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Acordo de Não Persecução Penal

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ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL: REQUISITOS E A PRESERVAÇÃO DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS DO INVESTIGADO.
Henrique do Paraizo Chaves[footnoteRef:2] [2: Bacharelando em Direito. E-mail: henrikesem@hotmail.com.br.] 
Romario da Silva Sejka[footnoteRef:3] [3: Bacharelando em Direito. E-mail: romariosejka@hotmail.com.] 
Resumo.
O presente artigo tem como objetivo a análise dos requisitos sobre a aplicabilidade do instituto processual do Acordo de Não Persecução Penal, incluído no Pacote Anticrime (Lei 13.964/2019), sob a égide da proteção dos direitos e das garantias do investigado, a fim de que possamos compreender as benesses ou malefícios da norma, entre o investigado e o Poder do Estado em aplicar a norma penal e processual penal aos fatos.
Palavras-chave: Ministério Público. Inquérito Policial. Violência. Ameaça. Ampla defesa. Sistema acusatório. Reserva legal. Procedimento. Homologação. Execução. Descumprimento. Extinção da punibilidade.
Introdução.
A finalidade precípua do presente artigo está calcada na análise da aplicação do Acordo de Não Persecução Penal, sobre o olhar da proteção aos direitos e garantias fundamentais do investigado, a fim de que possamos identificar eventuais ações que possam ser adotadas pelo dominus litis e que venham a contrariar princípios de natureza de defesa do investigado, bem como a própria limitação dos direitos de natureza material e processual do investigado.
No mais, em que pese o Acordo de Não Persecução Penal ser um mecanismo, que tem como objetivo a ação imediata do poder punitivo, sem a privação da liberdade do investigado, ainda sim é necessária a observância dos direitos e garantias do investigado, sob a proteção Constitucional de 1988, que explanaremos no decorrer do presente artigo.
Desenvolvimento.
É notório que a população carcerária brasileira se mostra cada vez mais elevada, ocasionando superlotações em grande parte das unidades prisionais, entre todas as unidades da federação da República. 
Conforme levantamento nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN), em dezembro de 2019 fora constatada 748.009 (setecentos e quarenta e oito mil e nove) pessoas encarceradas no Brasil (Anexo 01). Dentre a quantidade exposta, 222.558 (duzentos e vinte e dois mil e quinhentos e cinquenta e oito) pessoas, ou seja, 29,75% (vinte e nove, setenta e cinco por cento) são pessoas presas provisoriamente, ou seja, sem sentença penal condenatória com trânsito em julgado (Anexo 02).
Destarte, a Lei 13.964/2019, vulgarmente conhecida como Pacote Anticrime, alterou significativamente o Estatuto Processual Penal, acrescentando o art. 28-A e suas peculiaridades:
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:[footnoteRef:4] [4: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm.] 
O Acordo de Não Persecução Penal, inicialmente, possuía previsão apenas na Resolução 181, com nova redação dada pela Resolução 183, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), todavia, com a edição da Lei 13.964/2019, houve a normatização do instituto processual, com as considerações e requisitos do tema. Resolução 181:
Art. 18. Não sendo o caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor ao investigado acordo de não persecução penal quando, cominada pena mínima inferior a 4 (quatro) anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça a pessoa, o investigado tiver confessado formal e circunstancialamente a sua prática, mediante as seguintes condições, ajustadas cumulativa ou alternativamente: (Redação dada pela Resolução nº 183, de 24 de janeiro de 2018)[footnoteRef:5] [5: https://www.cnmp.mp.br/portal/images/Resolucoes/Resoluo-181-1.pdf.] 
Quanto à resolução 181, do CNMP, verifica-se que havia grande discussão por diversos profissionais do Direito, diante do possível vício de inconstitucionalidade formal, de modo que a sua aplicabilidade pouco foi utilizada na prática.
Com o advento da previsão legal do ANPP, as dúvidas que pairavam quanto à possível ilegalidade restaram superadas, ao passo que, neste momento, passa-se à análise de como será aplicado este instituto de natureza processual nos casos que estão em consonância com a Lei.
DOS REQUISITOS PARA APLICAÇÃO DO ANPP.
Não seja o caso de arquivamento do Inquérito Policial.
