras da lei das montanhas e entre as populações das periferias. Cada sociedade tinha seu chefe que engajava o grupo em extorsões criminais, outros eram matadores. As sociedades eram anti-Manchu e pilhavam e roubavam os estrangeiros. Eles estaam por trás da rebelião dos boxers e ajudaram Sun Yat-Sem nos primórdios de sua carreira.
· Os “Lenços vermelhos”- combinavam política com exercícios de respiração profunda e fórmulas mágicas, parecido com a contra-cultura dos anos 60. Lembravam mais a Máfia do que os movimentos políticos terroristas modernos.
· “Ku Klux Klan- 
- os grupos terroristas contemporâneos são de outra espécie. A coisa mudou a partir da Rev. Francesa (democracia) e com o crescimento do nacionalismo na Europa. O que era tolerável deixou de ser. No entanto, os movimentos de protesto armado só tinham chance de sucesso se a classe governante jogasse de acordo com as novas regras, o que excluía a repressão violenta.
A filosofia da bomba
- Suas origens doutrinárias surgiram no séc. XIX, mas seus antecedentes pré-datam a invenção dos modernos explosivos.
- o terrorismo sempre foi justificado como um meio de resistência ao despotismo e suas origens são encontradas na antiguidade. Platão e Aristóteles definiam a tirania como um desvio, uma perversão, a pior forma de governo. Logo, se o rei ou governante fosse contrário a lei divina, as pessoas tinham o direito de resistir e qualquer cidadão de mata-lo. Era o tiranicídio justificado. Esses escritos proveram inspiração para o pensamento terrorista do séc. XIX. Matar somente o tirano não adiantava; era necessário atacar o sistema em uma frente maior.
· Babouef declarou: “ Todos os meios são legítimos contra tiranos”. O babovismo se tornou um movimento sem o apoio popular e dirigido contra a ditadura; a ausência de algo como o povo é o que o transformou em terrorismo. O liro “História da conspiração de Babouef” se tornou a bíblia de gerações de revolucionários em toda a Europa. Visto sob a perspectiva histórica, ele foi o precursor do blanquismo, da insurreição armada mais do que o terror individual. Mas ele também influenciou o pensamento dos novos terroristas por meio do recurso à violência, sem qualquer pena pela vida humana e pela crença de que um pequeno grupo de pessoas determinadas poderia fazer uma revolução.
· Na Rev. Francesa, a prática da intimidação do inimigo por meio do terror ganhou terreno e depois de forma burocrática e doutrinária. Seus proponentes, até aqui, não tinham o conceito claro como o terrorismo poderia ser usado em longo prazo.
· Heinzen – justifica a partir do tiranicídio que a proibição do assassinato não se aplica á política.. Defendia a liquidação física de centenas e milhares de pessoas em nome dos altos interesses da humanidade. Foi o primeiro a prover uma doutrina para o terrorismo moderno >>> Sem sangue não há progresso, liberdade e causa justa. Para se contrapor as forças bem treinadas e disciplinadas da repressão tem que ser empregadas armas que causem grande destruição por pequenos grupos. A chave para a revolução é a tecnologia moderna: novos explosivos, bombas, meios de envenenamento de comida.
· Bakunin >>> uma teoria da destruição (pan-destruição) no seu livro “Princípios da Revolução”. Revolucionário deve ter apenas um pensamento: a destruição sem perdão.
Propaganda pelos atos
Propaganda da idéia é uma quimera; idéias resultam de atos. Os atos são meios mais efetivos de propaganda e os únicos a penetrarem nas mais profundas camadas sociais e desenhar as forças ias da humanidade para a luta.Apologia do terror individual A bomba é a última arma da revolta.
Terrorismo 
Uso da violência para fins políticos. Usualmente, dirigido contra um governo. Os fins podem variar desde o fim das injustiças à derrubada do governo e tomada do poder ou liberação do jugo de um governo estrangeiro. Causa disrupção social, política e econômica. Na busca desse propósito engajam em matança planejada ou indiscriminada. Pode surgir em conjunção com uma campanha política ou com a guerra de guerrilha, mas também em sua forma pura. Tem sido utilizado por grupos nacionais ou religiosos, pela esquerda e pela direita, por movimentos nacionais e internacionais e, em raras ocasiões, por liberais e conservadores.É dirigido contra regimes autoritários bem como democracias. Algumas vezes está associado a deslocamentos sociais e crises econômicas. A opressão nacional e as desigualdades sociais são freqüentemente responsáveis pelo espalhamento do terror. Pessoas felizes não lançam bombas.
Ressalta-se que qualquer análise do terrorismo é incompleta se não levar em consideração contra quem o terror é dirigido.
 A organização terrorista
Operações terroristas sistemáticas envolvem planejamento cuidadoso, lembrando o trabalho de EM de uma campanha militar.
Os terroristas precisam de transporte para entrar e sair da cena de ação; tem que ter documentos falsos,armamento efetivo e, acima de tudo, dinheiro. A maioria dos movimentos terroristas possui um departamento de propaganda.
O padrão ideal é forte liderança centralizada preocupada com a estratégia ampla, mas com os detalhes de execução deixados para as células locais.
O comando central dos movimentos terroristas tem sido localizado no exterior; Suíça, EUA e Líbano tem sido os centros de movimento . As vantagens são óbvias: os líderes podem se mover livremente sem medo de serem presos. Por outro lado, as ligações são mais tênues com os demais membros da organização e, por conseguinte, o conhecimento dos eventos é menor.
Os grupos terroristas modernos se especializaram em operar a partir de terceiros países.
Quanto maior o grupo terrorista, maior o perigo de serem detectados. A unidade básica de terrorismo (célula) varia de 3 a 10 pessoas.
Finanças terroristas
Dinheiro é necessário para corromper o governo e os policiais. Os terroristas não vivem só de entusiasmo.
Fontes de recursos:
- simpatizantes, expropriações, fundos de outros países, roubos e assaltos, dinheiro falso, negócios legítimos, lavagem de dinheiro, governos estrangeiros, seqüestros
Inteligência
O sucesso das operações depende de informações confiáveis sobre os alvos a serem atacados e os movimentos das vítimas
Fontes de info: os próprios integrantes operando de forma velada, simpatizantes (trabalhadores de rua, carteiros ou moradores de rua), empregados do governo e fontes de dentro da polícia.
Armamento
Adaga e pistola, dinamite, bombas, pólvora, fulminato de mercúrio, nitroglicerina, nitrocelulose, cartas-bombas, metralhadoras, helicópteros para lçto de bombas, bombas plásticas, RDX, espoletas de retardo, lançadores de granada, mísseis anti-aéreo
Contra-Terrorismo
Grande vantagem do terrorismo: agem fora da lei. A polícia não pode usar métodos ilegais
A maio matéria-prima é a informação via informantes, infiltração de agentes, espiões.
Unidades especiais para combate ao terrorismo.
Variações das táticas
Assassinato de líderes representantes do sistema
O terror indiscriminado é coisa recente com a invenção de explosivos mais efetivos e a emergência da mídia de massa. A matança indiscriminada: dramatiza as demandas do terrorismo, espalha o clima de medo, desacredita o governo, rompe o funcionamento normal da sociedade.
A pena de morte é a regra. Algumas vezes trocam reféns por dinheiro.
A expropriação é a segunda operação mais freqüente.
A liberação de companheiros das prisões é uma prioridade entre os terroristas.
Seqüestro de aviões.
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