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Análise do filme SOMOS TODOS DIFERENTES

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Marineide da Silva Melo
 
ANÁLISE DO FILME: SOMOS TODOS DIFERENTES, A PARTIR DA PERSPECTIVA DE BARBARA ROGOFF
Maceió/AL
2013
1. Introdução
Vimos o filme Somos Todos Diferentes que detalha de uma forma singular as problemáticas recorrentes de um menino que possui um distúrbio de aprendizagem chamado dislexia, percebido pela dificuldade em acompanhar o desenvolvimento intelectual de outras crianças da mesma faixa etária, nos aspectos de leituras e escrita, em sala de aula convencional.
Com base no texto de Barbara Rogoff: Observando a atividade sociocultural em três planos: apropriação participatória, participação guiada e aprendizado para os conceitos de aprendizagem, empreenderemos a análise do filme. 
Destacando que a unidade de análise utilizada em Rogoff, parte da perspectiva sócio cultural de Vygotsky, que “focaliza a atividade sociocultural como unidade de análise. Essa unidade de análise inclui os sujeitos, as relações intersubjetivas e a comunidade”. (Costa e Lyra, 2002, p. 638)
Na teoria de Vygotsky o desenvolvimento individual é resultado das interações do sujeito no seu espaço de crescimento, portanto não faz sentido analisar apenas o homem. No entanto não quer dizer que é proibido fazer análise de parte ou componente de uma atividade cultural, inclusive do sujeito, pode ser feito, desde que não se esqueça que esta, faz parte de um conjunto. Em Rogoff lemos que, “fica incompleto enfocar somente no relacionamento do desenvolvimento individual e da interação social sem se preocupar com a atividade cultural nas quais as ações pessoais e interpessoais acontecem” (1995, p.225).
Portanto nesta análise do filme Somos Todos Diferentes, faremos uma breve descrição do menino Israan mostrado no filme, de suas relações com a família e com a escola, a principal atividade cultural, na qual ele está inserido, e onde surgem seus problemas. Em seguida buscaremos relacionar o filme a teoria de Rogoff. Não temos o objetivo de explicar o que é dislexia ou seus sintomas. Nosso objetivo é elaborar uma possível relação entre a o filme e a teoria de Barbara Rogoff.
2. Descrição do filme
O filme em questão chama-se Somos Todos diferentes, é indiano, do ano de 2007. E traz como principal tema a vida de uma criança dislexa, a relação com sua família e escola. 
O menino é chamado Ishaan Awashi,vem de uma família com dois filhos homens, sendo ele o segundo filho. A mãe de Ishaan abdicou de uma vida profissional para cuidar dos filhos, sua vida se resume aos cuidados da casa e dos três homens de sua vida. O pai de Ishaan trabalha muito, está sempre cansado ou envolvido no seu trabalho.
Em casa Ishaan não parece diferente de tantas crianças, é desorganizado, ocupa-se de suas brincadeiras todo o tempo e sua mãe precisa fazê-lo voltar ao mundo real, das atividades escolares ou da preparação para ir a escola. Apresenta uma habilidade de observação ímpar que se desenvolve à medida que ele cresce. 
Ama a natureza, observar os peixes, as pequenas coisas que acontecem ao nosso redor diariamente. Desenvolve a habilidade de desenhar e pintar, embora essa característica não seja reconhecida por ninguém, ele faz por lhe dar prazer. 
Ishaan é agradável com seu irmão, que o ama. Sua mãe cuida dele de forma amável, mas pouco firme, ele escuta o seu não como se fosse um sim. Seu pai tem dificuldade de expressar seu amor através de carinho, sua demonstração se revela no cuidado, na preocupação com o seu futuro. Sem dúvida ele é o chefe da família, do tipo patriarcal, suas deliberações são feitas sem uma conversa com sua esposa, o que ele pensa da vida está acima do que os outros pensam, a ele cabe as decisões e pesa o futuro de seus filhos.
Podemos deduzir através de suas condições financeiras e de suas relações, que eles pertencem a uma família da classe média indiana. As crianças frequentam uma escola tradicional, exigente, que se preocupa em formar para competir no mercado de trabalho. Sua mãe tem a possibilidade de escolher não trabalhar, o que corrobora com a ideia de que a família possui uma situação financeira equilibrada, embora este não seja foco do filme.
