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Artigo CONPEEX_IGOR RODRIGUES DOS SANTOS

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APLICAÇÃO MANUAL DE PASTA DE GESSO COMO 
REVESTIMENTO INTERNO DE PAREDES E LAJES – ESTUDOS DE 
CASO 
 
SANTOS, Igor Rodrigues dos, igor.santos01@hotmail.com1 
DORNELAS, Ricardo Cuvinel, rcd.produtividade@gmail.com1 
 
1Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão 
 
 
Resumo: O presente trabalho possui por finalidade definir os processos executivos para a produção de 
revestimento, constituído de pasta de gesso, aplicado internamente em paredes e lajes, a qual torna-se possível 
o levantamento de custos, consumo de materiais, produtividade e fatores que possam determinar a variabilidade 
dos indicadores levantados. O estudo é feito com dados levantados em revisões bibliográficas e em campo, que 
abrangeu duas obras, sendo uma térrea e outra um edifício, com revestimento aplicado de forma desempenada 
em laje e sarrafeada em parede, respectivamente. Com base em um levantamento em campo é possível 
determinar a viabilidade econômica do processo executivo da construção civil, de acordo com a produtividade 
e o consumo de materiais. Tais valores são comparados com tabelas utilizadas comumente em orçamentos, onde 
é possível fazer uma análise quanto aos diversos valores encontrados. 
 
Palavras-chave: Pasta. Gesso. Produtividade. Consumo. 
 
MODALIDADE DE INSCRIÇÃO: MONITORIAS E TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCCS 
__________________________________________________________________________________________ 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Todos os procedimentos que visam a aplicação 
de materiais que protegem e dão acabamento sobre 
as superfícies, tanto horizontal quanto vertical, em 
uma edificação são designados como revestimento. 
São aplicados em alvenarias e estruturas, 
considerando-se em três tipos: revestimento de 
paredes; revestimento de pisos e revestimento de 
tetos ou forros (ZULIAN et al., 2002). 
De acordo com o Manual de Revestimentos de 
Argamassa (ABCP, 2002) o revestimento pode ser 
entendido como uma proteção de uma superfície 
porosa com uma ou mais camadas sobrepostas, com 
espessura normalmente uniforme resultando em uma 
superfície apta a receber de maneira adequada uma 
decoração final. 
Neste sentido, o gesso vem ganhando espaço no 
mercado quando se trata de revestimentos em 
superfícies ou ambientes que não estão em contato 
direto com umidade, casos específicos de algumas 
paredes, lajes e forros. 
Torna-se benéfico o uso de pasta de gesso no 
revestimento interno de paredes e forros pois 
garante-se rapidez na execução, uma vez que as 
etapas de aplicação de revestimento de argamassa 
cimentada e, opcionalmente, a massa corrida são 
eliminadas, ganhando-se redução de custo, 
adquirindo excelente acabamento. 
Há diversos tipos de revestimentos no mercado, 
sendo a escolha do mesmo de acordo com os 
interesses e objetivos dos envolvidos no 
empreendimento. Este trabalho visa demonstrar as 
vantagens econômicas da aplicação de pasta de 
gesso como revestimento. 
 
2. METODOLOGIA 
 
O trabalho foi feito através de revisões 
bibliográficas e dois estudos de caso, englobando a 
produção de revestimento de gesso desempenado em 
laje e sarrafeado em parede. 
O estudo bibliográfico abrangeu os trabalhos 
sobre o tema, sendo enriquecido com alguns dados 
do autor, tais como alguns processos executivos 
observados em campo. 
Paralelamente foram desenvolvidos dois 
estudos de caso realizados nas obras de um Centro 
Municipal de Ensino Infantil, localizado na cidade 
de Anápolis do estado de Goiás, e de um prédio 
comercial localizado na cidade de Inhumas do 
mesmo estado. 
Uma análise dos dados coletados e estudados foi 
realizada na sequência. A ênfase é na produção e 
execução de revestimentos produzidos com pasta de 
gesso. 
 
