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APLICAÇÃO MANUAL DE PASTA DE GESSO COMO REVESTIMENTO INTERNO DE PAREDES E LAJES – ESTUDOS DE CASO SANTOS, Igor Rodrigues dos, igor.santos01@hotmail.com1 DORNELAS, Ricardo Cuvinel, rcd.produtividade@gmail.com1 1Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão Resumo: O presente trabalho possui por finalidade definir os processos executivos para a produção de revestimento, constituído de pasta de gesso, aplicado internamente em paredes e lajes, a qual torna-se possível o levantamento de custos, consumo de materiais, produtividade e fatores que possam determinar a variabilidade dos indicadores levantados. O estudo é feito com dados levantados em revisões bibliográficas e em campo, que abrangeu duas obras, sendo uma térrea e outra um edifício, com revestimento aplicado de forma desempenada em laje e sarrafeada em parede, respectivamente. Com base em um levantamento em campo é possível determinar a viabilidade econômica do processo executivo da construção civil, de acordo com a produtividade e o consumo de materiais. Tais valores são comparados com tabelas utilizadas comumente em orçamentos, onde é possível fazer uma análise quanto aos diversos valores encontrados. Palavras-chave: Pasta. Gesso. Produtividade. Consumo. MODALIDADE DE INSCRIÇÃO: MONITORIAS E TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCCS __________________________________________________________________________________________ 1. INTRODUÇÃO Todos os procedimentos que visam a aplicação de materiais que protegem e dão acabamento sobre as superfícies, tanto horizontal quanto vertical, em uma edificação são designados como revestimento. São aplicados em alvenarias e estruturas, considerando-se em três tipos: revestimento de paredes; revestimento de pisos e revestimento de tetos ou forros (ZULIAN et al., 2002). De acordo com o Manual de Revestimentos de Argamassa (ABCP, 2002) o revestimento pode ser entendido como uma proteção de uma superfície porosa com uma ou mais camadas sobrepostas, com espessura normalmente uniforme resultando em uma superfície apta a receber de maneira adequada uma decoração final. Neste sentido, o gesso vem ganhando espaço no mercado quando se trata de revestimentos em superfícies ou ambientes que não estão em contato direto com umidade, casos específicos de algumas paredes, lajes e forros. Torna-se benéfico o uso de pasta de gesso no revestimento interno de paredes e forros pois garante-se rapidez na execução, uma vez que as etapas de aplicação de revestimento de argamassa cimentada e, opcionalmente, a massa corrida são eliminadas, ganhando-se redução de custo, adquirindo excelente acabamento. Há diversos tipos de revestimentos no mercado, sendo a escolha do mesmo de acordo com os interesses e objetivos dos envolvidos no empreendimento. Este trabalho visa demonstrar as vantagens econômicas da aplicação de pasta de gesso como revestimento. 2. METODOLOGIA O trabalho foi feito através de revisões bibliográficas e dois estudos de caso, englobando a produção de revestimento de gesso desempenado em laje e sarrafeado em parede. O estudo bibliográfico abrangeu os trabalhos sobre o tema, sendo enriquecido com alguns dados do autor, tais como alguns processos executivos observados em campo. Paralelamente foram desenvolvidos dois estudos de caso realizados nas obras de um Centro Municipal de Ensino Infantil, localizado na cidade de Anápolis do estado de Goiás, e de um prédio comercial localizado na cidade de Inhumas do mesmo estado. Uma análise dos dados coletados e estudados foi realizada na sequência. A ênfase é na produção e execução de revestimentos produzidos com pasta de gesso. 