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Alexandre Reis Graeml (org.) Gerson Bittencourt G. Santos José Wenceslau Schier Jurandir Peinado Marcos Aurélio Custódio Maurício Stunitz Cruz Pedro Luiz Fuentes Dias Reinaldo Martinazzo Rodolfo Coelho Prates Samantha de Toledo Martins PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para empreendedores e exportadores de primeira viagem) PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para empreendedores e exportadores de primeira viagem) Alexandre Reis Graeml (org.) Gerson Bittencourt G. Santos José Wenceslau Schier Jurandir Peinado Marcos Aurélio Custódio Maurício Stunitz Cruz Pedro Luiz Fuentes Dias Reinaldo Martinazzo Rodolfo Coelho Prates Samantha de Toledo Martins PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para empreendedores e exportadores de primeira viagem) Curitiba UnicenP 2006 Depósito legal junto à Biblioteca Nacional, conforme Lei 10.994 de 14 de de- zembro de 2004. Centro Universitário Positivo – UnicenP Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 81280-330 – Curitiba – PR E-mail: agraeml@unicenp.edu.br Fone (41) 3317-3275 www.unicenp.edu.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca do UnicenP - Curitiba P612 Plano de negócios internacionais em 9 lições : um manual para empreendedores e exportadores de primeira viagem / Alexandre Reis Graeml (organizador).� Curitiba : UnicenP, 2006. 214 p. ISBN 85-99941-04-6 1. Relações internacionais. 2. Comércio exterior. 3. Empreendedorismo. I. Graeml, Alexandre Reis. II. Título CDU 339.5 IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL Sobre os autores Alexandre Reis Graeml Engenheiro Industrial pelo Cefet-PR. Mestre e doutor em Admi- nistração de Empresas pela FGV-Eaesp. Pesquisador Fulbright em Berkeley (Universidade da Califórnia). Autor do livro Siste- mas de Informação: o alinhamento da estratégia de TI com a es- tratégia corporativa, publicado pela Editora Atlas, e de dezenas de artigos acadêmicos e em revistas de negócios. Professor do curso de Comércio Exterior e do mestrado em Administração do UnicenP e do curso de Informática da UTFPR (antigo Cefet). Gerson Bittencourt Guimarães Santos Bacharel em Administração com Habilitação em Comércio Ex- terior pela FESP, pós-graduado em Marketing pela ISPG e em Logística pela FAE. Mestrando em Administração pelo UnicenP. Trabalha há oito anos na Volvo do Brasil, nas áreas de comércio exterior e logística. Foi professor do curso de Comércio Exterior da PUCPR e da UFPR. Atualmente é professor deste curso no UnicenP. José Wenceslau Schier Formado em Administração de Empresas e Contabilidade pela Faculdade de Comércio Exterior do Paraná, pós-graduado em Finanças, Engenharia Econômica e em Administração Global pelo IC2 da Universidade do Texas. Trabalha na área financeira de grandes empresas há mais de 25 anos. É professor do UnicenP há mais de 18 anos, nos cursos de Administração, Comércio Exterior e Economia. Jurandir Peinado Bacharel em Administração de Empresas e pós-graduado em Desenvolvimento Gerencial pela FAE. Mestre em Engenharia de Produção pela UFSC. Autor do livro Kanban: Manual prático de implementação, publicado pelo Sindimetal do sudoeste do Para- ná. Foi gerente de logística e diretor industrial de empresas, como a Companhia Brasileira de Bicicletas, a Atlas Indústria de Eletrodomésticos Ltda., Indústrias Todeschini S.A. e Electrolux do Brasil. Foi professor da FAE e, atualmente, é professor do curso de Comércio Exterior do UnicenP e do curso de pós-gra- duação em Engenharia de Produção da UTFPR (antigo Cefet). Marcos Aurélio Custódio Formado em Ciências Contábeis pela Univille. Especialista em Gerência da Qualidade nos Serviços Contábeis, também pela Univille. Mestre em Ciências Contábeis pela FURB-SC. Experiên- cia nas áreas contábil, financeira e de auditoria em importantes empresas de Joinville-SC. Ex-empresário da área de serviços contábeis, quando também foi Diretor Conselheiro do Sindicato dos Contabilistas de Joinville. Autor de inúmeros trabalhos científicos publicados em revistas e em anais de congressos pelo Brasil. Instrutor credenciado pelo Sebrae-SC. Consultor empre- sarial nas áreas de custos e de análise de negócios. Professor do UnicenP, em cursos de graduação e pós-graduação. Maurício Stunitz Cruz Economista pela FAE. Especialista em Sistemas de Informação pela UFPR. Mestre em Administração Pública (ênfase em Plane- jamento de Políticas Públicas) e doutorando em Administração de Empresas (ênfase em Sistemas de Informação) pela FGV- Eaesp. Foi consultor de planejamento e implantação de soluções de TI, analista de sistemas e programador da Celepar. Publicou diversos artigos em congressos e publicações acadêmicas. Atualmente é diretor Administrativo da Rádio e TV Educativa do Paraná e professor do curso de Comércio Exterior do UnicenP. Pedro Luiz Fuentes Dias Engenheiro Florestal e especialista em Análise Ambiental pela UFPR. Mestre em Agronomia com ênfase em Gestão Ambiental, também pela UFPR. Realizou cursos na Alemanha – Ordena- mento Territorial Ambiental (GTZ) – e no Japão – Especialização em Avaliação de Impactos Ambientais (Jica). É engenheiro do quadro estatutário do Instituto Ambiental do Paraná, onde ocupou diversos cargos de direção, destacando-se a Diretoria de Fiscalização e Licenciamento Ambiental. É professor do curso de Comércio Exterior do UnicenP. Reinaldo Martinazzo Administrador e pós-graduado em Marketing pela FAE. Mestre em Administração pela Universidade de Extremadura, Espanha. Possui 25 anos de experiência na área de Marketing, tendo sido reconhecido pelo mercado com prêmios, tais como: Top de Marketing, RH e Ecologia, Caboré, Anunciante do Ano, Anun- ciante da Década, Marketing Best. Trabalhos finalistas no Festival de Cannes do Filme Publicitário e no Festival Ibero- Americano de Publicidade (FIAP). É diretor da Vitória Comuni- cação e Marketing e professor do curso de Comércio Exterior do UnicenP. Rodolfo Coelho Prates Geógrafo pela Universidade de São Paulo. Mestre em Geografia Econômica e doutorando em Economia pela Universidade de São Paulo. Pesquisador, consultor e professor de economia do UnicenP. Samantha de Toledo Martins Psicóloga pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Para- ná. Psicóloga Organizacional do Hospital de Clínicas da Universi- dade Federal do Paraná desenvolvendo projetos na área de Gestão de Pessoas. Professora do UnicenP das disciplinas: Ges- tão de Pessoas, Marketing Interno e Comportamento Organiza- cional em cursos de Graduação e Pós-graduação. Orientadora de projetos de final de curso na área de Gestão de Pessoas. Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................... 23 Estrutura do livro...................................................................... 27 Caso prático: empreendedorismo internacional ......................... 30 Referências................................................................................ 31 AMBIENTE ECONÔMICO: O CHÃO DAS EMPRESAS............ 33 Introdução................................................................................. 34 Indicadores ............................................................................... 35 Produto Interno Bruto (PIB) .....................................................37 Juros..... .................................................................................38 Inflação..... ..............................................................................40 Câmbio 41 Construção de cenários ............................................................. 43 Compreensão do próprionegócio............................................... 44 Relação entre preço e consumo ................................................. 46 Implicações gerenciais e considerações finais ............................ 48 Caso prático: o setor têxtil e o Plano Real .................................. 49 Referências................................................................................ 49 ASPECTOS DE ESTRATÉGIA COMPETITIVA ...................... 51 Introdução................................................................................. 52 Tempos modernos ..................................................................... 52 A organização............................................................................ 53 A estrutura organizacional e seus três níveis............................. 54 Processos e sistemas organizacionais ........................................ 55 A estrutura organizacional ........................................................ 56 O funcionograma.....................................................................57 O organograma .......................................................................57 Os ciclos estratégicos ................................................................ 59 A administração estratégica ...................................................... 60 O planejamento estratégico ....................................................... 61 O controle estratégico ................................................................ 64 A importância dos sistemas de informação ................................ 66 O uso da Tecnologia da Informação ........................................... 67 Leituras recomendadas.............................................................. 68 ASPECTOS MERCADOLÓGICOS......................................... 69 Introdução................................................................................. 70 Ambiente de marketing .............................................................. 70 Macroambiente de marketing ..................................................71 Microambiente de marketing ...................................................72 Composto de marketing ............................................................. 