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38020500-sujeitos-processuais-acao-civil-ex-delicto-comunicacao-dos-atos-processuais - Direito Processual Penal - 2020GRAN CURSOS

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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
PROCESSUAL PENAL
Sujeitos Processuais. Ação Civil Ex Delicto. 
Comunicação dos Atos Processuais
Livro Eletrônico
2 de 131https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Danielle Rolim
Sujeitos Processuais. Ação Civil Ex Delicto. Comunicação dos Atos Processuais
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Apresentação . ............................................................................................................................3
Sujeitos Processuais. Ação Civil Ex Delicto. Comunicação dos Atos Processuais . ..........4
1. Ação Civil Ex Delicto. .............................................................................................................4
1.1. Introdução ............................................................................................................................4
1.2. Relação Entre a Ação Civil Ex Delicto e a Ação Penal . ..................................................5
1.3. Ação de Execução Ex Delicto.............................................................................................8
1.4. Ação Civil Ex Delicto ......................................................................................................... 11
1.5. Efeitos da Absolvição Penal no Direito Civil . ................................................................. 12
1.6. Prescrição da Ação Civil . ................................................................................................. 16
1.7. Revisão Criminal .................................................................................................................17
1.8. Fixação de Dano Moral . ................................................................................................... 18
2. Sujeitos Processuais . ......................................................................................................... 19
2.1. Introdução . ....................................................................................................................... 19
2.2. Generalidades . ............................................................................................................... 20
2.3. Do Juiz . .............................................................................................................................. 21
2.4. Partes . ..............................................................................................................................29
3. Comunicação dos Atos Processuais ..................................................................................42
3.1. Introdução . .......................................................................................................................42
3.2. Citação . .............................................................................................................................43
Questões de Concurso . ...........................................................................................................63
Gabarito . ................................................................................................................................. 86
Gabarito Comentado ................................................................................................................87
Referências Bibliográficas . .................................................................................................. 128
***
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divisão
de custos
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Danielle Rolim
Sujeitos Processuais. Ação Civil Ex Delicto. Comunicação dos Atos Processuais
DIREITO PROCESSUAL PENAL
ApresentAção
Olá, querido(a) aluno(a)! Vamos de aula nova? 
Aqui vamos tratar de três temas diferentes:
1) ação civil ex delicto;
2) sujeitos processuais;
3) comunicação dos atos processuais.
Vamos analisar os principais aspectos cobrados em provas de concursos jurídicos, des-
tacando a parte doutrinária relevante, os artigos de lei mais cobrados, sem deixar de mencio-
nar jurisprudência sobre o tema. Mas isso não basta, nós já sabemos. Ao final, temos várias 
questões comentadas para que você possa testar os conhecimentos que foram assimilados 
com a nossa aula. 
Então vamos começar!
***
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Danielle Rolim
Sujeitos Processuais. Ação Civil Ex Delicto. Comunicação dos Atos Processuais
DIREITO PROCESSUAL PENAL
SUJEITOS PROCESSUAIS. AÇÃO CIVIL EX DELICTO. 
COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS 
1. Ação Civil ex DeliCto
1.1. introDução
Tema novo e muito interessante: ação civil ex delicto. Qual o nosso interesse aqui? Vamos 
verificar as implicações que eventual fato criminoso pode ter na seara cível. Um fato crimino-
so pode ter repercussões que vão além da pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos 
imposta pelo juízo criminal. Nós já estudamos a ação penal condenatória, em nossa aula 
anterior, e esgotamos o tema em todas as suas minúcias! Vamos nos ocupar agora de tratar 
sobre a reparação dos danos que tenham sido eventualmente causados pelo fato criminoso.
Em algumas situações, a repercussão civil de um evento criminoso é facilmente aferível. 
Por exemplo: “A”, dirigindo seu veículo automotor, de maneira imprudente, provoca um aci-
dente de trânsito, colidindo com o veículo de “B”. “B” não contribuiu de qualquer modo para 
que aquele evento ocorresse. Na ação penal, fica plenamente demonstrada a culpa de “A”, 
que estava em altíssima velocidade e mandando mensagens de texto em aplicativo de celular 
(perigo!!!). Fica provado também que, em razão dessa conduta de “A”, foram causadas lesões 
corporais em “B”. Então “A” é condenado no juízo criminal pelo crime de lesão corporal cul-
posa na direção de veículo automotor. Se dessa lesão corporal, “B” teve prejuízos de ordem 
material, como, por exemplo, despesas hospitalares, custos com medicamentos, locomoção, 
“A” tem de arcar com esse prejuízo sofrido por “B”. Em outros casos, no entanto, a verificação 
do prejuízo e até mesmo da responsabilidade demanda uma análise mais bem acurada. Por 
exemplo: se “A”, ao agir em legítima defesa contra uma injusta agressão provocada por “B”, 
destrói o veículo de “B”, usando-o como instrumento de defesa, tem “A” que reparar o dano 
causado? E se o dano for a veículo de terceiro, que não tinha nada a ver com aquela confusão? 
O pobre coitado do “C” estava na hora errada, no local errado, e foi o carro dele quem entrou 
“na dança”, virando o instrumento do “A”... tem ele direito a indenização? Se sim, quem vai ser 
o responsável pelo pagamento do dano? “A” ou “B”?
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Sujeitos Processuais. Ação Civil Ex Delicto. Comunicação dos Atos Processuais
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Essas e outras várias questões que vamos nos debruçar a responder nesta aula. Temos 
também que verificar como essa indenização vai funcionar - na própria ação penal já é pos-
sível resolver o problema da reparação do dano? É necessária uma ação civil? Qual a reper-
cussão de eventual sentença condenatória (ou absolutória) proferida pelo juiz criminal lá no 
direito civil?
E já adianto: cai bastante em prova de concurso! Muitas questões (a grande maioria delas) 
são extraídas da literalidade da lei. Então vamos passar pela lei, obviamente com o objetivo de 
compreender a previsão legal para facilitar a memorização do conteúdo e analisar também a 
jurisprudência sobre o tema. Vem comigo?
1.2. relAção entre A Ação Civil ex DeliCto e A Ação penAl
A base da responsabilidade civil em nosso ordenamento jurídico está na Constituição da 
República, que assegura em seu art. 5º, V, a indenização pelo dano material e moral, assim 
como no Código Civil, nos dispositivos que reconhecem o dever de indenizar o dano causado, 
quais sejam:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e 
causardano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repa-
rá-lo.
Daqui se pode depreender que um ato criminoso (ilícito, portanto), gera o dever de repa-
ração do dano, tanto quanto um ato ilícito que não seja tipificado no nosso diploma material 
penal. O Código Penal, inclusive, traz como um dos efeitos da condenação penal “tornar certa 
a obrigação de reparar o dano”.
Então o primeiro ponto que vamos nos ocupar aqui parte justamente de um daqueles nos-
sos questionamentos introdutórios: tendo ocorrido um fato criminoso, a reparação de even-
tual dano de ordem patrimonial causado à vítima (ou a seus sucessores), fica vinculada ao 
resultado do processo criminal?
Dentre os vários sistemas que tratam da relação entre a ação civil ex delicto e a ação pe-
nal, nosso Código de Processo Penal adotou o sistema da independência de instâncias, mas 
com alguma mitigação. O que é isso? Vamos passar rapidamente pelos sistemas que tratam 
***
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Sujeitos Processuais. Ação Civil Ex Delicto. Comunicação dos Atos Processuais
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dessa relação entre a ação civil decorrente do delito e a ação penal, para que possamos deixar 
bem clara a posição do nosso Código de Processo Penal:
Sistema da confusão – as pretensões cível e penal se desenvolvem em uma única ação, 
que se desenrola no juízo criminal. Então a ação é iniciada com um pedido de condenação a 
uma pena privativa de liberdade, mas também um pedido de reparação de dano. Tudo em uma 
só ação, no juízo criminal.
Sistema da solidariedade ou da união – duas ações, uma cível e uma penal, caminhando 
em um processo único. A união dos feitos aqui é obrigatória e, muito embora tenhamos duas 
ações separadas, são resolvidas conjuntamente, no mesmo processo, no juízo criminal.
Sistema da livre escolha – a parte pode decidir se é mais conveniente pedir a reparação do 
dano na seara cível ou na penal. Assim, tanto pode optar por ações tramitando conjuntamente 
na justiça criminal, quanto por iniciar a ação de reparação do dano no juízo cível.
