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Linguagem e Apresentação Jurídica FAMART

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Linguagem e Apresentação Jurídica 
Comunicação e linguagem: retórica e argumentação 
empregadas no discurso jurídico 
 
 
Unidade I 
 
 
 
Prof. Daniel Tobias Leite de Almeida 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação do professor-autor 
 
Daniel Tobias Leite de Almeida é professor convidado na Unidade Paulista – 
UNIP –, atuando nas disciplinas comuns e específicas de Teoria Geral, Direito 
Tributário e Direito Civil, para os cursos de Pós-Graduação de Direito, na modalidade 
ensino à distância – EaD. 
É bacharel (2010) em Direito pela Unidade Paulista – UNIP –, realizando MBA 
em Gestão Pública pela rede LFG – Luiz Flávio Gomes –, atual instituição Anhanguera 
– UNIDERP (2019). 
Atua como advogado na área do direito privado, especialmente em contratos e 
execuções. 
 
Curriculum Lattes: http://lattes.cnpq.br/3489925247258042 
 
 
 
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Introdução 
 
Com o objetivo de proporcionar ao graduando a compreensão do discurso jurídico, a 
Unidade I da disciplina Linguagem e Apresentação Jurídica tratará do estudo das noções 
envolvendo a Retórica e as noções adequadas para realização da argumentação em 
ambiente jurídico, contextualizando-o com métodos que devem ser evitados, como os 
argumentos conhecidos como falácias. 
Posto isso, serão consideradas as características básicas que constituem a 
comunicação e, posteriormente, levando em conta as formas textuais e o gênero institucional, 
especificado pelo discurso jurídico, considerando também todos os seus atributos discursivos, 
além da exposição da Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998, que tem como 
objeto a estrutura técnica de redação legislativa. 
Ao graduando, será exemplificado o emprego da lógica formal, para construção 
argumentativa demonstrativa e, posteriormente, o roteiro para argumentação propriamente 
considerada. 
Por fim, será dada atenção ao conteúdo do Manual de Redação da Presidência da 
República, expondo o paralelo com a Lei Complementar de Técnica Legislativa. 
 
 
 
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1. Noções gerais sobre a linguagem e a comunicação 
 
Entre as compreensões dadas ao conceito de linguagem, podemos considerar 
a priori que a comunicação pode ser uma atividade para comunicação entre seres 
humanos, ou uma faculdade do homo sapiens sapiens de verbalizar e expressar 
códigos coesos e complexos. 
Assim, exsurge na convivência humana as formas que as pessoas possuem de 
se comunicar umas com as outras, até mesmo por linguagem não verbal, como 
símbolos e desenhos. 
Todavia, a linguagem verbal se identifica com um conjunto de sinais 
combináveis – a língua. Portanto, a linguagem é um gênero, cuja língua se torna uma 
espécie (Henriques; Trubilhano, 2017, p. 2). 
A partir do aprimoramento dos códigos fonéticos, foram elaborados idiomas e 
dialetos de comunicação, inclusive pela miscigenação de culturas e etnias distintas, 
por assimilação decorrente de comércio, diplomacia e até de escravidão ou guerras. 
Nas sociedades do século XXI, intercomunicadas pela internet e 
comercialmente globalizadas, observa-se a difusão de diversas outras culturas, como 
o consumo de música ou filmes, por demanda via streaming, possibilitando o 
intercâmbio cultural e a adoção de estrangeirismos ao próprio idioma, sendo o 
patamar de complexidade que até o momento pode ser concebido. 
A concepção da comunicação costuma ser construída por três elementos, 
sendo eles o emissor, a mensagem ou conteúdo transmitido e o receptor. 
Uma coletividade de pessoas instrui seus descendentes a decodificarem os 
elementos linguísticos do seu grupo, de modo que o indivíduo tenha condições de 
dominar a língua nativa. 
Com os parâmetros da semiótica, pode-se esquematizar didaticamente o 
entendimento sobre os sinais linguísticos que compõem a língua. Os sons se 
coadunam com a grafia, formando palavras, que são denominadas significantes. O 
contexto cultural, entonação da fala, entre outros elementos, acabam por determinar 
um significado àquele significante. 
O estudo semiótico decorre do movimento do século XX denominado Nova 
Retórica, que, entre as inovações, buscou levar a retórica para as diversas formas de 
arte. 
Por intermédio da semiótica, são compreensíveis ironias, piadas e 
simbolização, típicas das atividades artísticas (poesias e textos sátiros) e da aplicação 
de correntes da psicoterapia na interpretação de sonhos ou símbolos do inconsciente. 
O sistema de sinais constitui a denominada linguagem natural. Em 
contrapartida, foram desenvolvidas linguagens artificiais, como o alfabeto de surdos-
mudos e o Código Morse (Petri, 2017, p. 2) 
Sinais não constam com exclusivamente apenas para o âmbito da 
compreensão da língua, mas são utilizados nos diversos ramos de atividade humana. 
Nesse sentido, temos os sinais de trânsitos (elementos de linguagem não 
verbal), consubstanciando atos administrativos emitidos pela Administração Pública 
quanto a uma conduta a ser adotada ou não pelo motorista, em determinado trajeto. 
 
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Torna-se implícito o que pode ou não ser feito, o porquê daquilo e quais as 
consequências dali decorrentes. Observa-se, pois, os efeitos jurídicos decorrentes de 
signos e como podem impactar a cidadania do indivíduo. 
No que tange ao ambiente jurídico, muito pode ser debatido acerca de ações 
judiciais reparatórias da honra objetiva decorrentes da dúbia interpretação da 
linguagem escrita nos meios digitais, como as redes sociais. Pode-se conjecturar a 
dificuldade de estabelecer sarcasmo em determinada postagem ou não. 
Observemos a postagem da rede social Twitter, onde há limitação para 280 
(duzentos e oitenta) caracteres em cada postagem (tweet). Esse formato pode – ou 
não – prejudicar muito o interlocutor da mensagem. 
Soma-se a essa dificuldade outra peculiaridade do contexto social brasileiro do 
século XXI. Há uma abundante animosidade da população brasileira frente aos 
escândalos de corrupção por parte dos agentes políticos eleitos, tornando hostis 
muitas manifestações opinativas por parte de usuários – eleitores – em suas redes 
sociais. 
Os denominados instrumentos de linguagem são muito empregados, o que 
torna dúbia a interpretação sobre determinado fato ou pessoa, e ambígua a agregação 
do significado ao significante. É observável também a adesão, bem como a 
contrariedade, ao denominado politicamente correto, em que determinado interlocutor 
emprega palavras adequadas e sutis ao contexto ou ao público para evitar ofensas, 
ou exclusão, aos receptores da mensagem. 
 Não obstante, a mensagem visual difundida pela internet, por meio dos memes 
(termo oriundo da memética, teoria proposta pelo biólogo Richard Dawkins para 
explicar a proliferação de ideais de maneira similar como ocorrem com os genes), 
mostra o impacto no cotidiano dos usuários de internet, principalmente pelo emprego 
do humor (um significante específico que pode ser agregado ou não ao significado). 
Assim, os memes que se proliferam na internet têm o condão de estimular a 
reflexão sobre determinado evento ou pessoa, de ridicularizar e até mesmo de sugerir 
um evento ou acontecimento falso – as denominadas fake news. 
Doravante, muitas pessoas públicas – entre celebridades e políticos – 
provocam o Poder Judiciário para imposição de medidas como a exclusão do 
conteúdo publicado on-line e a reparação pecuniária por ofensa a honra. 
Toda dinâmica social perpassa pela linguagem, independentemente da 
qualidade ou intenção da comunicação estabelecida. Assim, a linguagem escrita 
tende a ser mais comedida enquanto a falada pode ser mais espontânea e explosiva, 
a depender do contexto. Posto isso, surgem outros problemas como o assédio moral 
dentro do ambiente de trabalho e a dificuldade de manter o convívio profissional de 
maneira saudável. 
No que concerne às atividades institucionais, a linguagem verbal e a não verbal 
repercutem também na atividade desempenhada pelo Poder Judiciário. 
A natureza do sistema judicial adotado no Brasil condiz com a prevalência da 
linguagemescrita, sobretudo com a formalização de atos e fatos por meio de 
documentos. Inerente a essa forma de linguagem, o conteúdo textual tende a ser mais 
claro, prolixo e formal, haja vista que a verbalização pela fala tende a ser contaminada 
pela espontaneidade do momento, imediatismo, gestos e entonação da voz. 
 
