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Unidade VI

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Direito Internacional 
Público e Privado
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Prof. Ms. Marcio Morena Pinto
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
A Nacionalidade Brasileira e a Situação dos Estrangeiros
• Introdução
• Definição da Nacionalidade Brasileira
• A Situação Dos Portugueses
• Perda da Nacionalidade Brasileira
• Diferenciação entre Brasileiros Natos e Naturalizados
• Retirada Compulsória
• Entrada e Estada de Estrangeiros no Território Nacional
• Direitos e Garantias Individuais e Coletivas do Estrangeiro em Nosso País
 · Ter uma nacionalidade é um direito fundamental do homem, sendo 
que cada Estado pode estabelecer as regras que irá adotar para 
reconhecer quem são os seus nacionais e para estipular as regras de 
ingresso e permanência de estrangeiros em seu território.
 · Em nosso país, essas regras são encontradas na Constituição Federal 
e complementadas pela Lei de Migração.
 · Outra característica dos critérios estabelecidos em nossa Legislação 
para a definição da nacionalidade é que os brasileiros natos e os 
brasileiros naturalizados possuem quase os mesmos direitos, sendo 
que somente hipóteses bem delimitadas em nossa Constituição 
Federal estabelecem diferenças.
 · Outra questão importante se refere às hipóteses em que, em 
decorrência de nossa soberania, poderá ocorrer a retirada compulsória 
de um estrangeiro de nosso território.
 · Apesar de ser um tema afeto ao nosso Direito interno, a nacionalidade 
apresenta claras implicações na esfera internacional, razão pela qual 
precisamos compreender esse importante tema.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
A Nacionalidade Brasileira
e a Situação dos Estrangeiros
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE A Nacionalidade Brasileira e a Situação dos Estrangeiros
Introdução
Cada Estado, em seu Direito interno, tem o poder de estabelecer os critérios que 
irá adotar para definir quem são as pessoas que, em razão do nascimento ou por 
escolha, gozam de especial relação com ele.
Da mesma forma, ele poderá estabelecer, respeitando compromissos que 
assumiu perante outros sujeitos de Direito Internacional, como se dará a entrada e 
a permanência de estrangeiros em seu território.
Esses dois elementos decorrem da soberania que cada Estado possui, razão pela 
qual não pode haver a ingerência de outros sujeitos de Direito Internacional nesse 
processo de escolha e normatização.
Em primeiro lugar, faz-se necessário definir o que é a nacionalidade, sendo que 
para isso vamos buscar o conceito apresentado por José Afonso da Silva, que se 
reporta a Pontes de Miranda:
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público interno, que 
faz da pessoa um dos elementos componentes da dimensão pessoal do 
Estado (2000, p. 322).
Levando-se em consideração a nacionalidade ostentada por cada pessoa, pode-
mos encontrar as seguintes situações:
• Aqueles que possuem uma nacionalidade originária (ou primária) são os cha-
mados natos. A nacionalidade originária decorre do nascimento;
• Aqueles que possuem uma nacionalidade secundária (ou adquirida) são os 
naturalizados. A nacionalidade secundária decorre de um ato de vontade, ou 
seja, de uma opção criada pela Legislação;
• Aqueles que não se encaixam em critérios de definição de nacionalidade de 
nenhum Estado são chamados de apátridas ou heimatlos1;
• Aqueles que possuem mais de uma nacionalidade são os polipátridas, também 
chamados de pessoas com dupla ou tripla nacionalidade.
Precisamos destacar que o direito a uma nacionalidade e o direito de mudar de 
nacionalidade são Direitos Humanos Fundamentais, reconhecidos na Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Resolução 217 A 
(III), da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948.
1 Nesse particular, nosso país é signatário da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo 
Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002. Disponível em <https://goo.gl/AqbKPs>.
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Declaração Universal dos Direitos Humanos
Artigo XV
Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do 
direito de mudar de nacionalidade.