3. PRODUÇÃO DA PASTA 
 
Assim como todos os revestimentos feitos in 
loco, a pasta de gesso é feita por etapas, obedecendo 
uma sequência, que vai desde o preparo da pasta até 
sua aplicação final. 
 
 
 
a) Inicialmente o pó de gesso é colocado em 
água na masseira, preenchendo-a toda por igual. A 
produção de pasta de gesso varia entre 20 e 32 litros 
de água para cada 40 kg de gesso (1 saco), ou seja, 
0,5 a 0,8 litros por quilograma de pó. A quantidade 
de pó depende da quantidade a ser utilizada e do 
tempo de espera necessário. Essa etapa é 
denominada polvilhamento. 
b) Após ter introduzido todo o pó necessário, 
inicia-se o primeiro período de espera, 
correspondendo a um período que varia entre 8 e 10 
minutos quando se produz uma elevada quantidade 
de massa. 
Quando a quantidade é pouca, a mistura se 
inicia logo após inserir todo o pó, de forma a tornar 
a mistura homogênea. 
Em grandes quantidades, após o término do 
período de espera, a pasta de gesso deve ser 
misturada em partes, definidas de acordo com a 
experiência do gesseiro, pois misturando ela como 
um todo, a pasta adquire consistência rápido, 
impossibilitando o gesseiro de aplicá-la em sua 
totalidade. 
c) Com a massa já misturada, inicia-se o 
segundo período de espera, para que a massa tome 
consistência e possa ser utilizada. Este intervalo 
equivale ao período de indução e tem duração entre 
3 e 5 minutos, também dependendo da quantidade de 
massa produzida 
Periodicamente verifica-se a consistência da 
massa, para saber se ela já adquiriu a consistência 
necessária para sua aplicação. A consistência é 
verificada com os próprios dedos, percebendo-se um 
estado pastoso do revestimento, com certo aspecto 
colante. 
d) Após o término do período de espera a pasta 
passa a ter uma consistência ideal para sua aplicação 
 
4. TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DA PASTA 
COMO REVESTIMENTO 
A aplicação para revestimentos, sarrafeado ou 
desempenado, é similar tanto aplicada 
horizontalmente quanto verticalmente, 
diferenciando-se apenas na necessidade de chapisco 
para o revestimento horizontal, uma vez que em 
tetos, a ação gravitacional é mais significativa, 
havendo uma necessidade de preparar o substrato 
para uma melhor aderência. 
Em revestimentos verticais a aplicação 
sarrafeada é mais utilizada em comparação à 
aplicação desempenada. Mesmo consumindo mais 
material e maior mão de obra, a demanda de 
revestimento sarrafeado é maior que o desempenado 
por gerar melhor qualidade do revestimento. 
Já em revestimentos horizontais a demanda de 
gesso desempenado é maior que a do gesso 
sarrafeado, pois não há um controle ou uma 
exigência maior no nivelamento da superfície que 
está no teto. Neste caso a escolha é mais influenciada 
pelo custo do que pela qualidade. 
4.1. Técnicas de Aplicação de Gesso 
Desempenado como Revestimento 
 
