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geografia_humana_e_economica (1)

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Prévia do material em texto

Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-3176-4
Geografia Humana
e Econômica
Geografia Humana
e Econômica
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Rafael Lacerda Martins
Rafael Lacerda Martins
Geografia Humana e Econômica
IESDE Brasil S.A.
Curitiba
2012
Edição revisada
© 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor 
dos direitos autorais.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 
__________________________________________________________________________________
M341g
 
Martins, Rafael Lacerda.
 Geografia humana e econômica / Rafael Lacerda Martins. - Curitiba, PR : IESDE 
Brasil, 2012. 
 120p. : 28 cm
 
 Inclui bibliografia
 ISBN 978-85-387-3176-4
 
 1. Geografia humana. 2. População - Estatísticas. 3. Globalização. 4. Geografia da 
população. I. Título. 
 
12-7191. CDD: 304.2
 CDU: 911.3
 
03.10.12 18.10.12 039630 
__________________________________________________________________________________
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: Shutterstock
IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
Sumário
Introdução à Geografia | 7
Geografia | 7
Geografia Humana e Econômica | 9
Espaço geográfico | 11
Escala geográfica | 12
Conceitos fundamentais | 15
Níveis de análise em Geografia | 15
Região | 16
Lugar | 18
Território | 20
Geografia Cultural | 25
Introdução à Geografia Cultural | 25
Temas da Geografia Cultural | 26
A noção de gênero de vida | 28
Geografia Cultural: reflexos da globalização | 28
Geografia Política | 33
Introdução à Geografia Política | 33
Geopolítica | 35
Geopolítica e nova ordem mundial | 37
Globalização | 41
Processo de globalização | 41
Blocos econômicos: o caso do Mercosul | 42
Economias mundiais | 44
Implicações espaciais das atividades econômicas sob a visão do capitalismo | 45
Abordagens do espaço agrário | 49
Organização do espaço agrário | 49
Caracterização geográfica como propósito de indicações de procedência | 50
Geografia Agrícola: o caso da produção do arroz | 52
Abordagens sobre o meio técnico | 59
O meio técnico-científico-informacional | 59
Constituição dos espaços econômicos | 61
Integração territorial | 62
O espaço regional | 67
Dinâmica regional brasileira | 67
Organização econômica: o espaço regional em transformação | 69
Urbanização brasileira | 71
Temas em Geografia da População | 75
Demografia na análise geográfica | 75
Estudos populacionais e fontes de dados | 76
Distribuição e estrutura da população | 79
Crescimento populacional | 81
Abordagens no estudo da população | 87
Políticas de população | 87
Ferramentas do demógrafo | 88
Teorias de população: o pensamento Neomalthusiano | 90
Teoria de Marx acerca da população | 91
Concepções sobre populações: as migrações | 91
Elementos da dinâmica populacional | 95
Dinâmica populacional brasileira | 95
Desenvolvimento populacional | 98
Algumas considerações sobre o Índice de Desenvolvimento Humano | 99
Abordagem socioambiental em Geografia Humana | 105
Questão ambiental | 105
Conceito de gestão ambiental e planejamento ambiental | 106
Sustentabilidade ambiental no contexto da Geografia Humana | 108
Reflexões socioambientais: recursos hídricos | 109
Referências | 115
Apresentação
Prezados alunos,
 Ao iniciarmos a disciplina de Geografia Humana e Econômica, quero 
desejar as boas-vindas e convidá-los para iniciar os estudos dessa disciplina 
imbuídos de curiosidade, disponibilidade e responsabilidade crítica em torno 
das temáticas apresentadas.
A disciplina tem como objetivo central o desenvolvimento de uma análise 
a respeito das diferentes abordagens em Geografia Humana e Econômica. 
A estrutura e construção dos textos expressam conceitos, pensamentos e 
interpretações do espaço geográfico e suas categorias. Procurei enfocar a 
evolução das dinâmicas ambientais, culturais e socioterritoriais, em conjunto 
com as características e os estágios do processo histórico-geográfico. Dessa 
maneira, a realização e o desenvolvimento dessa disciplina pretendem ser um 
processo desencadeante de alterações objetivas e subjetivas em nossa forma 
de inserção e futura intervenção na realidade social e ambiental.
 Este livro está estruturando em 12 aulas, no qual irei abordar uma breve 
introdução da Geografia como ciência e seus conceitos fundamentais na análise 
das relações entre a sociedade e natureza. Apresento a Geografia Cultural, 
procurando enfocar os estudos das relações humanas. Abordo a Geografia 
Política, como um conhecimento importante para interdisciplinaridades das 
ciências humanas. Apresento considerações sobre o processo de globalização 
e suas implicações culturais e geoeconômicas no mundo e no Brasil. Trato 
também da organização do espaço agrário, como o espaço de interesse nas 
relações do território e nas funções de integração territorial. Por fim, relaciono 
um quadro-síntese e o objetivo dos estudos populacionais, concentrado na 
geografia da população, identificando os conceitos e as definições importantes para 
os cientistas sociais, numa análise e uma interpretação nas diferentes abordagens 
de estudo. O conteúdo do livro busca acrescentar uma leitura informativa, crítica e 
interpretativa sobre os diferentes estudos nas distintas áreas da Geografia Humana 
e Econômica. Apresenta uma abordagem socioambiental capaz de produzir uma 
visão critica e fundamental nos dias de hoje.
Bem, convido a todos para a leitura deste livro e que ele auxilie na construção 
do conhecimento. Boa leitura!
Introdução à Geografia
Rafael Lacerda Martins*
Geografia 
O termo Geografia vem do grego e significa, simplesmente, grafia da Terra. Num primeiro 
momento, o termo completa uma simples e mera explicação da superfície terrestre, mas imaginem o 
trabalho exaustivo que representa “grafar” todo nosso mundo conhecido hoje.
Essa primeira análise remete a algumas questões e reflexões: Onde seria o início dessa grafia no 
mundo? O que deveríamos grafar? Muito bem! Digamos que deveríamos grafar a cidade de Curitiba. 
Imaginem agora a complexidade que qualquer cidade apresenta em função de inúmeras variáveis, ou 
seja, grafar necessariamente implica em analisar, entender, descrever, representar e explicar a cidade 
nesse caso. Essas questões iniciais remetem que a atividade de grafar e por sua vez explicar o mundo 
por meio da Geografia não é tão simples, mas nada impossível para um mundo representado por trocas 
de informações e conhecimentos.
Para grafar um lugar (uma rua, uma cidade, um estado, um país) devemos transitar por diversas 
áreas do conhecimento e das ciências. Isso, em primeira análise, permitirá entender a cidade de Curitiba. 
Podemos analisar a população, a economia relacionada à cidade, a política atual e seu modelo de gestão, 
a história do território enquanto formação e sua povoação, o relevo presente no espaço da cidade, o 
clima e suas relações com as pessoas e os modos de produção, entre outras inúmeras condições de 
ordem física, social e cultural. Somente assim entenderíamos completamente a cidade de Curitiba. 
Talvez, após essa primeira etapa de conhecimento exaustivo, mas importante, poderíamos ligar todas 
essas variáveis e estabelecer uma Geografia capaz de identificar as relações e marcar as interpretações 
sobre os temas reconhecidos e estudados da cidade.
A Geografia organiza esse reconhecimento e a identificação dos diferentes lugares a partir da 
representação cartográfica, ou seja, o uso da Cartografia. Em muitos momentos buscamos entender a 
Geografia na representação cartográfica de um mapa, e nem percebemos a complexidade das variáveis 
* Doutorando em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grandedo Sul (UFRGS). Mestre em Geografia pela UFRGS. Bacharel em Geografia 
pela UFRGS.
8 | Introdução à Geografia
que estão inseridas e contidas no mapa. Poderíamos imaginar, usando o exemplo anterior, um mapa da 
cidade de Curitiba. O que seria um mapa de Curitiba? Poderíamos ter uma representação em forma de 
mapa para cada fenômeno e tema referido anteriormente, por exemplo, um mapa de relevo da região e 
da cidade, um da organização dos bairros, um das principais ruas, um das atividades econômicas e suas 
relações na produção. Por outro lado, a Geografia procura não somente cartografar, mas sim, entender 
as relações entre todos os elementos constituintes do espaço geográfico, contidos ou não, em repre-
sentações cartográficas.
Com esse objetivo, como seria um mapa de Curitiba que buscasse essa integração e interação dos 
elementos e temas? Podemos analisar em partes os elementos da cidade, e também os elementos que 
se integram e se diferenciam no espaço, por exemplo, a economia, as áreas naturais, a população, ou 
variáveis que se destacam sobre as outras.
Essa é uma atividade dos gestores e administradores da cidade, ou seja, das instâncias de planeja-
mento e de governo que devem compreender e identificar as divisões e fragmentações de uma cidade. 
Esses órgãos municipais se utilizam da Geografia, para estabelecer “os estudos das divisões e fragmen-
tações”, ou seja, as divisões do “espaço geográfico de Curitiba”, de acordo com o exemplo apresentado.
A Geografia, então, analisará e buscará integrar elementos humanos, naturais, econômicos e 
políticos, cujas diferenças espaciais (divisões e fragmentos), dentro do espaço geográfico de Curitiba 
poderão ser representadas, planejadas e administradas.
Podemos associar, então, que a Geografia se preocupa com as divisões, buscando espaços 
específicos dentro de outros espaços (os países do mundo, os estados dos países, os municípios dos 
estados, os “setores” ou bairros ou regiões dentro de um município, entre outras divisões possíveis). A 
Geografia preocupa-se também com a identificação dos lugares, suas diferenças, suas áreas e tamanhos, 
suas características presentes e relacionáveis. Para isso encontramos lugares de diferentes tamanhos e 
podemos trabalhar e analisar esse critério com o auxílio da noção de escala.