Precisamos destacar que:
• Cada país, em razão de sua soberania, define os critérios de reconhecimento 
de nacionalidade (originária ou secundária);
• Apesar do reconhecimento do direito a uma nacionalidade, há pessoas que não 
se encaixam nos critérios de definição de nacionalidade de nenhum dos países; 
contudo, isso não significa que elas não possam cumprir certos requisitos para 
adquirir uma nacionalidade;
• Em regra, cada pessoa somente pode ostentar uma nacionalidade; entretanto, 
há aquelas que cumprem os requisitos para que sejam reconhecidas como 
nacionais de mais de um Estado. Isso normalmente ocorre quando alguém 
se enquadra nos critérios de nacionalidade originária de mais de um Estado; 
contudo, há exceções a essa situação.
Assim, para que possamos entender a situação dos estrangeiros em nosso 
país, vamos antes verificar quais são os critérios para se estabelecer quem são os 
brasileiros natos e os naturalizados.
Definição da Nacionalidade Brasileira
Em nosso sistema jurídico, os critérios de definição da nacionalidade originária 
são dados apenas pela Constituição Federal. Já em relação à nacionalidade 
derivada, além de preceitos constitucionais, há algumas situações definidas na Lei 
de Migração – Lei n.º 13.445/172.
Brasileiros natos
Em geral, os países adotam dois critérios para a definição da nacionalidade 
originária: o jus sanguinis e o jus solis.
• O jus sanguinis estabelece que os filhos, ao nascerem, obtêm a nacionalidade 
dos pais, não importando o local onde ocorreu o nascimento;
• Já no jus solis, o importante é saber o local onde ocorreu o nascimento, 
pouco importando a nacionalidade dos pais.
Nosso sistema jurídico, apesar de dar ampla preferência ao jus solis, também adota 
o jussanguinis, desde que acompanhado de outros requisitos. Dessa forma, temos as 
possibilidades identificadas a seguir de alguém ser considerado brasileiro nato.
2 Disponível em: <https://goo.gl/HqdqIO>.
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UNIDADE A Nacionalidade Brasileira e a Situação dos Estrangeiros
Nascidos no território brasileiro
Segundo a Constituição Federal, são brasileiros natos todos os nascidos no 
território brasileiro.
Constituição Federal
Art. 12. São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais 
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
A única exceção se refere aos filhos de estrangeiros – pai e mãe estrangeiros que 
estejam a serviço de seus países. 
Há, nesse caso, uma alinhada aplicação do jus solis, sendo esse o principal 
critério definidor da nacionalidade originária brasileira.
Nascidos no estrangeiro
Se o nascimento não ocorreu no território nacional, há três possibilidades de 
alguém ser considerado brasileiro nato, conforme o estipulado em nossa Constitui-
ção Federal.
Constituição Federal
Art. 12. São brasileiros:
I - natos:
(...)
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde 
que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde 
que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a 
residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, 
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
Essas situações são as seguintes:
• Se o pai ou a mãe estiver a serviço da República Federativa do Brasil: é o 
que ocorre se os pais (ou qualquer um dos dois) estiver a serviço da União, dos 
Estados, dos municípios brasileiros ou de qualquer órgão ou pessoa jurídica da 
Administração Direta ou Indireta. Isso se dá, por exemplo, com funcionários 
brasileiros de Embaixadas que estão a serviço de nosso país no exterior e que 
venham a ter seus filhos fora do território nacional;
• Se o pai ou a mãe brasileira registrar o nascimento em uma repartição 
brasileira (Consulados e Embaixadas);
• Se o filho de brasileiro ou de brasileira vier a residir no território 
nacional e, a qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, optar 
pela nacionalidade brasileira.
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Como pode ser observado, nessas três situações não há aplicação do jus solis; 
somente do jus sanguinis (sempre deverá ser filho de brasileiro ou de brasileira) 
aliado a outros requisitos.
Brasileiros naturalizados
Sobre a naturalização, a Constituição Federal apresenta duas grandes possibili-
dades e há também formas apresentadas pela Lei de Migração.
Naturalização extraordinária
A primeira forma de aquisição de nacionalidade derivada está disciplinada na alínea 
“b” do inciso II do Artigo 12 da Constituição Federal, cuja redação é a seguinte:
Constituição Federal
Art. 12. São brasileiros:
(...)
II - naturalizados:
(...)
