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José Eduardo Palacio Soares Ciclo da Ureia A ureia é a principal forma de eliminação dos grupos amino oriundos dos aminoácidos e perfaz cerca de 90% dos componentes nitrogenados da urina. Um átomo de nitrogênio da molécula de ureia é fornecido por NH3 livre, e o outro nitrogênio é fornecido pelo aspartato. Nota: o glutamato é o precursor imediato tanto do: →nitrogênio da amônia: por desaminação oxidativa pela glutamato-desidrogenase → quanto do nitrogênio do aspartato: por transaminação com o oxalacetato pela AST (aspartato-aminotransferase) O carbono e o oxigênio da ureia são derivados do C02. A ureia é produzida pelo fígado e então transportada pelo sangue até os rins, para ser excretada na urina. AS REAÇÕES DO CICLO As duas primeiras reações que levam à síntese de ureia ocorrem na mitocôndria, ao passo que as demais enzimas do ciclo estão localizadas no citosol. 1. FORMAÇÃO DO CARBAMOIL-FOSFATO: →A formação de CARBAMOIL-FOSFATO pela carbamoil-fosfato-sintetase I é impulsionada pela clivagem de 2 ATP. A amônia incorporada no carbamoil-fosfato é fornecida principalmente pela desaminação oxidativa do glutamato, catalisada pela glutamato-desidrogenase mitocondrial. No final, o átomo de nitrogênio originário dessa amônia torna- se um dos nitrogênios da ureia. A carbamoil-fosfato-sintetase I requer N-acetil-glutamato como ativador alostérico positivo. 2. FORMAÇÃO DE CITRULINA: →A porção carbamoila do CARBAMOIL-FOSFATO é transferida para a ORNITINA pela ornitina transcarbamoilase (OTC) ao mesmo tempo em que é hidrolisada uma ligação fosfato de alta energia, sendo o fosfato liberado como Pi. O produto da reação é a CITRULINA, que é transportado para o citosol. Nota: a ornitina e a citrulina são aminoácidos básicos que participam do ciclo da ureia, movendo-se através da membrana mitocondrial interna via um cotransportador. Esses aminoácidos não são incorporados nas proteínas celulares, pois não há códons para eles. A ornitina é regenerada a cada volta do ciclo da ureia. 3. SÍNTESE DO ARGININOSSUCCINATO: →A CITRULINA condensa-se com o ASPARTATO, numa reação catalisada pela argininossuccinato sintetase, para formar ARGININOSSUCCINATO. O grupo α -amino do aspartato fornece o segundo nitrogênio que, no final, será incorporado na ureia. José Eduardo Palacio Soares A formação do ARGININOSSUCCINATO é possibilitada pela clivagem do ATP em monofosfato de adenosina (AMP) e pirofosfato (PPi). Essa é a terceira e última molécula de ATP consumida na formação da ureia. 4. CLIVAGEM DO ARGININOSSUCCINATO: →O ARGININOSSUCCINATO é clivado pela argininossuccinato liase, produzindo ARGININA e FUMARATO. A ARGININA formada nessa reação serve como precursor imediato da UREIA. O FUMARATO produzido no ciclo da ureia é hidratado, gerando malato, fornecendo um elo de ligação com diversas vias metabólicas. Por exemplo, o malato pode ser transportado para a mitocôndria via lançadeira do malato e entrar novamente no ciclo do ácido cítrico, sendo oxidado a oxalacetato (OAA), o qual pode ser usado para a gliconeogênese. Alternativamente, o OAA pode ser convertido em aspartato via transaminação e entrar no ciclo da ureia. 5. CLIVAGEM DA ARGININA, RESULTANDO EM ORNITINA E UREIA: →A arginase cliva a ARGININA em ORNITINA e UREIA. Essa enzima ocorre quase exclusivamente no fígado. Dessa forma, enquanto outros tecidos (como o rim) podem sintetizar arginina por meio dessas reações, apenas o fígado pode clivar a arginina e, na sequência, sintetizar a ureia. 6. DESTINO DA UREIA: →Depois de sair do fígado por difusão, a UREIA é transportada no sangue até os rins, onde é filtrada e excretada na urina. Parte da UREIA difunde do sangue para o intestino, onde é clivada em C02 e NH3 pela urease bacteriana. Essa amônia é parcialmente perdida nas fezes e parcialmente reabsorvida para o sangue. Em pacientes com insuficiência renal, os níveis de UREIA no plasma aumentam, promovendo maior transferência de ureia do sangue para o intestino. A ação da urease intestinal sobre essa ureia torna- se uma fonte clinicamente importante de amônia, contribuindo para a hiperamonemia frequentemente observada nesses pacientes. A administração oral de neomicina reduz o número de bactérias intestinais responsáveis pela produção de NH3 . José Eduardo Palacio Soares José Eduardo Palacio Soares ESTEQUIOMETRIA GERAL DO CICLO DA UREIA Aspartato + NH3 + C02 + 3 ATP + H20 → ureia + fumarato + 2 ADP + AMP + 2 Pi + PPi Quatro fosfatos de alta energia são consumidos na síntese de cada molécula de ureia. Um nitrogênio da molécula de ureia é fornecido pela NH3 livre e o outro nitrogênio pelo aspartato. O glutamato é o precursor imediato de ambos os nitrogênios, o da amônia (por desaminação oxidativa, catalisada pela glutamato-desidrogenase) e o do aspartato (por transaminação a partir do oxalacetato, catalisada pela AST – aspartato-aminotransferase). Assim, ambos os átomos de nitrogênio da ureia originam-se efetivamente do glutamato, que, por sua vez, recolhe o nitrogênio de outros aminoácidos. REGULAÇÃO DO CICLO DA UREIA O N-acetil-glutamato é um ativador essencial da carbamoil-fosfato-sintetase 1- o passo limitante da velocidade para o ciclo da ureia. O N-acetil-glutamato é sintetizado a partir da acetil-coA e do glutamato pela N-acetil-glutamato-sintase, em uma reação ativada pela arginina. Assim, a concentração intra-hepática de N-acetil-glutamato aumenta após a ingestão de uma refeição rica em proteína, que fornece tanto o substrato (glutamato) quanto o regulador da síntese de N- acetil-glutamato. Isso leva ao aumento na velocidade de síntese de ureia. @palacioeduu
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