Por outro lado, a Geografia não só divide e fragmenta o espaço geográfico como também analisa 
suas dinâmicas dentro desse espaço, ou seja, como essas divisões, regiões ou lugares se relacionam 
entre si. Uma dimensão real e contemporânea é que o espaço está cada vez mais “fluído” (conectado por 
vias de transporte e comunicações). Nesse sentido, os espaços urbanos influenciam a produção e a vida 
dos espaços rurais, assim como países do mundo influenciam outros países, por exemplo: como o Brasil 
influencia os países da América Latina? Como algumas cidades influenciam outras cidades (Curitiba 
influenciando as cidades vizinhas) e os bairros influenciam outros bairros? (O centro das cidades 
determinando a organização de bairros distantes, pela presença dos órgãos públicos municipais no 
centro, determinando a organização das ruas, dos transportes, de bairros de periferia). Esses exemplos, 
na verdade, mostram que independente da escala global, regional e local os lugares não estão mais 
separados, eles influenciam uns aos outros, porque todos estão conectados pelos transportes, seja 
por estradas, ferrovias, portos, aeroportos ou pelas comunicações, como o telefone, jornais, televisão, 
internet e fax. As tecnologias da comunicação e dos transportes produzem espaços fluídos, conectados 
e interligados, atrelados a diferentes lugares e produzindo “canais” de comunicação como as estradas e 
os cabos de energia, que cruzam diferentes territórios.
9|Introdução à Geografia
Geografia Humana e Econômica
A Geografia Humana pode ser compreendida como o estudo e a descrição da interação entre a 
sociedade e o espaço. Ela ajuda a sociedade a entender o espaço em que vive. Pode-se afirmar que o 
objeto da Geografia Humana, enquanto analista dos aspectos e mudanças sociais, deve refletir uma 
leitura crítica das percepções e transformações humanas sobre o espaço geográfico. O objeto busca 
também analisar a sociedade no transcorrer do tempo, estudando a incidência do tempo no espaço e 
na sociedade.
Talvez, durante muito tempo, a Geografia tenha se enganado em produzir estudos separados 
dos elementos meramente naturais e físicos do espaço dos elementos meramente humanos dele. Por 
um lado, estudava-se o relevo, o clima, a vegetação, e, por outro, a economia, a política, a população 
etc. Com esses estudos “dicotomizados” (separados), organizava-se uma grande monografia descritiva 
de uma região. Parece que a Geografia era um conjunto mal-acabado de diferentes outras ciências 
(Geologia, Climatologia, Economia, Política etc). De um lado estava a Geografia Física, estudando o 
relevo, o clima e os elementos da fauna e da flora, de outro, a Geografia Humana, estudando a sociedade. 
Mas, no decorrer do tempo, percebeu-se que isso era insatisfatório e incompleto para pretensões de 
entendimento da Geografia.
Essas insuficiências nos estudos da Geografia chegam ao final do século XX, com a evidência dos 
problemas da humanidade e de sua relação com o planeta Terra. A degradação da natureza, a poluição de 
rios e cidades, os desastres naturais (enchentes, pragas, por exemplo), fizeram o mundo atentar para os 
desequilíbrios das atividades humanas em relação às dinâmicas da natureza. Observou-se que tudo está 
interligado e que o homem não se encontra isolado, à parte, da natureza. Qualquer atividade humana, de 
toda uma população, ou somente de um indivíduo, irá trazer consequências à dinâmica do ar e das águas. 
O homem também é natureza, mas durante muito tempo, devido a sua capacidade de produzir trabalho 
e técnica, ele construiu outro espaço que não é mais totalmente natural, é “humanizado” ou “tecnificado” 
– como o espaço das grandes cidades, por exemplo, no qual somente observam-se prédios e estradas 
(concreto e estruturas). O homem, afastando-se da natureza, modificou e alterou seus ritmos e seu tempo 
de transformação. Muitos desses ritmos alterados desequilibraram e transformaram os processos naturais 
(chuvas, ventos, dinâmicas fluviais, qualidade das águas para consumo humano) e provocaram danos à 
própria humanidade (racionamento de água, degradação dos solos e menor produtividade na agricultura, 
poluição do ar e doenças respiratórias, alteração das dinâmicas dos rios, enchentes, degradação da camada 
de ozônio e aumento dos raios ultravioletas).
Hoje, os novos estudos da Geografia procuram observar como as atividades humanas produzem 
alterações nas dinâmicas naturais e, consequentemente, alteram também a vida da sociedade que vive 
num determinado lugar. Muitos desses estudos aparecem no próprio meio urbano, onde a ocupação 
desordenada destrói a vegetação das encostas dos morros e causa muitos acidentes como desabamentos 
e soterramentos. As constantes enchentes também são consequências do aumento da ocupação do 
solo, tanto na cidade (pela moradia) quanto no campo (pela agricultura). Esses processos são provocados 
pela retirada da vegetação e a tendência da incidência das chuvas, já também em níveis e constâncias 
desequilibradas, produzindo uma maior mobilização e o acúmulo de sedimentos (partículas de solo) 
10 | Introdução à Geografia
no leito dos rios. Esse acúmulo faz com que os rios transbordem facilmente, ocasionando, assim, as 
enchentes que danificam as habitações na cidade e a agricultura no campo. Isso mostra que está tudo 
interligado e que as ações humanas descontrolam e promovem um ciclo com muitos problemas.
Nesse sentido, cada vez mais se procura, na Geografia, o estudo da complexa conexão entre 
elementos físicos e humanos do espaço, dando qualidade ao que seria o “espaço geográfico”, não 
somente ao espaço natural ou espaço humano, qualificado como social, mas “espaço geográfico”, no 
quala ciência Geografia é a qualidade dessa integração e interação.
O geógrafo Manuel Correa de Andrade esclarece que os estudos geográficos, marcados pela Geografia 
Econômica, podem ser entendidos como o estudo da localização, manifestação, distribuição e organi- 
zação espacial das atividades econômicas por todo o planeta. Também é possível identificar na obra tópicos 
acerca dos estudos da Geografia Econômica, os quais apresentam relações com a localização das indústrias e 
serviços no território, dos padrões das indústrias e das suas representações no espaço geográfico e também 
da Geografia dos fluxos de transporte. A área de estudo nomeada Geografia Econômica contempla temas 
amplos e interliga os objetos natureza e sociedade. Para exemplificar as temáticas centrais, podemos citar os 
estudos sobre o transporte urbano e inter-regional: análises da distância da produção agrícola às cidades, da 
localização industrial diante das necessidades energéticas e da força de trabalho para a indústria, do comércio 
internacional e suas especialidades, bem como a organização espacial em função das atividades de negócios 
e serviços de um determinado espaço geográfico.
A economia de uma área geográfica pode ser influenciada pelo clima, pelo relevo e pelos aspectos 
político-sociais. O relevo pode afetar a disponibilidade dos recursos, o custo de transporte e as decisões 
sobre o uso e ocupação do solo. O clima pode influenciar a disponibilidade dos recursos naturais, 
particularmente os produtos agrícolas e florestais, e as condições de trabalho e produtividade numa 
determinada área agrícola. 
A literatura especializada na Geografia Econômica foca a análise geográfica nos aspectos e 
características espaciais das atividades e funções econômicas. A análise espacial apresenta relacionamentos 
e interpretações em diferentes escalas, como a escala global ou a escala regional. A escala do local 
também fornece subsídios espaciais importantes no que consiste a análise das relações econômicas e o 
desenvolvimento local. Para marcar essa possibilidade de interpretação entre diferentes escalas, podemos 
desenvolver o pensamento em torno da localização e do distanciamento entre as cidades do interior e os 
grandes centros de negócios e serviços. Nesse caso, são determinadas demandas e funções de cidades 
maiores e centrais, que condicionam de forma de dependência e de ligação numa escala regional-local. 
Tal dependência é visível e tem um papel significativo nas decisões econômicas das cidades do interior. 
Ao mesmo tempo que os condicionantes do local não expressam nenhuma relação exterior aos limites 
da cidade, sendo relacionados particularmente ao cotidiano da própria cidade, apresentando aspectos do 
modo e condições de vida da população e suas funções com o meio. Para uma escala global, alguns fatores 
devem ser considerados, no que diz respeito à possibilidade de leitura do espaço geográfico. Citamos a 
viabilidade logística de transporte entre diferentes espaços produtivos e de consumo, localização dos 
pontos de exportação e importação (portos marítimos e aeroportos) e presença de matéria-prima e 
recursos naturais. Os elementos citados afetam as condições econômicas de determinados países ou 
região econômica.
11|Introdução à Geografia
Sem dúvida, no mundo conhecido pelas práticas econômicas, a simples localização e distribuição 
das zonas de produção industrial e serviços marcam e identificam as características das atividades 
econômicas que, em grande parte, são influenciadas pela globalização dos mercados e da economia. 
Nessa análise, exemplificamos a ideia dos países e suas fronteiras, que não representam mais papéis 
significativos, já que muitos países tendem a eliminar os efeitos das divisões territoriais e estreitar 
acordos de cooperação e integração mútua com outros países em regiões de proximidades de interesse 
econômico. Um exemplo conhecido é a concentração de países em torno de uma grande área territorial, 
mostrando relações comuns e acordos políticos e econômicos. A união europeia cristaliza a ideia de 
uma grande região de países sem fronteiras ou limites econômicos.