73 Política de produtos.................................................................74 Política de preços ....................................................................77 Política de distribuição ............................................................80 Política de comunicação ..........................................................81 Auditoria de marketing............................................................84 Implicações gerenciais e considerações finais ............................ 85 Caso prático: Havaianas – todo mundo usa... ............................ 86 Referências ................................................................................ 88 Leituras recomendadas.............................................................. 88 ASPECTOS DE INTERNACIONALIZAÇÃO............................ 89 Elementos para definir uma estratégia de internacionalização.................................................................... 90 Figuras do comércio exterior...................................................... 91 Classificação e nomenclatura de mercadorias............................ 93 Tratamento administrativo das exportações............................... 94 Incentivos ao comércio exterior.................................................. 95 Incentivos financeiros à exportação .........................................95 Incentivos fiscais .....................................................................96 Incentivo ao investimento produtivo e à exportação .................96 Globalização, blocos econômicos e acordos comerciais .............. 97 Acordos comerciais entre países ..............................................97 O amadurecimento de um bloco econômico .............................98 Logística e o comércio exterior ................................................... 98 Implicações gerenciais e considerações finais .......................... 101 Caso prático: tinta de cabelo para o Oriente Médio ................... 102 Referências .............................................................................. 103 Leituras recomendadas............................................................ 103 ASPECTOS PRODUTIVOS E DE LOGÍSTICA ..................... 105 Introdução................................................................................106 Atividades das organizações .....................................................107 Projeto e viabilidade técnica do produto ...................................108 Estrutura do produto ............................................................109 Lista de materiais..................................................................110 Estrutura dos serviços que compõem o produto ....................111 Processo de obtenção do produto .............................................112 Fluxograma...........................................................................113 Levantamento do custo do produto ..........................................115 Gastos com mão-de-obra direta.............................................116 Gastos com materiais ............................................................116 Gastos gerais de produção.....................................................116 Determinação da capacidade de produção e determinação de equipamentos ......................................................................117 Capacidade instalada ............................................................118 Capacidade disponível ...........................................................119 Capacidade efetiva ................................................................120 Capacidade realizada ............................................................120 Lista de máquinas e equipamentos........................................121 Arranjo físico ou leiaute............................................................121 Arranjo por posição fixa.........................................................122 Arranjo por produto ou em linha ...........................................122 Arranjo físico por processo ....................................................123 Arranjo físico celular .............................................................123 Arranjo físico misto ...............................................................124 Localização de instalações........................................................124 Avaliação das alternativas de localização ...............................124 Modelo da ponderação qualitativa .........................................125 Modelo do centro de gravidade ..............................................125 Modelo da análise custo/volume/lucro..................................125 Sistemas da qualidade .............................................................126 Aceitação por amostragem.....................................................126 Controle estatístico de processo.............................................127 Suprimentos e estoques ...........................................................127 Implicações gerenciais e considerações finais ...........................129 Caso prático: alteração de leiaute industrial.............................129 Referências...............................................................................129 Leituras recomendadas ............................................................130 PREOCUPAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE ........................ 131 Introdução............................................................................... 132 Benefícios da administração com consciência ecológica........... 132 Resolução de problemas ambientais dentro da perspectiva econômica ...............................................................................133 Identificação dos aspectos ambientais ..................................... 135 Inserção da variável ambiental no planejamento da organização ............................................................................. 136 Análise ambiental da localização do empreendimento ............136 Análise dos recursos naturais utilizados e da sustentabilidade da atividade ................................................137 Análise do processo de produção e das externalidades (resíduos gerados) .................................................................138 Licenciamento ambiental.......................................................139 Avaliação dos potenciais impactos ambientais negativos da atividade e proposição de medidas atenuantes ..................142 Balanço ambiental.................................................................146 Tecnologias ambientais .........................................................147 Conservação de energia, água e matéria-prima ......................147 Definição da política ambiental da empresa ...........................149 Gestão ambiental e o mercado ...............................................150 Caso prático: atenção à cadeia de suprimentos ....................... 152 Referências .............................................................................. 154 A INTERNET E SEU POTENCIAL PARA SUPORTAR NEGÓCIOS LOCAIS E INTERNACIONAIS .......................... 157 Introdução (um pouco de cautela!)........................................... 158 As dificuldades logísticas.......................................................158 A falta de segurança ..............................................................159 Bons motivos para usar a Internet........................................... 159 Foco no cliente ......................................................................160 Retenção de clientes ..............................................................161 Virtualização de atividades produtivas...................................163 Compras de matérias-primas on-line (e-procurement)............165 Coordenação com fornecedores e clientes ..............................168 A necessidade de pensar globalmente, ainda que para atuar no mercado local ............................................................ 170 Implicações gerenciais e considerações finais .......................... 172 Referências .............................................................................. 174 ASPECTOS DE GESTÃO DE PESSOAS E RELAÇÕES DE TRABALHO ..................................................................... 175 Introdução................................................................................176 Terceirização .........................................................................180 O que podemos terceirizar? ...................................................180 Processo seletivo (recrutamento e seleção)................................181 Como recrutar e selecionar de forma adequada?....................181 Qual é a relevância do recrutamento e seleção? .....................183 Terceirizar ou não o processo seletivo? ..................................184 Admissão do novo funcionário ...............................................184 Treinamento e desenvolvimento ...............................................184 Por que investir em treinamento? ..........................................185 Remuneração ...........................................................................185 Remuneração básica .............................................................186 Benefícios .............................................................................188 Incentivos salariais................................................................189 Encargos sociais ...................................................................189 Avaliação de desempenho......................................................189 Caso prático: atenção à cultura e hábitos locais.......................190 Referências...............................................................................191 Leituras recomendadas ............................................................192 ASPECTOS JURÍDICOS, FINANCEIROS E TRIBUTÁRIOS ................................................................. 