3. PRODUÇÃO DA PASTA Assim como todos os revestimentos feitos in loco, a pasta de gesso é feita por etapas, obedecendo uma sequência, que vai desde o preparo da pasta até sua aplicação final. a) Inicialmente o pó de gesso é colocado em água na masseira, preenchendo-a toda por igual. A produção de pasta de gesso varia entre 20 e 32 litros de água para cada 40 kg de gesso (1 saco), ou seja, 0,5 a 0,8 litros por quilograma de pó. A quantidade de pó depende da quantidade a ser utilizada e do tempo de espera necessário. Essa etapa é denominada polvilhamento. b) Após ter introduzido todo o pó necessário, inicia-se o primeiro período de espera, correspondendo a um período que varia entre 8 e 10 minutos quando se produz uma elevada quantidade de massa. Quando a quantidade é pouca, a mistura se inicia logo após inserir todo o pó, de forma a tornar a mistura homogênea. Em grandes quantidades, após o término do período de espera, a pasta de gesso deve ser misturada em partes, definidas de acordo com a experiência do gesseiro, pois misturando ela como um todo, a pasta adquire consistência rápido, impossibilitando o gesseiro de aplicá-la em sua totalidade. c) Com a massa já misturada, inicia-se o segundo período de espera, para que a massa tome consistência e possa ser utilizada. Este intervalo equivale ao período de indução e tem duração entre 3 e 5 minutos, também dependendo da quantidade de massa produzida Periodicamente verifica-se a consistência da massa, para saber se ela já adquiriu a consistência necessária para sua aplicação. A consistência é verificada com os próprios dedos, percebendo-se um estado pastoso do revestimento, com certo aspecto colante. d) Após o término do período de espera a pasta passa a ter uma consistência ideal para sua aplicação 4. TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DA PASTA COMO REVESTIMENTO A aplicação para revestimentos, sarrafeado ou desempenado, é similar tanto aplicada horizontalmente quanto verticalmente, diferenciando-se apenas na necessidade de chapisco para o revestimento horizontal, uma vez que em tetos, a ação gravitacional é mais significativa, havendo uma necessidade de preparar o substrato para uma melhor aderência. Em revestimentos verticais a aplicação sarrafeada é mais utilizada em comparação à aplicação desempenada. Mesmo consumindo mais material e maior mão de obra, a demanda de revestimento sarrafeado é maior que o desempenado por gerar melhor qualidade do revestimento. Já em revestimentos horizontais a demanda de gesso desempenado é maior que a do gesso sarrafeado, pois não há um controle ou uma exigência maior no nivelamento da superfície que está no teto. Neste caso a escolha é mais influenciada pelo custo do que pela qualidade. 4.1. Técnicas de Aplicação de Gesso Desempenado como Revestimento Quando a fração da pasta que foi misturada pelo gesseiro adquire a consistência mínima adequada para aplicação, determinada pelo mesmo, inicia-se o período de aplicação. Para uma aplicação ideal da pasta de gesso o trabalhador deve seguir as etapas abaixo: a) Antes de iniciar a aplicação da pasta de gesso, deve-se umedecer levemente a superfície de aplicação, para diminuir a absorção de água por eles, e verificar se as caixas elétricas e as tubulações hidráulicas estão vedadas, se o alinhamento vertical está correto, assim como existência de ondulações ou defeitos que devam ser corrigidos. b) Eliminar sujeiras, incrustações e materiais estranhos, como pregos, arames e pedaços de aço, até que o substrato fique uniformizado. Se necessário, limpar com água, pois ela auxilia na aderência do revestimento. c) Inicia-se a aplicação do revestimento na metade superior da parede, com auxílio de desempenadeiras de chapa em PVC, realizando deslizamento de baixo para cima. Algum tipo de referência - ripa de madeira, pequenas taliscas ou batentes - deve ser escolhido para garantir a espessura da camada do revestimento. Já em tetos a aplicação é feita da frente para trás, em relação a posição do gesseiro. d) Posteriormente, regulariza-se a espessura da camada, aplicando pasta com a desempenadeira de PVC, agora, no sentido horizontal em paredes e mantendo o mesmo sentido na aplicação em