A Geografia Econômica pode ser dividida em três partes: a primeira enfatiza a construção de teo-
rias sobre arranjos espaciais e distribuição das atividades econômicas; a segunda parte examina a história 
e o desenvolvimento espacial das estruturas econômicas; e uma terceira parte caracterizada por uma 
Geografia Econômica regional que examina as condições econômicas de determinadas regiões ou países, 
ligada também com os processos de regionalização e globalização da economia.
Espaço geográfico
O espaço geográfico, conforme Milton Santos, é configurado por dois componentes que 
interagem simultaneamente e de forma contínua. Primeiro o espaço é caracterizado pela figura 
territorial dos elementos e formas da natureza modificada (prédios, estradas, pontes etc.) ou não 
modificada/transformada (rios, depressões, montanhas etc.) pelo homem (relação homem-natureza). 
O segundo expressa o espaço geográfico diante da dinâmica social ou como um conjunto de 
relações que definem certo tempo histórico. Em síntese, o espaço geográfico é o espaço ocupado e 
organizado pelo homem em sociedades humanas. Deve ser entendido como um espaço poligênico, 
capaz de reunir necessariamente o estudo do processo histórico, da formação do território natural e 
das transformações sociais. O espaço geográfico, de forma sintética, é tudo aquilo que as sociedades 
constroem e consomem, mas lembramos que tal transformação (relação sociedade-natureza) passa por 
um processo de incorporação, de apropriação e “retransformação”. Assim é gerado de forma contínua o 
espaço geográfico.
Para muitos autores da ciência geográfica, o espaço geográfico é entendido como o principal objeto 
da Geografia. Ele varia tanto no tempo quanto no espaço. Os fatos e os acontecimentos que marcam e 
registram o espaço geográfico são acumulados por momentos histórico-sociais e fenômenos naturais. A 
variação do tempo marca uma “rugosidade” provocando acúmulos e conferindo, assim, particularidade 
a esse espaço. Por exemplo: é possível interpretar o relevo terrestre presente, diante dos elementos 
geológicos do passado. Também é possível realizar uma leitura espacial do plano urbanístico, onde as 
ruínas da arquitetura de um tempo distante podem ser encontradas, hoje, na forma de uma fração, que 
ajuda a grafar um novo espaço urbano ou rural.
O espaço seria um conjunto de objetos e de relações que se realizam sobre esses objetos; não entre esses especificamente, 
mas para as quais eles servem de intermediários. Os objetos ajudam a concretizar uma série de relações. O espaço 
é resultado da ação dos homens sobre o próprio espaço, intermediados pelos objetos, naturais e artificiais. (SANTOS, 1997, 
p. 71)
12 | Introdução à Geografia
Escala geográfica
A escala indica a proporção entre o objeto real (o mundo ou uma parte dele) e sua representação 
cartográfica, ou seja, quantas vezes o tamanho real teve de ser reduzido para poder ser representado.
Podemos considerar o seguinte exemplo: um mapa na escala 1:10.000.000 indica que o espaço 
representado foi reduzido de forma que 1 centímetro no mapa corresponde a 10 milhões de centímetros 
ou 100 quilômetros do tamanho real.
Deve-se estabelecer a escala de um mapa antes de sua elaboração, levando-se em conta os obje-
tivos de sua utilização. Podemos exemplificar o uso da escala geográfica por meio da representação dos 
objetos geográficos. Os objetos contidos num espaço ou numa área muito grande serão representados 
de forma genérica, sem detalhes de representação. Ao contrário disso, os objetos num espaço ou numa 
área pequena ou reduzida, serão representados com as particularidades dos objetos geográficos contidos 
nesse espaço ou área. Mapas em diferentes escalas servem para diferentes tipos de necessidades:
mapas em pequena escala (como 1:25.000.000) proporcionam uma visão geral de um grande ::::
espaço, comoum país ou um continente;
mapas em grande escala (como 1:10.000) fornecem detalhes de um espaço geográfico de ::::
dimensões regionais ou locais.
Por exemplo: em um mapa do Brasil na escala 1:25.000.000, qualquer capital de estado será 
representada apenas por um ponto, ao passo que num mapa 1:10.000 aparecerá detalhes do sítio 
urbano de qualquer cidade. Os tipos de escala podem ser definidos por categoria e finalidade do mapa, 
por exemplo, uma escala grande: 1:50 a 1:100, usadas para plantas arquitetônicas e de engenharia; 
escalas ainda grandes: 1:500 a 1:20.000, para plantas urbanas e projetos de engenharia; já as escalas de 
categoria média apresentam valores entre 1:25.000 a 1:250.000 e são utilizadas para mapas topográficos. 
Para finalizar os exemplos cita-se as escalas de categoria pequena, com valores acima de 1:250.000, 
utilizadas nas representações dos Atlas geográficos e de globos terrestres.
Texto complementar
Do senso comum à Geografia Científica
(SILVA, 2004, p. 12-13)
[...] trabalho com os temas clássicos da Geografia, eles compõem sua estrutura sistematizada, 
assim entendo. As “novidades pós-modernas” não cabem na minha apreciação, elas estão “na 
moda” e modismo é senso comum, afirmam inúmeros filósofos. Sempre quis compreender por que 
a Geografia é tão somente informativa. Será que a abundância de informações que a caracteriza 
informa mesmo ou a deforma como ciência? No primeiro capítulo repenso espaço/tempo como 
categorias universais, abstraindo-as, também, ao interesse de noções mais conhecidas na Geografia, 
13|Introdução à Geografia
apoiada em filósofos que tratam do assunto de forma divergente como Kant e Hegel, ou Hannah 
Arendt e Derrida, por exemplo. Faço uma construção teórica da materialidade do tempo pelo trabalho 
na multiplicidade de lugares no lugar, e do espaço abstrato na pluralidade de relações das realidades 
espacializadas ou não. As lições que me foram passadas por Hegel em sua dialética da negatividade 
me encorajaram na confecção desse texto. Hegel trabalha com figuras abstratas da consciência e me 
arvorei a transmutar o movimento daquelas figuras para o movimento de “figuras” da realidade social, 
como espaço, tempo, trabalho, lugar, paisagem, nos quais a mediação é a negação neles mesmos 
para se constituírem no outro, ou, segundo a linguagem hegeliana, para suprassumirem e serem. 
O segundo capítulo faz um paralelo entre o senso comum e a Ciência Geográfica. O contraponto 
entre Descartes, Kant e Hegel é mais uma vez sublinhado para aportar nossas ideias. Bachelar afirma 
o senso comum como não ciência, Derrida vem ao encontro da não espacialidade geográfica e 
Heidegger substantiva nossas alusões à região geográfica como macromarco de endereços terrestres 
e, por aí, desmancha-se sua cientificidade representativa para a Geografia. A Vontade de Potência 
nietzschiana é o braço novo, de que lanço mão, para identificar o processo de territorialização 
na territorialidade contraditória. A dialética materialista do coletivo político é anelada à dialética 
psicológica do indivíduo social, com a finalidade de mostrar a identidade conflituosa dos chamados 
fenômenos geográficos, na relação cidade-campo e na arrumação geométrica dos lugares urbanos 
e agrários, nos quais a população constitui a relação desigual, pluralizada pelas deformações para 
mais ou para menos dos sujeitos sociais, que valem pelo que equivalem, por meio do dinheiro, seja 
para consumirem ou para aguardarem sua multiplicação fictícia (mas real) no mundo do fetiche 
financeiro. No resultado do universo do trabalho estão não só momentos da vida orgânica dos 
trabalhadores, como instantes dos seus sonhos mais secretos derramados no que formam e criam. 
No terceiro capítulo, faço uma chamada metodológica mais detida sobre descrição e reflexão, teoria 
e empirismo, paisagem e relação homem X meio, [...]
Atividades 
1. Segundo os exemplos e definições colocados no texto, responda: o que a Geografia estuda?
2. Como se pode definir o termo espaço humanizado ou tecnificado?
14 | Introdução à Geografia
3. O que é escala geográfica?
Gabarito
1. Estuda as divisões do espaço geográfico e as diferenças das distintas áreas, caracterizando-as e 
procurando grafar e identificar os lugares e os elementos constituintes do espaço geográfico.
2. É o espaço das transformações, construções e possibilidades por meio das diferentes atividades 
do homem e suas sociedades.
3. É a proporção entre o objeto real e sua representação cartográfica.
Conceitos fundamentais
Níveis de análise em Geografia
Nessa etapa do estudo, vamos trabalhar com os níveis de análise em Geografia1. Para demarcar 
essa análise vamos propor a apresentação e a reflexão em torno de três conceitos fundamentais para 
Geografia, que assumem categoriais espaciais delimitadoras de escala2 e relações de análise. Num 
primeiro momento vamos abordar o conceito de região, que tem uma importância nas leituras geográ-
ficas, indicando a organização do espaço geográfico e suas fragmentações. O conceito de lugar na 
análise da Geografia aparece num instante importante para abordagem de investigação geográfica, 
valorizando um papel fundamental das relações entre sociedade e natureza, caracterizando um espaço 
singular, produto das experiências e atitudes humanas no mundo. Para agregar ao método de análise 
geográfica, destacamos como terceiro conceito fundamental o território, o qual se apresenta como uma 
categoria essencial para o entendimento da configuração das relações sociais, das forças produtivas 
e correlações de poder político. O território destaca-se como análise diante do processo histórico, na 
configuração dos atores e suas relações espaciais.
O objeto da Geografia, independentemente da categoria espacial relacionada para análise, é 
definido como o estudo da sociedade e suas relações com o meio geográfico. Cabe salientar que o 
termo meio geográfico é mais abrangente que o meio físico, pois engloba não somente as influências 
naturais, mas também influências totalizantes que colaboram para formar o meio geográfico.