Sistema da separação ou independência – cada ação deve tramitar na justiça competente, 
seguindo o procedimento previsto em lei. Era o adotado em nosso ordenamento jurídico, sem 
mitigação. Veja o que diz o art. 935 do Código Civil: “a responsabilidade civil é independente 
da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o 
seu autor, quando essas questões se acharem decididas no juízo criminal”.
Visto esse panorama, você deve estar se perguntando: 
Por que o nosso sistema seria o da independência, mas com alguma mitigação?
Vamos passar a tratar disso.
Os arts. 63 e 64 do CPP trazem duas importantes previsões, que ampliaram o leque de 
possibilidades do ofendido no campo da reparação de danos. Por quê? Porque possibilitam 
tanto que o pedido de indenização seja manejado no juízo cível (independência, portanto), 
quanto que seja formalizado na ação penal condenatória e, lá reconhecido o dever de inde-
nizar e até mesmo o valor da reparação do dano, apenas a execução terá que se desenvolver 
posteriormente no juízo cível. Vamos verificar essas previsões, já avançando no tema:
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Ação de execução ex delicto. O art. 63 prevê que “transitada em julgado a sentença con-
denatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito de reparação do 
dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros”. Vale dizer: a sentença penal 
condenatória vai tornar certo o dever de reparar o dano! Acrescenta o parágrafo único: “tran-
sitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado 
nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código, sem prejuízo da liquidação para a 
apuração do dano efetivamente sofrido”. E o art. 387, IV, dispôs que, ao condenar o réu, o juiz 
deverá fixar o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração. O que temos 
aqui? A possibilidade de a própria sentença condenatória fixar o valor do dano! O juízo crimi-
nal vai resolver o pedido de reparação de dano, que seria tipicamente resolvido na seara civil. 
Portanto, essa sentença, transitada em julgado, vai ser apenas executada no juízo cível.
Ação civil ex delicto. Aqui estamos diante da ação civil ex delicto propriamente dita, aque-
la em que a vítima, ou seus sucessores, vai ao juízo cível em busca do reconhecimento do 
direito ao ressarcimento do dano causado em decorrência do fato criminoso (como vimos no 
item anterior, esse direito já pode ser reconhecido na sentença penal, a qual vai ser apenas 
executada no juízo cível). Encontra embasamento no art. 64 do Código de Processo Penal, 
que dispõe: “sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano 
poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável 
civil. Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso 
desta, até o julgamento definitivo daquela”. Quanto a este ponto (suspensão do curso da ação 
civil em razão da propositura da ação penal), há que se destacar que prevalece o entendimen-
to de que se cuida de faculdade do julgador, e não obrigatoriedade, visando a evitar decisões 
conflitantes (algumas sentenças proferidas no juízo criminal fazem coisa julgada no cível, 
como trataremos adiante! Imagine a confusão que seria).
A ação civil de reparação dos danos decorrentes de um delito independe até mesmo da exis-
tência de uma ação penal contra o causador do dano.
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Imagine que, em razão de um crime de injúria, alguém tenha sofrido danos (de ordem moral 
ou até mesmo patrimonial a depender da repercussão das ofensas). Pode ser que o ofendido 
não ajuíze a queixa-crime, decaindo do direito de ação penal. No entanto, pode ter interesse 
em, unicamente, promover a ação civil para ser ressarcido do dano que sofreu, o que é abso-
lutamente possível.
Feito esse panorama geral, vamos tratar de cada uma das espécies acima, trazendo as 
minúcias que a elas se aplicam.
1.3. Ação De exeCução ex DeliCto
Como vimos, um dos efeitos extrapenais da condenação é tornar certo o dever de reparar 
o dano. Transitada em julgado a sentença penal condenatória, tendo ocorrido dano, certo é 
o dever que tem o autor do ato ilícito de indenizar o dano que provocou ao ofendido. Nesse 
ponto, portanto, clara está a repercussão da ação penal condenatória para além do processo 
penal, pois vai trazer repercussões no campo do direito civil: a sentença penal condenatória 
transitada em julgado valerá como título executivo judicial, a ser executado no juízo cível. Não 
pode mais o acusado discutir no juízo cível esse dever! 
Veja bem. Temos que ter bem clara a independência das instâncias cível e penal (tanto 
assim que pode haver a ação civil independentemente da movimentação do juízo criminal, 
lembra disso?). Mas acontece que o juízo criminal apenas condena alguém quando houver 
certeza! Certeza do fato, certeza da autoria, certeza quanto à ausência de causa excludente 
de ilicitude e de culpabilidade. Assim, transitada em julgado a sentença penal condenatória, 
não há mais o que se discutir no juízo cível quanto aos pontos “deve ou não deve” e “quem 
deve”. Resta apenas a verificação do “quanto deve” (isso se já não houver essa fixação no ju-
ízo criminal!). Com os olhos nisso é que dispõe o Código Civil, em seu art. 935, que “a respon-
sabilidade civil é independenteda criminal, não se podendo questionar mais sobre a existên-
cia do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando essas questões se acharem decididas no 
juízo criminal”. Portanto, se há uma condenação no juízo criminal, certo é o fato, assim como 
o autor – esses pontos não serão mais discutidos no juízo cível, sequer o dever de indenizar, 
que decorre do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
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Quem tem legitimidade para executar a sentença penal condenatória no juízo cível? O 
ofendido, o representante legal ou seus herdeiros, nos termos do art. 63 do CPP.
Interessante regra está disposta no art. 68 do Código de Processo Penal, que dispõe:
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1º e 2º), a execução da 
sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo 
Ministério Público.
Perceba. Está a lei conferindo ao Ministério Público legitimidade para executar a sentença 
penal condenatória no juízo cível (e também para propor a ação civil), quando se cuidar de 
ofendido pobre, visando ao ressarcimento do dano. Além disso, exige a lei que haja REQUE-
RIMENTO do ofendido. Isso é muito importante! Fique de olho porque a literalidade desse 
dispositivo é cobrada em provas de concurso. Tão importante quanto se atentar ao que diz 
esse dispositivo é também saber que o Supremo Tribunal Federal entendeu que essa previsão 
é dotada de inconstitucionalidade progressiva. Por quê? A Constituição da República conferiu 
à Defensoria Pública a orientação jurídica e a defesa dos necessitados. 
O Ministério Público, por outro lado, tem, entre outras atribuições, a defesa dos interesses 
sociais e individuais INDISPONÍVEIS (não é o que se tem em uma reparação civil de dano, 
concorda?). Com base nisso, entendeu a Suprema Corte que, enquanto não houver a Defenso-
ria Pública instalada em determinada localidade, a legitimidade para a ação civil e execução 
ex delicto é do Ministério Público. Conforme for sendo instalada a Defensoria Pública naquela 
localidade, no entanto, torna-se inconstitucional essa previsão legal.
E a legitimidade passiva? Quem pode ser executado civilmente em razão de uma senten-
ça penal condenatória transitada em julgado?
Apenas aquele que foi condenado no processo penal, assim como os herdeiros dele, nos 
limites da herança.
E o responsável civil?
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Os efeitos da coisa julgada não se estendem para o responsável civil. Caso se pretenda a 
reparação do dano diretamente pelo responsável civil, necessário se faz que haja o ajuizamen-
to de uma ação civil de conhecimento. Por que isso? Vamos por partes. Quem é o responsável 
civil? O Código Civil traz a previsão de determinadas pessoas que têm responsabilidade civil 
sobre atos praticados por outras, por expressa determinação legal. Assim é que, por exemplo, 
o empregador responde civilmente pelos atos praticados por seus empregados no exercício 
do trabalho que lhes foi determinado ou em razão dele. Dessa forma, o motorista da empresa 
de ônibus que atropela alguém pode ser condenado por lesão corporal culposa no juízo cri-
minal e, naquela mesma sentença, ser reconhecido o direito da vítima de reparação do dano, 
fixado o valor mínimo. Ao executar no juízo cível essa sentença, a vítima deverá incluir no polo 
passivo o motorista, aquele que foi réu na ação penal. Não pode executar o empregador. E por 
que não? Ele não foi réu na ação penal! Não se defendeu, não exerceu o contraditório! O que a 
vítima pode fazer é ajuizar diretamente ação cível contra o empregador, pois, como responsá-
vel civil tem o dever de indenizar. Mas não pode, ressalte-se por importante, executar contra 
ele eventual sentença penal condenatória que reconheceu a culpa e responsabilidade do mo-
torista/empregado, pois o empregador não foi parte da ação penal condenatória.
Qual o valor que será executado no juízo cível?
Aqui nós temos duas possibilidades.