Quando a fração da pasta que foi misturada pelo 
gesseiro adquire a consistência mínima adequada 
para aplicação, determinada pelo mesmo, inicia-se o 
período de aplicação. 
Para uma aplicação ideal da pasta de gesso o 
trabalhador deve seguir as etapas abaixo: 
a) Antes de iniciar a aplicação da pasta de 
gesso, deve-se umedecer levemente a superfície de 
aplicação, para diminuir a absorção de água por eles, 
e verificar se as caixas elétricas e as tubulações 
hidráulicas estão vedadas, se o alinhamento vertical 
está correto, assim como existência de ondulações 
ou defeitos que devam ser corrigidos. 
b) Eliminar sujeiras, incrustações e materiais 
estranhos, como pregos, arames e pedaços de aço, 
até que o substrato fique uniformizado. Se 
necessário, limpar com água, pois ela auxilia na 
aderência do revestimento. 
c) Inicia-se a aplicação do revestimento na 
metade superior da parede, com auxílio de 
desempenadeiras de chapa em PVC, realizando 
deslizamento de baixo para cima. Algum tipo de 
referência - ripa de madeira, pequenas taliscas ou 
batentes - deve ser escolhido para garantir a 
espessura da camada do revestimento. Já em tetos a 
aplicação é feita da frente para trás, em relação a 
posição do gesseiro. 
d) Posteriormente, regulariza-se a espessura 
da camada, aplicando pasta com a desempenadeira 
de PVC, agora, no sentido horizontal em paredes e 
mantendo o mesmo sentido na aplicação em tetos. É 
recomendadoque cada faixa deve ser sobreposta à 
anterior e a espessura da camada deve ter de 1 a 3 
mm. 
e) Utilizando o canto da desempenadeira, 
limpa-se a superfície para eliminar ondulações e 
falhas, aplicando-se posteriormente, uma nova 
camada de massa para cobrir os vazios e 
imperfeições da superfície. 
f) Finalizando, é necessário desempenar 
cuidadosamente os excessos e rebarbas, exercendo 
certa pressão para obter a superfície final. A 
aplicação de pintura deve respeitar o período de cura 
e ser executada após o lixamento da superfície. 
Em paredes, todos os processos devem ser 
repetidos na metade inferior, respeitando uma faixa 
de rodapé para possibilitar a devida limpeza do piso. 
Executar o arremate dos cantos com desempenadeira 
e espátula. 
 
4.2. Técnicas de Aplicação de Gesso Sarrafeado 
como Revestimento 
 
Diferentemente do revestimento desempenado, 
o revestimento sarrafeado é aplicado com o auxílio 
de faixas mestras, para que a superfície final possua 
 
 
 
planeza maior que o revestimento executado apenas 
com a desempenadeira. 
Dependendo da espessura do revestimento 
sarrafeado é necessário aplicar chapisco para 
melhorar a aderência entre o gesso e a parede. 
As etapas de aplicação são explicadas a seguir: 
a) Similar ao processo de aplicação de gesso 
desempenado, é necessário eliminar sujeiras e 
manter a superfície do substrato limpa até a 
aplicação. 
b) Inicialmente, executam-se as taliscas que 
podem ser cacos cerâmicos ou chapas finas de 
madeira, assentadas com a mesma pasta de gesso que 
será utilizada na execução do revestimento. As 
taliscas devem ser colocadas a 30 cm das bordas das 
paredes ou teto, respeitando um espaçamento de até 
1,80m entre elas. Deve-se assegurar o nivelamento e 
alinhamento delas com régua de alumínio e prumo 
de face. 
c) Após a execução das taliscas, inicia-se a 
execução das guias mestras. As guias tem por 
objetivo testemunhar o nivelamento e o prumo da 
camada de revestimento. 
d) Após a fixação das guias mestras, inicia-se 
a aplicação do gesso, de modo que chegue até a 
espessura definida nas mestras, preenchendo todo o 
vazio. 
e) Aguardar o ponto de sarrafeamento e 
sarrafear a massa com régua de alumínio, apoiando 
a régua nas mestras e fazendo movimentos como se 
estivesse cortando a massa. 
f) Com auxílio da espátula, retirar o excesso 
de massa da régua, aplicando a pasta excedente nos 
espaços vazios, e passar a régua novamente. Esse 
processo deve ser repetido até que a superfície esteja 
homogênea. 
g) Aguardar, aproximadamente, 30 minutos 
após o sarrafeamento para dar início ao acabamento, 
utilizando desempenadeira. Preencher os poros 
restantes com a mesma pasta utilizada no 
revestimento e repetir o procedimento de 
acabamento 
Similar ao processo desempenado, os cantos 
devem ser arrematados com desempenadeira e 
espátula, avaliando se a qualidade do canto está a 
mesma do restante da parede. 
 
