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PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 3 
1- A FAMÍLIA E A ESCOLA 6 
2- CONFIANÇA ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA É A BASE PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL 11 
3- OS FILHOS INVISÍVEIS NA EDUCAÇÃO 19 
4- O NOVO PARADIGMA SISTÊMICO ENSINO-APRENDIZAGEM 33 
5- AS ORGANIZAÇÕES E A PEDAGOGIA SISTÊMICA 43 
6- INTERVENÇÕES E FERRAMENTAS SISTÊMICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 47 
REFERÊNCIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
3 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezados (as) alunos (as) 
 
O curso contém material básico e introdutório relacionados com a pedagogia 
sistêmica. 
Pedagogia Sistêmica é uma corrente da psicopedagogia desenvolvida com bases 
no trabalho de Bert Hellinger com as constelações familiares e posteriormente 
desenvolvido por Marianne Franke Gricksh, Angelica Olvera e Alfonso Malpica que 
adaptaram suas percepções para a área educacional. A Universidade do 
México atualmente possui uma cadeira de pós-graduação sobre a essa nova forma 
de educar. 
Já houve dois congressos internacionais sobre o tema, um na Cidade do 
México (2004) e outro em Sevilha (2006). No Brasil, a Pedagogia Sistêmica avança 
consideravelmente nos últimos anos. Alguns nomes se destacam neste cenário, como 
Ana Lúcia Braga, professora, terapeuta e escritora de Ribeirão Preto (SP), Olinda 
Guedes, professora, psicóloga e terapeuta em Curitiba (PR), Instituto Idesv no Brasil 
Central, Jean Lucy Toledo Vieira, professor, terapeuta e autor do livro "Introdução à 
Pedagogia Sistêmica: uma nova postura para pais e educadores", em Campo Grande 
(MS), Leonardo (Léo) Costa, professor e terapeuta em Salvador (BA), Laureano 
Guerreiro Bogado, professor e terapeuta em Lorena e Pindamonhangaba (SP) em 
entre tantos outros. 
A Pedagogia Sistémica se manifesta no contexto educativo. Resulta necessariamente 
em observar como traduzimos e integramos os princípios que sustentam as "ordens 
do amor" para que nos sirvam de orientação e de tarefa escolar como: - A importância 
da ordem; quem veio antes e depois tem a ver com o vínculo entre gerações (tanto 
para os alunos como para os professores); - A importância do lugar onde cada qual 
tenha a sua correspondência; tem a ver com as funções, quem e como é o pai, mãe, 
professor, director, outros (os pais dão e os filhos recebem, os professores oferecem 
e os alunos tomam); - O valor da inclusão em contrapartida com as implicações da 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicopedagogia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bert_Hellinger
https://pt.wikipedia.org/wiki/Constela%C3%A7%C3%B5es_familiares
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Marianne_Franke_Gricksh&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Angelica_Olvera&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Alfonso_Malpica&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Universidade_do_M%C3%A9xico&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Universidade_do_M%C3%A9xico&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3s-gradua%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Congresso
https://pt.wikipedia.org/wiki/Internacional
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_do_M%C3%A9xico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_do_M%C3%A9xico
https://pt.wikipedia.org/wiki/2004
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sevilha
https://pt.wikipedia.org/wiki/2006
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
4 
 
exclusão; em aula, na escola, como um espaço de comunicação em que todos tenham 
um lugar (pertencimento); - O peso das culturas de origem, que tem a ver com a 
fidelidade no contexto da qual viemos (o que também podemos chamar de 
consciência); - O significado das interacções; todos os membros de um sistema estão 
vinculados aos outros, irremediavelmente, o qual é especialmente interessante no 
sentido de que, quando um desses membros mostra algum tipo de sintoma, a razão 
de ser deste não está tanto na forma concreta, mas na informação que dá ao sistema 
de que haja alguma questão que não resulta função para o bem estar colectivo e 
individual. 
Essa visão geral das relações sistémicas aparece a partir de três perspectivas 
complementares: rede familiar (entre uma geração e a seguinte, ex: pais e filhos), rede 
social (entre diversas gerações, ex: avôs e netos) e a perspectiva que existe dentro 
das gerações (peculiaridades e influências no contexto educativo e social). 
Um dos elementos que caracteriza a perspectiva sistémica na pedagogia é a 
capacidade de desenvolver com respeito a nossa percepção. Assim para estarmos 
conectados com esta percepção, nós devemos conhecer nossas próprias origens, 
saber sobre os nossos vínculos e trazer à superfície as identificações, as substituições 
e todas aquelas cargas que configuram nossa história. Se não fizermos isso, se por 
alguma razão não tomamos o suficiente de nossos pais e nos sentimos 
demasiadamente arrogantes porque nos consideramos melhores que eles e vamos 
ser ainda melhores para nossos filhos; dessa forma não vamos estar dispostos a 
investir nessa área, porque a nossa percepção esta envolvida por ideias, conceitos, 
princípios, crenças, etc, que nos impedirão de percebermos o que acontece com a 
vida de nossos alunos e o tipo de interacção que podemos estabelecer entre eles. 
A pedagogia sistémica e os quatro aspectos básicos para a função da escola: 1. 
Independente da maior ou menor complexidade e justificativa, teórico-prático deste 
paradigma, se trata de um planeamento claramente centrado nos objectivos 
fundamentais da escola, gerando um espaço orientado para o aprendizado e o bem-
estar dos alunos. 2. Para que estes objectivos centrais possam se desenvolver é 
indispensável que os pais dos alunos se sintam reconhecidos pela instituição e 
tenham um lugar de privilégio dentro dela; deve existir uma declaração explícita no 
sentido de que a área educativa começa pelos pais e que eles dão seu consentimento 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
5 
 
para que a escola possa se ocupar de seus filhos com respeito nos processos de 
aprendizagem. 3. A escola deve ser exclusivamente um espaço educativo em nenhum 
momento um espaço terapêutico, apesar de que há certas intervenções sistémicas 
com movimentos terapêuticos associados à educação. 4. No momento em que todos 
os protagonistas implicados na tarefa educativa (instituição, professores e os próprios 
pais) visarem com responsabilidade à direcção da tarefa que lhes compete, os alunos 
aprendem e se desenvolvem sem maiores dificuldades. 
Os seres humanos aprendem distinguindo, percebendo as diferenças e as 
semelhanças. Na Pedagogia sistémica o que fazemos é ampliar a visão, distinguindo 
essas diferenças, desenvolvendo a capacidade de reconhecer a consciência de cada 
contexto e o quê com ela se manifesta, de maneira que através dessa sensibilidade 
possamos passar pela confrontação de "boas e más" consciências, num espaço de 
interacções respeitosas em que podemos ver em todas as direcções, evitando cair na 
exclusão e na desclassificação, pois no enfoque sistêmico-fenomenológico nos é 
permitido perceber que existem verdades universais, que nada é absolutamente 
perene e que as pessoas actuam desde as boas intenções por amor; apesar de que 
às vezes ambos sejam motivos suficientemente funcionais para o equilíbrio e bem-
estar dos próprios sistemas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
6 
 
1- A FAMÍLIA E A ESCOLA 
 
A família, sem dúvidas, tem papel fundamental na construção do caráter e da 
personalidade de um indivíduo. Afinal, é no seio dela que as crianças têm o primeiro 
contato com a existência do outro, o que a faz desenvolver noções de afetivo e de 
solidariedade. Desse contexto, ainda, ela extrai relevantes princípios e valores éticos. 
No entanto, a criança não está só nessa importante missão. A escola também tem 
destaque no processode aprendizagem de seus alunos, uma vez que é responsável 
por proporcionar conhecimentos e permitir a convivência em coletividade, 
estimulando, assim, o respeito ao outro. 
Dessa forma, ambos os contextos constituem pilares que sustentam o processo de 
formação de uma pessoa. Por esse motivo, é imprescindível que eles se relacionem 
da melhor maneira possível, com diálogo, harmonia e em complementaridade, pois 
todos saem ganhando. 
Quer entender melhor por que a relação entre família e escola é tão importante? 
Então, confira 5 razões que demonstram isso. 
Por que a relação entre família e escola é tão importante? 
Em seus primeiros anos de vida, o ser humano não tem ainda a capacidade de tomar 
suas próprias decisões e agir por si mesmo. Nesse sentido, tanto a família quanto a 
escola constituem relevantes alicerces para orientá-lo no desenvolvimento cognitivo e 
social. 
E, para que o papel de cada uma seja exercido plenamente e um complemente o 
outro, é preciso que ambas trabalhem juntas nessa tarefa. Entenda as 5 razões para 
isso. 
1. Melhor acompanhamento 
https://www.happycodeschool.com/blog/entenda-a-importancia-da-educacao-digital-para-as-criancas/
https://escolasdisruptivas.com.br/metodologias-inovadoras/captacao-de-alunos/
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
7 
 
Como mencionado, toda criança necessita de suporte para atividades do dia a dia, 
sendo que uma das principais delas é a escola. Porém, engana-se quem pensa que 
a responsabilidade disso se restringe aos professores, diretores ou outros 
funcionários. Para que ela consiga desenvolver o raciocínio e ter um aprendizado 
efetivo, é fundamental que seja empregado um esforço conjunto em prol dos 
pequenos. 
Assim, pais e responsáveis devem se unir aos colaboradores da instituição de ensino, 
com o objetivo de proporcionar aos pequenos um melhor acompanhamento. Para 
isso, aqueles podem, no contexto doméstico, auxiliá-los na revisão dos conteúdos na 
realização de exercícios. Dessa maneira, será possível observar o desempenho das 
crianças de perto, conhecendo as facilidades e dificuldades e, posteriormente, 
repassá-las à instituição de ensino. 
2. Aumento do esforço e rendimento 
A desmotivação percebida em algumas crianças quanto a atividades escolares muitas 
vezes tem origem na falta de apoio e acompanhamento dos pais ou responsáveis. 
Logo, é importante estar atento a isso, e, ao perceber uma falta de estímulo, agir no 
intuito de convidá-los a participar da vida acadêmica dos filhos. 
Reuniões ou apenas conversas mais informais sobre o assunto podem ser úteis para 
que sejam esclarecidas as razões e buscadas soluções para o caso. Isso demonstra 
o quanto a relação entre família e escola tem relevância no esforço e do rendimento 
dos pequenos. 
Afinal, quando eles percebem essa união, e dela advêm amparo e estímulo, as 
chances de se interessarem e se dedicarem mais às tarefas escolares são maiores. 
Isso, com certeza, reflete positivamente no rendimento deles. 
3. Conquista de melhores resultados 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
8 
 