193 Introdução................................................................................194 Aspectos jurídicos ....................................................................195 Roteiro para a constituição de uma pessoa jurídica (check list).......... ..................................................................................197 Aspectos financeiros.................................................................200 Conhecendo os gastos do negócio.............................................201 A fase pré-operacional ..............................................................204 Os investimentos iniciais..........................................................204 Relatórios contábeis e financeiros ............................................206 Balanço patrimonial ..............................................................206 Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) ...................208 Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos ..............209 Planejamento tributário............................................................211 Viabilidade do negócio..............................................................212 Caso prático: aprendendo com os grandes ...............................213 Leituras recomendadas ............................................................214 Lista de figuras Figura 1 Indicadores ...........................................................36 Figura 2 Relação entre taxa de juros e PIB ..........................40 Figura 3 Impactos da alteração cambial sobre o comércio internacional..........................................42 Figura 4 Impactos da alteração cambial sobre o PIB............43 Figura 5 Cenário favorável e desfavorável............................44 Figura 6 Relação entre preço de venda e consumo...............46 Figura 7 Estratégias para elevação da receita da empresa em função de características do produto.................................................................47 Figura 8 Estratégia de preço ou quantidade em função de características do produto ................................48 Figura 9 Empresa: reunião de recursos produtivos com um objetivo....................................................53 Figura 10 Níveis de ação nas organizações ............................54 Figura 11 Funções organizacionais .......................................57 Figura 12 Organograma........................................................58 Figura 13 Relacionamento estratégia x estrutura x tecnologia .............................................................59 Figura 14 Ciclos curtos e de planejamento freqüente ............59 Figura 15 Hierarquia da definição estratégica .......................61 Figura 16 Estratégia organizacional ......................................63 Figura 17 Níveis organizacionais e seus objetivos ..................64 Figura 18 Feedback das saídas do plano estratégico .............65 Figura 19 Vendas e lucros durante o ciclo de vida dos produtos...............................................................76 Figura 20 O produto como um composto de bens + serviços ..............................................................109 Figura 21 Exemplo de estrutura de produto de uma caneta esferográfica. ...........................................110 Figura 22 Lista de materiais para a caneta esferográfica .....111 Figura 23 Simbologia para fluxogramas ..............................114 Figura 24 Formulário para fluxograma de processo.............115 Figura 25 Entradas e saídas do processo produtivo ............139 Figura 26 Relação detroca entre empresa e funcionários .......................................................177 Figura 27 Principais pontos a serem considerados na gestão de pessoas ...............................................178 Figura 28 Atividades freqüentemente terceirizadas, atualmente .........................................................180 Figura 29 Balanço patrimonial............................................207 Figura 30 Demonstração do resultado do exercício .............208 Figura 31 Demonstrativo de origens e aplicações de recursos .............................................................209 Figura 32 Relatório de fluxo de caixa ..................................210 Lista de quadros Quadro 1 Formas de conexão entre vendedores e compradores .........................................................45 Quadro 2 Composição de preços para exportação .................79 Quadro 3 Responsabilidade pelo produto conforme o Incoterm utilizado...............................................100 Quadro 4 As atividades de administração em alguns tipos de empreendimentos ..................................107 Quadro 5 Medidas de capacidade de produção ...................118 Quadro 6 Ações de controle e medidas atenuantes de impactos ambientais negativos na indústria cerâmica.............................................................145 Quadro 7 Exemplo de dimensionamento do quadro de pessoal ...............................................................179 Quadro 8 Descrição e análise de cargos..............................179 Quadro 9 Informações sobre salários..................................187 Quadro 10 Variação dos valores de salários encontrados ......187 Quadro 11 Mortalidade de pequenas empresas no Brasil ......197 Quadro 12 Exemplos de despesas, custos e investimentos .....................................................203 Quadro 13 Exemplos de gastos pré-operacionais ..................205 Lista de abreviaturas e siglas Abreviatura Significado ACC ACE AD AIA ANP Anvisa Apex Bacen BNDES Camex CCI CCT Cefet-PR Celepar CEP CFR CIEE CIF CIP CLT CNAE Cnen Cofins Comexe Conama CPT DAF DDP DDU Adiantamento sobre Contrato de Câmbio Adiantamento sobre Cambiais Entregues Avaliação de desempenho Avaliação de Impactos Ambientais Agência Nacional do Petróleo Agência Nacional de Vigilância Sanitária Agência de Promoção de Exportações do Brasil Banco Central do Brasil Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Câmara de Comércio Exterior Câmara de Comércio Internacional Convenção Coletiva de Trabalho Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná Companhia de Informática do Paraná Controle estatístico de processo Incoterm cost and freight Centro de Integração Empresa-Escola Incoterm Cost, insurance and freight Incoterm Carriage and insurance paid to Consolidação das Leis Trabalhistas Classificação Nacional de Atividades Econômicas Comissão Nacional de Energia Nuclear Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Comando do Exército Conselho Nacional do Meio Ambiente Incoterm Carriage paid to Incoterm Delivered at frontier Incoterm Delivered duty paid Incoterm Delivered duty unpaid Abreviatura Significado DEQ DES DNPM EADI EBITDA EIA/Rima EXW EVA FAE FAS FCA FGV-Eaesp FIAP FOB FURB GTZ IAP Ibama ICMS IEL Incoterms Inmetro INPI IPI Jica LI LO LP MCT MDIC Mercosul Incoterm Delivered ex quay Incoterm Delivered ex ship Departamento Nacional de Produção Mineral Estação aduaneira de interior Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation, and Amortization (Lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental Incoterm Ex works Economic Value Added Faculdade Católica de Administração e Economia Incoterm Free alongside ship Incoterm Free carrier Escola de Administração de Empresas de São Paulo – Fundação Getúlio Vargas Festival Ibero-americano de Publicidade Incoterm Free on board Universidade Regional de Blumenau Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (Agência de Cooperação Técnica Alemã) Instituto Ambiental do Paraná Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços Instituto Euvaldo Lodi International Commercial Terms (Termos de Comércio Internacional) Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial Instituto Nacional de Propriedade Intelectual Imposto sobre Produtos Industrializados Japan International Cooperation Agency (Agência de Cooperação Técnica do Japão) Licença (Ambiental) de Instalação Licença (Ambiental) de Operação Licença (Ambiental) Prévia Ministério da Ciência e Tecnologia Ministério do Desenvolv., Indústria e Comércio Exterior Acordo de livre comércio envolvendo alguns países da América do Sul, que inclui o Brasil Abreviatura Significado MVA NCM NVOCC OMC PEC PIB PIS/Pasep PLR Proex RAP Recap Repes RH ROI ROE Sebrae SBCE Secex Senai SH Sine Sisnama SMMA SRF Suderhsa TEC TI Univille UFMG UFPR UFSC UTFPR UnicenP Market Value Added Nomenclatura Comum do Mercosul (classificação de produtos para comércio exterior no Mercosul) Non-Vessel Operating Common Carrier (operador de consolidação de cargas marítimas) Organização Mundial do Comércio Projeto Empreendedor de Comércio Exterior do UnicenP Produto Interno Bruto Programa de Integração Social / Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público Participação nos Lucros e Resultados Progama de Financiamento às Exportações Relatório Ambiental Preliminar Regime especial de tributação que beneficia importação de máquinas e equipamentos Regime especial de tributação que beneficia exportadores de software Recursos humanos Return on investment Return on equity Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação Secretaria de Comércio Exterior Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Sistema