O investigado deve confessar formal e circunstancialmente a prática da infração penal. No que concerne à confissão do investigado, para a possibilidade da realização do Acordo de Não Persecução Penal, verifica-se que, na eventualidade do descumprimento do Acordo, não será possível que esta confissão seja utilizada na fase judicial, ou seja, na ação penal proposta pelo Ministério Público, pois, ainda que no ANPP esteja presente a figura do advogado, não há supervisão judicial que possa garantir a extensão da confissão na fase da ação penal. Destarte, entendemos que não há violação ao princípio constitucional da presunção de inocência, previsto expressamente na Carta Maior, art. 5º, inciso LVII[footnoteRef:6]. [6: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm.] 
A infração penal deve ocorrer sem violência ou grave ameaça. Assim, entendemos ser aplicável a súmula 536, do STJ (A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.)[footnoteRef:7], não limitando, no entanto, sua aplicação apenas aos crimes praticados sob à Lei Maria da Penha, mas, também, abarcando todos os delitos praticados com violência ou grave ameaça. [7: https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp#TIT1TEMA0.] 
A pena mínima do delito deve ser inferior a 04 (quatro) anos.
Em que pese a previsão legal descrever “o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal”, entendemos não ser uma faculdade, mas sim, uma obrigação, caso estejam presentes os requisitos legais acima mencionados para a propositura do Acordo, tendo em vista ser um direito subjetivo do investigado. Na hipótese da recusa por parte do Ministério Público em propor o ANPP, poderá requer a revisão ministerial, com supedâneo ao §14, do art. 28-A do Estatuto Processual Penal. 
As condições que deverão ser cumpridas pelo o investigado, conforme parte final do caput do art. 28-A, CPP, há a previsão de serem cumulativa e alternativamente, ou seja, há um impasse no texto, pois, o legislador foi infeliz ao dispor das maneiras a serem cumpridas, já que não se sabe se é ou não cumulativa, ou, apenas alternativamente.
Destarte, entendemos que poderão ser cumpridos requisitos alternativos, ou seja, apenas um dos oferecidos no texto legal.
Caberá ao investigado reparar o dano na mesma medida, ou restituir a coisa à vítima, salvo nas hipóteses de não ser possível, a exemplo de danos extrapatrimoniais.
No que tange à renúncia de bens e direitos voluntariamente por parte do investigado, cabe ao Ministério Público provar a origem ilícita dos bens e direitos acrescidos indevidamente pelo investigado, ou seja, o ônus da prova cabe ao autor do ANPP.
Para o cumprimento de serviços à comunidade ou entidade pública, é necessária a aferição da pena mínima cominada ao delito, sendo necessária a análise conjunta do §1º, do art. 28-A, CPP. 
Conforme os ensinamentos do Professor Aury Lopes Junior[footnoteRef:8], aos delitos que possuírem causas de aumento de pena, deverá ser diminuído no seu grau mínimo. Por outro lado, nos casos em que houver a presença de causa de diminuição de pena, deverá ser aplicada em grau máximo. [8: https://www.conjur.com.br/2020-mar-06/limite-penal-questoes-polemicas-acordo-nao-persecucao-penal.] 
Na hipótese de prestação pecuniária, não poderá ser inferior a 01 (um) salário mínimo e nem superiora 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos, conforme art. 45, do Código Penal, devendo ser paga a entidade pública ou de interesse social, devendo ser indicado pelo Juízo da execução.
Quanto à previsão do inciso V, o qual afirma que o Ministério Público poderá indicar outras medidas que sejam compatíveis à infração penal praticada, ousamos discordar do legislador, pois, ao dar a oportunidade para a imposição de qualquer outra medida, fere o princípio da reserva legal, de modo que, não há falar em medidas penais sem previsão legal, imprecisas ou indeterminadas, já que é necessário rol legal das hipóteses a serem cumpridas.
DO PROCEDIMENTO DE APLICAÇÃO DO ANPP.
Embora seja um procedimento administrativo, vemos a presença da possibilidade da ampla defesa, pois o investigado terá a garantia da presença do advogado/defensor, devendo seguir à formalidade escrita do acordo.
É necessário ressaltar que o investigado não fica adstrito as condições impostas pelo Ministério Público, tendo em vista que em um acordo é possível apresentação de propostas diversas.
Nesta fase, inicialmente, caberá ao Juízo observar a voluntariedade do investigado, bem como os aspectos de legalidade do Acordo proposto, de modo que, ao verificar a inadequação das condições, por serem abusivas ou insuficientes as condições dispostas no acordo, devolverá os autos Ministério Público para que seja reformulada a proposta de Acordo, com concordância do investigado e seu defensor.
Vale ressaltar que, neste ponto, não há violação ao sistema acusatório, pois, o juiz não atua como autor do ANPP, mas meramente como garantidor da eficácia do direito do réu, mantendo a constitucionalidade e legalidade do Acordo proposto.