O aluno motivado e que pode contar com o apoio dos pais ou responsáveis, bem como 
de professores e diretores, naturalmente tende a se envolver mais com os estudos. 
Como consequência disso, o que se vê é a conquista de melhores resultados. 
Tal situação também é resultado do trabalho coletivo dos educadores, que, ao 
identificarem alguma falha ou dificuldade, podem discutir juntos formas de resolução 
e orientarem o aluno. Assim, em meio a tantos fatores favoráveis, estudar passa a ser 
algo prazeroso e tirar boas notas acaba se tornando uma tarefa fácil. 
4. Redução da indisciplina 
A indisciplina de alguns alunos no contexto de sala de aula decorre, sim, da 
imaturidade em compreender a importância de aprender o que o professor tem a 
ensinar. No entanto, isso também pode ser resultado da falta de compreensão e de 
apoio nos ambientes escolar e doméstico. 
A verdade é que as crianças precisam de atenção, e, não a tendo, podem acabar 
expressando essa necessidade por meio de atitudes reprováveis. Nesse contexto, 
uma boa relação entre a família e a escola é capaz de interromper esse ciclo. Ao se 
sentir acolhido e apoiado em suas atividades, em casa e na instituição de ensino, o 
aluno abandonará aquele comportamento e passará a ter mais foco, respeitando os 
momentos de aula. 
5. Estímulo ao desenvolvimento cognitivo e social 
É na infância que o desenvolvimento cognitivo ocorre de forma mais intensa. Isso 
porque, nesse período, o cérebro está em evolução, formando novas sinapses, ou 
seja, transmitindo impulsos nervosos entre neurônios intensamente. Também é nesse 
período que o indivíduo começa a compreender a existência do outro e aprende a 
conviver com as diferenças. 
Portanto, é fundamental compreender isso e estimular esses aspectos. Tal pode ser 
feito em casa, a partir do incentivo a atividades lúdicas nos momentos de lazer, além 
da ajuda nas tarefas escolares, e pelo ensinamento sobre convivência e respeito ao 
https://www.happycodeschool.com/blog/como-ajudar-os-filhos-com-dificuldade-de-aprendizagem/
https://www.happycodeschool.com/blog/veja-8-motivos-para-estimular-seu-filho-a-aprender-na-pratica/
https://www.happycodeschool.com/blog/timidez-na-infancia/
https://www.happycodeschool.com/blog/7-razoes-para-estimular-o-desenvolvimento-cognitivo-infantil/
https://www.happycodeschool.com/blog/criatividade-infantil-7-dicas-incriveis-para-estimular-seu-filho/
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
9 
 
outro. Gestos como esses ajudam a criança a ter um melhor desenvolvimento nos 
estudos e a respeitar os colegas e professores. 
Como estreitar as relações com os pais dos alunos? 
Depois de entender a importância do vínculo entre família e escola, uma dúvida pode 
surgir: como colocar isso em prática? Algumas atitudes simples, porém significativas, 
podem ajudar. Vale dizer que o objetivo deve ser sempre a aproximação com os pais 
ou responsáveis das crianças. 
A tecnologia pode ajudar nisso. O uso de um aplicativo com recursos para troca de 
mensagens entre os tutores e a direção da escola, por exemplo, pode ser uma das 
maneiras de manter um contato constante entre eles. No entanto, embora seja 
eficiente, esse método de comunicação não deve ser o único. 
Convidar os pais a participarem de reuniões, debates e exposições também é 
fundamental. Tal estratégia servirá para que eles conheçam, frequentem o ambiente 
escolar e participem das atividades ali desenvolvidas. Os alunos, ao perceberem esse 
envolvimento, terão o incentivo e o reconhecimento que toda criança precisa para 
cumprir suas tarefas. 
Sendo assim, se, em um primeiro momento, a família é a fonte inicial de aprendizados 
na vida de uma criança, a fase escolar deve vir para complementar esse aprendizado. 
Para que isso seja possível, é imprescindível que se busque manter uma boa relação 
entre família e escola. 
Como visto, a união entre esses dois aspectos tão relevantes na vida dos pequenos 
reflete no acompanhamento dispensado a eles, assim como no seu esforço e 
rendimento. Tudo isso converge para a melhora dos resultados e a redução da 
indisciplina do aluno. Como resultado de todos esses fatores, a maior beneficiada será 
a criança, que terá um desenvolvimento cognitivo e social saudável. 
Para que essa relação entre família e escola ocorra de maneira natural e benéfica às 
partes envolvidas, estratégias de aproximação que utilizem da tecnologia a seu favor, 
https://www.happycodeschool.com/blog/tecnologia-para-criancas-quais-sao-os-pros-e-os-contras/
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
10 
 
mas sem abrir mão do contato físico, são fundamentais. Assim, com apoio e incentivo 
vindos das principais bases que sustentam a construção do indivíduo, o que se terá 
no futuro será um adulto responsável e consciente de seu papel no mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.happycodeschool.com/blog/profissoes-do-futuro/PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
11 
 
2- CONFIANÇA ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA É A BASE PARA A EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
 
 
Programas procuram fortalecer o vínculo familiar e integrar pais e responsáveis 
no dia a dia da escola 
 
O primeiro dia na creche ou na pré-escola costuma proporcionar uma cena clássica: 
enquanto os pais ou responsáveis seguram as lágrimas, educadores tentam 
conquistar a confiança das crianças. A partir daí, cada um segue para o seu lado, e 
um portão marca a divisão entre família e escola. Essa separação é comum, mas o 
envolvimento entre ambos os lados é fundamental para garantir o desenvolvimento 
pleno das crianças na educação infantil. 
Diversas pesquisas já demonstraram que as experiências vivenciadas nos primeiros 
anos de vida têm um impacto significativo na formação das crianças. Nesse contexto, 
a educação infantil, seja em casa ou na escola, assumem papéis complementares, 
que também implicam compartilhar responsabilidades. “Quando a relação família e 
escola acontece, ganhamos grandes avanços na aprendizagem e convivência de 
crianças e jovens, que também passam a valorizar mais a escola e seus 
aprendizados”, aponta Beatriz Ferraz, gerente de Educação Infantil da Fundação 
Maria Cecília Souto Vidigal. 
Uma relação de confiança entre a família e escola, conforme menciona Beatriz, 
contribui para que a criança tenha mais segurança ao explorar o mundo e descobrir a 
sua própria identidade. De acordo com ela, quando os pais confiam na escola e 
participam da educação dos filhos, eles valorizam a suas descobertas e podem dar 
continuidade às experiências realizadas pelas crianças no período escolar. Da mesma 
forma, a escola também contribui para potencializar a relação familiar e envolver 
aprendizagens próximas ao seu contexto. 
http://porvir.org/?s=educa%C3%A7%C3%A3o+infantil&t=1
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
12 
 
“É preciso que escola crie espaços para a troca com a família, tanto no dia a dia, como 
em momentos específicos como nas entrevistas iniciais, reuniões e eventos. Nessa 
parceria há informações importantes que a família precisa contar às professoras, entre 
elas aquelas que são relevantes para o dia da criança na escola. O mesmo vale para 
a escola, já que há fatos relevantes que precisam ser compartilhados com a família 
no final de um dia na instituição”, exemplifica. 
Embora não seja possível definir uma fórmula para aproximar família e escola, 
algumas experiências nacionais e internacionais podem apontar alguns caminhos. 
Esse é o caso do programa internacional FAST (Famílias e Escolas Juntas, em livre 
tradução), que mesmo não sendo voltado apenas para a educação infantil, apresenta 
bons resultados neste ciclo. 
Marina Lopes / Porvir 
Criado em 1988 pela norte-americana Lynn McDonald, psicóloga e assistente social, 
o programa funciona como uma estratégia de intervenção precoce, que busca 
empoderar os pais, construir conexões entre o ambiente escolar e familiar e criar uma 
comunidade envolvida na promoção do desenvolvimento e bem-estar das crianças. A 
partir de evidências da neurociência, estudos e princípios modernos da terapia 
familiar, o FAST trabalha com uma metodologia que convida a família para passar 
momentos divertidos na escola. 
http://porvir.org/confianca-entre-familia-escola-e-base-para-educacao-infantil/tremembe2/
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
13 
 
