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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Professor Petronio Castro SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 2 O inteiro teor desta apostila está sujeito à proteção de direitos autorais. Copyright © 2020 Loja do Concurseiro. Todos os direitos reservados. O conteúdo desta apostila não pode ser copiado de forma diferente da referência individual comercial com todos os direitos autorais ou outras notas de propriedade retidas, e depois, não pode ser reproduzido ou de outra forma distribuído. Exceto quando expressamente autorizado, você não deve de outra forma copiar, mostrar, baixar, distribuir, modificar, reproduzir, republicar ou retransmitir qualquer informação, texto e/ou documentos contidos nesta apostila ou qualquer parte desta em qualquer meio eletrônico ou em disco rígido, ou criar qualquer trabalho derivado com base nessas imagens, texto ou documentos, sem o consentimento expresso por escrito da Loja do Concurseiro. Nenhum conteúdo aqui mencionado deve ser interpretado como a concessão de licença ou direito de qualquer patente, direito autoral ou marca comercial da Loja do Concurseiro. SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 3 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS: CONCEITOS, FUNÇÕES E OBJETIVOS CONCEITOS INICIAIS ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS A Administração de Materiais é definida como sendo um conjunto de atividades desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma centralizada ou não, destinadas a suprir as diversas unidades, com os materiais necessários ao desempenho normal das respectivas atribuições. Tais atividades abrangem desde o circuito de reaprovisionamento, inclusive compras, o recebimento, a armazenagem dos materiais, o fornecimento dos mesmos aos órgãos requisitantes, até as operações gerais de controle de estoques etc. Em outras palavras: “A Administração de Materiais visa à garantia de existência contínua de um estoque, organizado de modo a nunca faltar nenhum dos itens que o compõem, sem tornar excessivo o investimento total”. A Administração de Materiais moderna é conceituada e estudada como um Sistema Integrado em que diversos subsistemas próprios interagem para constituir um todo organizado. Destina-se a dotar a administração dos meios necessários ao suprimento de materiais imprescindíveis ao funcionamento da organização, no tempo oportuno, na quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor custo. A oportunidade, no momento certo para o suprimento de materiais, influi no tamanho dos estoques. Assim, suprir antes do momento oportuno acarretará, em regra, estoques altos, acima das necessidades imediatas da organização. Por outro lado, a providência do suprimento após esse momento poderá levar a falta do material necessário ao atendimento de determinada necessidade da administração. Do mesmo modo, o tamanho do Lote de Compra acarreta as mesmas consequências: quantidades além do necessário representam inversões em estoques ociosos, assim como, quantidades aquém do necessário podem levar à insuficiência de estoque, o que é prejudicial à eficiência operacional da organização. Estes dois eventos, tempo oportuno e quantidade necessária, acarretam, se mal planejados, além de custos financeiros indesejáveis, lucros cessantes, fatores esses decorrentes de quaisquer das situações assinaladas. Da mesma forma, a obtenção de material sem os atributos da qualidade requerida para o uso a que se destina acarreta custos financeiros maiores, retenções ociosas de capital e oportunidades de lucro não realizadas. Isto porque materiais, nestas condições podem implicar em paradas de máquinas, defeitos na fabricação ou no serviço, inutilização de material, compras adicionais, etc. UMA INTRODUÇÃO HISTÓRICA A atividade de material existe desde a mais remota época, através das trocas de caças e de utensílios até chegarmos aos dias de hoje. O foco de nossa disciplina é apenas o estudo dos recursos materiais, em sentido amplo. Nosso primeiro passo é entender a distinção entre recursos materiais e patrimoniais. Podemos dizer que o termo “recurso material” pode assumir dois sentidos. Em um sentido amplo, recurso material engloba todos os meios físicos de que dispõe uma organização, indo desde aqueles relacionados à sua infraestrutura (um prédio, por exemplo) até mesmo aos materiais auxiliares (papel A4, por exemplo). Em sentido estrito, é possível separar as definições de recurso material de recurso patrimonial: Recurso material = refere-se aos elementos físicos empregados por uma organização que concorrem para a constituição de seu produto final, podendo este “produto final” ser um material processado ou um serviço. A natureza do recurso material não é ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 4 permanente. Além disso, é geralmente possível armazená-lo em estoques. Na Contabilidade, recursos materiais podem ser aproximados do conceito de bens de venda (mercadorias, matérias- primas, produtos em fabricação e produtos prontos), carecendo apenas dos materiais auxiliares (por exemplo, material de expediente). Recurso patrimonial = refere-se aos elementos físicos empregados por uma organização que são destinados à manutenção das atividades de uma organização. A natureza do recurso patrimonial é permanente. Além disso, nem sempre é possível armazená-lo em estoques. Na Contabilidade, os recursos patrimoniais referem-se ao conceito de bens de uso, ou ativo imobilizado de uma organização (imóveis, terrenos, móveis e utensílios, veículos, máquinas e equipamentos, computadores e terminais, instalações etc), tomados em conjunto com seus ativos intangíveis. Uma vez esclarecido o que se entende por Recurso Material, estamos aptos a partir para a definição de Administração de Materiais: O conjunto de atividades conduzidas em uma organização, visando a maximizar a utilização dos recursos da empresa. RESPONSABILIDADE E ATRIBUIÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS: a) suprir, através de Compras, a empresa, de todos os materiais necessários ao seu funcionamento; b) avaliar outras empresas como possíveis fornecedores; c) supervisionar os almoxarifados da empresa; d) controlar os estoques; e) aplicar um sistema de reaprovisionamento adequado, fixando Estoques Mínimos, Lotes Econômicos e outros índices necessários ao gerenciamento dos estoques, segundo critérios aprovados pela direção da empresa; f) manter contato com as Gerências de Produção, Controle de Qualidade, Engenharia de Produto, Financeira etc. g) estabelecer sistema de estocagem adequado; h) coordenar os inventários rotativos. OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS: O PRINCIPAL OBJETIVO DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS é: maximizar a utilização dos recursos da empresa. Em outras palavras: evitar o desperdício, que pode se manifestar das mais diversas maneiras: excesso de estoque, aquisição de materiais desnecessários ou de baixa qualidade etc. Segue os principais objetivos da área de Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais: a) Preço Baixo - este é o objetivo mais óbvio e, certamente um dos mais importantes. Reduzir o preço de compra implica em aumentar os lucros, se mantida a mesma qualidade; b) Alto Giro de Estoques - implica em melhor utilização do capital, aumentando o retorno sobre os investimentos e reduzindo o valor do capital de giro; c) Baixo Custo de Aquisição e Posse - dependem fundamentalmente da eficácia das áreas de Controle de Estoques, Armazenamento e Compras; d) Continuidade de Fornecimento - é resultado de uma análise criteriosa quando da escolha dos fornecedores. Os custos deprodução, expedição e transportes são afetados diretamente por este item; e) Consistência de Qualidade - a área de materiais é responsável apenas pela qualidade de materiais e serviços provenientes de fornecedores externos. Em algumas empresas a qualidade dos produtos e/ou serviços constituem-se no único objetivo da Gerência de Materiais; f) Despesas com Pessoal - obtenção de melhores resultados com a mesma despesa ou, mesmo resultado com menor despesa - em ambos os casos o objetivo é obter maior lucro final. “ As vezes compensa investir mais em pessoal porque pode-se alcançar com isto outros objetivos, propiciando maior benefício com relação aos custos “; g) Relações Favoráveis com Fornecedores - a posição de uma empresa no mundo dos negócios é, em alto grau determinada pela maneira como negocia com seus fornecedores; h) Aperfeiçoamento de Pessoal - toda unidade deve estar interessada em aumentar a aptidão de seu pessoal; SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 5 i) Bons Registros - são considerados como o objetivo primário, pois contribuem para o papel da Administração de Material, na sobrevivência e nos lucros da empresa, de forma indireta. Para cumprir estes objetivos, a Administração de Materiais divide-se em atividades específicas e complementares entre si, assim agrupadas por Gonçalves (2007): Gestão dos centros de distribuição – responsável pelo controle físico dos materiais, bem como pelo seu recebimento na organização, movimentação, armazenagem e distribuição interna. Gestão de estoques – objetiva adequar os níveis de estoque às necessidades e à política de gestão de materiais da organização. Para tanto, utiliza técnicas de previsão de consumo, gerando sinais para a área de compras a fim de iniciar processos de aquisição. Gestão de compras – objetiva efetuar as aquisições / contratações demandadas pelos diversos órgãos componentes da empresa, bem como atender às solicitações da área gestora de estoques. EXERCÍCIOS SOBRE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS: CONCEITOS, FUNÇÕES E OBJETIVOS Julgue os itens a seguir em CERTO ou ERRADO: 01. (CESPE / SEAD FUNESA / 2008) É objetivo da administração de materiais maximizar a utilização dos recursos da empresa. 