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15/07/2020 Urgência e emergência no SUS: história e marcos legais https://kami.sabertecnologias.com.br/6/1/600?action=next 1/6 Você conhece a história da estruturação da Atenção às Urgências no Brasil? Antes de adentrarmos no conteúdo do curso, gostaríamos de convidá-lo(a) a assistir ao vídeo "A história da saúde pública no Brasil - 500 anos na busca de soluções" para relembrarmos como o SUS foi constituído e, assim, facilitar a compreensão de como a Rede de Atenção às Urgências e Emergências está estruturada (BRASIL, 2015). A história da estruturação da Atenção às Urgências no Brasil começa com a história do Sistema de Saúde brasileiro, que nasceu concomitantemente à Previdência Social. Desde o descobrimento do Brasil até a instalação do Império, não se dispunha de nenhum modelo de atenção à saúde da população, não havia nem mesmo o interesse, por parte do governo colonizador (Portugal), em criá-lo. Para conhecer a trajetória inicial, clique nos marcos destacados na linha do tempo. Linha do tempo Década de 20 - Criação das primeiras unidades hospitalares Antes da década de 20, a organização da assistência hospitalar geral estava a cargo da Irmandade da Misericórdia, em São Paulo. Então, a década de 20 significou, entre outras coisas, um marco em que o Estado dá os primeiros passos na direção da organização da assistência hospitalar com a criação do primeiro hospital a ser construído, o hospital São Francisco de Assis, no Rio de Janeiro, que data de 1922, instalado em um antigo asilo de mendicidade. Neste período, também foram criados, no Rio de Janeiro o (SANGLARD, 2007): Abrigo-Hospital Arthur Bernardes, para crianças, localizado em um hotel (1924); Hospital Pedro II, localizado em uma antiga escola e destinado aos casos de malária. Hospital Gaffrée e Guinle (1924-1929); Hospital e Instituto do Câncer (1927-1934); Hospital de Clínicas Arthur Bernardes, da Faculdade de Medicina (1926-1934). 1932 - Criação do Socorro Médico Logo após a implantação do modelo de previdência social no Brasil, foi instituído o socorro médico apenas para os beneficiários das Caixas de Aposentadorias e Pensões, através do Decreto nº 22.016, de 26 de outubro de 1932 (BRASIL, 1932). 1949 - Implantação do SAMDU 15/07/2020 Urgência e emergência no SUS: história e marcos legais https://kami.sabertecnologias.com.br/6/1/600?action=next 2/6 Em 1949, foi implantado o Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMDU), por meio do Decreto nº 27.664, de 30 de Dezembro de 1949, mantido por todos os institutos e as caixas ainda remanescentes, vinculados ao Ministério do Trabalho (BRASIL, 1949). Mas, foi com a aprovação do Decreto nº 46.349, em 3 de julho de 1959, que ocorreu a regulamentação da finalidade do SAMDU em prestar assistência médica de urgência, em ambulatórios, hospitais, em domicílio ou local de trabalho, e esse serviço era mantido por todos os institutos e as caixas ainda remanescentes (BRASIL, 1959; POLIGNANO, 2006). Nesse período, foram construídos Postos de Urgências (PUs) acoplados aos ambulatórios, cuja demanda era feita via rádio aos PUs, como também foram implantados SAMDU nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pará, Pernambuco, Piauí e Ceará (MENDES, 2001). O SAMDU prestava assistência somente aos beneficiários das Caixas e Institutos de Aposentadorias e Pensões. Os trabalhadores que não dispunham de carteira de trabalho assinada eram considerados "à margem do sistema”, mas podiam utilizar o SAMDU mediante contribuição fixada em tabela (BRASIL, 1959; CASTRO, 2002). Uma atuação importante do SAMDU era a assistência aos pacientes (previdenciários ou seus dependentes) com doenças crônicas (diabetes, insuficiência cardíaca e obstrução urinária). Eles eram acompanhados mediante visitas domiciliares regulares (MENDES, 2001). Em 1967, os IAPs, o SAMDU e a Superintendência dos Serviço Reabilitação da Previdência Social foram incorporados ao Instituto de Previdência Social (INPS). A criação do INPS criou as condições para implantação de um modelo de atenção à saúde centrada na assistência médica, com práticas curativas voltadas ao complexo médico-hospitalar. A lógica era construir hospitais e contratar serviços hospitalares privados (BRASIL, 1949, 1959, 1975; MENDES, 2001; MERCADANTE et al., 2002; OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1989). 