Em oito encontros com duração de 2 horas e 30 minutos, as famílias vão para a escola 
para participarem de atividades junto com as crianças da educação infantil. Ao invés 
de transmitirem ensinamentos sobre como educar ou acompanhar a rotina escolar dos 
filhos, as dinâmicas são direcionadas para fortalecer os vínculos entre a própria 
família, incluindo músicas, desenhos, charadas, brincadeiras e até uma refeição 
preparada por uma das famílias participantes. 
Conhecido por ter resultados comprovados em países como Estados Unidos, 
Inglaterra e Austrália, o FAST começou a ser implementado no Brasil em 2014, por 
meio de um projeto piloto da rede municipal de educação de Tremembé, no interior 
de São Paulo. A ideia surgiu quando a psicóloga e professora universitária Cristiana 
Mercadante Esper Berthoud assumiu a secretaria municipal de educação em 2013. 
Após já ter participado de uma certificação internacional do programa e visitado 
escolas participantes do Reino Unido, ela decidiu trazer a metodologia para o país. “A 
escola brasileira nunca abraçou a família. A família está acostumada a ir na escola 
apenas para reclamar de alguma coisa ou ouvir reclamações”, avalia a secretaria, que 
enxergou no programa uma maneira de reduzir esse distanciamento. De acordo com 
ela, o grande diferencial do programa é não convidar os pais para falar de escolaridade 
do filho, mas chamar a família para viver em comunidade dentro da escola. “O objetivo 
do FAST é fortalecer internamente a família e o grupo das famílias para que elas 
interajam e discutam juntas os problemas da sua comunidade”, explica Cristiana. 
Para dar início ao processo de implementação no país, além da tradução dos materiais 
e adaptação para a realidade local, os professores Tumaki Aruanã Cassiano e 
Fernanda Moraes participaram da certificação internacional do FAST na cidade de 
Madison, nos Estados Unidos. Junto com a secretária, hoje eles fazem o treinamento 
das equipes de apoio do programa. 
“Nesse treinamento, a equipe vai entender a ação científica por trás de cada atividade 
do FAST”, explica Tumaki. Ao invés de formar apenas professores ou coordenadores 
para acompanharem o programa, ele conta que a equipe FAST deve ser 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
14 
 
representativa, composta por famílias de alunos, pessoas da escola e parceiros da 
comunidade. 
Marina Lopes / Porvir 
Mãe de quatro meninos, Eliana Andreia Ribeiro foi uma das convidadas para participar 
da equipe FAST da Escola Municipal de Educação Infantil Anna Monteiro Pereira. “Foi 
um desenvolvimento para mim como mãe e como parceira da escola. A gente mora 
no bairro, mas conhece as pessoas só de vista. No FAST nós conversamos com as 
famílias”, conta ela, que já teve a oportunidade de participar de encontros do programa 
como mãe e, agora, como voluntária. 
Nos encontros do FAST na escola Anna Monteiro Pereira, Eliana e outros voluntários 
auxiliam as famílias durante as atividades. Com uma espécie de orientação 
individualizada, os comandos são passados em voz baixa para os integrantes da 
família, sem que as crianças percebam. A ideia é que elas tenham a sensação que os 
pais estão conduzindo as atividades na sua mesa. 
Ao acompanhar uma sessão do FAST na escola, em uma mesa no fundo da sala 
estava a cabeleireira Marlene Nunes de Jesus e suas duas netas, Maria Luiza 
Coutinho de Jesus, 4, e Maria Eduarda Coutinho de Jesus, 6. Como os pais das 
meninas tinham dificuldade de comparecer devido aos horários de trabalho, a avó foi 
representar a família no encontro. “Para mim, está sendo muito interessante. São 
http://porvir.org/confianca-entre-familia-escola-e-base-para-educacao-infantil/tremembe/
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
15 
 
momentos que somos obrigados a sentar, sair da rotina e dar mais atenção para as 
crianças” conta ela, que diz compartilhar tudo com o filho e a nora. 
Das atividades desenvolvidas nos encontros, Maria Eduarda diz que a da charada é 
a sua favorita. Nesta dinâmica, cada membro da família escolhe um carta e precisa 
fazer uma espécie de mímica para que os outros integrantes possam adivinhar qual é 
o sentimento. Já a sua irmã, Maria Luiza, não tem dúvidas ao contar que a brincadeira 
especial é a sua favorita. Durante 15 minutos, a criança recebe uma caixa com 
materiais recicláveis e deve conduzir um integrante da família na sua brincadeira. A 
ideia é que os pais ou responsáveis possam entender a importância de ter um tempo 
de qualidade e atenção direcionada para a criança.Em outra escola, no Centro Educacional Antônio de Mattos Barros, a mãe Maria 
Aparecida Silva Santos também participa do FAST com a sua filha de cinco anos. Ela 
conta que a brincadeira especial também é a preferida da menina e diz que também 
aprendeu durante esse período. “Ela me ensinou na brincadeira especial que eu falo 
muito gritando, enquanto ela sempre conduzia a brincadeira no mesmo tom de voz” 
conta. 
Ao término do oitavo encontro do FAST, todas as famílias que concluem o programa 
participam de uma espécie de formatura. Desde a implementação, já foram 225 
famílias graduadas em 15 escolas de educação infantil e ensino fundamental. Além 
deste programa, as escolas municipais de Tremembé também aderiram ao projeto 
Comunidade de Aprendizagem, implementado no país com o apoio do Instituto 
Natura. A inciativa, citada pelo Porvir na última matéria da série sobre 
engajamento familiar na educação, está baseada em um conjunto de ações que 
ajudam a integrar a escola ao seu entorno. 
http://porvir.org/formacao-de-pais-fortalece-aprendizagem-dos-alunos/
http://porvir.org/formacao-de-pais-fortalece-aprendizagem-dos-alunos/
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
16 
 
Divulgação /Odemir Furlan 
Comunidade de Aprendizagem 
A quase 190 km dali, em São Bernardo do Campo, na grande São Paulo, o 
Comunidade de Aprendizagem também foi implementado em escolas de educação 
infantil há dois anos. “Era uma demanda que as unidades traziam, mas a gente queria 
que as escolas aderissem ao programa. Não era nada obrigatório”, conta a consultora 
educacional Cleuza Repulho, que na época era secretaria municipal de educação. 
“Entender que a família é parte fundamental no processo de construção do 
conhecimento era o grande desafio”, lembra. 
Na Escola Municipal de Educação Básica Odemir Furlan, o convite para transformar 
o espaço escolar em uma comunidade de aprendizagem foi aceito como uma tentativa 
de aproximar mais os pais da escola.“Há anos a gente vem trabalhando na questão 
da participação familiar, seja em reuniões com pais, reuniões pedagógicas ou nas 
atividades que a gente faz durante o ano. Mas a gente sempre percebia que em alguns 
anos tínhamos uma participação maior das famílias, mas depois ela diminuía. A gente 
sentia falta de um trabalho conjunto”, conta a diretora Sueli Bento Rocha. “Quando 
decidimos participar, a gente pensou: estamos reclamando enquanto escola que os 
pais não participam. Agora temos uma oportunidade para envolver a comunidade”, 
complementa a coordenadora pedagógica Elenice Stocco. 
http://porvir.org/confianca-entre-familia-escola-e-base-para-educacao-infantil/odemir-f/
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
17 
 
Em uma reunião, as famílias e a equipe escolar colocaram no papel os sonhos para a 
escola, que passavam por questões estruturais e pedagógicas. Para dar conta dessas 
mudanças, a Odemir Furlan escolheu começar a trabalhar com duas “Atuações 
Educativas de Êxito”, as Tertúlias Literárias e os Grupos Interativos. 
Divulgação /Odemir Furlan 
Nas Tertúlias, as crianças levam trechos de histórias para casa para fazer a leitura 
com a ajuda da família. Depois elas participam de discussões sobre os livros em sala 
de aula. Já no Grupos Interativos, os pais são chamados para acompanhar atividades 
dentro da sala de aula e auxiliarem o professor em desafios com as crianças. 
Após ganhar um convite para acompanhar um grupo interativo, a berçarista Fabiana 
Bispo dos Santos passou quase 1 hora e meia na sala da filha, que está na pré-escola. 
“Eu achei bem legal porque eles aprendem brincando. Eles já reconhecem alguns 
números e letras” conta a mãe, que disse ter compreendido um pouco melhor o 
trabalho desenvolvido pelo professor em sala de aula. “Foi legal ver o que meu bebê 
está fazendo, ficar mais próxima e observar como é o jeito dela na turma.” 
O convite nominal recebido pela mãe Fabiana foi uma das estratégias que a escola 
adotou para contar com uma presença maior dos pais. “Quando escolhemos as datas, 
sempre mandamos um convite com um modelinho bacana e atrativo para os pais. 
Convidamos aqueles que nós sabemos que conseguem ter uma disponibilidade maior 
http://porvir.org/confianca-entre-familia-escola-e-base-para-educacao-infantil/odemir-f-2/
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
18 
 
de tempo. Nós sabemos que alguns trabalham, sempre tentamos entender o lado 
deles também”, explica o professor Rafael de Souza Lima Silva. 
Segundo o professor, o envolvimento entre família e escola faz toda a diferença na 
educação infantil. Por mais que os pais não saibam ajudar nos conteúdos, ele conta 
que o simples fato de apoiarem as crianças e darem atenção para elas já faz toda a 
diferença. “O simples fato de demonstrar interesse no que a criança faz já é um grande 
avanço e contribui muito para o aprendizado”, afirma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
19 
 
3- OS FILHOS INVISÍVEIS NA EDUCAÇÃO 
 
É possível educar crianças invisíveis? 
Neste tempo de pandemia, mães e pais são obrigados a se envolverem, mais 
intensamente, na escolarização de filhos e filhas e descobrem o real sentido da 
palavra educação, um espelho que reflete a invisibilidade de muitas crianças 
 
