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As Relações Entre a Práxis e a Formação Docente W BA 01 71 _v 1. 2 2/190 As Relações Entre a Práxis e a Formação Docente Autor: Clivanir Ap. de Campos Como citar este documento: CAMPOS, Clivanir. As Relações Entre a Práxis e a Formação Docente. Valinhos: 2016. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira 05 Unidade 2: A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos 31 Unidade 3: A Gestão da Formação Continuada para a Construção do Professor Reflexivo 57 Unidade 4: A Gestão da Formação Continuada do Professor para o Exercício das Práxis 79 2/190 Unidade 5: A Pesquisa como Elemento Essencial na Formação Continuada do Professor 98 Unidade 6: A Pluralidade do Saber Docente 118 Unidade 7: O Lugar da Docência na Sociedade Atual 136 Unidade 8: O Papel da Docência Diante do Avanço Tecnológico 158 3/190 Apresentação da Disciplina A presente disciplina procura relacionar a práxis docente e sua formação. Perceba que essa temática é muito relevante para a organização dos espaços educativos, uma vez que a formação docente terá um impacto direto sobre as práticas pedagógicas, e estas, por sua vez, estão voltadas à qualidade da educação. A qualidade que buscamos é aquela que “permite ao aluno relacionar a aquisição de saberes à legislação vigente como possibilidade de promover uma educação de qualidade a partir de práticas pedagógicas reflexivas”. A formação continuada está associada a aspectos relacionados à identidade do professor e o caminhar na trajetória profissional. Entenda que a razão de ser das práticas pedagógicas é a formação e o protagonismo do aluno. E é nesta direção que devemos refletir sobre a formação inicial e continuada dos professores. Para possibilitar a reflexão sobre a formação continuada deve-se conhecer as atribuições da gestão escolar como forma de estimular o professor a tornar-se um pesquisador. A partir do conhecimento adquirido pelo professor, o mesmo será capaz de transmitir o conhecimento de acordo com a pluralidade social e, de acordo com o contexto em que a escola está inserida, poderá transformar a realidade e não apenas reproduzir aspectos relacionados à sociedade atual. 4/190 Cabe ao professor utilizar vários instrumentos para sua formação docente, dentre eles, os recursos tecnológicos que possibilitam a ampliação dos conhecimentos e vêm ao encontro do interesse dos alunos. Perceba que, além de uma autoformação, os gestores (coordenador, diretor e supervisor) também são responsáveis por auxiliar e instrumentalizar o educador neste processo. A práxis pedagógica exige compreender que o papel do professor é, portanto, promover, aguçar, incentivar, valorizar todos os conhecimentos prévios que os alunos já possuem e mediar a construção de novos conhecimentos de maneira significativa. Isso só será possível se o educador tiver uma formação adequada e consciência da importância de seu trabalho e de sua práxis pedagógica. Gostaria de pontuar que uma perspectiva teórica que sustenta esta produção é a abordagem histórico- crítica de Paulo Freire e sua relação com o materialismo dialético de Marx, pois a práxis docente exige um processo contínuo e um movimento dialético de ação- reflexão-ação. 5/190 Unidade 1 A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira Objetivos 1. Refletir sobre a formação do pedagogo, a partir da construção de sua identidade 2. Conscientizar o pedagogo sobre os diversos saberes necessários à sua formação 3. Estabelecer a relação entre a legislação e a formação continuada Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira6/190 Introdução Historicamente, a formação dos educadores passou por diversas etapas e modificações. O período primitivo foi marcado por chefes de família e sacerdotes que transmitiam seus conhecimentos, representando assim os primeiros professores. A educação enquanto necessidade humana sempre esteve presente na formação humana. Nessa época não existia uma educação formal, ou seja, o único objetivo era ajustar a criança ao ambiente físico e social por meio de experiências do cotidiano. O processo de formar uma criança não estava relacionado às suas especificidades enquanto tal, mas em garantir que elas fossem preparadas para exercer a sua vida adulta, o que justifica a percepção das crianças como miniadultos, sendo os jovens a base da força econômica e produtiva destas sociedades. Um marco para esta discussão é compreender o surgimento do curso de Pedagogia (1939), por meio do Decreto- Lei número 1.190, de 4 de abril do mesmo ano, no qual, por ocasião da organização de parte da Universidade do Brasil, foram criadas quatro sessões: Filosofia, Ciências, Letras e incluindo o curso de Pedagogia. A formação destes educadores fora forjada a partir de referenciais europeus, os quais importaram um modelo de educação no qual o processo de ensino-aprendizado estava centralizado na autoridade e no conhecimento do educador. Ao passo que o aluno, como indica a própria etimologia da Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira7/190 palavra, apresenta-se como um ser “sem luz” que deveria ser formado e iluminado pelo conhecimento proveniente dos professores. Isto marca uma práxis docente focada na autoridade do professor e na submissão dos alunos. Eles eram considerados tábula rasa, sem conhecimentos prévios e, portanto, passivos, alienados do processo de ensino-aprendizagem, o qual não deveria ser questionado. Este modelo adequava-se à necessidade de formar o aluno para se transformar em uma mão de obra qualificada minimamente para ser inserida em um contexto urbano-industrial. A formação dos educadores passou por muitos conflitos, com avanços e retrocessos que exigiram a implantação de legislações que contemplassem o perfil destes profissionais. Ao tratar das questões de formação docente, torna-se necessário considerar as políticas públicas que asseguram tais formações. Além do amparo legal. Perceba que, ao discutirmos a formação inicial e continuada, estamos pensando que ela traz um impacto não somente na profissionalização do docente, mas em sua ação prática e pedagógica, visando garantir uma qualidade no processo educacional. Insisto que este é um ponto central, pois a essência da prática pedagógica é a ação “com”, “junto” e “para” os alunos, uma vez Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira8/190 que eles são o mote do processo de ensino- aprendizagem. 1. A formação docente: aspectos constitutivos Refletir sobre a formação docente implica compreender a construção da sua identidade profissional e ser capaz de perceber que seus elementos constitutivos irão determinar marcas profundas em sua atuação docente. Os saberes necessários à formação do educador podem ser adquiridos de diversas formas, tanto em relação à participação em cursos, na prática pedagógica e na troca de experiências entre os pares. Esta perspectiva deve acompanhar sua reflexão sobre este material, pois é fundamental lembrarmos que a prática docente, tal como seu processo de formação, sempre articula duas dimensões: a individual, compreendida por seus valores e sua visão de mundo, e a coletiva, uma vez que o exercício da docência é inserido em um grupo composto por alunos, outros professores e demais profissionais que estejam ligados ao ato educativo de forma direta ou indireta. Ainda é relevante considerarmos que, por meio da legislação vigente, alguns aspectos relacionados à formação docente buscam garantir uma educação de qualidade. Perceba que quando pontuo que buscam garantir é porque este é seu horizonte, contudo, para que se efetive é necessáriaa ação em si. Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira9/190 Para iniciarmos, devemos pensar quais são os elementos constitutivos desta formação. Conforme presente em grande parte dos autores que tratam do tema, indico que não podemos preceder dos âmbitos teórico-científicos, sua formação didática e sua formação prática. O que obrigatoriamente exige a percepção de que estes processos estão imbricados e deveriam ser indissociáveis. A formação teórico-científica é aquela relacionada à formação inicial dos professores e que fornece o seu arcabouço técnico e instrumental para a ação docente. Ressalto que ao escolher e ser influenciado por uma determinada linha teórica, o professor expressa sua forma de compreender o mundo e o próprio processo de compreender o processo de ensino-aprendizagem. Logo, não podemos imaginar que exista uma perspectiva teórica que seja melhor ou pior do que outra, e sim, mais adequada ou menos a um contexto social. A formação teórico-científica deve estar articulada com o conhecimento específico da disciplina do professor e com o momento histórico-político-cultural de determinada sociedade. Via de regra, esta formação é inicial e ocorre de forma privilegiada nas instituições que promovem o Ensino Superior. Um ponto relevante é perceber que uma outra articulação deve ocorrer neste processo, que se refere à formação didática Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira10/190 do professor, pois devemos compreender que a didática é uma dimensão essencial da constituição profissional da prática docente. Assim, as instituições de Ensino Superior devem estar preocupadas com seus currículos não apenas em seu aspecto conceitual, mas entendo que este será exercitado em um contexto de prática pedagógica. Outro elemento constitutivo é o âmbito didático, pois, como apontamos, a didática será responsável por capacitar os profissionais a desenvolverem e selecionarem metodologias adequadas para a produção do conhecimento junto aos alunos. Assim, o conhecimento da didática exige que o professor seja capaz de transcender os aspectos meramente teóricos e criar situações de aprendizagem que sejam significativas para os alunos. Portanto, a formação voltada ao planejamento didático consiste em projetar metodologias, conteúdos, avaliações, espaços e tempos para que a prática pedagógica possa ocorrer. E, como sinalizamos, a formação prática, ou seja, aquela relacionada ao cotidiano educativo, ou seja, a relação da ação docente frente à comunidade com a qual atua. Estes saberes estão relacionados, especialmente, ao contexto da sala de aula, pois ele não é o espaço exclusivo, mas ainda é o privilegiado para a prática pedagógica. Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira11/190 Por último, saliento que a formação inicial do professor deve suscitar nele a prática investigativa, pois o educador encontra na prática da pesquisa um elemento crucial para sua formação inicial e continuada. Para saber mais Recomendo que você assista o vídeo Formação continuada de professores, por Marcia Padilha, produzido pela Fundação Telefônica. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=EbdDAayexjo>. Acesso em 29 set. 2016. 2. A formação docente e as interfaces com a LDB Ao refletirmos sobre a formação docente, é urgente recuperar um pouco de sua biografia, ou seja, quais experiências e vivências foram determinantes para sua escolha profissional. Um elemento importante dentro deste aspecto é ponderar a influência sofrida por modelos de professores na infância e que podem ser marcantes na vida de um profissional. É comum que os professores, ao iniciarem sua vida profissional, imitem os modelos de seus antigos professores, ou seja, de certa forma “copiam” os modelos que conhecem. Certamente que o processo de formação e a experiência docente na construção de https://www.youtube.com/watch?v=EbdDAayexjo https://www.youtube.com/watch?v=EbdDAayexjo Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira12/190 sua identidade pedagógica vão ganhando contornos próprios e compatíveis ao seu processo de subjetivação. Segundo Candau (2000, p. 105), a identidade é algo formado ao longo do tempo, por meio de processos inconscientes e também pela ação na coletividade. Candau, ao citar Hall (1997, p. 43), reflete que “O homem continua buscando a sua identidade e construindo biografias que tecem as diferentes partes de nossos “eus”, divididos numa unidade, “porque procuramos recapturar esse prazer fantasiado de plenitude”. Portanto, é possível compreender que a construção da identidade do educador é multidimensional, multifacetada e complexa. Considerando que a escolha da profissão esteja associada à trajetória escolar, bem como aos aspectos profissionais que possibilitam o seu crescimento, a aquisição e aperfeiçoamento fazem parte das competências a serem desenvolvidas na área de atuação no campo profissional e devem nortear os estudos relacionados à construção da identidade profissional Para saber mais Recomendo que você assista ao vídeo com o professor Mário Sérgio Cortella sobre os Novos Paradigmas da Educação. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=GQPXp7KOYAM>. Acesso em 29 set. 2016. https://www.youtube.com/watch?v=GQPXp7KOYAM https://www.youtube.com/watch?v=GQPXp7KOYAM Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira13/190 do educador, de acordo com as reflexões de Candau (2000). Assim, a formação do educador é influenciada, segundo Candau (2000), por aspectos sociológicos e culturais que se relacionam com as suas vivências. Ao tratar da formação dos profissionais da educação, considera-se a identidade, a forma como se a escolha da profissão. Em seguida, deve-se pontuar que após essa decisão, outros aspectos estão relacionados ao educador. Aspectos referentes a cursos e outros relacionados às experiências pessoais. Na sociedade atual, torna-se necessária a valorização desse profissional, não apenas como um simples técnico, mas também como mediador nos processos constitutivos da cidadania dos alunos para a superação do fracasso, bem como, na diminuição das desigualdades escolares. Lembre-se de que já pontuamos anteriormente que refletir sobre a formação docente implica compreender como esta irá impactar sobre o processo de ensino-aprendizagem. Considere que o aluno é o protagonista do ato pedagógico, logo, a formação docente deve propiciar que a prática educativa seja compatível com uma aprendizagem significativa e que permita ao aluno compreender e intervir na realidade que lhe cerca. Segundo Tardif (2010), são necessários diferentes saberes como base para a Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira14/190 formação do profissional. Estes saberes são múltiplos e compatíveis com os elementos constitutivos que apresentamos anteriormente. Um deles, nas palavras de Tardif (2010), trata-se do saber profissional, recebido nas instituições de formação de professores, que abrange conhecimentos nas ciências humanas e ciências da educação. Porém, para a prática docente também são necessários saberes pedagógicos, que estão relacionados à didática (como ensinar), como discutimos anteriormente. Outro saber citado por Tardif (2010) é o saber disciplinar, que corresponde aos diversos campos do conhecimento, tais como se encontram integrados nas universidades. Como exemplo podemos citar: matemática, história, literatura, entre outros. Para saber mais Recomendo que leia o artigo “Os saberes profissionais dos professores na perspectiva de Tardif e Gauhier: contribuições para o campo de pesquisasobre os saberes docentes no Brasil”. Disponível em: <http:// www.ucs.br/etc/conferencias/index. php/anpedsul/9anpedsul/paper/ viewFile/668/556>. Acesso em 29 de setembro de 2016. http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/668/556 http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/668/556 http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/668/556 http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/668/556 Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira15/190 Já o saber curricular está relacionado aos discursos objetivos, conteúdos e métodos, a partir das instituições a que estão relacionados. E o saber experiencial é fundamental na formação do professor e está relacionado ao seu trabalho cotidiano, à troca de experiência com os pares, associado ao contexto em que a escola está inserida. Para saber mais Recomendo que você assista ao vídeo “A formação dos professores: o conhecimento científico e os saberes da experiência”. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=j72-q8PcO64&list=PLR- 6MDhpLa6sJEtYvR0CO4WMdxQYrva5M> Acesso em 29 set. 2016. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB (Lei nº 9.394/1996) contempla a formação de professores na busca de propor um novo modelo de formação profissional, passando a constituir-se em uma preparação técnica profissionalizante de nível superior. Os artigos 61 a 65 desta lei tratam sobre a formação continuada dos profissionais da educação como forma de garantir a constante atualização dos mesmos. https://www.youtube.com/watch?v=j72-q8PcO64&list=PLR-6MDhpLa6sJEtYvR0CO4WMdxQYrva5M https://www.youtube.com/watch?v=j72-q8PcO64&list=PLR-6MDhpLa6sJEtYvR0CO4WMdxQYrva5M https://www.youtube.com/watch?v=j72-q8PcO64&list=PLR-6MDhpLa6sJEtYvR0CO4WMdxQYrva5M Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira16/190 Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando terá como fundamentos: I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; II - aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades. O artigo apresenta a importância de associar teorias e práticas do professor mediante a capacitação em serviço. A possibilidade da formação docente deve ocorrer em diversos espaços. Citamos como exemplo a que ocorre no ambiente escolar, a qual deverá ocorrer nos momentos privilegiados pelo trabalho pedagógico coletivo, que é conduzida pelo coordenador pedagógico e favorece a troca de experiências e leituras formativas. Assim, a LDB apresenta que a formação inicial deve ocorrer nas instituições de Ensino Superior, como presente no artigo 62: Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira17/190 Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far- se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: I - cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental; II - programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica; III - programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis. Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira18/190 Ainda nos artigos 62 e 63 encontramos menção sobre os cursos de licenciatura que formarão profissionais da educação para atuarem na educação infantil e nas primeiras séries do Ensino Fundamental. Enquanto que os artigos 64 e 65 tratam das abrangências dos profissionais da educação, bem como, a obrigatoriedade de prática de ensino (estágios de no mínimo 300 horas). Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. Art. 65. A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas. Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira19/190 Outro documento que trata sobre a formação de professores é o Plano Nacional da Educação – PNE, sendo que o vigente compreende o período que abarca 2014-2024. Tal documento foi criado com disposição transitória da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, respeitando uma exigência constitucional e revisto com a periodicidade decenal. Dentre as metas descritas no documento, apresenta-se a de número 16. Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento) dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos(as) os(as) profissionais da educação básica formação continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino. Para saber mais Recomendo que leia a LDB. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/ leis/lein9394.pdf>. Acesso em 29 de setembro de 2016. http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira20/190 Assim, o profissional da educação se forma inicialmente pela sua trajetória escolar, na qual é inspirado a escolher por esta profissão, mas sua formação inicial requer o ingresso em cursos de instituições específicas do Ensino Superior. Contudo, como indica o próprio nome, esta é o início de sua trajetória, que será complementada e aperfeiçoada pela formação continuada, a qual, à luz da legislação, incentiva que o Para saber mais Recomendo que você leia a Lei 13.005/13, que aprovou o Plano Nacional da Educação. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005. htm>. Acesso em 29 set. 2016. docente participe em eventos, cursos ou outras práticas que propiciem a troca de experiências no ambiente de trabalho. Para saber mais Para finalizarmos esta primeira etapa, recomendo que você assista ao vídeo de Paulo Freire sobre a Escola Cidadã e se inspire na busca de uma formação continuada. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=ZC1ruqUnX7I>. Acesso em 29 set. 2016. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm https://www.youtube.com/watch?v=ZC1ruqUnX7I https://www.youtube.com/watch?v=ZC1ruqUnX7I Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira21/190 Glossário Práxis: atividade prática, ação, exercício, uso. É a reflexão e ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo. Pluralidade: o próprio plural; qualidade de ser numeroso, de existir em grande número ou quantidade; diversidade, multiplicidade. Aguçar: excitar, estimular, tornar perspicaz, despertar o interesse. Disponível em http://michaelis.uol.com.br/.Acesso em 29 set. 2016. http://michaelis.uol.com.br/ Questão reflexão ? para 22/190 De acordo com as reflexões que você pôde fazer ao longo desta primeira leitura, argumente a partir dessa afirmação: “O professor não nasce professor, ele se constrói”. 23/190 Considerações Finais • A identidade do professor se constrói a partir da trajetória escolar, da participação em cursos de formação e da prática pedagógica. • A sociedade atual exige do educador formações contínuas para a formação do aluno crítico e cidadão consciente. • O papel do pedagogo é garantir ao aluno possibilidades para que ele se desenvolva de forma plena. • A legislação fundamenta aspectos relacionados à formação docente como forma de garantir um ensino de qualidade. Unidade 1 • A Formação Docente Inicial e Continuada: Aportes Históricos e a Legislação Brasileira24/190 Referências BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9.394, 20 de dezembro de 1996. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf>. Acesso em 16 jul. 2016. ______. Plano Nacional de Educação - PNE/Ministério da Educação. Brasília, DF: INEP, 2001. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm>. Acesso em 16 jul. 2016. ______. Decreto-Lei n. 1190, de 4 de abril de 1939. Da organização à faculdade nacional de filosofia. CANDAU, V. M. (org). Reinventar a escola. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. RJ: Dp&A, 1997. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. ______.RAYMOND, D. Saberes, tempo e aprendizagem do trabalho no magistério. Educação & Sociedade. 2000. Disponível em <www.scielo.br/pdf/es/v21n73/4214.pdf>. Acesso em 17 jul. 2016. http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm www.scielo.br/pdf/es/v21n73/4214.pdf 25/190 1. Segundo o texto, a identidade do educador se constrói sob: a) Aspectos culturais e dimensão religiosa. b) Aspectos sociológicos e dimensão pessoal. c) Aspectos sociológicos e dimensão religiosa. d) Aspectos culturais e dimensão pessoal. e) Aspectos culturais e sociológicos; dimensão religiosa e pessoal. Questão 1 26/190 2. De acordo com o texto, Tardif afirma quais são os saberes necessários à formação do pedagogo. a) Profissional e experiencial. b) Profissional e curricular. c) Profissional, disciplinar, curricular e experiencial. d) Profissional, disciplinar e curricular. e) Profissional, curricular e experiencial. Questão 2 27/190 3. No artigo 63 da LDB 9.394/96, a formação nas instituições de Ensino Superior permite ao pedagogo atuar: a) Na Educação Infantil e primeiras séries do Ensino Fundamental b) Na Educação Infantil e na graduação c) Na Educação Infantil e séries finais do Ensino Fundamental d) Nas séries finais do Ensino Fundamental e na graduação e) No Ensino Médio e na graduação Questão 3 28/190 4. O PNE, em sua meta de número 16, apresenta aspectos relacionados a: a) valorizar profissionais do magistério nas redes particulares de educação e equiparar o rendimento médio aos demais profissionais com escolaridade equivalente. b) valorizar profissionais do magistério nas redes públicas de educação e equiparar o rendimento médio aos demais profissionais com escolaridade equivalente. c) assegurar no prazo de dois anos a existência de planos de carreira para profissionais da educação e superior pública de todos os sistemas de ensino. d) formar em nível de pós-graduação 100% dos professores de educação básica em sua área de atuação, considerando as demandas do sistema de ensino. e) formar em nível de pós-graduação 50% dos professores de educação básica em sua área de atuação, considerando as demandas do sistema de ensino. Questão 4 29/190 5. No link do vídeo de Paulo Freire, o tema principal é a escola cidadã e fundamenta-se em: a) uma visão de preparação do indivíduo pesquisador. b) uma visão de escola que atende às legislações vigentes. c) uma visão de preparação do indivíduo pesquisador e que atende às legislações vigentes. d) uma visão transformadora de mundo, de acordo com os sujeitos que a constroem. e) uma visão transformadora de sujeito, de acordo com os contextos em que a escola está inserida. Questão 5 30/190 Gabarito 1. Resposta: B. Baseia-se na citação de Candau (2000): a dimensão pessoal se constrói pela trajetória escolar e os aspectos sociológicos, sendo edificada nas relações sociais vivenciadas. 2. Resposta: C. Baseia-se na citação de Tardif que abrange todos os saberes citados. 3. Resposta: A. O artigo da LDB assegura que o pedagogo pode atuar na Educação Infantil e séries iniciais. 4. Resposta: E. Retirado do documento Plano Nacional da Educação – PNE. 5. Resposta: D. O aluno deverá assistir ao vídeo em que está explícito o que é uma escola cidadã, de acordo com Paulo Freire. 31/190 Unidade 2 A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos Objetivos 1. Identificar os profissionais gestores dos ambientes educativos e suas atribuições; 2. Compreender a importância da articulação dos gestores com a equipe docente; 3. Elencar algumas formas em que os gestores podem promover a formação continuada dos professores no ambiente educativo. Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos32/190 Introdução Considerando que um dos principais papéis exercidos pelas unidades educativas seja realizar a ponte entre o conhecimento e a sociedade, torna-se necessário oferecer ao aluno condições adequadas para que ele tenha seu pleno desenvolvimento e atue como um cidadão engajado, capaz de compreender a realidade e intervir sobre ela. Para atuar no mercado de trabalho da atualidade é fundamental que alunos e professores exerçam sua cidadania de forma crítica e consciente, especialmente sobre suas responsabilidades e a relevância de uma formação consolidada. Para assegurar o direito à educação, a equipe escolar deve criar projetos pedagógicos que permitam a participação e a interação de todos, tanto no ambiente intra, quanto no extraescolar. Assim, devemos refletir um pouco sobre o papel da equipe gestora neste processo, pois será a articulação de uma equipe diretiva, com formação específica em sua atuação, que irá contribuir para sua formação continuada ou em serviço. Lembre-se de que, tal como vimos anteriormente, a formação é um processo contínuo e dialético, pois a formação inicial será fundamental para que o professor se inicie em seu ofício, dominando os saberes e conhecimentos exigidos para sua prática futura. Contudo, esse processo não termina com sua formação no Ensino Superior. Ao adentrar na prática, ele se depara com a necessidade da formação continuada ou em serviço, que será realizada em diversos espaços, por exemplo: dentro da escola na Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos33/190 qual atua, nos cursos de especialização, junto às diretorias de ensino, e tantos outros espaços. O papel dos gestores é envolver os membros do corpo docente de uma escola, propondo uma formação continuada para ampliar a qualificação dos educadores, instrumentalizando em diversos âmbitos para que possam atender às necessidades educativas dos alunos. De acordo com Perrenoud (2002), para que haja uma interação é necessário que cada membro da equipe esteja comprometido com a proposta e ciente de suas atribuições, pois sabemos que, no papel de articulação e acompanhamento da formação docente, apesar de ser responsabilidade da tríade coordenador pedagógico, diretor e supervisor de ensino, a função de supervisionar e direcionar este processo condiciona-se à especificidade de seu cargo. É evidente que, neste sentido, o coordenadorpedagógico irá ter uma maior proximidade com este processo, mas isto não quer dizer que tanto o diretor como o supervisor de ensino não participem deste processo. Não se esqueça de que não podemos determinar uma modalidade de formação (inicial ou em serviço) mais relevante que a outra, pois as duas são importantes para o pleno exercício do ofício docente. Lembre-se também de que é responsabilidade da equipe gestora refletir sobre os rumos desta formação, questionando-se especialmente sobre: Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos34/190 qual é o papel do educador no século XXI? Quais são suas atribuições na formação dos alunos? Como o educador colabora para a formação da cidadania dos alunos? Devemos evidenciar que o professor deve garantir o protagonismo dos alunos e atentar-se para seu papel como estimulador e orientador da construção do conhecimento. Assim, vamos compreender um pouco melhor esta articulação da equipe gestora e a formação docente. 