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República 
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem 
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
Os requisitos dessa forma de naturalização são os seguintes:
• O estrangeiro poderá ter qualquer nacionalidade ou mesmo ser um apátrida;
• Deve comprovar sua residência ininterrupta no território nacional por, pelo 
menos, quinze anos;
• Não pode ter sofrido condenação penal nesse período;
• O interessado deverá requer a sua naturalização – razão pela qual essa forma 
é conhecida como naturalização potestativa.
Ela é tratada no Artigo 67 da Lei de Migração.
Naturalização ordinária
Nessa forma de naturalização, há duas possibilidades, ambas previstas na alínea 
“a” do inciso II do Artigo 12 da Constituição Federal:
Constituição Federal
Art. 12. São brasileiros:
(...)
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas 
aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um 
ano ininterrupto e idoneidade moral;
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UNIDADE A Nacionalidade Brasileira e a Situação dos Estrangeiros
Originários de países de Língua Portuguesa
Para esses, a Constituição estabelece três requisitos:
• Residência ininterrupta no território nacional por um ano;
• Idoneidade moral;
• Requerimento de naturalização, pois é necessária a vontade do interessado 
para que a naturalização ocorra.
Originários de outros países
Nesse caso, a Constituição Federal não estabelece os critérios para que a 
naturalização ocorra, devendo estes estar previstos na Lei, sendo que na Lei de 
Migração são fixadas as seguintes condições:
Lei de Migração
Art. 65. Será concedida a naturalização ordinária àquele que preencher 
as seguintes condições:
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4(quatro) 
anos;
III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do 
naturalizando; e
IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei.
Outras formas de naturalização na Lei de Migração
Além das formas de naturalização expressamente apresentadas pela Constituição 
Federal, ou seja, a extraordinária e a ordinária, a Lei de Migração apresenta mais 
duas possibilidades: a naturalização especial e a naturalização provisória.
Naturalização especial
A naturalização especial é concedida a estrangeiros que se enquadrem nas 
seguintes situações:
• Ser cônjuge ou companheiro, há mais de 5 anos, de integrante do Serviço 
Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no 
exterior; ou
• Ser ou ter sido empregado em Missão Diplomática ou em Repartição Consular 
do Brasil por mais de 10 anos ininterruptos.
Seus requisitos são apresentados no Artigo 69 da Lei de Migração.
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Lei de Migração
Art. 69. São requisitos para a concessão da naturalização especial:
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do 
naturalizando; e
III - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei.
Naturalização provisória
É uma forma de naturalização que poderá ser concedida ao migrante criança ou 
adolescente que tenha fixado residência no território nacional antes de completar 
10 anos de idade.
Ela poderá ser convertida em naturalização definitiva se esse migrante fizer 
expressamente sua requisição no prazo de 2 anos após atingir a maioridade.
A Situação Dos Portugueses
Em nosso sistema constitucional, os portugueses gozam de uma privilegiada 
situação, sendo que para eles há três formas distintas de tratamento:
• Eles podem, atendidos os requisitos estipulados na Lei de Migração, requerer a 
permanência no território nacional, sendo-lhes concedido o visto permanente;
• Eles podem requerer a naturalização extraordinária – se cumpridos os requisitos 
acima apontados;
• Eles podem requerer a naturalização ordinária para naturais de países de 
Língua Portuguesa.
Além disso, somente para eles, há a chamada equiparação de direitos, prevista 
no § 1º do Artigo 12 da Constituição Federal.
Constituição Federal
Art. 12
(...)
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver 
reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes 
ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
Os requisitos para essa equiparação são apenas três:
• O português deverá ter residência permanente no Brasil;
• A existência de reciprocidade de tratamento em relação aos brasileiros que 
residem permanentemente em Portugal;
• A equiparação de direitos deverá ser requerida pelo interessado.
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UNIDADE A Nacionalidade Brasileira e a Situaçãodos Estrangeiros
Para regular essa situação, está em vigor o Tratado de Amizade, Cooperação 
e Consulta, entre a República Federativa do Brasil e a República Portuguesa, 
firmado em 22 de abril de 2000 – internalizado pelo Decreto n.º 3.927/013.
