Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Brasília-DF. Planejamento e Controle da Produção Elaboração Alexandre Silva Pinheiro Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APrESEntAção ................................................................................................................................. 5 orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 6 introdução.................................................................................................................................... 8 unidAdE i Introdução ao Planejamento e ao Controle da Produção ..................................................... 9 CAPítulo 1 a ComPetItIvIdade Como Fator de SuCeSSo daS emPreSaS .............................................. 9 CAPítulo 2 IndICadoreS de Performance doS SetoreS ProdutIvoS ............................................... 13 CAPítulo 3 atIvIdadeS e InterFaCeS do Planejamento e do Controle da Produção ................... 16 CAPítulo 4 SIStemaS e eStratégIaS de Produção ................................................................................ 20 CAPítulo 5 IndICadoreS de Performance do PCP ............................................................................ 27 unidAdE ii Planejamento de materIaIS ............................................................................................................. 30 CAPítulo 1 aS FunçõeS doS eStoqueS e o Seu ImPaCto no reSultado daS emPreSaS ..................... 30 CAPítulo 2 ClaSSIFICação doS eStoqueS ............................................................................................ 32 CAPítulo 3 a ClaSSIFICação aBC ......................................................................................................... 38 CAPítulo 4 ConCeItoS utIlIzadoS na geStão doS eStoqueS .............................................................. 43 CAPítulo 5 CuSto doS eStoqueS ........................................................................................................... 45 CAPítulo 6 FerramentaS Para o Planejamento de materIaIS – mrP KanBan .................................... 52 unidAdE iii Planejamento de CaPaCIdade ........................................................................................................ 70 CAPítulo 1 ConCeItoS de CaPaCIdade ProdutIva .............................................................................. 70 CAPítulo 2 temPoS-PadrõeS e CálCulo da CaPaCIdade ProdutIva .................................................. 72 CAPítulo 3 reCurSoS utIlIzadoS Para o aumento da CaPaCIdade ProdutIva.................................. 81 CAPítulo 4 teorIa daS reStrIçõeS e oS gargaloS de Produção ..................................................... 83 unidAdE iV Programação e Controle da Produção ................................................................................... 87 CAPítulo 1 regraS de PrIorIzação...................................................................................................... 87 CAPítulo 2 o Plano meStre de Produção .......................................................................................... 93 rEfErênCiAS .................................................................................................................................. 95 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico- tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para refl exão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao fi nal, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fi m de que o aluno faça uma pausa e refl ita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifi que seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As refl exões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, fi lmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 7 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fi xação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fi xação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verifi car a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certifi cação. Para (não) fi nalizar Texto integrador, ao fi nal do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 introdução Na empresa moderna a multiplicidade de suas atividades faz salientar a necessidade de um organismo de interação e controle entre seus inúmeros departamentos. O Planejamento e Controle da Produção (PCP) tem essencialmente essa finalidade, por meio de um conjunto de funções inter-relacionadas que comandam o processo produtivo, harmonizando-o e coordenando-o com os demais setores logísticos da empresa. Ele deve estar apto a fornecer de maneira ágil todos os prazos de fabricação e alterações dos planos, bem como identificar todas as necessidades de recursos necessários ao atendimento das necessidades dos clientes objetivos » Compreender o funcionamento, os objetivos e os impactos do planejamento e o controle da produção nos resultados das empresas. » Compreender os sistemas e as estratégias de produção. » Conhecer as ferramentas de planejamento de materiais e de capacidade. 9 unidAdE i introdução Ao PlAnEjAmEnto E Ao ControlE dA Produção CAPítulo 1 A Competitividade como fator de Sucesso das Empresas No Brasil, as empresas enfrentamo desafio de tornar-se mais competitivas num ambiente econômico globalizado e com formação de blocos econômicos. Além das dificuldades impostas pelo cenário mencionado, as empresas brasileiras ainda encontram obstáculos adicionais, como as elevadas taxas de juros e os elevados encargos sociais vigentes. Segundo estudo de José Pastore, citado por CNI (1998), os encargos trabalhistas, no Brasil, constituem 102,6% da folha de pagamento das empresas, contra 60% na Alemanha, 58,8% na Inglaterra, 51% na Holanda e 9% nos Estados Unidos. Dessa forma, verifica-se que o recurso “conhecimento” vem aumentando aceleradamente sua importância para o desempenho empresarial e que os desafios impostos pela relativa e recente abertura econômica tornam a questão da gestão do conhecimento fundamental para as empresas brasileiras poderem enfrentar a concorrência nacional e internacional e mesmo sobreviver aos desafios impostos pelo cenário mundial. Com isso, podem ser observadas, nos cenários econômicos, as seguintes tendências. » Quebra de barreiras. » Acirrada concorrência a nível mundial. » Fortes investimentos em TECNOLOGIA por parte das empresas. » Mudança do paradigma de LUCROS. » Fusões e aquisições corporativas. » Obstinação por redução de custos (VALOR AGREGADO). » COMPETITIVIDADE como sinônimo de SOBREVIVÊNCIA. 10 unidAdE i │ introdução Ao PlAnEjAmEnto E Ao ControlE dA Produção A mudança do paradigma de lucros é decorrente da maneira como as empresas, no passado, operavam: os seus custos eram apurados, uma margem de lucro desejada era adicionada ao custo e, com isso, chegava-se ao preço de venda do produto, forma esta representada pela equação a seguir: C + L = PV, onde: C = Custo de produto L = Margem de lucro PV = Preço de venda do produto No cenário atual da economia, com a concorrência acirrada, o preço de venda é determinado pelo mercado. As empresas que tiverem os seus produtos disponibilizados aos consumidores com preços superiores à concorrência certamente serão afetadas em termos de volume de vendas. Portanto, não resta outra alternativa às empresas, a fim de não terem as suas margens comprometidas, a não ser REDUZIR CUSTOS. Com isso, a equação passa a ser escrita de outra forma: L = PV – C, onde: PV= Preço de venda do produto (determinado pelo mercado) Portanto, nos dias de hoje, a melhoria nos índices de PRODUTIVIDADE tornou-se quase que uma obsessão pelas empresas, pois ela significa não mais um lucro maior, mas sim SOBREVIVÊNCIA. Muitas vezes, em face do desconhecimento de técnicas que levam a um aumento de produtividade consistente, muitas empresas buscam melhorias de produtividade de forma amadora, pelo famoso “bom senso” ou “experiência”, sempre da forma mais fácil: demissões. e acabam entrando num ciclo do “CONTRATA-DEMITE” o que faz com que, efetivamente, os seus custos aumentem e sua produtividade efetiva diminua, comprometendo os resultados e a operação das empresas. Para tornar uma empresa competitiva, é necessário o desenvolvimento de uma ESTRATÉGIA que deve ter como foco os fatores mais relevantes sob a ótica dos clientes. Este conhecimento de mercado é fundamental para que os esforços e os investimentos sejam aplicados de forma correta e eficaz de modo a refletirem um aumento dos níveis de competitividade da empresa. Dessa forma, torna-se fundamental o conhecimento dos fatores que influenciam diretamente os níveis de competitividade de uma empresa, a fim de que possam ser identificados e analisados. 