02. (CESPE / CNPQ / 2011) Uma das funções precípuas do administrador de materiais é minimizar o uso dos recursos envolvidos na área logística da empresa, visando economia e eficiência. 03. (CESPE / STM / 2008 - adaptada) A administração de materiais visa a colocar os materiais necessários na quantidade certa, no local certo e no tempo certo à disposição dos órgãos que compõem o processo produtivo da empresa. GABARITO 01. C 02. E 03. C SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 6 CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS. TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS A classificação dos itens de material é um procedimento necessário a fim de racionalizar o controle de materiais em estoque. Trata-se de um procedimento de aglutinação de materiais por características semelhantes, servindo de informação gerencial ao administrador de materiais, que se torna capaz de voltar sua atenção a determinada(s) categoria(s) de material(is), ao invés de tentar, em vão, lidar com uma infinidade de itens de materiais. Sem uma classificação de materiais bem definida, seria quase impossível ao gestor de materiais administrar seus estoques. Atributos e Etapas da Classificação de Materiais Um sistema de classificação deve possuir determinadas qualidades (ou atributos) que o torne satisfatório. Para Viana (2000), são três os atributos de um bom sistema de classificação: Abrangência = a classificação deve abordar uma série de características dos materiais, caracterizando-os de forma abrangente. Aspectos físicos, financeiros, contábeis...são todos fundamentais em um sistema de classificação abrangente. Flexibilidade = Segundo Viana (2000), um sistema de classificação flexível é aquele que permite interfaces entre os diversos tipos de classificação, de modo a obter uma visão ampla da gestão de estoques. Enquanto a abrangência tem a ver com as características 8 do material, a flexibilidade refere-se à “comunicação” entre os tipos de classificação, bem como à possibilidade de adaptar e melhorar o sistema de classificação sempre que desejável. Praticidade = a classificação deve ser simples e direta, sem demandar do gestor procedimentos complexos. Atributos para classificação de materiais. • catalogação, arrolamento de todos os itens de material existentes em estoque, permitindo uma ideia geral do conjunto. Significa ordenar, de forma lógica, todo um conjunto de dados relativos aos itens identificados, codificados e cadastrados, de modo a facilitar a sua consulta pelas diversas áreas da empresa. • simplificação, redução da diversidade de itens de material em estoque que se destinam a um mesmo fim. Caso existam dois itens de material que são empregados para a mesma finalidade, com o mesmo resultado – indiferentemente, opta-se pela inclusão no catálogo de materiais de apenas um deles. Para reduzir a diversidade de um item empregado para o mesmo fim. Facilita, assim, a normalização e reduz- se despesas; • especificação (Identificação), que representa uma descrição minuciosa e possibilita melhor entendimento entre o consumidor e o fornecedor quanto ao tipo de material a ser requisitado. • normalização, maneira pela qual devem ser utilizados os materiais. Estabelecimento de normas técnicas para os itens de material em si, ou para seu emprego com segurança. • padronização, para facilitar o entendimento e não gerar muitas confusões. Pode atuar em relação a peso, medida e formato. Uniformização do emprego e do tipo do material. Facilita o diálogo com o mercado, facilita o controle, permite a intercambialidade de sobressalentes ou demais materiais de consumo (peças, cartuchos de impressoras padronizadas, bobinas de fax etc.); • codificação, atribuição de uma série de números e/ou letras a cada item de material para representar todas as informações necessárias, suficientes e desejadas com base em toda a classificação obtida do material. Pode ser codificação alfabético, alfanumérico ou numérico. SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 7 TIPOS (OU CRITÉRIOS) DE CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS Vários são os tipos de classificação de materiais, determinados em função das informações gerenciais desejadas pelo Gestor de Materiais. Veremos, a seguir os principais tipos de classificação: a) Quanto à possibilidade de fazer ou comprar Esta classificação tem por objetivo prover a informação de quais materiais poderão ser produzidos internamente pela organização, e quais deverão ser adquiridos no mercado. As categorias de classificação podem ser assim listadas: • materiais a serem produzidos internamente; • materiais a serem adquiridos; • materiais a serem recondicionados (recuperados) internamente; • materiais a serem produzidos ou adquiridos (depende de análise caso-a-caso pela organização). A decisão sobre produzir ou adquirir um item de material no mercado é tomada pela cúpula da organização, considerando os custos e a estrutura envolvida. Nesse contexto, há duas estratégias possíveis: a verticalização e a horizontalização: Verticalização→ Produz-se (ou tenta-se produzir) internamente tudo o que puder. Essa estratégia foi dominante nas grandes empresas, até o final do século passado, no intuito de assegurar a independência de terceiros (ex: General Motors). Mais raramente, há empresas que ainda se esforçam na verticalização de seus negócios (um exemplo seria a Faber-Castell que, na última década, esforçou-se na conquista da autossuficiência no plantio de madeira, matéria- prima na confecção de lápis).No entanto, verticalizar mostrou-se um negócio arriscado, já que se corre o risco da empresa ficar “engessada”, ou seja, a imobilização de recursos pode tornar o negócio pouco flexível. Horizontalização → Compra-se de terceiros o máximo de itens que irão compor o produto final. Esta estratégia é a grande tendência das empresas modernas. De modo geral, apenas os processos fundamentais (chamados core processes) não são terceirizados, por razões de segredos tecnológicos. A estrutura horizontalizada é típica do Sistema Toyota de Produção, que remete a terceiros cerca de 75% do processo produtivo. O quadro abaixo sumariza as vantagens e desvantagens dessas estratégias: VANTAGENS DESVANTAGENS Verticalização - Independência de terceiros; - Maiores lucros; - Manutenção de segredo sobre tecnologias próprias. - Perda de flexibilidade (a empresa fica “engessada”); - Maior investimento (maiores custos) Horizontalização - Garantia de flexibilidade à empresa; - Menores custos (não há despesa na criação de estruturas internas). - Perda de controle tecnológico; - Dependência de terceiros; - Lucros menores. b) Por demanda: - Materiais de Estoque São os materiais que, dada a previsibilidade da demanda pela organização, devem ser mantidos em estoque. - Materiais Não-de-Estoque São os materiais que, dada a imprevisibilidade da demanda pela organização, não tem necessidade de estarem em estoque. (lembre-se: estoque gera custos à organização!!) No caso de materiais não-de-estoque, quando verificada sua necessidade, inicia-se um processo de aquisição. SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 8 Observação: As demais classificações (apresentadas a seguir) são atinentes exclusivamente aos materiais de estoque, que são mantidos nos almoxarifados das organizações. c) Quando à Industrialização: • Matérias Primas: materiais destinados à transformação em outros produtos, com consumo diretamente proporcional ao volume de produção; • Produtos em Processo: materiais que estão em diferentes etapas de produção. Representam a transição de matéria–prima para produto acabado. • Produtos semi-acabados: materiais procedentes da produção que, para serem considerados acabados, necessitam ainda de algum detalhe de acabamento, como: retoque, pintura, inspeção, etc. • Produtos Acabados: materiais que já estão prontos; seus processamentos foram finalizados, podendo ser estocados, utilizados ou comercializados. d) Quanto a movimentação • Materiais Ativos: são itens estocados que possuem sua movimentação ativa. • Materiais Inativos: são itens estocados sem movimentação. Estes devem ser identificados e sua permanência no estoque analisada, caso não seja compensadora, devemos retirá- los do estoque, pois representam capital de giro parado e em desvalorização. • Materiais Descontinuados: são itens que a empresa não mais movimenta. Como não é possível excluí-los do sistema de controle de estoque, por possuírem movimentações registradas, os mesmos são classificados como descontinuados. e) Por periculosidade Materiais perigosos são aqueles que oferecem risco, em especial durante as atividades de manuseio e transporte. Nesta categoria, estão inseridos os explosivos, líquidos e sólidos inflamáveis, materiais radioativos, corrosivos, oxidantes etc. f) Por perecibilidade Trata-se de uma classificação que leva em conta o desaparecimento das propriedades físico-químicas do material. Gêneros alimentícios, vacinas, materiais para testes laboratoriais, entre outros, são considerados perecíveis, já que estão sujeitos à deterioração e à decomposição. g) Por importância operacional (Classificação XYZ) A Classificação XYZ avalia o grau de criticidade ou de imprescindibilidade do item de material nas atividades desempenhadas pela organização. A vantagem da utilização da classificação do tipo importância operacional é a