Para exemplificar essas outras influências, podemos citar o mundo contemporâneo onde as ações 
das sociedades sobre a natureza estão ampliando-se cada vez mais em razão da capacidade técnica 
que a ciência lhe possibilita e também pelo domínio que os transportes e velocidade da informação 
asseguram sobre as distâncias. Junto a isso podemos incorporar também as ações humanas, como a 
forte urbanização, a expansão agrícola, a transformação das florestas que contribuem para formar o 
meio geográfico e para configurar a vida dos homens.
1 De acordo com Pierre George, geógrafo francês, a Geografia, definida como “ciência humana”, tem por objeto o estudo global e diferencial 
de tudo o que interessa à vida das diversas coletividades humanas que constituem a população do globo. A Geografia, em tempos passados, 
limitava-se à “descrição da Terra”, e só recentemente, no século XIX, tornou-se uma ciência, passando a ter um caráter analítico e interpretativo 
(ROBBS FILHO, 2007).
2 Escala de Análise: representa a unidade de tamanho na qual o fenômeno é analisado, isto é, mostra se a dimensão do fenômeno estudado 
é, por exemplo, local, regional ou global (ROBBS FILHO, 2007).
16 | Conceitos fundamentais
Essas reflexões e construções acerca do objeto da Geografia Humana permitem-nos concentrar 
de maneira correta e precisa a determinação da categoria espacial e seus limites. Então, em síntese, os 
níveis de análise em Geografia criam e definem categorias, nas quais a compreensão necessariamente 
busca o auxílio nas relações das sociedades humanas com o meio geográfico.
A análise em Geografia concentra-se em dois momentos distintos: um que procura valorizar as 
ações das sociedades humanas sobre os recursos que a natureza fornece e outro que ressalta os recursos 
da natureza em relação à sociedade3. Podem ser destacados alguns exemplos como os modos de vida, 
que procuram identificar os modelos diantedas grandes zonas naturais do planeta. Podemos citar ainda, 
a vida humana nas diferentes regiões climáticas do planeta, como a vida nas regiões temperadas ou áridas 
do globo, entre outras. A comparação de cada uma dessas zonas, com o seu contingente e potencial 
natural, condiciona um entendimento da biodiversidade geográfica acerca da história e do processo de 
transformação humana sobre a natureza e vice-versa. A progressiva transformação e dependência da 
sociedade através do tempo e do espaço, e pelos diferentes procedimentos pelos quais as sociedades 
têm transformado os recursos naturais, desde os mais elementares até os mais complexos recursos, tem 
justificado a leitura da valorização da sociedade sobre a natureza. Nesse sentido, analisamos a evolução 
dos grupos sociais e suas concentrações no globo, a distribuição dos homens e dos grupos sociais em 
função das condições da natureza e dos recursos inventados para sua exploração e transformação.
Região
A discussão e a reflexão frente ao local e ao global ganham um destaque e uma importância 
nas análises geográficas, de acordo com o processo de globalização. A homogeneização social e a 
fragmentação regional do espaço tornaram-se exemplos fundamentais para a compreensão dos espa-
ços e modelos regionais e inter-regionais. A diversidade regional perpassa a cartografia, com as repre-
sentações e expressões temáticas, nas pesquisas e nos estudos geográficos. Isso revela a valorização do 
espaço em termos da regionalização e acerca do conceito e definição da categoria de região.
Para iniciarmos a definição de região, podemos buscar a associação do conceito com a simples 
localização de uma área. Podemos exemplificar isso com a localização de uma área qualquer de uma 
cidade, que inicialmente é identificada e informada como sendo uma região pertencente à cidade, como 
o caso das regiões das indústrias ou da região central dessa cidade. Para uma conceitualização mais 
formal e precisa, como é o caso da análise geográfica, se faz necessário uma distinção principalmente das 
especificidades espaciais de cada área, respeitando as individualidades e singularidades. Essa situação 
pode ser exemplificada em mapas oficiais, como os políticos e os geoeconômicos, que procuram 
representar a diversidade e qualidade de uma região, de um país ou de um continente. Então, nesse 
exemplo, a região pode instituir-se pela diferenciação dos interesses econômicos, desenvolvimento 
e processos históricos, que produzem a singularidade dos espaços regionais, segundo as diferentes 
práticas socioeconômicas e culturais.
3 Conjunto relativamente complexo de indivíduos de ambos os sexos e de todas as idades, permanentemente associados e equipados de 
padrões culturais comuns, próprios para garantir a continuidade do todo e a realização de seus ideais (ROBBS FILHO, 2007).
17|Conceitos fundamentais
De acordo com Paulo César da Costa Gomes, podem-se chegar a três grandes conclusões acerca 
do conceito de região: primeiro que o avanço em torno do conceito permitiu, em grande parte, o surgi-
mento das discussões políticas sobre a dinâmica do Estado4, a organização da cultura e o estatuto da 
diversidade espacial; em segundo que o conceito atingiu um debate que permitiu a incorporação da 
dimensão espacial nas discussões relativas à política, antes inexistente em análise, da cultura, da econo-
mia, e no que se refere às noções de autonomia, soberania e direitos.
Por fim, foi na ciência geográfica que as discussões atingiram maior importância, já que região é 
um conceito-chave da ciência geográfica, no que diz respeito à proposta de análise do espaço. 
Também é possível distinguir pelo menos três grandes domínios segundo Paulo César da Costa 
Gomes, no qual o conceito de região está presente:
 O sentido da “linguagem cotidiana do senso comum”, ela expressa localização e extensão ::::
da ocorrência analisada. Percebe-se que os critérios de análise são os mais diversos, não há 
verdadeira precisão nos limites geográficos nem na escala espacial, que aparecem com uma 
enorme variação.
 O sentido administrativo, esse domínio da região é observado e analisado como uma unidade ::::
administrativa. As diferentes divisões regionais servem para a base e para a definição de 
controle da administração dos estados ou organizações não governamentais, como instituições 
político-religiosas que procuram delimitar e hierarquizar suas funções administrativas.
O sentido das “ciências em geral” no qual o emprego do conceito-chave de região associa-se ::::
também a ideia de localização de determinados fenômenos. Nesse sentido o uso abriga a 
etimologia do conceito, pois o conceito de região é visto como “área sob certo domínio ou 
área definida por uma regularidade de propriedades que a definem”.5 
Já para Roberto Lobato Corrêa, “a região pode ser definida como um conjunto de lugares onde as 
diferenças internas entre esses lugares são menores que as existentes entre eles e qualquer elemento 
de outro conjunto de lugares” (CORRÊA, 1991, p. 32). Corrêa acrescenta que em seu reconhecimento e 
mensuração o conceito de região deve introduzir técnicas de estatísticas, o que pressupõe mais obje-
tividade em torno da unidade de análise.
Para ilustrar a categoria de análise, o mapa da região metropolitana de Porto Alegre, conforme 
representado na figura 1, mostra a área caracterizada por um processo de metropolização (crescimento 
desmesurado de uma cidade ou aglomeração, em relação ao sistema urbano a que pertence), eviden-
ciando assim um crescimento das chamadas regiões metropolitanas. Na ilustração é possível também 
observar a diferenciação dos municípios que pertencem à chamada região metropolitana, com as devidas 
localizações dos limites municipais dentro de um conjunto maior delimitado pela região.
4 Estado: corresponde a um grupo de pessoas organizadas politicamente em torno de um poder soberano representado pelos governantes. O 
Estado é um país politicamente organizado. Para que ele exista são necessários um território, um povo e um governo (ROBBS FILHO, 2007).
5 (CUNHA, 2007).
18 | Conceitos fundamentais
Mapa dos municípios da região metropolitana de Porto Alegre
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Viamão
Porto 
Alegre
Guaíba
Eldorado 
do Sul
Arroio 
dos Ratos
São 
Jerônimo
Charqueadas
Triunfo
Montenegro
Capela 
de Santana
Portão
Estância 
Velha
Ivoti Dois 
Irmãos
Sapiranga Nova 
Hartz
Parobé Taquara
Glorinha
Santo Antonio 
da PatrulhaGravataí
Novo 
HamburgoSão 
Leopoldo
Sapucaia 
do SulEsteio
Nova 
Santa Rita
Canoas
Cachoeirinha
Alvorada
Lugar
Para compreensão e leitura da categoria de lugar podem-se estruturar as seguintes considera-
ções: o lugar aparece como um conceito balizador para análise da Geografia e tem sido alvo de algumas 
interpretações diante das mais diversas áreas do conhecimento. No campo filosófico, podemos definir 
que o lugar foi apresentado por Aristóteles na sua obra intitulada Física, na qual o lugar é explicado 
como o limite que circunda o corpo. O aprimoramento em torno do conceito surgiu séculos mais tarde 
por Descartes que definiu que, além do limite, deve-se levar em consideração a posição de um corpo 
em relação aos outros corpos. Para a Geografia, a categoria lugar representa um dos seus conceitos- 
-chave, apesar das diferentes e amplas reflexões já referenciadas nas mais diversas áreas do saber, acerca 
do seu significado e da sua definição.
De acordo com os teóricos da Geografia é possível identificar dois significados principais, sendo esses 
considerados e relacionados aos distintos eixos epistemológicos. As diversas correntes do pensamento 
apresentam fundamentações filosóficas diferenciadas, mas buscam sempre reações contrárias ao 
positivismo vigente. Positivismo este fundamentado numa afirmação social das ciências experimentais 
e no pensamento que expõe a existência humana a valores estritamente humanos, afastando-se 
radicalmente da teologia, por exemplo. Definido também como um método queconsiste na observação 
dos fenômenos, subordinando a imaginação à observação.
Área caracterizada pelo processo de metropolização.