11 introdução Ao PlAnEjAmEnto E Ao ControlE dA Produção│ unidAdE i Seis fatores influenciam diretamente nos níveis de competitividade de uma empresa. » Custo: ligado diretamente ao preço de venda do produto ou do serviço. Uma empresa é mais competitiva do que outra porque oferece um produto mais barato. » Qualidade: ligado diretamente à qualidade do produto ou do serviço. Uma empresa é mais competitiva do que outra porque oferece um produto ou serviço de melhor qualidade. » Prazo: ligado às entregas no prazo acordado com o cliente. É o grau de confiabilidade do cliente quanto ao cumprimento dos prazos. Afetam diretamente o planejamento das atividades do cliente e impactam os níveis de estoque de segurança dos materiais dos clientes, uma vez que, quanto maior o grau de incerteza do recebimento dos materiais nas datas previstas, maior o estoque a ser mantido para garantir o funcionamento das operações em casos de atrasos de entrega por parte dos fornecedores. » Rapidez: ligado ao prazo de entrega do produto. Quanto mais rápido for o processo, desde a colocação do pedido pelo cliente até o recebimento do produto, menos estoque o cliente deverá manter para garantir as suas operações.Em serviços de fast food, este fator é fundamental. » Flexibilidade: ligado ao grau de opções (variedade) à disposição do cliente, quer seja em nível de produtos e serviços como em formas e condições de pagamento, customizações etc. » Atendimento: ligado à qualidade do atendimento. Alguns autores consideram este fator sendo um fator ligado à QUALIDADE, porém ele é tão importante que deve ser destacado. Uma empresa A é mais competitiva do que uma empresa B porque oferece uma qualidade de atendimento superior. Um bom serviço de pós-venda pode ser incluído como um fator de atendimento. 12 UNIDADE I │ INtroDUção Ao PlANEjAmENto E Ao CoNtrolE DA ProDUção Princípios Básicos de Competitividade Figura 1 – Princípios básicos de competitividade FAZER BARATO VANTAGEM DO CUSTO FAZER CERTO VANTAGEM DA QUALIDADE FAZER NO TEMPO VANTAGEM DA CONFIABILIDADE FAZER RÁPIDO VANTAGEM DA VELOCIDADE FAZER VARIADO VANTAGEM DA FLEXIBILIDADE ATENDER BEM VANTAGEM DO ATENDIMENTO Fonte: elaboração do autor Cada um desses princípios, nos dá uma vantagem competitiva e o MERCADO é quem diz qual deles é o mais importante. Para a determinação do correto direcionamento da empresa com relação aos esforços a serem alocados para tornar a empresa mais competitiva, é imperativo a classificação dos fatores acima em: » Ganhadores de Pedido: são os fatores que efetivamente levam o consumidor a tomar a decisão pela compra (ou não) do produto. » Qualificadores: são os fatores que não levam à decisão pelo produto, porém, caso não sejam atendidas exigências mínimas, o consumidor desiste da opção pelo produto. » Menos Importantes: são fatores que não são levados em consideração pelo consumidor na hora da escolha. Por exemplo, para um fabricante de palitos de fósforo, o item CUSTO é muito mais significativo, que o item FLEXIBILIDADE. É um GANHADOR DE PEDIDOS. Já em uma empresa fabricante de carros luxuosos, para pessoas de poder aquisitivo bastante elevado, talvez os fatores GANHADORES DE PEDIDOS sejam QUALIDADE e ATENDIMENTO. Já para um supermercado, o CUSTO e a FLEXIBILIDADE podem ser os fatores GANHADORES DE PEDIDOS, enquanto que a QUALIDADE talvez seja um fator QUALIFICADOR. 13 CAPítulo 2 indicadores de Performance dos Setores Produtivos Produzir = Agregar Valor O termo “AGREGAR VALOR“, bastante utilizado nos dias de hoje, refere-se a tudo aquilo pelo qual o cliente se dispõe a pagar. Nenhum cliente paga mais por um produto pelo simples fato de o mesmo deslocar-se quilômetros para ser produzido, sofrer inúmeros retrabalhos durante o seu processo de fabricação, ter o seu custo impactado por perdas no processo produtivo e inúmeras esperas e inspeções durante o processo produtivo ou funções adicionais sem grande utilidade para o cliente. Conforme foi visto, as empresas têm uma única saída para sobreviver: serem competitivas, sendo que um dos principais fatores de competitividade está relacionado ao custo do produto, que deve, portanto,ser minimizado. Portanto, TUDO que NÃO AGREGA VALOR ao produto ou serviço deve ser ELIMINADO do processo. São considerados como perdas, ou seja, só adicionam custo ao produto. Figura 2 – Perdas no processo produtivo AGREGAM VALOR ATIVIDADES PRODUTIVAS NÃO AGREGAMVALOR (PERDAS): – MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS – ESPERAS – RETRABALHOS – INSPEÇÕES – OPERAÇÕES IMPRODUTIVAS – CONTROLES – BUROCRACIA Fonte: elaboração do autor 14 unidAdE i │ introdução Ao PlAnEjAmEnto E Ao ControlE dA Produção Os indicadores de performance têm como objetivo a medição do desempenho de uma determinada operação, o conjunto de operações ou mesmo de uma empresa, mostrando de forma realística os resultados de seus processos-chave para o sucesso da empresa e indicando tendências e oportunidades de melhorias nos processos com problemas de performance. Permitem também a comparação com processos ou empresas do mercado, posicionando, desta forma, a empresa junto aos seus competidores em seu ramo de atuação. Os indicadores de performance mais utilizados para monitorar os processos produtivos são: produtividade, efi ciência e efi cácia. A produtividade pode ser defi nida como a relação entre as: SAÍDAS GERADAS e as ENTRADAS CONSUMIDAS, ou seja, é tudo que, direta ou indiretamente, gera ENTRADA de receita na Cia dividido por tudo que, direta ou indiretamente, CONSOME recursos. Como exemplo de indicadores de produtividade, temos: ton/ HH, Faturamento/n. de funcionários, kgs processados/HH, kgs processados/funcionários, pçs/hora etc. A medição e o acompanhamento dos índices de produtividade é um indicador de uso bastante comum nas empresas, independente do seu ramo de atuação. A EFICIÊNCIA refl ete a performance operacional no desempenho de uma determinada atividade, segundo um MÉTODO PREVIAMENTE DEFINIDO. Ela é expressa na seguinte forma: RESULTADO REAL/RESULTADO TEÓRICO ESPERADO, uma vez estabelecido um método padrão de trabalho e é dado sob a forma de percentual (%). A EFICÁCIA é uma COMPARAÇÃO DE RESULTADOS OBTIDOS ou DE RESULTADOS TEÓRICOS entre DOIS MÉTODOS ou PROCESSOS DIFERENTES e é dado, também, sob a forma de percentual (%). Um funcionário da Empresa ABC consegue armazenar, seguindo o método estabelecido pela empresa, 400 engradados de cerveja em 8 horas de trabalho. A sua produção, em um determinado dia, foi de 360 engradados. Já o funcionário da Empresa XYZ consegue armazenar, seguindo o método estabelecido pela empresa, 800 engradados de cerveja em 8 horas de trabalho. A sua produção, em um determinado dia, foi de 400 engradados. Calcule os indicadores de produtividade, efi ciência e efi cácia das empresas. Solução: 1) Produtividade: 15 Introdução ao Planejamento e ao Controle da Produção│ unIdade I Operador ABC = 360 engradados/8 horas = 45 engradados/hora Operador XYZ = 400 engradados/8 horas = 50 engradados/hora 2) Eficiência: Operador ABC = 360 engradados (realizado)/400 engradados (teórico) = 90% Operador XYZ = 400 engradados (realizado)/800 engradados (teórico) =50% 3) Eficácia: Operadores: Operador XYZ = 400 engradados (realizado)/Operador ABC = 360 engradados (realizado) O operador da empresa XYZ foi 11,1% mais eficaz. Método: Método XYZ = 800 engradados (teórico)/Método ABC = 400 engradados (teórico) O método utilizado pela empresa XYZ é 100% mais eficaz. 16 CAPítulo 3 Atividades e interfaces do Planejamento e do Controle da Produção O Planejamento, Programação e Controle da Produção (PCP) é a função administrativa que tem como objetivo fazer os planos que orientarão a produção e que servirão de guia para o estabelecimento dos prazos de fabricação junto aos clientes e determinação dos recursos necessários ao atendimento da demanda esperada. O PCP é a grande central de informações da fábrica. Ele deve estar apto a fornecer de maneira ágil todos os prazos de fabricação e alterações dos planos, bem como identifi car todas as necessidades de recursos necessários ao atendimento das necessidades dos clientes. As atividades de planejamento, programação e controle de produção correspondem às seguintes ações. Planejamento da produção Consiste na defi nição do que, quanto e como fabricar cada componente ou cada produto. O planejamento de produção é visto sob diferentes enfoques e objetivos, em função do horizonte de tempo a ser considerado, conforme mostrado abaixo. » Planejamento Estratégico: é um meio amplo e sistemático de preparar as decisões relativas à escolha de mercados e produtos adequados, tendo em vista uma situação saudável em longo prazo para a empresa. Inclui a análise quanto aos meios e recursos necessários, tais como estrutura industrial, equipamentos necessários, investimentos no setor produtivo, qualifi cação de pessoal necessária etc. O Planejamento Estratégico é desenvolvido sob a supervisão direta da alta direção da empresa, com o envolvimento de todas as áreas e refere-se ao planejamento com horizonte de um a três anos. 17 introdução Ao PlAnEjAmEnto E Ao ControlE dA Produção│ unidAdE i » Planejamento Tático: está ligado ao PLANEJAMENTO DE VENDAS (FORECAST) e a determinação dos RECURSOS NECESSÁRIOS, para o atendimento das necessidades de mercado num horizonte de três a seis meses. É realizado pela média gerência, muitas vezes sendo utilizadas reuniões de planejamento agregado de vendas e de operações (Sales&Operations Planning – S&OP). O planejamento tático é fundamental para a tomada de ações antecipada em termos de necessidade de recursos (mão de obra, máquinas e equipamentos e ferramental), evitando, dessa forma, a necessidade da tomada de “ações urgentes” de obtenção de recursos em fase da entrada de pedidos. » Planejamento Operacional: consiste na elaboração do PLANO MESTRE DE PRODUÇÃO, ou seja, o plano no qual estão estabelecidos todos os parâmetros necessários à produção: o que, quanto, quando e como produzir. Atualmente, utilizam-se ferramentas computacionais, como o MRP/MRPII para a elaboração do plano mestre de produção, conforme será visto nos capítulos seguintes. Programação da produção Consiste na definição do que fabricar, quando fabricar, como fabricar e onde fabricar. É a ORDEM para que a produção seja efetivamente realizada. A programação da produção é validada junto às fábricas por meio das ORDENS DE PRODUÇÃO (OPs) ou ORDENS DE FABRICAÇÃO (OFs), que são documentos que autorizam o início de produção e que contêm as principais informações referentes à data prevista para início de fabricação, quantidades e recursos a serem utilizados. Controle da produção Consiste na determinação do que foi realizado efetivamente em comparação com o planejado, as causas dos desvios, a visualização de eventuais atrasos e informações para eventuais replanejamentos. Sua principal ação é o monitoramento contínuo do processo, para que ações corretivas sejam tomadas o mais próximo possível dos desvios, de modo a que o plano estabelecido possa ser atendido. 