obtenção da informação dos itens de material em estoque considerados vitais para a organização, seja em termos de continuidade da produção ou de segurança às pessoas, ao ambiente e ao patrimônio. Uma desvantagem de se utilizar a classificação de materiais do tipo importância operacional é que ela não fornece análise econômica dos estoques. As classes são assim definidas, conforme Mendes e Castilho (2009): Classificação por importância operacional Classe Definição Classe X Materiais de baixa criticidade, cuja falta não implica paralisações da produção, nem riscos à segurança pessoal, ambiental e patrimonial. Ainda, há facilidade de sua obtenção no mercado. Classe Y Materiais que apresentam grau de criticidade intermediário, podendo, ainda, ser substituídos por outros com relativa facilidade. Classe Z Materiais de máxima criticidade, não podendo ser substituídos por outros equivalentes em tempo hábil sem acarretar prejuízos significativos. A falta desses materiais provoca a paralisação da produção, ou coloca em risco as pessoas, o ambiente ou o patrimônio da empresa. SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 9 h) Por valor econômico (Curva ABC) O Método da Curva ABC ou Princípio de Pareto (ou, ainda, Curva 80-20), é uma ferramenta segundo a qual os itens de material em estoque são classificados de acordo com sua importância, geralmente financeira. Para Gonçalves (2007), o principal objetivo da análise ABC é identificar os itens de maior valor de demanda e sobre eles exercer uma gestão mais refinada, especialmente por representarem altos valores de investimentos e, muitas vezes, com impactos estratégicos para a sobrevivência da organização. Devemos frisar que, na sistemática da Curva ABC, os itens de material em estoque são usualmente classificados de acordo com seu valor financeiro, mas existe a possibilidade de adoção de outros critérios, como, por exemplo, impacto na linha de produção, ou, itens mais requisitados pelos setores da organização. No método da Curva ABC, os itens em estoque são classificados em três classes: Classe A: itens de maior relevância Classe B: itens de importância intermediária Classe C: itens de menor relevância em estoque Os percentuais aproximados (e não fixos) são os relacionados abaixo: CLASSE % do critério selecionado (geralmente é o valor (R$) em estoque) % Quantidade aproximada em estoque A 80% 20% B 15% 30% C 5% 50% A representação gráfica da curva ABC é apresentada a seguir, adotando-se, como critério, o valor dos itens em estoque: Atributos para a Classificação de Materiais Permanentes e de Consumo A classificação de um bem como permanente ou de consumo é, predominantemente, uma classificação contábil, pois é referente à Natureza de Despesa, no âmbito do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). De modo geral, podemos traçar as seguintes definições: Material de Consumo É aquele que, em razão de seu uso corrente, perde normalmente sua identidade física e/ou tem sua utilização limitada a dois anos. ex.: caneta esferográfica, borracha, etc. Material Permanente É aquele que, em razão de seu uso corrente, não perde sua identidade física, mesmo quando incorporado a outro bem, e/ou apresenta uma durabilidade superior a dois anos. ex,: monitor de computador, mesa de escritório, etc. A Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda, através do artigo 3º de sua Portaria nº 448/2002, apresenta 5(cinco) condições excludentes para a classificação de um bem como permanente. De acordo com essa norma, é material de consumo aquele que se enquadrar em um ou mais dos seguintes quesitos: SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 10 “Art. 3º - Na classificação da despesa serão adotados os seguintes parâmetros excludentes, tomados em conjunto, para a identificação do material permanente: I - Durabilidade, quando o materialem uso normal perde ou tem reduzidas as suas condições de funcionamento, no prazo máximo de dois anos; II - Fragilidade, cuja estrutura esteja sujeita a modificação, por ser quebradiço ou deformável, caracterizando-se pela irrecuperabilidade e/ou perda de sua identidade; III - Perecibilidade, quando sujeito a modificações (químicas ou físicas) ou que se deteriora ou perde sua característica normal de uso; IV - Incorporabilidade, quando destinado à incorporação a outro bem, não podendo ser retirado sem prejuízo das características do principal; e V - Transformabilidade, quando adquirido para fim de transformação.” Redação mais atual destes critérios é apresentada pelo Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (Portaria Conjunta STN/SOF nº 01/11):n i s F i g u e i r e d o d a S i l v a 3 2 8 2 1 Um material é considerado de consumo caso atenda um, e pelo menos um, dos critérios a seguir: Critério da Durabilidade (...); Critério da Fragilidade (...); Critério da Perecibilidade (...); Critério da Incorporabilidade (...); Critério da Transformabilidade (...)” Usualmente, este conteúdo é cobrado de forma simples em concursos. De qualquer modo, vale a pena decorar os (cinco) critérios acima. EXERCÍCIOS SOBRE CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS. TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO. 01. (CESPE / ANATEL / 2009) Se determinado órgão público adquirir 50 cartuchos de toner para as suas impressoras a laser, tais produtos deverão ser considerados como produtos acabados para o referido órgão. 02. (CESPE / CNPQ / 2011) Uma desvantagem de se utilizar a classificação de materiais do tipo importância operacional é que ela não fornece análise econômica dos estoques. 03. (CESPE / IPOJUCA - Administrador hospitalar / 2009) A classificação XYZ é um método de análise qualitativa que determina a criticidade dos materiais e dos medicamentos no hospital. Os itens X são aqueles considerados vitais ou críticos para a produção, sem similar no hospital. 04. (FCC / METRÔ SP / 2008) No processo de gestão de materiais, a classificação ABC é uma ordenação dos itens consumidos em função de um valor financeiro. São considerados itens A os itens de estoque com as características de: a) muitos itens em estoque e baixo valor de consumo acumulado. b) poucos itens em estoque e baixo valor de consumo acumulado. c) muitos itens em estoque e alto valor de consumo acumulado. d) poucos itens em estoque e alto valor de consumo acumulado. e) número médio de itens em estoque e alto valor acumulado. 05. (CESPE / TJ ES / 2011) Pertencem ao inventário de material permanente os itens patrimoniais de durabilidade superior a um ano e(ou) os que não percam a sua identidade física. SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 11 06. (CESPE / EBC / 2011) O critério de durabilidade deve ser o único parâmetro para a classificação orçamentária de um material em consumo ou permanente. 07. (IFC / UFSC / 2009) Em relação aos atributos para a classificação de materiais, assinale a alternativa CORRETA. a) Criatividade, inovação e flexibilidade. b) Mudança, adaptação e estratégia. c) Abrangência, criatividade e inovação. d) Abrangência, flexibilidade e praticidade. e) Praticidade, estratégia e reorganização. 08. (CESPE / SESA ES / 2011) Simplificação, especificação e normalização são etapas da classificação de materiais. 09. (CESPE / ABIN / 2010) Considere que, no estoque de uma oficina mecânica, haja vários parafusos de diferentes tipos. Nessa situação, no controle de estoque, todos os parafusos devem ser considerados um mesmo item de consumo, atribuindo-se a esse item uma única codificação. 10. (CESPE - 2013 - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) - Técnico Judiciário - Administrativo) Julgue os itens que se seguem, relativos a gestão de materiais. Denomina-se verticalização o processo em que a empresa se torna seu próprio fornecedor, passando ela própria a produzir internamente suas matérias- primas, para evitar a dependência de fornecedores externos. GABARITO 01. E 02. C 03. E 04. D 05. E 06. E 07. D 08. C 09. E 10. C COMPRAS Compras. Modalidades de compra. Cadastro de fornecedores. Compras no setor público CONCEITO DE COMPRA É a função responsável pela obtenção do material no mercado fornecedor, interno ou externo. É ainda, a unidade organizacional que, agindo em nome das atividades requisitantes, compra o material certo, ao preço certo, na hora certa, na quantidade certa e da fonte certa. 1. Material Certo É importante que o comprador esteja em situação de certificar-se se o material comprado, de um fornecedor está de acordo com o solicitado. O comprador deve, portanto, desenvolver um “sentido técnico a fim de descobrir eventuais discrepâncias entre a cotações de um fornecedor e as especificações da Requisição de Compras. Toda vez que uma requisição não for suficientemente clara, o comprador deverá solicitar esclarecimentos ou, se for o caso, devolvê-la a fim de que seja preenchida corretamente e de maneira que transmita exatamente o que se deseja adquirir”. 