Buscar

Cap 10 e 11 STORPITIS Farmácia Clínica e Atenção

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

-CAPÍTULO 10 
Farmácia Hospitalar: Planejamento, 
Missão e Visão 
Adriano Max Mo-reira Reis 
INTRODUÇÃO 
O planejamento é um instrumento de gestão que, através 
da análise e discussão, leva uma organização ao diagnóstico, 
à visão do futuro desejável e factível e ao estabelecimento dos 
objetivos e programas de trabalhos. 
O custo da assistência à saúde, a complexidade da fannaco-
terapia e a 1norbimortalidade relacionada a medicamentos são 
alguns dos fatores que estão determinando mudanças profun-
das na prática farmacêutica. No âmbito hospitalar essas mudan-
ças consistem no redirecionamento das ações focadas na provi-
são de medicamentos para ações centradas no paciente. Essas 
ações buscam melhorar a qualidade do processo de utilização 
de medicamentos, alcançando resultados concretos capazes de 
agregar valor ao processo assistencial nos aspectos econômicos, 
humanitários e clínicos (REIS, 2003; ZELMER, 2001). 
Neste contexto de mudanças, o planejamento assume papel 
de destaque, pois possibilita interagir com a realidade e pro-
gramar as estratégias e ações necessárias para alcançar os obje-
tivos e metas desejadas. 
O planejamento integrado ao processo de gestão permite 
à Farmácia Hospitalar definir claramente sua missão e contri-
buir para a melhoria da qualidade da assistência aos pacientes, 
empregando processos de trabalho seguros e compatíveis com 
a viabilidade econômica e financeira dos hospitais. 
PLANEJAMENTO 
O planejamento, a organização, a direção e o controle são 
as funções básicas do administrador. Quando consideradas 
como um todo, formam o processo administrativo. Estas fun-
ções estão presentes em todas as ãreas funcionais e compõem 
o conjunto básico das atividades a serem desempenhadas por 
qualquer gestor. 
Existe urna inter-relação constante entre as funções admi-
nistrativas. Portanto, a organização, a direção e o controle não 
têm razão de ser se não existir um planejamento que estabeleça 
para que e como organizar, em que direção se deve caminhar 
e o que se deve controlar. 
O planejamento é uma função fundamental do administra-
dor, pois abrange a escolha das alternativas de ação e deter-
mina como as outras funções serão executadas para alcançar 
as metas estabelecidas. 
Planejar é a arte de elaborar o plano de um processo de 
mudança. É a forma de viabilizar uma idéia. Compreende um 
conjunto de conhecimentos práticos e teóricos ordenados de 
modo a possibilitar interagir com a realidade, programar as 
estratégias e ações necessárias, e tudo o mais que seja delas 
decorrente, no sentido de tornar possível alcançar os objetivos 
e metas nele preestabelecidas. 
É importante destacar que o planejamento é um processo 
contínuo que visa propiciar uma postura ativa da organização 
na sua relação com os cidadãos e com o meio em que ela 
atua. Como a realidade é dinâmica, não existem planos defi-
nitivos, fechados, que possam valer, sem alterações, por muito 
tempo. É preciso considerar as incertezas e deixar espaço para 
o imprevisto. 
O planejamento não deve ser confundido com o plano. 
O plano é um dos produtos de um amplo processo de análi-
ses e acordos; ele documenta e anuncia as conclusões desses 
acordos. É um instn1mento que permite a uma organização 
explicitar os resultados que se deseja alcançar, como, em que 
tempo e quem é responsável. 
A magnitude do planejamento está no processo de analisar 
o ambiente e os si5temas e chegar a definir os "o que quere-
mos" e os "como alcançá-lo". É o processo de planejamento que 
deve ser pennanente e envolvente dentro da instituição e não 
o plano. Mas o plano escrito deve existir, porque é necessário 
documentar os acordos e a direcionalidade do tralYalho. 
A linguagem do plano deve ser clara e concisa, de forma 
que todos os que o leiam compreendam claramente a vi5âo 
de futuro e os objetivos perseguidos. 
102 Farmácia Hospitalar: Plaiwjamento, Missão e V.São 
O planejamento deve ser realizado pelos atores envolvidos 
na ação e que conheçam a realidade. Cada vez mais as orga-
nizações se dão conta de que é perfeitamente possível apro-
priar-se dos conceitos e ferramentas do planejamento, bem 
como das vantagens decorrentes do envolvimento das pessoas 
nesse processo. 
O Planejamento e o Processo de Gestão da 
Fannácia Hospitalar 
O planejamento é pane do processo de gestão. l\os hospi-
tais, o farmacêutico gerente é o responsável pelo desenvolvi-
mento, em conjunto com as equipes de trabalho, do planeja-
mento da Assistência Farmacêutica. 
O gestor, para desenvolver sua função gerencial, deve arti-
cular meios e recursos disponíveis ou que possam ser alcan-
çados para atingir os resultados pretendidos. O compromisso 
com os objetivos e com os resultados 6 essencial. 
Na pratica, o gestor lida, a cada mo1nento, com o impre-
visto, negocia e precisa criar espaços de cooperação e de 
inovação. 
Na gestão da Farmácia Hospitalar, devido à complexidade e 
às características diferenciadas das organizações hospitalares, 
é importante articular recursos de poder e mobilizar os meios 
informacionais, financeiros e materiais para alcançar resultados 
que tenham impacto no processo assistencial. 
Para realizar essa articulação é preciso definir o que se 
deseja alcançar em que tempo e de que forma. Os resultados 
devem ser acompanhados de modo a ir ajustando ou modifi-
cando o plano cm função da realidade. 
A elaboração do plano viabiliza o controle. O controle per-
mite a correção ou a mudança de rota, o ajuste da organização 
às novas situações e ao inesperado. 
PIANEJAMENTO EM SAÚDE 
No setor da saúde, o planejamento é o instrumento que per-
mite melhorar o desempenho, otimizar a produção e elevar a 
eficácia e eficiência no desenvolvimento das ações assistenciais. 
O planejamento pode ser realizado sob a ótica do planejamento 
normativo ou do p lanejamento eslratégico. 
O enfoque normativo do planejamento apresenta as seguin-
tes características: 
• valoriza as categorias econômicas, como recursos, produ-
ção, produtividade, eficiência, custo-benefício e outros; 
• não reconhece as dimensões políticas que fazem parte da 
realidade sobre a qual se planeja, privilegiando a raciona-
lidade técnica na orientação dos processos sociais de defi-
nição de prioridades e alocação de recursos; 
• considera que apenas um ator planeja, desconsiderando os 
atores sociais; 
• tem caráter determinístico, pois considera que há uma única 
explicação da realidade; 
• é descontextualizado da realidade; 
• considera o plano urna norma a ser cumprida, para se alcan-
çar um objetivo, definido apenas através de critérios técni-
cos. 
A complexidade, a contradição, a fragmentação e a incer-
teza caraclerísticas dos processos desenvolvidos nas organiza-
ções de saúde limitam a aplicação do enfoque normativo do 
planejamento. 
Carlos Matus, na década de 1970, desenvolveu o planeja-
mento estratégico situacional como uma alternativa às limita-
ções do planejamento clássico (CASTILHO SÁ; PEPE, 2000). 
O enfoque estratégico do planejamento apresenta os seguin-
tes pressupostos e características gerais: 
• é contextualizado, pois trabalha com o contexto explícito, 
parcialmente explicável; 
• diferentes atores têm diferentes visões sobre a realidade, 
diferentes graus de poder e diferentes interesses. Não hã 
um único sujeito do planejamento; 
• não se podem fazer predições sobre a realidade social, pois é 
conflitiva e marcada pela complexidade e pela incerteza; 
• planejar é reali7.ar um cálculo sístemãtico, interativo (no 
sentido da relação com outros atores) e probabilístico. É 
um processo complexo e exige a articulação constante entre 
presente e futuro; 
• os recursos econômicos não são os únicos recursos escassos. 
É necessãrio garantir "recursos de poder" para implementar 
as mudanças desejadas; 
• caráter multidia1ensional, pois consider.t aspectos econômi-
cos, políticos, sociais cognitivos etc.; 
• o poder é capacidade de ação e de produção de fatos. Mani-
festa-se de várias formas como um poderpolítico, poder 
técnico, poder administrativo e poder econômico; 
• trabalha com vários planos de ação segundo as circunstân-
cias. 
Wilken; Bermudez (1999) enfatizam a importãncia do pla-
nejamento em uma Farmácia Hospitalar e consideram o pla-
nejamento estratégico uma ferramenta adequada e aplicável 
nestes estabelecimentos. 
PLANEJAMENTO ESI'RATÉGICO SITUACIONAL 
No planejamento estratégico, o ator é um coletivo de pes-
soas ou, no seu extremo, uma personalidade que, atuando 
em uma determinada realidade, é capaz de transformá-la. É 
fundamental que ele tenha controle sobre recu.rsos relevantes, 
tenha uma organização minimamente estável e um projeto para 
intervir nessa realidade. 
O ator possui ideologia, interesse, vontade, decisão e ade-
são próprios em relação às propostas e processo de mudanças 
inerentes e decorrentes do planejamento, que são fatores deter-
minantes no êxito ou no fracasso dos planos de intervenção a 
serem concebidos e operacionalizados. 
Nesse contexto, a estratégia é urna maneira de construir 
viabilidade para um plano elaborado, visando alcançar deter-
minados objetivos. Portanto, consiste em identificar os poderes 
e atores que atuam em uma realidade social e suas posições 
sobre o plano. 
Surge, então, a necessidade de articular e aglutinar "pode-
res favoráveis", além de buscar superar os "poderes contrários" 
que são os obstáa.ilos em relação aos processos de mudanças 
e transformações pretendidos. 
Assim, diante da necessidade de uma apreciação do con-
junto da realidade de uma visão mais integradora que, ao 
mesmo tempo, destaque as partes relevantes para a ação do 
ator que a considera, o planejamento estratégico situacional 
lança mão do conceito de situação. 
A situação é uma apreciação de conjunto da realidade, rea-
lizada por um ator, considerando-se as ações que pretende 
realizar para alcançar seus objetivos. A explicação situacional 
se diferencia do diagnóstico tradicional por ser uma análise da 
realidade dirigida para a ação. Para ser eficaz, essa análise deve 
conter os aspectos relevantes para a ação do ator. 
Na perspectiva do planejamento estratégico, o conceito de 
siruação permite articular conhecimentos proveníentes das ciên-
cias às experiências e percepções dos atores no momento de 
sua ação. 
Para elaboração de uma análise siruacional dentro do pla-
nejamento estratégico é essencial a definição de problema. De 
modo geral, um problema pode ser definido como a discrepân-
cia entre uma situação real e uma situação ideal ou desejada. 