• a própria sentença condenatória já fixa o valor mínimo para a reparação dos danos 
(materiais ou morais!) causados pela infração, conforme previsão do art. 387, IV, do 
CPP. Veja, estamos falando aqui de um valor mínimo. Mas concorda comigo que a víti-
ma pode entender que aquele valor é o suficiente e necessário? Se for essa a hipótese, 
ela vai ao juízo cível e já executa diretamente aquele valor. Se, no entanto, entender a 
vítima que aquele valor mínimo é, de fato, mínimo, vai ter que ir ao juízo cível com um 
pleito de liquidação, visando a apurar o prejuízo efetivamente sofrido, conforme previ-
são do parágrafo único do art. 63 do Código de Processo Penal.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
• a sentença condenatória não trouxe um valor mínimo para reparação do dano (ou, como 
dito acima, a vítima entendeu que aquele valor não era suficiente), há que se liquidar, 
no juízo cível, a sentença penal condenatória para se apurar o valor devido, antes da 
execução.
A sentença absolutória imprópria não vale como título executivo judicial no juízo cível. Vale 
dizer, em caso de fato praticado pelo inimputável do art. 26, teremos uma sentença penal 
absolutória imprópria, ou seja, uma sentença que, muito embora reconheça tenha o acusado 
praticado um fato típico e ilícito, deixa de condenar por faltar a culpabilidade. Com isso, ab-
solve o réu, mas impõe uma medida de segurança. Apesar de não valer como título executivo 
judicial, não impede a propositura de ação civil em desfavor do responsável pela guarda do 
inimputável.
1.4. Ação Civil ex DeliCto
Independentemente da existência de uma ação penal, como já vimos, abre-se a possibi-
lidade de o ofendido ir diretamente ao juízo cível e, narrando um fato ilícito e que se adequa a 
um tipo penal, pleitear diretamente naquele juízo a reparação do dano sofrido.
Visando a evitar decisões conflitantes, o parágrafo único do art. 64 do Código de Processo 
Penal dispõe que, intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, 
até o julgamento definitivo daquela.
Presta atenção bem aqui! Apesar de alguma divergência doutrinária, prevalece que se cuida 
de uma possibilidade, e não obrigatoriedade e, conforme a previsão legal, havendo a suspen-
são da ação civil, ela dura até o julgamento definitivo da ação penal!
E por que isso ocorre?
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A sentença penal pode ter repercussão no direito civil. Inclusive, a primeira dessas reper-
cussões já vimos: transitada em julgado a sentença penal condenatória, não se discute mais 
no cível se o fato ocorreu e quem o praticou. O dever de indenizar está certo, assim como está 
definido quem deve indenizar. Resta apenas a definição do quanto devido. Mas não para por 
aí. Algumas hipóteses de absolvição também não permitem discussão na esfera cível, o que 
vamos já já estudar!
Portanto, o objetivo da suspensão é justamente evitar que haja conflito entre a decisão 
proferida pelo juízo criminal (que condenou o réu e impôs a ele o dever de indenizar, por exem-
plo) e a decisão do juízo cível, que venha a dizer que não foi o réu o causador do dano! Ora, 
isso colocaria em risco a credibilidade de pelo menos um dos julgamentos! Assim, verificando 
o juízo cível a possibilidade do conflito, abre-se a possibilidade de suspensão da ação civil, 
nos termos da lei.Aproveitando esse ponto, portanto, vamos passar a tratar dos efeitos da absolvição penal 
no juízo cível. E presta atenção: isso CAI MUITO em prova de concurso! Então, hora de ligar o 
botão amarelo e deixar a atenção no volume máximo! (volume máximo da atenção que vem 
de um botão amarelo, também não sei como seria isso, só achei que é uma frase de efeito, 
para demonstrar o ar de “gravidade” do tema). Vamos lá!
1.5. efeitos DA Absolvição penAl no Direito Civil
A base do nosso estudo aqui são os arts. 65, 66 e 67 do Código de Processo Penal. Por 
questões didáticas, comecemos pelo art. 66, que dispõe:
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta 
quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
O que esse dispositivo deixa claro é que não basta que haja a absolvição do direito penal 
para que o acusado esteja livre de uma eventual condenação no direito civil à reparação do 
dano decorrente daquele mesmo fato. E por que não? Como já falamos, no direito penal se 
exige um juízo de certeza para a condenação. Muitas vezes, portanto, o réu é absolvido não 
por que o juiz criminal entendeu que não foi ele quem praticou o fato criminoso, mas sim por-
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que ficou em dúvida! A dúvida basta para que o juiz absolva o réu. Então, o fundamento da 
sentença absolutória é crucial para a verificação da repercussão daquela sentença penal no 
juízo civil.
No tribunal do Júri, como os jurados não precisam fundamentar as decisões, não há como sa-
ber qual foi o fundamento de eventual absolvição, sequer se ele foi baseado em juízo de dúvi-
da ou de certeza. Sendo assim, o entendimento é de que a sentença absolutória proferida pelo 
Conselho de Sentença não impede o ajuizamento da ação civil visando à reparação do dano.
Vamos, portanto, aos fundamentos da absolvição no processo penal, seguindo o regra-
mento do art. 386 do CPP (que traz os fundamentos da sentença penal absolutória), para 
verificar a repercussão de cada um deles no direito civil. 
I – estar provada a inexistência do fato – ora, se o juiz criminal concluiu haver prova de 
que o fato sequer ocorreu, é evidente a repercussão no direito civil! Não tem como se dizer 
que o fato não ocorreu perante o juízo criminal, mas ocorreu (e gerou o efeito de indenizar os 
danos dele decorrentes) no juízo cível.
Um exemplo bem exagerado pra deixar clara a hipótese: em uma ação penal que se discute 
o homicídio de alguém, a vítima aparece, “vivinha da silva”. Não há a menor possibilidade de 
a família da “vítima” obter êxito em eventual ação cível em que pleiteia indenização por conta 
da dor causada pela ausência do ente querido.
II – não haver prova da existência do fato – aqui, o juiz não reconhece a inexistência do 
fato, mas afirma que está em dúvida quanto à existência dele. Veja a diferença: o julgador 
não diz peremptoriamente que o fato inexistiu, mas apenas que não há provas suficientes, 
naquele juízo criminal (que, lembre-se, exige juízo de certeza), para dizer que o fato ocorreu 
e, com isso, condenar o réu. Por conta disso, há a possibilidade de esse fato ser discutido no 
juízo cível.
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III – não constituir o fato infração penal – o juiz criminal está aqui dizendo apenas que 
aquele fato não é crime, mas não afasta a possibilidade de se cuidar de um fato ilícito e cau-
sador de dano à vítima. E por que não? Não é apenas o fato criminoso que gera o dever de 
indenizar. Vimos isso lá no comecinho de nossa aula. O que gera o dever de indenizar é o ato 
ilícito, que pode ou não ser criminoso. Portanto, não há repercussão no direito civil, conforme 
previsão do art. 67, III, do CPP.
IV – estar provado que o acusado não concorreu para a infração penal – aqui, por óbvio, 
há repercussão no juízo cível. O juiz criminal está dizendo, baseado em juízo de certeza, que 
o acusado não concorreu para aquele fato. Sendo assim, impossível que no juízo cível se atri-
bua a ele a responsabilidade pela reparação do dano.
V – não existir prova de ter o acusado concorrido para a infração penal – se o julgamento 
não é de certeza, abre-se a possibilidade de discussão no juízo cível. A afirmação aqui do juiz 
criminal não é de que o acusado não praticou o fato, mas sim de que não há provas suficien-
tes para dizer que ele o praticou.
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o acusado de pena, ou 
mesmo se houver fundada dúvida quanto a sua existência. Aqui temos várias hipóteses, com 
consequências diversas no campo do direito indenizatório e estão ligados com o art. 65 do 
CPP que disciplina:
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em 
estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício 
regular de direito.
Obs.: � Vamos destrinchar essa previsão:
� Causa excludente de ilicitude real provada - estado de necessidade, legítima defesa, 
estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de direito. Nesse caso, a sen-
tença absolutória faz coisa julgada no cível, DESDE QUE o ofendido tenha dado causa 
à excludente! Como assim? Pode ser que, muito embora o fato tenha sido praticado 
em razão de uma excludente de ilicitude, atinja um terceiro inocente. Nesse caso, 
quem sofreu o prejuízo pode buscar no cível a indenização correspondente, em des-
favor daquele réu que foi absolvido no juízo criminal. Foi absolvido, mas terá que inde-
nizar o terceiro que não tinha qualquer relação com aquele falo. Mas e aí, o réu que foi 
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absolvido e que ressarciu ao terceiro vai ficar no prejuízo? Não, se ele for condenado à 
reparação do dano no juízo cível, pode ajuizar ação regressiva contra quem provocou 
a situação!