2. Preço Certo Nas grandes empresas, subordinado a Compras, existe o Setor de Pesquisa e Análise de Compras. Sua função é, entre outras, a de calcular o "preço objetivo" do item (com base em desenhos e especificações) . O cálculo desse "preço objetivo" é feito baseando-se no tempo de execução do item, na mão de obra direta, no custo da matéria prima com mão de obra média no mercado; a este valor deve-se acrescentar um valor, pré-calculado, de mão de obra indireta. Ao valor encontrado deve-se somar o lucro. O "preço objetivo" é que vai servir de orientação ao comprador quando de uma concorrência. No julgamento da concorrência duas são as possíveis situações: a) Preço muito mais alto do que o "preço objetivo": nessas circunstâncias, eventualmente, o comprador poderá chamar o fornecedor e solicitar esclarecimentos SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 12 ou uma justifica tive do preço. O fornecedor ou está querendo ter um lucro excessivo, ou possui sistemas onerosos de fabricação ou um mau sistema de apropriação de custos; b) Preço muito mais baixo que o "preço objetivo": o menor preço não significa hoje em dia, o melhor negócio. Se o preço do fornecedor for muito mais baixo, dois podem ser os motivos: 1) O fornecedor desenvolveu uma técnica de fabricação tal que conseguiu diminuir seus custos; 2) O fornecedor não soube calcular os seus custos e nessas circunstâncias dois problemas podem ocorrer: ou ele não descobre os seus erros e fatalmente entrará em dificuldades financeiras com possibilidades de interromper seu fornecimento, ou descobre o erro e então solicita um reajuste de preço que, na maioria das vezes, poderá ser maior que o segundo preço na concorrência original. Portanto, se o preço for muito mais baixo que o preço objetivo, o fornecedor deve ser chamado, a fim de prestar esclarecimentos. Em resumo: nunca o comprador deve dar início a uma concorrência, sem ter uma ideia do que vai receber como propostas. 3. Hora Certa O desenvolvimento industrial atual e o aumento cada vez maior do numero de empresas de produção em série, torna o tempo de entrega, ou os prazos de entrega, um dos fatores mais importantes no julgamento de uma concorrência. As diversas flutuações de preços do mercado e o perigo de estoques excessivos fazem com que o comprador necessite coordenar esses dois fatores da melhor maneira possível, a fim de adquirir na hora certa o material para a empresa. 4. Quantidade Certa A quantidade a ser adquirida é cada vez mais importante por ocasião da compra. Até pouco tempo atrás aumentava-se a quantidade a ser adquirida objetivando melhorar e preço; entretanto outros fatores como custo de armazenagem, capital investido em estoques etc., fizeram com que maiores cuidados fossemtomados na determinação da quantidade certa ou na quantidade mais econômica a ser adquirida. 5. Fonte Certa De nada adiantará ao comprador saber exatamente o material a adquirir, o preço certo, o prazo certo e a quantidade certa, se não puder encontrar uma fonte de fornecimento que possa agrupar todas as necessidades. A avaliação dos fornecedores e o desenvolvimento de novas fontes de fornecimento são fatores fundamentais para o funcionamento de compras. Mais que uma atividade administrativa, a função compra é de vital importância para o sucesso das atividades logísticas de uma empresa. Todo processo de aquisição inicia com a decisão de efetuar a compra e termina com a chegada do material na empresa em conformidade com o que foi solicitado. Caso haja algum problema de fornecimento, a Área de Compras será o agente responsável pela regularização, onde os processos de negociação estarão presentes em todos momentos. Organização do setor de compras. Objetivos básicos do setor: • Obter um fluxo contínuo de suprimentos, a fim de atender aos programas de produção; • Coordenar esse fluxo de maneira que seja aplicado um mínimo de investimento que não afete a operacionalidade da empresa; • Comprar materiais e insumos aos menores preços, obedecendo a padrões de quantidade qualidade definidas e adequadas; • Procurar, sempre dentro de uma negociação justa e honrada, os melhores interesses da empresa. Objetivos da administração de compras: • manter a continuidade da disponibilidade dos estoques para cobrir as necessidades de produção, consumo e/ou vendas; • aplicar o mínimo possível de capital de giro em estoques de materiais sem que isso leve ao desabastecimento de materiais; • contribuir para evitar duplicação, desperdício e obsolescência de materiais; SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 13 • manter os padrões de qualidade dos materiais adquiridos; • adquirir materiais a custos mais justos; • manter a competitividade da empresa no que se refere aos custos de aquisição dos materiais; • comprar com prazos de pagamento superiores à velocidade das vendas, reduzindo a necessidade de capital de giro. SISTEMAS DE COMPRAS Para efetuar uma boa compra, a empresa deve seguir certos mandamentos que incluem a verificação de prazos, preços, qualidade e volume. Deve-se manter cadastros de fornecedores, analisá-los, fazer uma seleção e procurar ter uma bom relacionamento com o mercado fornecedor. Entre as características básicas de um sistema adequado de compras, podemos destacar: A) Sistema de compras a três cotações: Tem por finalidade partir de um número mínimo de cotações para encorajar novos competidores. A pré-seleção dos concorrentes qualificados evita o dispêndio de tempo com um grande número de fornecedores. B) Sistema de preços objetivos: O conhecimento prévio do preço justo, além de ajudar nas decisões do comprador, proporciona uma verificação dupla no sistema de cotações. Pode ainda ajudar os fornecedores a serem competitivos, mostrando-lhes que seus preços estão fora de concorrência. C) Duas ou mais aprovações: No mínimo duas pessoas estão envolvidas em cada decisão da escolha do fornecedor. Isto estabelece uma defesa dos interesses da empresa pela garantia de um melhor julgamento, protegendo o comprador ao possibilitar revisão de uma decisão individual. D) Documentação escrita: Documentação anexa ao pedido, possibilita no ato da Segunda assinatura, o exame de cada fase de negociação, permite revisão e estará sempre disponível junto ao processo de compra para esclarecer qualquer dúvida posterior. CENTRALIZAÇÃO X DESCENTRALIZAÇÃO DO SETOR DE COMPRAS A centralização das compras pode ser definida pelos administradores de uma empresa caso compreendam que esta será a melhor diretriz para alcançar suas estratégias de gestão e custos. As vantagens desse procedimento são inúmeras. Evitam a duplicação e a possibilidade de compradores de um mesmo órgão competir entre si, no que tange às compras de materiais sob sua responsabilidade, levando-se em conta a situação na qual dois ou mais compradores possam adquirir o mesmo material ou insumo para produtos diferentes, de uma ou várias fontes de fornecimento com preços e condições distintas. (Gonçalves, 2010, p. 250) A descentralização de compras apresenta suas vantagens quanto à rapidez nas tomadas de decisão e atendimento personalizado ao cliente interno como outras vantagens. Porém, julga-se necessário o acompanhamento da matriz nas atividades de compras das diversas unidades da empresa pelo país, havendo assim um controle direto e indireto de suas operações. Vantagens e desvantagens da CENTRALIZAÇÃO de compras na empresa: Vantagens Desvantagens 1. Padronização das estratégias de compras. 1. Perda de autonomia das unidades para resolução dos problemas urgentes. 2. Padronização dos processos e ganho na negociação com preço e prazo melhor devido volume. 2. Burocratização de processos. 3. Redução de equipe de trabalho, melhor controle das informações, facilitando a tomada de decisão. 3. Perda de performance em compras. 4. Homogeneidade de preços, evitando concorrência entre os compradores da empresa. 4. Acompanhamento distante das aquisições e da satisfação do usuário final. Geralmente o feedback é recebido por telefone ou e- mail. 5. Insumos e embalagens padronizadas, permitindo transferências entre filiais. 5. Nem sempre o item comprado para todas as unidades é o melhor item para atender uma determinada planta. SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 14 Vantagens e desvantagens da DESCENTRALIZAÇÃO de compras na empresa: Vantagens Desvantagens 1. Rapidez nas tomadas de decisão. 1. Redução do ganho por escala 2. Maior agilidade na negociação e compra. 2. Aumento dos estoques 3. Atendimento personalizado ao cliente interno. 3. Fornecedor não atende o cliente com prioridade. Pelo poder de barganha. 4. Maior sensibilidade das necessidades urgentes da unidade. 4. Aumento de custo devido concorrência entre as empresas do mesmo grupo. 5. Contato adequado com fornecedores locais. 5. Falta de padrão entre os materiais comprados pela empresa. CICLO DE COMPRAS Segundo Chiavenato em seu livro Administração de Materiais. "A atividade de compras é basicamente cíclica e repetitiva. Cíclica porque envolve um ciclo de etapas que necessariamente devem ser cumpridas, cada qual a seu tempo e uma após a outra. Repetitiva porque o ciclo é acionado cada vez que surge a necessidade de se adquirir determinado material. A reposição dos materiais ocorre cíclica e repetitivamente. O ciclo de compras é composto de cinco etapas principais: 1) Análise das OCs (Ordens de Compras) recebidas; 2) Pesquisa e seleção de fornecedores; 3) Negociação com o fornecedor; 4) Acompanhamento do pedido (follow-up); 5) Controle do recebimento do material comprado. Análise das Ordens de Compra (OCs) recebidas A primeira etapa do ciclo de compras começa com o recebimento das OCs emitidas pelo PCP, a partir da programação de materiais. O órgão de compras efetua uma análise dessas OCs, para conhecer as especificações dos materiais ou serviços requisitados, suas respectivas quantidades e épocas adequadas para o recebimento. Em muitas empresas, as OCs são encaminhadas ao órgão de compras através de listas ou listagens, em que constam a última compra, com o nome do fornecedor, quantidade fornecida e preço de venda. Nessa primeira etapa, o órgão de compras planeja as suas atividades de modo a atender às OCs recebidas e providenciar as compras. Para facilitar as futuras cotações e propostas de fornecedores, o órgão de compras deve manter um fichário ou um banco de dados sobre os possíveis materiais