1. A equipe gestora e a formação docente A equipe gestora no ambiente escolar tem um papel fundamental na formação docente. Pretende-se pontuar as atribuições dos membros da equipe escolar como forma de compreender o processo educacional. Veja que a formação docente deve buscar a ampliação e a qualificação da práxis pedagógica, a qual poderíamos compreender como a relação entre os saberes teóricos, científicos e conceituais dos professores frente à sua prática metodológica e profissional. Em termos ainda mais simples, seria a articulação entre a teoria e a prática dentro do exercício do ofício do professor. Aos gestores cabe conduzir o trabalho pedagógico, com uma postura reflexiva em relação ao seu próprio trabalho, ao seu ofício de professor, aos desafios Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos35/190 da profissionalização e do seu papel da formação continuada e na evolução de sua equipe. A equipe gestora precisa desenvolver um olhar sensível ao ofício docente, compreendendo este como um fenômeno complexo, plural, multifacetado e que engendra processos individuais, mas que se concretiza em uma perspectiva coletiva. Assim, este trabalho de formação, por parte dos gestores, dentro do ambiente escolar, deve estabelecer objetivos e metas a serem atingidos. (PERRENOUD, 2002) Atualmente, um ponto central dentro da formação de professores é a gestão da sala de aula, pois o professor já não atua em um contexto tradicional, onde ele é o centro do processo de ensino- aprendizagem, portanto, deve ser capaz de conciliar a produção do conhecimento, os tempos de aprendizagem, a construção do conhecimento e as socializações e manifestações culturais que permitem a formação não apenas de um aluno, mas especialmente de um cidadão. É dentro deste cenário que devemos identificar o papel de cada membro da equipe gestora na formação dos professores. Para iniciarmos, vamos nos voltar ao papel exercido pelo coordenador pedagógico. A essência da função do coordenador pedagógico é estimular, acompanhar e proporcionar a formação continuada e em serviço dos educadores. Este papel é muito importante, pois cabe a ele Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos36/190 transformar a escola em uma verdadeira comunidade de aprendizagem, um espaço de formação permanente que, ao capacitar e qualificar os seus profissionais, tem um impacto direto sobre os resultados das aprendizagens dos alunos. Logo, este processo deve ser contínuo e mobilizador de ações que privilegiem uma reflexão constante dos professores sobre o exercício de seu ofício enquanto educadores. Este processo não pode ser pontual, pois senão terá como produto uma atualização profissional. Assim, você deve estar se questionando: mas isto também não é importante? Evidentemente que sim, mas a formação em serviço deve primar por “refinar” a prática docente, ou seja, a formação proposta pelo coordenador pedagógico deve ser muito mais complexa, no sentido de que ele engendra processos reflexivos com vistas a transformar a prática dos professores de forma mais ampla e que viabilize uma educação com melhor qualidade. Este trabalho pode ser realizado em momentos individualizados, mas deve privilegiar a construção coletiva dos processos, pois é na coletividade que se faz a práxis docente. Com isto, a interlocução das áreas, saberes e práticas permite a troca de experiências, desejos, utopias sobre o que se pretende com o ato educativo. Perceba que esta função de formação dos professores, por parte do coordenador pedagógico, é essencialmente dialógica, Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos37/190 isto é, exige interlocução, troca, diálogo, acolhimento, parceria, capacitação e trabalho em equipe. Já o diretor de escola tem sido compreendido mais como um gestor administrativo, do que verdadeiramente pedagógico, mas não podemos esquecer que é dupla a sua atribuição. Primeiramente, porque ele é responsável por exercer um papel de liderança dentro do contexto educativo, mobilizando e estimulando seu avanço. Lembramos que este processo deve estar focado na gestão democrática da escola, o que implica primar pela interlocução com a comunidade escolar. O papel do diretor é mediar os recursos humanos, financeiros e materiais para gestar a administração burocrática e pedagógica do processo. Perceba que este processo se direciona à formação docente, uma vez que é responsabilidade do diretor garantir que o processo educativo ocorra com qualidade. O diretor deve participar das discussões coletivas que envolvem a gestão da proposta pedagógica, tanto em termos curriculares como metodológicos. Seu papel é apoiar e liderar este processo junto ao coordenador pedagógico, assim ele não pode se eximir de ser parceiro do coordenador neste processo de formação em serviço junto aos professores, uma vez que deve primar pela qualidade da proposta pedagógica e do cumprimento do planejamento presente no Projeto Político- Pedagógico. Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos38/190 O supervisor de ensino também exerce um papel fundamental na formação em serviço dos professores, pois ele tem condições de suscitar questões complexas sobre a formação dos professores, a legislação vigente e a proposta pedagógica. Um ponto a salientar é que o supervisor é o profissional responsável em realizar a ponte entre as diretrizes das Diretorias de Ensino e as unidades escolares. Desta forma, o supervisor de ensino deve também ser parceiro na orientação e na organização da formação em serviço da equipe docente. 2. A formação docente e a articulação com o PPP Para a escola funcionar de forma articulada, deve ter como referência norteadora o Projeto Político-Pedagógico - PPP. Tal projeto se constitui considerando objetivos a serem alcançados, métodos, organização e sistematização do trabalho pedagógico. Para saber mais Recomendo que você leia a tese intitulada “Supervisores de ensino da Rede Estadual de São Paulo: Entre Práticas e Representações”. Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos39/190 A palavra “projeto” está relacionada ao futuro, porém é necessário construí-lo a partir do presente. Isto significa que a equipe escolar deve elaborá-lo considerando o público-alvo e o contexto em que a escola está inserida. Não se constrói um projeto sem uma direção política, um norte, um rumo. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é também político, O projeto pedagógico da escola é, por isso mesmo, sempre um processo inconcluso, uma etapa em direção a uma finalidade que permanece como horizonte da escola (GADOTTI,2000, p. 2). Segundo Gadotti (2000), para que um Projeto Político-Pedagógico seja eficiente, é preciso compromisso, engajamento dos professores, dirigentes, pais e alunos como forma de representar a identidade da escola enquanto instituição social. Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos40/190 Para que o Projeto Político-Pedagógico seja executado, é necessário que os membros realizem suas atribuições de forma consciente. Por ser algo complexo, as decisões e encaminhamentos não devem ficar apenas na responsabilidade de uma única pessoa, daí a necessidade de uma formação adequada e de um apoio institucional. Sendo assim, ao tratar da equipe gestora de uma escola, ela é composta por um diretor, um coordenador pedagógico e um supervisor de ensino, como já mencionamos. Assim, gostaria de retomar com você brevemente as principais atribuições de cada um deles, pois vale enfatizar que todos eles serão responsáveis em estabelecer uma parceria na formação dos professores. O diretor tem a responsabilidade legal e pedagógica pela instituição, tendo como meta a aprendizagem de todos os alunos. Antes de tudo, é um educador e é o líder que garante o funcionamento da escola. Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos41/190 O supervisor de ensino representa a Secretaria de Educação, a qual apoia de forma técnica, administrativa e pedagógica as escolas, garantindo a formação de gestores e coordenadores e dinamizando a implantação de políticas públicas. Já o coordenador pedagógico assume um papel importante na responsabilidade e na valorização das conquistas realizadas no planejamento e, principalmente, no Para saber mais Recomendo que você assista ao vídeo “Diretor sempre presente nos espaços da escola”. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=h2xR2FEqEGU>. Acesso em 29 set. 2016. trabalho de formação de professores. Tem um trabalho de mediador em relação aos pais, alunos e comunidade. Garante ainda a parceria e a cumplicidade para com o diretor, para transformar a escola em um espaço de aprendizagem. A gestão do professor coordenador deve estar centrada na qualidade de ensino e na construção de um espaço produtivo. Para saber mais Recomendo que você leia este material produzido pela Rede do Saber. Disponível em: <http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/ Portals/18/arquivos/CADERNO_GESTOR_ FINAL_red.pdf>. Acesso em 29 set. 2016. https://www.youtube.com/watch?v=h2xR2FEqEGU https://www.youtube.com/watch?v=h2xR2FEqEGU http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Portals/18/arquivos/CADERNO_GESTOR_FINAL_red.pdf http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Portals/18/arquivos/CADERNO_GESTOR_FINAL_red.pdf http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Portals/18/arquivos/CADERNO_GESTOR_FINAL_red.pdf Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos42/190 Em um cenário educacional atual que passa por mudanças constantes, deve-se orientar a prática pedagógica considerando o Projeto Político- Pedagógico da escola. O coordenador deve construir junto aos professores momentos de reflexão e ações, em um processo colaborativo. Uma das características essenciais ao coordenador é que ele seja um bom comunicador, ou seja, que abra espaços para a troca de experiências e que amplie o conhecimento da equipe trazendo fundamentações teóricas e discussões reflexivas. Deve haver, também, espaços para que o professor defenda suas ideias e posições, pois as transformações decorrem de um confronto entre teoria e prática. Embora toda escola tenha uma especificidade em relação ao organograma, questões relacionadas à sistematização do trabalho devem acontecer de maneira a priorizar o que for “mais emergencial”. É possível verificar, por meio do esquema a seguir, de que forma os gestores escolares se relacionam no processo educacional. Percebe-se que, mesmo com atribuições específicas, eles se relacionam de forma interacional. Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos43/190 Figura 1 – A articulação entre a equipe gestora Fonte: Revista Nova Escola. Disponível em: <http://gestaoescolar.org.br/formacao/como-atua-trio-gestor-diretor-escolar- supervisor-ensino-supervisao-coordenacao-pedagogica-coordenador-532548.shtml>. Acesso em 30 set. 2016. http://gestaoescolar.org.br/formacao/como-atua-trio-gestor-diretor-escolar-supervisor-ensino-supervisao-coordenacao-pedagogica-coordenador-532548.shtml http://gestaoescolar.org.br/formacao/como-atua-trio-gestor-diretor-escolar-supervisor-ensino-supervisao-coordenacao-pedagogica-coordenador-532548.shtml Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos44/190 O ambiente escolar é o local que permite a formação de professores por meio dos gestores, e está prevista na legislação a participação obrigatória dos docentes da instituição. Tais formações acontecem durante o período de ATPC. As Aulas de Trabalho Pedagógico Coletivo - ATPC se caracterizam como espaço de formação continuada dos educadores, privilegiado de momentos de estudos, discussão e reflexão das propostas curriculares, além de uma melhoria da prática docente. O trabalho é coletivo e de caráter estritamente pedagógico, destinado à discussão, acompanhamento e avaliação da proposta pedagógica da escola e do desempenho escolar do aluno. As ATPC deverão ser planejadas e organizadas pelo professor coordenador de cada segmento do Ensino Fundamental e Médio, em conjunto com toda a equipe gestora da escola. O coordenador pedagógico é responsável por manter o cronograma e a pauta estabelecida, oferecer apoio individual aos professores, conduzir pessoalmente as reuniões, impor limites nos assuntos discutidos para não perder o foco e encaminhar uma síntese do trabalho desenvolvido nas ATPC para debate junto ao diretor. Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos45/190 O diretor também possui funções nas ATPC, que diferem das tarefas do coordenador. Tais funções são organizar o horário e o espaço para as reuniões, além de ser o responsável por criar uma pauta, estabelecer junto ao coordenador as diretrizes e metas gerais de formação. Ele delega parte das tarefas administrativas aos técnicos da secretaria e orienta os coordenadores, além de discutir os resultados das reuniões de ATPC. Por último, é fundamental perceber que a articulação da equipe gestora também é garantir que a formação continuada dos professores seja pensada como uma interconexão com o planejamento realizado pelo Projeto Político-Pedagógico. Para saber mais Recomendo que você assista ao vídeo “Como o coordenador pode ajudar na formação de professores especialistas?” Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=EZiWamu0stg&feature=youtu.be>. Acesso em 29 set. 2016. Para saber mais Recomendo que você assista ao vídeo “O papel do Coordenador Pedagógico”. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=iLPVxmu1pHY>. Acesso em 29 set. 2016. https://www.youtube.com/watch?v=EZiWamu0stg&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=EZiWamu0stg&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=iLPVxmu1pHY https://www.youtube.com/watch?v=iLPVxmu1pHY Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos46/190 Glossário Atribuição: Função ou responsabilidade que se encontra ligada a uma profissão ou trabalho. Organograma: Representação gráfica da hierarquia numa organização social complexa, que determina as inter-relações das unidades e as responsabilidades de cada uma delas; qualquer gráfico que represente operações interdependentes. Sistematização: Arrumar ou organizar seguindo certos parâmetros; metodizar ou arranjar. Disponível em http://michaelis.uol.com.br/.Acesso em 29 set. 2016. http://michaelis.uol.com.br/ Questão reflexão ? para 47/190 Gostaria que você refletisse sobre como o coordenador pedagógico deve atuar para articular a formação dos professores com o Projeto Político da Escola. 48/190 Considerações Finais (1/2) • A escola enquanto instituição educacional deve ser o local que possibilita a construção da aprendizagem e a formação do aluno. Para isso, os membros desta comunidade devem estabelecer relações colaborativas e participativas, seja por meio de projetos ou de reuniões pedagógicas. • O papel principal dos gestores escolares é promover um ambiente harmônico em que os espaços físicos, os recursos materiais, possam ser utilizados de forma adequada para uma aprendizagem de qualidade. • O coordenador pedagógico, em suas atribuições, deverá exercer funções estritamente pedagógicas para o acompanhamento e o apoio à prática pedagógica, como forma de tornar o professor ciente de suas responsabilidades, bem como, de sua importância na construção do conhecimento. 49/190 • A escola deve construir o Projeto Político-Pedagógico com a participação da equipe escolar e da comunidade, incluindo-se pais e alunos, pois tal projeto será o norte das metas a serem atingidas, porém, as condições de trabalho e a visão de cada segmento devem ser avaliadas separadamente, por serem específicas de cada modalidade. Considerações Finais (2/2) Unidade 2 • A Gestão da Formação Continuada dos Profissionais que Compõem os Ambientes Educativos50/190 Referências CANDAU, V. M. (org). Reinventar a escola. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. GADOTTI, M. O projeto político-pedagógico da escola na perspectiva de uma educação para a cidadania. São Paulo, 1997. GUERREIRO, C. Gestão escolar: trabalho coletivo. Disponível em <http://revistaescolapublica. com.br/textos/13/artigo246349-1.asp> Acesso em 18 jul. 2016. LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. rev. ampl. Goiânia: Livros MF, 2008. PERRENOUD, P. A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2002. POLATO, A.; NADAL, P. Como atua o trio gestor. Disponível em <http://gestaoescolar.org.br/ formacao/como-atua-trio-gestor-diretor-escolar-supervisor-ensino-supervisao-coordenacao- pedagogica-coordenador-532548.shtml>. Acesso em 18 jul. 2016. SÃO PAULO (Estado) SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Projeto Político-Pedagógico: dimensões conceituais. Disponível em <http://escoladegestores.mec.gov.br/site/2-sala_projeto_vivencial/ pdf/dimensoesconceituais.pdf>. Acesso em 17 jul. 2016. ______. Caderno gestor final. Disponível em <http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/ Portals/18/arquivos/CADERNO_GESTOR_FINAL_red.pdf>. Acesso em 17 jul. 2016. http://revistaescolapublica.com.br/textos/13/artigo246349-1.asp http://revistaescolapublica.com.br/textos/13/artigo246349-1.asp http://gestaoescolar.org.br/formacao/como-atua-trio-gestor-diretor-escolar-supervisor-ensino-supervisao-coordenacao-pedagogica-coordenador-532548.shtml http://gestaoescolar.org.br/formacao/como-atua-trio-gestor-diretor-escolar-supervisor-ensino-supervisao-coordenacao-pedagogica-coordenador-532548.shtml http://gestaoescolar.org.br/formacao/como-atua-trio-gestor-diretor-escolar-supervisor-ensino-supervisao-coordenacao-pedagogica-coordenador-532548.shtml http://escoladegestores.mec.gov.br/site/2-sala_projeto_vivencial/pdf/dimensoesconceituais.pdf http://escoladegestores.mec.gov.br/site/2-sala_projeto_vivencial/pdf/dimensoesconceituais.pdf http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Portals/18/arquivos/CADERNO_GESTOR_FINAL_red.pdf http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Portals/18/arquivos/CADERNO_GESTOR_FINAL_red.pdf 51/190 1. O Projeto Político-Pedagógico se constitui considerando: a) Objetivos, métodos, organização e sistematização do trabalho pedagógico. b) Objetivos, métodos e sistematização do trabalho pedagógico. c) Objetivos, organização e sistematização do trabalho pedagógico. d) Objetivos e sistematização do trabalho pedagógico. e) Objetivos, métodos e organização. Questão 1 52/190 2. Quais são os profissionais que pertencem à gestão escolar? Questão 2 a) Diretor de escola, vice-diretor e coordenador pedagógico. b) Diretor de escola, vice-diretor, coordenador pedagógico e supervisor de ensino. c) Diretor de escola, coordenador pedagógico e supervisor de ensino. d) Coordenador pedagógico e supervisor de ensino. e) Diretor de escola, vice-diretor e supervisor de ensino. 