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1 ESTUDO DO SUBSTANTIVO Definição semântica: O substantivo é a palavra que nomeia tudo o que tem substância, tudo o que existe (céu, homem, mar, peixe, Rio de Janeiro, átomo, eletricidade etc.), tudo o que imaginamos existir (Deus, fada, vampiro, anjo, duende, lobisomem, inferno etc.) ou tudo o que é conceito abstrato (saudade, recreação, lealdade, riqueza etc.). Imagine-se numa sala de aula agora. Você consegue dar nomes às coisas que estão a sua volta? Carteiras, quadro, pincéis, paredes, janelas, chão, ar-condicionado (ou ares- condicionados, se mais de um), alunos, professor etc. Imagine agora que você esteja desatento ao que o professor diz, qual é o nome desse estado? “Desatenção”. Enfim... você só conhece melhor o mundo a seu redor e a si mesmo se houver nomeação (que, por ser o ato de nomear, é um substantivo). 2 É bom dizer que não é só o verbo que indica ação ou fenômeno natural, não é só o adjetivo que indica estado ou qualidade. O substantivo pode indicar ação (desenvolvimento, vingança), estado (vida, doença), condição (pobreza, abastança), qualidade (fidelidade, maleabilidade), sentimento (amor, ódio), acontecimento (evento, sonho), concepção/doutrina (fé, naturismo). Não custa dizer que os substantivos com os sufixos abaixo são, normalmente, abstratos: –aço: buzinaço / -ada: largada / -ado: empresariado / -ato: estrelato / -agem: ajustagem / - ia: burguesia / -dade: casualidade / -dão: gratidão / -ez: altivez / -eza: beleza / -ia: chefia / - ice: doidice / -ície: imundície / -or: amargor / -tude: juventude / -ura: brancura / -ismo: antropocentrismo / -nça: esperança / -ncia: constância / -ção: correção / -são: agressão / - mento: casamento. Isso não significa que todos os substantivos abstratos terminam com esses sufixos. Claro que não. 3 Definição morfológica: O substantivo é uma palavra que varia em gênero, número e grau, normalmente. Por exemplo, a palavra “garoto” varia em gênero (garota), em número (garotos) e em grau (garotão, garotinho). É por isso que se diz que o substantivo é uma palavra variável, porque muda de forma, por meio de desinências e de afixos. Definição sintática: O substantivo normalmente é o núcleo dos termos sintáticos: sujeito, objetos direto e indireto, predicativos do sujeito e do objeto, complemento nominal, agente da passiva, adjuntos adnominal e adverbial, aposto e vocativo. O substantivo, comumente, é o núcleo desses termos sintáticos. 4 Para entendermos bem todas essas definições de substantivo, vamos analisar esta frase: O discurso daquele aluno provocou grande alegria no professor. Note, por exemplo, que a palavra discurso: 1) designa/nomeia uma ação praticada por alguém: discurso é uma manifestação oral, é o ato de discursar; 2) pode variar de forma se a frase toda for pluralizada: “Os discursos daqueles alunos provocaram...”; 3) é núcleo do sujeito: “O que provocou grande alegria no professor?” “O discurso daquele aluno”. 5 Sintagma nominal Chamamos de sintagma nominal o grupo de vocábulos que se ligam a um núcleo substantivo. Logo, “O discurso daquele aluno” é um sintagma nominal (uma expressão), pois apresenta termos periféricos (o e daquele aluno) indissociáveis do substantivo discurso. Se alguém pergunta a você “o que provocou grande alegria no professor”, você não vai responder simplesmente que foi “o discurso”, mas sim “o discurso daquele aluno”, cujo núcleo da expressão (sintagma) é o substantivo, certo? 6 Identificação e Substantivação Antes de mais nada: qualquer vocábulo ou expressão pode se tornar um substantivo. Se quisermos reconhecer o substantivo dentro da frase – e isso é muito importante! –, precisaremos perceber, precipuamente, se ele vem na posição de núcleo dos termos sintáticos e/ou acompanhado de determinante (artigo, pronome, numeral, adjetivo e/ou locução adjetiva). Grave isso! 7 Determinante Caracteriza-se como o termo que acompanha o substantivo, sendo esse (o substantivo) definido por “nome”. Assim, afirmando em outras palavras, digamos que o determinante acompanha o nome. Como são determinantes, estas classes morfológicas concordam em gênero e em número com o substantivo a que se referem. 