� Causa excludente da ilicitude putativa provada – por outro lado, se a causa exclu-
dente de ilicitude não for real, ou seja, se o réu entendeu que agiu amparado por uma 
excludente de ilicitude, mas não estava, muito embora possa vir a ser absolvido no 
juízo criminal, isso não impede a propositura de ação civil.
� Causa excludente de culpabilidade provada – da mesma forma com o que se dá na 
causa excludente de ilicitude putativa, não impede a reparação do dano no juízo cível.
� Dúvida quanto à existência de causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade – 
conforme já vimos, não havendo juízo de certeza, a sentença absolutória proferido 
no juízo criminal não impede o ajuizamento da ação civil para reparação do dano. 
Assim, se o juiz criminal está em dúvida se o réu agiu ou não, por exemplo, em legíti-
ma defesa, deve absolvê-lo, pois a condenação criminal apenas é possível diante da 
certeza absoluta de que houve um fato criminoso (portanto, um fato típico, ilícito e 
culpável). No entanto, abre-se a possibilidade de a questão indenizatória ser definida 
no juízo cível.
VII – não existir prova suficiente para a condenação – por tudo o que já analisamos até 
aqui, se estou falando de juízo de dúvida, não há repercussão na esfera cível.
Além do que está disciplinado em seu inciso III e que já analisamos, o art. 67 do CPP dis-
põe:
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I – o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
II – a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III – a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
Portanto, arquivado o inquérito policial, nãohá coisa julgada no juízo criminal. Dessa for-
ma, plenamente possível a ação civil visando ao ressarcimento do dano decorrente do fato 
apurado naquele inquérito. De igual forma, proferida decisão que julga extinta punibilidade do 
agente, ainda assim é possível a propositura de ação cível visando à reparação do dano.
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Em resumo
Não impedem a propositura de ação civil:
• arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
• decisão de extinção da punibilidade;
• absolvição pelo fundamento de o fato não ser crime;
• absolvição baseada em dúvida, seja quanto à materialidade (quando não tiver sido, 
categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato), seja quanto à autoria 
delitiva ou mesmo quanto à existência de causa excludente da ilicitude ou da culpabi-
lidade;
• causa excludente de ilicitude ou culpabilidade putativa provada.
Dispositivos que devem ser lidos com muita cautela:
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em 
estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício 
regular de direito.
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta 
quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I – o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
II – a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III – a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
1.6. presCrição DA Ação Civil
Qual o prazo prescricional para ajuizamento da ação civil?
O Código Civil dispõe que o prazo é de 3 anos, nos termos do art. 206, §3º, V. E em con-
formidade com o art. 200 daquele mesmo Código, o prazo prescricional não correrá antes da 
respectiva sentença definitiva quando a ação civil se originar de fato que deva ser apurado no 
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juízo criminal. Quanto a esse último ponto, no entanto, o Superior Tribunal de Justiça tem o 
entendimento de que o art. 200 do CC apenas vai incidir se existir, no mínimo, inquérito policial 
em tramitação. Vale dizer, se não houver inquérito, sequer ação penal, o prazo prescricional 
para ajuizamento da ação corre normalmente. Veja trecho do julgado que explica a situação 
fática e é bastante elucidativo:
In casu, cuidou-se, na origem, de ação de reparação de danos derivados de acidente de 
trânsito (ocorrido em 26/8/2002) proposta apenas em 7/2/2006, em que o juízo singular 
reconheceu a ocorrência da prescrição trienal (art. 206 do CC), sendo que o tribunal a 
quo afastou o reconhecimento da prescrição com base no art. 200 do CC, por conside-
rar que deveria ser apurada a lesão corporal culposa no juízo criminal. Porém, segundo 
as instâncias ordinárias, não foi instaurado inquérito policial, tampouco iniciada a ação 
penal. Assim, não se estabeleceu a relação de prejudicialidade entre a ação penal e a 
ação indenizatória em torno da existência de fato que devesse ser apurado no juízo cri-
minal como exige o texto legal (art. 200 do CC). Portanto, não ocorreu a suspensão ou 
óbice da prescrição da pretensão indenizatória prevista no art. 200 do CC, pois a veri-
ficação da circunstância fática não era prejudicial à ação indenizatória, até porque não 
houve a representação do ofendido e, consequentemente, a existência e recebimento de 
denúncia. Precedentes citados: REsp 137.942-RJ, DJ 2/3/1998; REsp 622.117-PR, DJ 
31/5/2004; REsp 920.582-RJ, DJe 24/11/2008, e REsp 1.131.125-RJ, DJe 18/5/2011. 
REsp 1.180.237-MT, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 19/6/2012. Infor-
mativo 500 STJ.
1.7. revisão CriminAl
O que vamos analisar aqui é se eventual revisão criminal da sentença penal condenatória 
tem repercussão na indenização civil do dano que havia sido nela reconhecido. 
Imagine você a seguinte situação: “A” é condenado, por sentença criminal transitada em jul-
gado, pelo crime de homicídio de “B”. Na sentença, foi reconhecido o dever de indenizar os 
filhos da vítima. Como já vimos, essa sentença vale como título executivo judicial, a ser exe-
cutada no juízo cível. Pode acontecer, no entanto, de sobrevir uma ação de revisão criminal 
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que desconstitua aquela condenação anterior. Aquele exemplo que vimos acima cabe aqui, 
adaptado ao fato de já haver trânsito em julgado: a “vítima” apareceu viva! Nesse caso, não 
se faz mais possível a indenização. A revisão criminal, ao desconstituir a condenação ante-
rior, também impede a execução do ponto referente à indenização. Inclusive, se já há ação de 
execução em curso, ela deve ser extinta! 
Mas, professora, e se o réu já houver efetivamente cumprido com o dever de indenizar 
fixado na sentença e depois vier a obter êxito na ação de revisão criminal, como deve 
proceder?
Aqui resta a ele pleitear contra o Estado a indenização do valor que se viu obrigado a pagar. 
Esse pedido já pode ser manejado na própria ação de revisão criminal, pois um dos objetivos 
dela é justamente o ressarcimento do dano causado pela indevida (ou incorreta) condenação.
1.8. fixAção De DAno morAl
O último ponto que quero salientar para você é quanto à possibilidade ou não de a sen-
tença penal condenatória fixar o valor mínimo de reparação do dano moral. Como já vimos, 
o art. 387, IV, do CPP dispõe que o juiz criminal pode fixar o valor mínimo da indenização na 
sentença penal condenatória. E, ao fazê-lo, a lei não faz qualquer limitação quanto ao tipo de 
dano que se pretende ver indenizado. 
Apesar disso, parte da doutrina entende que, diante da complexidade para se chegar a um 
valor mínimo indenizatório referente ao dano moral, não poderia ser feita essa análise no juízo 
criminal.
Por outro lado, prevalece o entendimento que informa ser possível a fixação do valor mí-
nimo de reparação de dano moral pelo juízo criminal, tanto diante da inexistência de ressalva 
pela lei, quanto da crescente importância que se dá à vítima no código de Processo Penal, 
máxime a partir das últimas reformas pelas quais passou.
Seguindo essa toada, os tribunais superiores vêm recentemente se posicionando no se-
guinte sentido:
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1. Nos termos do entendimento desta Corte Superior a reparação civil dos danos sofri-
dos pela vítima do fato criminoso, prevista no art. 387, IV, do Código de Processo Penal, 
inclui também os danos de natureza moral, e para que haja a fixação na sentença do 
valor mínimo devido a título de indenização, é necessário pedido expresso, sob pena de 
afronta à ampla defesa. (AgRg no AREsp 720.055/RJ, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI 
CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 26/06/2018, DJe 02/08/2018).
O Superior Tribunal de Justiça fixou o entendimento de que, em casos de violência domés-
tica e familiar contra a mulher, pode ser fixado o valor mínimo de indenização a título de dano 
moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, o que independe 
de ser especificada a quantia. Disse também que independe de instrução probatória, ou seja, 
cuida-se de dano moral in re ipsa, vale dizer, demonstrado o crime, não há necessidade de 
discussão para comprovar o dano e fixar o valor indenizatório, pois ele se presume (Tema 
Repetitivo 983). Entende também oSuperior Tribunal de Justiça que a posterior reconciliação 
entre a vítima e o autor do crime não afasta a fixação do valor indenizatório, pois se cuida de 
determinação legal (art. 387, IV do CPP), não cabendo ao Poder Judiciário omitir-se quanto a 
isso. Assim, cabe à vítima decidir se irá ou não executar o título judicial que possui em des-
favor do réu.