18 unidAdE i │ introdução Ao PlAnEjAmEnto E Ao ControlE dA Produção As atividades do setor de PCP variam de empresa para empresa em função de sua estrutura organizacional e podem ser resumidas assim. » Efetuar todo o delineamento dos pedidos de vendas (quando necessário). » Manter os níveis de estoques de materiais definidos. » Levantar as necessidades de materiais atuais e futuras. » Acompanhar rigorosamente os níveis de estoques. » Emitir Ordens de Compras. » Emitir Requisição de Materiais para a utilização na Produção. » Elaborar Plano Mestre de Produção a ser validado com a Produção. » Emitir Ordens de Produção. » Conhecer toda a Capacidade Produtiva da fábrica, em cada Centro de Trabalho. » Conhecer todo o Plano de Manutenção estabelecido pela cia. » Manter constantemente atualizado o status de cada Ordem de Produção. » Sinalizar ao Departamento Comercial eventuais atrasos. » Monitorar recebimento de Materiais. » Sugerir ações para aumento de capacidade produtiva. » Controlar todo o estoque de materiais em processo. » Gerar relatórios de Ordens atendidas. » Informar/negociar com a Produção/Vendas todas as alterações dos planos. » Monitorar embarques de materiais junto à Expedição. 19 introdução Ao PlAnEjAmEntoE Ao ControlE dA Produção│ unidAdE i O profissional de PCP deve ser uma pessoa com características de fácil relacionamento e deve ser também um bom negociador. O PCP interage com praticamente todos os Departamentos da fábrica. » Interface com Produção: verificar cumprimento de prazos, negociar aumento de capacidade, atuar junto à qualidade dos produtos, priorizar fabricações etc. » Interface junto à Manutenção: verificar % de paradas de máquinas e planos de manutenção programados. » Interface com Compras: negociar prazos em função das necessidades, verificar recebimento de produtos etc. » Interface com Contabilidade: passar informações de Hora Máquina e Tempo Padrão para efeito de custeamento de produto, informar estoque em processo etc. » Interface junto a Finanças: verificar necessidades de Caixa da empresa a fim de priorizar fabricação. » Interface junto a Estoques: verificar disponibilidade de materiais e níveis de estoque, verificar agilização de entrega de matérias-primas e insumos necessários à fabricação etc. » Interface junto ao Departamento Comercial: negociar prazos, verificar possibilidade de atendimento, informar eventuais atrasos etc. » Interface junto à Expedição/Faturamento: verificar embarque de materiais. 20 CAPítulo 4 Sistemas e Estratégias de Produção Sistemas de Produção Um SISTEMA é um conjunto de partes que interagem entre si por meio da realização de funções bem específicas, com um objetivo comum bem determinado. Um Sistema de Produção é definido como o conjunto de atividades e operações interrelacionadas envolvidas na PRODUÇAO de bens ou de serviços. Os principais componentes de um Sistema de Produção são indicados na figura abaixo. Figura 3 – Sistemas de Produção – modelo de transformação Fonte: elaboração do autor Classificação dos Sistemas de Produção A classificação dos sistemas de produção é de suma importância, pois facilita o entendimento das características inerentes a cada Sistema de Produção, ajudando a identificar o nível de complexidade das atividades do PCP. A sua classificação pode ser feita segundo os vários critérios aqui mostrados. 21 introdução Ao PlAnEjAmEnto E Ao ControlE dA Produção│ unidAdE i Por grau de padronização dos produtos Os Sistemas de Produção podem ser classificados, segundo o critério do grau de padronização dos produtos, da seguinte maneira. » Produtos padronizados: são bens ou serviços que apresentam alto grau de uniformidade, geralmente produzidos em grande escala. O cliente espera encontrá-los à sua disposição no mercado. Seus sistemas produtivos podem ser organizados de forma a padronizar mais facilmente os seus recursos. Ex.: Bens (eletrodomésticos, automóveis, roupas, alimentos industrializados, remédios...) Serviços (bancos, fast foods, linhas aéreas...) » Produtos sob medida: são bens ou serviços desenvolvidos para um cliente específico. Não são produzidos para estoque (exceto quando o cliente firma contrato de fornecimento). Apresentam dificuldade em padronizar os métodos de trabalho e recursos produtivos, gerando produtos mais caros que os padronizados. A automação do processo é menos aplicável. Ex.: Bens (construção civil, projetos específicos,alta costura...) Serviços (restaurantes a la carte, clínicas médicas, táxis...) Por tipo de operação que sofrem os produtos » Processos contínuos: envolvem a produção de bens ou serviços que não podem ser identificados individualmente. São empregados quando existe alta uniformidade na produção e na demanda de bens e serviços. Favorecem a automação e não há flexibilidade no Sistema, requerendo altos investimentos em tecnologia. A mão de obra é empregada apenas para a condução e manutenção das instalações, sendo o seu custo insignificante em relação aos demais custos envolvidos Ex.: Bens (energia elétrica, petróleo, produtos químicos...) Serviços (aquecimento, refrigeração, limpeza contínua...) » Processos discretos: envolvem a produção de bens ou serviços que podem ser isolados em lotes ou unidades, cada lote ou produto podendo 22 unidAdE i │ introdução Ao PlAnEjAmEnto E Ao ControlE dA Produção ser identifi cado individualmente em relação aos demais e são assim classifi cados. › Processos repetitivos em massa: empregados na produção em grande escala de produtos altamente padronizados. A demanda dos produtos apresenta pouca fl utuação. Normalmente utiliza mão de obra pouco qualifi cada e com grau de polivalência baixa. Ex.: Bens (automóveis, eletrodomésticos...) Serviços (transporte aéreo, rotinas de faturamento...) › Processos repetitivos em lotes: envolvem os empregados na produção de produtos e serviços de linha com baixo/médio volume de produção. O Sistema Produtivo deve ser relativamente fl exível, empregando equipamentos pouco especializados e mão de obra polivalente, visando atender a diferentes clientes e fl utuações de demanda. Ex.: Bens (sapatos, ferragens...) Serviços (restaurantes, laboratórios de análises...) › Processos por projeto: envolvem o atendimento de uma necessidade específi ca dos clientes. O produto tem uma data específi ca para ser concluido, a partir da qual o sistema produtivo fi ca totalmente disponível para um novo projeto. Exige alta fl exibilidade dos recursos produtivos; portanto, geralmente gera custos mais elevados devido a pouca repetitibilidade dos processos. Ex.: Bens (fabricação de navios, móveis sob encomenda...) Serviços (agência de propagandas, escritórios de advocacia, projetos de arquitetura...) Nem sempre toda a produção em série corresponde à produção em massa. Pela natureza dos produtos » Produtos » Serviços 23 Introdução ao Planejamento e ao Controle da Produção│ unIdade I Estratégias de Produção quanto ao grau de especulação A classificação das estratégias de produção, segundo o critério “especulação”, refere-se ao grau de risco considerado no planejamento e na execução da produção. A chamada “Razão P/D” indica o GRAU DE ESPECULAÇÃO, ou seja, quanto MENOR for a relação P/D, MENOR é o grau de especulação com relação ao planejamento, onde: P=>Tempo entre a compra das matérias-primas necessárias à produção e a entrega do produto ao cliente. D=>Tempo entre a colocação do pedido pelo cliente e a entrega do mesmo ao cliente,também chamado de Lead Time de entrega. É um dos fatores de COMPETITIVIDADE das empresas. Os sistemas modernos de Manufatura Enxuta visam trabalhar com a relação unitária P/D com valores de P e de D minimizados. As estratégias de produção, quanto ao grau de especulação, podem ser assim classificadas. » Fazer para estoques Esta estratégia de produção propicia a vantagem da pronta-entrega do produto, que pode ser um fator ganhador de pedidos. Por outro lado, a empresa que a adota arca com os custos de manutenção de estoques, bem como custos de risco de obsolescência de materiais. Só deve ser utilizada em produtos com REGULARIDADE DE DEMANDA. Figura 4 – estratégia de fazer para estoque Fonte: elaboração do autor 24 UNIDADE I │ INtroDUção Ao PlANEjAmENto E Ao CoNtrolE DA ProDUção » Produzir contrapedido Esta estratégia propicia a vantagem da não existência de produtos acabados. É utilizada em empresas que produzem sob encomenda a partir de um conjunto de materias-primas básicas. Também são utilizadas em sistemas em que as montagens finais são feitas de acordo com a necessidade do cliente, a partir de materiais semielaborados de uso comum, em que apenas um pequeno grupo de componentes finais é incorporado ao produto de acordo com as necessidades de cada cliente. Apresenta as desvantagens de ter que manter estoques de matérias primas e, às vezes, produtos semielaborados. Figura 5 – estratégia de produzir contrapedido Fonte: elaboração do autor » Comprar contrapedido Esta estrutura tem como vantagem a ausência