8 9 Ex.: • Havia dois entrevistadores engraçados que faziam umas perguntas bobas. • Alguns homens nunca conseguirão implementar mais que três ideias ao longo da vida. • Aqueles dois jornais publicaram as notícias trágicas. • Tomamos muito sorvete. 10 Substantivação A substantivação é um tipo de “nominalização”, pois ocorre mudança de muitas classes gramaticais, que se tornam substantivos. Qualquer morfema, palavra, expressão ou frase pode se tornar um substantivo desde que esteja acompanhada de algum determinante (artigo, pronome, numeral, adjetivo, locução adjetiva) ou tenha valor substantivo (designador) no contexto: – Você tem aracnofobia? (Radical) / Eu tenho muitas fobias. (Substantivo. O pronome indefinido muitas atua como determinante.) – Sou muito pró-ativo. (Prefixo) / Esta questão só tem um pró. (Substantivo. O numeral um atua como determinante.) – Aquela blusa é preta? (Adjetivo) / Preta, você me ama? (Substantivo. A palavra virou um substantivo porque está nomeando alguém por meio de um apelido.) 11 A casa foi comprada ontem. (Artigo) / Esse a da frase anterior é um artigo. (Substantivo. O pronome demonstrativo Esse atua como determinante.) – Tenho dois filhos. (Numeral) / O dois é um numeral cardinal. (Substantivo. O artigo definido o atua como determinante.) – Eu vou amar você e depois vou partir. (Verbos no infinitivo) / O amar e o partir fazem parte da vida. (Substantivos. O artigo definido o atua como determinante.) Obs.: Veja este exemplo de Celso Cunha & Lindley Cintra: Uma preta velha vendia laranjas. Uma velha preta vendia laranjas. Note que os vocábulos preta e velha mudaram de classe gramatical com a mudança de posição no sintagma (substantivo + adjetivo / substantivo + adjetivo). Isso é normal. 12 Locução Substantiva A locução é sempre um grupo de vocábulos que equivale a uma única palavra. Dizemos que uma locução é substantiva caso seja formada por um grupo de vocábulos, com valor de substantivo (não ligados por hífen): anjo da guarda, dona de casa, estrada de ferro, ponto de vista, cesta básica, papel almaço, fim de semana, sala de jantar, casa de saúde, Maria das Dores, Vasco da Gama, Cidade Universitária, Belo Horizonte, Nova Iguaçu etc. Na nova ortografia, muitos substantivos compostos perderam o hífen, logo é possível dizer que se tornaram locuções substantivas: “pé de moleque, mula sem cabeça, pôr do sol, leva e traz” etc. Afinal, para ser substantivo composto, é preciso, em tese, de hífen. Já os vocábulos que formam as locuções substantivas não são ligados por hífen. 13 Classificação Antes de qualquer coisa, é bom dizer que esta parte é 99,99% irrelevante para as bancas de concursos, que não cobram a classificação dos substantivos, por isso não tenho por que me estender. Esta parte só é importante para o conhecimento dos conceitos. O substantivo pode ser classificado segundo sua forma e sua significação. Quanto à forma, os substantivos podem ser primitivos, derivados, simples e compostos. Vejamos! 14 Quanto à significação, os substantivos podem ser comuns, próprios, abstratos, concretos e coletivos. Vejamos! 15 ¹ São escritos sempre com letra maiúscula. ² Alguns professores, sabiamente, visando a um aprendizado mais didático, ensinam que os substantivos abstratos não apresentam “formas” de modo que se possa “desenhá-los”. Por exemplo, é possível desenhar a “melancolia, o iluminismo, a infidelidade”, por exemplo? No caso de “beijo”, é possível desenhar um casal se beijando, mas o beijo, em si, é uma ação/resultado de tocar os lábios em alguém/algo de modo normalmente afetuoso. É por isso que alguns perceptivos gramáticos definem substantivo abstrato como aquele que depende de alguém para existir, pois não tem existência independente, ou seja, para haver “beijo”, é preciso alguém queo faça. 16 Outra coisa extremamente importante (!): o