ou serviços necessários à empresa. Para cada material ou serviço deve haver um ficháriodos fornecedores, quantidades compradas, preços, condições de pagamento, prazos de entrega etc. Esse histórico de cada compra permitirá facilitar a pesquisa e seleção de futuros fornecedores. Pesquisa e Seleção de Fornecedores A segunda etapa do ciclo de compras pode ser dividida em duas partes distintas: a pesquisa e a seleção de fornecedores. A pesquisa de fornecedores consiste em investigar e estudar os possíveis fornecedores dos materiais requisitados. Essa pesquisa é feita geralmente através da verificação dos fornecedores previamente cadastrados no órgão de compras. Muitos fornecedores procuram as empresas – através dos seus vendedores ou até por correspondência – para se qualificarem previamente para possíveis consultas, enviando dados cadastrais, como nome, endereço, capital social, produtos ou serviços oferecidos, capacidade de produção, fontes de referência junto a clientes etc. Fornecedor é a empresa que produz as matérias-primas e insumos necessários e que se dispõe a vendê-los. O órgão de compras deve manter toda literatura possível sobre o mercado fornecedor, como listas telefônicas, anuários especializados, revistas técnicas, catálogos, folhetos, prospectos, correspondência, enfim, tudo que possa oferecer informações sobre os possíveis fornecedores, seus endereços, seus clientes etc. O fichário ou banco de dados deve permitir uma avaliação do mercado de fornecedores para cada material ou insumo de molde a comparar as características de cada fornecedor potencial. Fornecedor real é aquele que já efetuou vendas de materiais ou insumos à empresa, enquanto o fornecedor potencial é aquele que pode se candidatar a futuros fornecimentos. A segunda parte é a seleção, dentre os fornecedores pesquisados, daquele mais adequado para suprir a necessidade de compra da empresa. A seleção do SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 15 fornecedor consiste em comparar as diversas propostas ou cotações de venda dos vários fornecedores e escolher qual a que melhor atenda às conveniências da empresa. Devem prevalecer na escolha do fornecedor selecionado, determinados critérios, como: preço, qualidade do material a ser fornecido, condições de pagamento, possíveis descontos, prazos de entrega, confiabilidade quanto a prazos etc. O preço costuma ser o referencial mais importante na seleção dos fornecedores, quando os demais critérios são igualmente atendidos pelos outros. A pesquisa de fornecedores é basicamente um levantamento de mercado para se verificar quais as possíveis fontes de suprimento do material requisitado. A seleção de fornecedores é uma escolha feita pelo órgão de compras, tendo por base a comparação entre os possíveis fornecedores, a partir de determinados critérios. A pesquisa permite uma comparação dos diversos fornecedores qualificados, enquanto a seleção é uma decisão sobre a qual será o escolhido para fornecer o material ou serviço requisitado. À medida que pesquisa e seleciona os fornecedores, o órgão de compras deve manter um registro sobre a avaliação dos fornecedores para facilitar futuros processos de compras. Da mesma forma que se faz com a ficha de histórico do material, o órgão de compras deve possuir em seu banco de dados às informações sobre os fornecedores e a avaliação do seu desempenho. Negociação com o Fornecedor Definido o fornecedor escolhido, o órgão de compras passa a negociar com ele a aquisição do material requisitado, dentro das condições mais adequadas de preço e pagamento. O atendimento das especificações exigidas do material e o estabelecimento de prazos de entrega devem ser assegurados na negociação. A negociação serve para definir como será feita a emissão do pedido de compra ao fornecedor. O pedido de compra é um contrato formal entre a empresa e o fornecedor, especificando as condições em que foi feita a negociação. O pedido de compra tem a força de um contrato. Sua aceitação implica o atendimento de todas as especificações nele estipuladas. O comprador é responsável pelas condições e especificações contidas no pedido de compra, enquanto o fornecedor deve estar plenamente ciente de todas as cláusulas, pré-requisitos e critérios exigidos pela empresa, dos procedimentos que cercam o recebimento do material, dos controles e especificações de qualidade, para que o pedido de compra seja válido legalmente. Dá-se o nome de negociação aos contatos entre o órgão de compras e o fornecedor para reduzir as diferenças e divergências e chegar a um meio-termo: cada parte cede um pouco para que ambas saiam ganhando. Não há negociação quando apenas uma parte ganha e outra perde. Na negociação, as perdas e ganhos são repartidos entre partes para se chegar a um acordo. Acompanhamento do Pedido (Follow-Up) Feito o pedido de compra, o órgão de compras precisa se assegurar de que a entrega do material será feita dentro dos prazos estabelecidos e na quantidade e qualidade negociadas. Para tanto, deve haver um acompanhamento ou seguimento (follow-up) do pedido, através de constantes contatos pessoais ou telefônicos com o fornecedor, para saber como está sendo providenciada à produção do material requisitado. Isto significa que o órgão de compra não abandona o fornecedor depois de efetuar o pedido de compra. O seguimento ou acompanhamento representa uma constante monitoração do pedido e uma cobrança permanente dos resultados. Quando o volume de pedidos de compra é muito grande, algumas empresas realizam o acompanhamento em datas e prazos previamente agendados. No caso de um serviço, existem as chamadas inspeções, que é uma forma de acompanhamento do serviço. O seguimento permite localizar antecipadamente problemas e evitar surpresas desagradáveis, pois através dele o órgão de compras pode urgenciar o pedido, cobrar a entrega nos prazos estabelecidos, tentar complementar o atraso com outros fornecedores e até exigir correção do serviço prestado. Perfil do comprador: • Bom negociador • Visão sistêmica • Capacidade de persuasão • Capacidade para lidar com números • Bom relacionamento • Ético SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 16 MODALIDADES DE COMPRA: Toda e qualquer ação de compra é precedida por um desejo de consumir algo ou investir. Existem pois, basicamente, dois tipos de compra: - a compra para consumo e; - a compra para investimento. 1. Compra para investimento Enquadram-se as compras de bens e equipamentos que compõem o ativo da empresa (Recursos Patrimoniais). 2. Compras para consumo São de matérias primas e materiais destinados a produção, incluindo-se a parcela de material de escritório. Algumas empresas denominam este tipo de aquisição como compras de custeio. As compras para consumo, segundo alguns estudiosos do assunto, subdividem-se em: - compras de materiais produtivo e; - compras de material improdutivo. 2.1 Materiais Produtivos São aqueles materiais que integram o produto final, portanto, neste caso, matéria-prima e outros materiais que fazem parte do produto. 2.2 Materiais improdutivos São aqueles que, sendo consumido normal e rotineiramente, não integram o produto, o que quer dizer que é apenas material de consumo forçado ou de custeio. Em função do local onde os materiais estão sendo adquiridos, ou de suas origens, a compra pode ser classificada como: Compras Locais ou Compras por Importação. a) Compras Locais As atividades de compras locais podem ser exercidas na iniciativa privada e no serviço público. A diferença fundamental entre tais atividades é a formalidade no serviço público e a informalidade na iniciativa privada, muito embora com procedimentos praticamente idênticos, independentemente dessa particularidade. b) Compras por Importação As compras por importação envolvem a participação do administrador com especialidade em comércio exterior, motivo pelo qual não cabe aqui nos aprofundarmos a esserespeito. Seus procedimentos encontram-se expostos a contínuas modificações de regulamentos. Quanto a formalização das compras, as mesmas podem ser: Compras Formais São as aquisições de materiais em que é obrigatória a emissão de um documento de formalização de compra. Estas compras são determinadas em função de valores pré-estabelecidos e conforme o valor a formalidade e feita em graus diferentes. Compras informais São compras que, por seu pequeno valor, não justificam maior processamento burocrático. CADASTRO DE FORNECEDORES. Uma boa seleção de fornecedores, em que se caracterize sua QUALIDADE, PRAZOS DE ENTREGA, CONFIABILIDADE E sobretudo PREÇOS, é fundamental importância para o desempenho do departamento de compras. A escolha de um fornecedor é uma das atividades fundamentais e prerrogativa exclusiva de compras. O bom fornecedor é quem vai garantir que todas aquelas cláusulas solicitadas, quando de uma compra, sejam cumpridas. Deve o comprador procurar, de todas as maneiras, aumentar o número de fornecedores em potencial a serem consultados, de maneira que se tenha certeza de que o melhor negócio foi executado em benefício da empresa. O número limitado de fornecedores a serem consultados, constituem uma limitação das atividades de compras. No que se refere à seleção do número de fornecedores em determinado processo de compras, uma das principais vantagens em situações de compra de muitos fornecedores é o maior grau de liberdade de opção na escolha dos fornecedores. SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 17 ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO DE COMPRAS As compras podem ser centralizadas ou não. O tipo de empreendimento é que vai definir a necessidade de centralizar. Uma prática