5. VANTAGENS E DESVANTAGENS NA 
UTILIZAÇÃO DE PASTA DE GESSO 
COMO REVESTIMENTO 
 
5.1. Vantagens 
 
 Absorção e liberação de umidade ao 
ambiente; 
 Baixa condutividade; 
 Protetor contra chamas; 
 Isolante térmico; 
 Reduzido tempo de aplicação; 
 Granulometria fina, possibilitando 
acabamentos mais lisos; 
 Endurecimento acelerado; 
 Espessuras finas. 
 
5.2. Desvantagens 
 
 Elevada exigência na qualidade do 
substrato de aplicação; 
 Limitação de sua aplicação apenas em 
áreas internas e nem o contato com a umidade; 
 Alta fragilidade; 
 Suscetível ao bolor; 
 Alto índice de perdas; 
 Elevada geração de resíduos; 
 Corrosivo ao aço. 
 
 
6. ESTUDOS DE CASO 
 
6.1. Obras Estudadas 
 
Foram feitos dois estudos de casos. 
O primeiro estudo de caso foi feito em uma obra 
de um centro de educação infantil, localizado na 
cidade de Anápolis, no Estado de Goiás. 
O estudo refere-se à produtividade e consumo de 
materiais na execução de revestimento em pasta de 
gesso, desempenado, com espessura variando entre 
5 e 10 mm, aplicado em lajes pré-moldadas, com 
enchimento por placas de EPS (sigla internacional 
do Poliestireno Expandido, comumente conhecido 
por “isopor”) 
O projeto contempla um terreno de 2268,44 m², 
possuindo uma área construída de1499,10 m², 
dividida em Bloco 01, com 902,83m², e Bloco 02, 
com 596,27 m², englobando áreas construídas, áreas 
permeáveis, passeios e playground. Neste caso 
totalizou-se 928,86 m² de área aplicada com o 
revestimento em estudo. 
O segundo estudo de caso foi definido em uma 
obra de um prédio comercial, localizado na cidade 
de Inhumas, no Estado de Goiás. Neste caso, o 
estudo é direcionado para produtividade e consumo 
de materiais, na execução de revestimento em pasta 
de gesso, sarrafeado, com espessura de 10 mm, 
aplicado em alvenaria de blocos cerâmicos furados. 
Neste caso a aplicação do revestimento em estudo 
totalizou 1067,90m² 
 
6.2. Dados Levantados 
 
Para o conhecimento do consumo de mão de 
obra, os dados necessários são referentes à 
determinadas quantidades de serviços executados 
por um homem em um intervalo de tempo. 
Já para o consumo de materiais, os dados 
pertinentes são aqueles que demonstram as 
quantidades gastas do material para a execução 
daquele trabalho em estudo. 
 
 
 
A produtividade levou em consideração o dia, 
horário de entrada, intervalo, e horário de saída dos 
funcionários, de acordo com a folha de ponto, além 
da quantidade de revestimento em m² produzido, 
descrita em diários de obra. Já o gasto de material 
teve como referência o controle de estoque. 
 
6.3. Determinação da Produtividade 
 
A produtividade, definida a partir dos valores 
das Razões Unitárias de Produção, Diária, 
Cumulativa e Potencial (RUP’sd, RUPcum e RUPpot 
respectivamente). 
A RUPd é definida pela Equação 1. 
 