tetos. É recomendadoque cada faixa deve ser sobreposta à anterior e a espessura da camada deve ter de 1 a 3 mm. e) Utilizando o canto da desempenadeira, limpa-se a superfície para eliminar ondulações e falhas, aplicando-se posteriormente, uma nova camada de massa para cobrir os vazios e imperfeições da superfície. f) Finalizando, é necessário desempenar cuidadosamente os excessos e rebarbas, exercendo certa pressão para obter a superfície final. A aplicação de pintura deve respeitar o período de cura e ser executada após o lixamento da superfície. Em paredes, todos os processos devem ser repetidos na metade inferior, respeitando uma faixa de rodapé para possibilitar a devida limpeza do piso. Executar o arremate dos cantos com desempenadeira e espátula. 4.2. Técnicas de Aplicação de Gesso Sarrafeado como Revestimento Diferentemente do revestimento desempenado, o revestimento sarrafeado é aplicado com o auxílio de faixas mestras, para que a superfície final possua planeza maior que o revestimento executado apenas com a desempenadeira. Dependendo da espessura do revestimento sarrafeado é necessário aplicar chapisco para melhorar a aderência entre o gesso e a parede. As etapas de aplicação são explicadas a seguir: a) Similar ao processo de aplicação de gesso desempenado, é necessário eliminar sujeiras e manter a superfície do substrato limpa até a aplicação. b) Inicialmente, executam-se as taliscas que podem ser cacos cerâmicos ou chapas finas de madeira, assentadas com a mesma pasta de gesso que será utilizada na execução do revestimento. As taliscas devem ser colocadas a 30 cm das bordas das paredes ou teto, respeitando um espaçamento de até 1,80m entre elas. Deve-se assegurar o nivelamento e alinhamento delas com régua de alumínio e prumo de face. c) Após a execução das taliscas, inicia-se a execução das guias mestras. As guias tem por objetivo testemunhar o nivelamento e o prumo da camada de revestimento. d) Após a fixação das guias mestras, inicia-se a aplicação do gesso, de modo que chegue até a espessura definida nas mestras, preenchendo todo o vazio. e) Aguardar o ponto de sarrafeamento e sarrafear a massa com régua de alumínio, apoiando a régua nas mestras e fazendo movimentos como se estivesse cortando a massa. f) Com auxílio da espátula, retirar o excesso de massa da régua, aplicando a pasta excedente nos espaços vazios, e passar a régua novamente. Esse processo deve ser repetido até que a superfície esteja homogênea. g) Aguardar, aproximadamente, 30 minutos após o sarrafeamento para dar início ao acabamento, utilizando desempenadeira. Preencher os poros restantes com a mesma pasta utilizada no revestimento e repetir o procedimento de acabamento Similar ao processo desempenado, os cantos devem ser arrematados com desempenadeira e espátula, avaliando se a qualidade do canto está a mesma do restante da parede. 5. VANTAGENS E DESVANTAGENS NA UTILIZAÇÃO DE PASTA DE GESSO COMO REVESTIMENTO 5.1. Vantagens Absorção e liberação de umidade ao ambiente; Baixa condutividade; Protetor contra chamas; Isolante térmico; Reduzido tempo de aplicação; Granulometria fina, possibilitando acabamentos mais lisos; Endurecimento acelerado; Espessuras finas. 5.2. Desvantagens Elevada exigência na qualidade do substrato de aplicação; Limitação de sua aplicação apenas em áreas internas e nem o contato com a umidade; Alta fragilidade; Suscetível ao bolor; Alto índice de perdas; Elevada geração de resíduos; Corrosivo ao aço. 6. ESTUDOS DE CASO 6.1. Obras Estudadas Foram feitos dois estudos de casos. O primeiro estudo de caso foi feito em uma obra de um centro de educação infantil, localizado na cidade de Anápolis, no Estado de Goiás. O estudo refere-se à produtividade e consumo de materiais na execução de revestimento em pasta de gesso, desempenado, com espessura variando entre 5 e 10 mm, aplicado em lajes pré-moldadas, com enchimento por placas de EPS (sigla internacional do Poliestireno