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Porém, até mesmo a linguagem formal escrita não está alheia, de alguma 
maneira, a interpretações dúbias ou conflituosas. 
Nesse sentido, tem-se o emprego do fenômeno do controle de 
constitucionalidade sem redução do texto, também chamado de mutação 
constitucional, exercido pelo Supremo Tribunal Federal – STF –, formalizando uma 
forma específica de compreender o sentido da norma jurídica em discussão. 
Logo, algo dessa magnitude impacta direitos e deveres de todos os cidadãos e 
necessita do operador do Direito a aplicação da hermenêutica, para poder extrair o 
melhor sentido que a norma originalmente prescrevera. Por meio de critérios objetivos, 
tende-se a extrair do texto formal o maior alcance jurídico plausível, além de minorar 
efeitos danosos frente à hipótese de subsunção da norma. 
Doravante, muitos expedientes judiciais podem ser admitidos ou empregados, 
visando à diminuição do excesso de burocracia e a emergência de determinados 
frente a contextos sociais específicos, como processos que podem ser decididos sem 
necessidade de realização de audiência instrutória, com o fim de aplicar a celeridade 
processual. 
Os autores Fabio Trubilhano e Antonio Henriques sintetizam as características 
da linguagem gráfica, esclarecendo que: 
 
(…) os textos escritos tendem a ser mais longos e complexos. A formalidade 
é, também, uma característica distintiva da escrita, uma vez que ao autor, 
sendo-lhe possível revisar seu texto, é-lhe dada a oportunidade de adequá-
lo à norma padrão e à variante de maior prestígio social. Essa seria uma das 
razões para que alguns vissem na escrita valor superior à língua falada. 
Ressaltamos, no entanto, que essa ideia não passa de mito, pois ambas as 
formas são importantes para a comunicação, não havendo qualquer 
razoabilidade em atribuir-lhes valorações distintas. Língua falada e língua 
escrita, antes de serem sistemas excludentes, são complementares, estando 
cada qual adaptada a determinados usos e modalidades discursivas. 
(Trubilhano, Henriques, 2017, p. 9) 
 
Conquanto haja atos judiciais realizados por meio da oralidade, principalmente 
em audiências, torna-se necessário o registro de tais manifestações em razão da 
segurança jurídica, como garantia às partes; e a consolidação dos atos realizados 
pelos magistrados, membros do Parquet e auxiliares da Justiça, na realização de seu 
labor. 
Logo, essa constância da formalidade escrita permite a consolidação do 
saneamento processual, porquanto o magistrado fará a averiguação dos requisitos 
entre as partes (autor e réu), quanto à formalidade necessária para ajuizamento da 
ação e a ocorrência da manifestação do requerido ou a aplicação dos efeitos de 
revelia, bem como para constar a realização dos atos judiciais até então (Art. 347 a 
353, CPC/ 2015). 
Os níveis de linguagem são costumeiramente divididos em três estratificações, 
variando conforme o autor consultado. Assim, há a língua culta, exigida para os 
expedientes oficiais do Estado e empregada na linguagem comercial, na comunicação 
empresarial, embora muitas propagandas utilizem-se de outros recursos linguísticos, 
como gírias, ao direcionarem seus produtos e serviços para consumidores 
específicos, como o público jovem. 
 
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Há determinados estilos empregados na linguagem culta, tanto que é 
corriqueiro o entendimento de que a literatura jurídica é demasiadamente prolixa, 
sendo usado o termo juridiquês. Essa é uma das facetas envolvidas na redação 
padrão, doravante outros meios literários utilizarem-se de termos específicos de seu 
ramo, como manuais de medicina e ensaios de filosofia. 
Na esfera da União Federal, foi elaborado o Manual de Redação da Presidência 
da República, estabelecido como padrão para a Administração Direta e Indireta 
Federal. No manual, há modelos para as correspondências oficiais e também regras 
gramaticais para o bom uso da norma culta quanto às expressões empregadas no 
cotidiano de um órgão ou entidade pública. 
Atualmente, o manual mencionado está em sua terceira edição, aprovado pela 
Portaria nº 1.369, de 27 de dezembro de 2018, pela Subchefia para Assuntos Jurídicos 
da Casa Civil. 
De acordo com o documento, a linguagem formal oficial empregada e 
padronizada pela União homenageia princípios de clareza e concisão, com a 
finalidade de tornar a comunicação direta e ágil para respostas ou ações. 
Outra forma de linguagem consiste na língua vulgar ou coloquial, que é a 
usada no dia a dia, falada pelas pessoas mais simples e com menor grau de instrução. 
Todavia, muitos literatos e cientistas modernos advogam pela não discriminação 
dessa forma de comunicação, haja vista que, apesar de não empregarem as regras 
gramaticais como foram estabelecidas, seus interlocutores conseguem manter 
razoavelmente a comunicação, não afetando diretamente suas atividades e lazeres. 
Em contrapartida, muitos alegam a necessidade de que a educação seja 
difundida e rígida, em prol das práticas ordeiras e da disciplina, já que não corrigir 
erros coloquiais propiciaria a normalização daquilo que é errôneo. 
Há outra forma de linguagem, considerada familiar ou grupal, usada entre 
pequenos grupos ou coletividades, como núcleos familiares e pequenas 
comunidades. 
Porém, não há consenso sobre essas taxonomias, pois pode ser encontrada 
uma subclassificação sobre o linguajar cotidiano, podendo uma delas ser conceituada 
popular, com erros de concordância, vícios linguísticos e usos de gírias regionais, e a 
outra, denominada como afetivo ou familiar, relacionada com a comunicação familiar 
e local, sendo ambas consideradas subdivisões da forma coloquial. 
A partir da linguagem escrita, encontraremos, ainda, o texto ou discurso, que 
consiste na manifestação por quaisquer de suas formas e gêneros. 
O texto é nuclearmente considerado de três formas: a narração, a dissertação 
e a descrição, podendo uma complementar a outra a depender do gênero textual. 
O texto narrativo expõe a ocorrência de um fato ou a sequência de 
acontecimentos, característica da linguagem oral. Não tão distinta, a descrição pode 
ser uma forma mais técnica, consistindo no elenco de características ou atributos de 
objetos e seres. A dissertação, por fim, refere-se à exposição de ideias ou defesa de 
teses, podendo estar sujeita a formalidades técnicas quanto à sua elaboração. 
No peticionamento judicial, os fatos são narrados para que o juiz possa dizer o 
direito ao fim da ação, da mesma forma que o réu poderá narrar sua versão dos fatos 
na sua contestação. A dissertação é elaborada para formar a tese de Direito, 
 