substantivo abstrato pode se tornar concreto quando 1) ele é personificado no contexto (muitas vezes, tomando-o como entidade) ou 2) tem como referente um ser concreto. Veja os exemplos: – A morte do pai o deixou deprimido. (Abstrato; estado) – A Morte vai te pegar, hoje, amanhã ou daqui a cinquenta anos. (Concreto; entidade) – A construção do prédio foi concluída. (Abstrato; ato de construir) – A construção ficou muito majestosa. (Concreto; a coisa construída, o prédio) – A hora da saída me deixou ansioso. (Abstrato; ato de sair) – Encontrou uma saída para escapar do incêndio. (Concreto; lugar por onde se sai) – A plantação de maconha gera muito lucro para os traficantes. (Abstrato; ato de plantar) – A polícia mandou queimar a plantação de maconha. (Concreto; maconhal) 17 ³ Os coletivos podem ser específicos, não específicos (este último é também chamado de coletivo geral ou genérico) ou partitivos. Entenda: Os primeiros são aqueles que indicam uma só espécie de seres: esquadrilha (grupo de aviões de pequeno porte), cordilheira (grupo de montanhas), cáfila (grupo de camelos), panapaná (grupo de borboletas), mobília (grupo de móveis), caravana (grupo de viajantes), tripulação (grupo de marinheiros) etc. Os segundos são aqueles que indicam mais de uma espécie de seres, acompanhados de expressão especificadora para tornar claro o coletivo: bando de ladrões, de vagabundos, de aves...; falange de heróis, de paramilitares, de espíritos...; junta de credores, de médicos, de examinadores...; rebanho de bois, de ovelhas, de cavalos...; molho de chaves, de cravos, de ossos...; cacho de uvas, de bananas, margaridas...; grupo de estudantes, de empresas, de golfinhos... Os terceiros são aqueles que indicam a parte de um todo (pessoas, animais ou coisas); também vêm especificados por uma expressão “de + alguma coisa”: “parte, porção, metade, maioria, minoria”: “Um grupo de alunos reclamou/reclamaram da nota.”. / “A maioria dos alunos não reclamou/reclamaram da nota.”. 18 * Muitos coletivos são formados por sufixação. Veja: boiada, parentalha, livralhada, vasilhame, dinheirama, cavalaria, formigueiro, aparelhagem, ervilhal, humanidade, mulherio, vinhedo... Variação em Gênero Os substantivos só podem ser masculinos ou femininos. Serão reconhecidos pela terminação (aluno/aluna; gênero biforme) ou pelo determinante (o atleta/a atleta; gênero uniforme). Não confunda, porém, gênero com sexo. O conceito de gênero diz respeito a um aspecto da gramática. O conceito de sexo diz respeito a um aspecto fisiológico. Em outras palavras, a palavra criança é um substantivo feminino, pois os determinantes que se ligam a ela indicam isso: João é uma criança linda. Por outro lado, essa palavra se refere a um ser do sexo masculino, João, mas poderia se referir a um ser do sexo feminino, se fosse Maria. Não confunda gênero com sexo. 19 Tipos - Biformes/heterônimos (mudam de forma para indicar gêneros diferentes - aluno/aluna) 20 * O VOLP registra a forma “elefoa” como feminino de elefante. A forma “aliá” é o feminino de elefante asiático. * Há muita discussão desnecessária em cima da palavra presidenta e outras, pois as palavras terminadas em -ente (agente, vidente, regente...) são comuns de dois gêneros, mas a verdade é que o órgão oficial responsável por dizer qual grafia é correta na nossa língua é a ABL, mais especificamente o VOLP, o qual registra presidenta, almiranta, generala, marechala, coronela, capitã, sargenta, marinheira, aspiranta, soldada, infanta (mulher de infante), alfaiata, mestra, parenta, hóspeda etc. Já brigadeira, majora, tenenta, comandanta, chefa, (sub)oficiala e caba são formas inexistentes na língua, segundo o VOLP. Alguns gramáticos, como Sacconi e Bechara, e alguns dicionários, como o Aulete e o Michaelis, registram a forma (sub)oficiala. Bechara ainda observa bem que “na hierarquia militar, parece não haver uma regra generalizada para denominar as mulheres da profissão”, isto é, arbitrariamente os militares ignoram o VOLP por força da tradição e entendem tais patentes como substantivos uniformes (comum de dois): “A sargento Luísa concedeu uma entrevista ao jornal.” ou “O sargento Luís concedeu uma entrevista ao jornal.”