19|Conceitos fundamentais
A primeira corrente do pensamento está no campo da Geografia Humanística, que apresenta uma 
consolidação a partir do início da década de 1970. Esse campo caracteriza-se, sobretudo, pela valorização 
das relações da afetividade, desenvolvidas pelos indivíduos em relação ao seu ambiente. Para tanto, 
houve uma relação aos estudos da Filosofia do significado como a fenomenologia6, o existencialismo7, 
o idealismo8 e a hermenêutica9, que particularmente encontram na subjetividade humana explicações 
para suas atitudes diante do mundo. Nessa interpretação, o conceito de lugar é entendido como um 
produto da experiência humana, significando muito mais do que o simples sentido de localização 
geográfica, enfim, não corresponde a atributos e a informações de localização, e sim, a experiências e ao 
envolvimento com aquilo que está representada nas ações do mundo. Em suma, podemos dizer que o 
lugar é um centro de significados, construído pela experiência, e cristalizados por referenciais afetivos das 
nossas ações e das nossas vidas, marcando fortemente as sensações emotivas, transmitindo lembranças 
do lar, e sendo o resultado da somas das dimensões biológicas, políticas, culturais e emocionais.
A segunda leitura pode ser entendida no campo da dialética marxista, que trata o lugar enquanto 
compreensão da expressão geográfica da singularidade caracterizado como descentrado, universalista, 
objetivo, sendo associado ao positivismo e/ou ao marxismo. Aborda uma visão na qual o lugar é 
considerado como produto de uma dinâmica que é única, ou no caso, resultante de características 
históricas e culturais inerente ao seu processo de formação.
Sobre o conceito de lugar, podemos destacar que a categoria está participando e contribuindo 
nos estudos espaciais e vem recuperando sua importância científica, resgatando o estudo do espaço 
para a análise das necessidades e das desigualdades sociais e ambientais. Segundo Milton Santos, o 
espaço é indispensável para a compreensão da sociedade e fica cada vez mais evidente, no conjunto das 
ciências sociais, a importância fundamental que está em torno das categorias espaciais. Milton Santos 
acrescenta que o “lugar” é a categoria espacial que oferece as maiores possibilidades para a análise dos 
problemas decorrentes da interação entre o plano individual e o plano sistêmico. 
Quanto mais os lugares se mundializam, mais se tornam singulares e específicos, isto é, “únicos”. Isso se deve à espe-
cialização desenfreada dos elementos do espaço - homens, firmas, instituições, meio ambiente -, à dissociação sempre 
crescente dos processos e subprocessos necessários a uma maior acumulação de capital, à multiplicação das ações que 
fazem do espaço um campo de forças multidirecionais e multicomplexas, onde cada lugar é extremamente distinto do 
outro, mas também claramente ligado a todos os demais por um nexo único, dado pelas forças motrizes do modo de 
acumulação hegemonicamente universal. (SANTOS, 1997, p. 34)
O autor ressalta ainda uma verdadeira necessidade de compreensão dos processos de produção 
e reprodução espacial, identificando as características essenciais a esses processos, diante do modo de 
viver das pessoas, que os absorvem, com diferentes velocidades de tempo.
6 Tem por objetivo valorizar a percepção. Em uma dada análise, deve abandonar as concepções prévias que se tem acerca de determinado 
lugar. Ao utilizar a subjetividade e abstração, é possível compreender o mundo (ROBBS FILHO, 2007).
7 Concepção segundo a qual o homem – ser único e isolado em universo hostil e indiferente – é responsável por suas próprias ações e livre 
para escolher seu destino (LUFT, 1999).
8 Modo de pensar e de agir baseado em certos ideais como princípios de ação. Aspiração e atitude dos que buscam em forma ideal, a perfeição. 
LUFT, C. P. Minidicionário Luft. São Paulo: Editora Àtica. (LUFT, 1999).
9 A arte de interpretar o sentido das palavras em leis, textos. (LUFT, 1999).
20 | Conceitos fundamentais
Território
O conceito de território não deve ser confundido com outras categorias nem com o espaço. 
Isso significa que os conceitos não apresentam equivalência. É muito importante compreender que o 
espaço é anterior ao território. Nesse caso, o território forma-se e configura-se a partir do espaço, sendo 
resultado de ações humanas. O território10 abrange um conjunto de relações entre atores, dominadas 
em diversas categorias, tais como Estado, nação11, mercado, circulação, trocas, hábitos, tradição etc. 
Milton Santos, na sua obra Por uma Geografia Nova, destaca as seguintes considerações sobre 
espaço e território: 
Um Estado-Nação é essencialmente formado por três elementos: 1. o território, 2. um povo; 3. a soberania. A utilização 
do território pelo povo cria o espaço. As relações entre o povo e seu espaço e as relações entre os diversos territórios 
nacionais são reguladas pela função da soberania. O território é imutável em seus limites, uma linha traçada de comum 
acordo ou pela força. Esse território não tem forçosamente a mesma extensão através da história de situações de 
ocupação efetiva por um povo – inclusive a situação atual – como resultado da ação de um povo, do trabalho de um 
povo, do trabalho realizado segundo as regras fundamentadas do modo de produção adotado e que o poder que, de 
resto, determina os tipos de relações entre as classes sociais e as formas de ocupação do território. Retomamos aqui o 
argumento desenvolvido antes. A ação das sociedades territoriais é condicionada no interior de um dado território por: 
a) o modo de produção dominante à escala do sistema internacional, sejam quais forem as combinações concretas: 
b) o sistema político, responsável pelas formas particulares de impacto do modo de produção; c) mas também pelos 
impactos dos modos de produção precedentes e dos momentos precedentes ao modo de produção atual. (SANTOS, 
2002, p. 232-233)
A contribuição de Claude Raffestin na sua obra Por uma Geografia do Poder, destaca e esclarece 
uma abordagem do território com caráter político. Compreende e estabelece o espaço como substrato, 
necessário e já existente antes do território. Nessa sua obra, fica evidente a ideia do território marcado 
pelo poder relacional, sendo assim uma categoria essencial para estabelecer uma análise sobre o 
mesmo. Poder esse, exemplificado por pessoas e grupos de forma intrínseca entre as relações sociais-
-políticas-econômicas-culturais. Lembra ainda que o Estado organizado tem a função e poder de 
legitimar os limites e os recortes territoriais. Tais limites territoriais são o resultado de um certo tipo 
de “estabelecimento de limites” e, na maioria dos casos, essa definição de limites está condicionada 
à melhor forma de delimitar, ou ainda, a uma certa ação realizada por um movimento estratégico de 
projeto expansionista.
Portanto, 
[...] são os processos sociais, o grau e modalidade do desenvolvimento das forças produtivas, o sistema político, a 
correlação das forças sociais e as teias de interesses mercantis e as mentalidades que dão sentidos e alcance a um 
determinado território” [...] então o “conceito de território não expressa o espaço geográfico nem é apenas expressão 
de um domínio geográfico de uma entidade estatal. (ESPINDOLA, H. S., 2007, p. 2)
Uma breve leitura sobre as tendências e perspectivas atuais do território brasileiro indicam que 
ele está passando por inúmeras transformações, muitas irreversíveis. No sentido de uma nova forma e 
10 É o local dos acontecimentos, das trocas de experiências de vida das pessoas com o meio. Nele estão presentes os elementos que definem 
a identidade nacional, como língua, religião, história comum, composição fenotípica. O território está sempre atrelado à ideia de poder, pois 
quando alguém se apossa de algum lugar, este se torna território e, então, passa a haver poder (ROBBS FILHO,2007).
11 Termo designativo para um conjunto de pessoas que possuem língua e tradições comuns. Nesse caso, tem o mesmo sentido de povo 
(ROBBS FILHO, 2007).
21|Conceitos fundamentais
funcionalidade espacial, o contexto é internacional e fundamentado no rápido processo de globalização 
em conjunto ao desenvolvimento econômico e tecnológico. Historicamente, o território brasileiro foi 
considerado como um “espaço” desarticulado e sem integração nacional, processos políticos acentua-
ram a ideia permanente e necessária de alteração desse quadro. A integração econômica e política do 
território nacional é fortemente inserida em modelos e estratégias de planos políticos, ocasionando 
um certo planejamento que visa consolidar, a priori, ações entre as regiões brasileiras e atender às 
necessidades de interesse, muitas vezes, não locais. As transformações e alterações do contexto urbano 
ficam evidentes no extremo processo da urbanização das médias e grandes cidades. Para exemplificar 
a tendência atual do território, podemos citar a movimentação e a transformação da fronteira agrícola. 
Os espaços que são marcados por um forte sentimento de ligação com a terra, por meio das raízes 
culturais, salientadas por intensas relações ecológicas e ambientais, modificam-se e acabam 
apresentando uma nova dinâmica territorial. Uma nova territorialização12 é exercida, por meio de um 
modelo associado a um interesse da agricultura comercial e exportadora, eliminando um conjunto 
político-ecológico presente naquele contexto local. O autor Rogério Haesbart (2004) analisa o território 
com diferentes enfoques e elabora uma classificação em que se verificam três vertentes básicas:
1) Jurídico-política, segundo a qual o território é visto como um espaço delimitado e controlado sobre o qual se 
exerce determinado poder, especialmente de caráter estatal. 2) Cultural(ista), que prioriza dimensões simbólicas e 
mais subjetivas, o território visto fundamentalmente como produto da apropriação feita através do imaginário e/ou 
identidade social sobre o espaço. 3) Econômica, que destaca a desterritorialização em sua perspectiva material, como 
produto espacial do embate entre classes sociais e da relação capital-trabalho. 