As dificuldades de Ishaan aparecem no ambiente escolar e nas tarefas levadas para fazer em casa. Ele já está no 3º ano da escola e ainda não aprendeu a ler. Seus pais e professores interpretam o problema de aprendizagem como falta de esforço, concentração e obediência. Na escola, não conseguia fazer tarefas mais simples, como andar na fila, chegar com o fardamento no lugar e os sapatos limpos. Mesmo sendo questões muito valorizadas na escola.
A escola frequentada por Islaan oferece um ensino de pedagogia tradicional, que se revela pela postura dos professores diante da classe, representando a autoridade. Os alunos se mantêm calados, ouvindo a fala do professor, que transmite o conteúdo. Não existe empatia na relação professor-aluno, os professores enxergam a dificuldade como preguiça, negligência, burrice, e o diferente como desobediente, àquele que não quer seguir as regras. E por isso Islaan é constantemente colocado para fora de sala. Os professores o chamam de burro ou louco diante da turma, sem a menor preocupação em constrangê-lo ou causar sofrimento para ele. Chamam os pais à escola para reclamar, para mostrar que as falhas da criança não aprender está no seu comportamento repreensível. Islaan é inteligente, mas não possui as capacidades esperadas, mostra desenvolvimento cognitivo em diversas outras habilidades com exceção da leitura e do reconhecimento de fonemas.
Em casa seus pais não conseguem ajudá-lo, tentam como podem, mas Islaan não aprende a leitura e não melhora a escrita. Fazem constantemente comparações com o irmão mais velho, que é excelente na escola. Tudo contribui contra Islaan, eles poderiam pensar, se o problema fosse a escola seu irmão não iria tão bem estudando na mesma escola.
3. Relacionando o filme à teoria de Rogoff
O personagem Israan o tempo todo foi visto e tratado pelas escolas como um menino preguiçoso, negligente, indisciplinado. A escola estava interessada em desenvolver nele aspectos que ela considerava importante, mas em nenhum momento preocupou-se em conhecê-lo, em entender seu problema de aprendizagem, e por isso acabou reforçando suas dificuldades, à medida que minava sua autoconfiança e o levava a desmotivação.
No momento em que o pai se desespera com a ideia de seu filho mais novo ser reprovado novamente na terceira série, faz a transferência deste para uma escola em regime de internato. Acredita que lá ele vai receber a disciplina que ele precisa. O diretor da escola recebe Islaan dizendo que soube que ele era teimoso, mas que já domou cavalos mais selvagens. Em meio a tristeza da separação de sua família, o menino precisa se adaptar a nova realidade, ele está só.
Em relação a aspectos educacionais a nova escola de Israan não era tão diferente. Ensino tradicional, que valoriza a capacidade de memorização, de disciplina, dos conteúdos, do desenvolvimento do discente na repetição do que o professor concebe como certo. Onde o professor é o que ensina, este é dono do saber, e pra ser respeitado deve manter uma distância do aluno.
Ficam explícitas no filme as dificuldades dos profissionais da educação em reconhecerem as especificidades de cada ser humano e promoverem técnicas adequadas para assim permitirem participações democráticas que tenham o objetivo de desenvolver a subjetividade de cada indivíduo no tocante as suas interações sociais. 
Israan, um menino inteligente, ativo, observador, não podia ser reconhecido pela lente utilizada para vê-lo. Com a chegada do professor substituto da disciplina de Artes, algumas coisas começam a mudar. O professor identificou que o aluno não estava bem. Fez algumas tentativas de animá-lo, sem sucesso. Observando seus cadernos notou que havia algum padrão em seus erros. Como conhecia particularmente a dislexia, não teve dificuldade em identificá-la. 
A partir daí a história de Israan começa a mudar, o professor investiga junto a sua família as habilidades que ele possui e iniciaum resgate de sua autoestima, junto com o ensino da leitura e escrita. 
 A intersecção entre os processos educacionais e os aspectos psicológicos envolvidos na aprendizagem deveria ser de conhecimento de todos os profissionais de educação. Devido sua importância para proporcionar um melhor entendimento sobre os mecanismos que regem o comportamento de crianças em fase de desenvolvimento.
Como já foi dito na introdução, a teoria de Vygotsky enfatiza a importância da interação. Dessa forma as diferenças tão comuns em uma sala são valorizadas por sua teoria. Elas oferecem oportunidades de crescimento se o professor oportunizar aos alunos o compartilhamento dessas diferenças.