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consolidando o raciocínio jurídico empregado, por meio de argumentação, para 
mostrar ao magistrado por que o autor tem razão e seus requerimentos merecem ser 
concedidos. 
Já em sede de instrução probatória, ocorrências e fenômenos podem ser 
narrados pelas testemunhas ou pelo depoimento das partes. Quanto à atuação do 
perito técnico profissional, predomina o discurso descritivo, haja vista realizarem 
laudos psiquiátricos, avaliações de imóveis ou cálculos, para aferir a condição de 
pessoas ou estado de bens. 
Os gêneros textuais decorrem do tipo textual empregado, podendo ser 
considerados como instrumentalização dos textos. Nesse sentido, o texto jornalístico 
e a lei são gêneros textuais distintos. 
No âmbito da atividade do Poder Legislativo, a Lei Complementar nº 95, de 26 
de fevereiro de 1998, dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a 
consolidação de leis. Por meio dessa norma, tem-se esquematizada a técnica 
empregada para redação de leis e atos normativos, compondo o gênero legislativo ou 
normativo. 
Nos termos do Art. 3º da referida lei, tem-se a estruturada lei em três partes: 
preliminar, normativa e final. A seguir, estão elencados os elementos que compõem 
cada parte: 
 
Estrutura básica da lei – lei complementar nº 95/1998 
Parte preliminar a. Epígrafe. 
b. Ementa. 
c. Preâmbulo. 
d. Enunciado do objeto. 
e. Indicação do âmbito de aplicação 
das disposições normativas. 
Parte normativa Textos das normas de conteúdo 
substantivo sobre a matéria regulada. 
Parte final a. Disposições acerca das medidas 
necessárias para implementação das 
normas de conteúdo substantivo. 
b. Disposições transitórias. 
c. Cláusula de vigência e de 
revogação, quando for necessária. 
 
A Lei Complementar nº 95/1998 estabelece a composição das estruturas 
(grafadas por letras no quadro) das três partes básicas, no decorrer dos Art. 3º a 6º, 
deixando a cargo dos Art. 7º a 9º o regramento acerca do artigo inaugural da lei, 
mencionando objeto e âmbito de aplicação, além das disposições sobre cláusulas de 
vigência e de revogação, conforme os dois últimos dispositivos, respectivamente. 
A articulação do texto legal segue as estruturas abaixo, denominadas pelo Art. 
10, caput, como princípios: 
 
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1. Artigo, sendo a unidade básica de articulação. Poderá ser desdobrado em 
parágrafos. 
2. Parágrafos poderão ser estratificados em incisos. 
3. Incisos, passíveis de serem esmiuçados em alíneas. 
4. Alíneas, que poderão sofrer discriminação na forma de itens. 
5. Itens. 
 
Por fim, embora curioso, há um dispositivo que tem fundamental importância. 
Trata-se, pois, do Art. 18, mencionando a hipótese de a inexatidão formal de norma 
elaborada regularmente por processo legislativo não constituir desculpa legitimada 
para o seu descumprimento. 
Embora possa parecer desnecessária ou óbvia, o dispositivo remonta ao 
princípio da legalidade, conjugado com a reserva legal, garantindo o caráter impositivo 
da lei e não possibilitando ausência de norma para justificar descumprimento de algum 
comando direcionado para sujeitos de direito. 
Ainda tratando do discurso ou texto, resta esclarecer a denotação e a 
conotação, sendo esses sentidos empregados para o uso de determinadas palavras. 
Ambas podem ser entendidas como relação de sentido das palavras ou atribuição de 
significados. São, portanto, variações de signo linguístico. 
O sentido denotativo de determinada palavra refere-se ao seu sentido real, 
seu significado concreto, ausente de figuras de linguagem ou recursos metafóricos. 
Esse é o sentido que deve ser empregado nas comunicações oficiais e textos 
legiferantes. 
Quando é utilizada a conotação para significar determinada palavra, tem-se 
alargado o significado real dela, com maior liberdade do uso de metáforas ou 
simbolismos do termo em questão. 
Em manifestações orais de juristas ou políticos, é cotidiano o emprego da 
adjetivação “teratológico(a)” para se referir a determinada manifestação ou ato 
processual, geralmente quando ocasiona efeitos práticos deletérios ou que desperte 
espanto nos receptores. 
O significado de teratologia remete ao estudo, dentro da medicina, de 
anomalias congênitas, estando empregado em seu sentido denotativo. Em sentido 
coloquial, teratologia refere-se à monstruosidade. Logo, quando uma opinião é emitida 
considerando determinado ato e fala como teratológicos, essa qualidade é aplicada 
de forma conotativa. Seu significado original foi alargado, intuindo-se que o conteúdo 
ou ato criticado é absurdo ou pode gerar efeitos danosos, sendo disforme ou 
monstruoso. 
Em expressão estritamente denotativa, poderíamos considerar ficção jurídica, 
já que o conceito de ficcionalidade não é extrapolado para a figura da pessoa jurídica, 
que é sujeito de direito, atuando em nome próprio sendo que na realidade, não existe 
como ser vivo ou autônomo. 
 
 
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1.1 Linguagem jurídica 
 
A denominação linguagem jurídica é uma convenção, não sendo um ramo 
corroborado pelos estudiosos, mas o emprego específico da língua. Como regra, 
caracteriza-se pelo padrão culto de linguagem, mas não significa que uma pessoa 
estudada e alheia ao ramo profissional do Direito consiga compreendê-la no todo. 
Entre suas características, podemos elencar as seguintes, segundo Trubilhano 
e Henriques (2007, p. 24): 
 
a) Constância da voz passiva ou reflexiva: para que seja dada importância 
ao ato ou à função e não ao agente. Contudo, ao observarmos os dispositivos da 
Constituição Federal, há o emprego da voz ativa com muita frequência, pois a Carta 
Magna designa a organização institucional dos poderes no Brasil, emanando 
comandos para os entes federativos, considerados pela administração pública direta 
e indireta dos três poderes. 
É também muito empregada a voz passiva quando do elenco de rol de 
hipóteses ou requisitos, como podem ser observados nos Artigos 9º e 10º do Código 
Civil (Lei nº 10.406/2002): 
 
Art. 9º Serão registrados em registro público: 
I – os nascimentos, casamentos e óbitos; 
II – a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; 
III – a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; 
IV – a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. 
 