Texto complementar
12 Territorialização: conceito explicativo da luta pela terra (MITIDIERO JUNIOR, 2007).
Alguns importantes antecedentes
(CASTRO; GOMES; CORREA, 1995, p. 50-52)
A palavra região deriva do latim regere, palavra composta pelo radical reg, que deu origem a 
outras palavras como regente, regência, regra etc. Regione nos tempos do Império Romano era a 
denominação utilizada para designar áreas que, ainda que dispusessem de uma administração local, 
estavam subordinadas às regras hegemônicas das magistraturas sediadas em Roma. Alguns filósofos 
interpretam a emergência desse conceito como uma necessidade de um momento histórico em que, 
pela primeira vez, surge, de forma ampla, a relação entre a centralização do poder em um local e 
a extensão dele sobre uma área de grande diversidade social, cultural e espacial. A contribuir com 
essa interpretação existe também o fato de que outros conceitos de natureza espacial tenham sido 
enumerados nessa mesma época, como o conceito mesmo de espaço (spatium), visto como “contínuo” 
ou como intervalo, no qual estão dispostos os corpos seguindo uma certa ordem neste vazio, ou ainda 
o conceito de província (provincere), áreas atribuídas aos controles daqueles que a haviam submetido 
à ordem hegemônica romana. Dessa forma, os mapas que representam o Império Romano são 
22 | Conceitos fundamentais
preenchidos pela nomenclatura dessas regiões que representam a extensão espacial do poder central 
hegemônico, onde os governantes locais dispunham de alguma autonomia, em função mesmo da 
diversidade de situações sociais e culturais, mas deviam obediência e impostos à cidade de Roma.
O esfacelamento do Império Romano seguiu, a princípio, essas linhas de fraturas regionais e 
a subdivisão dessas áreas foi a origem espacial do poder autônomo dos feudos, predominantes na 
Idade Média. À mesma época, a Igreja reforçou esse tipo de divisão do espaço, utilizando o tecido 
dessas unidades regionais como base para o estabelecimento de sua hierarquia administrativa. 
Também nesse caso a rede hierarquizada dos recortes espaciais exprimia a relação entre a centra-
lização do poder, as várias competências e os níveis diversos de autonomia de cada unidade da 
complexa burocracia administrativa dessa instituição.
O surgimento do estado moderno na Europa recolocou o problema dessas unidades espaciais 
regionais. Um dos discursos predominantes na afirmação da legitimidade do Estado no século 
XVIII é o da união regional face a um inimigo comercial, cultural ou militar exterior. Nos diversos 
relatos históricos referentes à constituição dos Estados europeus, podemos observar com clareza a 
complexidade das negociações e dos conflitos que envolvem a redefinição da autonomia do poder, 
da cultura, das atividades produtivas e de seus limites territoriais. Fundamentalmente, a questão 
que se recoloca é a mesma que deu origem ao conceito de região na Antiguidade Clássica, ou seja, 
a questão da relação entre a centralização, a uniformização administrativa e a diversidade espacial, 
física, cultural, econômica e política, sobre a qual esse poder centralizado deve ser exercido. Esse 
período da formação dos Estados Modernos assistiu, pois, ao renascimento das discussões em 
torno dos conceitos de região, nação, comunidade territoriais, diferenças espaciais etc. Foi também 
nesse momento que um campo disciplinar especificamente geográfico começou a tomar forma, aí 
incluído exatamente este tipo de questão e de conceitos.
Por meio dessa reconstituição histórica podemos perceber três principais consequências: a 
primeira é que o conceito de região tem implicações fundadoras no campo da discussão política, da 
dinâmica do Estado, da Organização da cultura e do estatuto da diversidade espacial; percebemos 
também que esse debate sobre região (ou sobre seus correlatos como nação), possui um inequívoco 
componente espacial, ou seja, vemos que o viés na discussão desses temas, da política, da cultura, 
das atividades econômicas, está relacionado especificamente às projeções no espaço das noções de 
autonomia, soberania, direito etc., e de suas representações; finalmente, em terceiro lugar, percebemos 
que a geografia foi o campo privilegiado dessas discussões ao abrigar a região como um dos seus 
conceitos-chave e tomar a si a tarefa de produzir uma reflexão sistemática sobre esse tema.
Atividades
1. Qual o exemplo que podemos citar para relacionar as influências do mundo contemporâneo nas 
relações da sociedade sobre a natureza?
23|Conceitos fundamentais
2. O que mostra a figura 1, apresentada na aula?
3. Cite alguma contribuição de Milton Santos acerca da categoria de lugar para análise da Geografia.
Gabarito
1. O domínio da sociedade no âmbito dos transportes e na velocidade das informações, em um 
mundo global regido por uma razão altamente tecnológica.
2. Mostra o mapa da região metropolitana de Porto Alegre, um mapa político onde é possível 
observar a diferenciação dos municípios que pertencem à chamada Região Metropolitana, com 
as devidas localizações dos limites municipais dentro de um conjunto maior delimitado.
3. Que a categoria é indispensável para a compreensão da sociedade; que oferece as maiores 
possibilidades para a análise dos problemas decorrentes da interação entre o plano individual e o 
plano sistêmico; a categoria apresenta uma referência acerca da compreensão dos processos de 
produção e reprodução espacial, identificando as características essenciais. 
24 | Conceitos fundamentais
Geografia Cultural
Introdução à Geografia Cultural
A primeira noção de Geografia Cultural pode ser introduzida a partir do entendimento e 
conceituação em torno do termo. A Geografia Cultural é uma ramificação da Geografia e pode ser 
caracterizada pelo estudoe pela compreensão da distribuição espacial das manifestações culturais. 
Podemos citar alguns exemplos, como as manifestações das religiões, as crenças, os rituais, as artes, as 
formas de trabalho. Em conjunto a essa primeira definição, podemos agregar que a Geografia Cultural 
também é aquela que considera os sentimentos e as ideias de um grupo social ou povo sobre o espaço 
geográfico a partir da experiência e momentos já vivenciados.
A Geografia Cultural, como todas as subdivisões da Geografia, deve estar “ligada à Terra”. Os aspectos da Terra, em 
particular aqueles produzidos ou modificados pela ação humana, são de grande significado. O estudo desses aspectos 
geográficos resultantes da ação do homem considera as diferenças entre as comunidades humanas que as criam 
ou criaram e se referem aos modos especiais de vida de cada uma como culturas. A Geografia Cultural compara a 
distribuição variável das áreas culturais com a distribuição de outros aspectos da superfície da Terra, visando identificar 
aspectos ambientais característicos de uma determinada cultura e, se possível, descobrir que papel a ação humana 
desempenha ou desempenhou na criação e manutenção de determinados aspectos geográficos. (WAGNER ; MIKESELL, 
2003, p. 27-28)
A partir do século XX, essa área do conhecimento e abordagem de estudo espacial na ciência 
geográfica, vem trabalhando determinados temas, tais como: gêneros de vida, paisagem cultural, 
áreas culturais, história da cultura no espaço e ecologia cultural. A realização de trabalhos nessa área do 
conhecimento, por profissionais da Geografia foi extensa e importante, colocando marcos fundamentais 
em diferentes metodologias e tornando os estudos excelentes referenciais teóricos, sendo ressaltados e 
utilizados no desenvolvimento desse campo de estudo da Geografia. Como exemplo, temos a produção da 
Escola de Berkeley, na qual o pesquisador Carl Sauer tornou-se nome fundamental nos estudos culturais.
As razões da incorporação tardia da Geografia Cultural entre os geógrafos brasileiros são várias. Entre elas estão a 
força da tradição empiricista, profundamente presa a uma pretensa leitura objetiva da realidade, e, a partir do final da 
década de 1970, da perspectiva crítica, calcada em um materialismo histórico mal assimilado. A cultura foi, ou negligen-
ciada, ou entendida segundo o senso comum, passando a ser vista como sendo dotada de poder explicativo. (CORRÊA; 
ROSENDAHL, 2003, p. 9)
26 | Geografia Cultural
Algumas mudanças na Geografia Cultural ocorreram a partir da segunda metade dos anos 1970, 
entre essas, as mais significativas estiveram preocupadas em ampliar e inserir novos referenciais teórico-
-metodológicos, como a vida cotidiana, a linguagem e religião, as formas de expressão, dos significados 
comuns de grupos sociais, enfim uma abordagem própria dos estudos da Geografia Cultural, permitindo 
assim ampliar as possibilidades de análise e investigação em torno do objeto de estudo. As releituras da 
Geografia Cultural incorporaram e agregaram novos valores e discussões aos temas mais tradicionais da 
Geografia, abrindo assim uma área cada vez mais presente nas análises e estudos geográficos.
Para Paul Claval, o principal objetivo dos estudos da Geografia Cultural, ou da abordagem 
cultural nas ciências geográficas é entender a experiência dos homens (sociedade) no meio (social/
ambiental), além de incorporar os significados e compreender tais estudos no meio e relacionar o nosso 
conhecimento e as nossas vidas. Claval lista as principais mudanças de ordem epistemológica e teórica 
da Geografia Cultural, sendo mudanças significativas na base da epistemologia científica. A base epis-
temológica pode ser entendida como o alicerce do conhecimento filosófico, que engloba uma reflexão 
geral da natureza e os limites do conhecimento. A epistemologia enfoca sua análise entre o sujeito e 
o objeto, apresentando os postulados e as conclusões dos métodos científicos, traçando seu caminho 
científico, sua história e evolução. O mesmo autor descreve ainda os novos rumos das relações homens/
meio ambiente, enfocam as relações sociais e os problemas morais do mundo contemporâneo.
