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GESTÃO DE CUSTOS LOGÍSTICOS AULA 6 Prof. Alfredo Beckert Neto 2 CONVERSA INICIAL Queridos alunos, vocês estão de parabéns por todas as horas consumidas nos estudos da gestão dos custos logísticos. Enfim, chegamos a nossa última rota e acredito que deva ser uma satisfação para todos. Portanto, relaxem, pois iremos conversar sobre as consequências de tudo que estudamos até aqui, ou seja, o que devemos fazer com todas as informações e conceitos que aprendemos. E claro, sempre que pensarem em gestão, pensem em tomada de decisão, pois essa é a função principal de um gestor. Mas para que isso ocorra, o gestor precisa estar munido de diversas informações que serão utilizadas como critérios para a tomada de decisão mais assertiva e alinhada com os objetivos da organização. Por isso, iniciaremos a rota compreendendo melhor os regimes tributários e os créditos de impostos, para então adentrarmos em uma discussão sobre a gestão dos custos logísticos e o nível de serviço. Após isso, conversaremos sobre custos e orçamentos, ferramenta essencial no planejamento de qualquer operação. E, para finalizarmos, entenderemos a respeito da formação de preços de venda, pois esses podem derivar dos custos, para que então encerremos o assunto da tomada de decisão baseada na gestão de custos. Então vamos em frente em nossa última aula e desejo ótimos estudos! CONTEXTUALIZANDO Você já ouviu falar em créditos de impostos? Em caso negativo, veremos que a opção de um regime tributário adequado pode gerar grande impacto no resultado da empresa. Além disso, como devo analisar minha operação para que eu aumente o nível de serviço? Aliás, como devemos tomar decisões no que tange aos diversos aspectos logísticos e outros custos nas organizações? Aumentar a produtividade, reduzir custos, aumentar resultados? Para realizar isso podemos terceirizar ou internalizar, reduzir perdas, otimizar compras e processos, descontinuar produtos ou serviços não rentáveis, planejar... Planejamento é sempre um ponto chave. E com planejamento você poderá utilizar um orçamento, estabelecendo metas e corrigindo o que acontece. 3 Ademais, inclusive, poderá solucionar problemas que nem ao menos aconteceram, mas que existiriam caso os gestores não planejassem e projetassem o possível futuro. Pesquise Chegou a hora de pesquisar. Vamos buscar esclarecimentos? Não hesite em utilizar outras fontes de pesquisa como a internet. O conhecimento está acessível em poucos cliques. Os regimes tributários apresentam particularidades que podem influenciar o resultado da operação e, por isso, da importância de se conhecer cada um deles. Também vale abrirmos a mente para que possamos mesclar todos os métodos e conceitos que estudamos, para atingirmos objetivos ou solucionarmos problemas. Será que não podemos criar um ponto de equilíbrio para demonstrar quando o custo logístico total está maior do que o esperado no orçamento? Ou seja, podemos misturar conceitos, mas claro, sempre entendendo o que estamos fazendo e aonde queremos chegar. Boa sorte! TEMA 1: REGIMES TRIBUTÁRIOS E CRÉDITO DE IMPOSTOS Os regimes tributários variam de país para país, pois em cada um existe uma lei específica tratando do assunto. No Brasil, temos uma imensidade de leis e informações a respeito de impostos, benefícios fiscais e créditos de impostos. Tudo isso influencia tanto nos custos e despesas necessárias para a organização como na formação do preço de venda do produto ou serviço. Portanto, compreender os regimes tributários é compreender uma das regras do jogo empresarial. Quando se tem opções será necessário tomar uma decisão e, por isso, conhecer cada uma das opções faz o maior sentido. No Brasil, existem três regimes tributários principais: Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional. Cada um dos regimes oferece diferentes meios para o cálculo dos impostos devidos. Vamos conhecer cada um deles? O Simples Nacional é um regime tributário que atende a micro e pequenas empresas, com o objetivo principal de simplificar o cálculo, gestão e arrecadação dos impostos (Lei Complementar 123/2006). Perante a lei mencionada, as microempresas são empresas com receita bruta anual de até R$360.000,00. 