Quem não se vê não se reconhece. Quem não se reconhece não se identifica. Quem 
não se identifica não se ama, tem baixa autoestima e se desinteressa tanto por si 
próprio, quanto pelo outro. E ainda querem impor-lhe conceitos de cidadania”. Este 
pensamento extraído de minha palestra intitulada Reflexões diante de um espelho 
sem reflexo, criada para capacitação de profissionais da Educação Escolar, pretende 
sensibilizar, um pouquinho que seja, as pessoas que, neste momento, estão 
empenhadas em ajudar – mesmo sem preparo – suas crianças a estudarem em casa. 
O processo de “pasteurização” do ensino, que tenta alfabetizar e escolarizar todas as 
crianças de uma única maneira, sem levar em consideração seu histórico familiar, 
suas condições sociais, suas limitações individuais e tantos outros fatores que, 
futuramente, necessitarão de serem trabalhados num divã de analista, é uma das 
principais razões de aproveitamentos diferenciados de estudantes, da evasão escolar, 
de frustrações, da não realização existencial e da infelicidade de grande parte de 
nossa sociedade. 
Se uma criança olha para o espelho escolar e não se enxerga, é vão todo o esforço 
de professoras e professores na transmissão de matérias, fatos históricos, estudos 
geográficos, regras gramaticais, outros idiomas, interpretação de textos, conceitos, 
teoremas, fórmulas e tudo o que compõe o currículo escolar. É muito mais prático 
lançar sobre a própria criança a culpa e a ausência de condições intelectuais, por seu 
baixo desempenho no aprendizado, do que questionar as razões reais dessa falta 
de empatia com o conteúdo programático escolar, e buscar caminhos que revertam 
essa situação. 
Por que será que um bom número de jovens, com grande facilidade para dominar 
modernas tecnologias e, por exemplo, decorar longas letras de rap, de funk ou 
rock”n”roll, participar de saraus periféricos, declamando seus poemas intermináveis, 
https://paisefilhos.uol.com.br/crianca/15-dicas-para-ajudar-na-autoestima-do-seu-filho/
https://paisefilhos.uol.com.br/familia/criancas-em-casa-saiba-o-que-seu-filho-precisa-aprender-antes-de-voltar-as-aulas/
https://paisefilhos.uol.com.br/crianca/como-lidar-com-a-frustracao-das-criancas-em-quarentena-pelo-coronavirus/
https://paisefilhos.uol.com.br/familia/pandemia-e-empatia-o-que-podemos-aprender-com-o-coronavirus/
https://paisefilhos.uol.com.br/blogs-e-colunistas/dra-ivanice/tecnologia-durante-a-quarentena-o-segredo-com-as-criancas-esta-no-equilibrio/
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
20 
 
são bastante inventivos em tantas atividades, mas são tão resistentes à educação 
formal? 
O educador Paulo Freire, de reconhecimento internacional, tem umafrase que define 
muito bem sua visão do que realmente seria uma escola ideal: “Importante 
na escola não é só estudar, não é só trabalhar. É também criar laços de amizade, 
de afeto. É criar ambiente de camaradagem. É conviver. É ser ‘amarrado nela’. Ora, 
é lógico, numa escola assim, vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, 
educar-se, ser feliz!” Ser feliz… Qual seria o principal grande farol da existência 
humana se não o de ser feliz? 
Nesse momento a educação familiar e a escolar se amalgamam, já que acontecem 
no mesmo local, a casa. Pais e filhos contam, porém, com a orientação de 
especialistas que, além de antigos atributos, como o pesquisar, preparar aulas e 
transmitir conhecimentos, por força das circunstâncias, agora também juntaram-se 
predicados de produtores de vídeos, atores e atrizes, diretores, técnicos de som, de 
luz, artistas gráficos, editores e uma infinidade de outras atribuições. Quem sabe se, 
por conta disso, a meta da felicidade não esteja ainda mais próxima dos educadores 
diretos e de educandos, dada a proximidade maior de pais e filhos e outros familiares 
que se predisponham a auxiliar na execução das tarefas. 
Mas onde se encaixa a questão da invisibilidade nesse contexto todo? Até a 
promulgação da Lei 10.639/03, que estabelece na Lei de Diretrizes e Bases do ensino 
escolar, a obrigatoriedade da inclusão de história e cultura afro-brasileiras e história 
da África e da 11.645/08 que estende essa obrigatoriedade na as culturas indígenas, 
o ensino brasileiro só considerava a contribuição europeia na formação cultural 
do Brasil. Como se esses outros povos e, mesmo os asiáticos, os do Oriente Médio, 
os ciganos e tantos outros mais não tivessem dado muitas contribuições na formação 
do chamado “povo brasileiro”. As Leis estão aí, mas seu cumprimento efetivo ainda 
está muito distante. 
Obras de intelectuais como Darcy Ribeiro, Sérgio Buarque de Holanda, João 
Guimarães Rosa, Florestan Fernandes, entre tantos outros, buscam nos apresentar o 
arquétipo desse povo multiétnico e multifacetado, com sua diversidade, sua 
religiosidade variada e costumes que ora se complementam, ora se diferenciam. É 
esse “quebra-cabeças” que deveria ser refletido pelo espelho escolar e pelo espelho 
midiático, para que eles sejam verdadeiramente brasileiros. Para se educar crianças 
invisíveis temos, antes, de começar a educar a sociedade para enxergá-las. Aí, 
criança nenhuma, de nenhuma região do país sofreria de invisibilidade. 
https://paisefilhos.uol.com.br/familia/criancas-em-casa-22-brincadeiras-e-atividades-para-fazer-com-os-filhos-durante-a-quarentena/
https://paisefilhos.uol.com.br/crianca/como-vao-funcionar-as-escolas-no-retorno-das-aulas-presenciais/
https://paisefilhos.uol.com.br/crianca/dia-da-amizade-por-que-ter-amigos-e-tao-importante-para-o-seu-filho/
https://paisefilhos.uol.com.br/familia/a-tal-da-felicidade-filho-e-sinonimo-de-ser-feliz/
https://paisefilhos.uol.com.br/familia/brasil-ultrapassa-o-marco-de-1-milhao-de-recuperados-da-covid-19/
https://paisefilhos.uol.com.br/familia/43-livros-para-criar-filhos-antirracistas-que-respeitem-as-diferencas/
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
21 
 
Como escritor, mas também como um grande defensor da oralidade, tradição da 
maioria dos povos do mundo, que faz de mim um contador de histórias, peço licença 
para transcrever aqui um conto de minha autoria, intitulado O Espelho Mágico: 
“Não. Ele não estava lá. Olhava que olhava, procurava que procurava, mas ele não 
conseguia ver sua imagem refletida na superfície daquele espelho. A sala estava lá, 
a mesa, cadeiras, a janela ao fundo, tudo, tudo menos ele… 
‘Caramba! Será que eu não existo?’, indagava assustado. Existia, sim. Mas, pasme, 
aquele era um menino invisível. 
Você sabe o que é uma criança descobrir-se invisível? Não. A gente pode imaginar, 
pode ter uma vaga ideia. Mas saber, saber mesmo, só sabe quem é invisível. A dor 
da invisibilidade só sente quem é acometido por ela. E aquele menino era 
verdadeiramente invisível. 
Claro que ele não era invisível para todos. A mãe conseguia vê-lo, amá-lo, 
compreendê-lo, e era para ela que ele sempre corria: ‘Mãe, eu quero me ver. Eu quero 
ser visto’. E ela, sempre generosa, dizia: ‘Calma, meu filho! Talvez isso seja porque 
você, por enquanto, ainda é… ninguém. Mas um dia você será alguém. Aí, o mundo 
inteiro vai poder vê-lo, reconhecê-lo e amá-lo como eu’. 
E o menino ficava matutando sobre aquelas palavras: ‘Um dia você será alguém. Aí, 
o mundo inteiro vai poder vê-lo, reconhecê-lo, amá-lo’. 
‘Mas o que fazer para ser alguém?’, ele insistia. A própria mãe, que acreditava ter 
todas as respostas, disse-lhe o que ela imaginava ser a solução: ‘Para ser alguém 
você precisa estudar’. 
‘Mãe, então me põe na escola para eu ser alguém! Afinal, quem é ninguém jamais 
poderá se ver refletido no espelho’. 
E lá foi o menino para o seu primeiro dia de aula e… Não. Ele não se via refletido no 
espelho escolar. Ele não estava lá também. Em nenhum espelho. Não estava no livro 
de Matemática. O livro de História não contava a sua história. O de língua-pátria não 
falava a sua língua. 
Nem a professora o enxergava. Ela beijava algumas crianças, acariciava, dava 
atenção, aplaudia suas respostas, caprichava na nota. Mas ele, não. Não estava lá. 
O tempo passou. E, no mesmo dia em que se tornou adolescente, como num passe 
de mágica, ele deixou de ser invisível e se tornou suspeito, suspeito crônico, suspeito 
de todos os males que acometiam a comunidade em que vivia. De todos os males da 
sociedade. 
https://paisefilhos.uol.com.br/crianca/sem-adultizacao-crianca-precisa-se-vestir-como-crianca-entenda-o-porque/
https://paisefilhos.uol.com.br/crianca/5-dicas-para-seu-filho-aprender-durante-as-ferias-sem-precisar-parar-para-estudar/
https://paisefilhos.uol.com.br/familia/pesquisa-avalia-a-situacao-dos-alunos-brasileiros-durante-as-aulas-online/
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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E, no Brasil, se você é suspeito, já é culpado. Se não culpado do que suspeitam, 
culpado por terem suspeitado de você. E, finalmente, ele se tornou visível, na primeira 
página do noticiário policial. 
Mas essa história não termina aí. Seria triste demais. 
Aquele menino tinha uma irmãzinha caçula, tão invisível quanto ele. E, como ainda 
era criança, ela acreditava na existência de um velhinho que trazia presentes no dia 
de Natal. As outras crianças o chamavam de Papai Noel. Como a mãe, para ela, era 
Iyá e o pai, Baba, resolveu chamar o velhinho de Baba Noel. E, como as demais 
crianças, ela também escreveu uma cartinha para ele. 
E Baba Noel começou a ler as cartinhas recebidas. Uma pedia boneca, outro queria 
bola, outras, bicicleta, celular, computador, vídeo game… Foi aí que ele abriu aquela 
carta com um pedido estranho: ‘Para que eu possa me ver, me reconhecer, me 
identificar, eu quero um espelho mágico’. 
Só então Noel se deu conta de que não era a primeira carta que ele recebia com esse 
pedido. Havia outras, que ficaram esquecidas no fundo do baú de correspondências. 
Eram dezenas, centenas, milhares. Caramba! Como arranjar espelhos para atender a 
tantos pedidos? 
Pela primeira vez ele se sentiu incapaz, impotente. Decepcionar criança é o que 
jamais gostaria de fazer. Por isso chorou. Chorou muito, intensamente. Suas lágrimas 
escorreram pelo assoalho, por debaixo da porta, para fora da casa e se misturaram 
às lágrimas de todas as crianças invisíveis de todo o mundo, por todos os tempos, 
formando uma grande lagoa. O frio polar a congelou e o frio de muitos corações 
humanos se encarregou de cristalizá-la. 
Foi aí que passou por ali, em trenós, uma caravana de peregrinos. Eles avistaram o 
imenso cristal e, com muito esforço, o arrancaram do solo e o levaram para sua aldeia 
distante. Seus magos artesãos lapidaram aquele cristal, durante anos, e o 
transformaram num gigantesco espelho mágico que trazia em seu reflexotodas as 
nossas personalidades, culturas, tradições, e realizações. Lá estão nossos 
ancestrais, nossa forma de ser e de pensar o mundo. Esse, sim, é o nosso espelho. 
No dia em que o espelho mágico ficou pronto, todas as crianças, antes invisíveis, 
puderam ver seu reflexo e refletir sobre elas próprias, sua gente, sua cultura, sua 
história. Aí, descobriram que são belas, belíssimas, ricas, poderosas, não ficam a 
dever nada a todas as demais crianças do planeta. 
Olha só a maravilha de sorriso que esse espelho revelou! E não é para menos, sobre 
a cabeça de cada uma delas há uma coroa, uma mais linda que a outra. Sabe o 
porquê? São verdadeiros reis e rainhas, legítimos herdeiros de civilizações gloriosas. 
E o melhor ainda é que as crianças, que antes eram as únicas visíveis, ao se olharem 
https://paisefilhos.uol.com.br/familia/8-podcasts-infantis-de-contacao-de-historias-para-ouvir-com-seu-filho-e-soltar-a-imaginacao/
https://paisefilhos.uol.com.br/familia/voce-sabia-que-ter-um-irmao-mais-novo-torna-a-gente-uma-pessoa-melhor/
https://paisefilhos.uol.com.br/familia/o-coronavirus-tem-muito-a-ensinar-para-o-presente-e-futuro-da-sua-familia/
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também no mesmo espelho, conseguem ver a si e às demais igualmente lindas. E 
passam a amá-las e a conviver com elas em total harmonia. 
Agora, àquelas pessoas que receberam a missão de educá-las cabe apenas o 
privilégio de polir essas maravilhosas coroas, cada vez mais, mais e mais. Deixem 
todo o restante por conta delas!”. 
 