de estoques, porém a sua principal desvantagem é o longo tempo de entrega do produto, sendo utilizado em empresas que fabricamprodutos não seriados de alta variedade. Figura 6 – estratégia de produzir contrapedido Fonte: elaboração do autor 25 introdução Ao PlAnEjAmEnto E Ao ControlE dA Produção│ unidAdE i quanto ao tipo de acionamento da produção Produção empurrada A produção é acionada a partir de uma PREVISÃO de vendas,onde cada posto de trabalho produz o máximo possível, visando a maximização dos resultados de performance individuais. Em geral, a produção empurrada trabalha com grandes lotes de produtos, os lead times são longos e é grande a quantidade de material em processo. Em casos de produtos de baixo valor agregado, longos set ups ou perdas de início de processo e que tenham regularidade de demanda, a produção empurrada é recomendada. Figura 7 – Produção empurrada Fonte: elaboração do autor Figura 8 – Produção empurrada Fonte: elaboração do autor 26 unidAdE i │ introdução Ao PlAnEjAmEnto E Ao ControlE dA Produção Produção puxada Na produção puxada, a produção é acionada a partir das vendas realizadas ou, no caso de uma fábrica, a partir da necessidade de material do posto subsequente. Neste sistema, os lead times e os estoques em processo são baixos, permitindo o atendimento aos clientes, com maior flexibilidade. O seu funcionamento pode ser inviabilizado em linhas com longos tempos de set up em função dos custos de preparação envolvidos. Baseia- se no princípio do SUPERMERCADO, onde uma pequena quantidade de produtos é colocada nas prateleiras, sendo repostas à medida que são consumidas. A produção puxada é recomendada para grandes volumes de produção ou produtos de grandes dimensões que exijam grandes áreas para armazenamento, produtos de alto valor agregado, cuja minimização dos custos de estoque se tornam imperativos, e linhas que exijam grande flexibilidade em termos de mix de produção. Figura 9 – Produção puxada Fonte: elaboração do autor Figura 10 – Produção puxada Fonte: elaboração do autor 27 CAPítulo 5 indicadores de Performance do PCP O mundo ideal: Trabalhar com 100% de performace de entrega (pontualidade) e estoque zero. Um dos principais objetivos dos gestores de Planejamento e Controle de Produção é atender aos clientes de forma rápida e no prazo acordado. Essa tarefa seria fácil se as empresas trabalhassem com altos estoques, porém sabe-se que os altos valores envolvidos na manutenção dos estoques inviabiliza essa estratégia. O grande desafi o dos gestores de PCP é obter o grau máximo de atendimento aos clientes com o mínimo possível de estoque. Os indicadores que medem a performance dos setores de PCP são baseados no índice de atendimento dos clientes nos prazos acordados e nos níveis de estoque obtidos no gerenciamento das necessidades de materiais. A seguir serão mostrados os principais indicadores de performance utilizados para a avaliação do trabalho do PCP. 1. Índice de Atendimento a Clientes (IAC). Mede a performance de entrega ao cliente, em termos de PONTUALIDADE. É medido da seguinte forma: IAC = N. pedidos entregues no PRAZO/N. total de pedidos Em muitas empresas, este indicador é conhecido como On time Delivery (OTD) CUSTOMER SERVICE ou SERVICE LEVEL. Algumas empresas utilizam um indicador de performance conhecido como FILL RATE: semelhante ao IAC, diferindo apenas porque trata da medição da Performance na Entrega dos itens de ESTOQUE defi nidos pela Cia. A medição é feita comparando-se o número de pedidos de itens de estoque e os materiais disponíveis para atendimento imediato. Exemplo: No mês de fevereiro de 2009, uma empresa entregou 1.000 pedidos, sendo que 950 pedidos foram entregues no prazo acordado com o cliente. Calcule o índice de atendimento ao cliente. Solução: IAC = 950/1.000 = 95% 28 unidAdE i │ introdução Ao PlAnEjAmEnto E Ao ControlE dA Produção Índice de Atendimento a clientes > 95% é o padrão das empresas classe A. 2. Giro de estoques. É a quantidade de vezes, em um determinado período, que o estoque da empresa é vendido (ou consumido). Em geral, o giro de estoques é calculado no período de um ano. Giro de Estoques = Custo anual das vendas/estoque médio Quanto maior o giro de estoques, menos tempo o capital investido em estoques fica parado, melhorando, dessa forma, a necessidade de capital de giro da empresa. Um indicador bastante utilizado pelas empresas é o indicador de COBERTURA DE ESTOQUES ou ANTIGIRO, que indica o número de meses (ou dias) que o estoque da empresa é capaz de suportar as vendas (ou consumo). Os principais indicadores utilizados pelas empresas são estes. Days on Hand (DOH)= Estoque mensal/Custo das vendas médias diárias em um período. Month on Hand (MOH) = Estoque mensal/Custo das vendas médias mensais em um período. Exemplo: Uma empresa fechou o mês de março de 2009 com R$ 6.000.000,00 em estoque (matérias-primas+produtos em processo+produtos acabados). As vendas médias mensais dos últimos 12 meses foram de R$ 2.000.000,00. Calcule o número de meses de cobertura dos estoques. Solução: MOH = 6.000.000,00 / 2.000.000,00 = 3 meses de cobertura Um ponto bastante importante a ser observado é que muitas empresas acompanham e estabelecem metas de redução dos estoques (em termos de valor de estoques). Nem sempre esse é o melhor indicador para a valiar o desempenho do PCP quanto à administração e ao planejamento de estoques, pois a análise deve sempre ser feita comparativamente às vendas (ou consumo) no período. Para um melhor entendimento deste conceito, os gráficos abaixo indicam a variação tanto das vendas quanto dos estoques, ambos em R$: 29 Introdução ao Planejamento e ao Controle da Produção│ unIdade I Figura 11 – evolução das vendas e dos estoques Fonte: elaboração do autor Pode ser observado que, no gráfico I, apesar dos estoques estarem aumentando, as vendas também estão aumentando numa taxa de crescimento superior à taxa de crescimento dos estoques, o que indica que o giro dos estoques está aumentando. Em contrapartida, no gráfico II, apesar dos estoques estarem reduzindo, as vendas também estão em queda numa taxa superior à taxa de redução dos estoques. Por isso a análise pura e simples do aumento ou redução dos estoques pode levar os gestores a uma interpretação errônea quanto à performance no gerenciamento dos estoques. 30 unidAdE iiPlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS CAPítulo 1 As funções dos Estoques e o seu impacto no resultado das Empresas “Devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas nunca podemos ser pegos com algum estoque.” David Nellemann “Todo erro gerencial acaba gerando estoque.” Michael C. Bergerac Pres. Executivo – Revlon A gestão dos estoques é considerada como base para o gerenciamento da cadeia de suprimentos. Um bom planejamento consistirá na determinação dos valores mínimos de estoques ao longo do tempo, de forma a atender aos clientes internos e externos da empresa, bem como garantir o fl uxo contínuo das operações produtivas. Segundo Ballou (1993), os estoques funcionam com agentes reguladores entre as necessidades da linha de produção e a capacidade de atendimento dos fornecedores. Dessa forma, podem ser benéfi cos, pois garantem maior disponibilidade de peças para a produção, reduzindo as faltas devido a atrasos de suprimentos e à logística interna e externa. Devido aos gastos de recursos relevantes na sua manutenção, o estoque é considerado um investimento, afi nal, tais valores poderiam ser aplicados no mercado fi nanceiro, propiciando rentabilidades alternativas à empresa. Pode-se verifi car que, quanto maiores forem os valores dos estoques, maior é a quantidade investida, portanto, deve-se avaliar a relação custo versus benefício, para as alterações nos níveis de estoque. Esses investimentos em armazenagem de material geram custos associados com: espaço físico, salários, sistemas informatizados, juros, depreciação, conservação, aluguel, obsolescência, deterioração, entre outros. O tempo de permanência e a quantidade planejada em estoque são variáveis que aumentamesses custos. 31 PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS│ unidAdE ii Seguem algumas razões para a existência dos estoques. » Melhorar o nível de serviço oferecido. » Ter produtos para pronta entrega. » Cobrir variações na demanda. » Cobrir eventuais atrasos de fornecedores. » Incentivar economias de escala. » Reduzir custos de fretes. » Reduzir perdas no início de processos. » Reduzir custos de set up. » Agir como proteção contra aumentos de preço. » Proporcionar economias decorrentes da compra com descontos por quantidades. » Proteção dos postos gargalos. » Ajustar o balanceamento das linhas de produção. » Nivelar a produção mediante antecipação à demanda. » Antecipar a produção mediante “picos” de consumo previsto, tipo Natal, Páscoa etc. O principal desafi o dos GESTORES DE ESTOQUE o menor nível a ser mantido de modo a garantir uma boa qualidade de atendimento aos clientes (INTERNOS E EXTERNOS). 