1975 - Criação do Sistema Nacional de Saúde e implantação do APH Móvel 15/07/2020 Urgência e emergência no SUS: história e marcos legais https://kami.sabertecnologias.com.br/6/1/600?action=next 3/6 Ainda no âmbito da Previdência Social, houve a desburocratização do atendimento nos casos de emergência, com a aprovação do Plano de Pronta Ação (PPA), em 1974, ou seja, a universalização dos atendimentos de urgência. Então, pela primeira vez após a extinção do SAMDU, que ocorreu em 1967, a Previdência Social admitia o uso de seus recursos no atendimento universal (MERCADANTE et al., 2002; OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1989). A Lei nº 6.229, de 17 de julho de 1975, estabeleceu a criação do Sistema Nacional de Saúde. Tal lei responsabilizava os municípios na prestação de serviços de urgência e estimulava a criação de novos métodos terapêuticos e novas modalidades de prestação de assistência, com recursos financeiros da Previdência Social (BRASIL, 1975). Nesse período, foi reintroduzido o Atendimento Pré-hospitalar (APH) Móvel (uma vez que a Previdência Social começou a estimular e financiar novos métodos terapêuticos e novas modalidades de prestação de assistência) e houve uma grande distribuição de ambulâncias por parte da Previdência Social, transformando-se em moeda política. Os veículos escolhidos, em sua maioria, não eram apropriados para o transporte de pacientes e não existiam recursos humanos apropriados, e a função de transporte era realizada, independentemente do estado do paciente (NITSCHKE, 2009). Destaca-se, nessa época, a implantação do APH móvel nos moldes do SAMDU pela Secretaria Municipal de São Paulo (serviço conhecido como “192”) e pela Secretaria Municipal do Rio de Janeiro (FERREIRA, 1999; SILVA et al., 2010). Na perspectiva de novas modalidades de prestação de assistência e por meio da DERSA (Desenvolvimento Rodoviário S.A), surgiu o "Sistema de Ajuda ao Usuário", nas rodovias sob sua jurisdição, no Estado de São Paulo (Sistema Anchieta-Imigrantes, Sistema Anhanguera- Bandeirantes e Sistema dos Trabalhadores), com interligação a órgãos e serviços públicos. O serviço oferecido tinha como característica o posicionamento de uma ambulância tripulada por um motorista e a presença de um atendente de primeiros socorros treinado, sob supervisão de médicos. Era mantido com a arrecadação dos pedágios e com recursos da Previdência Social (OKUMURA, 1989; SERVIÇOS..., 2001). Com a experiência do projeto DERSA, muitos profissionais do Corpo de Bombeiros foram treinados em Chicago e Toronto, uma vez que os EUA e Canadá foram pioneiros na prática de atender vítimas em local de acidente, acrescentando-se ainda, que o modelo de APH móvel americano é semelhante ao projeto da DERSA, com atendimento executado por socorristas (OKUMURA, 1989; SERVIÇOS..., 2001). No âmbito hospitalar, destacaram-se, na década de 70, a criação do plantão médico administrador e os critérios de atendimento de urgência estabelecidos pelo Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas de São Paulo, para diminuir o congestionamento desse pronto -socorro. Essa operação demandou alianças com vários hospitais da região metropolitana, de forma que ao Hospital de Clínicas pode ser atribuída a execução da primeira instância reguladora da transferência entre hospitais para cuidados de urgência/emergência no Brasil (GUIA, 2002). 