 
SINDROME DA CRIANÇA INVISÍVEL 
 
Isolada, distante, irritada, fantasiosa e retraída. Esses são alguns sintomas da 
‘Criança invisível’, um transtorno na conduta da criança que não se sente valorizada 
e querida por outras pessoas que a rodeia e demanda dessa forma mais atenção. São 
crianças retraídas e muito imaginativas, que buscam no seu mundo de fantasia onde 
se sentir cômodas. 
https://br.guiainfantil.com/televisao/173-transtornos-causados-pela-televisao-nas-criancas.html
https://br.guiainfantil.com/materias/educacao/comportamentoa-crianca-timida/
https://br.guiainfantil.com/materias/educacao/comportamentoa-crianca-timida/
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A ‘Criança invisível’ é uma criança que se sente abandonada pela sua 
família (normalmente pelos seus pais). Acredita que é invisível diante dos outros. 
Apresenta sérias carências afetivas e passa grande parte do dia sozinha e isolada. 
Inclusive pode chegar a se sentir como um ‘peso’ para o resto da família, já que pensa 
que está sobrando. Entre os sintomas da ‘Criança invisível’ você poderá encontrar: 
- Se for pequena (menos de três anos), será uma criança irritada, que chora de forma 
desconsolada. Apresenta um desenvolvimento psicomotor mais lento e 
grande ansiedade e angustia diante da separação dos pais e em alguns casos, 
desnutrição. 
- A partir dos três anos, ela começará a se isolar do restante das crianças e se 
mostrará rebelde, desobediente e teimosa. Trata-se de uma criança muito 
observadora e com uma imaginação transbordante e com certa lerdeza nos seus 
movimentos. 
- A partir dos seis anos, começará a mostrar problemas para se relacionarem com os 
outros, já que tem medo de ser rejeitada. Isso, e a aspereza das suas atitudes e 
movimentos fazem da criança alvo de chacotas pelos seus colegas. Sua autoestima 
é muito baixa e ela se mostra muito triste. Enxerga o seu entorno como uma ameaça 
e possui um grande sentimento de culpa. 
Consequências da Síndrome da criança invisível 
https://br.guiainfantil.com/dialogo-na-familia/321-o-dialogo-em-familia.html
https://br.guiainfantil.com/dialogo-na-familia/321-o-dialogo-em-familia.html
https://br.guiainfantil.com/auto-estima/180-problemas-de-auto-estima-nas-criancas.html
https://br.guiainfantil.com/disciplina/419-criancas-sem-valores.html
https://br.guiainfantil.com/disciplina/419-criancas-sem-valores.html
https://br.guiainfantil.com/auto-estima/180-problemas-de-auto-estima-nas-criancas.html
https://br.guiainfantil.com/auto-estima/180-problemas-de-auto-estima-nas-criancas.html
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Se não for tratada a tempo, a criança invisível passará a ter muitos problemas durante 
a adolescência. Será insegura, desconfiada, facilmente manipulável. Buscará o 
consolo rápido e fará qualquer coisa para ser aceita em um grupo. Mostrará 
predisposição ao consumo de álcool ou drogas, e quando adulta, seus problemas de 
relacionamento ficarão cada vez pior. Ela sentirá um vazio e buscará de forma ansiosa 
prazeres artificiais que possam encher esse grande vazio. Ela se sentirá fracassada 
e pouco empreendedora. 
Como tratar a Síndrome da criança invisível 
A melhor coisa, sem nenhuma dúvida, é prevenir o aparecimento de todos esses 
sintomas. Seu filho necessita de carinho e atenção desde quando nasce, ou melhor, 
desde o ventre materno. Quando seu filho ainda for um bebê, dê-lhe carinho, abraços 
e beijos. Ele deverá se sentir querido e apoiado em todo o tempo. A partir dos três 
anos, brinque muito com ele e deixe-o explicar, ainda com escassas palavras, tudo o 
que ele gosta e que o diverte. Ofereça a ele consolo quando sentir medo e reforce a 
sua autoestima. A partir dos seis anos, comunique-se bastante com ele. Ajude-o a 
expressar seus sentimentos, como ele se sente e que problemas ele tem. 
Assim que a criança apresentar sintomas da ‘Síndrome da criança invisível’, é melhor 
consultar um especialista. 
OS PAIS INVISÍVEIS 
 
“A causa profunda de muitos problemas da 
sociedade norte-americana: delinquência juvenil, 
abuso de drogas, rebeldia contra o casamento e 
a família. O fracasso no processo de tornar 
humanos os seres humanos.” 
 
A grande lição na arte de preparar os filhos foi dada nos Dez Mandamentos de 
Deus. www.graal.org.br/download_pdf.php?id=60 
 
https://br.guiainfantil.com/desenho-infantil/212-terapia-infantil-atraves-dos-desenhos.html
https://br.guiainfantil.com/materias/educacao/brinquedosmenos-brinquedos-e-mais-brincadeiras-com-os-filhos/
http://www.graal.org.br/download_pdf.php?id=60
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Bruce M., um jovem agente publicitário, levanta-se às seis da manhã, quando seus 
dois filhinhos ainda estão na cama. Viaja cinquenta quilômetros até chegar ao 
escritório, em Nova York, e regressa por volta das sete da noite. Quando tem em mãos 
uma grande campanha publicitária, costuma regressar só por volta das dez. Logo, nos 
dias de semana, o máximo que pode fazer, como pai, é olhar enternecidamente, antes 
e depois do trabalho, para os filhos adormecidos. Fins de semana? Num ou noutro 
sábado, Bruce se fecha em seu gabinete, com uma pasta abarrotada de trabalho – 
ou, para escapar à mulher e aos filhos, foge para o escritório. Tal como milhões de 
outros maridos no mundo inteiro, viajantes regulares entre a casa e o trabalho, Bruce 
é o que poderia se chamar de “pai invisível”. 
 
Bill W., pai de dois adolescentes, é um “peão”, num jogo de xadrez coletivo. De tantos 
em tantos anos é deslocado para uma nova casa em outra cidade, por uma empresa 
que considera isso “bom para nós e para a melhoria da carreira do empregado”. A 
influência que isso tem sobre o desenvolvimento dos filhos desligados de Bill, a 
empresa não diz. É claro que Bill não é obrigado a se mudar, se não quiser. Mas ele 
aceita tudo, porque acredita ser essa a maneira de subir dentro da empresa. 
 
Henry S., pai de dois adolescentes, é diretor do conselho de educação da sua cidade. 
Toma parte ativa em várias instituições de beneficência locais, e é um dos maiores 
levantadores de donativos nas campanhas anuais de angariação. Henry é também 
árbitro de jogos de beisebol de pequenas associações e ajuda na coleta de fundos 
para o combate à distrofia muscular. Há pouco tempo, a mulher de Henry lhe disse: 
“já notou que há dez noites consecutivas você não parou em casa e eu não saí à rua?”A inclinação natural de Henry para fazer o bem é explorada pelos diretores de sua 
firma, que dizem aos executivos ser determinado trabalho “bom para a nossa 
imagem”. Os sindicatos também fazem pressão para que seus membros se dediquem 
a eles, e o mesmo fazem muitos de nossos vizinhos. Resultado: milhões de pessoas 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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como Henry estão envolvidas na vida e negócios de toda gente, exceto na de seus 
próprios filhos. 
 
Joe H. tem cinco filhos; trabalha na polícia durante o dia e à noite é motorista de táxi 
para poder manter a família. Há vários como ele, sobretudo entre os que trabalham 
em indústrias que pagam mal. O ministério do Trabalho dos Estados Unidos informa 
que trabalhadores americanos tem dois ou mais empregos e isso parece comum na 
maior parte de mundo. As crianças? “isso é trabalho da patroa”. 
 
Vejam o caso de Homer J., pai de quatro filhos, cujas idades variam entre os nove 
meses e os nove anos, e que é sempre preterido em questões de trabalho. Por ser 
negro e pela falta de jeito para vendas, é o último a ser contratado quando há muito 
trabalho e o primeiro a ser despedido, quando há falta. Como as leis de bem-estar 
social do seu estado proíbem a ajuda às famílias com filhos dependentes, quando há 
um homem em casa, ainda que este esteja desempregado, Homer abandonou o lar, 
para que a mulher e os filhos pudessem comer. Com uma taxa de desemprego que 
se mantém acima dos 5%, nos Estados Unidos há quase um milhão de pais 
impossibilitados de trazer para casa o pão de cada dia e, por isso, não estão em 
condições de serem pais. O pai é o homem esquecido da sociedade norte-americana. 
 