Entretanto, uma siruação só é problematizada quando um ator 
a define como inaceitãvel e, ao mesmo tempo, como passível 
de ser transformada na direção desejada. Em suma, um pro-
blema pode ser entendido como um obstáculo que impede 
determinado ator de alcançar seus objetivos. Sendo assim, um 
problema é auto-referido e dependente da perspectiva de quem 
o identifica. Em determinadas situações, o que é um problema 
para um ator pode ser oportunidade para outros atores. 
O planejamento e o processo de gestão devem ser vincu-
lados, ou seja, o planejamento deve ser pan.e do comporta-
mento e postura do gestor. É cerco que não há tempo ou prazo 
para início ou término do chamado planejamento, o que não 
significa que não deva haver planos ou metas, mas sim que 
planejar é um processo dinâmico, em que o exercício dos 
diferentes momentos deverá estar ocorrendo no tempo, com 
possibilidades de reformulações, revisões etc. No processo de 
planejamento estratégico situacional, segundo Carlos Matus, 
identificam-se quatro momentos (CASTILl"IO SÁ; PEPE, 2000; 
AT.MEIDA et ai., 2001). 
Momentos do Planejamento Estratégico 
Situacional 
MOMENTO EXPUCATIVO 
O momento explicativo busca conhecer a situação atual, 
procurando identificar, priorizar e analisar os problemas. Cor-
responde à etapa do diagnóstico no planejamento tradicional, 
porém considera-se a existência de outros atores, que têm 
explicações diversas sobre os problemas, impossibilitando a 
construção de uma leitura única e objetiva da realidade. A fina-
lidade deste mo1nento é detalhar a realidade que nos cerca. 
A explicação dos problemas é elabof'.tda desenhando sua 
rede de causalidade e definindo os "nós" críticos. É o momento 
de trazer a realidade para dentro da compreensão do problema, 
procedendo a uma análise siruacional. 
A súnese do momento explicativo pode ser representada 
graficamente através do fluxograma siruacional ou árvore expli-
cativa dos problemas, que permite evidenciar alguns aspec-
tos que resumem o conteúdo básico desse momento, quais 
sejam: 
• o problema a ser formulado com clare1.a e objetividade; 
• o ator responsável pela operação, pela solução do pro-
ble ma; 
• os vetores descritores do problema, representados por indi-
cadores de caráter quantitativos, monitoráveis ao longo do 
Farmácia Hospualar: Planejamento, Missão o Visão 1O3 
tempo e que possibilitam visualizar como o problema acon-
tece naquela realidade siruacional; 
• as conseqüências do problema, que é um exercfcio de aná-
lise e discussão que deverá ter como produto a sintese das 
principais conseqüências que advêm da ocorrência do pro-
blema; 
• a rede sistêmica de causalidade, que consiste na e labora-
ção, também pelos atores que participam do processo, da 
listagem das causas, que, no entendimento do consenso do 
grupo, estão acontecendo e contribuem para a ocorrência, 
manutenção ou ampliação do problema. 
O nó crítico é problema ou causa que, quando enfrentado, 
promove um impacto no problema principal. Deve configurar 
como um centro prático de ação, isto é, há disponibilidade 
de recursos políticos, econômicos, administrativos e técnicos 
para resolvê-lo. 
MOMENTO NORMATIVO 
t o momento de elaboração das propostas de solução; é 
quando são fonnu ladas soluções para enfrentamento dos pro-
blemas identificados. 
Nesse momento, todo referencial de cada área técnica da 
Farmácia Hospitalar, o tipo de conceituação de Assistência 
Farmacêutica, todo o conhecimento arnmulado sobre a orga-
nização do hospital, a opção pelo tipo de modelo de prática 
farmacêutica que se quer implementar, além das necessidades 
e possibilidades de uma atuação intersetorial, são reorienta-
dos para o desenho de onde se quer chegar e das operações 
que serão desencadeadas para o enfrentamento dos nós cri-
ticos. Esse é um momento privilegiado de atuação interdisci-
plinar, que orienta o plano para a mudança que se pretende 
introduzir. 
A elaboração das operações é um passo fundamental que 
considera a relação entre o poder político, o conhecimento téc-
nico, as tradições, a rotina estabelecida e a cultura da instituição 
e que calcula o tipo do recurso que será necessário para a sua 
viabilização. São úteis os conhecimentos de gestão financeira 
e cuscos, para facilitar o cálculo dos recursos. 
Nesse momento é importante estabelecer os indicadores 
adequados para o monitoramento da operação em si, bem 
como para o monitoramento do problema de modo geral. 
MOMENTO ESTRAl]GICO 
A finalidade é concentrar esforços para construir a viabili-
dade, mapeando todos os atores que possam cooperar ou se 
opor ao que está proposto, calculando o tipo de controle que 
cada um tem dos rernrsos essenciais ao plano. 
As estratégias para alcançar os objetivos traçados são for-
muladas neste momento. 
Em síntese, buscam-se no momento estratégico as respos-
tas para as seguintes perguntas: que operações do plano são 
viáveis hoje? E como construir viabilidade para as operações 
viáveis durante o período de gestão? 
A análise de viabilidade começa pela análise dos atores 
relevantes, a fim de procurar saber, em primeiro lugar, qual 
sua força ou capacidade de facilitar ou dificultar/impedir a 
realização da mesma. 
A motivação de um ator é uma combinação do seu interesse 
(ou posição) por uma operação com o valor (ou importância) 
que ele atribui à mesma. 
104 Farmácia rlospltalar: Planejamento, Missão e VLção 
Nessa fase, além de se escolherem os meios estratégi-cos para lidar com cada ator, deve-se também definir a 
seqüência de realização de todas as operações e ações do 
p lano, distribuídos no tempo, juntamente com as estraté-
gias. 
MOMENTO TÁTICO OPERACIONAL 
É o momento de execução propriamente dita do plano. A 
definição e a implementação do modelo de gestão devem ser 
executadas. É importante também a elaboração dos instrumen-
tos para acompanhamento e avaliação do plano. 
O plano reflete o compromisso de mudança do gestor frente 
à realidade. Ele define os temas que comporão a agenda do 
dirigente, o objeto de decisão e do esforço concentrado de 
gestão para sua implementação. 
O fazer passa a ser considerado parte do plano, e não uma 
etapa posterior. Rompe-se a lógica linear: planejar-executar-
avaliar. O fazer é também recalcular o p lano. O monitora-
mento das operações ajuda a redesenhá-las permanentemente, 
e a avaliação contínua do Impacto no processo de organiza-
ção dos serviços e na realidade sanitária da população rea-
limenta a leitura da realidade e da melhor forma de intervir 
sobre e la. 
Assim, retoma-se continuamente o inomento explicativo, o 
normativo, o estratégico e a concepção de um processo per-
m.anente em espiral. 
MISSÃO DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
A missão de uma organização de saúde é construída bus-
cando deixar claro sua singularidade e seu compromisso com 
a sociedade. É importante explicitar na missão os seguintes 
elementos: produtos, características dos produtos, clientes e 
resultados. 
No enunciado da missão deve constar que a organização 
existe para oferecer tais produtos, com tais características, para 
tais clientes, visando alcançar tais resultados. 
A missão pode ser formulada tanto para a organização como 
um todo, o hospital por exemplo, como pode ser formulada 
para a Farmácia e outros serviços ou departamentos. Mesmo 
na Farmácia Hospitalar pode-se trabalhar a missão de cada 
equipe, tais como a da d ispensação, farmácia satélite, farma-
cotécnica central de abastecimento ou centro de informação 
' de medica1nentos, entre outros. 
As missões das "partes" devem manter u1na relação de coe-
rência e complementaridade com a missão do "todo'', no caso, 
a organização. 
De modo geral, pode-se formular a missão de u m Serviço 
de Farmácia como a apresentada no Quadro 10.1. 
QUADllO 10.1 Missão da Farmácia Hospitalar 
Oferecer assistência farmacêutica com critérlo.s de qualidade e 
custo-efetividade visando atender às necessidades farmacorerapicas 
cios usuários do hospital , garantindo uma terapia segura e efetiva 
que melhore a qualidade de vida dos indivíduos e atuando de 
forma integrada às diretrizes e políticas do hospital e Sistema Único 
de Saúde. 
A explicitação da missão oferece às organizações de saúde 
os seguintes ganhos: 
• é um instrumento para construção de consensos junto a 
equipes tão diversificadas e com tanta assimetria de poder 
como são as de saúde; 
• estimula um deslocamento da atenção das equipes de seus pro-
blemas internos para o cliente, o que representa, por si só, um 
dispositivo importante de mudança na cultura dominante; 
• esclarece, para os trabalhadores, a singularidade da orga-
nização e sua responsabilidade social, com forte ênfase no 
alcance de determinados resultados; 
• alimenta o processo de planejamento, facilitando a percep-
ção dos problemas finais, ou seja, aqueles vividos pelos 
usuários; 
• estimula o uso criterioso de informações e a criação de indi-
cadores que possibilitem o acompanha1ncnto do desempe-
nho da organização. 
A missão é a expressão mais concreta dos objetivos da orga-
nização e estratégia de melhorar a comunicação dentro das 
equipes e de criação de u1na cultura de responsabilidade frente 
ao usuário, aliada a uma gestão participativa e democrática. 
VISÃO DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
O futuro, para acontecer, não depende de que alguém o 
deseje com intensidade; requer decisões e ações imediatas. 
Como já foi afirmado, o planejamento é uma forma de organi-
zação para a ação. O ato de planejar orienta a ação do presente, 
buscando organizar e estruturar atividades que modifiquem 
a realidade. A transformação da realidade pode implicar em 
incorporar nova visão aos processos de trabalho e ao modelo 
de gestão da assistência. 
Os Serviços de Farmácia Hospitalar têm sofrido muitas trans-
formações ao longo das últimas décadas. A prática farmacêutica 
voltada essencialmente para os aspect0s de aquisição, distri-
buição e produção de medicamentOS não tem produzido resul-
tados de impacto em relação a qualidade, segurança e custo 
da fannacoterapia. O processo de utilização de medicamentos 
no âmbito hospitalar precisa ser revisto, incorporando maior 
eficiência e segurança. Surge a necessidade de adicionar, à 
prática profissional vigente, ações centradas no paciente, evi-
tando o afastamento do farmacêutico do objetivo principal de 
sua existência profissional, o individuo. 
A Farmácia Clínica, a filosofia e o processo da Atenção Far-
macêutica de acordo com l-lepler; Strand (1990) e o modelo de 
Ni.mno; Holland (1999) e de Holland; Nimno (1999), em conjunto 
com as diversas metodologias de seguimento fannacoterãpico, são 
referenciais iJnportantes para a prática voltada para o paciente. 