Uma possível definição dessa “nova” Geografia Cultural seria: contemporânea e histórica (mas sempre contextualizada 
e apoiada na teoria); social e espacial (mas não reduzida a aspectos da paisagem definidos de forma restrita); urbana 
e rural; atenta à natureza contingente da cultura, às ideologias dominantes e às formas de resistência. Para essa “nova” 
geografia a cultura não é uma categoria residual, mas o meio pelo qual a mudança social é experienciada, contestada 
e constituída. Para desenvolver essa questão de forma mais detalhada, será necessário retornar às raízes americanas da 
Geografia Cultural contemporânea. (CASGROVE ; JACKSON, 2003, p. 136)
Temas da Geografia Cultural
Os geógrafos Wagner e Mikesell abordam vários temas da Geografia Cultural, entre os quais se 
destacam: cultura, área cultural, paisagem cultural, história da cultura, ecologia cultural e o geógrafo 
cultural. Tais temas marcam de forma sintética a conexão e a compreensão dos estudos da Geografia 
Cultural e constituem a aplicação e apresentação do núcleo desse conhecimento.
A Cultura, segundo os autores citados, representa as atividades de entendimento de um grupo, 
considerada também um conjunto de símbolos usados nessas atividades de comunicação e entendi-
mentos. O entendimento entre as pessoas do grupo acontece pela similaridade dos pensamentos, pelas 
simbologias usadas e ações atribuídas a valores e qualidades. Podemos afirmar que a cultura é interna-
mente produzida em uma base geográfica, sendo que a base geográfica também é algo do reconheci-
mento cultural e, por sua vez, um resultado da própria produção cultural.
Em outras palavras, o conceito de cultura oferece um meio para classificar os seres humanos em grupos bem definidos, 
de acordo com características comuns verificáveis, e também um meio para classificar áreas de acordo com as 
características dos grupos humanos que as ocupam. (WAGNER ; MIKESELL, 2003, p. 28)
27|Geografia Cultural
Para Wagner e Mikesell, a área cultural pode ser entendida como o limite da cultura, ou seja, é a 
área que mantém as atividades e os atributos de uma determinada cultura1. Podemos verificar alguns 
conjuntos espaciais da cultura, como os pontos centrais da cultura, as linhas em que ocorre a transmissão 
ou a transferência da abrangência cultural, as áreas que representam a abrangência geográfica de 
determinados tipos ou elementos de cultura. Uma área cultural pode definir uma determinada região 
ou um determinado território associando a relação do homem com o meio, suas condições com os 
recursos humanos e naturais, a qualidade das relações entre sociedade e natureza.
Dada a dependência da homogeneidade cultural face à comunicação imediata e à dependência da comunicação, 
face à contiguidade geográfica ou substitutos técnicos para isso, a “área cultural” implica uma uniformidade relativa 
em vez de absoluta. A similaridade cultural relativa aparece em diferentes graus, desde identidade virtual de atitudes 
e aptidões num pequeno território, até semelhanças gerais ou ampla disseminação de características individuais ou 
elementos da cultura em grandes áreas. (WAGNER ; MIKESELL, 2003, p. 32)
A paisagem cultural é o resultado concreto e visível de um grupo cultural que, por sua vez, produz 
marcas no espaço geográfico através do tempo. A paisagem cultural segundo os autores Wagner e 
Mikesell, refere-se ao conteúdo geográfico de uma determinada área ou a um complexo geográfico de 
certo tipo, no qual são manifestadas as escolhas feitas e as mudanças realizadas pelo homem enquanto 
membro de uma comunidade cultural2. 
Outro tema da Geografia Cultural é a composição da história da cultura, na qual se apresentam 
a evolução dos “modos de vida” no transcorrer do tempo, com o desenvolvimento tecnológico e dos 
diferentes grupos sociais estruturadosem diferentes períodos. Para exemplificar esse tema da Geografia 
Cultural, podemos citar o conhecimento e a evolução na produção de artefatos, que são registrados nos 
estudos arqueológicos.
A ecologia cultural é o resultado do trabalho de entendimento da produção de uma cultura, da 
sua área cultural e da sua paisagem cultural, o que ultrapassa a análise simples sobre os atores culturais 
e suas ações. As ações dos diferentes atores culturais, inseridos em uma cultura e num campo de rela-
ções específicas de um “modo de vida”, produzem sucessivos eventos históricos que promovem a quali-
dade da cultura em distintos tempos. De fato a importância deve-se à análise da relação entre todos os 
elementos do sistema cultural e seus determinantes históricos, como as práticas culturais que se dão 
num determinado ambiente.
O geógrafo cultural, conforme Wagner e Mikesell, pode ser entendido da seguinte forma:
[...] para os geógrafos culturais, qualquer sinal de ação humana numa paisagem implica uma cultura, demanda uma 
história e exige uma interpretação ecológica; a história de seu povo evoca sua fixação na paisagem, seus problemas 
ecológicos e concomitantes culturais, e o reconhecimento da cultura exige a descoberta de traços que a mesma deixou 
na superfície da terra. (WAGNER, P. L.; MIKESELL, 2003. p. 50)
1 WAGNER, P. L.; MIKESELL. Os temas da Geografia Cultural. In: CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL, Z. Introdução à Geografia Cultural. Rio de Janeiro: 
Bertrand Brasil, 2003. p. 32.
2 WAGNER, P. L.; MIKESELL. Os temas da Geografia Cultural. In: CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL, Z. Introdução à Geografia Cultural. Rio de Janeiro: 
Bertrand Brasil, 2003. p. 36.
28 | Geografia Cultural
A noção de gênero de vida
A noção de gênero de vida marca uma corrente do pensamento geográfico chamada de possi-
bilismo, a qual percebe o papel das atividades, das técnicas e da cultura humana na alteração do meio 
natural. O desenvolvimento da cultura e dos costumes é visto como consequências do meio natural, do 
tipo de clima, do tipo de relevo, do potencial hídrico.
Para exemplificar a corrente do pensamento geográfico ligado ao possibilismo, podemos citar Paul 
Vidal de la Blache que estabeleceu um rompimento com o pensamento dominante da segunda metade 
do século XIX, apresentando um estudo da força da relação da natureza e suas influências sobre o homem. 
Indicou também que o homem apresentava possibilidades reais e concretas de modificá-las e alterá-las.
Neste processo, de trocas mútuas com a natureza, o homem transforma a matéria natural, cria formas sobre a superfície 
terrestre: para Vidal, é aí que começa a “obra geográfica do homem”. Assim, na perspectiva vidalina, a natureza passou 
a ser vista como possibilidades para a ação humana; daí o nome de Possibilismo, [...] Vidal denominou “gênero de vida”, 
o qual exprimiria uma relação entre a população e os recursos, uma situação de equilíbrio, construída historicamente 
pelas sociedades. A diversidade dos meios explicaria a diversidade dos gêneros de vida. (MORAIS, 1993, p. 68-69)
Esse conceito desenvolve o pensamento de que o homem, em suas inúmeras atividades de 
sobrevivência, necessita se relacionar em grupo, criando a possibilidade de conhecer o ambiente natural 
em que vive, sentindo sua dificuldade na transformação da natureza. Estabelece também um conjunto 
de técnicas que facilitam o trabalho e que possibilitam melhor conforto e adequada produção científica. 
O processo de desenvolvimento do conhecimento e o aprimoramento das técnicas de manipulação 
e criação de ferramentas foram capazes de transformar a natureza, permitindo o surgimento de 
rituais específicos que mantiveram o sentido de explicação e entendimento sobre os processos que 
eram observados em seu meio. Aos poucos foram surgindo e acumulando-se no tempo e no espaço 
determinadas crenças, rituais, danças e figuras divinas que asseguravam a explicação sobre os 
fenômenos naturais e humanos. Surgiram assim os gêneros de vida, que de acordo com Max Sorre “é o 
conjunto de técnicas e rituais de uma comunidade em envolvimento com as dificuldades de seu meio 
físico” (SORRE, 2002).
De acordo com Max Sorre, existem elementos formadores dos gêneros de vida: primeiro, os cria-
dores ou organizadores que são as técnicas fundamentais; segundo, os fixadores que definem o tipo 
de habitat, estrutura agrária; terceiro, os antagônicos (limitadores) que reúnem as prescrições religiosas 
que atrapalham a evolução econômica; e por fim, os relictuais que são os adornos, os cânticos, os ritos 
funerários, por exemplo. Os gêneros de vida existem justamente por sua permanência e estabilidade no 
tempo. Por outro lado, eles não são estáticos e podem evoluir. A evolução dos gêneros de vida apresenta-
-se pelo acúmulo do saber técnico e pelo máximo dinamismo das atividades econômicas.
Geografia Cultural: reflexos da globalização
Para ampliar a discussão acerca dessa temática devemos lembrar alguns efeitos e algumas 
consequências diante do contexto da globalização nos dias de hoje. Sem dúvida já é comum o termo de 
“comunidade global”, “aldeia global”, ou simplesmente “mundo globalizado”. Talvez esses termos provo-
quem uma interpretação rápida e direta, no que se refere à velocidade da informação ou movimentação 
e transporte de pessoas e recursos, ou seja, em qualquer parte do planeta é possível ter ligação do 
global como o local, seja por comunicação ou por relações de ordem econômica, por exemplo. 
29|Geografia Cultural
A globalização derruba fronteiras e aproxima limites; tais premissas são colocadas de forma 
exagerada na nossa sociedade. Grande parte dos processos relacionados à globalização, como modelos 
de consumo e adaptação a tecnologias traz certa padronização cultural, ocorrendo efeitos negativos 
na cultura local e regional de determinadas áreas culturais, pois permite a redução de práticas e rituais 
presentes na diversidade cultural do planeta.