Uma possibilidade de ajuda 
 
Os sociólogos e psicólogos, que escrevem laudas e mais laudas de pesquisas sobre 
as mães, ignoram praticamente o pai. Os críticos antifamília também o ignoram. Dizem 
que a própria família está fora de moda, e que os novos modelos (o casamento em 
grupo ou o casamento permissivo) dão melhor resultado. Nenhum deles sugere o 
modelo atualmente fora de moda, e que serviu durante séculos, daria melhor resultado 
se, ao menos o pai tivesse mais possibilidade de ajudar. 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
28 
 
 
Agora, no entanto, começam a aparecer algumas opiniões destinadas a mostrar a 
importância do pai. “A influência do pai começa antes do nascimento da criança, ao 
manter a futura mãe em bom estado de espírito”, diz o psicólogo Henry B. Biller, e 
continua a ser decisiva, diz Biller, mesmo nesses primeiros anos em que, segundo se 
supõe, a mãe é, para o filho, mais importante que o pai. “Com efeitos, o pai é, 
provavelmente, mais importante que a mãe para o saudável desenvolvimento sexual 
tanto de rapazes como das moças”. 
 
O pai tende a estabelecer a diferença entre filhos e filhas, e a recompensar o 
comportamento sexual adequado dos filhos muito mais que a mãe. Assim, a criança, 
privada do pai está mais sujeita a ter problemas em suas relações com o sexo oposto, 
por não ter sido devidamente elucidada quanto ao papel do sexo. Alguns estudos 
sobre os antecedentes familiares de homossexuais, tanto masculinos como femininos, 
revelam a incidência muito elevada da ausência do pai. 
 
A falta de um pai consciente pode prejudicar, também, os progressos da criança na 
escola. Biller e um colega observaram 44 rapazes do terceiro ano da escola primária, 
cujo contato com os pais variava de duas horas ou mais por dia (presença do pai 
elevada), a menos de seis horas por semana (presença do pai baixa). Biller relatou: 
“O grupo em que a presença do pai era elevada revelou um nível de aproveitamento 
escolar muito alto”. Por que? Principalmente porque, acredita Biller, uma relação 
íntima com o pai favorece a autoconfiança que é necessária para a realização. 
 
A ausência crítica 
 
À família compete socializar a criança, ensinando-lhe os valores da sociedade e os 
princípios fundamentais. Os pesquisadores da Universidade de Cornell descobriram, 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
29 
 
estudando rapazes de classe média, que a frequente ausência de um, ou de ambos 
os pais, leva os adolescentes a recorrer uns aos outros na busca de valores. Esses 
filhos têm mais tendência “a ser pessimistas quanto ao futuro, dão baixo rendimento 
no que respeita à responsabilidade e liderança e tem maior tendência para se envolver 
em comportamentos antissociais”. 
 
Num estudo complementar, Urie Bronfenbrenner, psicólogo da Universidade de 
Cornell, acrescentou: “Talvez, por ser mais pronunciada, a ausência relativa do pai 
era mais crítica do que a da mãe”. 
 
Diante de tantas provas, os cientistas que se dedicam ao estudo do comportamento 
começam a nos dizer que o pai negligenciado – e negligente – é causa profunda de 
muitos problemas da sociedade norte-americana: delinquência juvenil, abuso de 
drogas, rebeldia contra o casamento e a família – e também daquilo que a última 
conferência sobre as crianças, na Casa Branca, chamou de fracasso no processo de 
tornar humanos os seres humanos. 
 
Para por fim a este fracasso é necessário reforçar as funções tradicionais da família, 
isto, por sua vez, exige, segundo as palavras do professor Lawrence E. Fuchs, da 
Universidade de Brandeis, recuperação dos pais. 
 
A autoridade do pai norte-americano dentro da família tem sido reduzida devido às 
pressões que recebe de fora. A pressão que se exerce sobre o homem começa na 
infância, quando se espera mais dele do que da irmã; continua no colégio e na 
universidade, e atinge proporções assustadoras no adulto e no homem de meia idade. 
No fim do século passado, o homem médio morria dois anos e dez meses mais cedo 
que a mulher. O homem médio de hoje morre seis anos mais cedo que a mulher. 
 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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Novas atribuições da mãe 
 
Enquanto o pai se mata para vencer a vida, a autoridade dentro da família fica a cargo 
da mãe. É ela que tem que civilizar os pequenos “selvagens”; é ela quem os faz dormir 
na hora certa; quem os acorda a tempo de apanhar o ônibus para a escola; quem os 
obriga a arrumar as coisas; quem faz com que ajudem a por a mesa e vivam em 
relativa paz. E é a mãe quem conferencia com o professor, assiste às reuniões e 
marca consultas no médico. 
 
O pai, que renuncia à sua autoridade, não priva os filhos apenas da mão forte 
necessária na sua educação. Suas outras preocupações podem ser interpretadas 
pelos filhos como indiferença e despertam, assim, a amargura que conduz à alienação 
e à rebeldia. Aquilo de que a família norte-americana mais precisa, diz Fuchs, é de 
um pai forte – não um tirano autoritário, mas um pai simpático, que saiba ouvir os 
filhos e impor sua autoridade. E um pai que esteja disposto a desempenhar, 
pessoalmente, a missão paterna. 
 
Como faremos para trazer o pai de volta à vida dos seus filhos? Bem, para começar, 
o pai podia tentar ajudar a si próprio. Por exemplo, um jovem procurador que conheço, 
Frank C., que muitas vezes se vê obrigado a permanecer no escritório à noite e nos 
fins de semana devido ao trabalho, consegue, apesar disso, ser um pai visível. Leva 
periodicamente a mulher e o filho de três anos para almoçar na cidade e nos fins de 
semana, em que tem trabalho, leva-os ao seu gabinete, no edifício do tribunal, onde 
o garoto corre à vontade pelos corredores, em seu velocípede. Ou durante um 
intervalo, o pai leva o filho a uma das salas do tribunal, senta-o no banco do juiz, e 
observa-o feliz, enquanto ele bate fortemente com um martelo de brinquedo. As 
pesquisas revelam não ser apenas importante a quantidade de tempo que um pai 
permanece em casa; é também a qualidade do contato com a criança. 
 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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Feministas a favor da paternidade 
 
Uma força significativa e inesperada, que vem atuando no sentido de reconduzir os 
pais à vida dos filhos, é o movimentofeminista. Embora o objetivo principal de suas 
integrantes seja, naturalmente, o de libertar a mãe negligenciada, elas nos forçam 
também a fazer algo pelo pai negligenciado. 
Por exemplo: as instituições de auxílio à maternidade já existem, e um número 
crescente de empresas vem adotando, graças a uma decisão da comissão pela 
oportunidade de igualdade de empregos, de que a gravidez e o parto são 
“incapacidades” para o trabalho, e devem ser pagas pelo seguro. Agora, as feministas 
(e os sociólogos) perguntam: e o auxílio à paternidade? 
 
Membros da federação americana de professores de Nova Jersey propuseram 
algumas cláusulas para o contrato de licença dos pais que permitirão aos maridos 
uma semana de licença paga quando a mulher tiver a criança. E a União Internacional 
dos Trabalhadores de Eletricidade, Rádio e Máquinas tem um contrato com a Textron 
S.A., em Rochester, Nova York, que permite a um dos pais (ou a ambos) a licença 
não remunerada, que pode ir até 18 meses, a fim de cuidar do filho recém-nascido. 
 
Talvez se as feministas conseguissem penetrar nesse reduto masculino, a direção de 
uma empresa, pudessem conquistar maior número de pais para a questão da 
paternidade. Inevitavelmente, as mulheres diretoras começariam logo a fazer 
perguntas, tais como: é realmente necessário participar de convenções? 
 
A conferência sobre as crianças, realizada na Casa Branca, concluiu que o tipo de 
vida da família norte-americana é produto dos negócios e da indústria, mais do que 
quaisquer outras instituições da sociedade. Por isso, são eles os responsáveis pelo 
destino da família e da criança norte-americanas. 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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O indivíduo tem seus próprios caminhos a traçar, condicionado por uma vida de 
limitações. Contudo, há coisas que o patrão pode fazer para ajudar um homem a ser 
pai. 
 
Urie Bronfenbrenner sugere, por exemplo, que as empresas poderiam melhorar suas 
possibilidades de atrair executivos talentosos, oferecendo um novo tipo de 
recompensa: mais tempo livre para questões de família, criado através de redução de 
obrigações profissionais que exigem a ausência de casa nos fins de semana e à noite. 
Sugere também, que os patrões deviam criar mais cargos de meio expediente, e 
conceder mais categoria a essas funções, a fim de permitir aos pais passar mais 
tempo com os filhos. 
 