Na ótica atual, a Farmácia é um Serviço Clínico Assistencial 
que tem a responsabilidade de incorporar valor ao processo 
assistencial do hospital, buscando uma farrnacoterapia segura 
e eficiente na atenção individuali7~da ao paciente. 
As pressões do complexo médico-industrial, a necessidade 
de incorporação tecnológica, a elevação dos custos assisten-
ciais e o novo perfil de morbimortalidade têm acarretado ele-
vação dos gastos com saúde, destacando-se os valores com 
medicamentOS. 
O aumento dos custos tem provocado nos hospitais uma 
maior inter-relação entre gestores e profissionais assistenciais, 
QUADRO 10.2 Tipos de gestão da Farmácia Hospitalar 
Gestão administrativa 
Foco central 
• Gestão de Estoques 
• Aquisição de Medicamentos 
• Sistemas de Distribuição de Medicamentos 
• Organograma Funcional 
criando, a5sim, a gestão clínica, uma peça chave para a admi-
nistração hospitalar. 
A gestão clínica aproxima a realidade da prática clínica aos 
imperativos da gestão de recursos, abordando a gestão eco-
nômica do processo assistencial. 
No Quadro 10.2 apresenta-se uma comparação entre a ges-
tão administrativa e a gestão clínica da Farmãcia Hospitalar. 
Ressalta-se que para o êxito da gesrâo clínica é importante 
a visão integral da assistência, o planejamento participativo, a 
inter-relação com as coordenações das unidades assistenciais e 
o referencial teórico das Ciências Farmacêuticas. A Farmacote-
rapia baseada em evidências, a Fannacoeconomia e a Fannaco-
cinética são referenciais teóricos de destaque para esta forma 
de gestão na busca de estratégias para reduzir custos e oferecer 
um tratamento farmacológico seguro e efetivo. A gesrâo clínica 
não elimina a abordagem da gesrâo administrativa, pois a lógica 
é de incorporação de novas estratégias, que assumem atenção 
especial devido à relevância para a assistência. 
Em suma, na conjuntura atual, o farmacêutico hospitalar, 
além de assumir ações clínico-assistenciais, é também o res-
ponsável por reduzir custos, utilizar eficientemente a tecno-
logia e os recursos humanos, e desenvolver sistemas seguros 
de utilização de medicamentos. Diante do aumento da com-
plexidade da assistência, as alterações no modelo de prática 
profissional são emergentes. 
É importante conhecer as diversas visões para planejar coroo 
incorporá-las ao processo assistencial. 
CONCLUSÃO 
O planejamento otimiza a gestão da Fannácia Hospitalar, 
contribuindo para a melhoria contínua da qualidade da assis-
tência prestada no hospital. 
Na visão atual da Farmácia Hospitalar, o profissional assume 
maior responsabilidade com a farmacoterapia e atua como pro-
motor do uso racional de medicamentos, desenvolvendo ações 
direcionadas para as necessidades do paciente. 
AVAI.IE SEUS CONHECIMENTOS1. Em relação ao planejamento é INCORRETO afirmar: 
a) é um processo pennanente, que reflete e se adapta às 
mudanças no ambiente interno e externo da farmácia 
hospitalar. 
Farmácia Hospitalar: Planejamento, Missão e füâo 105 
Gestão clínica 
Foco Central 
• Seleção de 1nedicamentos 
• Farmacoterapia 
o Substiruição Terapêuá ca 
o Terapia Seqüencial 
o Controle de Tempo de Trata1nento 
o Auditoria de Antimicrobianos 
o Adequações Posológicas 
• Monitorização Farmacoterapêutlca 
• Estudos de Utilização de Medicamentos 
b) é um processo adequado para estabelecer os objetivos 
da assistência farmacêutica e as linhas de ação adequa-
das pa.ra alcançã-los. 
c) deve ser realizado pelo farmacêutico gerente e equipe de 
trabalho, privilegiando uma visão múltipla da realidade. 
d) é parte integrante do processo de gesrâo da fannãcia 
hospitalar, apresentando independência em relação às 
funções, organização, direção e controle. 
2. O Hospital Regional de Iriraré contratou um fannacêutico 
para coordenar o Serviço de Farmácia. O profissional rea-
lizou várias visitas a setores da farmãcia e do hospital. No 
final de 45 dias entregou para o diretor do hospital um plano 
de ação. Após a aprovação do plano, apresentou o mesmo 
aos fannacêuticos supervisores e técnicos de fannácia, defi-
nindo as atividades a serem realizadas. 
Analise a situação descrita e assinale a alternativa INCOR-
RETA: 
a) o fannacêutico empregou o planejamento normativo, que 
compreendeu basicamente o diagnóstico, a definição de 
objetivos e metas e a formulação do plano. 
b) o farmacêutico priorizou a racionalidade técnica na defi-
nição dos objetivos. 
c) o enfoque de planejamento escolhido pelo farmacêutico 
não apresenta limitações de aplicação diante da con1-
plexidade da assistência farmacêutica hospitalar e das 
influências dos elementos envolvidos no processo de 
utilização de medicamentos. 
d) O farmacêutico empregou um planejamento de carãter 
determinístico. 
3. Assinale a alternativa que apresenta a associação correta em 
relação aos momentos do planejamento estratégico: 
1 - Explicativo ( ) execução, acompanhamento e 
avaliação do plano. 
2 - Normativo ( ) identificação, descrição e sele-
ção de problemas 
3 - Estratégico ( ) análise de viabilidade 
4 -Tático Operacional ( ) elaboração de propostas de so-
lução 
a) 4,1,3,2 
b) 1,4,2,3 
c) 2,3,1,4 
d) 3,2,4,1 
4. Quando se analisa a evolução da Farmácia Hospitalar, 
encontram-se as seguintes visões: a industrial, a da provi-
são, a moderna e a clínico-assistencial. Esta última, que se 
iniciou na década de 1990, exige que o fannacêutico: 
lo6 Farmácia Hospitalar: Planejamen10, Mtssào e VISào 
a) concentre suas ações em adquirir medicamentos de qua-
lidade para os pacientes internados. 
b) priorize ações voltadas para o sistema de distribuição de 
medicamentos. 
c) preocupe-se com a segurança, o custo e os resultados 
da fannacoterapia prestada ao paciente, analisando o 
impacto na qualidade de vida dos pacientes. 
d) utilize as ferramentas da farmacoeconomia na gestão da 
assistência farmacêutica, definindo o medicamento como 
foco da atenção. 
5. São ações que caracterizam urna gestão clínica da assistên-
cia fannacC:utica, EXCETO: 
a) seleção de medicamentos, empregando os princípios da 
farmacoterapia baseada em evidências. 
b) implantação de distribuição automatizada de medicamen-
tOs no centro de terapia intensiva. 
c) desenvolvimento, em conjunt0 com a comissão de far-
mácia e terapêutica, de programas de terapia seqüencial 
e intercambialidade terapêutica. 
d) participação ativa na auditoria de antimicrobianos. 
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, E.S. et al. Planejamento e prograrnaç-Jo em saúde. ln: WES-
TPHAL, M.F., ALMEIDA, E.S. (Ed.). Gestão de serviços d e saúde. 
São Paulo: Edusp, 2001. p.255-272. 
CASTIUIO SÁ, M.; PEPE, V.L.E. Planejamento estratégico. ln: ROZEN-
FELD, S. (Ed.). Fundamentos da vigilância s anitária. Rio de 
Janeiro: FIOCRUZ, 2000. p.195-232. 
HEPLER, C.D.; STRAl\"D, LM. Opportunities and responsabilities in 
pharmaceutical care. Am. J. Hosp. Pharm., Bethesda, v.47, n.3, 
533-543, 1990. 
HOLt.ANO, 'R.W.; NTMNO, C.M. Tran~itions in pharmacy practice part 
l : 'Beyond phannaceutical care. Am. J . Hcalth Syst. Pharm., 
Bcthesda, v.56, n.17, p .1758-1764, 1999. 
NIMNO, C.M.; HOLLAND, R.W. Transitions in pharmacy practice part 2: 
Who does, what and why. Am.J. Health Syst. Pharm., Bethesda, 
v.56, n.19, p.1981-1987, 1999. 
REIS, A.M.M. Atenção farmacêutica e promoção do uso racional de 
medicamentos. Rcvlsta Espaço para Saúde versão online, Lon-
drina, v.4, n.2, p.1·17, 2003. Disponível em: <http://W\V\v.ccs.uel. 
br/espacoparasaude/v4n2/doc/atencaofarmauso.doc>. Acesso em 
12 jan. 2006. 
WII.KEN, P.R.C.; BERMUDEZ, J.A.Z. A farmácia no hospital como 
avaliar? Rio de Janeiro: Ágora da Ilha, 1999. p.170p. 
ZELMER, W.A. Vlsion for pharrnacy practice in hospitais and health 
systcms. Am.J. Health Syst. Pharm., Bethesda, v.58, n.16, p.1505, 
2001. 
BIBIJOGRAFIA RECOMENDADA 
BER1\ARD, M. Pharmacy and the complcxity of health care. Am. J . 
Health Syst. Pharm., Bethescla, v.58, n.16, p.1507-1511, 2001. 
CECÍLIO, L.C.O. Trabalhando a missão de um hospital como facilitador 
da mudança organizacional: limites e possibilidades. Cad. Saúde 
Pública, Rio de Janeiro, v.16, n.4, p .973-983, 2000. 
CHIAVENATO, J. Administração: teoria, processo e prâtlca. 3.ed . Sào 
Paulo: Makron l3ooks, 2000. 
D'RUCKE'R, P. Adminis tração: tarefas, responsabilidades e práticas. 
São Paulo. PioneirJ, 1975. 
GONZÁLEZ, L.C. et al. Facturación interna de los productos finales 
elaborados por el Servido de Farmacia Hospitalaria. Farm. Hos-
pitalaria, Madrid, v.26, n.5, p.266-274, 2002. 
HOFPMAN, J~1. et al. Projecting future drug expenditures 2004. Am. 
J. Health Syst. Pharm., Bethesda, v.61, n.2, p.145-158, 2004. 
JOHl\'SON, S.T. Reengineering a pharmacist intervcntion program. Am. 
J. Health Syst. Pharm., Bethesda, v.59, n.10, p.916-917, 2002. 
MACINfYRE, C.R.; SlNDHUSAKE, D.; RUBIN, G. Modelling Strategíes 
for reducing pharrnaceutical costs in hospital. Int. J. Qual. Health 
Care, Oxford, v.13, n .1, p.63-69, 2001. 