Vygotsky desenvolveu o conceito de Zona de Desenvolvimento Real que seria as habilidades e conceitos que o sujeito já domina. E Zona de Desenvolvimento Proximal que corresponde as habilidades que o sujeito só realizaria com eficiência tendo uma participação guiada. No filme pode-se entender que o professor usou essa técnica quando pede a Israan para mudar de lugar, sentando-se na frente, ao lado do melhor aluno da sala, segundo Correia “pois no momento em que procura ajudar o outro a desenvolver novos conceitos reorganiza e reestrutura suas próprias concepções” (2004, p. 559). No entanto percebe-se que no ensino ministrado por este, não há espaço para interações, o aluno experiente não tem oportunidade, nem é direcionado para isso. 
Quem vai fazer o que podemos relacionar com a participação guiada de Rogoff é o professor de Artes, que utiliza seus conhecimentos sobre a dislexia para trabalhar as dificuldades de Israan, seu reconhecimento das letras, identificação dos fonemas, coordenação motora e escrita.
O plano interpessoal de análise representado pela participação guiada é constituído de acontecimentos da vida do dia-a-dia à medida que os indivíduos se comprometem com os outros e com os materiais e combinações dirigidos coletivamente por eles mesmos e por outros (ROGOFF, 1995, p. 129). 
Esse compromisso com o outro, no caso com Israan é o que se percebe no filme. Uma dedicação incomum que leva o docente a dedicar-se ao desenvolvimento de uma criança. Sobre a apropriação participatória Rogoff usa o termo “para se referir ao processo pelo qual os indivíduos transformam seus entendimentos sobre e a responsabilidade para com as atividades através de suas participações (1995, p.132)”. Acredito que foi isso que aconteceu, Israan foi transformado à medida que sentia que é capaz de aprender. 
A apropriação dos novos conhecimentos faz emergir um Israan mais seguro, capaz de demonstrar suas habilidades de pintura em meio a uma multidão. No dia do concurso de arte, Israan se arruma e sai, não sei se pra buscar inspiração, ou ainda temeroso de ser desacreditado diante de todos. O importante é que ele chega, senta e faz sua arte que impressiona a todos e vence o concurso.
4. Conclusão
O desinteresse de Ishaan pela escola, não pode ser visto como um problema individual, a dislexia do menino lhe possibilitava uma perspectiva da vida completamente diferente das pessoas de sua convivência, no entanto um ensino descontextualizado, que foca nos conteúdos, professores que não tinham conhecimento acerca do transtorno, note-se que até mesmo o diretor, quando informado da dislexia de Ishaan, agradeceu por que afinal teria uma justificativa para apresentar aos pais, o porquê ele não se desenvolvia. Um pai que fazia comparações de desenvolvimento dos irmãos, diferenciando claramente quem estava indo bem. E que preocupado que estava com o futuro, não conseguia enxergar que havia algo a ser investigado no presente, e não levantou a hipótese em nenhum momento, que ele não estava sendo desobediente, que na verdade o que estava acontecendo escapava da vontade de Ishaan.
São inúmeras as reflexões que o filme pode suscitar, principalmente por se tratar de algo tão próximo de nós. Me refiro a experiência de ser aluno, de não alcançar os objetivos almejados pelo professor, de ser uma vitima de professores que não amam o que fazem, ou não dominam conhecimentos indispensáveis a sua prática, como as várias questões que estão envolvidas no aprender. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, E. Vieira. & Lyra, Maria C. D. P. Como a mente se torna social para Barbara Rogoff? A questão da centralidade do sujeito. Psicologia: Reflexão Critica, 2002, pp.367-347.
CORREIA, MÔNICA. Psicologia Escolar: História, Tendências e Oportunidades. IN.: YAMAMOTO, OSVALDO H. (ORG.) O psicólogo e a escola: uma introdução ao estudo da psicologia escolar. 2 ed. Rio Grande do Norte: EDUFRN, 2004. 
ROGOFF, B. Observando a atividade sociocultural em três planos: apropriação participativa, participação guiada, e aprendizagem. Em JV Wertsch, P. Del Rio & A. Alvarez (Orgs.), Estudos socioculturais da mente (pp. 139-163). 1995, Cambridge, UK: Cambridge Press Universtity.

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