. Veremos mais sobre isso à frente, em “gênero uniforme”. 21 Tipos - Uniformes (não mudam de forma para indicar gêneros diferentes - o atleta/a atleta). Dividem-se em: comuns de dois gêneros – são substantivos que possuem uma única forma gráfica para os dois gêneros, mas se faz a distinção do masculino e do feminino pela utilização de artigos “o, a, os, as, um, uns, uma, umas” e sobrecomuns – são substantivos que possuem uma única forma para o masculino e para o feminino. Até o artigo que acompanha estes substantivos é comum aos dois gêneros. Os epicenos referem-se a animais e plantas e tem seu gênero indicado por determinantes (masculinos e femininos; o sexo é indicado pelos adjetivos “macho” e “fêmea”). 22 Gêneros Confundíveis Algumas palavras podem gerar confusão, não é? Por exemplo, é o champanha ou a champanha? É um substantivo masculino. O VOLP diz que o substantivo champanhe pode ser masculino ou feminino. Vejamos alguns: Masculinos o aneurisma, o apêndice, o champanha, o clã, o dó, o eclipse, o eczema, o guaraná, o magma, o matiz, o plasma, o gengibre, o clarinete, o mármore, o formicida, o herpes, o magazine, o maracujá, o lança-perfume, o pernoite, o púbis, o telefonema, o alvará, o estratagema, o pampa, o soprano... Femininos a musse, a picape, a faringe, a cólera (ira), a bacanal, a grafite, a libido, a aguardente, a alface, a couve, a cal, a comichão, a derme, a dinamite, a ênfase, a entorse, a omoplata, a sentinela, a mascote, a apendicite, a pane, a ferrugem, a matinê, a echarpe... 23 Masculinos ou Femininos o/a diabete(s), o/a pijama, o/a tapa, o/a suéter, o/a laringe, o/a cólera (doença), o/a dengue (doença), o/a agravante, o/a cataplasma, o/a omelete, o/a xérox, o/a usucapião, o/a ágape, o/a componente, o/a hélice (usual no fem.), o/a ordenança, o/a avestruz, o/a gambá, o/a sabiá, o/a amálgama, o/a travesti... Obs.: Para substantivos epicenos, pode-se dizer também “o sabiá macho/fêmea” ou “a sabiá macho/fêmea”. 24 Nunca é demais dizer que alguns substantivos são ou podem ser considerados de um determinado gênero a partir de uma palavra que vem subentendida entre o artigo e o substantivo. Veja alguns exemplos: – O (rio) Amazonas é enorme. – A saudosa (cidade) Petrópolis me inspira. – Ontem eu peguei a (avenida) Brasil engarrafada. – A (banca) Cespe/UnB cria provas bem complexas*. – Eu gosto do (vinho) champanha e do (charuto) havana. – O (gato) angorá é um bicho curioso. – A (rede) Globo exerce grande influência nas pessoas. * O gramático Luiz Antonio Sacconi é rígido no caso das siglas. Diz ele que o determinante deve concordar em gênero com a primeira palavra da sigla, logo, segundo tal lição, deveria ser “O Cespe/UnB cria provas bem complexas”, pois o C de Cespe refere-se a Centro. 25 Mudança de Sentido - Dependendo do gênero do mesmo substantivo, pode haver mudança de sentido. 26 Variação em Número O substantivo varia no plural, pelo acréscimo de desinência de número (-s), a fim de indicar quantidade. Carros indica mais de um carro; mistos-quentes indica mais de um misto- quente. Essa é a regra geral! Veja mais exemplos: casa/casas, pele/peles, saci/sacis, cipó/cipós, chapéu/chapéus, troféu/troféus, degrau/ degraus etc. Há, porém, outras maneiras de pluralizar um substantivo. Vejamos agora as regras para os substantivos simples (aqueles que têm apenas um radical) e, depois, para os substantivos compostos (aqueles que têm mais de um radical). 