MANASSE, H.R.,Jr. Hcalth in a hand basket? Pursuing your profcssion 
through a challenging changing landscape. Am. J. Health Syst. 
Pharm., Bethesda, v.60, n.1, p.2484-2490, 2003. 
MANASSE., H.R.,Jr. Pharmacists and the quality-of-care lmperative. Am. 
J. Health Syst. Pharm., Bethesda, v.57, n.12, p.1170-1172, 2000. 
MA.1'/ASSE, H.R, Jr. Pharmacy's response to competing dernands. Am. 
J . Health Syst. Pharm., Bethesda, v.57, n.17, p.15n, 2000. 
MARIN, . ct ai. (Ed.). Assistência farmacêutica para gerentes 
municipais. Brasília: OPAS, 2003. p.53-101. 
MOTD\, P.R. Gestão contemporânea: a ciência e a arte de ser diri-
gente. 4. ed. Rio de Janeiro: Record, 1991. 
Sil.VA CASTRO, M.M. et ai. Seguimiento farmacotcrapéutico a pacientes 
hospitalizados: adaptación dei método Dãder. Segulm. Farmac~ 
ter., Madrid, v.1, n.2, p.73·61, 2003. Disponível em: <http://www. 
farmacarc.com/revista/11_2/073-081 .pdf>. Acesso cm 06 ju.1. 2007. 
STONER,J.A.F.; FREEMAN, llE. Administr.ação. 5.ed. Rio dt: Janeiro: 
Prentice Hall do Brasil, 1998. p.133-153. 
TANCREDI, P.13.; OA'RRIOS, S.R.L.; FERREtRA, j.H.G. Planejamento 
em saúde. São Paulo: IDS-NA.MHIFSP-USP, 1998. p.5-37. 
UNITED KINGDOM. National h ealth service pharmacy in lhe 
future - lmplcmenting the :'ffiS plan: a programme for phar· 
macy in the national health service, 2000: 26p. Disponível 
em: <http://\V\V\v.doh.gov.uk/pdfs/pharmacyfuture.pdf>. Acesso 
em 13 jun. 2003. 
WEBER, R.J. et ai. lmpact of intensivc carc unit OCU) drug use on 
hospital costs: a descriptive analysis with recommendations for 
optimlzing ICU pharmacotherapy. Crit. Catt Med., Baltimore, v.31, 
p.517-24, 2003. Supplement. 
.--,CAPÍTULO 11 
Área Física, Recursos Humanos, Recursos 
Materiais e Infra-estrutura na Farmácia 
Hospitalar 
Adriano Max Moreira Reis e Maria das Dores Graciano Silva 
INTRODUÇÃO 
Aimportância da Parmacoterapia no processo assisrencial 
cresce a cada dia cm virtude das pesquisas clínicas que deter-
minam a inserção de u1n número elevado de novos fármacos no 
arsenal terapêutico. Ern conseqüência do avanço tecnológico 
da indústria farmacêutica, os fármacos são lançados em novas 
formas farmacêuticas e sistemas de liberação, sendo necessária 
uma avaliação criteriosa da segurança, efetividade e custo. 
Nesse contexto, as ações da Farmãcia Hospitalar se tornam 
mais importantes e devem assegurar o desenvolvimento de 
uma assistência farmacêutica integral que atenda ao perfil assis-
tencial do hospital e às necessidades individuais dos doentes. 
Dentro da visão da integralidade do cuidado, a Farmácia Hospi-
talar, além das atividades logísticas tradicionais, passa a realizar 
atividades assistenciais e técnico-científicas, buscando contri-
buir para a qualidade e racionalidade do processo de utilização 
dos medicamentos no âmbito hospitalar. 
O objetivo central desse modelo de assistência é a imple-
mentação de prãticas farmacêuticas que contribuam para resul-
tados farmacoterãpicos capazes de melhorar a saúde e a quali-
dade de vida dos indiv1duos, reduzindo o tempo de internação 
e o cusro da assistência. 
Neste capítulo serão discutidos a ãrea f'isica, os recursos 
humanos, os recursos materiais e a infra-estrutura necessários 
para a implementação de uma assistência farmacêutica dentro 
da abordagem descrita anteriormente. 
A FARMÁCIA NO CONTEXTO ASSISTENCIAL 
DO HOSPITAL 
A Farmácia Hospitalar é "uma unidade clínica, administra-
tiva e econômica, dirigida por farmacêutico, ligada, hierar-
quicamente, à direção do hospital e integrada funcional-
mente com as demais unidades de assistência ao paciente". 
Neste conceito da Sociedade Brasileira de Farmácia Hospi-
talar (SBRAFH) é possível identificar o redirecionamento da 
Farmácia l-lospiLalar para ações clínico-assistenciais. O farma-
cêutico passa a preocupar-se com os resultados da assistência 
prestada ao paciente e não apenas com a provisão de medi-
camentos e outros produtos farmacêuticos . Como unidade 
assistencial, o foco da atenção da Farmácia deve estar no 
paciente e nas suas necessidades e no medicamento como 
irlStrumento, conforme a Sociedade Brasileira de Farrnãcia 
Hospitalar (1997). 
Considerando a realidade sanitária e o custo da assistência, 
é necessário implementar ações de assistência farmacêutica 
hospitalar cujos resultados, nos aspectos clínicos, humanitários 
e financeiros, causem impactos positivos na ges!Ao hospitalar, 
na melhoria da qualidade e na segurança da assistência pres-
tada aos indivíduos. Portanto, para alcançar estes resultados 
cabe à Farmácia, de acordo corn sua complexidade, desen-
volver atividades tais como: 
• coordenar os aspectos técnicos e administrativos relacio-
nados à aquisição, armazenamento e controle f15ico-fman-
ceiro de medicamentos e produtos farmacêuticos; 
• participar da Comissão de Farmácia e Terapêutica ou similar, 
fornecendo subsfdios técnicos para seleção de medica-
mentos; 
• atuar na Comissão de Controle de Infecção 1-lospitalar subsi-
diando as decisões políticas e técnicas relacionadas, em 
especial, à seleção, à aquisição, ao uso e controle de anti-
microbianos e saneantes; 
• participar da Comissão de Terapia Nutricional, prestando 
informações relacionadas à compatibilidade, à estabilidade 
e ao cusro das formulações; 
108 Área Física, Recursos Humanos, Recursos Afaterlals e Infra-;;strutura na Fannácia Hospitalar 
• contribuir com suporte técnico operacional nos ensaios 
clínicos com medicamentos desenvolvidos no hospital; 
• participar de reuniões técnico-científicas desenvolvidas nos 
serviços assistenciais do hospital; 
• desenvolver sistemática de dispensação de medicamentos 
para pacientes ambulatoriais; 
• planejar Estudos de Utilização de Medicamentos; 
• colaborar em programas de capacitação e educação conti-
nuada dos funcionários do hospital, abordando temas rela-
cionados a medicamentos e Ciências Farmacêuticas; 
• implantar unidade centralizada de fãrmacos citotóxicos; 
• manipular nutrição parenteral e outras misturas endove-
nosas; 
• manipular medicamentos não-estéreis; 
• desenvolver atividades de pesquisa relacionadas a Ciências 
Farmacêuticas e assistência farmacêutica hospitalar; 
• realizar seguimento farmacoterápico de pacientes internados 
e ambulatoriais; 
• implantar programa de Farmacovigilância; 
• implementar estratégias de intervenção farmacêutica para 
otimização da farmacoterapia, tais como: terapia seqüen-
cial, auditoria de antimicrobian o, intercambialidade tera-
pêutica e monitorização farmacoterápica, de acordo com 
a American Society of Health-System Pharmacists (1995) e 
Molero; Acosta (2002). 
As atividades farmacêuticas desenvolvidas no contexto 
hospitalar são do tipo assistencial, administrativo e técnico-
científico, exigindo, algumas vezes, infra-estrutura específica 
e recursos humanos especializados. 
DIMENSIONAMENTO DA ÁREA FÍSICA DA 
FARMÁCIA HOSPITALAR 
O dimensionamento da área física de uma Farmácia Hospi-
talar tem relação direta com as atividades a serem desenvol-
vidas, que são deternúnadas pelo perfil assistencial e complexi-
dade do cuidado prestado no hospital (PÔRTO et ai., 1985). 
Aspectos administrativos como a sistemática de compras, o 
número de atendimentos de particulares, convênios (medicina 
supletiva e Sistema Único de Saúde - SUS), a política de fatura-
mento e o modelo de gestão financeira influenciam a política 
de materiais. A localização geográfica do hospital em relação 
aos centros fabricantes de medicamentos interfere na agilidade 
de reposição de estoques de medicamentos. 
Portanto, esses fatores são de suma importância na definição 
da área física da Farmácia e, particularmente, da área destinada 
ao armazenamento de medicamentos e outros produtos farma-
cêuticos. A relação número de leitos e área física da Farmácia 
em m2 é descrita na literatura. Porém esta relação não pode ser 
empregada como critério único de dimensionamento, visto que 
dois hospitais com mesmo número de leitos podern necessitar de 
áreas distintas para a Farmácia, em função das diferenças no perfil 
assistencial e na política administrativa (GOMES; REIS, 2000b). 
A resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(2002), RDC nQ 50 de 21 de fevereiro de 2002, dispõe sobre 
projetos físicos para estabelecirnentos de saúde, definindo os 
critérios para construção, ampliação e reformas. Na seção de 
unidades de apoio técnico consta a normatização referente às 
Farmácias Hospitalares. 
QUADRO 11.1 Principais ambientes de uma Farmácia Hospitalar segundo a RDC nº 50/02 (alterada pela RDC nº 307/02 e 189/03) 
Unidades/ Ambiente 
Central de abastecimento farmacêutico 
Farmacotécnica 
Farmácia satélite 
Área de dispensação 
Centro de informação de medicamentos 
Quimioterápicos: 
Vestiário de barreira 
Sala de manipulação 
Sala de higienizaç-J.o 
Nutrição parenteral: 
Vestiário de barreira 
Sala de manipulação 
Sala de higienização 
Sala de preparo e diluição de saneantes 
Ambientes d e apoio: 
Sanitários para funcionários 
Sala administrativa 
Depósito de material de Hmpeza 
Copa 
Quantificação mínima 
01 
01 
01 
01 
01 
Ponte: AGflNC!A NACIONAL DE VIGCL>.NCIA SANITÁRIA, 2002. 