4 Já uma pequena empresa ou empresa de pequeno porte (EPP) são organizações que faturam uma receita bruta anual superior a R$360.000,00 e igual ou inferior a R$3.600.000,00. O imposto é recolhido todo mês com apenas uma guia de pagamento (que inclui todos os principais impostos empresarias) chamada de DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional). Sua alíquota é calculada todo mês também, tomando como base o faturamento empresarial dos últimos 12 meses e verificando em qual faixa de alíquota a empresa está inserida. A seguir deixo um link que demonstra a tabela do ANEXO – Serviços: https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/anexo-3-simples-nacional A primeira coluna representa a faixa de faturamento dos últimos 12 meses da organização e a segunda coluna demonstra a alíquota que a empresa deve recolher em relação ao seu faturamento bruto. Nem sempre o Simples Nacional é a escolha que fará com que a empresa recolha menos impostos, principalmente devido ao crédito de impostos e benefícios fiscais. Ademais, não é qualquer empresa de qualquer atividade que pode optar pelo Simples. Para poder ser enquadrada no Simples a empresa deve atuar em um ramo de negócio que está listado na lei. Além disso, a empresa deve cumprir alguns requisitos, caso contrário a empresa terá que optar apenas pelo lucro presumido ou real. No Lucro Presumido, como o próprio nome diz, o governo presume qual o percentual do faturamento da empresa é lucro. Por exemplo, se a empresa faturou R$100.000,00, o governo presume que 32% do faturamento é lucro. Ou seja, ele entende que R$32.000,00 é lucro e tributará a empresa com base nesse valor. Essa presunção de 32% não é realizada caso a caso, pois existem tabelas e classificações que nos fornecem qual é a alíquota da presunção. Essa presunção do lucro é realizada para calcular o IRPJ e a CSLL devida. Além disso, para que a empresa possa optar pelo regime do lucro presumido, ela precisa ter faturado até R$48.000.000,00 no último ano e ainda atender algumas condições de enquadramento. No link a seguir, vocês podem visualizar as alíquotas de presunção dependendo do ramo de atividade da empresa: <http://www.portaltributario.com.br/guia/lucro_presumido_irpj.html>. https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/anexo-3-simples-nacional 5 O Lucro Real é um regime obrigatório para empresas que faturaram acima de R$48.000.000,00 no seu último ano. É normalmente o caso das empresas de capital aberto (na bolsa de valores). Ademais, as instituições financeiras também são obrigadas a utilizar o lucro real. Esse regime é o que exige maior controle das operações, pois o governo tributará, de fato, o lucro apurado no período. E caso a empresa tenha prejuízo não pagará o IRPJ e CSLL. Caso tenha necessidade de visualizar as alíquotas e uma simples comparação entre o lucro presumido e o lucro real, veja o link a seguir: <http://www.cebrasse.org.br/downloads/html/lucro_presumido_real.html>. As alíquotas e tipos de alguns impostos mudam de acordo com o regime tributário. Então, para tomar a decisão de qual opção de regime tributário selecionar, de preferência no ano anterior ao ano de escolha, deve-se simular as vendas e o orçamento para o ano seguinte, analisando em qual das situações serão recolhidos menos impostos. Isso faz parte do planejamento tributário. Lembrando que as empresa normalmente devem realizar a opção de enquadramento no início de cada ano. Existem vários simuladores online disponíveis na internet que nos auxiliam com a opçãodo regime tributário. Se necessitar, busque. Agora que já conhecemos os regimes tributários, que tal entendermos sobre crédito de impostos? No regime do lucro presumido e lucro real existem alguns impostos que geram créditos, os chamados impostos não cumulativos. Já os impostos cumulativos não geram créditos. Então, vejamos a tabela a seguir que nos mostra quais impostos geram ou não geram créditos: Figura 1 Créditos Lucro real Lucro Presumido IPI Não cumulativo Não cumulativo ICMS Não cumulativo Não cumulativo PIS/COFINS Não cumulativo Cumulativo Agora vamos entender como funciona a não cumulatividade. Por exemplo, se trabalhamos em uma indústria de calçados, quando compramos o couro já manufaturado de outra fábrica, no preço de compra que pagamos serão destacados alguns impostos. 