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: 
I – das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o 
divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; 
II – dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a 
filiação. 
 
Conforme os exemplos, essa característica não é mero estilo ou capricho, mas 
demonstra otimização e clareza quanto à elaboração da redação legislativa, tornando 
seus dispositivos mais objetivos para consulta. 
b) Ordem indireta da oração: de maneira distinta do ordem direta sujeito + 
verbo + complemento, sendo que não se encontra apenas no texto de lei, constando 
na elaboração de ementas de julgados proferidos pelos tribunais do país, 
corroborando a imagem de que o texto jurídico torna-se prolixo, v. g., não demonstrado 
o nexo de causalidade entre os danos alegados e a suposta omissão do ente público, 
especialmente quando não era possível para este impedir o prejuízo, indevido o pleito 
indenizatório. (T.J.M.G., 2018) 
O Art. 3º do Código Civil prescreve que os menores de dezesseis anos são 
absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil. Mas sua 
 
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redação se dá com a seguinte estrutura: “São absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.” 
c) Orações reduzidas estabelecem hipóteses ou acontecimentos que possam 
requerer uma norma específica da lei para o caso. Nesse exemplo, os verbos são 
utilizados na forma do gerúndio ou do particípio. Para ilustrar, utilizaremos os 
seguintes dispositivos do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/1966): 
 
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato 
gerador e existentes os seus efeitos: 
 
I – tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem 
as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que 
normalmente lhe são próprios; 
II – tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja 
definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. 
Parágrafo único. (…) 
 
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: 
I – da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, 
responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus 
efeitos; 
II – dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. 
 
d) Objetos direto e indireto substituídos por pronomes, para dar maior 
concisão ao dispositivo legislativo, mantendo a lógica daquilo que é descrito entre os 
diversos agentes, institutos ou fenômenos jurídicos. 
Para esclarecer, segue um dispositivo acerca das quotas da sociedade 
limitada, do Código Civil / 2002: 
 
Art. 1.058. Não integralizada a quota de sócio remisso, os outros 
sócios podem, sem prejuízo do disposto no art. 1.004 e seu parágrafoúnico, tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, excluindo o primitivo 
titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os juros da 
mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas. 
(destaque) 
 
Cumpre esclarecer que os destaques referem-se à substituição do referido 
objeto por pronome para clareza e verniz gramatical. Assim, o dispositivo poderia ser 
construído de maneira muito mais prolixa, podendo gerar cacofonia e redundâncias: 
tomar (ela ou a quota do sócio remisso) e transferir (ela ou quota do sócio 
remisso) a terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo (para este) o que 
houver sido pago. Os dois primeiros verbos em destaque constituem objeto direto, 
cujo complemento não depende do emprego de preposição; quanto à última forma 
verbal, trata-se de objeto indireto, pois foi utilizada a preposição para, sendo que 
poderia também ser utilizada o a prepositivo. 
 
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Com o uso adequado de pronomes, o texto torna-se elegante e enxuto, já que 
discorre sobre diversas ocorrências apenas no caput do Artigo, sem escrutinar em 
parágrafos ou incisos. 
e) Pontuação, sendo dada especial atenção ao uso de vírgulas, para 
estabelecimento de exceções ou situações específicas sobre as quais o agente ou o 
fenômeno jurídico deva agir ou deixar de agir; ou para estabelecer elementos 
acessórios ao enunciado em ordem direta da oração. 
 
Assim, segundo a Carta Magna: 
 
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir 
empréstimos compulsórios: 
(…) (destaque) 
 
O dispositivo estaria gramaticalmente adequado sem o termo em destaque, não 
afetando o sentido da oração: A União poderá instituir empréstimos compulsórios. 
Também não haveria incorreção para a forma a seguir, haja vista o termo acessório 
estar no fim do predicado: A União poderá instituir empréstimos compulsórios 
mediante lei complementar. 
Porém, o realce entre vírgulas, logo após o sujeito, tem a função de ênfase, 
para que a instituição de empréstimos compulsórios se dê apenas por intermédio da 
lei complementar. No mesmo sentido: Por lei complementar, a União poderá instituir 
empréstimos compulsórios. Não obsta as críticas ao texto jurídico e sua dificuldade 
de compreensão não pelo rigor da gramática, mas pela falta de clareza, uma vez que 
esse deslocamento entre vírgulas na construção direta oracional tende a cortar o 
raciocínio para especificar o adendo – separado por vírgula. 
O estilo empregado na literatura jurídica e institucional prezam pelo decoro e 
formalidade, por vezes, tidos como excessivos. Observa-se, portanto, no 
endereçamento das peças processuais e de ofícios e memorandos entre órgãos e 
entidades o uso do pronome de tratamento, além de títulos e adjetivos. O tratamento 
elogioso é também empregado para petições e recursos direcionados perante a 
segunda instância. 
Outra peculiaridade do discurso jurídico consiste na referência aos institutos 
jurídicos em sua origem latina, utilizados frequentemente sem a tradução ou 
adaptação à linguagem moderna do português brasileiro, expondo, portanto, o caráter 
conservador da linguagem jurídica. 
Sem maiores investigações, podemos considerar como exemplos os remédios 
constitucionais habeas data e habeas corpus, além dos efeitos jurídicos erga omnes, 
dentre outros. 
Não se distanciado desse apego à língua latina, torna-se comum o uso 
descritivo de determinados institutos ou fenômenos jurídicos com certa constância nos 
textos legislativos, ora expondo o dispositivo em questão, como um texto prolixo, ora 
determinando claramente sua descrição e significado. 
O Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/2002) prescreve em seu Art. 2.045 que 
foram revogados o Código Civil de 1916 (Lei nº 3.071/1916) e a parte primeira do 
 
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Código Comercial (Lei nº 556/1850). Todavia, poderiam ser empregadas as 
expressões jurídicas específicas para esse fenômeno da revogação da norma: ab-
rogação do Código Civil de 1916 e derrogação do Código Comercial, quanto à 
primeira parte. 
A observância da carga semântica deve ser considerada e empregada para 
cada definição jurídica da maneira mais precisa possível, sob pena de acarretar 
prejuízos na atividade profissional no campo do Direito. Assim, torna-se imperativa a 
distinção entre furto e roubo, oriundas do Código Penal Brasileiro (Decreto-lei nº 
2.848/1940), ou o estabelecimento da distinção entre interrupção e suspensão de 
prazo, não considerando que ambos possuam o mesmo significado ou efeito. 
Na esfera judicial, quando se trata de decisões e despachos judiciais, é habitual 
da atividade judicante que o magistrado determine o cumprimento ou a realização de 
atos para as partes, além da realização de expedientes, direcionado aos agentes 
administrativos, para o impulso processual, como emissão de certidões e expedição 
de ofícios e a emissão de determinações para diligências. 
É da natureza da atividade do juiz possuir tal prerrogativa, não havendo 
possibilidade de se alegar a vigência de autoritarismo ou tirania por parte das 
instituições judiciais, mas sim da própria natureza do Poder Judiciário, em sua 
atividade primária, que é dizer o Direito aos jurisdicionados. 
Nesse sentido, o Art. 139 do Código Processual Civil (Lei nº 13.105/2005) 
estabelece algumas responsabilidades destinadas ao juiz, que deverá dirigir o 
processo nos termos da novel processual: 
 