Dimensão minima 
0,6 m' por leito para área de armazenamento 
2 m2 para refrigerador 
l OOA> da área de armazenamento para a recepção 
lOOA> da área de armazenamento para a área de distribuição 
A existência dessa subunidade dependerá da execução ou não 
das atividades correspondentes 
4 m2 
6 m2 
6m' 
Sala de manipulação - 5 m' por capela de fluxo laminar 
Sala de higienizaçâo - 4 ,5 1n 2 
Sala de manipu laç-J.o - 5 ml por capela de fluxo laminar 
Sala de higienizaçào - 4,5 m2 
9m2 
Área Física, Recursos Humanos, Recursos Materiais e Infra-estrutura na Farmácia Hospflalar 109 
No Quadro 11.1 apresenta-se uma síntese referente ao 
dimensionamento e áreas previstas na RDCn° 50/02 para as 
Farmácias Iiospitalares. A legislação apenas informa a área 
rrúnima necessária para cada unidade da Farmácia, ficando o 
dimensionamento final a cargo da instituição. Ressalta-se que o 
ambiente somente será obrigatório se, obviamente, o hospital 
for exercer a atividade. 
Destaca-se que para definição da área física é essencial um 
trabalho conjunto com arquitetos e engenheiros. Ao farma-
cêutico cabe repassar suas necessidades, explicar os fluxos de 
trabalho, as circulações, o número previsto de pessoas traba-
lhando em cada ambiente e os equipamentos a serem utilizados 
(PÔRTO et ai., 1985; MUNHÓZ; SOARES, 2000). 
O arquiteto, diante das necessidades relatadas pela equipe 
da Farmácia, elaborará o projeto arquitetônico, dirigindo os 
esforços para as soluções mais corretas. O projeto arquite-
tônico precisa identificar um ponto de equilíbrio entre uma 
solução que contemple os menores detalhes construtivos e, ao 
mesmo tempo, seja aberto o suficiente para permitir alterações 
e reformas ao longo do tempo. 
A garantia de conseguir bons resultados nos processos de 
trabalho começa com a elaboração de um criterioso projeto 
arquitetônico. E, para tal, um trabalho integrado de farmacêu-
ticos e arquitetos é essencial. 
LOCALIZAÇÃO DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
As atividades serão mais bem executadas se a Farmácia 
dispuser de uma área e localização adequadas. 
É importante salientar que a Farmácia Hospitalar deve estar 
localizada em ponto estratégico, que facilite a provisão de 
serviços a pacientes e a distribuição de 1nedicamentos, o arma-
zenamento dentro dos critérios técnicos e a comunicação com 
os demais setores do hospital, conforme a Sociedade Brasileira 
de Farmácia Hospitalar (1997) e Gomes; Reis (2000b). 
Na escolha da localização da Farmácia é importante consi-
derar os seguintes aspectos: 
• facilidade de acesso interno e externo. O acesso interno é 
importante para as unidades de internação e serviços de 
apoio propedêutico e terapêutico; já o acesso externo é 
destinado a fornecedores, representantes da indústria farma-
cêutica e visitantes· , 
• localização que permita a recepção adequada dos medica-
mentos e demais produtos farmacêuticos adquiridos; 
• posição que favoreça a implantação de um sistema de distri-
buição de medicamentos ágil e seguro para as unidades de 
internação e serviços de apoio; 
• proximidade com elevadores e monta-cargas é recomen-
dável; 
• evitar subsolos e áreas congêneres (MOLERO; ACOSTA, 
2002). 
É aconselhável que 0-5 ambientes da Farmácia estejam loca-
lizados em áreas contíguas ou pr6xima5. A localização conjunta 
facilita a execução das atividades e o controle de todos os 
processos de trabalho. 
AMBIENTES DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
Os padrões mínimos para o funcionamento de uma unidade 
de Farmácia Hospitalar publicados pela Sociedade Brasileira de 
Farmácia Hospitalar (1997) preconizam a existência de, pelo 
menos, os seguintes ambientes: área para administrJ.ção, área 
para armazenamento, área para dispensação e orientação farma-
cêutica. Se houver outros tipos de atividades (manipulação de 
nutrição parenteral, fracionamento e reconstituição de agentes 
citotóxicos, manipulação de misturas endovenosas e radiofár-
macos etc.) deverão existir ambientes específicos para cada uma 
destas atividades. Recomenda-se que a gerência da Farmácia 
conte com ambiente privativo e que haja infra-estrutura para a 
atividade de informação sobre medicamentos e correlatos. 
As especificidades dos principais ambientes previstos pela 
RDC n2 50/ 02 para as Farmácias Hospitalares serão relacio-
nadas a seguir. 
Central de Abastecimento Farmacêutico 
A CentrJ.l de Abastecimento Farmacêutico (CAF) é a unidade 
de assistência farmacêutica que serve para a guarda de medi-
camentos e produtos farmacêuticos, onde são realizadas ativi-
dades quanto à sua correta recepção, armazenamento e distri-
buição. Deve contar com os seguintes ambientes: 
• Recepção e Inspeção - destinada ao recebimento e confe-
rência dos produtos entregues na CAF; 
• Distribuição - para atendimento de requisições internas da 
Farmácia e de outros setores do hospital; 
• Área de Soluções Parenterais - destina-se à instalação de 
pallets e porta-pallets para armazenamento de soluções 
parenterais de grande volume e algumas de pequeno volume 
que são de alto consumo; 
• Área de Formas Farmacêuticas Diversas - destina-se à insta-
lação de prJ.teleiras para armazenamento destes rnedica-
mentos; 
• Área de Saneantes - destina-se à instalação de pallets para 
armazenamento deste grupo de produtos; 
• Área de Material Médico-hospitalar - é necessária apenas 
quando a Farmácia é responsável por este tipo de material; 
• Área de Matéria-prima e Embalagens - é necessária quando 
o hospital dispõe de laboratório de manipulação; 
• Área de Medicamentos Mantidos sob Refrigeração - reser-
vada para a instalação de refrigeradores que devem ser 
colocados em local ao abrigo do sol, deixando um espaço 
entre a parte posterior e a parede para permitir que o calor 
se disperse; 
• Área para Inflamáveis - destinada ao annazenarnento de 
inflamáveis, principalmente álcool; 
• Área de Quarentena - reservada ao arrnazenamento de 
produtos cuja utilização está proibida devido a problemas 
técnicos (alteração físico-química, desvio de qualidade etc.), 
administrativos (documentação inadequada, entrega errada 
e outros) e sanitários (interdição do medicamento pela Vigi-
lância Sanitária); 
• Área Administrativa - para realização de tarefas relacionadas 
ao planejamento e gestão de estoques; 
• Área de Citotóxicos - para armazenamento destes medi-
camentos em prJ.teleiras especiais que protejam contrJ. 
acidentes, pois o derramamento dos mesmos ocasiona riscos 
ocupacionais; 
• Área de Medicamentos para Ensaio Clínico - deve ser 
prevista uma área, caso o hospital desenvolva ou participe 
de pesquisas clínicas; 
110 Área Física, Recursos Humanos, Recursos Afaterlals e Infra-;;strutura na Fannácia Hospitalar 
• Área de Medicamentos Sujeitos a Controle Especial - a 
Portaria n2 344/98 exige área própria ou armários especí-
ficos para guarda destes medicamentos. No planejamento 
da construção da CAP devem ser observados os aspectos 
que contribuam para a prevenção de acidentes, bem como 
os que promovam a segurança contra roubos e furtos. 
Dispensação Intra-hospitalar 
A distribuição de medicamentos é uma das funções básicas 
da Farmácia Hospitalar. Uma área física adequada auxilia na 
garantia de um sistema de distribuição seguro e efetivo. A 
localização do setor de distribuição de medicamentos deve ser 
próxima da CAF. Na estrutura física do setor de dL5tribuição de 
medicamentos devem constar os seguintes ambientes: 
• Área de Recepção - para atendimento das requisições dos 
serviços de apoio propedêutico e terapêutico, recepção 
de prescrições médicas e requisições da equipe de enfer-
magem; 
• Área de Supervisão Farmacêutica - destinada aos farmacêu-
ticos do setor para supervisão dos processos de trabalho e 
orientações técnicas e análise de prescrições; 
• Área de Separação de Medica.mentos - reservada para aten-
dimento das prescrições médicas e requisições. Geralmente 
é dividida em estações de tr.tbalho, onde são colocados os 
medicamentos mais dispensados, visando evitar o desloca-
mento freqüente dos técnicos de Farmácia; 
• Área de Estocagem dos Medicamentos - prateleiras e estantes 
com estoque de medicamentos para reposição das estações 
de trabalho e atendimentos em geral. O estoque nesta área 
é reduzido e reposto periodicamente pela CAF; 
• Área para Medicamentos Mantidos sob Refrigeração - é 
necessário prever espaço para um número adequado de 
refrigeradores; 
• Área para Medicamentos Sujeitos a Controle Especial - aten-
dendo aos requisitos legais, deverá ser destinada uma área 
ou estação de trabalho para separação destes medicamentos, 
garantindo a segurança e os controles exigidos pela Portaria 
n° 344/98; 
• Área de Medicamentos Atendidos - é necessárioprever 
espaço pa.ra colocar as caixas plásticas, contêineres ou 
sacolas co1n os medicamentos já separados até o momento 
da entrega nas unidades de internação e serviços; 
A informatização é uma ferramenta importante para a distri-
buição de medicamentos. Portanto, é necessário prever espaço 
para impressoras, terminais de computadores e leitores de 
códigos de barras. Essa demanda é maior em hospitais com 
prescrição eletrônica. Já ex.istem no mercado equipamentos 
semi-automatizados ou automatizados que podem ser insta-
lados no hospital para agilizar o processo de separação de 
medicamentos, otimizar o espaço e aumentar a segurança do 
atendimento das prescrições. 
Centro de Informação de Medicamentos 
A Farmácia é responsável pelo fornecimento de informa-
ções adequadas sobre medicamentos para a equipe de saúde, 
elaborando e divulgando boletins informativos. Para permitir 
a elaboração de informações seguras e atualizadas, a Farmácia 
Hospitalar deve dispor de biblioteca especializada contendo 
farmacopéias, livros de farmacologia e terapêutica e outràS 
publicações relacionadas com as Ciências Farmacêuticas. O 
suporte da informática é essencial, propiciando pesquisas 
bibliográficas em bases de dados específicas (GOMES; REIS, 
2000b). No centro de informações de medicamentos são reco-
mendáveis os seguintes ambientes: 
• Área de Biblioteca - local reservado para a organização de 
livros, revistas e arquivo de informações elaboradas; 
• Área de Reuniões - destinada para reuniões da equipe de 
Farmácia e atendimento de pessoas que buscam informa-
ções. 
A localização do centro de informações de medicamentos 
deve ser próxima da seção de dispensação para facilitar 
consultas que demandem resposta imediata pelos farmacêu-
ticos dessa seção. 