53/190 3. São funções do coordenador pedagógico: Questão 3 a) Formação de professores, mediação na relação pais e alunos e cumprimento de cronograma e sistematização de trabalho pedagógico. b) Formação de professores, mediação na relação pais e alunos e acompanhar indisciplina de aluno. c) Formação de professores, mediação na relação pais e alunos e colaborar na entrada e saída de alunos. d) Formação de professores e cumprimento de cronograma e sistematização de trabalho pedagógico. e) Formação de professores e mediação na relação pais e alunos. 54/190 4. As ATPCs se caracterizam como: Questão 4 a) Momento de estudos visando uma melhoria para a prática pedagógica. b) Momento de estudos individual para discussão e reflexão dos casos de indisciplina de alunos, visando uma melhoria para a prática pedagógica. c) Momento de estudos coletivo para discussão e reflexão dos casos de indisciplina de alunos, visando uma melhoria para a prática pedagógica. d) Momento de estudos individual para discussão e reflexão das propostas curriculares visando uma melhoria para a prática pedagógica. e) Momento de estudos coletivo para discussão e reflexão das propostas curriculares visando uma melhoria para a prática pedagógica. 55/190 5. Baseado no esquema contido no texto, que apresenta os gestores escolares, é correto afirmar que: Questão 5 a) O coordenador pedagógico determina os encaminhamentos pedagógicos da escola, de forma autônoma. b) O supervisor de ensino responde pela escola nas questões pedagógicas. c) O coordenador pedagógico responde exclusivamente ao supervisor de ensino. d) Os gestores têm atribuições específicas e se relacionam de forma interacional. e) O diretor é a pessoa mais importante da equipe gestora. 56/190 Gabarito 1. Resposta: A. Pois de acordo com o texto, a alternativa está mais completa. 2. Resposta: C. A composição da equipe gestora está descrita nesta alternativa. 3. Resposta: A. A alternativa contempla a maior parte das atribuições do coordenador pedagógico. 4. Resposta: E. A alternativa contempla as realizações de ATPCs, sendo estas estritamente pedagógicas. 5. Resposta: D. A alternativa correta pontua a importância de cada membro da gestão escolar e do trabalho interacional. 57/190 Unidade 3 A Gestão da Formação Continuada para a Construção do Professor Reflexivo Objetivos 1. Conscientizar o professor sobre a importância de uma boa formação pedagógica 2. Estabelecer estratégias para tornar- se um professor reflexivo 3. Utilizar a autoavaliação e avaliações como forma de redirecionar o trabalho do professor. Unidade 3 • A Gestão da Formação Continuada para a Construção do Professor Reflexivo58/190 Introdução Como vimos anteriormente, acredita-se que o professor se forma desde o momento em que faz a escolha da profissão, e essa formação evolui durante toda a sua vida pessoal e profissional, sendo marcada por momentos negativos ou positivos que contribuirão no processo do saber experiencial. Considera-se como fatores primordiais para tornar-se um professor reflexivo o domínio do conteúdo a ser ministrado em sala de aula, associado a formações contínuas, momentos de autoavaliação em relação aos objetivos a serem atingidos, troca de experiências com os pares. Para o desenvolvimento de um senso crítico, todos esses elementos e fatores externos influenciam a construção desse profissional reflexivo. Este processo de formação continuada será fundamentalpara estimular a criticidade do educador, o que implica em também valorizar a profissão do magistério. É evidente que salários mais atrativos, bem como planos de carreiras mais estruturados, são elementos fundamentais para que os professores também se sintam engajados e motivados em buscar um aperfeiçoamento constante. Além disto, os professores necessitam ampliar seu vínculo com as redes em que atuam, mas ponderamos que isto não será possível se o professor tiver que lecionar em mais de duas ou três escolas, pois isto inviabiliza que ele tenha tempo de participar de forma efetiva na discussão dos anseios da comunidade em que a Unidade 3 • A Gestão da Formação Continuada para a Construção do Professor Reflexivo59/190 escola está inserida, tampouco conseguirá ampliar os debates sobre a necessidade de avanço da proposta pedagógica e curricular e do próprio planejamento presente no Projeto Político-Pedagógico. Saliento que se desejamos que um professor seja reflexivo, isto não pode ser encarado como um “modismo” ou mero artifício discursivo, mas como uma ação concreta que envolve condições objetivas de ser concretizada. E é evidente que isto irá gerar a necessidade de valorização profissional, remuneração e recursos financeiros. Somente uma sociedade que compreende a educação como prioritária pode valorizar o ofício que transforma teoria em práxis. 1. Afinal, o que é um professor reflexivo? Entende-se que o professor reflexivo deve fazer escolhas conscientes em relação à formação contínua e não apenas específico na modalidade ou disciplina que leciona. Torna-se necessário que o professor utilize diferentes recursos pedagógicos e avaliativos, de forma a garantir a aprendizagem plena do aluno e, sempre que necessário, redirecionar sua prática pedagógica. É essencial conhecer o público-alvo, o contexto em que a escola está inserida, como forma de garantir uma aprendizagem de qualidade, utilizando metodologias Unidade 3 • A Gestão da Formação Continuada para a Construção do Professor Reflexivo60/190 diferenciadas, adaptando-as para o cotidiano escolar, visando assim uma educação de qualidade. Devemos pontuar que um professor reflexivo tem em seu horizonte de análise alguns referenciais, como salientados por Alarcão (2005): A) é conhecedor das razões de sua atuação, logo sua prática não é espontânea ou permeada pelo improviso; B) compreende a articulação de sua função profissional e o papel que exerce na sociedade; C) compreende que a formação dos educandos deve ser com vistas à promoção da cidadania. Para saber mais Recomendo que você leia “PROFESSOR REFLEXIVO: UMA INTEGRAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA”. Disponível em: <http://www. ideau.com.br/getulio/restrito/upload/ revistasartigos/30_1.pdf>. Acesso em 29 set. 2016. Perceba que esta é uma relação entre a teoria e a prática, porque, ao buscar sua formação continuada, ele anseia por mudanças compatíveis com o contexto social em que atua. Este professor compreende que os problemas de aprendizagem e a qualidade da prática educativa exigem um contínuo processo de pesquisa sobre a realidade. http://www.ideau.com.br/getulio/restrito/upload/revistasartigos/30_1.pdf http://www.ideau.com.br/getulio/restrito/upload/revistasartigos/30_1.pdf http://www.ideau.com.br/getulio/restrito/upload/revistasartigos/30_1.pdf Unidade 3 • A Gestão da Formação Continuada para a Construção do Professor Reflexivo61/190 Em Paulo Freire encontramos a perspectiva da ação-reflexão-ação, pois o professor, ao conhecer sua prática e exercê-la, se transforma, pois seu repertório é ampliado e seus desafios também. É a relação com seus pares, com os alunos e com os saberes que o transformam. Ser um professor reflexivo significa também o processo de planejamento, uma vez que apresenta um viés de projetar o cenário educativo desejado. Logo, este educador está constantemente buscando novas formas de exercitar o seu ofício, o que é uma competência fundamental em nossa sociedade perpassada pelo contexto da Revolução Tecnológica e Comunicativa. 2. Formação continuada: interlocução com a Didática No momento em que o professor inicia sua vida profissional, traz consigo o saber da experiência socialmente adquirida, pois alguns já cursaram o Magistério no Ensino Médio, porém, na maioria, ainda não se identificam como professores, na medida em que se intitulam ainda como alunos, segundo Pimenta (2002). Para saber mais Recomendo que assista ao vídeo “Ser professor hoje”. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=m4OP64DdJSk>. Acesso em 29 set. 2016. https://www.youtube.com/watch?v=m4OP64DdJSk https://www.youtube.com/watch?v=m4OP64DdJSk Unidade 3 • A Gestão da Formação Continuada para a Construção do Professor Reflexivo62/190 Para Pimenta (2002), o maior desafio vivenciado pelo professor na formação inicial está no processo de passagem de “ser aluno” para “ser professor”, ou seja, a construção de sua identidade. Outro aspecto pontuado por Pimenta (2002) refere-se aos cursos de licenciatura, pois se questiona sobre a diferença entre conhecimento e informações: (...) qual o papel do conhecimento no mundo do trabalho; qual a relação entre ciência e produção material; entre ciência e produção existencial; entre ciência e sociedade informática: como se colocam aí os conhecimentos históricos, matemáticos, biológicos, das artes cênicas, plásticas, musicais, das ciências sociais e geográficas, da educação física. (PIMENTA, 2002, p. 21) Para saber mais Recomendo que você assista ao vídeo “O pensamento de António Nóvoa: o que podemos aprender com a formação de médicos?”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RM6GnpaVdVs>. Acesso em 29 set. 2016. https://www.youtube.com/watch?v=RM6GnpaVdVs Unidade 3 • A Gestão da Formação Continuada para a Construção do Professor Reflexivo63/190 Trata-se, portanto, de distinguir que conhecimentos e informações são considerações diferentes. Primeiro, há um acesso às informações, e a partir destas se estabelece o conhecimento. Sendo assim, o conhecimento é a segunda etapa e acontece a partir das informações e análises destas. Um terceiro estágio é o da consciência ou sabedoria, que é a forma de utilizar o conhecimento de maneira útil, promovendo o desenvolvimento, portanto é a capacidade de produzir novas formas de humanização. Considera-se, portanto, que a informação que o professor adquire nos cursos realizados e nas formações em sua vida profissional só terá sentido se ele agir de forma reflexiva, para que tais conhecimentos promovam transformações no processo educacional. Logo, o papel do professor é, diante de tantas informações e mídias tecnológicas, mediar tais informações, para que evolua e se transforme em sabedoria. Para saber mais Recomendo que você leia o artigo sobre os 7 saberes necessários à educação do futuro, de Morin. Disponível em: <http://portal.mec. gov.br/seb/arquivos/pdf/EdgarMorin.pdf>. Acesso em 29 set. 2016. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EdgarMorin.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EdgarMorin.pdf Unidade 3 • A Gestão da Formação Continuada para a Construção do Professor Reflexivo64/190 A atividade do professor consiste em ensinar e realizar tarefas de práticas pedagógicas. Isto está relacionado ao termo “didática”, em que Candau (2002) o relaciona ao “saber pedagógico”, como ensinar. Chamo sua atenção para perceber que em Candau o conceito de didática é sempre multidimensional, ou seja, envolve conhecimentos técnicos, político-sociais e culturais. A didática aparece em disciplinas nos cursos de licenciatura, porém não é suficiente para tornar o professor reflexivo, pois apresenta algumas técnicas relacionadas a outros saberes, tais como: psicológicos, científicos, tecnológicos, entre outros. Diante da formação recebida pelo professor nos cursos, é necessária uma reflexão sobre as colaborações de outras áreas,frente ao insucesso escolar dos alunos, pois, muitas vezes, estão associadas a metodologias inadequadas, fragmentação curricular e sistematização de trabalhos. Pretende-se que o professor, a partir do saber do conhecimento e do saber pedagógico, por meio do saber experiencial, consiga refletir sobre resultados qualitativos e quantitativos do seu trabalho em sala de aula. O trabalho docente deve ser uma práxis e é a sala de aula o local ideal de observação do professor, pois ele tem autonomia na medida em que conduz o seu trabalho, independentemente da instituição em Unidade 3 • A Gestão da Formação Continuada para a Construção do Professor Reflexivo65/190 que estiver inserido. Para isso, é preciso que ele sinta que é o sujeito do seu próprio trabalho. (PIMENTA, 2000). Já para Alarcão (1996), cabe ao professor: (...) assumir uma postura de empenhamento autoformativo e autonomizante, tem de descobrir em si as potencialidades que detém, tem de conseguir ir buscar no seu passado aquilo que já sabe e que já é e, sobre isso, construir o seu presente e o seu futuro, tem de ser capaz de interpretar o que vê fazer, de imitar sem copiar, de recriar, de transformar. Só o conseguirá se refletir sobre o que faz e sobre o que vê fazer. (ALARCÃO, 1996, p. 18). Diante do exposto, compreende-se que a formação do professor reflexivo não se dá de forma individual, pois, desta forma, torna-se solitário e frustrante. As reflexões devem acontecer de forma coletiva, considerando outros aspectos também, como: valorização profissional, melhoria nas condições de trabalho, formações continuadas, e todos esses elementos integrados contribuirão com uma educação de qualidade. Unidade 3 • A Gestão da Formação Continuada para a Construção do Professor Reflexivo66/190 Outro fator que pode auxiliar na prática pedagógica de forma a redirecionar o trabalho do professor é a avaliação. “O termo avaliar tem sido constantemente associado como: fazer prova, fazer exame, atribuir nota, repetir ou passar de ano” (HAYDT, 2006, p. 288). Para saber mais Recomendo que você leia o artigo “Formar professores em contextos sociais em mudança Prática reflexiva e participação crítica”. Disponível em: <http://www.unige.ch/ fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/ php_1999/1999_34.html>. Acesso em 29 set. 2016. Embora questões referentes à avaliação estejam relacionadas a medir a quantidade de informações retidas pelos alunos, na proposta pedagógica a avaliação assume uma dimensão orientadora e cooperativa na construção do conhecimento, tanto para o professor como para o aluno. Para saber mais Recomendo que você assista ao vídeo Avaliação da aprendizagem, com Cipriano Luckesi. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=JqSRs9Hqgtc>. Acesso em 29 set. 2016. http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_1999/1999_34.html http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_1999/1999_34.html http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_1999/1999_34.html https://www.youtube.com/watch?v=JqSRs9Hqgtc https://www.youtube.com/watch?v=JqSRs9Hqgtc Unidade 3 • A Gestão da Formação Continuada para a Construção do Professor Reflexivo67/190 Para um professor autoritário, ela pode servir como punição, porém, para um profissional consciente, reflete avanços e dificuldades e é um forte indicador do “re- planejamento” do trabalho docente. Como a avaliação é um processo contínuo, permite ao professor conhecer os alunos, verificar os conhecimentos prévios que eles possuem, portanto, a avaliação tem uma função diagnóstica. Ao estabelecer o perfil da turma, em relação ao conteúdo, é possível que o professor reflexivo utilize essas informações como forma de promover o desenvolvimento de habilidades e adequar os procedimentos pedagógicos às necessidades da turma. Segundo Luckesi (2003), o professor deve ser solidário com o aluno no processo de avaliação. Isto significa que o sujeito deve construir-se como um ser que aprende e age, sendo que este convive com outros sujeitos. Requer, portanto, tolerância, respeito e ética. No processo avaliativo, a autoavaliação também faz parte da construção do professor reflexivo. Tal prática permite tanto ao professor, como ao aluno, analisar seu progresso em questões de aprendizagem. A autoavaliação pode ser realizada em forma de roteiro para facilitar o processo (HAYDT, 1994). Esse roteiro pode conter questionamentos em relação à Unidade 3 • A Gestão da Formação Continuada para a Construção do Professor Reflexivo68/190 participação, cooperação nos trabalhos, atitudes, habilidades e preferências. É importante ressaltar que o professor também realize tal procedimento, pois assim será possível identificar pontos fortes e dificuldades em que ambos assumem responsabilidades para melhoria da qualidade de ensino. Unidade 3 • A Gestão da Formação Continuada para a Construção do Professor Reflexivo69/190 Glossário Magistério: Cargo de professor ou exercício do professorado e faz referência à classe dos professores. Didática: Arte de transmitir conhecimentos ou técnica de ensinar. Na pedagogia, trata dos preceitos científicos que orientam a atividade educativa de modo a torná-la mais eficiente. Ética: Parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, disciplinam ou orientam o comportamento humano. Disponível em http://michaelis.uol.com.br/. Acesso em 29 set. 2016. http://michaelis.uol.com.br/ Questão reflexão ? para 70/190 De que forma a autoavaliação pode contribuir para uma melhoria na prática docente? 71/190 Considerações Finais • O professor reflexivo se forma de diferentes maneiras, desde sua formação inicial até o momento em que atua em sala de aula, e jamais se esgota. • Vários são os fatores que interferem na formação do professor, dentre eles, os saberes que o professor adquire, a formação continuada e as condições de trabalho da instituição educacional a que ele pertence. • A avaliação é um indicador importante para reflexão do trabalho docente. Por ser diagnóstica, ela oferece indicadores que possibilitam o redirecionamento do trabalho docente e a utilização de outros recursos para favorecer a aprendizagem dos alunos. • Para que um professor desenvolva a consciência reflexiva, não pode ser de forma individual. Deve-se buscar por meio do trabalho em equipe, incluindo gestores que possam tomar decisões que possibilitem atingir os objetivos, a partir do Projeto Político-Pedagógico, utilizando: sequências didáticas, projetos pedagógicos e diferentes instrumentos de avaliação. Unidade 3 • A Gestão da Formação Continuada para a Construção do Professor Reflexivo72/190 Referências ALARCÃO, I. Formação Reflexiva de Professores – Estratégias de Supervisão. Porto: Porto Editora, 1996. CANDAU, V. M. (org). Reinventar a escola. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. FREIRE, P. Política e educação: ensaios. São Paulo: Cortez, 1997. HAYDT, R. C. C. Curso de didática geral. São Paulo Ática, 1994. LUCKESI, C. A base ética da avaliação da aprendizagem na escola. In: Congresso Internacional sobre Avaliação da Educação. Curitiba: COC, 2003. PIMENTA, S. G. Saberes pedagógicos e atividade docente. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002. ______. Saberes pedagógicos e atividade docente. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000. 73/190 1. Segundo o texto, quais são os fatores primordiais para se tornar um professor reflexivo? a) Domínio do conteúdo, formação continuada, autoavaliação e troca de experiências com os pares. b) Domínio do conteúdo, formação continuada e autoavaliação. c) Domínio do conteúdo, formação continuada e troca de experiências com os pares. d) Domínio do conteúdo, autoavaliação e troca de experiências com os pares. e) Domínio do conteúdo e troca de experiências com os pares. Questão 1 74/190 2. De acordo com Pimenta (2002), no momento em que o professor inicia sua vida profissional, o maiordesafio está: a) Na baixa remuneração recebida pela função. b) Nas condições inadequadas do ambiente de trabalho. c) Na falta de recurso tecnológico para utilizar na sala de aula. d) Na indisciplina dos alunos. e) Na construção de sua identidade, portanto, na passagem de ser aluno para ser professor. Questão 2 75/190 3. Qual o papel do professor diante das informações e mídias tecnológicas? a) Mediar tais informações e promover a reflexão. b) Mediar tais informações, promover a reflexão e tornar conhecimento em sabedoria. c) Transmitir conhecimento e transformar em sabedoria. d) Trazer tais informações e transformar em conhecimentos. e) Transmitir sabedoria e transformar em conhecimento. Questão 3 76/190 4. Por ser a avaliação um processo contínuo, permite ao professor: a) Conhecer os alunos, verificar os conhecimentos prévios e atribuir notas. b) Conhecer os alunos e efetivar um diagnóstico. c) Conhecer os alunos, verificar os conhecimentos prévios e efetivar um diagnóstico. d) Conhecer os alunos, efetivar um diagnóstico e atribuir notas. e) Conhecer os alunos, atribuir notas e reprovar o aluno. Questão 4 77/190 5. A autoavaliação contribui com a formação do professor reflexivo, pois: a) É possível identificar suas melhores qualidades e defeitos. b) É possível identificar dificuldades para melhoria na qualidade de ensino e atribui nota ao seu trabalho. c) É possível identificar dificuldades para melhoria na qualidade de ensino. d) É possível identificar pontos fortes e dificuldades para melhoria na qualidade de ensino. e) Deve acontecer somente de forma oral e diária. Questão 5 78/190 Gabarito 1. Resposta: A. É a questão que abrange de forma mais completa os fatores primordiais para se tornar um professor reflexivo. 2. Resposta: E. Todos os itens estão corretos, porém, de acordo com Pimenta, o maior desafio está na construção da identidade. 3. Resposta: B. Pois é a resposta mais completa quanto ao papel do professor no contexto citado. 4. Resposta: C. O objetivo principal da avaliação não está associado a notas e nem reprovação de alunos. 5. Resposta: D. A autoavaliação contribui para identificar aspectos do trabalho pedagógico para melhoria da qualidade de ensino. 79/190 Unidade 4 A Gestão da Formação Continuada do Professor para o Exercício das Práxis Objetivos 1. Conscientizar o professor sobre a importância de sua formação para uma práxis profissional. 2. Promover no ambiente escolar a formação continuada para construção do currículo escolar adequado. 3. Propor ações e atividades para a troca de experiências no ambiente escolar. Unidade 4 • A Gestão da Formação Continuada do Professor para o Exercício das Práxis80/190 Introdução Uma escola de qualidade requer que a equipe escolar trabalhe de forma harmoniosa, considerando aspectos relacionados ao Projeto Político- Pedagógico (PPP). Para isso, deve oferecer igualdade de oportunidades para o aprendizado do aluno e ter clareza nos objetivos a serem alcançados. Vale ressaltar que, além do conhecimento que o professor traz da sua formação inicial, deve haver a continuidade de sua formação no ambiente escolar e fora dele, mas também são necessárias ações em forma de projetos e atividades que envolvam toda a comunidade escolar. Segundo Perrenoud (2002), para atingir- se os objetivos no processo educacional e na formação docente é necessário ter um ponto de partida, valorizar os conhecimentos que a equipe escolar possui para construir novos saberes. Tal situação só será possível por meio de práticas e de tempo para escutar relatos, justificativas e vivências. 1. O planejamento das práticas pedagógicas As atividades pedagógicas realizadas no ambiente escolar devem ser planejadas pela equipe escolar, como forma de enriquecer o currículo e promover uma aprendizagem de qualidade. Vamos iniciar nossa discussão compreendendo que estamos estruturando como se dá o planejamento das práticas Unidade 4 • A Gestão da Formação Continuada do Professor para o Exercício das Práxis81/190 pedagógicas. Esta é uma ação racional, executada de forma sistemática e organizada, que visa empregar todos os recursos existentes de maneira eficiente e eficaz para atingir os objetivos educativos. A práxis pedagógica exige um professor competente, centrado e dinâmico, que busca formação contínua, que seja um pesquisador e que reflita constantemente sobre suas ações e sua função de mediador do conhecimento. Segundo Perrenoud (2002, p. 180), “(...) O exercício de uma competência é mais do que uma simples aplicação de saberes; ele contém uma parcela de raciocínio, antecipação, julgamento, criação, aproximação, síntese e risco.” Também é necessário que a escolha por determinadas práticas pedagógicas não está isenta do posicionamento político do professor, ou seja, é coerente com a proposta educativa à qual se filia o professor. Lembramos que deve existir uma consonância entre a visão pedagógica do educador e a concepção pedagógica da escola. Para saber mais Recomendo que você leia reportagem sobre a rotina escolar e o planejamento. Disponível em: <http://novaescola.org.br/conteudo/343/ como-fazer-da-rotina-uma-aliada>. Acesso em 29 set. 2016. http://novaescola.org.br/conteudo/343/como-fazer-da-rotina-uma-aliada http://novaescola.org.br/conteudo/343/como-fazer-da-rotina-uma-aliada Unidade 4 • A Gestão da Formação Continuada do Professor para o Exercício das Práxis82/190 Atualmente, é necessário que o professor tenha um olhar sensível para o papel deste planejamento e de que forma irá impactar o processo de aprendizagem. Aqui nos interessa pensar na organização pedagógica de cunho progressista, pois esta prima pela autonomia do aluno e a democratização do ensino. O planejamento das práticas pedagógicas tem um forte apelo ao desenvolvimento do aluno como um sujeito. Assim, para pensarmos esta organização, devemos compreender a relação professor versus aluno dentro de um viés de parceria, onde as práticas pedagógicas são horizontais no estabelecimento das relações de poder. A autoridade do professor reside na sua competência em levar o aluno a construir o conhecimento. Este é um outro ponto valioso para esta abordagem. O conhecimento não é meramente transmitido, porque os professores valorizam a construção realizada pelos alunos, além de engendrarem o início do processo de aprendizagem de seus saberes prévios. Outro aspecto muito relevante é compreender que o interesse do aluno é o mote para o desenvolvimento do conhecimento que se pretende construir. Por último, as práticas pedagógicas exigem pensarmos sobre como ocorre o processo avaliativo. Saliento que esta é uma perspectiva de avaliação para a aprendizagem. Esta forma de avaliar implica compreender que a avaliação é um momento do Unidade 4 • A Gestão da Formação Continuada do Professor para o Exercício das Práxis83/190 processo de ensino-aprendizagem e não um mecanismo de classificação, punição ou seleção dos alunos. Portanto, a avaliação é planejada como uma prática pedagógica contínua, cumulativa, processual e com instrumentos diversificados, que garantem que o professor possa se apropriar sobre como está ocorrendo o desenvolvimento do aluno, e, portanto, possa propor ações que lhe auxiliem neste processo. 2. A elaboração de um projeto pedagógico e a prática docente As atividades pedagógicas devem compor a escola atual mais do que apenas como uma forma de apropriação do conhecimento (CANDAU, 2000, p. 14). Devem também estimular o exercício da capacidade reflexiva de uma visão plural e histórica do conhecimento e de diferentes linguagens. Nos dias de hoje, tornam-se necessárias, portanto, diferentes leituras sobre um determinado assunto, diversas formas de expressão, ou seja, uma dinamicidade pedagógica. Candau (2002) define esse novo sistema escolar pontuado em um cenário em que se fundamentam
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