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, 
incumbindo-lhe: 
(…) 
II – velar pela duração razoável do processo; 
III – prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e 
indeferir postulações meramente protelatórias; 
IV – determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou 
sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem 
judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; 
(…) 
VI – dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios 
de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir 
maior efetividade à tutela do direito; 
VII – exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força 
policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais; 
VIII – determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, 
para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena 
de confesso; 
IX – determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento 
de outros vícios processuais; 
(…) (destaque) 
 
 
14 
Logo, é da natureza da atuação judicial imposições aos jurisdicionados quanto 
ao andamento processual, e mostra-se necessário para o saneamento e cumprimento 
processual, garantindo assim axiomas constitucionais como o devido processo legal 
e a celeridade processual. 
 
1.2 Retórica na argumentação jurídica 
 
Retórica, na sua origem grega rhetorike, significa a arte ou técnica de falar 
bem, como instrução para realização de uma boa argumentação sobre um tema. Um 
de seus documentos mais antigos e homenageados é a obra Retórica, do filósofo 
grego Aristóteles (384 a.C. – 322. a.C.), que sistematizou os métodos de realização 
da boa fala. 
Inclusive, convencionou-se, a partir de Aristóteles, incluir a lógica como um 
campo ou parte da filosofia, que também era composta pela epistemologia, ética e 
metafísica. 
Era também entendida como uma ciência, já que se destinava à análise e ao 
estudo das técnicas e figuras de linguagem. Já na perspectiva de arte, estabelecia a 
realização da boa comunicação, com argumentos coesos logicamente. Buscava a 
harmonia entre a essência ou conteúdo daquilo que era comunicado ou defendido, 
além da lógica argumentativa exemplar para esse fim. 
Contrariando essas premissas, havia a retórica aplicada pelos sofistas, que 
entendiam como valor de boa comunicação apenas a argumentação em si para o fim 
de convencimento sobre um assunto, sem se aterem ao conteúdo da comunicação, 
podendo recorrer a fatos ou fenômenos falsos, imprecisos ou verdadeiros,importando 
apenas o convencimento. 
Quanto ao discurso proposto dentro da retórica aristotélica, era dividido em 
quatro ou cinco partes, haja vista terem sido aprimoradas e refeitas pelos romanos. 
Em breve síntese, são elas: 
a. Inventio – intuição inicial, de onde se tira o conteúdo argumentativo para 
provar o seu ponto de vista. 
b. Dispositio – a apresentação dedicada a seu auditório, com os elementos 
introdutórios de sua exposição, além da narrativa dos fatos e a apresentação da 
argumentação favorável a sua defesa e contrários aos demais debatedores. Ao fim, é 
apresentada uma síntese de todo o exposto, ratificando a tese defendida. 
c. Elocutio – a adequação do estilo linguístico ao contexto e à assembleia. 
d. Actio – elementos de atuação ou da oralidade, definindo timbre de voz, 
entonações e linguagem corporal. 
A parte atribuída aos romanos é denominada memória, referindo-se ao estudo 
prévio da tese em seu todo, possibilitando que a criatividade possa ser a principal 
ferramenta. 
As formas persuasivas, conforme Aristóteles, eram estimuladas por meio das 
seguintes fontes: 
1. Razão – logos. 
 
15 
2. Caráter – éthos. 
3. Paixão – páthos. 
Entre as formas de classificação, a argumentação objetiva é aquela baseada 
na razão, podendo ser concebida quando realizada de maneira técnica. Porém, o 
discurso não é alheio ao aspecto introspectivo e simbólico, haja vista o emprego de 
elementos da psiquê humana, sendo assim realizada a argumentação subjetiva, com 
amparo do caráter e da paixão. 
Não há uma relação de robustez entre ambas, considerando que a 
argumentação objetiva seja correta e a subjetiva imprecisa. Ambas podem se 
complementar, sendo que a subjetividade pode ser um mecanismo de aproximação 
dos membros do auditório para a sua tese. 
Paralelamente à argumentação escorreita, pode ser utilizada a lógica, que 
consiste na relação de encadeamento entre premissas e uma conclusão final, 
estrutura conhecida como silogismo. 
Porém, nesse contexto, não tratamos de argumentação propriamente dita, mas 
sim da demonstração, decorrente de um juízo lógico entre ideias e um juízo final. 
Sua principal característica é não permitir um meio-termo entre fatos, haja vista sua 
natureza decorrente dos debates nas pólis gregas, na Antiguidade, que visavam ao 
convencimento de um auditório. 
A distinção entre demonstração e argumentação reflete seu contexto; cada qual 
serve a um propósito, conforme a necessidade, sendo que a argumentação é mais 
robusta quanto à sua finalidade de defender razões. Porém, a natureza da persuasão 
é intrínseca à demonstração. 
No curso da demonstração, só há duas conclusões, e elas são mutuamente 
excludentes (Há pena de morte no Brasil ou Não há pena de morte no Brasil). 
Observa-se que o emprego do discurso realizado é impessoal. 
No discurso argumentativo, há abertura para outras possibilidades, conforme 
se arrazoa para defender seu ponto de vista. Logo, podemos conceituar no contexto 
do exemplo supra que excepcionalmente, poderá ser aplicada pena de morte no 
Brasil. 
Porém, será dada mais observância à argumentação mais à frente, devido a 
seu grau de liberdade de manifestação e seu amplo exercício na defesa de teses. 
Acerca da demonstração, podemos concebê-la na forma de silogismo 
aristotélico. São utilizadas duas alegações conhecidas como premissas, sendo uma 
maior e a outra menor. Frente a sequência lógica entre elas, é alcançado o resultado, 
como conclusão. 
 
