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NÍVEL DA ÁGUA DO LENÇOL FREÁTICO NO CAMPUS DUSE RÜEGGER OMETTO - FHO, ARARAS - SP TINELLI, N.M.1.2; CAMPOS, M.R.1,2; REIS, T.C.P.1,2; BIANCHI, T.Z.1,2; BETIOLI, J.V.1,4,5; BUFON, A.G.M.1,4,6 1Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 2Discente; 3Profissional; 4Docente; 5Co-orientador; 6Orientador. nataliatinelli@alunos.fho.edu.br, abufon@bol.com.br IDENTIFIQUE QUAL A CATEGORIA DO SEU TRABALHO Escolha uma das opções abaixo: ( X )Trabalhos experimentais e pesquisas inéditas ( )Relato de experiência ( )Projetos em desenvolvimento nas diversas áreas ( )Revisão de literatura. INTRODUÇÃO Lençol freático deriva do grego (phréar + atos, “reservatório de água”, “cisterna”) e é definido como o reservatório natural de água subterrânea que se acumula entre as rachaduras das rochas. Essa zona é a superfície de contato entre a zona de saturação, onde a água em subsuperfície é acumulada, e a zona de aeração, onde o excedente de água, ainda em superfície, se movimenta devido à gravidade. Por ser o contato direto entre a água superficial e a água subterrânea, seu cuidado é fundamental para a qualidade dos recursos hídricos, visto que o lençol freático é um dos responsáveis pelo abastecimento dos rios (CORTIZO, 2007). Os lençóis podem estar mais próximos da superfície do solo, dependendo da topografia do local, e isso pode ser um problema, impedindo ou dificultando a realização de algum tipo de obra que seria realizada nesse local, por isso é importante saber a profundidade exata que se encontra o lençol freático, e as variações de nível, de acordo com a precipitação naquela determinada região, a ser realizada a obra. Em toda obra de engenharia civil é de vital importância conhecer a posição do lençol freático, bem como suas variações em decorrência de precipitações e outros agentes climáticos. Existem alguns instrumentos que permitem determinar a posição do lençol freático, com destaque para os piezômetros e para os medidores de nível d’água. A determinação do nível do lençol freático por meio desses instrumentos tem como principal vantagem o fato de serem de fácil montagem e de rápida execução, necessitando de materiais simples e de baixo custo (MARTINS; VICTORINO; GEHLING; RAMIRES, 2003). Para esse tipo de análises, há também, segundo a Hewitt (2009), a forquilha de madeira, que através da rabdomancia ou radiestesia consegue localizar água subterrânea. Uma vez que cavar um poço é algo caro, o uso da forquilha é difundido em larga escala, pois o uso desse instrumento agiliza a execução e ajuda na economia financeira utilizando um material simples. mailto:nataliatinelli@alunos.fho.edu.br mailto:abufon@bol.com.br De toda a água doce disponível para consumo, 96% é proveniente de água subterrânea. São elas as responsáveis pela garantia da sobrevivência de parte significativa da população mundial (FERREIRA et al, 2007). Levando em conta esta informação somada aos dados anteriormente expostos, definiu-se que seria de extrema relevância realizar um estudo aprofundado do nível lençol freático da área onde se localiza o Campus Universitário “Duse Rüegger Ometto”, pertencente ao Centro Universitário da Fundação Hermínio Ometto, na cidade de Araras - SP, já que a universidade se encontra em constante expansão, recebendo obras para ampliação. Sendo assim, comprometida com a realização de ações sociais e ambientais, com impacto em toda a comunidade e para o meio ambiente. OBJETIVO O objetivo principal da pesquisa consistiu em analisar o nível do lençol freático que se encontra sob toda a extensão do Campus Universitário “Duse Rüegger Ometto”, pertencente ao Centro Universitário da Fundação Hermínio Ometto, localizado na cidade de Araras - SP. Após a análise feita, como objetivo específico, tem-se a criação de um desenho do perfil do lençol freático em 3D, tornando possível a visualização completa de toda a extensão do lençol freático. Há, também, a elaboração de uma proposta para que o rebaixamento do lençol freático seja feito de maneira pouco invasiva quando se fizer necessária, agindo em conjunto com a preservação ambiental. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa conta com o material de estudo geotécnico realizado e disponibilizado pela empresa E.G. Barreto, que consiste em boletins de sondagens realizados através do método de SPT de vários pontos espalhados pelo Campus. A sondagem SPT (Standard Penetration Test ou Ensaio de Sondagem à Percussão) visa caracterizar o solo em que a fundação de uma edificação será instalada. Foram utilizados, também, programas de desenho, AutoCad e o Archicad, para que seja gerado o perfil do lençol freático. Como programa auxiliar, foi utilizado o Excel. O levantamento dos resultados foi feito de acordo com a análise do material geotécnico citado acima. Os dados dos níveis do lençol freático foram retirados dos boletins de sondagem, a partir disso traçou-se o curso que a água segue dentro da área do campus seguido pelo perfil do lençol freático. Levantou-se hipóteses de propostas para que, em caso de necessidade de obras para o rebaixamento do lençol freático, a mesma seja feita de forma pouco invasiva em conjunto com a preservação do meio ambiente. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados apresentam a variação do nível do lençol freático. Para se obter um estudo que apresente resultados detalhados sobre esse nível, deve-se realizar um acompanhamento monitorado a longo prazo fazendo uso de um piezômetro, podendo assim, obter dados mais aprofundados de períodos com diferentes condições climáticas, pois a profundidade do lençol freático depende em grande parte da variável climatológica. A partir dos dados disponibilizados das sondagens em SPT, pode-se obter a profundidade do lençol freático em diferentes pontos do Campus “Duse Rüegger Ometto”. Foram feitas sondagens na área do prédio “Dr. Roberto Mercatelli” (Bloco A - conhecido como prédio central), do prédio “Fernando Fernandes A. Leite” (Bloco G - prédio do curso de Farmácia), do prédio “Jorge Hiroshi Murakami” (Bloco K) e também do reservatório localizado ao lado do mesmo, do prédio “Paulo Sávio Budoya” (Bloco H - conhecido como Centro de Engenharias), da portaria 3 e na área do prédio “Julius Tinguely” (Bloco C - conhecido como ISE), referente a escada de incêndio que será construída na entrada em frente ao Bloco K. No Bloco A, foram realizadas 7 sondagens, tendo como profundidade média do lençol freático nessa área igual a 9,93m. No Bloco G, foram feitas 10 sondagens, com profundidade média igual a 10,65m. No Bloco K, foram executadas 8 sondagens, com profundidade média de 11,84m; na área do reservatório, foram efetuadas 2 sondagens, com profundidade média de 13,81m. No Bloco H, foram feitas 8, com profundidade média de 10,80m. Na área da portaria 3, foram realizadas 3 sondagens 10,79m. No Bloco C, foi feita apenas uma sondagem, com a profundidade do nível de água de 12,26m. O ponto de maior profundidade foi encontrado na sondagem SP-02, referente a área do reservatório, o N.A (nível da água) está a 13,83m.O ponto de menor profundidade está localizado na área do Bloco G, sondagem SP-09, com N.A a 8,35m de profundidade. Segundo o Glossário Geológico (2019), o lençol freático ou subterrâneo tende a acompanhar o modelado topográfico. Sendo assim, água presente no lençol freático tende a escoar da parte mais alta para a parte mais baixa do terreno. Com isso, analisando os dados médios obtidos e também os pontos mais alto e mais baixo, tem-se que a água do lençol freático da área do campus escoa dos Blocos C e A para a portaria 3, onde localiza-se a represa do “Córrego Andrezinho”. De acordo com Ceccato et al. (2018) que desenvolveu a pesquisa sobre as características do perfil geológico do campus associadas a outros perfis da região e obteve os seguintes resultados: o Campus Universitário “Duse Rüegger Ometto” pertence a formação Irati, dos grupos Itararé e Passa Dois, é composta por material homogêneo, o que facilita a infiltração das águas pelas camadas de solo, ocorrendo a percolação favorecendo o abastecimento dos rios. Como foi previsto no estudo o campus fica na parte superior o que facilita o abastecimento do córrego, e outros rios em sua extensão, como por exemplo o lago do parque ecológico, como citou Ramos et al. (2018) em sua pesquisa sobre o material orgânico e inorgânico em suspensão na represa do córrego Andrezinho. Caso ocorra grandes rebaixamentos pode ser prejudicial aos córregos e rios, pois pode ocorrer escassez de água e uma grande contaminação por todo o município, por isso é necessário cuidados com o lençol freático. O campus encontra-se em constante expansão, com isso, pode-se fazer necessária a realização de obras que rebaixam o nível do lençol freático. Obras de grandes dimensões podem