Expandido, comumente conhecido por “isopor”) O projeto contempla um terreno de 2268,44 m², possuindo uma área construída de1499,10 m², dividida em Bloco 01, com 902,83m², e Bloco 02, com 596,27 m², englobando áreas construídas, áreas permeáveis, passeios e playground. Neste caso totalizou-se 928,86 m² de área aplicada com o revestimento em estudo. O segundo estudo de caso foi definido em uma obra de um prédio comercial, localizado na cidade de Inhumas, no Estado de Goiás. Neste caso, o estudo é direcionado para produtividade e consumo de materiais, na execução de revestimento em pasta de gesso, sarrafeado, com espessura de 10 mm, aplicado em alvenaria de blocos cerâmicos furados. Neste caso a aplicação do revestimento em estudo totalizou 1067,90m² 6.2. Dados Levantados Para o conhecimento do consumo de mão de obra, os dados necessários são referentes à determinadas quantidades de serviços executados por um homem em um intervalo de tempo. Já para o consumo de materiais, os dados pertinentes são aqueles que demonstram as quantidades gastas do material para a execução daquele trabalho em estudo. A produtividade levou em consideração o dia, horário de entrada, intervalo, e horário de saída dos funcionários, de acordo com a folha de ponto, além da quantidade de revestimento em m² produzido, descrita em diários de obra. Já o gasto de material teve como referência o controle de estoque. 6.3. Determinação da Produtividade A produtividade, definida a partir dos valores das Razões Unitárias de Produção, Diária, Cumulativa e Potencial (RUP’sd, RUPcum e RUPpot respectivamente). A RUPd é definida pela Equação 1. RUP = (1) Onde: RUP: Razão unitária de produção (h/m²); Hh: Homens-hora dispostos para o trabalho (h); Qs: Quantidade de serviço líquida (a unidade neste caso é m²). Para todo levantamento de produtividade obtém-se a RUP de acordo com os dados levantados. Primeiramente, determinam-se as RUP’s diárias (RUPd). Para análise, é conveniente definirmos as RUP’s cumulativas (RUPcum), que são as razões acumuladas desde o primeiro dia de estudo até a data de sua avaliação, definida pela razão entre a somatória das horas trabalhadas e a somatória das áreas até determinado dia. Então, finaliza-se a análise com as RUP’s potenciais (RUPpot), que seria “um valor de RUP diária associado à sensação de bom desempenho e que, ao mesmo tempo, mostra-se factível em função dos valores detectados” (SOUZA, 2005, p.39) definidas como o valor mediano das RUPd, inferiores às RUPcum ao final do período de estudo. 6.4. Determinação do Consumo de Materiais Com os dados referentes ao consumo de materiais e com as quantidades totais de serviços executados diariamente, é possível calcular o consumo unitário de material real (CUMR), através da Equação 2. Este indicador é considerado real por se tratar de dados coletados em obra. CUM= QM Qs (2) Onde: CUM: Consumo Unitário de Materiais (kg/m² neste caso). QM: Quantidade de material (kg neste caso). Qs: Quantidade de serviço líquida (a unidade neste caso é m²). Posteriormente, levanta-se o Consumo Unitário de Materiais Teórico (CUMT) que seria o consumo pré-definido em projeto, para análise de perdas. Em ambos os estudos de caso não houve um projeto executivo, nem mesmo um memorial descritivo determinando o traço e o consumo do insumo, desta forma, o CUMT adotado será a mediana, do consumo para cada tipo de revestimento, fornecida pela TCPO (PINI, 2012). Com os dados de CUMR e CUMT é possível determinar o coeficiente de perda gerado na obra, de acordo com a Equação 3. (3) Onde: IP%: Índice de perdas em porcentagem; CUMR: Consumo Unitário de Materiaisreal (kg); CUMT: Consumo Unitário de Materiais teórico (kg). 