6 Como exemplo, pagamos R$10,00 por peça de couro. Ótimo! Desses R$10,00 que entregamos ao nosso fornecedor, uma parte ele pagará de impostos. Então pensando em ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e serviços) vamos supor que ele pagará R$1,80 (18%). Esse R$1,80 entrará como crédito de ICMS na contabilidade de nossa empresa de sapatos, visto que o fornecedor já recolheu para o governo. Com o couro, nós trabalharemos e criaremos um sapato. Ao vender o sapato, nós cobraremos R$30,00. Logo, o ICMS devido de 18% será de R$5,40. Entretanto, nosso fornecedor já recolheu o ICMS de um preço de R$10,00 que representou R$1,80. Como tínhamos R$1,80 de crédito e temos que recolher R$5,40 após vendermos o sapato por R$30,00, apenas pagaremos R$3,60 de ICMS. Simples, não? Isso é o crédito de impostos. Isso pode fazer uma grande diferença em nossas operações, no custo e consequentemente no preço de venda. Agora um último ponto para finalizarmos nosso tema. Você acha que o governo te avisará se você recolher um valor maior de impostos do que deveria? Fiquem atentos a essa questão. Por isso é importante conhecer sobre impostos, pois caso a empresa pague a mais, a receita federal não comentará sobre isso. Se for um valor menor eles poderão inclusive cobrar multa e juros. Ainda bem que os sistemas nos auxiliam com o cálculo dos impostos. TEMA 2: GESTÃO DOS CUSTOS LOGÍSTICOS E NÍVEL DE SERVIÇOS Pelo fato de o mercado ser cada vez mais globalizado e competitivo, a gestão eficiente dos custos logísticos pode ser considerada uma vantagem competitiva para a empresa, gerando, inclusive, um maior resultado para a organização. Como vimos na rota 3, os custos logísticos são variáveis entre si, pois o aumento de um custo pode reduzir outro. Por isso, analisar o custo logístico total é o mais importante. O conceito da logística integrada nos demonstra que a visão holística, a visão do todo, é muito relevante para que se possa planejar toda a estrutura e operação logística. E ainda, os gestores devem se preocupar com o nível de serviço, que representa a qualidade com que o fluxo de bens e serviços é trabalhado e gerido. O nível de serviço pode ser considerado como o resultado de todos os esforços logísticos realizados pela empresa. E esse resultado dos serviços terá impacto no cliente. 7 O impacto poderá ser de diversas formas, tais como: prazo de entrega, acompanhamento do pedido, disponibilidade do produto, etc. Por isso, na gestão dos custos logísticos, temos a seguinte situação: Figura 2 Gerir e trabalhar essa relação entre processos logísticos, custo logístico total e nível de serviço é a principal função de gestores da área logística. Isso se dá devido a interdependência dos três itens, sendo que o desafio é conquistar o maior nível de serviço, gerando o menor custo logístico total. Por isso, a gestão de custos logísticos deve buscar utilizar ou desenvolver estratégias para gerenciar os custos. Cabe ao operacional informar o nível de serviço. Essa gestão de custos controla e monitora todos os custos logísticos envolvidos no processo, utilizando-se de indicadores, acompanhando o resultado, projetando cenários devido às tendências e gerando informações, sendo tudo isso necessário para uma boa tomada de decisões da gestão da organização. A tecnologia de informação e a contabilidade são segmentos de extrema importância para a gestão de custos, visto que podem facilitar o aspecto do controle e acesso às informações, inclusive no cálculo e acompanhamento de indicadores. 