RUP = (1) 
 
 
Onde: 
RUP: Razão unitária de produção (h/m²); 
Hh: Homens-hora dispostos para o trabalho (h); 
Qs: Quantidade de serviço líquida (a unidade 
neste caso é m²). 
Para todo levantamento de produtividade 
obtém-se a RUP de acordo com os dados levantados. 
Primeiramente, determinam-se as RUP’s diárias 
(RUPd). Para análise, é conveniente definirmos as 
RUP’s cumulativas (RUPcum), que são as razões 
acumuladas desde o primeiro dia de estudo até a data 
de sua avaliação, definida pela razão entre a 
somatória das horas trabalhadas e a somatória das 
áreas até determinado dia. Então, finaliza-se a 
análise com as RUP’s potenciais (RUPpot), que seria 
“um valor de RUP diária associado à sensação de 
bom desempenho e que, ao mesmo tempo, mostra-se 
factível em função dos valores detectados” 
(SOUZA, 2005, p.39) definidas como o valor 
mediano das RUPd, inferiores às RUPcum ao final do 
período de estudo. 
 
6.4. Determinação do Consumo de Materiais 
 
Com os dados referentes ao consumo de 
materiais e com as quantidades totais de serviços 
executados diariamente, é possível calcular o 
consumo unitário de material real (CUMR), através 
da Equação 2. Este indicador é considerado real por 
se tratar de dados coletados em obra. 
 
CUM= QM
Qs
 (2) 
 
Onde: 
CUM: Consumo Unitário de Materiais (kg/m² 
neste caso). 
QM: Quantidade de material (kg neste caso). 
Qs: Quantidade de serviço líquida (a unidade 
neste caso é m²). 
Posteriormente, levanta-se o Consumo Unitário 
de Materiais Teórico (CUMT) que seria o consumo 
pré-definido em projeto, para análise de perdas. Em 
ambos os estudos de caso não houve um projeto 
executivo, nem mesmo um memorial descritivo 
determinando o traço e o consumo do insumo, desta 
forma, o CUMT adotado será a mediana, do consumo 
para cada tipo de revestimento, fornecida pela TCPO 
(PINI, 2012). 
Com os dados de CUMR e CUMT é possível 
determinar o coeficiente de perda gerado na obra, de 
acordo com a Equação 3. 
 
 (3) 
 
Onde: 
IP%: Índice de perdas em porcentagem; 
CUMR: Consumo Unitário de Materiaisreal 
(kg); 
CUMT: Consumo Unitário de Materiais teórico 
(kg). 
 
7. RESULTADOS 
 
7.1. Produtividade da mão de obra 
 
Com a produtividade calculada, várias análises 
são possíveis de serem feitas a fim de confrontar os 
valores obtidos com a teoria, buscando compreender 
suas variações, os fatores que interferem em tal 
variação, e principalmente, o que pode ser feito para 
melhorar a produção. 
Para uma melhor compreensão, os dados 
levantados são representados na forma de gráficos 
(Figuras 1 e 2), para visualização dos picos de 
produtividade em formas de intervalo. Tais picos 
demonstram em quais dias a produtividade alcançou 
valores mínimos e máximos. Esses intervalos são 
comparados com os levantados pela TCPO (PINI, 
2012), a tabela mais utilizada para orçamentos. 
 
Figura 1 - Variação de produtividade do primeiro 
estudo de caso 
 
Fonte: Próprio Autor 
 
 
 