É isso! Analisamos os pontos mais importantes sobre ação civil ex delicto. Esses são os 
aspectos mais cobrados em provas de concursos. Não deixe de revisar a lei e de fazer as 
questões que estão abaixo, no final do nosso material, todas elas comentadas!
E vamos em frente, com mais um tema novo.
2. sujeitos proCessuAis
2.1. introDução
Vamos abordar mais um ponto importante do nosso edital: sujeitos processuais.
Professora, mas isso costuma cair na prova do concurso?
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Sim, bastante! Na maioria das vezes, o examinador vai exigir de você conhecimento sobre 
a letra da lei. E eu vou destacar aqui quais os artigos que são mais cobrados nas provas (eles 
se repetem muito!). Além disso, conhecimento teórico também é exigido quanto a alguns 
aspectos, que também vou ressaltar para que você vá direto ao ponto e gabarite sua prova. 
Então vamos iniciar os trabalhos!
2.2. GenerAliDADes
Dentro de uma relação processual, temos necessariamente sujeitos envolvidos. No caso 
do direito processual penal, teremos de um lado um órgão acusador, que será o Ministério 
Público, quando estivermos diante de um crime que se processe mediante ação penal pública, 
ou o querelante, em se tratando de ação penal de iniciativa privada. Teremos também o juiz, 
a quem compete aplicar o direito material, sendo a ele dirigida a pretensão punitiva estatal. E, 
por fim, mas sem dúvida não menos importante, temos o acusado, contra quem é direcionada 
a ação penal, com a pretensão de ser aplicado o direito objetivo ao caso concreto, consistente 
na punição por um fato que tenha praticado. Doutrinariamente, esses sujeitos são conside-
rados principais ou essenciais. Com efeito, sem eles não há que se falar em regular relação 
jurídico-processual.
Mas além deles, temos outros sujeitos?
Sim, os denominados sujeitos secundários, ou acessórios ou colaterais. Não são impres-
cindíveis para a existência do processo, mas podem dele fazer parte, é o caso do assistente de 
acusação e do terceiro interessado (ofendido, representante legal, herdeiros). Por fim, temos 
também os auxiliares da justiça e os terceiros não interessados, os quais não fazem parte da 
relação processual, mas praticam atos que conduzem ao desenvolvimento do processo. É o 
caso do escrivão, do oficial de justiça, escrevente, distribuidor, perito, porteiro de auditórios, 
tradutor, intérprete e dos terceiros não interessados, a exemplo das testemunhas.
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2.3. Do juiz
Tem o poder-dever de aplicar o direito ao caso concreto. O juiz tem o poder de aplicar o 
direito material ao caso concreto, mas isso também é um dever – não pode o juiz deixar de 
julgar o caso simplesmente porque não quer.
Quais as funções do juiz dentro do processo penal?
• de ordem jurisdicional – aplicar o direito ao caso concreto, gerenciar a prova.
• de ordem administrativa – organizar o juízo, presidir a audiência.
• funções anômalas – a exemplo da remessa de ofício de determinados feitos para o 
tribunal (reexame necessário).
2.3.1. Garantias Constitucionais do juiz
Em razão do dever-poder de aplicar o direito ao caso concreto, o juiz tem algumas garan-
tias constitucionais, visando, inclusive, a garantir a sua imparcialidade.
E quais são essas garantias?
• Vitaliciedade – após dois anos de exercício no cargo, o juiz se torna vitalício, nos ter-
mos do art. 95, I, da CRFB. Essa regra é para o primeiro grau de jurisdição. Por que essa 
observação? Porque desembargadores e ministros que sejam nomeados pelo quinto 
constitucional tornam-se vitalícios imediatamente, não precisando aguardar o prazo 
previsto constitucionalmente para os juízes de primeiro grau. Adquirida a vitaliciedade, 
a perda do cargo depende de sentença judicial transitada em julgado. Antes, a perda do 
cargo pode se dar por deliberação do tribunal a que estiver vinculado.
• Inamovibilidade – o juiz não pode ser removido contra a vontade dele, como forma de 
punição. A exceção aqui é a remoção do juiz por motivo de interesse público, em de-
cisão proferida por voto da maioria absoluta do tribunal ou do Conselho Nacional de 
Justiça, assegurada ampla defesa, tudo nos termos do art. 93, VIII, da CRFB. Essa regra 
vale tanto para juízes titulares quanto para substitutos.
• Irredutibilidade do subsídio – o juiz não pode ter seu subsídio diminuído. O Supremo 
Tribunal Federal tem entendimento de que essa garantia não possibilita reajuste auto-
mático de vencimentos, para recompor o valor da moeda.
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Por que essas garantias estão diretamente relacionadas com a imparcialidade? O julga-
dor precisar ter tranquilidade de saber que pode atuar de maneira imparcial, sem se sentir 
pressionado por eventuais retaliações que levem à perda do seu cargo, por exemplo.
Também para garantir a imparcialidade do juiz, a Constituição Federal também impõe ao 
magistrado algumas vedações. Quais são essas?
• exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério.
• receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo.
• dedicar-se à atividade político partidária.
• receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, en-
tidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.
• exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três 
anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. Atenção aqui! Depois 
que se aposentar, o juiz só pode exercer advocacia no tribunal do qual se afastou TRÊS
anos depois do afastamento! Cuidado para não confundir com os dois anos para o 
vitaliciamento! Quer facilitar a memorização? Para ser juiz, você precisa de três anos 
de prática jurídica, certo? Pronto, depois que deixar de ser juiz, por aposentadoria ou 
exoneração, só pode voltar a advogar no juízo ou tribunal do qual se afastou também 
depois de três anos.
2.3.2. Princípio da Identidade Física do Juiz
Perceba, esse princípio é muito cobrado em prova de concursos! Cuida-se de princípio 
que está previsto expressamente no art. 399, §2º, do CPP, que diz que o juiz que presidiu a 
instrução deverá proferir a sentença. O objetivo aqui é permitir que o juiz que produziu a prova 
julgue o feito. Inclusive, um dos aspectos mais cobrados em provas é se esse princípio está 
ou não expresso no nosso Código de Processo Penal. Isso já sabemos que sim!
Há alguns fatos da vida que impedem seja seguido esse princípio. Ora, se o juiz está de fé-
rias, foi removido para outro juízo, ou foi aposentado, só para citar alguns exemplos, ainda que 
ele tenha presidido a instrução, não terá ele condições de sentenciar o feito. Como resolver 
esse problema? Sempre nos valemos do regramento contido no Código de Processo Civil de 
1973, que trazia expressas exceções ao princípio da identidade física do juiz: juiz convocado, 
licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, não estaria vinculado 
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para sentenciar o feito. Acontece que o Código de Processo Civil de 2015 não trouxe regra 
semelhante. E agora, como resolver? Isso significa que o juiz fica, a qualquer custo, vinculado 
ao feito e obrigado a sentenciá-lo, mesmos naqueles casos que o CPC antigo descrevia? O 
entendimento da jurisprudência é de que não. Mesmo na ausência de previsão legal expressa, 
ainda assim podemos nos valer daquelas mesmas exceções anteriormente disciplinadas pela 
lei ao princípio da identidade física do juiz. Nesse sentido:
3. O STJ possui firme o entendimento no sentido de que o princípio da identidade física 
do juiz não pode ser interpretado de maneira absoluta, e admite exceções, como nas 
hipóteses do art. 132 do CPC/73, em cujo rol está incluída afastamento do magistrado 
em decorrência do regime de exceção ou mutirão para agilização da prestação juris-
dicional. Incidência da Súmula 83 do STJ. 4. Agravo interno não provido. (AgInt no 
AREsp 1149739/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 
07/05/2019, DJe 16/05/2019)
2.3.3. Imparcialidade do Juiz
É imprescindível que o juiz seja imparcial. Não há nada mais importante para a sociedade 
e para o acusado do que saber que o juiz que irá julgar aquele caso concreto irá fazê-lo a par-
tir da análise de fatos e provas, sem se deixar movimentar por interesses pessoais. Com os 
olhos nisso, o Código de Processo Penal traz um rol de impedimentos, suspeições e incom-
patibilidades direcionados aos magistrados.