8 Vale notar também que o nível de serviço pode auxiliar a empresa a buscar novos mercados, pois atualmente não é suficiente vender sem que exista um nível de serviço logístico que atenda às exigências dos clientes. Ademais, deve-se conhecer o público alvo, pois cada segmento de cliente pode exigir níveis de serviços diferentes. Diante de todas essas informações, os gestores logísticos devem desenvolver planejamento e estratégia para atingir os objetivos da organização e, consequentemente, gerar resultado para a empresa. Existem algumas técnicas que podem auxiliar os gestores, como é o caso da pesquisa operacional e matriz de importância x desempenho. A matriz é uma ferramenta utilizada para direcionar ações com o intuito de melhorar o desempenho aos olhos dos clientes externos e internos. Além disso, é muito simples de ser utilizada e ainda descreve uma visão da empresa em relação aos concorrentes. Ela parte do pressuposto de que as partes interessadas possuem certas necessidades e expectativas que normalmente não são as mesmas apresentadas pelas empresas. Por isso existe a necessidade de se monitorar a satisfação dos clientes para que seja possível desenvolver a melhoria contínua. Outro ponto importante para comentarmos sobre a gestão logística e que se aplica a qualquer outra gestão são as análises de tendências. Quais são as novas tendências no mercado logístico brasileiro? Será que essas são tendências no resto do mundo também? Claro que para descobrir tendências podemos realizar pesquisas longas e custosas, entretanto o Google oferece o Google Trends (https://www.google.com.br/trends/?hl=pt-PT), que pode ser utilizado para estudar gratuitamente algumas tendências no Brasil e no mundo. A plataforma é bem simples de usar e basicamente fornece informações sobre o que as pessoas estão pesquisando no Google. Em alguns casos, existem tendências com buscas em ascensão no resto do mundo, mas no Brasil as pesquisas ainda não ocorrem em quantidade. Todavia, se no mundo está em ascensão, talvez seja questão de tempo para ascender no Brasil também. E nisso o gestor já antevê situações e poderá se planejar para atender demandas ou resolver situações futuras, sendo isso um diferencial competitivo. 9 Seguindo essa mesma linha, outra pesquisa que um gestor deve realizar é a busca de empresas que atuam no mesmo segmento, mas em outros países. Vamos supor que você trabalhe em uma operação de serviços de entrega de cargas X. Que tal então buscar no Google dos Estados Unidos ou Europa, em inglês, sobre serviços de entrega de cargas X? Esse é o famoso benchmarking, mas no mercado internacional. Assim, você poderá analisar quais tipos de serviço oferecem, por qual valor, quais os diferenciais competitivos, quais equipamentos e veículos utilizam e assim por diante. Caso encontre algo interessante para implantar na sua operação, basta adaptar a solução à realidade da sua empresa e realidade cultural brasileira. TEMA 3: CUSTOS E ORÇAMENTOS Você conhece qual será o faturamento de sua empresa para o ano que vem ou para os próximos dois anos? Não? E quanto a empresa projeta apurar de lucro? E quais os custos e despesas existirão? Poderíamos citar diversas perguntas aqui, mas o preocupante é que nem sempre as organizações possuem algumas das respostas. Tudo isso poderá ser respondido com o orçamento empresarial. Para se construir um orçamento é necessário conhecer e controlar osgastos da empresa. O orçamento, nada mais é do que a projeção (estimativa) dos gastos e receitas da empresa, e que tem o intuito de servir de planejamento e controle do negócio. Ele poderá possuir previsões de 1 a 3 anos, mas, dependendo do segmento de atuação do negócio, as projeções poderão chegar até décadas, em casos de exploração e concessão. Assim como a análise da opção pelo regime tributário, normalmente o orçamento é criado antes do final do ano anterior ao ano orçado. Portanto, a projeção das receitas e consequentemente, custos e despesas é considerada um orçamento. Por isso, os gestores devem comparar e acompanhar os resultados e orçamentos, tomando ações corretivas ou preventivas caso necessário e, ainda, realizar correções no orçamento. 