A fixação de novos espaços econômicos mundiais facilita a integração cultural entre os povos e as 
comunidades. Por outro lado, carrega um sentido de desenvolvimento, muitas vezes não desejado para 
certas comunidades locais. O agravamento dessa situação amplia-se significativamente na dependência 
de um domínio global. Citamos as dependências do sistema financeiro nas relações internacionais 
de grupos privados. Fica claro que os efeitos e as consequências sobre a cultura de muitos países e 
regiões ficam comprometidos, salientando as diferenças e exclusões sociais e alterando as relações 
fundamentais do cotidiano das pessoas.
Outra análise das reflexões da globalização sobre a cultura diz respeito ao conformismo e à 
adaptação rápida das pessoas em torno da qualidade e quantidade de exigências sociais, que traduzidas, 
significam uma competitividade e uma irresponsabilidade ambiental, sob a ótica econômica e política. 
Nesse contexto, também podemos falar das relações do trabalho que aprofundam as dependências 
globais para atender a um padrão internacional de consumo crescente de muitos países.
As adaptações e os conformismos da nossa sociedade encontram-se ligados à globalização da 
economia, que por intermédio da forte industrialização de produtos ou pela utilização de determinados 
serviços em escala mundial, trazem consequências negativas e perversas para a população. Podemos citar 
o consumo de alimentos industrializados na escala global, que contribui para alterações na dinâmica de 
consumo em comunidades menores, constituindo uma mudança cultural e no padrão de alimentação das 
pessoas. A consequência dessa mudança é o consumo de um valor energético diferenciado para aquelas 
pessoas, até então desconhecido ou não utilizado, sendo resultado de uma intensa divulgação de mídia 
e incorporação de novos valores na sociedade. Esse exemplo classifica um rompimento em “hábitos” e 
“modos de vida” estabelecidos por um longo tempo no cotidiano de certas comunidades, interferindo e/
ou modificando relações culturais e sociais presentes.
Textocomplementar
(MORAES, 1981)
O principal livro de Ratzel, publicado em 1882, denomina-se Antropogeografia – fundamentos 
da aplicação da Geografia à História; pode-se dizer que essa obra funda a Geografia Humana. Nela, 
Ratzel definiu o objeto geográfico como o estudo da influência que as condições naturais exercem 
sobre a humanidade. Essas influências atuariam, primeiro na fisiologia (somatismo) e na psicologia 
(caráter) dos indivíduos, e, através destes, na sociedade. Em segundo lugar, a natureza influenciaria 
a própria constituição social, pela riqueza que propicia, através dos recursos do meio em que está 
localizada a sociedade. A natureza também atuaria na possibilidade de expansão de um povo, 
obstaculizando-a ou acelerando-a. E ainda nas possibilidades de contato com outros povos, gerando 
30 | Geografia Cultural
assim o isolamento e a mestiçagem. Ratzel realizou extensa revisão bibliográfica, sobre o tema das 
influências da natureza sobre o homem, e concluiu criticando as duas posições mais correntes: a 
que nega tal influência, e a que visa estabelecê-la de imediato. Diz ele que essas influências vão 
se exercer mediatizadas, por meio das condições econômicas e sociais. Para ele, a sociedade é um 
organismo que mantém relações duráveis com o solo, manifestas, por exemplo, nas necessidades 
de moradia e alimentação. O homem precisaria utilizar os recursos da natureza, para conquistar sua 
liberdade, que, em suas palavras, “é um dom conquistado a duras penas”. O progresso significaria 
um maior uso dos recursos do meio, logo, uma relação mais íntima com a natureza. Quanto maior 
o vínculo com o solo, maior seria para a sociedade a necessidade de manter sua posse. É por essa 
razão que a sociedade cria o Estado, nas palavras de Ratzel: “Quando a sociedade se organiza para 
defender o território, transforma-se em Estado”. A análise das relações entre o Estado e o espaço foi 
um dos pontos privilegiados da Antropogeografia. Para Ratzel, o território representa as condições 
de trabalho e existência de uma sociedade. A perda de território seria a maior prova de decadência 
de uma sociedade. Por outro lado, o progresso implicaria a necessidade de aumentar o território, 
logo, de conquistar novas áreas. Justificando essas colocações, Ratzel elabora o conceito de “espaço 
vital”; este representaria uma proporção de equilíbrio, entre a população de uma dada sociedade 
e os recursos disponíveis para suprir suas necessidades, definindo assim suas potencialidades de 
progredir e suas premências territoriais. E fácil observar a íntima vinculação entre essas formulações 
de Ratzel, sua época e o projeto imperial alemão. Essa ligação se expressa na justificativa do 
expansionismo como algo natural e inevitável, numa sociedade que progride, gerando uma teoria 
que legitima o imperialismo bismarckiano. Também sua visão do Estado como um protetor acima da 
sociedade, vem no sentido de legitimar o Estado prussiano, onipresente e militarizado.
A Geografia proposta por Ratzel privilegiou o elemento humano e abriu várias frentes de 
estudo, valorizando questões referentes à História e ao espaço, como: a formação dos territórios, 
a difusão dos homens no globo (migrações, colonizações etc.), a distribuição dos povos e das raças 
na superfície terrestre, o isolamento e suas consequências, além de estudos monográficos das áreas 
habitadas. Tudo tendo em vista o objeto central que seria o estudo das influências, que as condições 
naturais exercem sobre a evolução das sociedades. Em termos de método, a obra de Ratzel não 
realizou grandes avanços. Manteve a ideia da Geografia como ciência empírica, cujos procedimentos 
de análise seriam a observação e a descrição. Porém, proponha ir além da descrição, buscar a síntese 
das influências na escala planetária, ou, em suas palavras, “ver o lugar como objeto em si, e como 
elemento de uma cadeia”. De resto, Ratzel manteve a visão naturalista: reduziu o homem a um 
animal, ao não diferenciar as suas qualidades específicas; assim, propunha o método geográfico 
como análogo ao das demais ciências da natureza; e concebia a causalidade dos fenômenos 
humanos como idêntica a dos naturais. Daí, o mecanicismo de suas afirmações. Ratzel, ao propor 
uma Geografia do Homem, entendeu-a como uma ciência natural.
31|Geografia Cultural
Atividades
1. O que significa gênero de vida?
2. Qual a definição do objeto da Geografia segundo Ratzel?
3. Como podemos definir área cultural?
Gabarito
1. É o conjunto de técnicas e costumes, associado ao passado social. O termo exprime também 
uma relação entre a população e os recursos existentes, ideia e situação de equilíbrio, construída 
historicamente pelas sociedades humanas.
2. O estudo da influência das condições naturais exercidas sobre a humanidade.
3. É o limite da cultura, é a área onde se mantém as atividades e os atributos de uma cultura.
32 | Geografia Cultural
Geografia Política
Introdução à Geografia Política
A Geografia Política, no contexto dos estudos contemporâneos, está marcada pela velocidade 
das informações globalizadas, apresenta-se como um campo1 do conhecimento capaz de reconhecer 
as relações fundamentais da política e das relações do território sobre a sociedade. O mundo hoje se 
insere em conflitos de diferentes escalas, como as regionais e as mundiais, ocasionando interferências e 
conflitos de ordem econômica, política, ambiental e social. As ocorrências desses eventos têm refletido 
na população mundial, como nas situações de controle de circulação de pessoas e produtos/tecnologia, 
nas políticas externas e internas dos países, nas medidas de segurança etc.
Para analisar esse quadro atual e significante, a Geografia Política e a Geopolítica devem inserir-se 
num contexto histórico e a partir de referenciais teóricos do território, do poder e da política. Outra 
necessidade notável é a conceituação e determinação dos termos da Geografia Política e da Geopolítica, 
ao passo que existe uma certa confusão nos seus empregos e nos seus usos teórico-práticos.
A Geografia Política2 é um campo de estudo da Geografia, considerado como uma área de estudo 
fundamental e imensamente importante. O objeto de estudo da Geografia Política, num primeiro 
momento, é visto de forma simplificada, carregado de descrições das fronteiras3 e dos limites dos países, 
relatando suas capitais e suas correlações espaciais. Mas a Geografia Política no contexto moderno 
abrange a ideia dos estudos das bases territoriais, sob a ótica das relações humanas e políticas. 
Os estudos da Geografia Política buscam agregar informações das bases territoriais, num conjunto 
do desenvolvimento histórico de ocupação e formação. Para exemplificar esse desenvolvimento, 
podemos citar o caso do Estado de Israel, que foi criado no ano de 1948, por meio de um projeto da 
Organização das Nações Unidas (ONU). A figura a seguir representa o estado de Israel, no contexto da 
configuração de 1948.
1 Conjunto estruturado de noções que indicam a área de ação ou de extensão de um fenômeno ou de um processo que caracteriza uma área 
do conhecimento (CASTRO, 2006).
2 Geografia Política: Expressão muito empregada no passado (nos séculos XVI, XVII e XVIII), a acepção do termo mudou por intermédio de 
Ratzel, no final do século XIX. Atualmente, ao falar em Geografia Política, estamos nos referindo ao estudo geográfico ou espacial da política e 
ao estudo das relações entre espaço e poder (ROBBS FILHO, 2007).
3 Parte externa de um país, província ou região; limite; confins (LUFT, 1999).
34 | Geografia Política
Te
m
át
ic
a 
Ca
rt
og
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fia
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EGITO
ISRAEL JORDÂNIA
SÍRIA
LÍBANO
Galileia
CISJORDÂNIA
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Golan
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A
Territórios ocupados por Israel durante 1967.
Na figura a seguir estão as diferentes áreas ocupadas (Cisjordânia, Península do Sinai, Colinas de 
Golan e Faixa de Gaza) por Israel na região da Palestina em 1967, pela chamada Guerra dos

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