E aqui eu quero chamar sua atenção. Vamos verificar as hipóteses previstas em lei com 
muito cuidado. Porque esse é um dos pontos que mais cai em prova quando se cuida de su-
jeitos processuais!
Nossa, professora, já estou assustado, é difícil?
Difícil não é, só exige atenção! A exigência nas primeiras fases de concurso quase sempre 
passa pela literalidade da lei, misturando, por exemplo, casos de impedimento e de suspei-
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ção. Daí você sabe que aquela hipótese está na lei e imagina que a questão está correta, mas 
o examinador simplesmente misturou: elencou como caso de impedimento um que seria de 
suspeição. Por isso, o que quero de você aqui é uma leitura cuidadosa da lei, para que tenha 
em mente a que “grupo” pertence cada uma daquelas hipóteses que estão ali elencadas. Va-
mos em frente.
2.3.4. Causas de Impedimento
A doutrina nos ensina que as causas de impedimento são TAXATIVAS. Você vai reparar 
que essas causas são objetivas, no sentido de que demonstram um vínculo entre o juiz e o 
objeto daquele específico litígio. A relação é entre o juiz e fatos internos daquele feito que será 
julgado. Assim o impedimento gera a incapacidade objetiva do juiz de apreciar o feito. Aqui, 
eu tenho uma presunção absoluta de parcialidade. Caso o feito seja julgado por um juiz impe-
dido, qual a consequência? Há divergência na doutrina. Parte dela culmina o feito de nulidade 
absoluta, enquanto outra diz que a decisão é inexistente.
O art. 252 do Código de Processo Penal traz as hipóteses de impedimento do magistrado, 
afirmando que o juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
I – tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até 
o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade 
policial, auxiliar da justiça ou perito. Perceba: o problema aqui é que alguém relacionado ao juiz já 
trabalhou naquele feito. Portanto, há um problema interno (naquele processo) e de ordem objetiva 
(parente até o terceiro grau do juiz atuou no feito).
II – ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha. Mais 
uma vez, vínculo interno. Aqui vai mais além do que no inciso anterior. Foi o próprio juiz quem, de 
algum modo, atuou no feito, por exemplo, como advogado de uma das partes.
III – tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a 
questão. Também aqui o juiz, em algum momento, atuou no feito. Imagine que um desembargador 
vá julgar uma causa, em segundo grau de jurisdição, em que ele já tenha atuado em primeiro grau, 
por exemplo tendo proferido a sentença condenatória do réu, que pretende agora uma decisão que 
lhe seja favorável. É evidente o prejuízo para o réu.
IV – ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o 
terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. Vínculo interno com o pro-
cesso e cuida-se de questão objetiva, de fácil constatação. O juiz ou parente dele é parte ou tem 
interesse direto no feito. 
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Complementa o tema o art. 253 do Código de Processo Penal, ao afirmar que, nos juízos 
coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, con-
sanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive.
Vamos agora tratar das causas de suspeição. Aqui, diferentemente do que acontece no 
impedimento, temos um rol exemplificativo de hipóteses que levam à suspeição. O art. 254 
traz um rol exemplificativo, e não taxativo, como acontece no art. 252!
Também cumpre ressaltar que as hipóteses de suspeição levam a uma presunção relativa 
de parcialidade. Quando da leitura do dispositivo, vamos perceber que as hipóteses possuem 
mais subjetividade, não permitem a constatação da parcialidade do julgador com uma verifi-
cação tão direta quanto aquela que se dá quando da análise do impedimento. Sendo suspeito, 
o juiz deve assim se declarar. Caso não o faça, as partes podem se valer da exceção de sus-
peição, que será estudada em nossas próximas aulas.
Outra diferença relevante quando do estudo da suspeição é que a desobediência da regra, 
ou seja, o julgamento da causa por um juiz suspeito, conduz a uma nulidade relativa, que tem 
de ser arguida oportunamente e demanda a prova do prejuízo para que possa ser reconhecida.
Por fim, outro ponto de diferenciação é que na suspeição há um vício externo ao processo. 
O que isso significa? Aqui nos atentamos para a existência de um vínculo entre o juiz e a par-
te. Ou entre o juiz e a questão que é discutida no feito. Lembra como é lá no impedimento? Lá 
o vínculo é entre o juiz e o objeto daquele próprio litígio! Vamos ler as hipóteses para clarear 
essa última diferença?
O art. 254 do Código de Processo Penal que o juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, 
poderá ser recusado por qualquer das partes:
I – se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; Atenção! Para que a amizade seja 
considera íntima a ponto de gerar a suspeição, necessário que haja convivência e familiaridade. De 
igual modo, a inimizade deve ser tal que leve a um sentimento de vingança. Não é simplesmente 
aquela pessoa que o juiz “não vai com a cara dela”.
II – se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato aná-
logo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia. Veja, aqui o “parente” do juiz não é parte 
naquele processo que ele teria que julgar. Ele responde, em outro feito, por fato semelhante, com 
relação ao qual há controvérsia sobre ser ou não criminoso. Isso gera o risco de que o juiz tenha 
interesse em um julgamento que seja favorável àquela tese que o “parente” defende naquele outro 
feito, visando a demonstrar que aquele fato não constitui crime.
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III – se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive,sustentar 
demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes. Aqui o juiz 
tem interesse em outro processo, que vai ser julgado por uma das partes envolvidas naquele feito 
que ele está para julgar.
IV – se tiver aconselhado qualquer das partes. Aqui o juiz pode ter antecipado uma possível deci-
são que tomaria naquele caso, indicado a uma das partes o caminho a ser tomado. Por isso, deve 
se afastar do feito.
V – se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes. Ocupando um desses papéis, 
o juiz pode estar contaminado em sua imparcialidade, diante do interesse que pode ter em uma 
decisão que seja favorável ao seu credor, devedor, tutelado ou curatelado.
VI - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. Evidente está 
aqui que o magistrado não tem isenção, diante do interesse direto, para julgar pessoa jurídica de 
que seja sócio ou acionista. Vale ressaltar que há vedação para que o juiz seja administrador de 
sociedade.
Perceba. Nessas hipóteses de suspeição, não há um vinculo direto do juiz com o objeto 
do processo propriamente dito. Observemos o inciso II, para reforçar essa nossa análise. Por 
estar o juiz, ou parente dele, respondendo a processo por fato análogo, pode-se dizer que há 
vínculo entre ele e a questão que é discutida naquele feito. Isso porque o juiz pode ter inte-
resse em que o resultado seja no mesmo sentido daquele que espera alcançar naquele outro 
feito, que é similar, demonstrando que aquela prática não constitui crime, diante da contro-
vérsia que exista quanto ao caráter criminoso daquela conduta. Ele pode ser tendencioso 
para um determinado resultado, portanto. Veja eu que eu disse: pode ser! Diferente seria se 
o parente dele fosse réu naquele processo em que atua o juiz! Aqui é evidente que ele teria 
a pretensão de não condenar, por exemplo, o cônjuge dele! Daí que se diz que as hipóteses 
de impedimento decorrem de uma vinculação entre o juiz e o próprio objeto do litígio que ele 
iria julgar, enquanto na suspeição há vínculo entre o juiz e a parte ou entre o juiz e a questão
discutida na causa.
E por que eu estou batendo nessa tecla? Por causa da quantidade imensa de questões de 
concurso que elencam alguma das hipóteses do art. 252 ou do art. 254, querendo que você 
diga se é caso de suspeição ou de impedimento. E aí bate a dúvida. Porque a única certeza 
absoluta que a gente tem quando bate o olho nesse tipo de questão é que a hipótese A ou B, 
por exemplo, está descrita na lei. Mas e aí? Ela gera impedimento ou suspeição do juiz? Então 
a minha dica aqui é observar a alternativa e pensar: nesse caso, o vínculo do juiz seria direto 
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com o objeto do processo? Se sim, é impedimento. Caso contrário, se o vínculo for com a 
parte ou com a questão, a matéria discutida naquele processo, vai ser hipótese de suspeição. 
Além, sempre importante ler com bastante cuidado esses dispositivos para facilitar na hora 
da prova. Quer ver como é verdade o que estou te falando? Olha essa questão de prova aqui.
Questão 1 (MPE-PB/FCC/2018/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Os órgãos do Ministério Público 
estão impedidos de atuar nos processos em que
a) for amigo íntimo ou inimigo capital do acusado.
b) juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha 
reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive.
c) for credor ou devedor do acusado.
d) seu cônjuge, ascendente ou descendente estiver respondendo a processo por fato análogo, 
sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia.
e) for cotista ou acionista de sociedade interessada no processo.