Seção Administrativa 
A Seção Administrativa é destinada às atividades de suporte 
aos processos de trabalho da Farmácia abrangendo manu-
tenção, controle patrimonial e apoio logístico. A dimensão da 
área é função do número de pessoas e do volume de trabaU10 
previsto. Arquivo, mesas de trabalho e suporte de informática 
são os principais requisitos. 
Sala da Coordenação da Farmácia- É recomendável uma 
área que ofereça ao gerente/coordenador privacidade para 
receber fornecedores, profissionais de saúde e membros da 
equipe. 
Sala de Farmacêuticos - Em hospitais com número signi-
ficativo de farmacêuticos pode ser necessária uma sala espe-
cífica para reuniões e execução de atividades técnico-admi-
nistrativas. 
Farmacotécnica Não-estéril 
A seção de farmacotécnica não-estéril é parte fundamental 
de um serviço de Fannácia Hospitalar porque propicia a mani-
pulação intra-hospitalar de medicamentos para atender pres-
crições especiais ou medicamentos indisponíveis no mercado, 
contribuindo diretainente para a assistência ao paciente. A 
Farmácia deve avaliar a viabilidade econômica de implantar um 
Laboratório de Farmacotécnica. Caso não seja viável, a opção 
é adquirir os medicamentos através de Farmácias de mani-
pulação. Os serviços de Farmácia Hospitalar que decidirem 
pela implantação dos Laboratórios de Farmacotécnica devem 
elaborar os projetos físicos segundo a Resolução RDC n° 33/00 
da A.N-vISA. O laboratório de manipulação deve ser subdividido 
em áreas de manipulação de líquidos, semi-sólidos e controle 
de qualidade, com acesso independente para evitar a contami-
nação cruzada. Uma área física bem planejada contribui para 
que a qualidade esteja presente em todas as fases da manipu-
lação de medicamentos, de acordo com Gomes; Gomes (2000a) 
e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2001). 
Manipulação de Nutrição Parenteral 
A terapia nutricional parenteral é muito empregada em 
hospital geral de alta complexidade e hospitais especializados 
Área Física, Recursos Humanos, Recursos Materiais o Jnfra-€Slrnlura na Farnuícfa Hospitalar 111 
(maternidade de alto risco, neonatologia, gastroenterologia e 
outros). A manipulação de nutrição parenteral deve ser reali-
zada conforme o regulamento de terapia de nutrição parenteral 
estabelecido pela Portaria n2 272 de 08/04/98 do Ministério da 
Saúde (MS). As instalações físicas para manipulação de nutrição 
parenteral devem ser localizadas em ãrea da Farmãcia, com 
acesso limitado para minimizar o potencial de contaminação 
pelo fluxo desnecessãrio de pessoal e material dentro e fora da 
ãrea, possuindo, no minlmo, os seguintes ambientes: 
• Sala de Litnpeza e Higienização de Produtos Farmacêuticos 
e Correlatos: contígua à área de manipulação e dotada de 
passagem dupla de porras (pass-tbrough), para entrada de 
produtos farmacêuticos, correlatos e recipientes para envase 
em condições de segurança; 
• Sala de Manipulação: destinada à manipulação de nutrição 
parenteral; deve ser independente e exclusiva, dotada de 
filtros de ar para retenção de particulas e microrganismos, 
garantindo o grau de pureza recomendado e pressão posi-
tiva. Além disso, deve ser prevista a instalação de uma 
câmara de fluxo laminar; 
• Vestiário de Barreira (antecâmara): destinado à paramen-
taçào do operador, deve ser ventilado, com ar filtrado e 
pressão inferior à área de manipulação e superior à ãrea 
externa, com sistema de travas nas portas ou alerta visual 
ou auditivo para evitar a aberrura simultânea junto com a 
porta de acesso à sala de manipulação. As torneiras devem 
ser acionadas através de um sistema que dispense o contato 
das mãos. Junto ao lavatório, deve haver provisão de sabão 
líquido, anti-séptico e recurso para secagem das mãos; 
• Área de Armazenamento: com dimensão adequada e de 
acordo com as exigências técnicas, assegurando a esto-
cagem ordenada dos produtos farmacêuticos ou correlatos 
e material de embalagem, dispostos de forma a garantir a 
estabilidade fisico-ql(unica e microbiológica, observando os 
prazos de validade; 
• Área de Dispensação: suficiente para inspeção final, rotu-
lagem, embalagem e dispensação correta da nutrição paren-
teral (BRASIL, 1998). 
A manutenção da assepsia durante a manipulação manual 
ou automatizada é altamente dependente de um ambiente livre 
de contaminação por partículas, que podem ser originárias de 
várias fontes. O uso da tecnologia de salas limpas pode mini-
mizar a contaminação por partículas originãrias do pessoal, de 
superffcies e objetos inanimados, não dispensando, porém, o 
uso da técnica asséptica, de acordo com a A.tnerican Society 
of Iiealth-System Pharmacists (2000). 
A tecnologia de salas limpas é base-.ada na filtração do ar, 
insuflado nas salas através de filtros REPA, possibilitando um 
ambiente com baixo nível de partículas de 0,5 micrômetro. A 
classificação da qualidade do ar em termos de partículas se faz 
em função do número de trocas do ar, da eficiência dos filtros 
e das atividades desenvolvidas em cada área. As operações de 
manipulação de nutriç-Jo parenteral devem ser realizadas em 
áreas classificadas conforme segue: 1 - Limpeza e higienização 
em ãrea controlada classe USP 100.000; 2 - Manipulação em 
capela de fluxo laminar classe USP 100, circundada por área 
classe USP 10.000, conforme Brasil (1998) e American Society 
of Iiealth-System Pharrnacists (2000). 
As instalações devem ser construídas de modo a permitir 
o desenvolvimento das operações, mantendo um fluxo de 
trabalho organizado e racional, proporcionando confono aos 
operadores e boas condições ambientais. Nas áreas de manipu-
lação não devem existir janelas e ralos que permitam a entrada 
de insetos, roedores e poeira. A entrada na sala de manipu-
lação deve ser feita exclusivamente através da antecâmara. 
As paredes, piso e teto devem possuir canros arredondados e 
revestidos internamente com materiais de cor clara, permitindo 
uma superfície lisa e resistente a agentes saneantes, com uma 
boa resistência mecânica, evitando rachaduras. A iluminação e 
a ventílação devem ser suficientes para que a temperatura e a 
umidade relativa não deteriorem os produtos farmacêuticos e 
correlatos, bem como a precisão e o funcionamento dosequi-
pamentos (BRASIL, 1998). 
Manipulação de Citotóxicos 
Os medicamentos citotóxicos compreendem os medica-
mentos antineoplásicos, os medicamentos constirufdos por 
agentes infecciosos que constituem perigo real ou potencial 
para o ser humano ou meio ambiente (BCG para instilação 
vesical) e outros fármacos carcinogênicos, mutagênicos ou tera-
togênicos (pentamidina, ganciclovir). Os medicamentos citotó-
xieos ou bioperigosos requerem cuidados especiais devido aos 
riscos ocupacionais. A Sociedade Brasileira de Farmacêuticos 
em Oncologia (SOBRAFO) publicou, em 2003, um guia para o 
preparo seguro de agentes citotóxicos, no qual constam infor-
mações sobre as características da área física necessária para a 
realização desta atividade (AZZATI; RODRIGUEZ, 1998). 
A unidade de preparo de citotóxicos pode estar localizada 
em ãrea próxima da manipulação de nutrição parenteral ou 
fora da Farrnãcia, nas proximidades do ambulatório de onco-
hematologia. A estrutura física de uma unidade de preparo de 
citotóxicos sugerida pela Sociedade Brasileir.a de Farmacêuticos 
em Oncologia (2003) deve dispor dos seguintes ambientes: 
• Área de Apoio Administrativo e Recepção - destinada à 
análise de prescrição, agendamento de pacientes e ativi-
dades administrativas; 
• Área de Estoque de Medicamentos e Materiais Médicos 
Hospitalares - espaço adequado à realidade do hospital e 
respeitando as exigências técnicas; 
• Área de Limpeza e Higienização de Insumos - este espaço, 
dotado de pias e bancadas de aço inox, é utilizado para 
limpeza, lavagem e desinfecção de frascos de medicamentos 
e insumos utilizados na manipulação; 
• Área de Paramentação/ Antecâmara - empregada para reali-
zação de anti-sepsia das mãos e paramentação com equipa-
mentos de proteção individual. As portas de comunicação 
com a área de manipulação devem ser alternadas e não 
devem abrir simultaneamente, de forma que o ar prove-
niente da área externa não chegue à sala de preparo. A sala 
deve ter pressão positiva; 
• Sala de Manipulação - deve estar localizada em ãrea restrita 
exclusiva e lívre de correntes de ar. O ar deve ser filtrado 
segundo requisitos para áreas limpas. A pressão deve ser 
negativa para evitar possível saída de contaminantes para a 
ante-sala. A SOBRAFO preconiza que a sala seja classificada 
como área limpa, classe 10.000 ou 100.000 pela USP. Hequer 
dutos de exaustão para instalação da cabine de segurança 
biológica, classe II, vertical tipo B2 com 100% de exaustão 
(PIJ\1TO; KANEKO; BUCHARA, 2002); 
112 Área Física, Recursos Humanos, Recursos Afaterlals e Infra-;;strutura na Fannácia Hospitalar 
• Área de Dispensação - destinada à conferência dos produtos 
manipulados e separação dos medicamentos coadjuvantes 
(antieméticos, antídotos e outros); 
Os hospitais devem dispor de uma área para armazenatnento 
temporário de resíduos citotóxicos conforme a Resolução RDC 
n2 33/03 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2003). Os 
requisitos estrumrais construtivos para a área de manipulação de 
nutrição parenteral também se aplicam ao setor de citotóxicos. 
Unidade de Misturas Endovenosas 
A Unidade de Misturas Endovenosas tem como objetivo a 
manipulação de medicamentos estéreis abrangendo desde o 
fracionamento de medicamentos de alto custo até a centrali-
zação do preparo de esquemas de soroterapia endovenosa. 
Geralmente os hospitais definem, em função do volume 
de trabalho e do custo dos medicamentos, urna relação de 
fármacos cujo preparo será centralizado na unidade de misturas 
endovenosas. Os hospitais que possuem unidades de pedia-
tria apresentam maior demanda de fracionamento de medi-
camentos. Em hospitais com serviços de oftalmologia de alta 
complexidade são empregados colírios especiais que também 
podem ser manipulados nesta área. Os requisitos estruturais 
construtivos são os mesmos exigidos para nutrição parenteral 
(MOLERO; ACOSTA, 2002). 