harmonizado (classificação de produtos para comércio exterior) Sistema Nacional de Emprego Sistema Nacional do Meio Ambiente Secretaria Municipal do Meio Ambiente Secretaria da Receita Federal Suprintendência de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental Taxa Externa Comum (Mercosul) Tecnologia da informação Universidade da Região de Joinville Universidade Federal de Minas Gerais Universidade Federal do Paraná Universidade Federal de Santa Catarina Universidade Tecnológica Federal do Paraná (antigo Cefet) Centro Universitário Positivo Prefácio Tenho muita alegria e satisfação em escrever, brevemente, sobre este livro e a respeito de como a idéia desta obra nasceu. Para falar do livro, é necessário dedicar antes algumas linhas ao Projeto Empreendedor de Comércio Exterior (PEC), que reuniu os autores desta obra e lhes forneceu elementos para a realização deste interessante trabalho. O PEC é uma atividade acadêmica e curricular que cresceu qualitativamente de impor- tância dentro do curso de Administração, com habilitação em Comércio Exterior do UnicenP, graças ao empenho de um grupo de professores entusiasmados com a idéia, que se dedicaram a ele com afinco e colaboram com idéias e conhecimentos para aprimorá-lo ao longo dos anos. Ele se transformou em algo extremamente importante e significativo para todos nós. Perce- bemos que os alunos egressos do curso apresentavam, ao concluir o projeto, que ocorre ao longo do último ano, uma gama de conhecimentos e competências bem consolidados, essenciais para o seu sucesso profissional. O projeto agrega elementos prá- ticos aos conhecimentos teóricos oferecidos em sala de aula aos alunos, tornando-os mais aptos a enfrentar a realidade empre- sarial. Alguns alunos graduados por nossa instituição, que não detêm experiência laboralanterior, utilizam o PEC como o labo- ratório que os credencia a pleitear uma vaga no disputado mer- cado de trabalho. Por outro lado, aqueles que já dispõem de experiência profissional utilizam o PEC para aprofundar a inte- gração da teoria com a prática empresarial. Sendo assim, pensamos que deveríamos registrar a experi- ência acumulada durante os mais de 15 anos do PEC, como uma forma de proporcionar a outros, dentro da academia ou no meio empresarial, a oportunidade de também se beneficiarem dos resultados do trabalho desta equipe de profissionais tão competente. A internacionalização de empresas brasileiras é algo recente e a compilação da experiência desses professores em uma obra como a que ora se apresenta contribui para uma maior inserção brasileira no mercado internacional. Deter o conhecimento conceitual das disciplinas envolvi- das em um curso de Administração, como também a praticidade que requer o mundo empresarial, o "saber" de onde vem a prática, estudar exaustivamente os conceitos e as ferramentas envolvidas, analisar detalhadamente todos os passos de um novo empreendimento em face da nova realidade mundial, saber trabalhar em equipe e não perder a amplitude e a vanguarda que se espera de uma universidade de excelência são os principais objetivos do PEC, como também o resultado desta excelente obra. Por fim, gostaria de salientar que, em minha opinião, este livro consegue manter o rigor acadêmico e a praticidade, tão necessários a qualquer profissional de Comércio Exterior! Prof. Alexandre Daniel Rosa Coordenador do curso de Administração com Habilitação em Comércio Exterior do UnicenP Agradecimentos "Se consegui ver mais longe, isto só foi possível porque subi nos ombros de gigantes." Isaac Newton, em carta a Robert Hooke, em 1676. Os autores agradecem a todos aqueles que os antecederam ou que com eles compartilharam da honrosa tarefa de formar as gerações de jovens administradores e empreendedores que já pas- saram pelo Centro Universitário Positivo. Somos particularmente gratos àqueles que, envolvidos com o Projeto Empreendedor de Comércio Exterior, apelidado carinhosamente por professores e alunos de PEC, criaram, ao longo dos anos, um conjunto de re- comendações sobre aspectos a serem considerados na constitui- ção de novos negócios, com ênfase para a possibilidade de internacionalização do empreendimento. Foi com base nessas re- comendações, conhecidas pelos alunos que se envolveram nes- ses projetos como caderno de encargos, pois continham as exigências dos professores para que seus trabalhos fossem considerados satisfatórios, que se baseou este livro. Dentre os entusiastas do PEC desde a sua implantação como trabalho de conclusão do curso de Administração com Habilitação em Comércio Exterior, não podemos deixar de lem- brar do empenho e dedicação de professores, como João Emílio Thomaz Granatto, Ubiratan Vieira Guimarães, Ronaldo Hofmei- ster e Nara Pires, dentre tantos outros, que foram dando “cara” ao projeto empreendedor e, em conseqüência, também a este livro. Também foi fundamental para o sucesso deste projeto o apoio recebido do nosso coordenador de curso, Prof. Alexandre Daniel Rosa, e do diretor no Núcleo de Ciências Sociais Apli- cadas, Prof. Euclides Marchi, que investiram recursos preciosos na viabilização deste sonho. Portanto, não se trata de um trabalho a vinte mãos. Além dos dez professores diretamente envolvidos na autoria deste livro, muitos outros também deixaram nesta obra a sua anônima, mas importante, contribuição. A todos eles, nossos sinceros agradeci- mentos. Os autores. Apresentação Alexandre Reis Graeml "As dificuldades são como as montanhas. Elas só se aplainam quando avançamos sobre elas." Provérbio japonês Até há alguns anos, planejar e constituir um empreendi- mento não exigia, necessariamente, preocupação com variáveis internacionais. No caso da criação de pequenas empresas, então, nem sequer se cogitava a possibilidade de exportação da produ- ção, ou de parte dela, ao se realizar a análise da viabilidade do negócio. Tampouco se consideravam os riscos de que empresas estrangeiras pudessem ingressar no mercado, repentinamente, ameaçando a posição consolidada daqueles que já estivessem estabelecidos. Os custos logísticos, as barreiras alfandegárias e culturais e as dificuldades de comunicação eram suficientemente elevados para desestimular iniciativas de comércio exterior, fazendo com que grande parte das empresas concentrasse seus esforços no mercado local. A realidade do mundo mudou muito, contudo, desde que o processo de globalização se acelerou, principalmente, a partir da década de 90 do século XX. No Brasil, a abertura da economia foi traumática, em um primeiro momento, porque nem as empresas grandes estavam preparadas para a concorrência internacional que se seguiu à abrupta redução de alíquotas de importação imposta pelo gover- 24 PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para exportadores e importadores de primeira viagem) no Collor. Seu objetivo maior era tentar frear a inflação brasileira, estimulando a competição por meio da introdução de produtos importados, com impacto sobre os preços praticados no mercado interno. O que conseguiu, contudo, foi algo ainda mais impor- tante para o Brasil: acordou os nossos empresários para a ne- cessidade de se manterem competitivos. Embora a medida tenha sido cruel para a indústria do país, cuja eficiência vinha sendo corroída pela falta de competição em um mercado praticamente fechado, o que causou muitas "baixas", as empresas sobrevi- ventes foram obrigadas a rever seus processos, investindo em tecnologia e capacitação, e isto as tornou mais competitivas, tanto para se defender dentro do território brasileiro como para se expandir para o exterior. Hoje, o país vive uma cultura de estímulo à inserção mais ativa nos mercados internacionais e possui produtos, outros que não simplesmente commodities, capazes de disputar espaço no mercado internacional. A constituição dos blocos econômicos e a tendência de re- dução paulatina das alíquotas de importação praticadas por eles e pelos países, individualmente, em suas negociações bilaterais, atuam no sentido de viabilizar a inserção dos produtos de qual- quer empresa nos mais diferentes mercados, desde que sejam competitivos em preço, apresentem a qualidade esperada pelos consumidores e sejam produzidos de acordo com princípios de preocupação social e ambiental adequados. Contribui também, para a ampliação dos mercados dos produtos e empresas que atendam os requisitos mencionados acima, o fato de que os veículos de comunicação de massa têm conseguido homogeneizar padrões de consumo (para o bem e pa- ra o mal!), apesar das grandes diferenças culturais existentes entre os povos da Terra. Aparentemente, dentro desta "aldeia global" em que o mundo está se transformando, haverá espaço tanto para o arraigamento das tradições e cultura locais como para a assimilação de padrões comportamentais comuns, uma tendência já identificada por Naisbitt (1990), há mais de 15 anos. Segundo esse autor, a grande quantidade de informações sobre outros povos, suas culturas e costumes permite que as pessoas APRESENTAÇÃO 25 reavaliem seus próprios hábitos e tradições e incorporem novas práticas aos seus estilos de vida. O estilo de vida das pessoas no mundo todo passa a sofrer uma influência muito grande das cul- turas dos países mais desenvolvidos, afirmando-se como um padrão global. Contudo, diante da crescente homogeneização, as pessoas buscarão preservar suas identidades, sejam elas religio- sas, culturais, nacionais, lingüísticas ou raciais. Essas tendên- cias podem parecer antagônicas, mas representam, na realidade, a confirmação de outra tendência, que prevê a valorização do indivíduo e das opções individuais em meio a uma sociedade cadavez mais uniforme. Ou seja, o gaúcho de bombachas vai optar por falar inglês na hora de