Letra b.
A alternativa B é a única que traz causa de impedimento, prevista no art. 252 do CPP. As de-
mais trazem hipóteses de suspeição do juiz, as quais se aplicam ao órgão do Ministério Pú-
blico.
Ainda tratando de impedimento e e de suspeição, o Código de Processo Penal prossegue 
explicando que:
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela disso-
lução do casamento que lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dis-
solvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, 
o genro ou enteado de quem for parte no processo.
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O que isso significa? Quando se tratar de impedimento ou suspeição que decorra de pa-
rentesco por afinidade, dissolvido o casamento, por exemplo pelo divórcio, cessa o impedi-
mento ou a suspeição. No entanto, se sobrevierem descendentes, mesmo com a dissolução 
do vínculo permanece o impedimento ou a suspeição. De qualquer modo, com ou sem des-
cendentes, dissolvido o casamento, o juiz continua sem poder atuar se for sogro, padrasto, 
cunhado, genro ou enteado de quem for parte no processo.
Outro ponto importante aqui dentro da suspeição está no artigo 256 do Código de Proces-
so Penal, que dispõe que a suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a 
parte injuriar o juiz ou, de propósito, der motivo para criá-la.
Imagine você. O réu de um determinado feito, sabendo que o juiz para o qual foi distribu-
ído o seu processo tem a “mão pesada”, passa a injuriá-lo de forma a criar uma situação de 
animosidade. O objetivo dele? Que o juiz seja considerado suspeito para julgá-lo, em razão 
desse estado de desconforto por ele mesmo criado. Isso não pode! A lei deixa claro que nessa 
hipótese não há que se falar em suspeição.
Preste bem atenção, nos dispositivos que tratam de impedimento e suspeição a lei fala em 
parente até o terceiro grau, inclusive. Cuidado, porque têm questões de prova colocando “se-
gundo grau”. Não confunda!
Outro dispositivo que merece destaque dentro desse tema é o art. 112 do Código de Pro-
cesso Penal, que dispõe que o juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou fun-
cionários de justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando 
houver incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos (...).
O que são incompatibilidades? Abrange as situações que não estão descritas como impe-
dimento ou suspeição. São as razões que o juiz percebe que ferem sua imparcialidade, mas 
não estão elencadas na lei. O que o juiz vai fazer nesse caso? Vai dizer que não tem condições 
de atuar no feito, por exemplo, por motivo de foro íntimo, por motivo que não esteja expresso 
na lei.
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2.4. pArtes
Vamos começar agora a falar sobre as partes no processo penal. Qual o sentido proces-
sual de parte dentro do processo? São aqueles que vão atuar no processo, que têm direitos, 
ônus, obrigações, faculdades, deveres e sujeições dentro da relação jurídico-processual.
Iniciemos falando quanto àqueles que estão no polo ativo da lide. Como órgão acusador, 
vou ter o Ministério Público na ação penal pública, o querelante na ação penal de iniciativa pri-
vada. Auxiliando o Ministério Público, é possível que haja a figura do assistente de acusação. 
E, do outro lado da lide, teremos o acusado ou o querelado.
2.4.1. Ministério Público
De acordo com o art. 127 da Constituição, o Ministério Público é uma instituição perma-
nente e essencial à função jurisdicional. É o Ministério Público quem vai iniciar a ação penal 
pública. O Ministério Público se apresenta, pois, como parte que vai iniciar a ação penal pú-
blica e tem o ônus da acusação. Vale dizer: tem que provar que o réu foi o autor da infração 
penal descrita na denúncia e, senão o fizer, o réu será absolvido. Não é o réu quem precisa 
demonstrar que não foi ele o autor do fato em apuração, se o Ministério Público não tiver lo-
grado êxito em demonstrar a materialidade e a autoria do crime.
A doutrina dispõe que o Ministério Público é uma parte imparcial do processo.
Professora, mas como assim? Ser parte já não importa em ser parcial? O que seria isso?
Vou te explicar. Muito embora o Ministério Público tenha o ônus da acusação e, não com-
provando a materialidade e a autoria delitiva, a consequência seja absolvição do réu, certo é 
também que o Ministério Público está preocupado em preservar a liberdade do indivíduo. Não 
se cuida de uma parte que pretende a condenação da outra a qualquer custo. O Ministério 
Público deve se ocupar em buscar a verdade processual, respeitando as regras processuais 
penais, atento aos princípios que dizem respeito ao acusado. Assim, como Estado-acusação, 
o papel do Ministério Público passa por toda essa análise: é parte sim, mas não parte que 
busca “ganhar” o processo a qualquer custo, devendo se preocupar em trazer aos autos a 
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reprodução do fato da vida que está sendo julgado. Por isso, chamado por alguns de parte 
imparcial ou parte formal do processo. Mas, atenção, nem todos os doutrinadores concordam 
com essa afirmação! Mas é muito importante que você saiba disso, para não ter surpresas na 
sua prova com uma indagação sobre o tema, tá certo?
Continuando tratando da figura do Ministério Público, vamos analisar os princípios cons-
titucionais referentes a ele.
Unidade - o primeiro dos princípios institucionais é o da unidade. De acordo com ele, por 
ser o Ministério Público uma unidade, todos os promotores e Procuradores de Justiça inte-
gram um só órgão.
Indivisibilidade – sendo uno, o Ministério Público é, também, um órgão indivisível. Assim, 
e por atuarem os membros em nome da instituição, como “presentantes” e não representan-
tes dela, deve haver uma coerência lógica na atuação de seus membros. É isso que permite 
que haja a substituição dos promotores de justiça, podendo um deles atuar em lugar do outro.
Independência Funcional – o órgão do Ministério Público pode oficiar de forma livre, con-
forme sua consciência, seguindo a Constituição e as leis. Assim, não está subordinado a quem 
quer que seja dentro de sua instituição, quanto ao exercício de sua atividade profissional.
Agora eu te questiono: o que é o princípio do Promotor Natural? Vamos lá. De acordo com 
esse princípio, cada pessoa tem o direito de ser processada pelo órgão do Ministério Publico 
que tenha atribuição previamente definida por lei. Busca-se com ele impedir designações 
casuísticas, direcionadas para determinado fato concreto. Assim, não há que se falar em de-
signar um promotor de justiça para atuar em determinado feito, quanto a fato que já ocorreu, 
deixando de seguir as normas anteriormente fixadas, unicamente com o objetivo de que seja 
aquele específico promotor, por suas “qualidades profissionais” quem deva processar deter-
minada pessoa. Visa, pois, a impedir o denominado acusador de exceção.
Tal princípio é extraído da norma constitucional descrita no art. 5º, LIII, que dispõe que 
ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. Aqui está in-
serido o princípio do juiz natural, que desembocaria, também, na necessidade de obediência 
ao promotor natural.
Dessa forma, é a lei quem vai fixar as atribuições do órgão ministerial. A partir daí, as de-
signações e substituições de promotores são efetivadas em conformidade com os parâme-
tros legais.
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O Superior Tribunal de Justiça admite a existência do princípio do promotor natural em nosso 
ordenamento jurídico. Em decorrência disso, podemos verificar julgados em que afasta a pos-
sibilidade do chamado promotor de exceção. No Supremo Tribunal Federal, no entanto, o en-
tendimento é diverso. Há julgados daquela Corte que rechaçam a figura do promotor natural, 
inclusive sustentando ser ele incompatível com o princípio da indivisibilidade do Ministério 
Público.
2.4.1.1. Garantias e Vedações do Ministério Público
As garantias do Ministério Público são semelhantes às dos juízes. Assim, para evitar re-
petições desnecessárias, não trataremos delas aqui novamente. As vedações, por outro lado, 
são as seguintes:
a) Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas 
processuais;
b) Exercer a advocacia;
c) Participar de sociedade comercial, na forma da lei. Podem ser cotistas ou acionistas.
d) Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de 
magistério;
e) Exercer atividade político-partidária;
f) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, 
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.
2.4.2.1. Impedimento e Suspeição do Ministério Público
O art. 258 do Código de Processo Penal dispõe que os órgãos do Ministério Público não 
funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer as partes for seu cônjuge, ou parente, 
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se 
estendem, no que lhes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos 
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dos juízes. Assim, as causas de impedimento e suspeição que analisamos acima, ao tratar-
mos da figura do juiz, repetem-se aqui. O que não se repetem são as consequências decor-
rentes de serem feridas as regras de impedimento e suspeição quando se cuidar da figura 
do promotor de justiça. Isso porque, diante do silêncio da lei, prepondera que, seja impedido, 
seja suspeito, a atuação do membro do Ministério Público em determinado feito gera apenas 
nulidade relativa.