Estrutura básica de um silogismo 
Todo direito social está previsto na Constituição Premissa maior 
A renda básica universal não consta na Constituição Premissa menor 
Logo, a renda básica universal não é um direito social Conclusão 
 
 
16 
O esquema proposto acima pode ou não corresponder à realidade, pois se trata 
de uma estrutura argumentativa concebida a partir da lógica formal, em que a validade 
do argumento decorre exclusivamente da sua forma e não do conteúdo ou da 
semântica. 
A forma é válida em detrimento do conteúdo, tal qual podemos considerar que 
uma conclusão que conste O céu tem coloração verde pode tornar a demonstração 
verdadeira, conforme o encadeamento entre as premissas e a resolução. 
Outra forma de realizar e constatar a realidade do argumento acima consiste 
no uso de conjuntos, ou diagrama de Venn, tirando a prova se o silogismo em 
questão é verdadeiro. Para esse fim, consideremos como Exemplo 1 a seguinte 
situação: 
 
1. Premissa maior: Todo direito social está previsto na Constituição. 
 
 
2. Premissa menor: A renda básica universal não consta na 
Constituição 
 
 
3. Conclusão: Logo, a renda básica universal não é direito social 
 
17 
 
 
Conforme ilustrado, é possível conceber a veracidade do silogismo, porque 
suas premissas levaram à conclusão sem inconsistência entre os conjuntos. 
Se todos os direitos sociais constam no texto constitucional, o conjunto dos 
Direitos Sociais está necessariamente dentro do conjunto maior Constituição Federal. 
A proposta de uma renda básica universal, não sendo considerada um direito social, 
estará fora da Constituição, não podendo ser, portanto, um Direito Social, pois este 
consta como direito constitucional. 
Cumpre ao exemplo dado, o trabalho lógico formal, para fins didáticos, não 
estipulando alegação no sentido de que um projeto de renda básica universal seja ou 
não um direito social. Doravante, uma proposta de Emenda Constitucional pode criar 
esse tipo de direito fundamental; ou, ainda, depois de criada, pode ser modificada para 
outra forma de distribuição de renda, permanecendo, ao fim, como direito plasmado 
no texto da Carta Magna. 
Poder-se-ia constatar o erro de lógica caso a premissa maior contivesse o 
seguinte teor: Alguns direitos sociais estão previstos na Constituição Federal, estando 
representada pelos conjuntos de acordo com o Exemplo 2: 
1. Premissa maior: Alguns direitos sociais estão previstos na Constituição 
Federal. 
 
2. Premissa menor: A renda básica universal não consta no texto da 
Constituição Federal. 
 
18 
 
 
Para estabelecermos a forma adequada de uma conclusão, o diagrama de 
conjuntos abaixo possui representações verdadeiras, consideradas as duas 
premissas apresentadas. 
Cumpre observar que cada conjunto referente à Renda Básica Universal pode 
ser isoladamente considerado ou distribuído todos cumulativamente, como na 
imagem: 
 
3. Conclusão: A renda básica universal pode ser ou não um direito social 
 
 
Há uma intersecção entre os conjuntos Constituição Federal e Direitos Sociais 
em razão do termo alguns, utilizado na premissa maior. No Exemplo 1, o termo 
utilizado era todo, isolando a possibilidade de o conjunto renda básica universal 
(premissa menor) pudesse ter alguma intersecção com o conjunto direito social, após 
a leitura da premissa menor. 
Dessa forma, continuando com a premissa menor do Exemplo 2, a renda 
básica universal não consta na Constituição, não seria plausível concluir que renda 
básica universal não é um direito social estaria correta, tornando a demonstração 
inválida, já que seria possível haver uma intersecção entre os conjuntos direito social 
e renda básica universal. 
A elaboração via diagrama requer que o conjunto Renda Básica Universal 
possa ter pelo menos alguma intersecção com o Direitos Sociais, estando isolado de 
Constituição Federal. 
 
19 
Todavia, defender que a renda básica universal possa ou não figurar como um 
direito social, entre os direitos fundamentais constantes do Texto Político, é plausível 
quando se trata da defesa argumentativa. 
Não obstante a prova realizada com os diagramas de Venn, as proposições em 
lógica formal precisam atender a três bases: 
1. Identidade: a premissa, na sua carga semântica, mantém um valor em si, 
não podendo corresponder a outro significado distinto. 
Ao considerarmos o Código Civil, a premissa Estado de Pernambuco é uma 
pessoa jurídica de direito público interno tem valor lógico e consta da realidade. Acontrariedade a essa alegação, como o Estado de Pernambuco é uma associação 
não pode ser válida, pois A = B, já que houve uma mudança intrínseca à natureza do 
ser ou entidade mencionada. 
2. Não contradição: uma premissa ou alegação não pode determinar dois 
fenômenos ou fatos contrários entre si. 
Posto isso, nas relações internacionais, a República Federativa do Brasil 
atenderá, entre outros, os princípios a defesa da paz e a solução pacífica dos conflitos. 
Estando tais alegações estanques, conforme o Art. 4º, da Carta Magna, não se pode 
considerar outro valor que não esse para a proposição. 
Portanto, a República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações 
internacionais pelo princípio da beligerância é uma contradição ao preceito inicial. 
Havendo os princípios da defesa da paz e da solução pacífica dos conflitos, o 
valor lógico consiste em A = A. Quando atribuímos à beligerância como norte da 
República Federativa do Brasil em suas relações internacionais, poder-se-ia 
considerar A = -A. 
3.Terceiro excluído: a premissa não comporta uma alternativa alheia a duas 
opções. Assim, não há terceira opção; a proposição ou é verdadeira ou é falsa. 
Portanto, haverá pena de caráter perpétuo no Brasil ou não haverá pena de 
caráter perpétuo no Brasil. Não há como relacionar uma terceira possibilidade (trata-
se de uma demonstração e não de uma argumentação). 
Já a argumentação, como regra, obedece à estrutura concebida para o tipo 
textual dissertação, necessitando de uma introdução, o desenvolvimento de 
argumentos e a conclusão. Pode-se constatar sua aplicação em provas, em exames, 
vestibulares e em concursos públicos. Ainda consta em artigos jornalísticos e 
editoriais, e, principalmente, na defesa jurídica, quando se busca convencer o juiz da 
pretensão de direito que a parte autora entende ser legítima, ou na defesa da parte 
demandada, que busca demonstrar que a requerente está equivocada em sua 
pretensão. 
Como ela é mais ampla que a demonstração, admite ponderações e variáveis 
àquilo que se discorre, admitindo-se uma possibilidade sobre a veracidade e a certeza 
do seu discurso. 
Ademais, dentro do texto jurídico a ser redigido e defendido, é respeitada a 
liberdade de uso de figuras de linguagem ou de até falácias argumentativas; porém, o 
recomendável é que sejam evitadas ou, excepcionalmente, que possuam alguma 
função estilística ou retórica para o texto. 
 