muito usada é ter um COMITÊ DE COMPRAS, em que pessoas de todas as área da empresa participem das decisões. As vantagens da centralização dos serviços de compras são sempre postas em dúvida pelos departamentos que necessitam de materiais. De modo geral, a centralização apresenta aspectos realmente positivos, pela redução dos preços médios de aquisição, apesar de, em certos tipos de compras, ser mais aconselhável à aquisição descentralizada. Vantagens de Centralizar: a) visão do todo quanto à organização do serviço; b) poder de negociação para melhoria dos níveis de preços obtidos dos fornecedores; c) influência no mercado devido ao nível de relacionamento com os fornecedores; d) análise do mercado, com eficácia, em virtude da especialização do pessoal no serviço de compras; e) economia de escala na aquisição centralizada, gerando custos mais baixos; f) melhor qualidade, por causa da maior facilidade de implantação do sistema de qualidade; Vantagens de Descentralizar: a) Resposta mais rápida e ágil às solicitações de compra; b) maior flexibilidade na negociação com fornecedores regionais; c) maior autonomia funcional das unidades administrativas regionais; d) maior flexibilidade proporcionada pelo menor tempo de tramitação das ordens, provocando menores faltas. O uso de comitê tem as seguintes vantagens: a) larga faixa de experiência é aplicada nas decisões; b) as decisões são tomadas numa atmosfera mais científica; c) o nível de pressões sobre compras é mais baixo, melhorando as relações dos compradores com o pessoal interno e os vendedores; d) a co-participação das áreas dentro do espírito de engenharia simultânea, cria um ambiente favorável para melhor desempenho tanto do ponto de vista político, como profissional. SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 18 RECEBIMENTO E ARMAZENAGEM Recebimento e armazenagem. Entrada. Conferencia. Critérios e técnicas de armazenagem. RECEBIMENTO DE MATERIAIS (Entrada e Conferência) Recebimento - Consiste na execução pelo setor específico, de um conjunto de operações que envolvem a identificação do material recebido, o confronto do documento fiscal com o pedido, inspeção qualitativa e quantitativa e da aceitação formal do material. O recebimento do item de material é a etapa intermediária entre a compra e o pagamento ao fornecedor. Somente após o recebimento (etapa que, nos órgãos públicos, refere-se à etapa de liquidação da despesa), é que o pagamento é autorizado. O recebimento é usualmente dividido nas seguintes etapas: ETAPAS DO RECEBIMENTO DE MATERIAIS ETAPA DESCRIÇÃO Recebimento Provisório* Entrada de materiais: recepção dos veículos transportadores; verificação de dados básicos da entrega (informações da nota fiscal, existência de autorização da entrega pela empresa etc.); encaminhamento para a área de descarga. Nesta etapa, o “recebedor” assina no documento fiscal que acompanha o material, apenas para fins de comprovação da data de entrega. Etapas intermediárias - Conferência Quantitativa: verificação se a quantidade declarada pelo fornecedor na nota fiscal corresponde àquela efetivamente entregue. - Conferência Qualitativa: verificação se as especificações técnicas do objeto entregue estão de acordo com as solicitadas pelo setor de compras (dimensões, marcas, modelos etc.) Regularização - Regularização: é o resultado lógico decorrente das fases anteriores. Pode ser originada uma das seguintes situações: a) entrada do material no estoque e liberação do pagamento ao fornecedor. Neste caso, houve aceitação do material, ou o recebimento definitivo; b) devolução parcial ou total do material ao fornecedor. Neste caso, a aceitação foi parcial ou, simplesmente, o material não foi aceito; c) reclamação junto ao fornecedor, por falta de material. *ATENÇÃO! o recebimento (provisório ou definitivo) não libera o fornecedor da responsabilidade de provar a inexistência ou a inveracidade de quaisquer alegações por parte do consumidor. ARMAZENAGEM DE MATERIAIS A armazenagem de materiais pode ser entendida como a atividade de planejamento e organização das operações destinadas a manter e a abrigar adequadamente os itens de material, mantendo-os em condições de uso até o momento de sua demanda efetiva pela organização. Uma armazenagem racional tem por objetivo principal a minimização dos custos a ela inerentes. De forma não exaustiva, podemos relacionar da seguinte forma os objetivos da armazenagem: • Maximizar a utilização dos espaços, ou, conforme Viana (2000), utilizar o espaço nas três dimensões, da maneira mais eficiente possível; • Prover acesso facilitado a todos os itens de material; • Prover proteção aos itens estocados, de forma que sua manipulação não incorra em danos; • Prover um ambiente cujas características não afetem a qualidade e a integridade dos itens estocados; • Apresentar um arranjo físico que possibilite o uso eficiente de mão de obra e de equipamentos. SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 19 CRITÉRIOS E TÉCNICAS DE ARMAZENAGEM Segundo Viana (2000), a armazenagem pode ser categorizada em dois grupos, a saber: simples e complexa. A armazenagem simples envolve materiais que, por suas características físicas ou químicas, não demandam cuidados adicionais do gestor de almoxarifados. Em contrapartida, a armazenagem complexa é inerente a materiais que carecem de medidas especiais em sua guarda. Os aspectos físicos ou químicos dos materiais que justificam uma armazenagem complexa podem ser assim listados: MATERIAIS DE ARMAZENAGEM COMPLEXA ASPECTOS FÍSICOS ASPECTOS QUÍMICOS • Fragilidade • Volume • Peso • Forma - Inflamabilidade ou Combustibilidade (=capacidade de entrar em combustão. Ex: óleo diesel); - Explosividade (= capacidade de o material tornar-se explosivo ou inflamável. Ex: acetileno, fogos de artifício); - Volatilização (= tendência a passar para o estado gasoso. Ex: benzeno); - Oxidação (= tendência de reação com o oxigênio. Em metais,provoca a ferrugem); - Potencial de intoxicação; - Radiação; - Perecibilidade (por exemplo, gêneros alimentícios). Os materiais de armazenagem complexa exigem uma infraestrutura de guarda especial, assim exemplificada: -Equipamentos de prevenção de incêndio (sprinklers etc.); -Ambientes climatizados (câmaras frigoríficas etc.); -Ambientes com controle de temperatura e umidade (paióis de munição etc.); -Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) pelos funcionários que lidam diretamente com esses materiais. CRITÉRIO DE ARMAZENAGEM DOS MATERIAIS De posse da informação do tipo de armazenagem que é demandada pelo material (simples ou complexa), cabe ao gestor de almoxarifado adotar um CRITÉRIO DE GUARDA DOS MATERIAIS. Os mais usuais, ainda segundo Viana (2000), são: CRITÉRIO CARACTERÍSTICAS Armazenagem por Agrupamento (ou compatibilidade) Materiais associados são alocados próximos uns dos outros. É o caso de se armazenarem sobressalentes variados de um motor de automóvel, por exemplo, em uma mesma estante. Esse critério facilita as tarefas de arrumação e busca, mas nem sempre permite o melhor aproveitamento do espaço. Armazenagem por tamanho, peso ou forma (acomodabilidade) Materiais de características físicas semelhantes são armazenados mais próximos. Esse critério possibilita um maior aproveitamento do espaço físico, e demanda maior necessidade de controle por parte do gestor de almoxarifado. Armazenagem por frequência Os materiais com maior frequência de entrada e saída do almoxarifado são armazenados próximos à sua entrada/saída; SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 20 Armazenagem especial É a típica armazenagem complexa, destinada a materiais inflamáveis, perecíveis, explosivos etc. Note que este critério de armazenagem pode ser “acumulado” com um dos anteriores (por exemplo: carnes são armazenadas em câmaras frigoríficas – armazenagem especial, e pode ser empregado em conjunto o critério de armazenagem por frequência). Importante: produtos perecíveis devem ser armazenados segundo o método FIFO. Armazenagem em área externa Este critério é aplicável a materiais que podem ser armazenados em áreas externas (por exemplo, automóveis acabados, armazenados em pátios), reduzindo custos e ampliando o espaço interno do almoxarifado para materiais que necessitam de maior proteção. Coberturas alternativas Trata-se de soluções para a obtenção de uma área coberta, sem incorrer em custos de construção atinente à expansão do almoxarifado. Em geral, a cobertura é de PVC. TÉCNICAS DE ARMAZENAGEM (ESTOCAGEM). Finalmente, no que diz respeito às técnicas de armazenagem propriamente ditas, é essencial nos familiarizarmos com os DISPOSITIVOS MAIS USUAIS EMPREGADOS NESSA ATIVIDADE. PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS PARA ARMAZENAGEM Prateleiras Podem ser de aço ou madeira. As de aço, apesar de mais caras, possuem maior durabilidade, e não são atacadas por insetos. De forma geral, as prateleiras têm a propriedade de alocarem materiais de dimensões variadas. Contenedores (containers) Caixas metálicas retangulares, hermeticamente fechadas e seladas, destinadas ao transporte intermodal de mercadorias (ferroviário, rodoviário, marítimo ou aéreo). Pallets (paletes) Paletes são estrados que possibilitam o empilhamento das cargas, maximizando a utilização do espaço cúbico do almoxarifado. Podem ser de madeira, metal, papelão ou plástico. A paletização (possibilidade de empilhamento dos paletes e de manipulação de uma carga unitizada*) possibilita o aproveitamento eficiente do espaço vertical dos armazéns. Engradados São destinados à guarda e transporte de materiais frágeis ou irregulares, que não admitem o uso de simples estrados, carecendo