32 CAPítulo 2 Classificação dos Estoques A classificação de materiais corresponde ao agrupamento dos mesmos em função de determinadas características semelhantes e é de grande importância para o gerenciamento dos estoques, pois permite a tomada de decisões estratégicas fundamentais para uma boa performance dos processos de atendimento aos clientes e para o fluxo de caixa das empresas. A seguir serão apresentadas as diversas formas de classificação de materiais, aplicáveis de acordo com as características e as necessidades de cada empresa. Tipos de classificação de materiais. » Por tipo de demanda. » Por valor anual de consumo. » Por grau de criticidade. » Por condições de perecibilidade. » Por condições de segurança. » Por possibilidade de fazer ou comprar. » Por tipo de estocagem. » Por dificuldade de aquisição. » Pelo mercado fornecedor. Por tipo de demanda materiais de estoque São todos os materiais que devem existir em estoque e que, para os quais são determinados critérios e parâmetros de ressuprimento automático, com base na demanda prevista. Em geral, os materiais de estoque correspondem a materiais de demanda regular e/ou materiais estratégicos para a empresa e/ou cliente. 33 PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS│ unidAdE ii » Materiais produtivos: compreendem todos os materiais ligados direta ou indiretamente ao processo de produção. » Matérias-primas: correspondem aos materiais básicos e aos insumos necessários ao processo de produção da empresa, ficando armazenados nos almoxarifados das empresas. » Produtos em fabricação: também conhecidos como materiais em processo (Work in Process – WIP), correspondem a todos os materiais que estão sendo processados ao longo do processo produtivo da empresa, não se encontrando, dessa forma, no almoxarifado da empresa e nem no estoque de produtos acabados ou na expedição, por não se encontrarem ainda terminados. » Produtos acabados: são os produtos gerados a partir do processo final de produção da empresa, estando, portanto, acabados e prontos para utilização e/ou comercialização. » Materiais de consumo geral: correspondem aos materiais necessários aos processo de produção da empresa, não sendo, porém, incorporados ao produto. Correspondem a materiais tipo solventes, ácidos para limpezas de superfícies etc. » Materiais não produtivos: são todos os materiais que não fazem parte do processo produtivo da empresa. » Materiais de manutenção: correspondem aos materiais e componentes utilizados em máquinas, equipamentos e instalações » Materiais improdutivos: correspondem a todos os materiais utilizados na empresa que não fazem parte do processo produtivo e que não são utilizados nas máquinas e nos equipamentos existentes. materiais não de estoque São todos os materiais com demanda imprevisível, (não existe regularidade de consumo). Dessa forma a determinação de parâmetros de ressuprimento e o estabelecimento dos estoques de segurança tornam-se bastante difíceis, com margem de erro bastante elevada. Esses materiais devem ser comprados para utilização imediata, não devendo ser mantidos em estoque. 34 unidAdE ii │PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS Por valor anual de consumo É fundamental para o processo de gerenciamento dos estoques que se classifique os materiais em função do valor de consumo anual. Essa classificação é denominada classificação ABC e será tratada em capítulo específico, a seguir. Todavia, existem materiais que, apesar do baixo consumo, poderão, em caso de falta, causar sérios danos à continuidade da operação, trazer sérios riscos às condições ambientais ou à segurança industrial ou, ainda, comprometer seriamente o atendimento aos clientes, tornando, dessa forma, o custo da falta bastante oneroso com relação ao custo de sua manutenção em estoque. Com isso, define-se uma outra forma de classificação que servirá como base para a determinação dos parâmetros de ressuprimento e de estoque de segurança: » Materiais X: são materiais de aplicação não importante e de fácil obtenção. » Materiais Y: são materiais de importância relativa e de obtenção média. » Materiais Z: são materiais de vital importância para a empresa, de obtenção difícil ou demorada. Por grau de criticidade Esta classificação é pertinente a empresas industriais e a criticidade do material pode ser devido aos fatores indicados a seguir. » Problemas de obtenção: encontram-se nessa condição materiais importados, materiais com fornecedor único, produtos em escassez no mercado, materiais estratégicos para a empresa (matérias-primas ou produtos acabados) e materiais de difícil fabricação ou aquisição. » Razões econômicas: correspondem aos materiais de elevado valor e aos materiais com elevados custos de armazenagem ou de transporte. » Problemas de armazenagem ou de transporte: encontram-se nesta categoria materiais perecíveis, materiais de alta periculosidade, materiais de elevado peso e materiais de grandes dimensões. » Problemas de previsão: são os materiais com dificuldade de previsão, porém estratégicos para os clientes. » Questões de segurança: correspondem aos materiais de reposição de alto custo e aos materiais para equipamentos-chave para a produção. 35 PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS│ unidAdE ii Por condições de perecibilidade A classificação em função do grau de perecibilidade dos materiais permite a determinação dos lotes de compra mais racionais, em função do tempo de armazenagem permitido. É de suma importância quando se trata de materiais perecíveis, da determinação de suas condições ideais de armazenamento, tais como: temperatura, umidade, exposição aos raios solares etc. materiais perecíveis Os materiais perecíveis podem ser classificados da seguinte forma: » Pela ação higroscópica: correspondem aos materiais que têm grande afinidade com o vapor dágua, absorvendo-o da atmosfera com facilidade, porém danificando o produto. Requerem armazenamento em ambientes com umidade relativa controlada. » Pela limitação do tempo: correspondem aos materiais com prazo de validade claramente definidos. Exemplos: alimentos, remédios etc. » Pela instabilidade: representam os produtos químicos que se decompõem ou se polimerizam com facilidade ou têm outro tipo de reação em função de algum agente externo. » Pela volatividade: correspondem aos produtos que se reduzem a gás ou vapor, naturalmente, perdendo-se na atmosfera. » Por contaminação pela água: correspondem aos materiais que se degradam pela adição direta da água, como, por exemplo, os óleos lubrificantes. » Por contaminação por partículas sólidas: correspondem a todos os materiais que se tornam inutilizáveis quando em contato com partículas sólidas. Exemplo: graxas. » Pela ação da gravidade: correspondem aos materiais que, se estocados de forma incorreta, podem sofrer deformações. Exemplos: eixos de grandes dimensões, fardos de tubos. 36 unidAdE ii │PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS » Por queda, colisão ou vibração: englobam os materiaisde grande fragilidade, tipo vidros, cristais etc. » Pela mudança de temperatura: correspondem a todos os materiais que perdem as suas características quando expostos a temperaturas fora da especificada. Exemplo: adesivos. » Pela ação da luz: englobam materiais, tipo filmes fotográficos, que se degradam quando expostos à incidência direta da luz ou de raios ultravioletas. » Por ação de atmosfera agressiva: correspondem aos materiais que se deterioram quando expostos a atmosferas agressivas. Exemplo: materiais de aço expostos diretamente a ambientes salinos. » Pela ação de animais: correspondem a todos os materiais sujeitos ao ataque de insetos e outros animais durante a sua estocagem. Exemplo: grãos. materiais não perecíveis Correspondem a todos os materiais que não apresentam indícios de perecibilidade. » Por condições de segurança Esta classificação visa a identificação de materiais que, por suas características físico-químicas apresentem riscos à segurança. » Por possibilidade de fazer ou comprar Esta classificação visa determinar quais os materiais poderão ser recicláveis, fabricados internamente ou comprados. Pode-se definir materiais recicláveis todos aqueles que, após a sua utilização, pode ser beneficiado e novamente utilizado sem alteração de suas propriedades. » Por tipo de estocagem › Estocagem permanente: correspondem a todos os materiais que devem ser mantidos em estoque. 37 PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS│ unidAdE ii › Estocagem temporária: correspondem a todos os materiais que não são de estoque, ficando no inventário apenas no período anterior à sua utilização. » Por dificuldade de aquisição › Fácil aquisição. › Difícil aquisição. Vale a pena ressaltar alguns benefícios proporcionados pela classificação “dificuldade de aquisição”. › Dimensionar corretamente os níveis de estoque. › Alertar os gestores de estoque para a seleção do método a ser utilizado para ressuprimento. › Sinalizar aos compradores de forma a efetuarem um follow up constante dos processos de compra. » Pelo mercado fornecedor: › Mercado nacional. › Mercado internacional. Esta classificação é feita com base na procedência do material, com fornecedores localizados no próprio país (mercado nacional) ou no exterior (mercado internacional). 38 CAPítulo 3 A Classificação ABC A curva ABC é um importante instrumento para o administrador. Ela permite identificar aqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua administração. Obtém-se a curva ABC por meio da ordenação dos itens conforme a sua importância relativa. Verifica-se, portanto, que, uma vez obtida a sequência dos itens e sua classificação ABC, disso resulta imediatamente a aplicação preferencial das técnicas de gestão administrativa, conforme a importância dos itens. A curva ABC tem sido usada para a administração de estoques, a definição de políticas de vendas, o estabelecimento de prioridades para a programação da produção e a uma série de outros problemas usuais na empresa. Após os itens terem sido ordenados pela importância relativa, as classes da curva ABC podem ser definidas da seguinte maneira. » Classe A: Grupo de poucos itens de alto valor de consumo e que devem ser acompanhados com bastante atenção pelos administradores, em função dos elevados valores envolvidos. » Classe B: Grupo de itens em situação intermediária entre as classes A e C. » Classe C Grupo de grande quantidade de itens de baixo valor agregado de consumo. Figura 11 – Curva aBC Fonte: elaboração do autor 39 PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS│ unidAdE ii A seguir será apresentada a metodologia para a construção da tabela que permite a classificação ABC dos itens. 