20 
Para esse fim, existem as figuras de linguagem, que são recursos linguísticos 
com maior comunicabilidade com outros gêneros textuais, como crônicas, romances 
em prosa e, principalmente, poesia. 
Como o texto jurídico requer formalidade e emprego da linguagem culta, é de 
se presumir a clareza e a objetividade do seu conteúdo. Já não se espera de um 
comunicado ou documento oficial, emitido pelo Poder Público, o uso de linguagens 
dúbias, duplo sentido, simbolismos e sarcasmos na sua comunicação. 
Como exemplo de figura de linguagem, o pleonasmo consiste no emprego de 
termos repetitivos, inadequado para a linguagem formal e indicativa de falta de 
repertório vocabular ou cultural do enunciador. Tem-se como pleonasmo a expressão 
“descer para baixo”, porquanto descer implicar o deslocamento para um espaço ou 
local físico inferior. 
Porém, em prosa de teor lúdico ou na poesia, pode ser uma ferramenta de estilo 
muito interessante, podendo estabelecer noção de intensidade ou importância 
quanto àquilo que está sendo retratado ou sentido pelo interlocutor. 
Quanto ao desenvolvimento da argumentação, realiza-se pela indução ou 
dedução. 
A indução consiste no raciocínio que se inicia por ocorrências particulares ou 
especificadas em direção a um fato geral. A defesa é construída tendo como plano de 
partida a experiência empírica para se chegar à causa. 
No sentido contrário, dedução decorre da alegação genérica e comum, tendo 
como objeto a especificidade daquilo que está sendo tratado, sendo o silogismo uma 
forma de raciocínio dedutivo. 
A lógica informal consiste na não obediência dessas regras como os princípios 
da lógica formal, e baseiam-se em raciocínios dedutivos. 
A argumentação é mais livre, pois não depende da estrutura formal realizada, 
mas essencialmente sobre aquilo que é argumentado. 
Nesse sentido, é possível que ocorram argumentos metódicos, podendo ser 
denominados como falácias ou dialética erística, que podem ter efeitos temerários 
quanto à idoneidade do discurso. 
A falácia pode ser entendida como o falso argumento, que parece ser 
verdadeiro e lógico, porém possui uma falha em sua construção, seja de maneira 
aparente ou subentendida. Os argumentos metódicos são muito presentes no 
discurso oral, repercutindo nas manifestações e nos debates orais, bem como em 
testemunhos e em depoimento. 
Outra falácia a ser considerada é o argumento de autoridade. Consiste em 
reforçar aquilo que é pretendido com base no conhecimento ou experiência de uma 
autoridade acadêmica ou intelectual sobre determinado assunto. Muito comum seu 
emprego em petições e em julgados, em que os operadores do Direito recorrem a 
comentários e conceitos por juristas. 
Por assumir o caráter didático ao se utilizar de um conceito traçado por algum 
jurista, serve de reforço à tese defendida, não possuindo esse caráter temerário no 
âmbito jurídico. Porém, no ramo científico, seu peso é de menor consideração, haja 
vista que em toda publicação realizada em periódico há a possibilidade de o 
experimento ser defendido ou contrariado por outros cientistas, pela replicação. O 
 
21 
argumento baseado no peso da autoridade é um dos fatores que propiciou a 
proliferação das notícias falsas (fake news) em ambientes virtuais, como as redes 
sociais. 
Pessoas escolarizadas também disseminam ou defendem arduamente teorias 
ou produtos não reconhecidos para os fins a que se destinam, principalmente quando 
são discutidos meios medicamentosos. 
O estratagema empregado consiste na desconsideração de variáveis sobre 
aquilo que é discursado, como pode ser observado nos noticiários de 2020 acerca de 
uso de medicamentos específicos que podem ou não surtir efeitos contra a doença 
COVID-19, em decorrência da pandemia do vírus Sars-Cov2, e como ocorreu com a 
fosfoetanolamina, apelidada pela imprensa de “pílula do câncer” nos anos de 2015 e 
2016. 
Falta, para a eficácia científica, o teste de controle e a análise de efeitos 
colaterais em longo prazo. Em ambos os casos, houve recomendações médicas para 
o uso e ocasionalmente surtindo os efeitos desejados; porém, não se pode dar o 
ultimato acerca da eficácia curativa pela falta de estudos e testes aprofundados dos 
medicamentos. 
Quando se trata de temas envolvendo possibilidade de cura de doenças 
complexas, sem o devido rigor, seus efeitos podem refletir na postura de 
representantes políticos. Assim, foi promulgada a Lei nº 13.269/2016, autorizando o 
uso da fosfoetanolamina sintética para pacientes diagnosticados com neoplasia 
maligna. 
Por sua vez, a falácia petição de princípio consiste na presunção generalista 
acerca de um evento, havendo uma verdadeira confusão entre as premissas e a 
conclusão. 
Nos noticiários, é comum ser narrado que “(…) praticou homicídio culposo, 
quando não tem intenção de matar”, portanto, são desconsideradas, nessa 
mensagem, a possibilidade de imperícia, imprudência ou negligência, ou crime 
preterdoloso. 
Outra muito comum no cotidiano é a falsa correlação entre eventos ou fatos. 
Em relações de causa e consequência, há uma aparente e sugestível causalidade que 
não se sustenta com uma análise mais apurada do ocorrido. 
Podemos considerar que a partir da criação dos smartphones houve um 
aumento de furtos e roubos de celulares. Faz sentido e se mostra concretamente 
verdadeira. Mas desconsidera eventuais adversidades quanto a esses dados. Afinal, 
somente smartphones são objetos constantes de furtos e roubos entre bens móveis 
de uso pessoal? A propaganda que cria status acerca de algum modelo ou linha de 
celularpode ser um indicativo de sua subtração, já que muitos desejam obter um? 
Outra correlação, aparentemente verdadeira, é o argumento de que o advento 
de uma tecnologia de uso doméstico ou profissional acarretou maiores acidentes com 
o uso da mencionada ferramenta, sendo que não era possível considerar a ocorrência 
de um dano antes da existência de tal tecnologia, como é o caso do micro-ondas ou 
do próprio smartphone. Esse tipo de argumento torna-se falacioso porque é plausível 
que o mal uso ou o defeito desses aparelhos possam acarretar acidentes, então há 
de existir dados estatísticos acerca desses acidentes. 
 
22 
Como sinal de desconsideração, há o argumento ad hominem, que se atém 
ao histórico pessoal do debatedor ou autor e que não leva em conta o seu discurso 
ou fala. Inclusive, destina-se a não considerar a contradição dos argumentos 
apresentados em razão de características do seu interlocutor. 
Outra forma de manifestar um juízo alheio ao discurso consiste no argumento 
pragmático, ou ad consequentiam, em que atos e fatos são avaliados 
exclusivamente em razão de suas consequências favoráveis ou não. O brocardo “os 
fins justificam os meios” ilustra de maneira cândida o emprego dessa forma de 
persuasão. 
Porém, há uma justificação do argumento teleológico, muito utilizado por 
magistrados, considerando a finalidade da lei. Nesse sentido, o magistrado tem 
liberdade em constituir seu juízo para decidir, não deixando de aplicar o Direito, 
inclusive quanto aos casos não prescritos ainda por lei. 
Também encontra amparo no fenômeno contemporâneo do ativismo judicial, 
em que, em razão da pouca atuação do Poder Executivo e do Poder Legislativo, 
quanto ao cumprimento de suas funções institucionais, os órgãos do Poder Judiciário 
tomam a frente em estabelecer parâmetros para cumprimento de leis dúbias ou frente 
a direitos ainda não tutelados. 
Foram os casos dos Mandados de Injunção nº 670 e 721, estabelecendo que, 
enquanto não fossem regulamentados os direitos de greve dos agentes públicos civis 
federais, poder-se-ia pôr em prática as disposições da Lei de Greve (Lei nº 
7.783/1989) aplicáveis ao regime da CLT no que não houver conflito. 
Pela natureza da determinação por parte do Supremo Tribunal Federal, discute-
se se isso não seria uma intromissão nas funções distribuídas entre os Poderes, 
considerando que o Judiciário estaria não apenas decidindo o Direito, mas legislando. 
Ocorre que essa falácia não é empregada de maneira gratuita ou difusa; seu uso 
encontra amparo nos métodos hermenêuticos da norma constitucional. 
A constância do uso desses argumentos em defesa da tese jurídica gera o 
empobrecimento da qualidade da argumentação, inclusive desviando o conteúdo 
daquilo que pode estar sendo analisado. 
A dialética erística é, portanto, a má retórica; nela, o argumento é estruturado 
e construído de modo a ludibriar outrem, intencionalmente ou não. 
Henriques (2013, p. 9) tece breve comentários acerca da impregnação de 
sentido dado à arte retórica: 
 
Entendemos que a Retórica não é boa, nem má; não é moral, nem imoral; ela 
navega na zona cinzenta da amoralidade, como se costuma dizer. Ao 
contrário de Platão, achamos que a Retórica não é, de per si, perversa, 
embora possa até ser pervertida. À Retórica não interessa que o 
orador/falante seja bom, mas, sim, que pareça bom. 
 