Importante ponto a ser analisado nesse tópico, pois muito cobrado em prova de concur-
sos, é o que diz respeito ao não impedimento ou suspeição para oferecer denúncia do promo-
tor de justiça que tenha atuado na fase investigatória. Tanto que se cuida de entendimento 
sumulado, nos termos do enunciado 234 da Súmula do STJ, que dispõe: a participação de 
membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento 
ou suspeição para o oferecimento da denúncia”.
2.4.2. Ofendido
Como sujeito passivo da relação jurídico-processual, o ofendido pode ocupar o papel de 
querelante, quando se cuidar de crime que se processe mediante ação penal de iniciativa pri-
vada, ou pode atuar como assistente de acusação. Importa aqui a análise mais detalhada da 
figura do assistente de acusação, pois as minúcias relativas ao oferecimento da queixa-crime 
na ação penal de iniciativa privada já foram estudadas na aula anterior.
Nos termos do art. 268, do CPP, em todos os termos da ação penal pública, poderá in-
tervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na 
falta, qualquer das pessoas mencionadas no art. 31 (cônjuge, ascendente, descente ou irmão, 
devendo ser incluído também o companheiro). Esse dispositivo também é importante porque 
afasta a intervenção do assistente de acusação na fase de investigação, pois se refere ex-
pressamente à atuação em todos os termos da ação penal pública.
Importante destacar que o ofendido deve constituir advogado para representar seus inte-
resses em juízo, na qualidade de assistente de acusação, tendo em vista que necessária ca-
pacidade postulatória(exceto se ele próprio for advogado devidamente inscrito nos quadros 
da Ordem dos Advogados do Brasil). A defensoria pública também pode cumprir esse papel, 
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pois, conforme julgados do Superior Tribunal de Justiça, a atuação como assistente de acu-
sação não é incompatível com a função institucional daquele órgão.
O Código de Defesa do Consumidor traz uma importante previsão referente ao assistente 
de acusação. Dispõe o art. 80 daquela lei que: no processo penal atinente aos crimes pre-
vistos neste código, bem como a outros crimes e contravenções que envolvam relações de 
consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados 
no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor ação penal subsidiária, se a 
denúncia não for oferecida no prazo legal. E quem são esses legitimados? III - as entidades 
e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, 
especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código; 
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus 
fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada 
a autorização assemblear. Então esses legitimados, cuidando-se de crime previsto no Código 
de Defesa do Consumidor, podem atuar como assistentes do Ministério Público.
O art. 269 do CPP dispõe que o assistente pode se habilitar a qualquer momento no pro-
cesso penal condenatório, enquanto não passar em julgado a sentença. Portanto, após o 
trânsito em julgado da sentença penal, não há mais que se falar em habilitação do assistente 
de acusação. Afastada, pois, a possibilidade de habilitação de assistente de acusação na 
execução penal, até porque não se cuida mais de processo penal condenatório. Também dis-
ciplina esse mesmo dispositivo que o assistente de acusação recebe o processo no estado 
em que se achar. Vale dizer, não há que se repetir ato processual já praticado, meramente para 
atender a pleito do assistente nesse sentido.
O art. 270 do Código de Processo Penal veda a atuação de correu como assistente de acusa-
ção.
Feito o pedido de habilitação, o Ministério Público será previamente ouvido, obrigatoria-
mente, nos termos do art. 272 do CPP. Aqui, só poderá o Ministério Público manifestar-se 
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contrariamente à habilitação quando constatar que o postulante não é o sujeito passivo do 
crime (ou o representante legal ou sucessores do ofendido). Assim, ouvido o Ministério Públi-
co, verificando o juiz que o postulante é sujeito passivo daquele crime (ou representante legal 
ou sucessor do ofendido, em caso de morte), bem como que não se cuida de corréu e que está 
devidamente representado por advogado, o pedido de habilitação deve ser deferido, ainda que 
o Ministério Público tenha se manifestado em sentido contrário, pois não se verifica causa 
para isso, diante da presença de todos os requisitos necessários.
O art. 273 do CPP dispõe que contra a decisão que admite ou não admite o assistente de 
acusação no feito, não cabe recurso, devendo constar dos autos o pedido e a decisão. Doutri-
na e jurisprudência dispõem sobre a possibilidade de impetração de mandado de segurança 
para atacar essa decisão.
A figura do assistente de acusação vem ganhando força no nosso processo penal. Duas 
correntes tratam sobre o papel dele diante de um caso concreto. A primeira delas para afirmar 
que o interesse do assistente de acusação é em uma sentença condenatória, visando à repa-
ração do dano decorrente do evento criminoso. No entanto, cada vez mais vem ganhando for-
ça uma segunda corrente, que não vincula o assistente de acusação a aspectos meramente 
patrimoniais, mas sim que diz que ele está em busca de uma condenação justa. Esse último 
entendimento está em consonância com vários dispositivos previstos em nossa legislação, 
bem como com o entendimento dos tribunais superiores, que demonstram que a figura do 
assistente de acusação tem importância cada vez mais elevada em nosso ordenamento jurí-
dico, a exemplo da previsão de que o assistente de acusação tem legitimidade para requerer 
prisão preventiva do réu (art. 311 do CPP).
Para atuação do assistente de acusação em plenário do Tribunal do Júri, a lei processual pe-
nal exige, em seu art. 430, que haja o requerimento de habilitação até 5 dias antes da data da 
sessão em que pretende atuar! Muito cuidado!
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Habilitado no processo, o advogado do assistente de acusação será intimado, mediante 
publicação, dos atos processuais vindouros, devendo constar o nome do acusado, sob pena 
de nulidade. O não comparecimento do assistente de acusação a determinado ato processual 
não impede que ele se concretize. Inclusive, o art. 457 do CPP, ao cuidar do procedimento do 
tribunal do júri, disciplina que o julgamento não será adiado pela ausência do advogado do 
assistente de acusação que tenha sido regularmente intimado.
Outro ponto importante a se destacar diz respeito às atribuições do assistente de acusa-
ção habilitado nos autos, que são as seguintes:
• propor meios de provas;
• requerer perguntas às testemunhas;
• aditar o libelo. O libelo foi extinto pela Lei n. 11.689/2008. Com isso, há quem entenda 
que o assistente de acusação deva ser intimado para que se manifeste nos termos do 
art. 422 do CPP, que trata da preparação do processo para julgamento em plenário, caso 
esteja habilitado nos autos, hipótese em que poderá arrolar testemunhas, observado o 
número legal máximo, em cotejo com as testemunhas arroladas pelo órgão ministerial.
• aditar os articulados, ou seja, as manifestações das partes feitas por escrito, a exemplo 
das alegações finais por memoriais.
• participar do debate oral;
• arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público;
• requerer a decretação de prisão preventiva, bem como de medidas cautelares diversas 
da prisão;
• requerer o desaforamento;
• recorrer supletivamente.
O assistente de acusação pode recorrer, caso o Ministério Público não o faça, ainda que 
não esteja previamente habilitado nos autos! Portanto, cuida-se de recurso supletivo ou sub-
sidiário. Passado o prazo para recurso do órgão ministerial, inicia-se o prazo de 5 dias para 
que o assistente, habilitado nos autos, recorra. Por outro lado, intimado o ofendido da senten-
ça proferida pelo juízo criminal, pode ele recorrer, ainda que não esteja previamente habilitado, 
mas aqui o prazo é de 15 dias, nos termos do art. 598 do CPP. O entendimento é de que a peça 
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de interposição vale como pedido de habilitação, devendo estar acompanhada de demonstra-
ção de que o recorrente se cuida de alguma das pessoas indicadas no art. 268 do CPP. Sobre 
o poder de recorrer do assistente de acusação, conversaremos com mais cuidado na nossa 
aula sobre recursos no processo penal.
2.4.3. Do Acusado
O acusado já sabemos quem é: aquele contra quem é direcionada uma acusação. Aquele 
que, em tese, praticou o crime, devendo estar a denúncia acompanhada de elementos su-
ficientes que permitam, em uma análise rasa, deduzir pela existência de indícios de ter ele 
praticado o fato criminoso. Assim, recebida a denúncia, ele passa de indiciado para a posição

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