7. RESULTADOS 7.1. Produtividade da mão de obra Com a produtividade calculada, várias análises são possíveis de serem feitas a fim de confrontar os valores obtidos com a teoria, buscando compreender suas variações, os fatores que interferem em tal variação, e principalmente, o que pode ser feito para melhorar a produção. Para uma melhor compreensão, os dados levantados são representados na forma de gráficos (Figuras 1 e 2), para visualização dos picos de produtividade em formas de intervalo. Tais picos demonstram em quais dias a produtividade alcançou valores mínimos e máximos. Esses intervalos são comparados com os levantados pela TCPO (PINI, 2012), a tabela mais utilizada para orçamentos. Figura 1 - Variação de produtividade do primeiro estudo de caso Fonte: Próprio Autor Figura 2 - Variação de produtividade do segundo estudo de caso Fonte: Próprio Autor Pode ser visto pela Figura 1 os dias de maior (RUPof igual a 0,3022) e menor (RUPof igual a 0,3731) produtividade, totalizando um aumento de até 24% em relação ao mínimo consumo adquirido na obra. Já pela Figura 2 os picos de maior (RUPof igual a 0,64 Hh/m²) e menor (RUPof igual a 0,98 Hh/m²) produtividade, torna possível determinar que, na pior situação, o consumo chega a ser 1,53 vezes (53%) maior que na melhor situação. Tomando a RUPpot coletada na TCPO-14 (PINI, 2012) como indicador entre produtividade boa ou ruim e comparando-a com a RUPpot adquirida em ambos os estudos, é possível perceber quando a obra é mais produtiva. Porém, vale lembrar que a TCPO- 14 (PINI, 2012) engloba tanto a produção de revestimento desempenado quanto sarrafeado. Percebendo tamanha variabilidade e discrepância entre os valores obtidos em campo e os usualmente adotados, torna necessário perceber fatores que fizeram a produtividade variar. Como disse SOUZA (2005) nos processos de construção civil, a estabilidade é menor que na Indústria Seriada; existem mudanças, quanto a um determinado serviço, de uma obra em relação a outra e de um dia em relação a outro na mesma obra. Portanto, a variação das características leva a variação da produtividade. Os quadros das Figuras 3 e 4 demonstram os fatores mais influentes na variação da produtividade de ambos os estudos, sendo os dados levantados na primeira coluna como fatores que influenciaram positivamente na produção, e os levantados na segunda coluna influenciaram negativamente. Figura 3 – Quadro de fatores percebidos que influenciaram na produtividade do primeiro estudo de caso Produtividade maior com a proximidade do final de semana Produtividade menor no início da semana Materiais e equipamentos já dispostos em seus devidos lugares Mobilização de materiais e equipamentos para o local de aplicação Áreas maiores Áreas menores Dedicação com o cronograma da obra Descaso com o cronograma da obra Fonte: Próprio Autor Figura 4 - Quadro de fatores percebidos que influenciaram na produtividade do segundo estudo de caso Área maior de aplicação Área menor de aplicação Materiais e equipamentos já dispostos em seus devidos lugares Mobilização de materiais e equipamentos Mobilidade entre pavimentos Falta de elevadores de carga auxiliar Dedicação com o cronograma da obra Descaso com o cronograma da obra Aplicação em chapisco Aplicação em alvenaria Fonte: Próprio Autor Nota-se que alguns fatores que influenciaram na produtividade do primeiro estudo se repetiram no segundo, ou seja, o consumo de mão de obra pode se diferenciar, porém os fatores que promovem tal variação são os mesmos. 7.2. Consumo de materiais Os indicadores de consumo de materiais para os dois estudos de casos estão expressos nas Tabelas 1e 2. Tabela 1 - Indicador de consumo mediano, mínimo, máximo e teórico para o primeiro estudo de caso CUM (kg/m²) Mínima Mediana Máxima CUMT 8,06 9,16 10,58 5,90 Fonte: Próprio Autor Tabela 2 - Indicador de consumo mediano, mínimo, máximo e teórico para o segundo estudo de caso CUM (kg/m²) Mínima Mediana Máxima CUMT 13,31 14,98 19,94 16,00 Fonte: Próprio Autor Na Tabela 1 define-se medidas de posição e os valores de máximo e mínimo consumo obtidos na obra e, posteriormente, compara-se com o consumo teórico adotado. Pela tabela é possível notar que o consumo mediano