afetar a qualidade da água presente no lençol. Quando um prédio é construído em terreno seco, sobretudo com níveis de subsolo, é preciso rebaixar o lençol freático para fazer a fundação do edifício (MACHADO; LOPES, 2015; PENSAMENTO VERDE, 2019). Os efeitos dessa prática dependem do tipo de intensidade e da boa execução da obra. Entretanto, ela normalmente provoca movimentações no solo, recalques por adensamento da massa e acréscimo da pressão entre as partículas deste terreno, dentre outros problemas. Bombas potentes retiram a água do subsolo fazendo com que o nível d’água fique mais baixo em toda a região. O rebaixamento do lençol freático pode afetar as edificações vizinhas, sobretudo as que estiverem com fundações inadequadas ou em solos granulares fofos. Um dos riscos iminentes é o desmoronamento (PENSAMENTO VERDE, 2019). Para evitar que efeitos tais efeitos colaterais ocorram, sendo um deles a poluição do lençol freático, medidas como a preservação das árvores do campus pode resguardar a área do lençol freático. As raízes evitam a erosão do solo, a vegetação retém parcelas de água, as sombras das árvores podem diminuir significativamente a temperatura do solo, diminuindo a porcentagem de evaporação de água. Portanto, vê-se como proposta para novas obras que haja preservação das árvores do campus, fazendo-se necessário que, quando necessário tirar árvores, tenha uma reposição das mesmas, evitando que a área de impermeabilidade seja alterada. Haverá maior concentração de água na superfície, uma vez, que o solo não estará totalmente impermeabilizado, o que fará com que o nível do lençol seja mantido ou até mesmo elevado. CONCLUSÃO Pode-se concluir, com base nos dados dos estudos geotécnicos disponibilizados, que a água do lençol freático do campus “Duse Rüegger Ometto”, acompanha a topografia do terreno, possui um escoamento que vai da parte superior do campus (Blocos C e A) até a parte inferior (portaria 3), com término na represa do “Córrego Andrezinho”. A profundidade do N.A varia de 8,35m a 13,83m no percurso feito pelo lençol freático. Para evitar que essa água seja contaminada em caso de obras que necessitam que o rebaixamento do lençol freático seja realizado, tem-se como opção a preservação das árvores do campus e, se houver necessidade de retirar a vegetação, então, pode haver a reposição das mesmas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CECCATO, F.S et al. Características do perfil geológico da FHO associadas a outros perfis da região. In: Congresso Científico UNIARARAS, XIII, 2018, Araras. Anais ... Araras, SP: Fundação Hermínio Ometto, 2016. 696 – 706 p. CORTIZO, Sérgio. Topo de Morro na Resolução CONAMA nº. 303. 2007. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/FBF21C00/topo1.pdf>. Acesso em: 03 maio 2019. FERREIRA, Adriana Niemeyer Pires et al. Águas subterrâneas: um recurso a ser conhecido e protegido. Brasília: Agência Crio - Comunicação e Negócios, 2007. 38 p. GLOSSÁRIO, Glossário Geológico Ilustrado. Disponível em: <http://sigep.cprm.gov.br/glossario/>. Acesso em: 03 maio 2019. HEWITT, Paul G.. Fundamentos de Física Conceitual. São Francisco: Bookman, 2009. 440 p. Tradução de: Trieste Freire Ricci. MACHADO, E. T. S.; LOPES, J. P. Rebaixamento de lençol freático por meio de sifonamento hidráulico. 2015. 39 p. TCC (Bacharel em Engenharia Civil) - Universidade Católica de Brasília, Brasília - DF. MARTINS, M. D. F.; VICTORINO, D.R.; GEHLING, W.Y.Y.; RAMIRES, M.C. P. Variação da profundidade do lençol freático em uma área de construção civil em Pelotas-RS. 4ª MOSTRA CIENTÍFICA, Pelotas, 2010. Pelotas: UFPelotas, 2010. p.1-4, set. 2010. PENSAMENTO VERDE. Rebaixamento de lençol freático e seu impacto para o meio ambiente. Disponível em: <https://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/rebaixamento-lencol-freatico-i mpacto-meio-ambiente/>. Acesso em: 25 abr. 2019. RAMOS, A. L. et al. Material orgânico e inorgânico em suspensão na represa do Córrego Andrezinho. In: Congresso Científico UNIARARAS, XIII, 2018, Araras. Anais ... Araras, SP: Fundação Hermínio Ometto, 2016. 714 – 719 p. VICTORINO, D.R.; GEHLING, W.Y.Y.; RAMIRES, M.C. P. Piezômetro e medidor de nível d’água em pistas experimentais da UFRGS. In: Congresso Regional de Iniciação Científica e Tecnológica, 18, Porto Alegre, 2003. Anais... Porto Alegre: UFRGS, 2003. p.1-4. PALAVRAS-CHAVE: Lençol freático. Profundidade. Nível da água.