Cumpridos esses requisitos, o português com equiparação de direitos continuará 
com a sua nacionalidade; contudo, terá os mesmos direitos de um brasileiro, salvo 
naquelas situações excepcionais em que a prática de certos atos ou o exercício de 
determinados direitos somente pode se dar por brasileiros natos.
Perda da Nacionalidade Brasileira
A perda da nacionalidade brasileira somente ocorrerá em duas situações 
excepcionais, previstas na Constituição Federal, no § 4º do Artigo 12.
Constituição Federal
Art. 12 (...)
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de 
atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro 
residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em 
seu território ou para o exercício de direitos civis;
No caso do brasileiro que perde a nacionalidade brasileira na forma estabelecida 
no inciso II do § 4º do Artigo 12 da Constituição Federal poderá ocorrer a 
reaquisição dessa nacionalidade.
Lei de Migração
Art. 76. O brasileiro que, em razão do previsto no inciso II do § 4º do 
art. 12 da Constituição Federal, houver perdido a nacionalidade, uma vez 
cessada a causa, poderá readquiri-la ou ter o ato que declarou a perda 
revogado, na forma definida pelo órgão competente do Poder Executivo.
Cancelamento da naturalização brasileira
Como se pode deduzir, essa situação somente se aplica para brasileiro 
naturalizado, desde que comprovado que ele praticou condutas contrárias aos 
interesses nacionais. Para a sua ocorrência, deve haver decisão judicial.
3 Disponível em: <https://goo.gl/gVVtGL>.
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Aquisição voluntária de outra nacionalidade
Essa hipótese é aplicável tanto para brasileiros natos como para naturalizados, e 
para a sua ocorrência exige que haja a voluntária aquisição de outra nacionalidade.
Há, contudo, duas situações em que a aquisição de outra nacionalidade não 
acarreta a perda da nacionalidade brasileira:
• Reconhecimento de nacionalidade originária pela Lei estrangeira: é o que ocorre, 
por exemplo, com brasileiros filhos de italianos – para eles o reconhecimento 
da nacionalidade italiana não acarreta a perda da nacionalidade brasileira;
• Imposição da naturalização para que o brasileiro:
 » Permaneça no território daquele país;
 » Exerça algum direito civil, tal como o casamento.
Essas situações acarretam que determinados brasileiros sejam, na verdade, polipátri-
das, pois conservam a nossa nacionalidade e adquirem, conjuntamente, outra.
Diferenciação entre Brasileiros
Natos e Naturalizados
Nossa Constituição Federal estabeleceu a impossibilidade de diferenciação de 
direitos entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nas hipóteses excepcionais 
nela estabelecidas, não podendo a Legislação criar outras.
São quatro situações que precisamos conhecer e que estão enumeradas a seguir.
Cargos privativos de brasileiros natos
Eles estão previstos no § 3º do Artigo 12 do texto constitucional, que possui a 
seguinte redação:
Constituição Federal
Art. 12 (...)
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas;
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
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UNIDADE A Nacionalidade Brasileira e a Situação dos Estrangeiros
Funções privativas de brasileiros natos
Na estrutura constitucional, há um órgão consultivo do Presidente da República 
denominado Conselho da República, que pode ser convocado para se manifestar 
em relação aos assuntos discriminados no Artigo 90 de nossa Lei Maior.
A composição desse Conselho está descrita no Artigo 89 da Constituição, sendo 
que, entre outros, há seis brasileiros natos, escolhidos pelo Presidente da República, 
pelo Senado Federal e pela Câmara dos Deputados (cada qual escolhe dois desses 
membros).
Para essa função, não se admite a participação de brasileiros naturalizados.
Propriedade de Empresas de Comunicação
Essa questão é tratada no Art. 222 da Constituição.
Constituição Federal
Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora 
e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há 
mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras 
e que tenham sede no País.
[...]
Como se pode ver, essas empresas somente podem pertencer a:
• Brasileiros natos;
• Brasileiros naturalizados há mais de dez anos;
• Pessoas jurídicas constituídas sob as Leis brasileiras e que tenham sede em 
nosso país.