é 55% maior que o teoricamente referenciado. Além disso, é possível perceber também, que o menor consumo é 37% maior que o teórico, percebendo assim o consumo houve um alto desperdício. Diferentemente do primeiro estudo, o segundo possuiu um consumo mediano (Tabela 2) menor que o teoricamente levantado, havendo alguns dias de consumo maior (tal afirmação comprovada no dia de máximo consumo). Para completar a análise, elaborou se, através de gráficos (Figura 5 e 6) para visualizar a relação entre o consumo e o índice de perda. Figura 5 - Índice de perda e consumo unitário de materiais para o primeiro estudo de caso Fonte: Próprio Autor Figura 6 - Índice de perda e consumo unitário de materiais para o segundo estudo de caso Fonte: Próprio Autor De acordo com os gráficos demonstrados nas Figuras 5 e 6 podemos perceber que o consumo está diretamente ligado ao índice de perdas. No primeiro estudo houve um consumo excessivo, notando perdas elevadas em todos os dias de obras. Já no segundo estudo, nota-se poucos dias de perdas, havendo mais dias com economia de materiais em relação ao consumo teórico adotado. Tal diferença se dá pelo tipo de aplicação, organização da produção, gestão dos materiais e controle de materiais e equipes. 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o conhecimento da produtividade, obtemos subsídio para criar melhorias contínuas em quaisquer processos construtivos. Após obter estes dados, com uma gestão baseada em indicadores, pode-se diminuir gradativamente o custo que este processo exige, sem interferir na qualidade do produto final. Através deste trabalho torna-se possível um levantamento das etapas de produção e execução do revestimento, tornando este trabalho uma referência para profissionais. De acordo com o estudo feito, é possível indicar que os revestimentos em pasta de gesso, tanto vertical quanto horizontal, aplicado internamente, é mais economicamente viável do que revestimentos argamassados, ressaltando que não foi comparado o desempenho dos revestimentos em geral, como isolamento térmico, acústico e vibratório por exemplo. Pelos estudos de caso, percebe-se que os valores de produtividade da mão de obra são diferentes dos usualmente utilizados em orçamento, visto que a TCPO-14 (PINI, 2012) indica 0,5 Hh de gesseiro por m² (para quaisquer tipos de aplicação) e os estudos de campo apontaram valores de 0,3411 e 0,6700 Hh/m² para aplicação do revestimento desempenado. Embora só são apresentados dois indicadores para elaboração orçamentária, vale ressaltar, que a diferença entre eles é significativa, tornando viável que cada orçamento seja elaborado de acordo com dados levantados em campo, excluindo tamanha dependência da TCPO-14 (PINI, 2012), assim como os materiais. Este estudo dos consumos de mão de obra e materiais vai além de permitir uma aferição dos valores adotados em orçamento, este também deve permitir uma compreensão dos motivos (fatores levantados neste trabalho) que levam às elevadas variações vistas em seu desempenho. Tal entendimento, contribuindo de uma maneira geral para melhoria da qualidade na construção, é imprescindível para a redução de custos e para um mais apurado controle de execução de serviço e qualidade. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND (ABCP). Manual de revestimentos. ABCP, 2002, p. 3CON SOUZA, U.E.L. Como reduzir perdas nos canteiros: Manual de gestão do consumo de materiais na construção civil/ Ubiraci Espinelli Lemes Souza. – São Paulo: PINI, 2005 TCPO, Tabela de composição de preço para orçamento. 14ª edição, SÃO PAULO, PINI, 2012 ZULIAN, C. S.; DONÁ, E. C.; VARGAS, C. L. Notas de aulas da disciplina construção civil - Assunto: revestimentos. (última revisão em abril de 2002). 29 f. Universidade Estadual De Ponta Grossa, 2002, p 2-7. RESPONSABILIDADE AUTORAL “Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo deste trabalho”
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