 
Figura 2 - Variação de produtividade do segundo 
estudo de caso 
 
Fonte: Próprio Autor 
 
Pode ser visto pela Figura 1 os dias de maior 
(RUPof igual a 0,3022) e menor (RUPof igual a 
0,3731) produtividade, totalizando um aumento de 
até 24% em relação ao mínimo consumo adquirido 
na obra. 
Já pela Figura 2 os picos de maior (RUPof igual 
a 0,64 Hh/m²) e menor (RUPof igual a 0,98 Hh/m²) 
produtividade, torna possível determinar que, na pior 
situação, o consumo chega a ser 1,53 vezes (53%) 
maior que na melhor situação. 
Tomando a RUPpot coletada na TCPO-14 (PINI, 
2012) como indicador entre produtividade boa ou 
ruim e comparando-a com a RUPpot adquirida em 
ambos os estudos, é possível perceber quando a obra 
é mais produtiva. Porém, vale lembrar que a TCPO-
14 (PINI, 2012) engloba tanto a produção de 
revestimento desempenado quanto sarrafeado. 
Percebendo tamanha variabilidade e 
discrepância entre os valores obtidos em campo e os 
usualmente adotados, torna necessário perceber 
fatores que fizeram a produtividade variar. Como 
disse SOUZA (2005) nos processos de construção 
civil, a estabilidade é menor que na Indústria 
Seriada; existem mudanças, quanto a um 
determinado serviço, de uma obra em relação a outra 
e de um dia em relação a outro na mesma obra. 
Portanto, a variação das características leva a 
variação da produtividade. Os quadros das Figuras 3 
e 4 demonstram os fatores mais influentes na 
variação da produtividade de ambos os estudos, 
sendo os dados levantados na primeira coluna como 
fatores que influenciaram positivamente na 
produção, e os levantados na segunda coluna 
influenciaram negativamente. 
Figura 3 – Quadro de fatores percebidos que 
influenciaram na produtividade do primeiro estudo 
de caso 
Produtividade maior 
com a proximidade do 
final de semana 
Produtividade menor 
no início da semana 
Materiais e 
equipamentos já 
dispostos em seus 
devidos lugares 
Mobilização de 
materiais e 
equipamentos para o 
local de aplicação 
Áreas maiores Áreas menores 
Dedicação com o 
cronograma da obra 
Descaso com o 
cronograma da obra 
Fonte: Próprio Autor 
 
Figura 4 - Quadro de fatores percebidos que 
influenciaram na produtividade do segundo estudo 
de caso 
Área maior de 
aplicação 
Área menor de 
aplicação 
Materiais e 
equipamentos já 
dispostos em seus 
devidos lugares 
Mobilização de 
materiais e 
equipamentos 
Mobilidade entre 
pavimentos 
Falta de elevadores de 
carga auxiliar 
Dedicação com o 
cronograma da obra 
Descaso com o 
cronograma da obra 
Aplicação em chapisco Aplicação em alvenaria 
Fonte: Próprio Autor 
 
Nota-se que alguns fatores que influenciaram na 
produtividade do primeiro estudo se repetiram no 
segundo, ou seja, o consumo de mão de obra pode se 
diferenciar, porém os fatores que promovem tal 
variação são os mesmos. 
 
7.2. Consumo de materiais 
 
Os indicadores de consumo de materiais para os 
dois estudos de casos estão expressos nas Tabelas 1e 
2. 
 
Tabela 1 - Indicador de consumo mediano, mínimo, 
máximo e teórico para o primeiro estudo de caso 
CUM (kg/m²) 
Mínima Mediana Máxima CUMT 
8,06 9,16 10,58 5,90 
Fonte: Próprio Autor 
 
Tabela 2 - Indicador de consumo mediano, mínimo, 
máximo e teórico para o segundo estudo de caso 
CUM (kg/m²) 
Mínima Mediana Máxima CUMT 
13,31 14,98 19,94 16,00 
Fonte: Próprio Autor 
 
Na Tabela 1 define-se medidas de posição e os 
valores de máximo e mínimo consumo obtidos na 
obra e, posteriormente, compara-se com o consumo 
teórico adotado. Pela tabela é possível notar que o 
consumo mediano é 55% maior que o teoricamente 
referenciado. Além disso, é possível perceber 
também, que o menor consumo é 37% maior que o 
teórico, percebendo assim o consumo houve um alto 
desperdício. 
Diferentemente do primeiro estudo, o segundo 
possuiu um consumo mediano (Tabela 2) menor que 
 
 
 
o teoricamente levantado, havendo alguns dias de 
consumo maior (tal afirmação comprovada no dia de 
máximo consumo). 
Para completar a análise, elaborou se, através 
de gráficos (Figura 5 e 6) para visualizar a relação 
entre o consumo e o índice de perda. 
 