Acerca do bem e do mal, cumpre à Ética tecer esse juízo de valor. No discurso 
jurídico, isso é constatado: não cumpre elucidar a intenção do autor ou do réu ao 
processo, mas aquilo que repercute no Direito e precisa de consequências, para 
alcançar um fim teleológico institucional de pacificação dos conflitos. Doravante, a 
retórica é uma arte ou um instrumento. 
 
23 
Logo, não necessariamente o trabalhador, reclamante de ação judicial, pode 
não ser um hipossuficiente de fato, mas presume-se que os meios de provas acerca 
do seu horário e disciplina cumprem ao empregador dele demonstrar. No mesmo 
sentido, a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) não observa inicialmente a má-fé 
por parte da mulher, necessitando, portanto, ser provada. 
A igualdade, nesses casos, precisou ser construída em razão de fatos jurídicos 
importantes – abuso de autoridade contra o empregado e coerção em ambiente 
doméstico por parte do homem, necessitando de respostas judiciais específicas. 
O processo dialético decorre desde Platão, havendo uma maior elaboração a 
partir do filósofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), em que é elaborada a 
tese e, em seguida, a antítese. Da colisão de ambas, é alcançada a síntese do 
discurso. 
Tal estrutura é visível no curso do processo, pois há uma pretensão requerida 
e justificada por argumentos e provas acerca do fato e do direito. Posteriormente, a 
quem se destina a reclamação perante o Juízo resta defender-se e alegar o que for 
razoável a seu Direito. 
Por fim, caberá ao magistrado a decisão daquilo que estiver contido no 
processo, conforme as provas colhidas no curso processual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
2. Manual de redação oficial da Presidência da República 
 
Criado no ano de 1991, atualmente o Manual de Redação Oficial da 
Presidência da República está na terceira edição, conforme Portaria nº 1.369, de 27 
de dezembro de 2018, da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil. 
Ele traz em seu objeto parâmetros para ser utilizados em correspondências e 
documentos oficiais, objetivando tornar clara e direta a linguagem institucional e coibir 
a prática de vícios de linguagem típicos do cotidiano de repartições públicas. 
Frente a isso, o documento elenca, na Parte I, os atributos elementares da 
redação oficial, a seguir expostos: 
 
a. Clareza e precisão. 
b. Objetividade. 
c. Concisão. 
d. Coesão e coerência. 
e. Impessoalidade. 
f. Formalidade e padronização. 
g. Uso da norma padrão da língua portuguesa. 
 
Alguns desses princípios são exigidos na redação, nos mais diversos 
contextos, porém, aqui se justificam em razão das prerrogativas de interesse público 
e do próprio regime sob o qual o Poder Público se submete, especialmente pela 
observância dos princípios da Administração Pública (Art. 37, caput, CF/88), como o 
da legalidade e da impessoalidade. 
Logo, não se recomenda o uso de figuras de linguagem, como metáfora, o 
emprego de sarcasmo ou ironia na comunicação e na redação oficiais. A comunicação 
precisa, portanto, ser clara, objetiva, e econômica nos termos, já que se direciona aos 
administrados. 
As correspondências realizadas oficialmente devem obedecer ao Padrão 
Ofício, sendo elas definidas como Ofícios, Exposições de Motivo, Mensagens e 
Correio eletrônico (e-mail). 
Ainda dentro da Parte I do Manual, são exemplificados aspectos da ortografia 
e gramática, com exemplos de termos aplicados no cotidiano de um órgão ou 
entidade, com atenção aos vícios linguísticos. 
Doravante, dedica as próximas partes ao âmbito do Poder Legislativo, 
constando fundamentações para a elaboração de uma lei, os tipos de atos normativos 
existentes no ordenamento jurídico brasileiro e a explicação quanto ao trâmite do 
processo legislativo, conforme a espécie. 
Não são meros protocolos, porquanto no curso da elaboração de um texto 
legislativo, muitos elementos jurídicos devem ser observados, como competências, 
esfera federativa e princípios de Direito. 
 
25 
O emprego da técnica legislativa deve ter consonância com o texto da Lei 
Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998, que trata da elaboração, redação, 
alteração e consolidação das leis – norma mencionada no TÍTULO 1 dessa Unidade. 
Por oportuno, devem ser observadas também as exigências determinadas nos 
Regimentos Internos das Casas Legislativas (Câmara dos Deputados e Senado 
Federal), com objetivo de mitigar equívocos ou ilegalidades. 
No entanto, não se deve convencionar que o Manual de Redação Oficial seria 
a regulamentação ou estatuto referente à Lei Complementar de Técnica Legislativa, 
haja vista ter sidoelaborada por órgão do Poder Executivo. Ademais, não possui forma 
de ato normativo propriamente. 
Trata-se, pois, de um instrumento de adequação da gestão do Poder Público, 
servindo de referencial a outros órgãos e entidades das demais esferas. 
A título de curiosidade, outras instituições elaboram seus respectivos manuais 
para a padronização de seus expedientes, especialmente os órgãos de cúpula de 
Poder e os órgãos auxiliares da Justiça, como o Ministério Público. 
 
 
26 
Referências 
 
BITTAR, E. C. B. Linguagem jurídica: semiótica, discurso e direito. 7. ed. São 
Paulo: Saraivajur, 2017. 
Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Manual de redação da Presidência da 
República / Casa Civil, Subchefia de Assuntos Jurídicos; coordenação de Gilmar 
Ferreira Mendes, Nestor José Forster Júnior [et al.]. – 3. ed., rev., atual. e ampl. – 
Brasília: Presidência da República, 2018. 
HENRIQUES, A. Argumentação e discurso jurídico. 2. ed. São Paulo: ATLAS, 
2013. 
HENRIQUES, A.; TRUBILHANO, F. Linguagem jurídica e argumentação – teoria e 
prática. 5. ed. São Paulo: ATLAS, 2017. 
PETRI, M. J. C. Manual de linguagem jurídica. 3. ed. São Paulo: Saraivajur, 2017. 
T.J.M.G. - Apelação nº 1.0521.04.036857-8/001. 19ª Câmara Cível. Des. Relator: 
Versiani Penna. Data de julgamento: 08 nov. 2018. Publicação: 14 nov. 2018.

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