27 Regras dos substantivos simples - aqueles que têm apenas um radical 28 29 Veja mais! Plural de substantivos no diminutivo (zinhos/zitos) Coloca-se a palavra no plural, retira-se o -s, junta o sufixo. – balão > balões > balõe + zinhos = balõezinhos – cão > cães > cãe + zitos = cãezitos– flor > flores > flore + zinhas = florezinhas – português > portugueses > portuguese + zinhos = portuguesezinhos – paz > pazes > paze + zinhas = pazezinhas 30 Plural metafônico Alguns substantivos no plural têm sua pronúncia modificada, como é o caso de ovo (ôvo) / ovos (óvos). Substantivos no singular com sentido plural Quando certos substantivos são tomados com sentido genérico, a ideia é plural. Veja: – Definitivamente, o homem (= homens) precisa respeitar a mulher. – O índio (= os índios) foi, está e continuará sendo massacrado? – Sem dúvida nenhuma, a mulher (= as mulheres) já conquistou seu espaço. 31 Mudança de Sentido – Dependendo do número do mesmo substantivo, pode haver mudança de sentido. 32 Regras dos Compostos - os substantivos, os adjetivos, os numerais e os pronomes que fazem parte do substantivo composto variam em número. Veja: – Os tenentes-coronéis (subst. + subst.) foram convidados para a reunião. – Estes alunos-mestres (subst. + subst.) desempenham bem o papel de professor. – Comprei dois cachorros-quentes (subst. + adj.) bem saborosos naquela barraca. – Ah, os arrozes-doces (subst. + adj.) da mamãe! Quanta saudade! – Os capitães-mores (subst. + adj.) eram autoridades que comandavam certas milícias. – Os baixos-relevos (adj. + subst.) são bastante utilizados na decoração arquitetônica. – Todos os gentis-homens (adj. + subst.) são sedutores. – Convidaram os surdos-mudos (adj. + adj.) para o discurso em LIBRAS. – Quem não odeia todas as segundas-feiras (num. + subst.)? – Dentre os primeiros-ministros (num. + subst.) ingleses, Churchill marcou a história. – Os meios-fios (num. + subst.) estão muito mal conservados. – Os seus-vizinhos (pron. + subst.) ficam entre o dedo médio e o mínimo. – Fizeram poucos-casos (pron. + subst.) dos rapazes. 33 As demais classes gramaticais (verbo, advérbio, conjunção, preposição, interjeição) não variam em número. Veja: – Aquelas porta-bandeiras (verbo + subst.) sabem o que é samba. – Nunca se viram beija-flores (verbo + subst.) tão garbosos como esses. – Vamos lutar para os abaixo-assinados (adv. + adj.) serem aceitos. – Os alto-falantes (adv. + adj.) foram desligados*. – Não confie nestas três leva e traz (verbo + conjunção + verbo; sem hífen). – Seus cães de guarda (subst. + prep. + subst.) continuam bem ferozes. – O padre fez os garotos rezarem mais de dez ave-marias (interj. + subst.). * Nesta palavra, alto é visto como advérbio pelos gramáticos, por isso não varia. O verbo parar perdeu o acento, inclusive nos substantivos compostos: “para-choque, para- brisa, para-lama” etc. 34 Há certas regrinhas especiais para os substantivos compostos. 1) Os não separados por hífen seguem as regras dos substantivos simples: – fidalgos, madressilvas, pontapés, girassóis, mandachuvas, vaivéns etc. 2) Se o 2o substantivo delimitar/especificar o 1o indicando semelhança/finalidade, somente o primeiro irá para o plural: – peixes-espada, papéis-moeda, bananas-maçã, salários-família, públicos-alvo, navios-escola, bombas-relógio, banhos-maria, canetas-tinteiro... 3) Se o substantivo composto estiver formado por substantivo + preposição + substantivo, só o primeiro irá variar: – pés de moleque, mulas sem cabeça, comandantes em chefe, pores do sol, bolas ao cesto, pais dos burros, bichos de sete cabeças, rosas dos ventos, mestres de cerimônias etc. 35 Atenção! – As últimas quatro palavras já apresentam, no singular, o último elemento pluralizado por natureza: pai dos burros, bicho de sete cabeças, rosa dos ventos, mestre de cerimônias. Não obstante, aplica-se a regra: só o 1º elemento varia no plural. – Fora da lei é invariável, pois fora é advérbio; pluraliza-se pelo determinante: “Os fora da lei foram presos.” – Em cavalo-vapor, só o primeiro elemento varia (cavalos-vapor), pois está implícita a preposição a (cavalos a vapor). – Mantêm o hífen os compostos relativos a espécies botânicas e zoológicas e certas exceções, no entanto nada muda quanto à pluralização: pimentas-do-reino, copos-de- leite, galinhas-d’angola, abelhas-da-europa, águas-de-colônia, arcos-da-velha etc. O substantivo louva-a-deus (inseto) só varia pelo determinante: os louva-a-deus, pois louva é verbo e não substantivo. 