1989 - Implantação da Regulação Médica no APH Móvel 15/07/2020 Urgência e emergência no SUS: história e marcos legais https://kami.sabertecnologias.com.br/6/1/600?action=next 4/6 Em 1989, foi realizado um convênio de cooperação técnica para a implantação de centrais de regulação médica nos municípios que dispunham de APH Móvel, nos moldesdo SAMDU, que funcionavam com o número “192” (SILVA et al., 2010). De um lado, o governo federal estimulou novos métodos terapêuticos e novas modalidades de prestação de assistência; e, de outro, "aparelhou os municípios com equipamentos, ambulâncias com perfil de terapia intensiva e contratos de médicos e enfermeiros treinados” (BRASIL, 1975; LOPES; FERNANDES, 1999; SCARPELINI, 2007). Ainda na década de 1980, surgiu a proposta de um sistema de referência para o encaminhamento dos acidentados aos locais próximos das ocorrências, estabelecendo, pela primeira vez, uma proposta de territorialização e integração dos serviços de atendimento imediato e de internação. Essa proposta foi elaborada por representantes do Pronto -Socorro do Hospital das Clínicas, da Secretaria de Higiene e Saúde do Município de São Paulo, do Hospital Heliópolis e da Santa Casa da Misericórdia de São Paulo (FERREIRA, 1999). 1988 até os dias atuais - Sistema Único de Saúde 15/07/2020 Urgência e emergência no SUS: história e marcos legais https://kami.sabertecnologias.com.br/6/1/600?action=next 5/6 A partir da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), concebido pela Constituição de 1988 como um conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, com participação da iniciativa privada em caráter complementar, surge a Lei nº 8080, de 19 de setembro de 1990, que instituiu as condições para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde, bem como a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e deu outras providências (BRASIL, 1990, 2001a). A Lei nº 8080/90 previa como atribuições comuns à União, aos Estados e aos Municípios a responsabilidade com as emergências (BRASIL, 1990). Fonte: (UFPE, 2016). Então, de um lado, os estados brasileiros expandiram seus serviços de APH móvel por meio dos bombeiros (executados exclusivamente por socorristas ou por profissionais de saúde e socorristas); do outro, os municípios expandiram seus serviços no modelo do SAMDU (executados por profissionais de saúde), agora vinculados a uma central de regulação de urgência. Uma característica importante é que esses serviços prestavam atenção às urgências de forma dissociada e isolada; cada um restringia-se a cumprir o seu papel. Os prontos- socorros e o APH móvel eram a única porta de entrada no sistema de atenção à saúde. Saiba mais 15/07/2020 Urgência e emergência no SUS: história e marcos legais https://kami.sabertecnologias.com.br/6/1/600?action=next 6/6 Conheça cada legislação citada na linha do tempo: Decreto nº 22.016, de 26 de outubro de 1932, que aprova o regulamento para a execução dos socorros médicos e hospitalares das Caixas de Aposentadorias e Pensões (BRASIL, 1932). Decreto nº 27.664, de 30 de dezembro de 1949, que regula o Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência da Previdência Social e dá outras providências (BRASIL, 1949). Decreto Nº 46.349, em 3 de julho de 1959, que aprova o Regimento do Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (S.A.M.D.U.) (BRASIL, 1959). Lei nº 6.229, de 17 de julho de 1975, que dispõe sobre a organização do Sistema Nacional de Saúde (BRASIL, 1975). Acesse a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências (BRASIL, 1990). Conheça a Constituição da República Federativa do Brasil (1988) (BRASIL, 2001a). Sobre a organização e operacionalização do SUS, clique aqui (MATTA; PONTES, 2007). http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-22016-26-outubro-1932-498311-publicacaooriginal-1-pe.html http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1940-1949/decreto-27664-30-dezembro-1949-340344-publicacaooriginal-1-pe.html http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1950-1959/decreto-46349-3-julho-1959-385381-norma-pe.html http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6229.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/l25.pdf
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