Central de Saneantes 
Os requisitos estruturais construtivos da Central de Sane-
antes são os mesmos da Farmacotécnica não-estéril e previstos 
na RDC n2 33/00. O dimensionamento físico é em função 
dos saneantes a serem diluídos ou manipulados. Destaca-se a 
importância de evitar cruzamento de fluxo entre área limpa e 
área suja, caso o hospital trabalhe com reaproveitamento de 
recipientes de acondicionamento (GOMES; GOMES, 2000a). 
A análise de viabilidade econômica também é recomendável, 
pois atualmente o preço de mercado de saneantes é bastante 
competitivo. Alguns fabricantes comercializam os produtos em 
apresentações adequadas para hospitais eliminando fraciona-
mentos e diluições. 
Farmácia Satélite 
A Farmácia Satélite é uma necessidade em hospitais de 
grande porte, que exigem grandes deslocamentos para entregar 
os medicamentos nas unidades assistenciais, sendo uma estra-
tégia adequada para otimizar o sistema de distribuição de medi-
camentos nesses hospitais (MOLERO; ACOSTA, 2002). Entre-
tanto, em hospitais de diferentes portes encontram-se unidades 
assistenciais que demandam disponibilidade imediata e dife-
renciada de medicamentos e materiais específicos, cujo forne-
cimento pelo sistema centralizado não é muito efetivo. Essas 
unidades geralmente são: centro cirúrgico, pronto atendimento 
e unidades de terapia intensiva. Para as mesmas, a Farmácia 
Satélite passa a ser a opção mais adequada (CAVALLINI; 
BISSON, 2002; MOLERO; ACOSTA, 2002). A estrutura desta 
Farmácia será a mesma da unidade de distribuição intra-hospi-
talar, realizando-se as adaptações necessárias em compatibili-
dade com a demanda de trabalho. 
Farmácia Ambulatorial 
É crescente a tendência de prestação de assistência em 
nível ambulatorial, principahnente para pacientes portadores 
de doenças crônico-degenerativas. O farmacêutico deve 
desenvolver ações junto ao paciente e à equipe de saúde para 
melhorar a aderência do paciente ao tratamento, aumentar seu 
conhecimento sobre a Farmacoterapia e a doença, reduzindo 
as internações hospitalares e melhorando a qualidade de vida 
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1996; CARTER; HELLING, 
2000). A farmácia ambulatorial passa a ser um dos compo-
nentes do hospital, idealmente localizada em área contígua 
da Farmácia, com acesso externo para os pacientes internados 
em alta e os pacientes em tratamento ambulatorial. Entretanto, 
gerahnente a mesma está situada em área separada e próxima 
do setor de ambulatórios para evitar fluxos de pacientes no 
interior do hospital (PÔRTO et ai., 1985; MOLERO; ACOSTA, 
2002). Os seguintes ambientes devem ser previstos em uma 
Farmácia Ambulatorial: 
• Recepção - atualmente sugere-se que a Farmácia Ambula-
torial disponha de ante-sala com assentos para os pacientes 
aguardarem o atendimento. O fornecimento do medica-
mento é realizado em balcão horizontal , separado em boxes 
individuais, com disponibilidade de cadeiras para o paciente, 
o que está em consonância com as ações de humanização 
dos serviços de saúde. Os tr.idicionais guichês e meias 
janelas devem ser evitados; 
• Área de Atendimento Personalizado - sala para realizar 
orientação farmacêutica e seguimento farmacoterápico de 
pacientes, assegurando sua privacidade; 
• Área de Supervisão Farmacêutica - destinada aos farmacêu-
ticos do setor, para supervisão dos processos de trabalho, 
orientações técnicas e análise das prescrições; 
• Área de Separação de Medicamentos - reservada para aten-
dimento das prescrições médicas. 
• Área de Estocagem de Medicamentos - prateleiras e estantes 
com estoque de medicamentos para reposição das estações 
de trabalho e atendimentos gerais. O estoque é reduzido e 
reposto periodicamente pela CAP. 
• Área para Medicamentos Mantidos sob Refrigeração - é 
necessário prever espaço para um número adequado de 
refrigeradores. 
• Área para Medicamentos Sujeitos a Controle Especial - aten-
dendo aos requisitos legais, deverá ser destinada uma área 
para o armário exigido pela Portaria nQ 344/98. 
O suporte de informática também deve ser previsto para a 
Farmãcia Ambulatorial.ÁRFA DE PRODUTOS FARMAC~UTICOS NAS 
UNIDADES DE INTERNAÇÃO 
A Farmácia é responsável por todo o ciclo do medicamento 
no hospital. Portanto, é importante acompanhar as condições 
nas quais os medicamentos são mantidos nas unidades de 
internação. 
As unidades de internação devem dispor, nos postos de 
enfennagem, de área adequada para armazenamento de solu-
ções parenterais de grande volume. Os medicamentos dos 
pacientes, os produtos farmacêuticos e medicamentos do 
Área Física, Recursos Humanos, Recursos Materiais e Infra-estrutura na Farmácia Hospflalar 113 
estoque padrão devem ficar em locais seguros e sem luz solar 
direta. Espaço para refriger-.idor deve ser previsto. 
Nas construções, ampliações e reformas de urúdades de 
internação, o farmacêutico precisa orientar os arquitetos sobre 
os aspectos já relatados. 
ASPECTOS DA CONSTRUÇÃO DA FARMÁCIA 
HOSPITALAR 
Os materiais adequados para o revestimento de paredes 
devem ser resistentes à lavagem e ao uso de desinfetantes. 
Para as áreas críticas como Farmacotécnica não-estéril e estéril 
devem ser empregados materiais de acabamento que tornem 
as superfícies 1nonolíticas, com o menor número possível de 
ranhuras ou frescas, mesmo após o uso e limpeza freqüente . 
Os materiais, cerâmicos ou não, quando usados nas áreas 
críticas, não podem possuir índice de absorção de água supe-
rior a 4%, individualmente ou depois de instalados no ambiente, 
e, além disso, o rejunte de suas peças, quando existir, também 
deve ser de material com esse mesmo índice de absorção. 
O uso de cimento sem qualquer aditivo antiabsorvente para 
rejunte de peças cerâmicas ou similares é vedado, tanto nas 
paredes quanto nos pisos das áreas críticas. 
As tintas elaboradas à base de epóxi, PVC, poliuretano ou 
outras destinadas a áreas molhadas podem ser utilizadas nas áreas 
críticas tanto nas paredes ou tetos quanto nos pisos, desde que 
sejam resistentes à lavagem, ao uso de desinfetantes e não sejam 
aplicadas com pincel. Quando utilii,adas no piso, devem resistir 
também à abrasão e aos impactos a que serão submetidas. 
O uso de divisórias removíveis nas áreas críticas não é 
pennitido, entretanto, paredes pré-fabricadas podem ser usadas, 
desde que, quando instaladas, tenha1n acabamento monolítico, 
ou seja, não possuam r.inhuras ou perfis estruturais aparentes 
e sejam resistentes à lavagem e ao uso de desinfetantes. 
A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de 
tal fonna que pennita a completa limpeza do canto fonnado. 
Segundo a RDC n2 50/02, rodapés com arredondamento acen-
tuado, além de serem de difícil execução ou rnesmo impróprios 
para diversos tipos de materiais utilizados par.i acabamento de 
pisos, pois não permitem o arredondamento, em nada facilitam o 
processo de limpeza do local, quer seja ele feito por enceradeiras 
ou mesmo por rodos ou vassouras envolvidos por panos. Especial 
atenção deve ser dada à união do rodapé com a parede, de modo 
que os dois estejam alinhados, evitando-se o tradicional ressalto 
do rodapé, que permite o acúmulo de pó e é de difícil limpeza. 
Entretanto, para as áreas de manipulação estéri l são preco-
nizadas, pelas boas normas de fabricação, salas com cantos 
arredondados. 
Os tetos em áreas críticas devem ser contínuos, sendo proi-
bido o uso de forros falsos removíveis, do tipo que interfira na 
assepsia dos ambientes. Nas demais pode-se utilizar forro remo-
vível, inclusive por razões ligadas à manutenção, de acordo 
com a Agência Nacional de Vigilância Sarútária (2002) . 
INSTAIAÇÕES ELÉTRICAS NA FARMÁCIA 
HOSPITALAR 
A nonna ABNT NBR 13534 define os requisitos de segu-
rança para estabelecimentos assistenciais de saúde e classifica 
os equipamentos em função do tempo de restabelecimento da 
energia, em caso de interrupção do fornecimento. Na Farmácia 
Hospitalar a área de refrigeração é classificada como classe 
> 15. Nesta classe estão os equipamentos eletroeletrônicos 
não ligados diretamente a pacientes, que admitem um chave-
amento automãtico ou manual para a fonte de emergência em 
um período superior a 15 segundos, devendo garantir o supri-
mento por, no rnírúmo, 24 horas. 
O Farmacêutico deve repassar ao engenheiro elétrico as 
características de todos os equipamentos para subsidiar a elabo-
ração do projeto elétrico. 
AR COiVDICIONADO - A instalação de ar condicionado para 
fins de conforto nas dependências da Farmácia Hospitalar deve 
seguir as normas da ABNT NBR 6401. Nos setores que desen-
volvem atividades de farmacotécnica estéril, a instalação de ar 
condicionado segue a norma ABNT NBR 7526, sendo impor-
tante para obter os requisitos exigidos pela tecnologia de salas 
limpas. 
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO NA 
FARMÁCIA HOSPITAIAR 
A CAF é classificada corno urúdade de risco especial para 
incêndio, pois os medicamentos implicam carga signjficativa 
de incêndios. Em função da dimensão, a mesma pode ser clas-
sificada em baixo risco (menor que 200 m3), médio risco (200 
a 400 m3) e alto risco (maior que 400 m3). 
Os setores de risco especial, como a CAF, devem ser auto-
suficientes em relação à segurança contra incêndio, isto é, 
devem ser compartimentados horizontal e verticalmente, de 
modo a impedir a propagação do incêndio para outro setor 
ou resistir ao fogo do setor adjacente. 
Nos diversos setores da Farmácia, a instalação de extintores 
de incêndio é necessária, sendo recomendável que a mesma 
seja realizada sob a supervisão d o serviço de medicina do 
trabalho e comissão e prevenção de incêndios (CIPA). 
RECURSOS HUMANOS NA FARMÁCIA 
HOSPITALAR 
O Serviço de Farmácia deverá ser admirústrado por um 
profissional fannacêutico com qualificação e experiência em 
Farmácia Hospitalar. Este profissional deve integrar-se e rela-
cionar-se adequadamente com os demais serviços assistenciais 
e admirústrativos da instituição. 