No tocante à competência do Juízo para a homologação do ANPP, verificamos ser de competência do Juiz das Garantias, no entanto, encontra-se suspensa a previsão legal do Juiz das Garantias, tendo em vista a liminar da ADI 6298 MC/DF, de relatoria do Eminente Ministro Luiz Fux, a qual aguarda o julgamento pelo plenário do Pretório Excelso[footnoteRef:9]. [9: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI6298.pdf.] 
Embora não participe do acordo, a vítima será intimada quanto à homologação e eventual descumprimento do Acordo, conforme previsão do §9, do art. 28-A.
DO DESCUMPRIMENTO DO ANPP.
Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no Acordo de Não Persecução Penal, o Ministério Público deverá comunicar ao Juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
O descumprimento do ANPP pelo investigado poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de Suspensão Condicional do Processo.
DA EXECUÇÃO DO ANPP.
Em que pese a Lei dispor que os autos permanecerão com o Ministério Público para o início da execução do ANPP, verificamos que há controvérsias, a saber, o fato de os autos permanecerem com o Ministério Público e a execução ser de competência do Poder Judiciário, de modo que a execução penal far-se-á a presos condenados ou presos provisórios, não sendo o caso para o investigado, pois, não há pena privativa de liberdade e, tampouco, sentença penal condenatória com trânsito em julgado. 
Bem como, ousamos dizer em haver uma antítese pelo fato de a Lei descrever que a execução far-se-á perante o Juízo da execução, mas ser o Ministério Público quem comunicará ao Juízo em eventual descumprimento do ANPP, ora, se há controle do Poder Judiciário à execução, por conseguinte, quem deverá informar eventual descumprimento do Acordo será este Poder, e não o Ministério Público, como relata a Lei.
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
Cumprido integralmente o Acordo de Não Persecução Penal, o Juízo competente decretará a extinção de punibilidade, de modo que não constará na certidão de antecedentes criminais a celebração do ANPP, salvo para comprovar ter sido o investigado beneficiado pelo Acordo nos últimos 05 (cinco) anos.
HIPÓTESES DE NÃO CABIMENTO DO ANPP.
Não é possível a aplicação do ANPP, quando na infração penal for possível a propositura de Transação Penal, nos termos do art. 76, da Lei 9.099/95.
Outrossim, não caberá o ANPP se o investigado for reincidente, na forma do art. 63 e 64, do Código Penal, ou, se houver elementos probatórios de conduta criminal habitual, reiterada, ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas. No entanto, resta ponderar ser impossível se amoldar aos inquéritos policiais e ações penais em curso, conforme entendimento sumulado do STJ (Súmula 444. É vedada a utilização de inquéritos ou processos em andamento, que ainda não tenham transitado em julgado, não devem ser levados em consideração como maus antecedentes na dosimetria da pena.)[footnoteRef:10]. [10: https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27444%27).sub.#TIT1TEMA0.] 
Impossível, também, a aplicação do ANPP quando o agente tiver sido beneficiado nos 05 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo.
DA (IM)POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ANPP EM AÇÕES PENAIS EM CURSO.
Tendo em vista que o Acordo de Não Persecução Penal possui caráter material (penal), pois versa sobre a extinção da punibilidade do agente, bem como de caráter processual, verificamos ser uma norma de caráter híbrida e, portanto, deverá retroagir para beneficiar o réu, conforme previsão constitucional, art. 5º, inciso XL, da CRFB/88.
DA (IM)POSSIBILIDADE DO ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL EM CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA.
Embora não haja previsão legal, entendemos não haver qualquer vedação, e por corolário, ser inteiramente possível a aplicação nos crimes que se processam mediante ação penal privada.
FINALIDADE.
O ANPP tem como escopo a eficiência e efetividade da justiça criminal para casos que possam ser resolvidos em um espaço de tempo reduzido, em comparação à fase de instrução e julgamento da ação penal.
No mais, trata-se de uma espécie de justiça penal negociada, no qual, a partir da verificação da existência de elementos de autoria e materialidade delitiva, o órgão acusador, quem seja, o Ministério Público, apresentará a proposta de Acordo ao investigado, com as condições que devem ser seguidas, caso seja aceita e, posteriormente, homologada em Juízo. Para Lopes Junior[footnoteRef:11] (2020, p. 220), o Acordo de Não Persecução Penal: [11: Aury Lopes Junior, Doutor em Direito, Professor e Advogado.] 