É necessário recuperar os pais e a paternidade para a família. Disso dependem uma 
vida familiar mais sã e a saúde de toda a sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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4- O NOVO PARADIGMA SISTÊMICO ENSINO-APRENDIZAGEM 
 
Quando a pandemia obrigou todos os professores a adotarem equipamentos para 
mediar suas aulas, o paradigma da educação a distância finalmente se tornou 
dominante. Mas muitos alunos fecharam suas câmeras e microfones, e se recusaram 
a interagir com os mestres. 
Através das ferramentas de mediação, as aulas presenciais foram comparadas 
imediatamente com os vídeos do Youtube. E com as menosprezadas disciplinas 
online que as universidades privadas adotaram para diminuir custos com professores. 
O resultado é que até mesmo as disciplinas online, que geralmente são compostas de 
uma videoaula, seguidas por textos com o conteúdo da disciplina e questionários de 
múltipla escolha, se mostraram mais interessantes do que professores falando horas 
a fio em primeiro plano. 
Além disso, enquanto os professores falavam, e em sua maioria eram vistos e ouvidos 
através de telefones celulares, os alunos com câmeras desligadas estavam 
navegando. Nada diferente do estado de divagação que todo aluno já experimentou 
numa sala de aula presencial. 
Mas agora com uma vantagem, pois quem não entendia uma palavra da explicação 
do professor sobre o tema, encontrou logo uma resposta na Wikipedia, ou mesmo um 
link de outro professor mais preparado para explicar o assunto através da mídia. 
https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/educacao-pos-pandemia-segunda-onda/
https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/emilly-fidelix-formato-das-aulas/
https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/emilly-fidelix-formato-das-aulas/
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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Novo paradigma da educação; A pandemia mudou para sempre a forma de ensinar. 
Créditos: Pexels. 
Paradigmas na educação 
Em 1962, Thomas Kuhn publicou “A Estrutura das Revoluções Científicas”, quando 
demonstrou que na ciência os pesquisadores avançam um campo de conhecimento 
através da adoção de paradigmas. Um paradigma é uma estrutura de crenças que 
congrega métodos e teorias científicas. 
Kuhn percebeu que a ciência avança quando a maioria dos cientistas concorda em 
adotar um novo paradigma, substituindo um antigo que esgotou sua possibilidade de 
novas descobertas. 
Na Educação, John Dewey na virada do século 19 para o 20, e Jean Piaget dos anos 
20 até os anos 60, além de muitos outros, perceberam que a educação era uma 
atividade sociocultural de ensinar conhecimentos e conceitos especializados sobre o 
mundo. 
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Dito de outra forma, em geografia, uma montanha é decorrência de um deslizamento 
de placas tectônicas, e um vale, o trabalho das águas de um rio cavando a rocha 
através de milhões de anos. Até o século 19, montanhas e vales eram meras criações 
divinas, que serviam como referência para demarcação sócio-histórica das culturas. 
Não apenas acidentes geográficos, mas a própria fauna e flora eram entendidos como 
tal: Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá. Tudo era referido como um valor 
que construía uma visão de mundo. Poucos percebiam então, que a educação é um 
sistema. Toda cultura combina uma forma de educar, originalmente pensada para 
transmitir os conhecimentos necessários para se estar em determinado ecossistema. 
O que crianças esquimós aprendiam, era diferente do que as crianças amazônicas 
aprendiam, que era diferente do que crianças francesas aprendiam. Na medida em 
que cada território era povoado por línguas e linguagens diferentes para dar conta da 
sobrevivência, parecia que a educação em cada país tinha de ser diferente. 
O que unia os países do Ocidente era a religião, pois na cristandade, a flora, a fauna, 
todos os acidentes geográficos e demais coisas vivas ou inanimadas tinham sido 
criadas por Deus. Mesmo com variações, a crença cristã não discutia a origem das 
coisas. Mas depois de Charles Darwin, ficou difícil para os cientistas do século 19 
aceitarem impassíveis a onipotência criadora. 
Dewey foi o primeiro a perceber que a maior parte do que se ensina é ideologia. Ele 
percebeu que era necessário fazer a ponte entre o que se ensina e o que se vive. 
Caso contrário, as matérias como física, química, geografia e todas as exatas, se 
limitam ao equivalente a aprender uma língua estrangeira, sem nunca visitar o país 
na qual é falada. 
Piaget percebeu outra diferença: desde o nascimento, a cada ano de vida, temos a 
capacidade de aprender determinadas coisas. Hoje, verificamos que mesmo adultos 
quando vão aprender novos conhecimentos, regridem a estágios primevos. 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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Há centenas de exemplos, como pessoas adultas que tem dificuldade de aprender a 
dirigir, ou aprender línguas estrangeiras, ou até mesmo aprender como funciona um 
app no celular. É preciso brincar com o objeto de estudo, praticar até superar a 
dificuldade de entendimento do sistema que estrutura aquela disciplina. 
Quando temos de entender por que alguma coisa é daquele jeito, e agir conforme a 
forma que se apresenta no mundo, tudo se torna contra-intuitivo. Mas nem sempre 
procedimentos sistêmicos são contra-intuitivos. 
Passar uma linha pelo buraco da agulha é intuitivo, mas difícil. Então a maioria dos 
homens sabe que para costurar, deve-se passar a linha pelo buraco da agulha. Mas 
para eles isso é uma crença, não uma habilidade que se tornauma competência. 
Então percebemos que as ferramentas impõem limites. 
A extensão do braço, seja um pedaço de pau ou de osso que aumenta a força de uma 
agressão, pode tomar a forma de uma vara, de um machado, de uma espada ou de 
um martelo. Todas são ferramentas com milhares de anos de existência, como a 
agulha. Mas a compreensão de seu funcionamento e aplicação – o sistema – não 
garante automaticamente a habilidade de costurar, de cortar uma árvore, de esgrimir, 
nem mesmo de bater pregos. 
Os brinquedos que nos apresentam desde muito cedo, servem para nosso 
aprendizado dos sistemas. O entendimento de um sistema depende de uma 
compreensão proporcionada pela razão. Mas a capacidade individual de construirmos 
o entendimento através da razão, foi finalmente percebida por Howard Gardner como 
diferente para cada ser humano. 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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A educação após a pandemia terá que se reinventar e adquirir um novo paradigma de 
aprendizagem e de formação dos professores. 
Antonio Damasio refinou esse entendimento, quando propôs que são os sentidos 
percebidos pelo indivíduo, que permitem a facilidade ou dificuldade do 
desenvolvimento de certas habilidades motoras finas, que de alguma forma são 
espelhadas na construção do entendimento. 
Em outras palavras, para sentir saudade, há um aprendizado sociocultural dos 
sentidos, que faz com que a percepção do sentimento seja diferente de um alemão 
que expressa Sehnsucht, que pode ser traduzido para um inglês como “nostalgia”. É 
como se fosse a mesma ideia, espelhada por formas diferentes de sentir. 
Ora, se podemos perceber a mesma ideia com sentimentos que variam a partir de 
nossos sentidos, aquelas que conseguimos entender nos conferem habilidades. As 
ideias que não conseguimos entender, aceitamos como crença, pois seus efeitos 
aparecem no mundo como algo que também afetam os nossos sentidos. 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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Assim, acreditar no milagre de um santo, não é diferente do que dirigir um automóvel. 
O fiel acredita que pedindo para o santo uma dádiva, se por acaso acontecer, é porque 
o santo atendeu. O motorista que não sabe como funciona um carro, mas acredita que 
apertando um pedal ele sai do lugar, se por acaso acontecer, é porque o motor 
funciona. 
Quando os sentidos se dão conta que o desejo se torna realidade, nós acreditamos 
que o que acontece é realidade. Então por esse motivo, enquanto alguém próximo 
não morre numa epidemia, não sentimos nem medo, nem compaixão. Entender o 
funcionamento de um vírus, ultrapassa a compreensão da maioria de nós, pois não 
entendemos seu sistema. 
Logo, apelamos para crenças para explicar a sua existência no mundo. Daí a negação 
de muita gente, pois se é crença, o entendimento da explicação do sistema é 
desnecessário, e utilizar ferramentas como máscaras e luvas não faz sentido. 
Então percebemos que em muitas sociedades a educação, sempre obrigatoriamente 
sociocultural, tem como sistema a construção de crenças, porque não incorpora a 
apropriação das ferramentas que são necessárias para entender a realidade. Isso 
ocorre por vários motivos. 
 
Renato Bulcão de Moraes. 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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Na raiz de todos eles, está o custo do próprio processo de ensino aprendizagem. 
Sempre há custo objetivo e subjetivo envolvido no trabalho de entendimento e da 
construção racional. 
Para aprender como funciona uma alavanca, precisamos de uma haste forte, e de um 
objeto a ser deslocado. Sem isso, a compreensão de uma alavanca e suas fórmulas 
é tão eficaz para a atuação na realidade, quanto uma oração. Para uma pessoa cujos 
sentidos não experimentaram e catalogaram o que é comprimento, densidade, volume 
e peso, as fórmulas são uma abstração. 
Isso significa, como bem percebeu Dewey, que simplesmente ensinar visões de 
mundo cientificistas, sem que se aprenda com isso o motivo da estrutura das 
ferramentas que usamos para corroborar essa visão de mundo, é uma perda de 
tempo. 
Se você ainda não entendeu o que estou escrevendo, pense num jogo de facas de 
cozinha. Você sabe de fato, para que serve cada modelo de faca? Ou simplesmente 
pega a primeira que está afiada para cortar a carne que está na sua frente? 
Se ainda duvida da especificidade de uma ferramenta para atuar uma transformação 
no mundo, tente cortar carne com uma faca de pão, ou vice-versa. Nesse momento 
vai perceber que quando falta a ferramenta correta para a função proposta, isso 
significa um custo da aquisição para poder pôr em prática um determinado processo. 
É o que acontece com a educação. 
Quando temos um sistema de educação que não incorpora o processo de ensino 
aprendizagem de determinada ferramenta por falta dela, literalmente temos um 
professor tentando nos fazer acreditar na sua utilidade e função. Então aprendemos 
o que são elétrons, mas não entendemos que nossos computadores e celulares 
funcionam porque os elétrons pulam de um átomo para outro. 
Então, na falta de entendimento, precisamos decorar. Fazer uma prova de química, 
ou dizer de cor uma passagem da bíblia, se tornam o mesmo procedimento. Por esse 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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motivo que comportamentos estimulados por ferramentas são comandos previstos por 
sistemas. 
Mas os programas que fazem funcionar os computadores e os celulares, estão muito 
longe da realidade dos professores tradicionais. Atolados em centenas ou milhares de 
regras que precisam ser decoradas, como os tempos verbais de verbos irregulares, 
as fórmulas de equações, ou os teoremas geométricos, os professores acabam sem 
saber para que serve tudo isso no mundo real. Ou você lembra para que finalidade 
prática foi construído o teorema de Pitágoras? 
Esse afastamento entre o conhecimento e a realidade ainda é considerado no século 
21 no Brasil, educação de qualidade. O novo paradigma da educação, novo normal 
da educação se preferirem, diminui o custo dos recursos para podermos criar o 
entendimento. 
Temos centenas de imagens e demonstrações do que é uma faca de pão, e sua 
diferença para uma faca de carne. O aluno está limitado na maioria dos casos a dois 
sentidos, a audição e a visão. Mas pelo menos esses dois em conjunto são mais 
eficazes do que a pura imaginação do aluno, no esforço de objetivar as palavras dos 
professores. 
Nesse momento, as ferramentas disponíveis, tais como gravadores de imagem e som, 
editores de vários tipos de linguagens e mesmo tradutores de línguas, começam a 
eliminar as barreiras socioculturais. Podemos aprender matemática com norte-
americanos, cozinha com franceses, biologia com japoneses ou música com 
africanos. 
Nossas escolhas pessoais se fazem através de nossos sentidos, que permitem a 
percepção lógica decorrente, que permite o nosso entendimento. Quem está limitado 
a ensinar crenças, sofre com as possibilidades ofertadas aos sentidos de seus alunos. 
A realidade não se conforma apenas àquilo que ele ou ela conseguem fazer o aluno 
imaginar. O aluno da aula presencial, se não for proibido, pega o celular para saber 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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se você está dizendo o que deve, ou se está inventando. Acontece cada vez mais em 
sala de aula. 
 