1ª etapa – Levantamento de dados: deve ser construída uma tabela com todos os itens em estoque, mostrando informações essenciais, como código do produto, descrição do produto, unidade de medida, valor unitário e consumo em determinado período. tabela 1 – Classificação aBC (fase 1) Produto Descrição Unid. Custo unit R$) Quant on hand Consumo Médio Mensal Valor de estoque (R$) Valor de consumo (R$) A1 NUT M16 unid. 4,78 1500,00 500 7170,15 2390,05 A2 NUT M20 x 2.5p unid. 3,82 15000,00 5000 57225,00 19075,00 A3 NUT M30 x 3.5p unid. 10,44 300,00 100 3133,35 1044,45 A4 NUT 1/2IN X 13 UNC SS unid. 3,15 600,00 200 1890,00 630,00 A5 NUT 1/2IN X 13 UNC unid. 375,11 120,00 40 45013,20 15004,40 A6 WASHER M6 unid. 16,52 900,00 300 14864,67 4954,89 A7 WASHER M12 unid. 7,08 360,00 120 2550,06 850,02 A8 WASHER M16 unid. 2,76 1500,00 500 4140,60 1380,20 A9 WASHER M20 unid. 1,31 15000,00 5000 19609,50 6536,50 A10 WASHER M24 unid. 7,13 90,00 30 641,91 213,97 A11 WASHER M30 unid. 6,78 300,00 100 2033,79 677,93 A12 WASHER 1 UNC unid. 8,15 45,00 15 366,54 122,18 A13 WASHER 1-1/4 UNC unid. 58,19 0,00 0 0,00 0,00 A14 WASHER SPRING 1/2 unid. 20,30 270,00 90 5481,49 1827,16 A15 WASHER SPRING 3/4 unid. 9,04 180,00 60 1626,89 542,30 A16 WASHER SPRING 1 unid. 9,88 45,00 15 444,69 148,23 A17 HOSE 101 m 3,62 200000,00 100000 724460,00 362230,00 A18 HOSE 102 m 12,53 100000,00 50000 1253480,00 626740,00 A19 HOSE 103 m 13,73 80000,00 40000 1098440,00 549220,00 A20 HOSE 104 m 25,50 40000,00 20000 1019948,00 509974,00 A21 PLATE 500 kg 69,84 80000,00 100000 5586840,00 6983550,00 A22 PLATE 501 kg 69,63 64000,00 80000 4456179,20 5570224,00 A23 PLATE 502 kg 53,24 9600,00 12000 511150,08 638937,60 A24 PLATE 503 kg 58,00 8000,00 10000 463974,40 579968,00 A25 PLATE 504 kg 59,31 16000,00 20000 948955,20 1186194,00 A26 PLATE 505 kg 118,56 16000,00 20000 1896998,40 2371248,00 A27 PLATE 506 kg 60,11 8000,00 10000 480899,20 601124,00 A28 PLATE 507 kg 61,46 6400,00 8000 393330,56 491663,20 A29 PLATE 508 kg 92,28 5600,00 7000 516746,72 645933,40 A30 PLATE 509 kg 92,00 4800,00 6000 441613,44 552016,80 19,959,207,04 21,724,420,28 40 unidAdE ii │PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS 2ª etapa – Em seguida, constrói-se a tabela abaixo com base na ordenação dos materiais por ordem decrescente de valor do consumo, conforme a última coluna da tabela, totalizando o valor de consumo. tabela 2 – Classificação aBC fase 2 Produto Descrição Unid. Custo unit. (R) Quant on hand Consumo Médio Mensal Valor de estoque(R$) Valor de consumo (R$) % %acum A21 PLATE 500 kg 69,84 80000,00 100000 5586840,00 6983550,00 32,1% 32,1% A22 PLATE 501 kg 69,63 64000,00 80000 4456179,20 5570224,00 25,6% 57,8% A26 PLATE 505 kg 118,56 16000,00 20000 1896998,40 2371248,00 10,9% 68,7% A25 PLATE 504 kg 59,31 16000,00 20000 948955,20 1186194,00 5,5% 74,2% A29 PLATE 508 kg 92,28 5600,00 7000 516746,72 645933,40 3,0% 77,1% A18 HOSE 102 m 12,53 100000,00 50000 1253480,00 626740,00 2,9% 83,0% A24 PLATE 503 kg 58,00 8000,00 10000 463974,40 579968,00 2,7% 88,4% A30 PLATE 509 kg 92,00 4800,00 6000 441613,44 552016,80 2,5% 90,9% A19 HOSE 103 m 13,73 80000,00 40000 1098440,00 549220,00 2,5% 93,5% A20 HOSE 104 m 25,50 40000,00 20000 1019948,00 509974,00 2,3% 95,8% A28 PLATE 507 kg 61,46 6400,00 8000 393330,56 491663,20 2,3% 98,1% A17 HOSE 101 m 3,62 200000,00 100000 724460,00 362230,00 1,7% 99,7% A2 NUT M20 x 2.5p unid. 3,82 15000,00 5000 57225,00 19075,00 0,1% 99,8% A5 NUT 1/2IN X 13 UNC unid. 375,11 120,00 40 45013,20 15004,40 0,1% 99,9% A9 WASHER M20 unid. 1,31 15000,00 5000 19609,50 6536,50 0,0% 99,9% A6 WASHER M6 unid. 16,52 900,00 300 14864,67 4954,89 0,0% 100,0% A1 NUT M16 unid. 4,78 1500,00 500 7170,15 2390,05 0,0% 100,0% A14 WASHER SPRING 1/2 unid. 20,30 270,00 90 5481,49 1827,16 0,0% 100,0% A8 WASHER M16 unid. 2,76 1500,00 500 4140,60 1380,20 0,0% 100,0% A3 NUT M30 x 3.5p unid. 10,44 300,00 100 3133,35 1044,45 0,0% 100,0% A7 WASHER M12 unid. 7,08 360,00 120 2550,06 850,02 0,0% 100,0% A11 WASHER M30 unid. 6,78 300,00 100 2033,79 677,93 0,0% 100,0% A4 NUT 1/2IN X 13 UNC SS unid. 3,15 600,00 200 1890,00 630,00 0,0% 100,0% A15 WASHER SPRING 3/4 unid. 9,04 180,00 60 1626,89 542,30 0,0% 100,0% A10 WASHER M24 unid. 7,13 90,0030 641,91 213,97 0,0% 100,0% A16 WASHER SPRING 1 unid. 9,88 45,00 15 444,69 148,23 0,0% 100,0% A12 WASHER 1 UNC unid. 8,15 45,00 15 366,54 122,18 0,0% 100,0% A13 WASHER 1-1/4 UNC unid. 58,19 0,00 0 0,00 0,00 0,0% 100,0% 19,959,207,04 21,724,420,28 41 PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS│ unidAdE ii 3ª etapa – Calcula-se o percentual do valor de consumo de cada item em relação ao valor total de consumo e calcula-se toda a tabela, os percentuais acumulados do valor de consumo. Em seguida, a classifi cação ABC de cada item é efetuada, considerando- se: » Itens classe A=> todos os itens que representam cerca de 70% do valor de consumo total da empresa. » Itens classe B=> todos os itens que representam cerca de 20% do valor de consumo total da empresa. » Itens classe C=> todos os itens que representam cerca de 10% do valor de consumo total da empresa. Em geral, cerca de 10% dos itens são classifi cados como itens classe A; 20% dos itens são classifi cados como classe B e cerca de 70% dos itens representam os itens Classe C. tabela 3 – Classificação aBC (fase 3) Produto Descrição Unid. Custo unit (R) Quant on hand Consumo Médio Mensal Valor de estoque(R$) Valor de consumo (R$) % %acum A21 PLATE 500 kg 69,84 80000,00 100000 5586840,00 6983550,00 32,1% 32,1% A22 PLATE 501 kg 69,63 64000,00 80000 4456179,20 5570224,00 25,6% 57,8% A26 PLATE 505 kg 118,56 16000,00 20000 1896998,40 2371248,00 10,9% 68,7% A25 PLATE 504 kg 59,31 16000,00 20000 948955,20 1186194,00 5,5% 74,2% A29 PLATE 508 kg 92,28 5600,00 7000 516746,72 645933,40 3,0% 77,1% A18 HOSE 102 m 12,53 100000,00 50000 1253480,00 626740,00 2,9% 83,0% A24 PLATE 503 kg 58,00 8000,00 10000 463974,40 579968,00 2,7% 88,4% A30 PLATE 509 kg 92,00 4800,00 6000 441613,44 552016,80 2,5% 90,9% A19 HOSE 103 m 13,73 80000,00 40000 1098440,00 549220,00 2,5% 93,5% A20 HOSE 104 m 25,50 40000,00 20000 1019948,00 509974,00 2,3% 95,8% A28 PLATE 507 kg 61,46 6400,00 8000 393330,56 491663,20 2,3% 98,1% A17 HOSE 101 m 3,62 200000,00 100000 724460,00 362230,00 1,7% 99,7% A2 NUT M20 x 2.5p unid. 3,82 15000,00 5000 57225,00 19075,00 0,1% 99,8% A5 NUT 1/2IN X 13 UNC unid. 375,11 120,00 40 45013,20 15004,40 0,1% 99,9% A9 WASHER M20 unid. 1,31 15000,00 5000 19609,50 6536,50 0,0% 99,9% A6 WASHER M6 unid. 16,52 900,00 300 14864,67 4954,89 0,0% 100,0% A1 NUT M16 unid. 4,78 1500,00 500 7170,15 2390,05 0,0% 100,0% A14 WASHER SPRING 1/2 unid. 20,30 270,00 90 5481,49 1827,16 0,0% 100,0% A8 WASHER M16 unid. 2,76 1500,00 500 4140,60 1380,20 0,0% 100,0% A3 NUT M30 x 3.5p unid. 10,44 300,00 100 3133,35 1044,45 0,0% 100,0% A7 WASHER M12 unid. 7,08 360,00 120 2550,06 850,02 0,0% 100,0% A11 WASHER M30 unid. 6,78 300,00 100 2033,79 677,93 0,0% 100,0% A4 NUT 1/2IN X 13 UNC SS unid. 3,15 600,00 200 1890,00 630,00 0,0% 100,0% 42 unidAdE ii │PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS Produto Descrição Unid. Custo unit (R) Quant on hand Consumo Médio Mensal Valor de estoque(R$) Valor de consumo (R$) % %acum A15 WASHER SPRING 3/4 unid. 9,04 180,00 60 1626,89 542,30 0,0% 100,0% A10 WASHER M24 unid. 7,13 90,00 30 641,91 213,97 0,0% 100,0% A16 WASHER SPRING 1 unid. 9,88 45,00 15 444,69 148,23 0,0% 100,0% A12 WASHER 1 UNC unid. 8,15 45,00 15 366,54 122,18 0,0% 100,0% A13 WASHER 1–1/4 UNC unid. 58,19 0,00 0 0,00 0,00 0,0% 100,0% 19,959,207,04 21,724,420,28 43 CAPítulo 4 Conceitos utilizados na gestão dos Estoques Neste capítulo serão apresentados os diversos conceitos e nomenclaturas aplicáveis na gestão dos estoques. termos utilizados » Lote de Compra: é a quantidade encomendada. » Consumo/Demanda: é a quantidade utilizada (ou vendida) prevista em um determinado intervalo de tempo. » Tempo de Reposição (Lead Time): é o tempo gasto para repor um material, desde a geração da necessidade até o momento em que o material se encontra disponível. Corresponde ao tempo gasto internamente para processamento do pedido, tempo de processamento do fornecedor,tempo de transporte e tempo gasto internamente para colocar o material em disponibilidade. Para itens fabricados, o lead time inclui os tempos de set up (troca de ferramentas), bem como as esperas inerentes ao processo. » Demanda Dependente/Independente: um item é de demanda INDEPENDENTE se o seu planejamento ou quantidade a ser mantida em estoque INDEPENDE de qualquer outro item. Já um item de demanda DEPENDENTE é aquele cujo planejamento ou quantidade a ser mantida em estoque DEPENDE de outro item. » Intervalo de Reposição: é o tempo entre 2 compras consecutivas. » Ponto de Pedido: é o ponto do estoque onde deve ser iniciado o processo de reposição de materiais. Exemplo: Ponto de Pedido = 100 unidades => quando o estoque estiver com 100 unidades (ou menos), deve ser emitido um pedido de compra ou uma ordem de fabricação para a reposição do estoque. » Estoque de Segurança: é o estoque de reserva para cobrir eventuais atrasos de fornecedores, variações de demanda ou para pronta-entrega do material. 