negociar seu produto com um interlocutor estrangeiro, porque isto facilita o entendimento entre as partes. É possível até que esteja propenso a comprar um tênis Nike, se este representar um calçado mais confortável para o seu dia-a-dia do que suas tradicionais botas, mas não vai deixar de tomar o seu chimarrão e cultuar os valores da sua região, basta ver a proliferação dos CTGs (Centros de Tradição Gaúcha) pelo Brasil afora. Outro fator que contribui para a internacionalização dos mercados é a facilidade de comunicação entre parceiros de negócios (clientes e fornecedores), independentemente da distân- cia que os separa. Em 1985, tive o privilégio de participar de um programa de intercâmbio de jovens e viver na Austrália por um ano. Durante aqueles doze meses que passei na Oceania, telefonei para casa duas vezes. Daqui do Brasil, meus pais nem sequer pensavam em ligar para mim. Era, simplesmente, caro demais! Hoje, 20 anos mais tarde, converso com freqüência com a família que me hospedou em Sydney naquela época, utilizando os recursos de transmissão de voz e imagem, em tempo real, pro- porcionados pela Internet, ou mesmo o serviço telefônico tradicional, que também ficou muito mais barato. Os recursos tecnológicos de comunicação que permitem aproximar velhos amigos também estão disponíveis para aproximar empresas e empresários, possibilitando a criação de uma "teia de negócios" muito mais densa e capilarizada internacionalmente do que se poderia imaginar, até mesmo em um passado não muito distante. Isto talvez explique a criação de empresas do tipo born global, 26 PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para exportadores e importadores de primeira viagem) que começam a "pipocar" pelo mundo afora. São empresas que já nascem com o objetivo de atuarem no mercado internacional e a se beneficiarem de vantagens locais para conceber, produzir e comercializar seus produtos ao redor do mundo (veja o Caso Prático ao final deste capítulo). Tendo sido apresentadas essas considerações iniciais sobre a globalização da economia, e seus impactos sobre as empresas (novas e já estabelecidas) e sobre as pessoas, acreditamos que os empreendedores possuem bons motivos para levar em conta a possibilidade de exportação de parte da produção, ao menos, ao conceberem novos negócios. Isto lhes permite, de acordo com o site Aprendendo a Exportar, do MDIC (s.d.): � obter maior escala produtiva, reduzindo o impacto do rateio dos custos fixos sobre o preço de cada item produzido e comercializado; � diversificar mercados, reduzindo a exposição aos ris- cos ("não colocar todos os ovos em uma cesta só"); � garantir elevada qualidade do produto, já que merca- dos mais exigentes não se contentam com produtos de baixa qualidade e, ao se preocupar com os requisitos de mercados mais sofisticados, a empresa se torna ainda mais capacitada para competir em mercados secundá- rios; � melhorar a percepção dos clientes sobre a qualidade do produto, já que todos estão conscientes de que, para exportar, a empresa precisa atender a elevados padrões de exigência do mercado internacional, um indicador de que seu produto possui qualidade. Por outro lado, ainda que o empreendedor vislumbre a possibilidade de atuação apenas no mercado local, é importante que ele faça uma boa avaliação do diferencial competitivo que conseguirá manter em relação aos players globais que, por ven- tura, decidam se instalar na sua região de atuação, pois estes concorrentes estarão se beneficiando das vantagens menciona- das acima. APRESENTAÇÃO 27 Estrutura do livro Como o próprio nome do livro indica, nosso propósito é oferecer a empreendedores e exportadores em potencial um manual que lhes permita estruturar seus empreendimentos de forma sólida para enfrentar os desafios de um mercado global com sucesso. Procuramos estruturar os capítulos de forma a tratar ini- cialmente das questões mais amplas e conceituais, que envolvem a compreensão do mercado para, na seqüência, entrar nas espe- cificidades da implementação do negócio, com o nível de detalhe que julgamos razoável para, ao menos, permitir a reflexão inicial sobre as questões envolvidas. Dentro desta lógica, a Primeira lição discute o ambiente externo às empresas, a partir do qual podem ser percebidas oportunidades e ameaças ao bom desempenho das organizações. Rodolfo Coelho Prates, o autor do capítulo, lembra que entender o funcionamento desse ambiente externo é de extrema importân- cia para a sobrevivência da empresa no mercado. O capítulo apresenta, ainda, indicadores que ajudam na compreensão da dinâmica do ambiente econômico e a construir cenários dentro dos quais se pode projetar o desenvolvimento do novo negócio pretendido. A Segunda lição trata da formulação de uma estratégia competitiva para a empresa. Para Maurício Stunitz Cruz, autor do capítulo, o estabelecimento dos rumos e objetivos organiza- cionais, assim como das políticas e ações necessárias para alcançá-los, deve ser objeto de constante planejamento por parte da empresa e dá dicas de como fazer isto. É bom lembrar que "não há vento favorável para quem não sabe aonde vai", por isto, é tão importante definir o que se quer e traçar uma estratégia de como se pretende chegar lá. A Terceira lição parte do pressuposto de que o empreen- dedor já sabe o que quer. Reinaldo Martinazzo procura mostrar a importância de se compreenderem os clientes e os concorrentes para se obter sucesso. Neste capítulo, ele discorre sobre as ferramentas do marketing que suportam o atingimento da estra- 28 PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para exportadores e importadores de primeira viagem) tégia da empresa, definida de acordo com as recomendações expressas na lição anterior. A Quarta lição é sobre a internacionalização da empresa e/ou dos seus produtos. O autor deste capítulo é Gerson Bittencourt Guimarães Santos. Este capítulo procura mostrar para o empresário que a internacionalização não pode ser enten- dida meramente como a importação ou exportação. Tampouco deve ser considerada como uma forma de vender o excedente da produção ou buscar algum insumo, aproveitando os benefícios de uma taxa de câmbio favorável. A internacionalização deve ser pensada no longo prazo e deve resultar de uma estratégia unificada, que estabeleça objetivos claros e que assegurem o comprometimento de todos na empresa com os desafios envol- vidos. O capítulo ensina como fazer isso. Toda empresa precisa ter um produto (ou serviço) para vender. Não há razão para a existência de um empreendimento sem que ela tenha algo de atrativo para oferecer ao mercado. Por isso, a Quinta lição é destinada especificamente à discussão dos processos produtivos, que precisam ser eficientes, no sentido de não agregar custos desnecessários, e eficazes, para proporcionar produtos que sejam ajustados às necessidades dos clientes. Se isto não acontecer, será difícil a empresa conseguir se manter competitiva. Jurandir Peinado, responsável pelo capítulo, se preocupou em produzir um guia que pudesse abranger um am- plo escopo dos diversos tipos de organizações e que funcionasse como uma espécie de check-list para a estruturação dos aspectos produtivos e logísticos de um empreendimento, de forma a lhe proporcionar as características de eficiência e eficácia mencio- nadas acima. A Sexta lição trata de uma preocupação nova para muitos empreendedores, mas de fundamental importância para aqueles que têm aspirações a participar do, cada vez mais exigente, mer- cado internacional. Trata dos aspectos ligados ao meio ambiente e ao atendimento da legislação ambiental. Pedro Luiz Fuentes Dias fornece, no capítulo que lhe foi destinado, os passos para a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), a partir do qual pode ser obtidaa certificação ambiental do empre- APRESENTAÇÃO 29 endimento e dos seus produtos. Além de contribuir para a me- lhoria da qualidade de vida e a sustentabilidade do planeta, o autor afirma que as empresas que demonstrarem a necessária preocupação com o meio ambiente podem capitalizar sobre o di- ferencial competitivo que a atitude representa, na visão de clien- tes cada vez mais esclarecidos. A Sétima lição procura fazer o empreendedor refletir sobre o possível uso da Internet para suportar os negócios da sua empresa, tanto no mercado local, quanto nos mercados externos. A Internet permite que a empresa conheça melhor os consumidores dos seus produtos, gere produtos personalizados e coordene melhor suas atividades às atividades dos seus for- necedores e outros parceiros de negócio, para garantir que todos os elos da cadeia de valor estejam sempre agregando o máximo de valor. Neste capítulo, procuro explicar como isto é possível, já que, em se tratando de algo relativamente novo, os benefícios podem passar despercebidos a muitos empreendedores. A Oitava lição trata da preocupação com a gestão dos "talentos" da organização. Samantha de Toledo Martins, responsável pelo capítulo, lembra que o funcionário é o "ouro" da organização e, desta forma, precisa ser valorizado. A autora visa a ajudar o empreendedor, por meio dos tópicos discutidos no capítulo, a garantir que os seus funcionários estejam preparados e motivados para os desafios enfrentados pela organização em sua trajetória. A Nona lição reúne ensinamentos que se ajustam a dois momentos distintos da avaliação de um negócio: a constituição da empresa, que envolve uma série de questões burocráticas e legais e a análise da viabilidade financeira. Os professores Marcos Aurélio Custódio e José Wenceslau Schier lembram que, para fazer a avaliação financeira, e mesmo para decidir o forma- to a ser dado ao empreendimento, no momento da sua constitui- ção, é importante dispor de informações