36 4) Os elementos abreviados grã-, grão-, bel-, dom-, são- são invariáveis; o outro elemento varia normalmente: – grã-duquesas, grã-cruzes, grão-mestres, grão-priores, bel-prazeres, bel-valenses, dom-juanescos, dom-rodrigos, são-beneditenses, são-bernardos... 5) Se o substantivo indicar origem, só o 2o irá variar: – nova-iorquinos, afro-brasileiros, ítalo-americanos, anglo-americanos, afro-asiáticos... 6) Em substantivos compostos por verbos iguais, ambos podem variar (em prova de concurso, é normal só o 2o variar): – corre(s)-corres, ruge(s)-ruges, pega(s)-pegas, pisca(s)-piscas... 7) Em substantivos formados por onomatopeias, só o último elemento varia: – tique-taques, pingue-pongues, bangue-bangues, reco-recos, bem-te-vis... 8) Em substantivos compostos formados por frases substantivadas, não haverá pluralização de nenhum elemento; só o determinante indicará o plural: – as maria vai com as outras, os bumba meu boi, as leva e traz, os entra e sai, os disse me disse, os chove não molha, as comigo-ninguém-pode (espécie botânica é com hífen). 37 Obs.: Segundo alguns gramáticos, como Bechara, os substantivos compostos formados por verbos de significação oposta não variam, por isso “leva e traz, perde-ganha, vai- volta, pega-larga” só se pluralizam pelo determinante: os leva e traz, os perde-ganha, os vai-volta, os pega-larga. 9) Se o substantivo composto estiver formado por guarda (verbo) + substantivo, só o 2º elemento irá variar; se guarda (subst.) + adjetivo, ambos variam: – guarda-chuvas, guarda-roupas, guarda-cartuchos...; – guardas-civis, guardas-noturnos, guardas-florestais... 10) Alguns casos especiais: os sem-terra, os sem-teto, os sem-dinheiro, os sem-sal, os sem-vergonha (tais vocábulos não pluralizam, pois são adjetivos compostos substantivados). 38 Variação em Grau Substantivo varia em grau quando exprime sua dimensão aumentada ou diminuída, a depender do uso de adjetivos e sufixos ligados a ele. Existem dois graus dos substantivos: aumentativo (analítico e sintético) e diminutivo (analítico e sintético). A forma analítica se dá por meio do uso de adjetivos que aumentam ou diminuem o tamanho (ou intensidade) normal que exprime um substantivo. Já a forma sintética se dá por meio do uso de sufixos. Aumentativo Forma analítica (adjetivos): celular grande, computador enorme, espaço imenso, engarrafamento monstro, festa colossal, obra gigantesca, luta apoteótica, sucesso tremendo, ritmo vertiginoso, previsão incrível, atrasos homéricos etc. 39 Forma sintética (sufixos): –aço(a): barcaça, louraça, morenaço –alho(a): muralha, gentalha, politicalho –alhão: grandalhão, facalhão –ama: poeirama, dinheirama –anzil: corpanzil –(z)ão: lobão, caldeirão, apertão, bofetão, calorão, bonzão, amarelão, azulão... – arra: bocarra, bicarra –astro: poetrasto, politicastro –arraz: fatacaz, pratarraz –ázio: copázio, balázio –az: lobaz, cabronaz –aréu: fogaréu, povaréu –eima: guloseima, boleima –ento: farturento, corpulento –eirão: vozeirão, chapeirão –ola: beiçola –orra: cabeçorra, cachaporra –uço(a): dentuça, dentuço –udo: pançudo, maçudo –zarrão: homenzarrão, canzarrão... Diminutivo Forma analítica (adjetivos): televisão pequena, cadeira pequenina, sala minúscula, estoque ínfimo, jardim diminuto, apoucado recurso etc. 40 Forma Sintética (sufixos): – acho(a): riacho, fogacho – ebre: casebre – eco(a): jornaleco, soneca, padreco – ela: viela, rodela, ruela – (z)elho(a): fedelho, rapazelho – ejo: lugarejo, vilarejo – ete: artiguete, falsete – eto(a): saleta, folheto – ilha: cartilha, esquadrilha – icho(a): barbicha – (z)ito(a): Manuelito, cãozito, cabrita – ino(a): pequenina, violino – im: espadim, flautim – (z)inho: colherzinha (ou colherinha), florzinha (ou florinha), – isco: asterisco, chuvisco– oca: engenhoca, bitoca – ote(a): filhote, serrote, velhote – ola: rapazola, fazendola, portinhola – usco(a): chamusco – ucho(a): gorducho, papelucho...
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