44 unidAdE ii │PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS » Estoque Médio: é o nível médio de estoque. » Consumo Médio Mensal: é a média de consumo de um determinado período. » Estoque Máximo: é a quantidade máxima que o estoque pode atingir quando do recebimento de um novo lote. Pode ser considerado também como a capacidade máxima para armazenamento dos produtos no almoxarifado. Figura 12 – Conceitos/dimensionamento 45 CAPítulo 5 Custo dos Estoques Uma das grandes preocupações das empresas refere-se ao investimento em estoques, que representa capital imobilizado e é um dos principais fatores que influenciam na necessidade de capital de giro das empresas. Em função disso, o correto dimensionamento dos estoques torna-se fundamental para que as empresas apresentem não só resultados operacionais satisfatórios, mas, principalmente, resultados financeiros dentro dos valores esperados pelos seus acionistas.Para que este assunto seja melhor compreendido, é importante o conhecimento dos custos decorrentes dos estoques. Nesta abordagem, serão mostrados os custos envolvidos na administração dos estoques sob a ótica de vários autores. Convém ressaltar que,face às diversas interpretações dos autores sobre os custos envolvidos na estocagem de materiais, cada um deles adota modelos para a determinação do custo total dos estoques compatíveis com as suas interpretações individuais, não sendo apresentado, portanto, nenhum modelo que contemple todos os custos envolvidos,dificultando, portanto, uma análise consistente dos custos totais dos estoques das empresas. Um outro ponto observado na pesquisa é que diversos autores apresentam modelos de determinação dos custos totais dos estoques considerando premissas bastante simplificadas e distantes da realidade das empresas, o que já é também questionado por alguns autores. tabela 4 – Custos totais de estoque sob a ótica de vários autores Composição dos Custos Totais de Estoque Sob o Ponto de Vista de Algum Autores Composição dos custos Ba llo u, 1 99 3 Di as , 1 99 3 Sl ac k, 2 00 0 M ar tin s, 2 00 0 Ga ith er , 2 00 1 Be rt ag lia , 2 00 3 M ar tin s, 2 00 5 Ch as e, 2 00 6 Br ow n, 2 00 6 M ar tin s, 2 00 6 M or ei ra , 2 00 8 Vi an a, 2 00 8 Capital de giro S S S S S S S S S S S Colocação dos pedidos S S S S S S S S S S S S Desconto de preços por quantidades S S S S S S Falta de estoques S S S S S S S S Armazenagem S S S S S S S S S S S S Obsolescência S S S S S S S S S Ineficiência na produçao S S Qualidade nas partidas de produção S Receptividade do cliente S Coordenação de produção S 46 unidAdE ii │PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS Qualidade S Preparação de linhas S S S S Itens S S S S S S Perdas S S S S S S Ricos e oportunidades S A) Custos de capital de giro São custos decorrentes do capital imobilizado nos estoques. As operações das empresas funcionam da seguinte forma: uma vez recebidos os produtos adquiridos dos fornecedores, as Notas Fiscais queacompanham os mesmos são lançadas nos registros contábeis da empresa gerando Contas a Pagar. Uma vez que esses materiais são utilizados para a produção de produtos finais, até que os mesmos sejam comercializados, eles continuam nos estoques das empresas, apesar de já terem sido pagos aos fornecedores. Quando a venda de um produto acabado é efetuada e o mesmo é faturado para o cliente, esta transação é registrada nos livros contábeis da empresa gerando Contas a Receber dos clientes. O tempo decorrido entre o recebimento dos clientes e o pagamento dos fornecedores é chamado de NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO (NCG), sendo tanto maior quanto for o tempo decorrido entre a venda do produto final e a compra da matéria-prima necessária para produzi-lo. Figura 13 – Ciclo financeiro de uma empresa Fonte: elaboração do autor Portanto, os custos de capital de giro são decorrentes dos custos de juros provenientes de empréstimos para que a operação funcione, custos dos juros pela não aplicação dos valores dos produtos adquiridos em investimentos que gerem retornos. 47 PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS│ unidAdE ii Logo que colocamos um pedido de reabastecimento, os fornecedores vão demandar pagamentos por seus bens. Quando fornecermos para os nossos próprios consumidores, vamos, por nossa vez, demandar pagamento. Todavia, haverá provavelmente um lapso de tempo entre pagar a nossos fornecedores e receber pagamento de nossos consumidores. Durante esse tempo, temos que ter fundos para manter os estoques. Isso é chamado de Capital de Giro, que precisamos fazer para girar o estoque. (SLACk, 2000, p. 386) B) Custos de colocação dos pedidos São custos decorrentes dos trabalhos administrativos necessários à compra dos materiais. São transações de solicitação de cotações junto a fornecedores, negociações, processamento e emissão de pedidos de compra, bem como follow up junto aos fornecedores para acompanhamento dos pedidos. Esse conjunto de transações requer mão de obra que são geradoras de custos, bem como despesas de comunicação, materiais de escritório, energia elétrica etc. Cada vez que compramos um lote de matéria-prima de um fornecedor, incorremos num custo para processar o pedido de compras, expedir, fazer registros contábeis e receber pedidos no armazém.Cada vez que produzimos um lote de produção, incorremos num custo de mudança para modificarmos a produção de um produto anterior para o seguinte. Quanto maiores os tamanhos do lote, mais estoques mantemos, mas pedimos menos vezes durante o ano, e os custos anuais de emissão de pedidos são menores. (GAITHER, 2001, p. 269) C) Custos de desconto de preços por quantidades São custos decorrentes da compra de pequenas quantidades, ou seja, quando a quantidade comprada é grande, em geral, o fornecedor concede descontos por quantidades. Por outro lado, quanto maior a quantidade comprada, maior é o custo de capital de giro decorrente. d) Custos de falta de estoques São custos decorrentes da paralisação da produção quando há falta de produtos ou custos incorridos devido à falta de produtos para os clientes externos. Com relação a falhas de entrega aos clientes externos, pode-se dizer que, em muitos casos, o custo da 48 unidAdE ii │PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS perda de um cliente é bastante elevado. São considerados também os custos de atrasos, decorrentes de transações e de fretes extras. Custo das vendas perdidas ocorre quando um cliente cancela o seu pedido caso o produto esteja em falta. Este custo pode ser estimado como lucro perdido na venda agregado de qualquer perda de lucro futuro, devido ao efeito negativo que esta falta possa ter na boa vontade do cliente. (BALLOU, 1993, p. 212). Dias (1993) ainda ressalta alguns fatores causadores de custos de falta de estoques, como multas por atrasos e lucros cessantes, bem como bloqueio de reajustes. E) Custos de armazenagem São custos decorrentes do armazenamento físico dos produtos, correspondendo aos custos de pessoal de almoxarifado, área, climatização, movimentação de materiais etc. Segundo Dias(1993), para a determinação dos custos de armazenagem é fundamental a análise dos tipos de materiais armazenados. Para algumas empresas, a taxa de retorno de capital e a de seguros são as mais importantes, o espaço ocupado é o fator que pesa mais. Por exemplo, as que trabalham com espuma de poliuretano e papel. Para outras, ainda, a segurança é o mais importante, razão pelas quais suas taxas de seguro são altas(caso de empresas que trabalham essencialmente com inflamáveis e explosivos. (DIAS, 1993, p. 48). f) Custos de obsolescência São custos que correspondem aos custos decorrentes de produtos com estocados e que, com o tempo, saem de linha ou então têm a sua validade expirada, tendo, portanto, que ser destruídos ou vendidos como sucata. Segundo Slack (2000), “se escolhemos uma política de pedidos que envolvem pedidos de quantidades muito grandes, que significará que os itens estocados permanecerão logo tempo armazenados, existe o risco de que esses itens possam se tornar obsoletos (no caso de uma mudança de moda, por exemplo) ou deteriorar-se com a idade (no caso da maioria dos alimentos, por exemplo)”. (SLACk, 2000, p. 386) 49 PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS│ unidAdE ii g) Custos de ineficiência de produção Este conceito, de acordo com a filosofia Just in Time (JIT), altos níveis de estoque encobrem ineficiências dos processos, tais como retrabalhos, sucateamento de produtos, absenteísmo, quebra de máquinas etc. É importante ressaltar que todos os custos vistos até aqui crescem ou decrescem à medida que o tamanho do lote aumenta ou diminui. H) Custos de qualidade nas partidas de produção São custos decorrentes das perdas de materiais no início da fabricação para ajustes iniciais de processo. Quanto menores forem os tamanhos de lote e consequentemente o estoque, mais partidas serão necessárias aumentando, portanto, os custos de qualidade nas partidas de produção. i) Custos de receptividade do cliente São custos que, segundo Gaither (2001), consistem no aumento do tempo de entrega aos clientes, devido às esperas no processo causadas pelo elevado nível de estoque. j) Custos de coordenação da produção São custos que, segundo Gaither (2001), correspondem aos custos decorrentes da dificuldade de administração dos gargalos e das filas na produção, causados pelo alto volume de estoque. K) Custos da qualidade São custos que, também segundo Gaither (2001), referem-se aos custos da qualidade em grandes lotes de produção, onde: “em raras ocasiões, algo sai errado e uma grande parte de um lote de produção tem defeitos.” l) Custos de preparação de linhas São custos decorrentes da retirada de ferramentais utilizados na fabricação do produto anterior: limpeza de linhas necessárias ao início da produção de um novo produto, abastecimentos de materiais e ajustes iniciais de processo. 