Menos aulas presenciais e mais aulas EAD: o novo paradigma da educação. 
Novas formas de ensinar 
Por último, a Internet está facilitando e barateando a forma de aprender como funciona 
um motor. Ou como os elétrons produzem cargas elétricas e são controlados para 
gerar a base da informática. Portanto, os professores precisam reaprender a ensinar. 
Não basta mais falar e falar para convencer, mas explicar para os alunos o que estão 
vendo e ouvindo. Para isso é necessário utilizar as ferramentas que barateiam o 
acesso aos sentidos, visão e audição, que são os computadores e celulares. 
Os celulares e tablets permitem inclusive a incorporação do tato. Isso não significa 
que lápis e cadernosestão obsoletos. Machados não se tornaram obsoletos por causa 
da serra elétrica. Apenas são usados em situações mais específicas. O futuro próximo 
sugere um novo ajuste, iniciado por uma ferramenta virtual de sistema, que cada dia 
mais empurra as pessoas para uma mesma percepção sobre a realidade. 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
42 
 
Larry Tesler inventou por volta de 1973 o conceito de copiar e colar. De certa forma, 
reintroduziu a nossa experiencia didática do antigo “ditado”. Você deve saber 
reproduzir o que seu mestre pede. Por outro lado, trouxe para o usuário o poder de 
tratar o conhecimento codificado em textos como blocos de Lego. E assim liberou as 
possibilidades infinitas de reconstrução do texto. 
Por enquanto seu uso está limitado ao que chamamos de plágio. Mas em breve 
veremos surgir no âmbito do novo paradigma da educação, formas inovadoras 
decorrentes de milhões de experimentações que fazemos com ela diariamente. 
Assim como a alavanca evoluiu de um galho de árvore para máquinas que mal 
lembram o seu princípio, um dia teremos a evolução da construção do conhecimento 
a partir de uma utilização criativa dessas ferramentas virtuais. 
Assim, professores devem lembrar que “normal” não é algo novo ou velho, mas 
apenas uma das distribuições de probabilidade mais utilizadas para modelar 
fenômenos naturais. E nosso comportamento na pandemia, é um desses fenômenos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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5- AS ORGANIZAÇÕES E A PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
Importância da Pedagogia Sistêmica para os Professores 
O professor é um mediador do processo de ensino e aprendizagem. Por isso, ele 
leva o conhecimento para as pessoas com o objetivo de promover a formação do 
aluno para a cidadania. 
Além disso, o professor prepara o indivíduo para atuar criticamente e 
reflexivamente na realidade em que vive, na promoção de melhorias na sociedade em 
geral e, consequentemente, atuando como um agente transformador da mesma. 
 
 
Por isso, o professor precisa saber lidar com as diferentes personalidades de seus 
alunos, sendo um gestor de conflitos. Logo, a fim de estabelecer da melhor forma 
possível um equilíbrio entre todos. Assim, ele contribuirá para a formação da sua 
identidade e, ao mesmo tempo, respeitará a diversidade e as diferenças que envolvem 
todo o ambiente escolar. 
Toda instituição é um sistema que pode ser olhado pelos processos através 
da Pedagogia Sistêmica. Esta sendo uma ferramenta utilizada para a resolução de 
conflito entre membros de equipes de trabalho, avaliação pessoal de colaboradores, 
entre outras coisas. 
Construção do Vínculo com Alunos Através da Pedagogia Sistêmica 
As Constelações aplicadas a casos de professores possibilitam compreender o que 
está acontecendo e, ao mesmo tempo, permite sentir os benefícios de se ter uma boa 
convivência com os alunos. Ou seja, ela é um ótima maneira de garantir um ambiente 
saudável e mais propício ao aprendizado estudantil. 
https://www.psicanaliseclinica.com/formacao-em-psicanalise/
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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Com o autoconhecimento, o professor aprende a tomar consciência das suas metas, 
objetivos. Aprende também a refletir sobre suas atitudes, valorizar suas qualidades, 
fortalecer sua segurança em lidar com emoções negativas, conflitos e com as 
diferenças. 
Além disso, aprende também a superar problemas, promovendo seu 
autodesenvolvimento e a ter controle e equilíbrio emocional. 
Pedagogia Sistêmica na Busca da Compreensão dos Padrões Familiares 
A Pedagogia Sistêmica é um procedimento estrutural que pode ser adaptado para 
diversas realidades. Em qualquer meio que haja interação entre pessoas, ela poderá 
ser aplicada. Ela tem um enfoque terapêutico que olha os transtornos de 
aprendizagem com outro olhar. 
Por exemplo, o porquê de alunos se tornarem excluídos, ou fracassarem na escola. 
O porquê deles terem dificuldade de aprendizagem. 
Além disso, busca entender que a explicação está na repetição de padrões ocorridos 
em seu sistema de origem, repetindo o destino de seus pais, irmãos, tios, avós, etc. 
Ao tomar conhecimento desses emaranhados, há o rompimento com as causas 
de muitos problemas. 
Segundo Bert Hellinger, há como desemaranhar os laços afetivos e refazer o fluxo 
do amor com mais consciência e menos ilusão. 
Bert Hellinger e as Leis que Regem às Relações Familiares 
Quando o professor está alinhado às leis que regem os relacionamentos entre as 
pessoas, toma consciência de alimentar uma nova postura diante dos fatos e da 
realidade. Aprendendo a perceber suas ações e atitudes, ou também a falta delas. 
Aprende-se a respeitar o espaço de cada um. Isto é, a lidar com o aspecto 
fundamental para o sucesso de um relacionamento. 
https://www.constelacaoclinica.com/emaranhado/
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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Bert Hellinger identificou três leis que atuam nas relações de família. Estas 
leis podem se estender a outros vínculos humanos, como comunidades, empresas, 
instituições, grupos de amigos, equipes de trabalho etc. Estas são as leis: 
1. A hierarquia é definida pela ordem de chegada. A ordem dentro de um sistema 
é comandada por aqueles que vieram antes e tem autoridade sobre os que 
vieram depois; 
2. O pertencimento, as raízes, os vínculos entre as pessoas, criando um espírito 
de unidade; 
3. O equilíbrio, que é a equidade, o senso de justiça e equivalência nas trocas 
em geral, a justiça entre dar e receber. 
Benefícios do uso da Pedagogia Sistêmica para os Educadores 
A partir do trabalho com a Pedagogia Sistêmica, o professor tem novas possibilidades 
para exercer o seu papel como mediador. Ele pode assumir uma postura mais 
produtiva, como mediador de conflitos nos nossos relacionamentos e a ter um 
melhor entendimento do mundo. 
Ou seja, ele conseguirá ter mais clareza para seus pontos fortes e também para 
aquelas características que ainda precisa melhorar. 
Assim, podemos descrever alguns dos benefícios que o mediador irá alcançar a partir 
do uso da Pedagogia Sistêmica no âmbito educacional: 
 Possibilidade para autotransformação e autocura; 
 Melhoria nas relações familiares e interpessoais; 
 Maior conhecimento sobre si mesmo; 
 Melhoria da qualidade de vida através de novas compreensões; 
 Conexão com a própria força; 
 Maior clareza dos seus objetivos; 
 Aprender novas formas de ver e sentir a vida, desenvolvendo novas 
possibilidades para que o amor dê certo. 
https://constelacaoclinica.com/constelacao-ou-psicodrama/
https://constelacaoclinica.com/constelacao-ou-psicodrama/
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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Conclusão 
A constelação familiar se apresenta como prática moderna restaurativa, que auxilia o 
professor, através da Pedagogia Sistêmica, a lidar com os diversos momentos e 
situações que ocorrem na escola. Isso dá a possibilidade de o mediador ser mais 
consciente de sua atuação profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEDAGOGIA SISTÊMICA 
 
 
 
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6- INTERVENÇÕES E FERRAMENTAS SISTÊMICAS NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
 
Focos de intervenção em psicologia escolar 
Atualmente o Psicólogo Escolar é um profissional muito requisitado por educadores, 
equipe escolar e famílias, porém, é ainda compreendido, na maioria das vezes, como 
“aquele que pode tratar os alunos problemas e devolvê-los à sala de aula bem 
ajustados”. Essa visão caracteriza e fundamenta a intervenção clínica, uma prática 
que precisa ser abolida das Escolas, e revela a necessidade do estabelecimento de 
matrizes teóricas que fundamentem a prática deste profissional tão requisitado e tão 
pouco compreendido. Entre as tarefas descritas pelo CFP na resolução nº 014/00 
destaco as seguintes possibilidades de atuação do psicólogo escolar: 
a) aplicar conhecimentos psicológicos na escola, concernentes ao processo ensino-
aprendizagem, em análises e intervenções psicopedagógicas;

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