Figura 5 - Índice de perda e consumo unitário de 
materiais para o primeiro estudo de caso 
 
Fonte: Próprio Autor 
Figura 6 - Índice de perda e consumo unitário de 
materiais para o segundo estudo de caso 
 
Fonte: Próprio Autor 
 
De acordo com os gráficos demonstrados nas 
Figuras 5 e 6 podemos perceber que o consumo está 
diretamente ligado ao índice de perdas. 
No primeiro estudo houve um consumo excessivo, 
notando perdas elevadas em todos os dias de obras. 
Já no segundo estudo, nota-se poucos dias de perdas, 
havendo mais dias com economia de materiais em 
relação ao consumo teórico adotado. 
Tal diferença se dá pelo tipo de aplicação, 
organização da produção, gestão dos materiais e 
controle de materiais e equipes. 
 
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Com o conhecimento da produtividade, obtemos 
subsídio para criar melhorias contínuas em 
quaisquer processos construtivos. Após obter estes 
dados, com uma gestão baseada em indicadores, 
pode-se diminuir gradativamente o custo que este 
processo exige, sem interferir na qualidade do 
produto final. 
Através deste trabalho torna-se possível um 
levantamento das etapas de produção e execução do 
revestimento, tornando este trabalho uma referência 
para profissionais. 
De acordo com o estudo feito, é possível indicar 
que os revestimentos em pasta de gesso, tanto 
vertical quanto horizontal, aplicado internamente, é 
mais economicamente viável do que revestimentos 
argamassados, ressaltando que não foi comparado o 
desempenho dos revestimentos em geral, como 
isolamento térmico, acústico e vibratório por 
exemplo. 
Pelos estudos de caso, percebe-se que os valores 
de produtividade da mão de obra são diferentes dos 
usualmente utilizados em orçamento, visto que a 
TCPO-14 (PINI, 2012) indica 0,5 Hh de gesseiro por 
m² (para quaisquer tipos de aplicação) e os estudos 
de campo apontaram valores de 0,3411 e 0,6700 
Hh/m² para aplicação do revestimento desempenado. 
Embora só são apresentados dois indicadores para 
elaboração orçamentária, vale ressaltar, que a 
diferença entre eles é significativa, tornando viável 
que cada orçamento seja elaborado de acordo com 
dados levantados em campo, excluindo tamanha 
dependência da TCPO-14 (PINI, 2012), assim como 
os materiais. 
Este estudo dos consumos de mão de obra e 
materiais vai além de permitir uma aferição dos 
valores adotados em orçamento, este também deve 
permitir uma compreensão dos motivos (fatores 
levantados neste trabalho) que levam às elevadas 
variações vistas em seu desempenho. Tal 
entendimento, contribuindo de uma maneira geral 
para melhoria da qualidade na construção, é 
imprescindível para a redução de custos e para um 
mais apurado controle de execução de serviço e 
qualidade. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO 
PORTLAND (ABCP). Manual de revestimentos. 
ABCP, 2002, p. 3CON 
 
SOUZA, U.E.L. Como reduzir perdas nos 
canteiros: Manual de gestão do consumo de 
materiais na construção civil/ Ubiraci Espinelli 
Lemes Souza. – São Paulo: PINI, 2005 
 
TCPO, Tabela de composição de preço para 
orçamento. 14ª edição, SÃO PAULO, PINI, 2012 
 
ZULIAN, C. S.; DONÁ, E. C.; VARGAS, C. L. 
Notas de aulas da disciplina construção civil - 
Assunto: revestimentos. (última revisão em abril 
de 2002). 29 f. Universidade Estadual De Ponta 
Grossa, 2002, p 2-7. 
 
RESPONSABILIDADE AUTORAL 
 
“Os autores são os únicos responsáveis pelo 
conteúdo deste trabalho”

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