... é um poderoso instrumento de negociação processual penal que requer uma postura diferenciada por parte dos atores judiciários, antes forjados no confronto, que agora precisam abrir-se para uma lógica negocial, estratégica, que demanda uma análise do que se pode oferecer e do preço a ser pago (prêmio), do “timing” da negociação, da arte negocial.[footnoteRef:12] [12: Direito Processual Penal, 2020.] 
Em que pese restar presente muitos benefícios do Acordo de Não Persecução Penal, é necessário trazer à baila algumas considerações a serem feitas, a exemplo da proteção de garantias e direitos do investigado que devem ser observados, que serão explanados a seguir.
GARANTIAS E DIREITOS DO INVESTIGADO.
É sabido que no momento em que o investigado está na presença da justiça criminal, é necessária a presença de paridade nos instrumentos de acusação e defesa, proteção de direitos fundamentais do investigado, descritos na Constituição Federal, a fim de inibir o amplo poder Estatal de punir o agente que comete a infração penal.
Vale ressaltar que o Acordo de Não Persecução Penal tem objetivo de deixar de aplicar uma pena severa ao agente que comete um crime, pois, visa inicialmente um ganho de tempo, já que não haverá fase de instrução judicial e prolação de sentença condenatória. E, por fim, não há falar em pena privativa de liberdade, mas sim medida de natureza reparatória, de acordo com critérios de razoabilidade e proporcionalidade, entre o fato e o acordo proposto.
Ademais, ao Advogado/Defensor Público caberá a adequação em sua defesa, pois, trata-se de procedimentonegocial, ou seja, a defesa técnica deverá analisar as circunstâncias do fato aliado ao Acordo proposto, a fim de que possa apresentar o parecer do investigado da melhor forma possível para que não haja nenhum prejuízo ao direito deste, garantido constitucionalmente.
Na mesma toada, ao Juízo, que será responsabilizado pela homologação do ANPP, caberá extrema diligência na apreciação do Acordo, no ato da audiência a ser realizada, pois, o Magistrado poderá recusar a homologação, quando observar que não estejam presente os requisitos necessários para a propositura do ANPP, bem como, caso haja alguma ilegalidade, razão pela qual resta evidente a importância da atuação do Juízo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Ante o exposto, buscamos entender e ponderar sobre o Acordo de Não Persecução Penal, no tocante à égide legal-constitucional, observadas as garantias dos investigados em procedimentos investigatórios, suscetíveis ao ANPP. 
Destarte, concluímos que o Acordo de Não Persecução Penal, é mais um instituto alternativo da justiça penal negociada, como já presente na legislação brasileira (Lei 9.099/95), nos institutos da Suspensão Condicional do Processo e a Transação Penal, de modo que embora o investigado submeta-se a uma sanção penal, esta não possui caráter punitivo quanto à pena em concreto, após realizada a fase judicial instrutória.
Malgrado seja um instituto em que, em tese, beneficie o investigado, o instituto do ANPP, trazido pela Lei 13.964/2019, apresenta determinadas falhas que, ao longo do tempo serão corrigidas, a partir da interpretação de juristas e dos órgãos judiciais.
REFERÊNCIAS.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Brasília.
BRASIL. Decreto-Lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Rio de Janeiro, 1940.
BRASIL. Decreto-Lei nº. 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Rio de Janeiro, 1941.
CASTRO, Carolina Soares Castelliano Lucena de; NETTO, Fábio Prudente. Comentários sobre a exigência da confissão no acordo de não persecução penal. Revista Consultor Jurídico, Fev., 2020.
LOPES JUNIOR, Aury. DIREITO PROCESSUAL PENAL. 17. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
LOPES JUNIOR, Aury; JOSITA, Higyna. Questões polêmicas do acordo de não persecução penal. Revista Consultor Jurídico, Mar., 2020.
ANEXO
Anexo 01: População carcerária.
FONTE:https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiZTlkZGJjODQtNmJlMi00OTJhLWFlMDktNzRlNmFkNTM0MWI3IiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9 (2019).
Anexo 02: Porcentagem de presos provisórios.
FONTE:https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiZTlkZGJjODQtNmJlMi00OTJhLWFlMDktNzRlNmFkNTM0MWI3IiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9 (2019)
Artigo científico desenvolvido em conjunto com o colega do Curso de Direito, junto à Instituição de Ensino Superior, Faculdade de Rolim de Moura - FAROL, Romario da Silva Sejka, Técnico Judiciário, Chefe do Serviço de Atermação da Comarca de São Miguel do Guaporé/RO.

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