de uma estrutura que ofereça proteção lateral. Caixas ou gavetas São ideais para a armazenagem de materiais de pequenas dimensões, como pregos, porcas, parafusos e sobressalentes pequenos em geral. Container flexível É uma das técnicas mais recentes, utilizada para sólidos a granel e líquidos em sacos. Racks (raques) São construídos especialmente para acomodar peças longas e estreitas, como tubos, vergalhões, barras, tiras etc. São, às vezes, montados sobre rodízios, permitindo seu deslocamento para junto de determinada área de operação. Os racks são fabricados em madeira ou aço estrutural, os modelos e tipos disponíveis no mercado são bem variados. SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 21 *CARGA UNITÁRIA OU UNITIZADA: Carga unitária: embalagens de transporte (“pallets”) arranjam uma certa quantidade de material (como se fosse uma unidade), facilitando o manuseio, transporte e armazenagem, economizando tempo de armazenagem, carga e descarga, esforço, mão-de-obra e área; O conceito de unitização nada mais é que o ato ou efeito de unitizar. Unitizar é reunir (cargas de diversas naturezas) num só volume, para fins de transporte. Para fins econômicos, a unitização auxilia a movimentação, armazenagem e transporte de produtos, fazendo com que a transferência, do ponto de origem até o seu destino final seja com o mínimo de manuseio possível. A figura abaixo poderia representar uma carga unitária (ou unitizada). Note que, na carga unitária, um conjunto de embalagens (mantidas no interior das caixas), são agregadas fisicamente, comportando-se como uma única unidade de carga durante o trânsito entre uma origem e um destino. Bloco de empilhamento - refere-se a unidades de carga empilhadas em cima umas das outras e armazenadas nas pistas ou blocos no piso do armazém. A necessidade de uso de equipamentos como empilhadeiras, guindaste e outros é uma desvantagem do método de empilhamento em bloco. A utilização de pallets facilita o empilhamento em alturas específicas, porém com alguns critérios, como por exemplo, peso da carga, a depuração da altura e da capacidade dos empilhadores. Sem contar que a remoção do material pode causar se houver espaços vazios entre os blocos. Vale ressaltar que a vantagem da utilização deste método é que é barato e pode ser operado em qualquer armazém, desde que tenha espaço em chão aberto. ARMAZENAMENTO CENTRALIZADO X ARMAZENAMENTO DESCENTRALIZADO CENTRALIZADO DESCENTRALIZADO Estocagem em um único local Estocagem junto aos pontos de utilização Facilita o planejamento da produção, o inventário e o controle A entrega e o inventário são mais rápidos, o trabalho com o fichário e documentação é menor Arranjo físico ou layout ou leiaute. O layout de armazém é a forma como as áreas de armazenagem de um armazém estão organizadas, de forma a utilizar todo o espaço existente da melhor forma possível, verificando a coordenação entre os vários operadores, equipamentos e espaço. O layout ideal é aquele que procura minimizar a distância total percorrida com uma movimentação eficiente entre os materiais, com a maior flexibilidade possível e com custos de armazenagem reduzidos. Definição do layout na armazenagem Com o desenvolvimento geral do sistema produtivo, observado na última década, a disposição física das áreas de armazenagem foi merecedora de maior atenção. Nesse sentido, a definição do layout (ou leiaute) deixou de ser meramente intuitiva, e passou a ser estabelecida a partir de técnicas de visualização da dinâmica de movimentação dos materiais no armazém. Dessa forma, hoje é considerado como layout de um almoxarifado o arranjo de homens, máquinas e materiais, dispostos de modo que sua dinâmica possa se dar dentro do padrão máximo de economia (VIANA, 2000). Para Muther (1978) a chave para uma definição satisfatória do layout inicia com a definição de características referentes aos itens de material. Esse “diagnóstico” inicial denomina-se chave PQRST, e pode ser bem ilustradopelo esquema abaixo, desenvolvido por aquele autor. SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 22 P – PRODUTO - MATERIAL = o que será armazenado ? Q – QUANTIDADE – VOLUME = quanto de cada material será armazenado? R – ROTEIRO – PROCESSO = onde serão estocados os itens? S – SERVIÇOS DE APOIO = como será a estocagem dos itens? T – TEMPO = por quanto tempo serão armazenados os materiais? Com base nessa abordagem, podemos listar os seguintes elementos principais que devem ser considerados quando da definição do layout na armazenagem: ELEMENTOS A SEREM CONSIDERADOS NA DEFINIÇÃO DO LAYOUT NA ARMAZENAGEM - Definição dos materiais a serem armazenados; - Volume de material; - Tempo durante o qual será feita a armazenagem; - Equipamentos e instrumentos que serão empregados na movimentação dos materiais; - Tipos de embalagens utilizadas no armazenamento; - Possibilidade de se fazerem inspeções nos materiais armazenados (há de se considerar a facilidade de acesso); - Versatilidade, flexibilidade e possibilidade de futura expansão da área de armazenagem. A acessibilidade aos materiais armazenados, conforme vimos anteriormente, é fator a ser considerado na definição do layout de um almoxarifado. Nesse aspecto, a acessibilidade é baseada em duas funcionalidades principais: a existência de um sistema de localização bem estruturado, permitindo saber as coordenadas de cada um dos itens de material em estoque; e um planejamento racional da área física do almoxarifado, possibilitando, por exemplo, o amplo trânsito dos equipamentos de movimentação. No que diz respeito ao sistema de localização dos itens de material, dois são os critérios passíveis de serem empregados: CRITÉRIOS DE LOCALIZAÇÃO DE MATERIAL CRITÉRIO DESCRIÇÃO Sistema de estocagem fixo Há a pré-determinação de áreas de estocagem específicas de acordo com o tipo de material. Se, por um lado, este sistema facilita o controle, por outro suscita o desperdício de áreas de Armazenagem, já que a falta de um tipo de material acarreta áreas “vazias”, ao passo que outro tipo de material em excesso, em outra área, ficaria “no corredor”. Sistema de estocagem livre Não existem locais pré-determinados para a estocagem (a não ser para materiais de demandam estocagem especial). Neste sistema, os materiais vão ocupando ao espaços vazios no almoxarifado, o que exige um elevado controle, sob o risco de incorrer na existência de material perdido em estoque. ATENÇÃO! Independente do critério de localização utilizado (fixo ou livre), faz-se necessário uma codificação (usualmente alfanumérica) que indique precisamente o posicionamento do material estocado (endereçamento). Sem essa informação, seria praticamente impossível a gestão de estoques os devidos controle e celeridade. SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 23 EXERCÍCIOS SOBRE RECEBIMENTO E ARMAZENAGEM 01. (CESPE / SESA ES / 2011) No recebimento de materiais, a conferência consiste no batimento entre a nota fiscal e o pedido de compra. 02. (CESPE / CNPQ / 2011) O controle do recebimento do objeto contratado é realizado durante o recebimento provisório, produzindo o efeito de liberar o vendedor do ônus da prova de qualquer defeito ou impropriedade que venha a ser verificada na coisa comprada. 03. (CESPE / ABIN / 2010) A paletização impede a utilização do espaço aéreo do almoxarifado. 04. (CESPE / MPU / 2010) No que se refere à armazenagem de recursos materiais, o uso de prateleiras é adequado à estocagem de materiais de dimensões variadas. 05. (CESPE / INCA / 2010) Se o gestor de material de determinado órgão identificar a entrada de uma carga unitizada composta por resma de papel de formato A4, é correto afirmar que esse órgão recebeu apenas uma unidade de resma de papel A4. 06. (CESPE / IFB / 2011) A carga unitária é a embalagem que contém diretamente o produto. 07. (CESPE / MPU / 2010) Os equipamentos e instrumentos utilizados na movimentação de materiais em estoques independem da estrutura física e do leiaute da unidade. 08. (CESPE / SEAD FUNESA SE / 2008) Considere que a largura dos corredores de um almoxarifado é determinada pelo equipamento utilizado para manuseio e que os corredores realmente permitem a fácil movimentação dos itens, por meio de empilhadeiras. Nessa situação, é correto afirmar que os corredores principais e os utilizados para embarque permitem o trânsito de duas empilhadeiras ao mesmo tempo. 09. (CESPE / TJ ES / 2011) O endereçamento é imprescindível tanto ao sistema de estocagem fixa quanto ao sistema de estocagem livre. 10. (CESPE / SEAD FUNESA SE / 2008) No sistema de estocagem livre, não existe local fixo de armazenagem, com exceção de materiais que requerem estocagem especial. Nesse sistema, os materiais vão ocupar os espaços vazios dentro do depósito. 