Extradição
A extradição é uma das formas de retirada forçada de alguém do território na-
cional, que apresenta os seguintes requisitos:
• Existência de pedido expresso de um Estado estrangeiro;
• Somente pode ocorrer para que o extraditando cumpra pena ou responda 
processo criminal no país que a solicita;
• O crime que a motiva deve ter ocorrido fora do território brasileiro.
Na Lei de Migração, ela é definida da seguinte forma:
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Lei de Migração
Art. 81. A extradição é a medida de cooperação internacional entre o 
Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega 
de pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins 
de instrução de processo penal em curso.
[...]
A extradição somente é concedida pelo Presidente da República após decisão 
do Supremo Tribunal Federal, isto é, há a necessidade de uma decisão judicial para 
que ela ocorra.
Segundo a nossa Constituição Federal (Incisos LI e LII do Artigo 5º), a extradição:
• É vedada para os brasileiros natos, não havendo qualquer exceção;
• É vedada para os brasileiros naturalizados, exceto em duas situações:
 » Se o crime que a motivou ocorreu antes do processo de naturalização;
 » Se o crime do qual o brasileiro naturalizado é acusado é o de tráfico de drogas;
• Para os estrangeiros, em regra, a extradição sempre é possível, bastando que 
sejam observados os requisitos estipulados na Lei de Migração (Artigo 83); 
contudo, ela não poderá ocorrer:
 » Nos crimes políticos;
 » Nos crimes de opinião.
A Lei de Migração apresenta diversas outras causas impeditivas da extradição 
no Artigo 82.
Lei de Migração
Art. 82. Não se concederá a extradição quando:
I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for brasileiro nato;
II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no 
Estado requerente;
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime 
imputado ao extraditando;
IV - a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 2 (dois) anos;
V - o extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido
condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar
o pedido;
VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira 
ou a do Estado requerente;
VII - o fato constituir crime político ou de opinião;
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UNIDADE A Nacionalidade Brasileira e a Situação dos Estrangeiros
VIII - o extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante 
tribunal ou juízo de exceção; ou
IX - o extraditando for beneficiário de refúgio, nos termos da Lei no 
9.474, de 22 de julho de 1997, ou de asilo territorial.[...]
Retirada Compulsória
Além da extradição, há outras situações que podem acarretar a saída forçada de 
alguém do território nacional.
A Lei de Migração as classifica como hipóteses de retirada compulsória, sendo 
elas a repatriação, a deportação e a expulsão.
Repatriação de estrangeiros
Está definida no Artigo 49 da Lei de Migração.
Lei de Migração
Art. 49. A repatriação consiste em medida administrativa de devolução 
de pessoa em situação de impedimento ao país de procedência ou de 
nacionalidade.
[...]
Ela irá ocorrer nas hipóteses de impedimento de entrada de alguém no território 
nacional, previstas no Artigo 45 da Lei de Migração, tais como, na ausência de 
visto de entrada ou na falta de apresentação de documento de viagem válido.
Deportação de estrangeiros
A deportação decorre da irregular estada de um estrangeiro no território nacional.
Lei de Migração
Art. 50 - A deportação é medida decorrente de procedimento 
administrativo que consiste na retirada compulsória de pessoa que se 
encontre em situação migratória irregular em território nacional.
[...]
Constatada a permanência irregular do estrangeiro em nosso território, ele 
será notificado para regularizar sua situação no prazo de 60 dias, que poderá ser 
prorrogado por igual período. 
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Ele, então, poderá:
• Regularizar sua situação;
• Sair voluntariamente de nosso território.
Não ocorrendo uma dessas providências, será feita sua deportação, após a 
conclusão do processo administrativo, garantindo-se seu direito ao contraditório e 
à ampla defesa, podendo recorrer de eventual decisão desfavorável.
Expulsão de estrangeiros
A expulsão de estrangeiros é uma forma de retirada compulsória atrelada à 
prática de certos crimes.
Lei de Migração
Art. 54. A expulsão consiste em medida administrativa de retirada 
compulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada 
com o impedimento de reingresso por prazo determinado.
§ 1º Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença transitada 
em julgado relativa à prática de:
I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra 
ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do 
Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto no 
4.388, de 25 de setembro de 2002; ou
II - crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, 
consideradas a gravidade e as possibilidades de ressocialização em 
território nacional.