relacionadas a todos os outros aspectos discutidos anteriormente no livro. Por isso, este capítulo foi deixado para o fim. Falando em nome de todos os envolvidos na concepção deste livro – um verdadeiro desafio multidisciplinar sobre o qual 30 PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para exportadores e importadores de primeira viagem) dez especialistas em áreas distintas se debruçaram, durante um ano inteiro, realizando reuniões sistemáticas para procurar dar coerência a um trabalho realizado a tantas mãos –, espero que o esforço tenha valido a pena também para os nossos leitores. Seguramente, nós já nos sentimos recompensados. Foi uma grande experiência poder discutir com os colegas sobre as questões que tanto afligem empresas e empresários brasileiros, partindo dos mais diferentes pontos de vista, já que no grupo há administradores (Gerson, Schier, Jurandir e Reinaldo), contabi- lista (Custódio), psicóloga (Samantha), economistas (Maurício e Rodolfo) e engenheiros (Alexandre e Pedro). Ao tentarmos fazer com que as lições das diferentes especialidades pudessem estar acessíveis para você que nos lê, também demos mais um passo no sentido de compreender a multidisciplinaridade envolvida na concepção de qualquer empreendimento empresarial! Caso prático: empreendedorismo internacional A Trikke Tech Inc. (www.trikke.com) é uma empresa global com faturamento anual de cerca a US$ 3 milhões. A empresa nas- ceu em Curitiba/PR a partir do protótipo de um veículo de propul- são humana parecido com um patinete de três rodas e impulsionado por um sistema de eixos intercambiáveis ou de tripla cambagem batizado de 3CV. Fundada em 1999 nos Estados Unidos, a Trikke apresentou, desde sua origem, significativos níveis de envolvimento e comprome- timento internacional. Apenas seis anos após sua fundação nos Estados Unidos, a empresa já atuava por meio de parcerias interna- cionais, terceirização de revenda e distribuição em mais de 17 países espalhados em cinco continentes. A empresa possui patentes aplica- das em 35 países e, recentemente, lançou oito novos modelos e versões do Trikke. Em 2002 o Trikke foi eleito invenção do ano pela revista Time. Apesar das proporções e atuação global, a Trikke é uma em- presa composta por apenas 13 pessoas. Estruturalmente, a empresa concentra a produção em uma fábrica terceirizada na China, pesquisa e desenvolve o produto no Brasil, e realiza as atividades de marketing e comercialização a partir dos EUA. APRESENTAÇÃO 31 São exemplos assim que evidenciam que a atuação global com sucesso não se restringe às grandes corporações. Mesmo pequenos e médios empreendimentos podem aproveitar vantagens locais para desenvolver sua competitividade e abraçar mercados globais, estabe- lecendo a presença dos seus produtos nos mais variados mercados. (Fonte: Adaptado de SEIFERT JUNIOR, Rene Eugenio; FERNANDES, Bruno Henrique Rocha. A formação de esquemas interpretativos em empreendi- mentos nascidos globais: o caso da Trikke. In: Anais do V Workshop em Internacionalização de Empresas. Rio de Janeiro: COPPEAD/ UFRJ, 2005). Referências MDIC. Aprendendo a exportar. s.d. Disponível em: www.aprendendoaexportar.gov.br/sitio/paginas/index.html. Acesso em 16.02/2006. NAISBITT, John et al. Megatrends 2000: new directions for tomorrow. Avon Books, 1990. SEIFERT JUNIOR, R. E.; FERNANDES, B. H. R. A formação de esquemas interpretativos em empreendimentos nascidos globais: o caso da Trikke. In: Anais do V Workshop em Internacionaliza- ção de Empresas. Rio de Janeiro: COPPEAD/ UFRJ, 2005. 32 PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para exportadores e importadores de primeira viagem) Ambiente econômico: o chão das empresas Rodolfo Coelho Prates “Para os que entram nos mesmos rios, correm outras e novas águas.” Heráclito Resumo O ambiente econômico é o ambiente externo às empresas, é a interação de todos os agentes que formam o chamado merca- do. Compreender o seu funcionamento é de extrema importância para a sobrevivência da empresa. Dessa forma, o presente capítulo traz alguns elementos (indicadores) para a compreen- são da dinâmica do ambiente econômico e de como eles se inter-relacionam em seus diferentes aspectos. 1 34 PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para exportadores e importadores de primeira viagem) Introdução O objetivo de um empreendedor é construir um negócio. Esse negócio, normalmente organizado na forma de empresa, pode ser produtor de bens, como roupas, alimentos, móveis, aparelhos eletrônicos, ou de serviços, como manutenção de máquinas de costura, assessoria psicológica, centro de estética e tantas outras áreas. Entretanto, independente do tipo de em- presa a ser iniciada, ela não estará sozinha. E mais, ela passará a depender de um conjunto de outras empresas para poder funcionar. Para exemplificar, vamos supor que você resolva montar uma pequena indústria produtora de embalagens plásticas. O imóvel predial precisou ser edificado por uma construtora, a qual utilizou materiais de várias outras empresas, como cimento, tijolos, ferragens, telhas, materiais de acabamento etc. A injetora – máquina para produzir as suas embalagens – pode ser importada da Alemanha, porém, a fábrica dessas máquinas precisou de chapas de aço de uma grande siderurgia, contro- ladores da indústria eletrônica, diversas ferramentas, outros equipamentos e assim por diante. O plástico, matéria-prima para você produzir, é derivado do petróleo, muitas vezes extraído do Oriente Médio, trazido ao Brasil por uma grande companhia de transporte naval, que comprou os navios de um estaleiro asiático. Observe que, para cada um dos produtos mencionados é possível abrir um leque imenso de outras empresas necessárias para produzi-lo. Ou seja, ao fazer suas embalagens plásticas, você estará dependendode um conjunto extremamente grande e complexo de outras empresas. E o curioso, ao entrar nesse meio, outras empresas passarão a depender de você também, consti- tuindo uma imensa rede. Como pode ter percebido, não existe um fim, todos depen- dem de todos. E esse todo é imenso. Uma empresa muito grande, líder de mercado, com faturamento de bilhões, conhecida em todos os países, quando comparada a esse todo será um grão de areia. A esse todo se dá o nome de ambiente externo, ou seja, tudo que estará fora de sua empresa. AMBIENTE ECONÔMICO: O CHÃO DAS EMPRESAS 35 De uma forma comparativa e alegórica, sua empresa pode ser considerada um navio; o ambiente externo, o oceano; e você, o capitão. Como todo bom capitão, para navegar não basta co- nhecer somente seu navio, como sua capacidade, potência etc., ou sua tripulação; será necessário também conhecer o oceano, com suas correntes marítimas, seus rochedos traiçoeiros; a meteorologia, os tipos de nuvens que antecipam tempestades. Somente tendo todos esses conhecimentos, o capitão poderá chegar ao seu destino com segurança. Da mesma forma que o capitão, você, como empreendedor e empresário, deverá conhecer muito bem o ambiente externo, pois ele irá sinalizar o caminho, ou os possíveis caminhos, rumo ao sucesso de sua empresa. Indicadores Se é fundamental conhecer o ambiente externo e se ele é formado por todas as empresas do mundo, será necessário, para o empreendedor alcançar o sucesso, conhecer todas as empresas, com todos os seus produtos e todas suas particularidades? Do nosso exemplo, para produzir as embalagens plásticas será necessário saber especificamente como está a produção de cimento, de tijolos, de aço, de materiais eletrônicos, de petróleo, de máquinas, de navios etc.? A resposta é não! Para esclarecer melhor, voltemos ao nosso capitão. Ele não precisa ser um engenheiro mecânico para saber se o motor de seu navio está em bom funcionamento, como não precisa ter passado por uma faculdade de oceanografia para saber das correntes marítimas ou a localização dos rochedos, ou ter estudado anos de meteorologia para conhecer as condições climáticas. Na verdade, o capitão precisa de alguns indicadores, como a pressão e a temperatura do óleo do motor, para saber o seu rendimento, sonar e mapas para conhecer a localização dos rochedos e um rádio para obter informações sobre a previsão do tempo. 36 PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para exportadores e importadores de primeira viagem) Figura 1 Indicadores Indicador Indicador Indicador Indicador O mesmo vale para o ambiente externo, basta conhecer alguns indicadores e a inter-relação entre eles. Os indicadores são sinalizadores ou simplesmente dados que apontam ou mostram as mudanças que estão ocorrendo no ambiente externo. Todos os indicadores mostram a situação do momento, ou seja, são pontuais. Entretanto é possível ter uma visão de processo se temos dados de vários períodos, como alguns meses, anos etc. Quando temos um conjunto de indicadores, por exemplo, do último ano, sabemos o seu comportamento passado, porém, eles podem indicar uma trajetória, ou seja, como o ambiente poderá se comportar no futuro. Vale ressaltar que o futuro é incerto, então qualquer tentativa de previsão terá um grau de incerteza muito grande. Mas quais indicadores são necessários conhecer para auxiliar a empresa a obter sucesso? Quanto mais indicadores tivermos melhores serão as identificações do comportamento do ambiente externo. Porém, seria muito complicado ter um núme- ro muito grande de dados para acompanharmos, de modo que devemos garantir, ao menos, a existência daqueles que sejam indispensáveis. Se for impossível acompanhar a produção de cimento, de tijolos, de aço, de materiais eletrônicos, de petróleo, de máquinas, de navios e de todos os outros produtos e serviços, como então saber o andamento do ambiente? AMBIENTE ECONÔMICO: O CHÃO DAS EMPRESAS 37 Produto Interno Bruto (PIB) Para resolver essa questão, eis nosso primeiro indicador: o PIB, ou o Produto Interno Bruto. Formalmente, o PIB mostra o quanto está sendo produzido de bens e serviços durante um período, geralmente por um ano, em um determinado país. Como os bens e serviços possuem unidades de contagem diferentes, como peso, unidade ou volume, são utilizados os valores monetários para sua mensuração. Dessa forma, para o PIB não interessa quantos sacos de cimento foram produzidos, ou quantos cortes de cabelo, mas, sim, o quanto eles represen- tam de valor. Todos os países possuem esse indicador. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – é o órgão responsável pela sua mensuração. Quando o IBGE divulga o valor do PIB, ele está expresso da seguinte forma: R$ 866.827.479.000. O PIB mostra o desempenho total de uma economia, sem entrar em pormenores. A melhor forma de analisar e compreender o funciona- mento desse indicador é por meio da taxa de crescimento, ou seja, quanto variou, em termos percentuais, o valor do PIB em relação ao ano antecedente. Se o valor é de 2% em 2001, isso significa que a produção desse ano foi 2% maior que no ano de 2000. Como a produção de um país em um determinado ano também pode ser menor que no período anterior, a taxa de crescimento será negativa, por exemplo -1,5%. Tal número representa que a economia se contraiu em 1,5%. Quando a taxa de crescimento do PIB é positiva, significa que a economia está crescendo, ou seja, as pessoas consomem mais, as empresas vendem e produzem mais, o que aumenta o nível de emprego do país. Essa situação se reflete em uma melhoria das condições sociais e financeiras, tanto da população, quanto do próprio país. Por outro lado, em determinados períodos, o PIB de um país pode ser negativo, isso representa pessoas consumindo menos, a produção e as vendas são menores, e há menos tra- 38 PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para exportadores e importadores de primeira viagem) balho ou, de uma outra forma, o desemprego dos trabalhadores é maior. Com isso, há um empobrecimento da economia. Se a economia está estagnada, ou seja, com taxa de crescimento nula, ela está funcionando, porém na mesma intensidade que no período anterior. O PIB tendo taxas posi- tivas de crescimento significa maiores e melhores condições para todos, inclusive para quem está construindo ou plane- jando uma nova empresa. Assim, a economia em expansão gera oportunidades para iniciar novos negócios. Pode ser qualquer tipo de atividade, pois todas elas estão em fase de crescimento. E, vale ressaltar, quanto maior o ritmo de crescimento, mais facilidades um em- preendedor terá ao iniciar sua empresa. Por outro lado, se a economia cresce a taxas baixas, ou na hipótese não-desejável de retração, as oportunidades para novas empresas não são tão favoráveis, mas isso não significa que são inexistentes, apenas haverá a necessidade de um tempo maior para que a empresa tenha êxito. É exatamente em períodos em que a economia se desenvol- ve a um ritmo lento que a atuação do empreendedor é fundamen- tal. Pois ele trará, mesmo diante de uma situação desfavorável, novas idéias, novos produtos ou, em outras palavras, uma nova maneira de se integrar ao ambiente. Essa capacidade de introduzir "novidades", por meio da criatividade, representa a inovação, que é justamente o grande motor de funcionamento da nossa economia. Juros Um segundo aspecto de muita importância para o funcio- namento do ambiente é sua forma de se inter-relacionar, ou seja, como as partes do todo, no caso as empresas e as pessoas, se relacionam. Como vimos, para a fabricação de embalagens plás- ticas é necessário o suprimento de produtos provenientes de milhares de empresas. No nosso exemplo, o futuro produtor de- verá realizar, para ter acesso a esse conjunto de bens neces- sários à produção, o pagamento por todoseles: instalações, AMBIENTE ECONÔMICO: O CHÃO DAS EMPRESAS 39 máquinas, matéria-prima, trabalho etc. E o pagamento, necessa- riamente, deve ser feito em dinheiro, em moeda. Diante disso, a moeda assume um papel fundamental, pois ela está presente em todo o processo de compra e venda. Por isso, o seu comportamento gera um indicador fundamental para qualquer empresário/empreendedor que deseje investir: os juros. Da mesma forma como o aluguel representa o pagamento pelo uso de algo que não é nosso, como uma casa, um galpão, ou um imóvel qualquer; os juros representam o pagamento pelo uso do dinheiro que não nos pertence. A taxa de juros mostra o quanto alguém deverá pagar para utilizá-lo. Se a taxa for de 10% ao ano, significa que no prazo de um ano o tomador do dinheiro deverá devolver o valor do empréstimo acrescido de 10%. Assim, se a quantia tomada for de R$ 10.000,00, no final do período deverão ser pagos R$ 11.000,00. O impacto da taxa de juros se desdobra em dois aspectos: o primeiro sobre os consumidores e o segundo sobre os produ- tores. Como muitos consumidores não detêm a quantidade total de dinheiro para adquirir os produtos de maior valor, como televisor, geladeira ou automóvel, eles necessitam financiar a compra. E é justamente no financiamento que incidem os juros. Diante disso, podemos concluir que, quanto maior for a taxa de juros, mais elevado será o valor da parcela, e mais caro os con- sumidores pagarão pela aquisição do produto. De maneira semelhante, os produtores necessitam de fi- nanciamento para o capital de giro ou para novos investimentos. Se a taxa de juros está baixa, os produtores não terão dificul- dades em realizar seu pagamento. Por outro lado, se a taxa estiver alta, haverá mais dificuldade para pagar o empréstimo. Resumidamente, baixas taxas de juros estimulam a pro- dução e o consumo. Ora, se as pessoas consomem mais e as empresas produzem mais, o PIB aumenta. Dessa forma, existe uma relação direta entre taxas de juros e o PIB: quanto maior a taxa de juros, menor será o crescimento do PIB e vice-versa. 40 PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para exportadores e importadores de primeira viagem) Figura 2 Relação entre taxa de juros e PIB Taxa de juros PIB PIB Taxa de juros Inflação Um indicador bastante conhecido por todos nós, e muito importante para quem está planejando investir, é a inflação. A inflação é um fenômeno associado à moeda (dinheiro), e seu sig- nificado real é a desvalorização, ou seja, a moeda passa a ter um valor menor. Dessa forma, é necessária uma quantidade maior de moeda para comprar a mesma quantidade de produtos, o que representa o aumento contínuo e generalizado dos preços de todos os bens e serviços. Quando a taxa de inflação é de 5% ao mês, significa que, em média, os preços de todos os bens e ser- viços aumentam 5% a cada 30 dias. Algo que custava R$100,00 no mês de novembro passa a custar R$ 105,00 em dezembro. Além do transtorno e da perda de planejamento financeiro, a inflação afeta o poder aquisitivo das pessoas, principalmente daquelas que dependem de rendimentos fixos com prazo de reajuste. Tradicionalmente, os assalariados têm as maiores per- das de consumo decorrentes da inflação. Por outro lado, a inflação também afeta diretamente alguns segmentos produtivos, principalmente aqueles que necessitam de longo prazo de maturação. Mas de modo geral, o grande impacto sobre o setor produtivo decorrente da inflação é a definição da política de preços adotada pela empresa. Quando os preços estão estabilizados, ou seja, ausência ou uma pequena taxa de inflação, os empresários podem focar suas atenções nos aspectos pura- AMBIENTE ECONÔMICO: O CHÃO DAS EMPRESAS 41 mente empresariais do negócio; entretanto, com altas taxas de inflação, o empresário, além de se preocupar com a produção, deverá estar atento a todas as oscilações de preços para que não incorra em perdas ou prejuízos. Dessa forma, a inflação exige um gerenciamento mais atento dos aspectos financeiros da empresa. Câmbio O nosso quarto indicador é a taxa de câmbio. Ela é impor- tante porque muitas atividades necessitam de bens do exterior, como no nosso exemplo, a máquina injetora importada da Ale- manha. Por outro lado, muitos produtos fabricados no Brasil serão utilizados ou consumidos em outros países do mundo por meio das nossas exportações. Uma análise um pouco mais apurada mostra que há uma interdependência muito grande entre todos os países, isso porque nenhum país, isoladamente, consegue produzir todos os bens de que necessita ou porque alguns vendem por preços mais baixos que outros. Dependendo da atividade escolhida, haverá uma maior dependência de produtos importados, que será diretamente influenciada pela taxa de câmbio. A taxa de câmbio é a relação entre a moeda interna e a moeda externa, ou seja, quantas unidades de moeda interna são necessárias para adquirir uma unidade da moeda externa. Como a grande maioria das transa- ções é realizada em dólar (moeda norte-americana), podemos afirmar que a taxa de câmbio expressa a quantidade de reais necessária para a compra de um dólar. Ela é representada da seguinte forma: R$ 3,00/US$. A representação mostra que são necessários R$ 3,00 para comprar US$ 1,00. Como a taxa de câmbio é um preço, ela pode variar. Quando é necessária uma quantidade maior de reais para a compra de um dólar, R$ 3,50, por exemplo, estamos diante de uma situação de desvalorização ou depreciação da taxa de câmbio, ou seja, a nossa moeda passa a valer menos. Isso tem um impacto direto sobre o comércio exterior: os nossos produtos ficam mais baratos no exterior e os importados ficam mais caros 42 PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para exportadores e importadores de primeira viagem) dentro do país. Isto representa um estímulo às exportações e um fator de inibição das importações. Por