11. (CESPE / SEAD FUNESA SE / 2008) A utilização cúbica e a acessibilidade a cada um dos itens são fatores que devem ser considerados no planejamento da área física do estoque. GABARITO 01. E 02. E 03. E 04. C 05. E 06. E 07. E 08. C 09. C 10. C 11. C SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 24 GESTÃO DE ESTOQUES Gestão De Estoques Introdução Estoque é toda e qualquer porção armazenada de material, com valor econômico para a organização, que é reservada para emprego em momento futuro, quando se mostrar necessária às atividades organizacionais. A manutenção de estoques é onerosa às organizações. Os custos, são relativos a diversos fatores – aluguel de espaços físicos, seguros, roubos, furtos, entre outros – podendo chegar a níveis altíssimos e insuportáveis. No entanto, mesmo se a organização optar por uma política de minimização de estoques, visando à economia de seus recursos, ainda trabalha-se com o chamado estoque mínimo ou de segurança, capaz de prover a continuidade do processo de trabalho (ou produtivo) independentemente de ocorrências contingenciais. Mas, afinal, QUAIS OS MOTIVOS PARA O USO DE ESTOQUES? As razões podem ser assim sintetizadas: Estoques podem proteger as organizações de eventuais oscilações de demanda = uma vez adquirida, a mercadoria torna-se independente de flutuações de demanda (= de consumo). Ano passado, na prevenção da gripe H1N1, comprávamos álcool gel tão logo o encontrávamos em uma farmácia, muitas vezes em quantidade maior do que nossas reais necessidades. Tentávamos, neste caso, nos resguardar de oscilações na demanda, estocando mercadorias. Estoques podem proteger as organizações de eventuais oscilações de mercado = uma vez adquirida, a mercadoria torna-se independente de flutuações do mercado. Há um tempo, na época da hiperinflação e do Plano Cruzado, muitos tinham o hábito de estocar mercadorias nas casas, tentando, assim, fugir dos efeitos das altas dos preços. Essa medida é muito comum em períodos inflacionários. Estoques podem ser uma oportunidade de investimento = isso ocorre quando, em determinado período, a taxa de aumento do valor financeiro do estoque for maior do que a taxa de aplicação em outros ativos que podem ser obtidos no mercado. Seria quase que um caso particular de oscilação de mercado, mencionado acima. Estoques podem proteger de atrasos = os atrasos podem ser originários de diversas fontes, desde um problema no transporte das mercadorias, até uma negociação mais prolongada com fornecedores, ou até mesmo uma influência do clima. No setor público, por exemplo, as demandas burocráticas relativas à obrigatoriedade de regularidade fiscal das empresas contratadas podem implicar um tempo maior do que o desejado para reestabelecer um fornecimento. Grandes estoques podem implicar economia de escala = a aquisição de itens de material em maiores quantidadesusualmente implica a prática de preços menos significativos, se comparado com compras de menores vultos. Os estoques se bem administrados e adequados trarão como resultados diversas vantagens como: •Redução de perdas e/ou furtos de materiais; •Permite o conhecimento prévio das quantidades de materiais necessárias para atender a demanda para um determinado período futuro; •Evita compras desnecessárias e exageradas; •Favorece o suprimento de materiais no momento oportuno e necessário; •Permitem traçar, de forma eficiente, estratégias de compras e de vendas; •Reduz a necessidade de capital de giro para manter as atividades da empresa; •Promove aumento da rotação dos estoques; •Propicia maior competitividade da empresa em relação a sua concorrência; •Favorece o estreitamento das parcerias comerciais entre a empresa e seus principais fornecedores; O estudo dos estoques baseia-se em previsões de consumos de materiais. A previsão da demanda estabelece estimativas dos produtos que serão SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 25 vendidos e, consequentemente, dos materiais que serão necessários para produzi-los. Características básicas. • coordenação adequada e apropriada de todos os setores envolvidos na compra, recebimento, teste aprovação, estocagem e pagamento a fornecedores; • centralização das compras em um setor de Compras sob a direção e responsabilidade de um especialista, com rotinas de procedimento bem claras e definidas; • utilização de cotações a fornecedores de maneira que possibilite a maior redução de preços possível na aquisição de suprimentos; • criação de um sistema interno de conferência, de forma que todas as operações envolvidas na compra e consumo de materiais sejam verificadas e aprovadas por pessoas autorizadas e de nível adequado; • estocagem de todos os materiais em locais previamente designados, e sujeitos a supervisão direta; • estabelecer um sistema de inventário rotativo, que possibilite a qualquer momento a determinação do valor de cada item e o total dos materiais em estoque; • determinação de limites (mínimos e máximos) para cada item do estoque; • elaboração de um sistema de controle de estoque, de maneira que os fornecimentos se realizem sob requisição de setores, conforme as quantidades pedidas e no tempo devido; • desenvolvimento de um sistema de controle que demonstre o custo de materiais em cada estágio, desde o almoxarifado de matéria-prima até o almoxarifado de produtos acabados; • emissão regular de relatório de materiais comprados, entregues, saldos, itens obsoletos, devoluções a fornecedores e registro de toda e qualquer informação que se faça necessária para uma correta avaliação do desempenho. Regras Simples e Práticas • Evite manter estoques de produtos acabados • Pense no seu fornecedor • Reorganize a diversificação de sua empresa (análise ABC) • Padronize suas peças e equipamentos • Verifique qual é o estoque mínimo necessário • Cuidado com o custo do dinheiro • Limpe o almoxarifado • Harmonize a produção com vendas • Torne sua empresa mais flexível • Defina a posição da empresa no mercado EXERCÍCIOS SOBRE GESTÃO DE ESTOQUES 01. (CESPE / TRT 16ª Região / 2005) Estoque é toda porção armazenada de mercadoria, ou seja, aquilo que é reservado para ser utilizado em tempo oportuno. 02. (CESPE / SEAD FUNESA SE / 2008) São funções dos estoques: garantir o abastecimento de materiais à empresa, neutralizando eventuais atrasos no fornecimento ou sazonalidades no suprimento, e proporcionar economia de escala. 03. (CESPE / TSE / 2006) Para uma adequada gestão de materiais essenciais ao funcionamento de suas operações, as organizações devem maximizar os investimentos em estoque desses materiais. GABARITO 01. C 02. C 03. E SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 26 PREVISÃO DO CONSUMO OU DA DEMANDA DE ESTOQUES Todo início de estudo dos estoques está pautado na previsão do consumo do material. A previsão de consumo ou da demanda estabelece estas estimativas futuras dos produtos acabados comercializados pela empresa. Define, portanto, quais produtos, quanto desses produtos e quando serão comprados pelos clientes. A previsão possui algumas características básicas que são: • é o ponto de partida de todo planejamento de estoques. • da eficácia dos métodos empregados. • qualidade das hipóteses que se utilizou no raciocínio. A previsão deve sempre ser considerada como a hipótese mais provável dos resultados. As informações básicas que permitem decidir quais serão as dimensões e a distribuição no tempo da demanda dos produtos acabados podem ser classificadas em duas categorias: quantitativas e qualitativas. a) Quantitativas • evolução das vendas no passado; • variáveis cuja evolução e explicação estejam ligadas diretamente às vendas. Por exemplo: criação e vendas de produtos infantis, área licenciada de construções e vendas futuras de materiais de construção; • variáveis de fácil previsão, relativamente ligadas às vendas (populações, renda, PNB); e • influência da propaganda. b) Qualitativas • opinião dos gerentes; • opinião dos vendedores; • opinião dos compradores; e • pesquisa de mercado. As técnicas de previsão do consumo podem ser classificadas em três grupos: a) Projeção: são aqueles que admitem que o futuro será repetição do passado ou as vendas evoluirão no tempo; segundo a mesma lei observada no passado, este grupo de técnicas é de natureza essencialmente quantitativa (técnica matemática). b) Explicação: procura-se explicar as vendas do passado mediante leis que relacionam as mesmas com outras variáveis cuja evolução é conhecida ou previsível. São basicamente aplicações de técnicas de regressão e correlação. São técnicas de natureza essencialmente quantitativas (técnica matemática). c) Predileção: funcionários experientes e conhecedores de fatores influentes nas vendas e no mercado estabelecem a evolução das vendas futuras. São técnicas de natureza essencialmente qualitativas (técnica não-matemática). O conhecimento sobre a evolução do consumo no passado possibilita uma previsão da sua evolução futura. Esta previsão somente estará correta se o comportamento do consumo permanecer inalterável. Os seguintes fatores podem alterar o comportamento do consumo: • influências políticas; • influências conjunturais; • influências sazonais; • alterações no comportamento dos clientes; • inovações técnicas; • produtos retirados da linha de produção; • alteração da produção; e • preços competitivos dos concorrentes SEMAD ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 27 QUESTÕES DE CONCURSOS 01. (CESPE / ANCINE / 2006) Entre as técnicas não- matemáticas de previsão de consumo, a projeção que admite que o futuro será repetição do passado e a explicação que relaciona os quantitativos com alguma variável cuja evolução é conhecida ou previsível são as mais utilizadas. 02. (CESPE / ANCINE / 2006) Entre as técnicas matemáticas de previsão de consumo, a conhecida como predileção, em que empregados experientes estabelecem a evolução de quantitativos futuros, é a mais utilizada. GABARITO 01. E 02. E MÉTODOS DE CÁLCULO DA PREVISÃO DO CONSUMO 1 - Método do último período Este modelo mais simples e sem base matemática consiste em utilizar como previsão para o período seguinte o valor ocorrido no período anterior. Se colocarmos em um gráfico os valores e as previsões, obteremos duas curvas exatamente iguais, porém deslocadas de um período de tempo. 2 - Método da média móvel Neste método, a previsão para o próximo período é obtida calculando-se a média dos valores de consumo nos n períodos anteriores. A previsão gerada por este modelo é geralmente menor que os
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