No processo administrativo que deve preceder essa medida, deverá ser fixado 
o prazo de impedimento de reingresso no território nacional – que deve ser 
proporcional à pena do crime praticado e nunca superior ao dobro de seu tempo 
– § 4º do Artigo 54 da Lei de Migração.
Entrada e Estada de Estrangeiros
no Território Nacional
A Lei de Migração estabelece a forma como deve ocorrer:
• A entrada do estrangeiro, migrante ou visitante no território nacional;
• As condições de estada do estrangeiro em nosso território.
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UNIDADE A Nacionalidade Brasileira e a Situação dos Estrangeiros
Direitos e Garantias Individuais e 
Coletivas do Estrangeiro em Nosso País
O caput do Artigo 5º de nossa Constituição Federal assegura aos estrangeiros 
que se encontram em nosso território o pleno respeito a seus direitos e garantias.
Dessa forma, por exemplo, esse Artigo da Constituição Federal, especificamente 
no inciso LXVIII, apresenta a garantia do habeas corpus para quem está ilegalmente 
preso ou está ameaçado de prisão ilegal. Esse direito pode ser exercido por 
qualquer brasileiro (nato ou naturalizado), bem como por qualquer estrangeiro que 
se encontre em nosso território.
Nesse particular, tratando especificamente da situação do migrante, estabelece 
a Lei o seguinte:
Lei de Migração
Art. 4º Ao migrante é garantida no território nacional, em condição de 
igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, bem como são assegurados:
I - direitos e liberdades civis, sociais, culturais e econômicos;
II - direito à liberdade de circulação em território nacional;
III - direito à reunião familiar do migrante com seu cônjuge ou companheiro 
e seus filhos, familiares e dependentes;
IV - medidas de proteção a vítimas e testemunhas de crimes e de violações 
de direitos;
V - direito de transferir recursos decorrentes de sua renda e economias 
pessoais a outro país, observada a legislação aplicável;
VI - direito de reunião para fins pacíficos;
VII - direito de associação, inclusive sindical, para fins lícitos;
VIII - acesso a serviços públicos de saúde e de assistência social e à 
previdência social, nos termos da lei, sem discriminação em razão da 
nacionalidade e da condição migratória;
IX - amplo acesso à justiça e à assistência jurídica integral gratuita aos que 
comprovarem insuficiência de recursos;
X - direito à educação pública, vedada a discriminação em razão da 
nacionalidade e da condição migratória;
XI - garantia de cumprimento de obrigações legais e contratuais trabalhistas 
e de aplicação das normas de proteção ao trabalhador, sem discriminação 
em razão da nacionalidade e da condição migratória;
XII - isenção das taxas de que trata esta Lei, mediante declaração de 
hipossuficiência econômica, na forma de regulamento;
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XIII - direito de acesso à informação e garantia de confidencialidade 
quanto aos dados pessoais do migrante, nos termos da Lei nº 12.527, de 
18 de novembro de 2011;
XIV - direito a abertura de conta bancária;
XV - direito de sair, de permanecer e de reingressar em território nacional, 
mesmo enquanto pendente pedido de autorização de residência, de 
prorrogação de estada ou de transformação de visto em autorização de 
residência; e
XVI - direito do imigrante de ser informado sobre as garantias que lhe são 
asseguradas para fins de regularização migratória.
§ 1º  Os direitos e as garantias previstos nesta Lei serão exercidos em 
observância ao disposto na Constituição Federal, independentemente da 
situação migratória, observado o disposto no § 4º  deste Artigo, e não 
excluem outros decorrentes de tratado de que o Brasil seja parte.
§ 2º  (VETADO).
§ 3º  (VETADO).
§ 4º  (VETADO).
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UNIDADE A Nacionalidade Brasileira e a Situação dos Estrangeiros
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002.
https://goo.gl/AqbKPs
Constituição Federal
https://goo.gl/HwJ1Q
Lei de Migração – Lei n.º 13.445/17
https://goo.gl/HqdqIO
 Leitura
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
https://goo.gl/uKU03U
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Referências
ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito 
Constitucional. 11.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 32.ed. São Paulo: 
Malheiros, 2017.
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