50 unidAdE ii │PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS Corresponde a todos os custos envolvidos desde o término da produção de um modelo de produto até o início da produção de um novo produto. m) Custos dos itens São custos correspondentes aos custos de aquisição de cada item, excluídos os impostos creditáveis, bem como o custo de fabricação dos itens, no caso de itens fabricados internamente pela empresa. n) Custos das perdas São custos decorrentes de perdas de produtos por quebras, danos ou roubos. o) Custos de riscos e de oportunidades São custos decorrentes do risco na queda de preços dos produtos estocados e das oportunidades de compra de itens com descontos especiais ou com perspectivas de aumento de preço no curto prazo. Em função dos pontos de vista bastante diversificados pelos autores com relação à composição dos custos decorrentes dos estoques, a determinação dos custos totais de estoques é apresentada de forma bastante heterogênea pelos autores. O custo total de estoques abordado tradicionalmente pelos autores para entendimentodo conceito de lote econômico de compra será apresentado a seguir sob a forma gráfica, a fim de facilitar a sua compreensão. Este modelo considera o custo total dos estoques como sendo a composição dos custos inerentes às atividades de compras dos materiais e dos custos decorrentes do armazenamento dos materiais. Segundo Viana (2008), um dos autores que adota este modelo para a determinação dos custos totais de estoque, os custos de compras e de armazenagem de materiais correspondem ao seguinte. CUSTOS DE COMPRAS: correspondem aos custos correspondentes a salários e encargos dos funcionários do setor de compras de uma empresa, incluindo funcionários de gestão, despesas de luz e outras despesas gerais como materiais de escritório, viagens, combustível e outras. 51 PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS│ unidAdE ii CUSTOS DE ARMAZENAGEM: correspondem aos custos correspondentes a salários e encargos do pessoal dos almoxarifados, custos de limpeza dos armazéns e áreas administrativas dos almoxarifados, custos de operação e de manutenção de equipamentos de movimentação de materiais, custos de depreciação de máquinas e equipamentos, estantes bem como dos próprios prédios, despesas de energia e despesas gerais de almoxarifado. Portanto, o custo total de estocagem pode ser determinado pela equação: TC = DC + DA onde: TC=Custo anual total de estocagem DC=Custo anual de compra DA=Custo anual de armazenagem Figura 14 – Custo total de estoques – abordagem tradicional Fonte: autor (2009) Este modelo, devido às premissas consideradas serem bastante distante da realidade, sofre críticas de diversos autores, apesar de ser utilizado por vários autores para o cálculo do Lote Econômico. Na opinião de Brown (2006, p.169),”deve ficar claro, então, que a ”solução” do lote econômico não é realmente uma solução. O que este enfoque mostra é que tanto os acadêmicos quanto os praticantes gostam de encontrar respostas para o que normalmente são variáveis complexas e dinâmicas”. Segundo Viana (2008), “diversas críticas têm sido feitas ao modelo do Lote Econômico. A mais comum é que o modelo não é sensível com relação à variação da quantidade no lote.” Este método assume que os custos são lineares, o que, na prática, não ocorre. 52 CAPítulo 6 ferramentas para o Planejamento de materiais – mrP Kanban Neste capítulo serão apresentadas as ferramentas utilizáveis para o planejamento de estoques. Em cada uma delas serão mostrados os seus aspectos metodológicos sob a ótica de vários autores, bem como identificadas as principais vantagens e desvantagens de sua aplicação. Como foi mostrado anteriormente,os estoques possuem valor, às vezes bastante elevados, representando um investimento que consome boa parte do capital de giro da empresa, más necessário ao incremento das atividades produtivas e ao atendimento aos clientes dentro do prazo e do tempo requerido pelo mercado. Dessa forma torna-se fundamental aos resultados das empresas um gerenciamento dos estoques em bases científicas, substituindo as “soluções empíricas” com base na experiência de seus administradores, em função dos impactos causados tanto sob a ótica financeira quanto operacional, deixando os estoques de serem vistos como ativos (que aparece no balanço patrimonial como parte do “valor” de determinada empresa), e sim como um enorme passivo para a empresa, cuja má administração enfraquecerá a capacidade competitiva da empresa. O conceito de planejamento de estoques está ligado a decisões de quanto e quando comprar (ou fabricar), quanto e por quanto tempo manter em estoque cada um dos produtos da companhia, sejam eles matérias-primas, materiais em processo, produtos acabados e materiais auxiliares. Um ponto importante a ser considerado para a determinação das ferramentas apropriadas para o planejamento dos estoques é o conhecimento do tipo de demanda do item. Os itens de demanda dependente devem ter todo o seu planejamento baseado no planejamento dos itens de demanda independente para que todo o sistema de materiais mantenha-se balanceado. Outro ponto importante a ser considerado para a definição da ferramenta a ser utilizada para o planejamento dos estoques é a classificação ABC, que sugere a diferenciação da metodologia a ser aplicada em função do consumo e do valor de cada item de estoque: os itens classe A deverão ser tratados com maior atenção que os itens classe C por serem itens estratégicos em nível de custos envolvidos ou de exigências de nível de serviço. 53 PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS│ unidAdE ii Vários autores, como Viana (2008), Ballou (1993) e Moreira (2008), também sugerem que a base da análise para a determinação da ferramenta mais apropriada para o planejamento de cada item seja a classificação ABC, os itens classe A devem ter baixos níveis de estoque, permitindo-se estoques mais elevados aos itens classe C, conforme visto na próxima figura. Figura 15 – ressuprimento em função da classificação aBC Classe Média registrada nas empresas Grau de controle Tamanho do estoque Procedimentos e constância de reposição A 10-20% 70-80% Rígido Baixo Frequentes, revisões constantes e rigorosas B 30-40% 15-20% Normal Moderado Pedidos normais, algum acompanhamento C 40-50% 5-10% Simples Grande Pedidos espaçados, suprimentos para 1 a 2 anos Fonte: viana, 2008, p.145. A análise ABC, apesar de simples, é bastante poderosa e surpreendentemente precisa para servir como base para a definição das ferramentas a serem utilizadas para o planejamento dos estoques das empresas, sendo esta opinião compartilhada pelos diversos autores e especialistas sobre o assunto. A seguir, serão apresentadas as ferramentas a serem utilizadas, com abordagem segundo a ótica dos diversos autores e estudiosos sobre o assunto, de forma a permitir uma análise bastante rica sobre a aplicabilidade de cada uma delas. modelo de período único Este modelo, conhecido como “sistema de jornaleiro”, tem como base a colocação de pedidos de compra ou de fabricação para atenderem uma única demanda em um único período. As consequências de erro na previsão serão a perda da venda em caso de subestimação da previsão ou produtos obsoletos em caso de superestimação da previsão. Este modelo é utilizado por empresas de jornais, empresas do ramo de moda, em que, devido aos longos tempos de fabricação, um único pedido é colocado para toda e estação e, também, por empresas do ramo aéreo, em que os assentos colocados à venda consideram um percentual de cancelamento de reservas. 54 unidAdE ii │PlAnEjAmEnto dE mAtEriAiS Para a determinação das quantidades a serem pedidas, deve-se considerar, segundo Chase (2006), os aspectos probabilísticos de ocorrência da demanda. Devido a especificidade de utilização deste modelo, não se aplicando, portanto à maioria das empresas, o desenvolvimento deste modelo não será apresentado nesta disciplina. modelos multiperíodos Estes modelos visam garantir o atendimento da demanda dos produtos durante vários períodos, podendo os produtos ficar em estoque de um período para o outro com riscos mínimos de obsolescência, o que não ocorre com o modelo de período único onde o não consumo do item no período acarretará em perda para o sistema. Os modelos a serem apresentados e analisados serão os modelos de quantidade de pedido fixo, modelos de período fixo e os sistemas de duas e de três gavetas. Estes modelos são aplicáveis aos itens classe A de curto lead time de entrega, devido ao rápido tempo de reposição do item, e aos itens B e C devido à possibilidade da utilização de políticas de estoques de segurança mais arrojadas, pois apresenta, como principal restrição, a não visualização da demanda futura ao longo de períodos futuros, podendo causar graves problemas de abastecimento, o que não ocorrerá nas situações acima mencionadas. modelo de quantidade de pedido fixo Conhecido como MODELO DA REVISÃO PERIÓDICA (BERTAGLIA, 2003) e (SLACk, 2000), SISTEMA DE LOTE-PADRÃO (GAITHER,
Compartilhar