O Serviço de Farmácia deve dispor de um número adequado 
de farmacêuticos e profissionais de apoio (nível médio -
técnicos de farmácia e auxiliares adtninistrativos) qualificados 
e competentes. O perfil dos profissionais e os critérios de 
seleção e avaliação do desempenho devem ser definidos pelo 
coordenador da Farmácia, respeitando as diretrizes da política 
de recursos humanos da instituição. 
Os funcionários devem ter formação compatível com a 
complexidade das funções a serem executadas e serem devi-
damente treinados de acordo com progr.imas previamente 
elaborados. Além disso, deverão receber treinamentos perió-
dicos para que se mantenham atualizados e não desenvolvam 
posturas que os d esviem dos procedimentos padronizados. 
Os programas de reciclagem e educação continuada visam 
114 Área Física, Recursos Humanos, Recursos Afaterlals e Infra-;;strutura na Fannácia Hospitalar 
garantir a capacitação e competência técnica dos funcioná-
rios, devendo ser desenvolvidos em conjunto com o setor de 
recursos humanos. 
Os procedimentos de avaliação do desempenho dos funcio-
nários devem ser bem estabelecidos e divulgados para o conhe-
cimento de todos. 
A SBRAFH preconiza que a unidade de Farmácia Hospitalar 
deve contar com, no rrúnimo, um farmacêutico para cada 50 
leitos. O número de auxiliares de Farmácia dependerá da dispo-
nibilidade de recursos e grau de informatização da u nidade. Na 
ausência destes recursos, deve existir, no rrúnimo, um auxiliar 
par& cada 10 leitos. 
Os parâmetros da SBRAFH para dimensionamento de 
recursos humanos são úteis como orientação, pois os princi-
pais determinantes são as atividades desenvolvidas, os fluxos 
de trabalho, o grau de informatização ou automatização, além 
da jornada de trabalho das instituições. 
De acordo com a American Society of Health-Syste01 Phar-
macists (1995), os níveis de autoridade e áreas de responsabi-
lidade devem ser claros; a supervisão e o controle do pessoal 
devem ser desenvolvidos adequadamente. As atribuições de 
cada categoria profissional devem estar bem estabelecidas e 
deverão ser revisadas quando necessário. É importante que o 
Serviço disponha de manualcontendo essas atribuições para 
conhecimento e consulta de todos os funcionários. 
O manual de rotinas do serviço deve ser elaborado e revi-
sado periodicamente, para manter-se atualizado quanto às alte-
rações que possam ocorrer nos procedimentos técnicos e deci-
sões administrativas. O manual deve apresentar uma linguagem 
clara e objetiva contendo todas as rotinas dos setores que 
compõem o Serviço de Farmácia. Os funcionários devem se 
familiarizar com o manual e serem incentivados a consultá-lo, 
sempre que necessário. 
Uma gestão de recursos humanos adequada, coordenada 
pelo gerente do serviço e com o auxílio dos supervisores, 
irá garantir aos funcionários satisfação no trabalho e cumpri-
mento dos planos de atividade, colaborando assim para que a 
Farmácia da instituição atinja seus objetivos. 
RECURSOS MATERIAIS NA FARMÁCIA 
HOSPITAIAR 
O medicamento é o principal recurso material da assistência 
farmacêutica, cujo controle envolve todos os elementos parti-
cipantes no processo de utilização de medicamentos. Outros 
materiais empregados na assistência farmacêutica estão sob o 
controle da Farmácia, pois estão relacionados com os processos 
internos de trabalho. Estes materiais são empregados, princi-
palmente, nas atividades de dispensação, manipulação e admi-
nistrativas. Podem-se citar: materiais médico-hospitalares utili-
zados em Farmacotécnica estéril, suprimentos de informática 
e de apoio administrativo, impressos e materiais de acondi-
cionamento. 
A gestão dos recursos materiais deve ser executada pela 
seção administrativa do Serviço de Farmácia e supervisionada 
pelo farmacêutico. 
Na dinâmica hospitalar contemporânea o impacto dos pre-
ços dos medicamentos nos gastos assistenciais é muito grande, 
impondo uma gestão de estoques de controle rígido capaz de 
obter, coordenar e analisar fatos, para tomar decisões corretas 
a tempo e a hor&, visando redução dos custos, sem prejuízo 
da assistência ao J>'&ciente. A seção administrativa deve emitir, 
mensalmente, relatórios à diretoria administrativa contendo 
informações sobre o gasto com medicamentos por centro de 
custo, o valor financeiro do estoque, valor das aquisições e 
outros indicadores que possam ser úteis à direção do hos-
pital. 
Torna-se imprescindível a implantação de um sistema bem 
estruturado, em todas as fases do processo de controle de 
estoque, para que a continuidade do processo de assistência 
farmacêutica seja assegurada e não haja ruptura do estoque, 
garantindo o atendimento da demanda das prescrições médicas 
(GOMES; REIS, 2000b). 
INFRA-ESTRUTURA DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
Uma infra-estrutura adequada é garantia para o desempenho 
eficiente e cumprimento da missão da Farmácia Hospitalar, 
incluindo a disponibilidade de: 
• suporte de informática; 
• serviços de manutenção para equipamentos e instalações; 
• sistema de comunicação, incluindo fax, Internet, telefones 
internos e externos; 
• recursos bibliográficos na área de medicamentos; 
• implantação e manutenção de sistemas de arquivo; 
• equipamentos e instalações adequadas ao armazenamento 
de medicamentos e produtos farmacêuticos, à embalagem 
e fracionamento de medicamentos, à manipulação estéril e 
não-estéril, e à distribuição de medicamentos e correlatos, 
segundo a World Health Organization (1996) e a Sociedade 
Brasileira de Farmácia Hospitalar (1997). 
CONCLUSÃO 
Uma área física compatível com a complexidade do hospital, 
recursos humanos capacitados, infra-estrutura adequada e uma 
política de gestão dos recursos materiais de qualidade propi-
ciam ao Serviço de Farmácia atingir resultados satisfatórios. 
Ressalta-se que para a Fannácia atingir seus objetivos é essen-
cial a presença de farmacêuticos hospitalares atuantes, com 
visão e propostas atualizadas de trabalho, capazes de detectar 
e satisfazer as necessidades do hospital em relação à assis-
tência farmacêutica. 
AVALIE SEUS CONHECIMENTOS 
1. Assinale a afinnativa INCORRETA em relação às ações desen-
volvidas pela Farmácia Hospitalar: 
a) participar da Comissão de Farmácia e Terapêutica forne-
cendo subsídios técnicos para a tomada de decisões 
quanto a inclusão e exclusão de medicamentos. 
b) realizar compras de medicamentos e processar os paga-
mentos de fornecedores. 
c) distribuir medicamentos por dose unitária e/ou individu-
alizada para todas as unidades de internação. 
d) realizar monitorização farmacoterapêutica de pacientes. 
2. No planejamento da área física de wna Farmácia Hospitalar 
devem ser considerados os seguintes aspectos, EXCETO: 
Ároa Física, Recursos Humanos, Recursos Materiais e Infra-estrutura na Farmácia H<l'>/)flalar 115 
a) rúvel de especialização da assistência prestada no hos-
pital. 
b) a localização geográfica em relação a fabricantes e distri-
buidores de medicamentos. 
e) as normas do Conselho Regional de Farmácia e da 
Agência 'acional de Vigilância Sanitária. 
d) a política de materiais do hospital. 
3. Assinale a afirmativa correta: 
a) a complexidade do cuidado prestado na instituição inter-
fere na definição da localii.ação da Farmácia na esrrurura 
física do hospital. 
b) a posição adequada da Pannácia no espaço físico do 
hospital possibilita o delineamento de um sistema de 
distribuição de medicamentos ágil e seguro. 
c) a unidade de nutrição parenteral deve estar localizada 
próxima da central de esterilii.ação. 
d) a Fannácia deve se situar distante de elevadores, monta-
cargas e rampas de acesso exLerno. 
4. Assinale a afirmativa correta: 
a) o dimensiona1nento da área fisica da Farmácia Hospi-
talar independe do perfil assistencial do hospital, sendo 
determinado pelo porte do rnesmo. 
b) o vestiário de barreira da unidade de preparo de nutrição 
parenteral deve ser planejado prevendo que tenha ar 
filtrado e pressão superior à área de manipulação e infe-
rior à área externa. 
e) no planejamento da central de citotóxicos deve-se prever, 
na sala de manipulação, a instalação de cabine de segu-
rança biológica classe II tipo B2 com fluxo de ar unidi-
recional vertical , 100% de exaustão, duetos de condução 
de ar submetidoo a pressão positiva e filtração absoluta 
do ar. 
d) a sala de manipulação de preparo de nutrição parenteral 
deve ser planejada respeitando os requisitos de salas 
limpas visando sua classificação como classe 10.000. 
5. No distrito sanitário Capacitatiba da Regional Oeste de Iritari 
será construído um Hospital Matemo-infanlil com 168 leitos, 
berçário de alto risco, CI1 pediátrico, ambulatórios de pedia-
tria, planejamento familiar, medicina fetal e gravidez de alto 
risco. O coordenador da rede hospitalar do distrito sani-
tário informou o perfil assisLencial do hospital e comunicou 
que o arquiteto irá procurar o farmacêutico para planejar a 
Fannácia. 
Para assegurar que a Parmácia atenda integralmente às neces-
sidades do hospital , o farmacêutico deverá prever ambientes 
especiais além da dispensação, central de abastecimento farma-
cêutico e seção administrativa. 
Assinale a alternativa que contém a relação de ambientes 
especiais mais adequados à complexidade assistencial do 
hospital: 
a) unidade de misturas endovenosas, farmacotécnica, unidade 
de nutrição parenteral, farmácia satélite, farmácia ambula-
torial. 
b) farmácia ambulatorial, farmacotécnica, unidade de nutrição 
parenteral, farmácia satélite, unidade de citotóxicos. 
c) central de saneantes, farmacotécnica, unidade de nutrição 
parenteral, unidade de cit0t6xicos, farmácia satélite. 
d) farmácia ambulatorial , central de saneantes, farmacotécnica, 
unidade de nulrição parenteral, controle de qualidade. 
REFE~CIAS 
AGt:-iCTA NACIONAL DE VTGIIÂNCIA SANITÁRIA. RDC N" 33 de 19 de 
abril de 2000. Aprova o Regulamento téO'lico sobre boos práticas de 
manipulação de medicamentos em farmácias e seus anexos. Diário 
Oficial da União, Brasília, DF, 8 jan. 2001. Disponível em: <hnp:// 
e-legis.bvs.br/leisref/ public/show Act. php?id- t 5273&word=>. 
Acesso em 9 maio 2005. 
AGÊ)ICIA KACIONAL DE VIGl1.Â.'ICJA SA.'IITÁRIA.

Continue navegando