outro lado, quando ocorre a valorização ou apreciação da taxa de câmbio, são precisos menos reais para adquirir um dólar. Há uma tendência de que os preços em dólar sejam au- mentados, para permitir que a empresa obtenha a mesma quan- tidade de reais pelos produtos que vende no exterior. Por outro lado, produtos adquiridos em dólar fora do país acabam custan- do menos em reais, para os importadores, permitindo que estes pratiquem um preço menor no mercado interno. Assim, a valori- zação da moeda local desestimula as exportações e fornece alen- to às importações. Figura 3 Impactos da alteração cambial sobre o comércio inter- nacional Valorização ou apreciação R$2,50/US$ Situação inicial R$3,00/US$ Desvalorização ou depreciação R$3,50/US$ Mais importação Mais importação A depreciação do câmbio gera o aumento das exportações, o que estimula a produção interna e conseqüentemente reflete no crescimento do PIB. Já a apreciação da taxa de câmbio eleva as importações, diminuindo assim a produção interna, o que resulta em taxas menores de crescimento do PIB. Mais exportação AMBIENTE ECONÔMICO: O CHÃO DAS EMPRESAS 43 Figura 4 Impactos da alteração cambial sobre o PIB Depreciação cambial Apreciação cambial Exportações Importações PIB Exportações Importações PIB Vale ressaltar que, independentemente da situação da taxa de câmbio, sempre haverá oportunidades para novos negó- cios. Entretanto, um aspecto negativo da evolução do câmbio é sua constante alteração, pois isso representa incerteza e insegu- rança para a realização dos investimentos. Construção de cenários Quando reunimos todos esses indicadores e fazemos uma análise global, temos em mãos um cenário do ambiente. Na verdade, o cenário revela as condições gerais e expressa situa- ções que servem de embasamento para a tomada de decisões. Se o nosso capitão, antes de zarpar de seu porto, verificar que a meteorologia está boa e que o mar está calmo,ele pode navegar tranqüilamente sem grandes preocupações. Por outro lado, se essas situações não estão boas, ele deverá tomar algu- mas precauções extras, a fim de não incorrer em perdas. O mesmo vale para alguém que está planejando iniciar uma atividade: cercar-se de informações para evitar prejuízos e alcançar mais facilmente o sucesso. 44 PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para exportadores e importadores de primeira viagem) Figura 5 Cenário favorável e desfavorável Cenário Favorável Cenário Desfavorável • Altas taxas de crescimento do PIB; • Baixas taxas de juros; • Inflação baixa; • Taxa de câmbio estável. • Baixas taxas de crescimento do PIB; • Altas taxas de juros; • Inflação alta; • Taxa de câmbio instável. O ideal seria se deparar sempre com um cenário favorável, mas às vezes isso não ocorre, pois os cenários se alternam: ora favorável, ora desfavorável. Diante disso alguém poderia pensar: se os cenários se alternam, o ideal é esperar por um melhor. Mas alguém sabe quando isso pode acontecer? Embora existam várias técnicas de previsão de cenários, ainda não há certeza plena de suas concre- tizações no futuro, pois as variáveis previstas podem tomar um rumo inesperado por algum fator desconhecido, ou um fator não previsto pode se tornar predominantemente importante e alterar os demais. Independente do cenário, o empreendedor bem-informado terá menores riscos na condução de seu empreendimento. Compreensão do próprio negócio Além de compreender o funcionamento geral do ambiente, o empreendedor precisa também saber de algumas particulari- dades, principalmente as que estão mais próximas da atividade que deseja empreender. Tais particularidades consistem nas estruturas de mercado. De maneira geral, o mercado expressa a AMBIENTE ECONÔMICO: O CHÃO DAS EMPRESAS 45 conexão entre os vendedores e os compradores e a estrutura de mercado é a tipologia ou a forma dessa conexão. Existem inú- meras formas de conexão, mas podemos, resumidamente, agru- pá-las em quatro grandes estruturas: concorrência perfeita, concorrência monopolista, oligopólio e monopólio. Suas caracte- rísticas são expressas no Quadro 1, a seguir. Quadro 1 Formas de conexão entre vendedores e compradores Estrutura Número de empresas Produto Influência no preço Condições de entrada Exemplo Concorrência perfeita Muitas Homogêneo Nenhuma Fácil Commodities agrícola Concorrência monopolista Muitas Diferenciado Baixa Fácil Confecções, restaurantes Homogêneo Alumínio Oligopólio Poucas Diferenciado Mediana Difícil Automóveis Monopólio Uma Único Alta Difícil Serviços de energia elétrica Tanto em escala nacional quanto em escala mundial, exis- tem poucos monopólios, uma quantidade muito maior de oligo- pólios e um número gigantesco de empresas em concorrência perfeita e em concorrência monopolista. Por ser essa última a es- trutura que melhor caracteriza a iniciativa dos empreendedores, nós temos que ter um entendimento melhor de seu funciona- mento e, para isso, retomamos o nosso exemplo. Para iniciar a produção de embalagens plásticas, bastam simplesmente uma máquina injetora, um imóvel, que pode ser um espaço na garagem, e a matéria-prima necessária. Pelo fato de precisar de poucos recursos, não existem barreiras signi- ficativas para iniciar um empreendimento nessa atividade. E por isso, existem inúmeras pequenas empresas que se prestam a essa finalidade. Há inúmeros tipos de embalagens plásticas, para as mais diversas finalidades, como medicamentos, alimen- tos, brinquedos, CDs etc. Isto resulta em embalagens diferentes umas das outras, por exemplo no tamanho, no tipo de material 46 PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para exportadores e importadores de primeira viagem) utilizado, na forma, na cor e na finalidade de uso. Como os produtos são diferenciados, existe certa diferença de preço entre as embalagens. Essas características enquadram a atividade na estrutura de concorrência monopolista. No setor de serviços podemos verificar a mesma correspon- dência, como restaurantes, cabeleireiros, serviços médicos etc. Como muitas empresas surgem de uma idéia que se materializa em um novo produto ou em um novo serviço para atender uma necessidade particular do mercado, o empreendedor terá certa flexibilidade para definir as características do produto ou do serviço, os recursos materiais utilizados na produção, o público- alvo e o preço de venda. Entretanto, como todos sabem, a definição do preço não depende somente do produtor, ele é esta- belecido com os consumidores, ou seja, pelo mercado. Relação entre preço e consumo Nesse ponto, o primeiro aspecto importante é verificar se haverá consumo para o seu produto ou serviço. E para isso não existe uma receita pronta, mas recomenda-se reunir a maior quantidade de informações por meio de conversas e entrevistas. Havendo consumo, é importante termos em mente o com- portamento geral dos consumidores: se o preço do produto for alto, poucas unidades serão vendidas, já se o preço for baixo, haverá uma grande quantidade vendida. Figura 6 Relação entre preço de venda e consumo preço de venda preço de venda consumo consumo AMBIENTE ECONÔMICO: O CHÃO DAS EMPRESAS 47 Diante disso, como definir o preço que garanta a maior receita? Inicialmente temos de ter em mente que, se o preço for baixo haverá uma grande venda, mas poderá não cobrir os custos, acarretando prejuízo ao produtor ou ao prestador de ser- viço, por isso existe a necessidade constante de procurar reduzir os custos de produção por meio de técnicas mais eficientes. Por outro lado, se o preço for alto, os consumidores podem deixar de consumir, por não terem renda, ou trocar o produto por um substituto. Há inúmeros exemplos de produtos subs- titutos: manteiga e margarina, videocassete e DVD, carne de boi e carne de frango, gasolina e gás natural veicular etc. Dessa forma, se o preço da manteiga se elevar, os consumidores pode- rão substituí-la pela margarina. Assim, é fundamental conhecer os produtos próximos. Mas isso não basta, também é importante conhecer a es- sencialidade do bem. De maneira geral, essencialidade é o quan- to o produto satisfaz uma necessidade dos consumidores, ou seja, existem produtos que são mais necessários e produtos que são menos necessários. E isto tem um impacto direto no comportamento do consumo. Alimentos são mais necessários que CDs, porque garan- tem nossa sobrevivência. Portanto, caso haja um aumento dos preços de ambos, deixaremos de consumir CDs para continuar a consumir alimentos. Alimentos são mais essenciais que CDs. Figura 7 Estratégias para elevação da receita da empresa em função de características do produto Produtos mais essenciais Produtos menos essenciais Diminuição do preço (mais quantidade) Elevação da receita da empresa Aumento do preço (menos quantidade) Elevação da receita da empresa 48 PLANO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS EM 9 LIÇÕES (um manual para exportadores e importadores de primeira viagem) Conhecer a característica do produto ou do serviço e suas interações com outros produtos ou serviços traz implicações importantes para o posicionamento da sua empresa. Figura 8 Estratégia de preço ou quantidade em função de características do produto produto mais essencial produto menos essencial quantidade preço Se o produto ou o serviço for considerado mais essencial, é vantagem para a empresa praticar políticas de preços mais elevados, pois os ganhos com os preços compensam as perdas com as quantidades. Já no caso dos produtos ou serviços menos essenciais, é vantagem praticar preços mais baixos, pois a gran- de quantidade vendida irá fortalecer a rentabilidade da empresa, mesmo se o produto for barato. Implicações gerenciais e considerações finais De forma muito breve,
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