10 Caso algo na empresa não esteja acompanhando o orçamento definido, os gestores deverão se adaptar à situação e tentar direcionar a empresa para seguir o mais próximo do orçamento planejado. Por exemplo, se por algum motivo a empresa gastou mais com fretes do que esperava, ela terá que disponibilizar recursos que estavam apontados para outra área, como capacitação de colaboradores e utilizar esses recursos para gastar com fretes, deixando a capacitação de colaboradores com uma rubrica menor. O mais importante do orçamento para nós da área logística é que com as projeções de vendas será possível realizar a previsão dos custos, inclusive de estoque, pois saberão a demanda que precisarão atender. Isso apoiará também as decisões de otimização e redução de custos por escala, assim como terceirizar ou não alguma atividade. Outra informação interessante é que existem vários tipos de orçamento, como: Orçamento matricial; Orçamento histórico; Orçamento base zero; Orçamento colaborativo ou participativo; Orçamento impactado (forecast). Por isso, se ouvirem falar de algum desses tipos de orçamento, fiquem tranquilos. Eles são alguns tipos diferentes de orçamento. Por exemplo, o orçamento base zero toma como base que nem tudo que ocorreu no ano atual acontecerá no ano seguinte. Em outras palavras, a empresa pode não ter as mesmas funções e os mesmos gastos nos próximos anos. Por isso, no orçamento base zero devemos projetar os gastos nos baseando em cada atividade e processo necessário para que a empresa atinja seus objetivos. Nele, cada despesa deve ser justificada e discutida pelos gestores. Resumindo em outras palavras, o orçamento base zero, como o próprio nome diz, parte do zero e tudo o que é considerado é analisado, como se a operação estivesse se iniciando naquele momento, sem levar em consideração o passado. Devido a isso ele exige mais esforços em sua implementação, mas também pode reduzir gastos com processos e projetos que não estejam bem associados com os objetivos da organização. 11 Para quem quiser ou precisar saber mais sobre os orçamentos, veja o link a seguir: https://www.treasy.com.br/blog/orcamento-empresarial Vocês podem ler ou ouvir sobre orçamento de custos, orçamento de produção, orçamento de matérias-primas e até orçamento de mão de obra. Todos eles seguem o mesmo conceito que vimos anteriormente. A diferença consiste que o foco é apenas em projetar um segmento. Só para terem a noção, de acordo com Schier (2013), o orçamento de produção é de grande importância na disponibilização de informações para os setores da empresa que se relacionam diretamente com o processo de produção. Ele ainda acrescenta que esse orçamento é a base para elaboração de outros orçamentos que se relacionam com o custo de produção. Esse orçamento se baseia em um plano (projeção) da produção para um período, com o intuito de suprir a necessidade de vendas previstas no orçamento, assim como atender a necessidade de estoques. Além disso, em alguns casos, utilizam-se de formas híbridas entre dois modelos ou mais para atender as necessidades da organização. Portanto, percebemos que o orçamento é importante para qualquer empresa e seus setores, pois permite que todos se planejem e tracem estratégias com antecedência para atingir o que foi proposto no orçamento. Agora apenas como curiosidade: quando vocês escutam falar em orçamento familiar, é mais uma categoria de orçamento, só que para famílias. Os seja, é a projeção de receitas e gastos da família e cada um dos seus membros deve se adequar e se planejar conforme esse orçamento. Leitura sugerida: livro da disciplina, p. 228 a 234. TEMA 4: FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA Pessoal, vocês já pensaram na importância de se calcular corretamente o preço de venda? Já conheci empresas que em determinadas épocas do ano, nas quais o valor das matérias-primas subia, a empresa vendia seu produto com prejuízo (mas sem saber) e quanto mais vendia, maior era o prejuízo. Isso ocorria justamente por não existir uma gestão de custos adequada e, consequentemente, uma formação de preço de venda. https://www.treasy.com.br/blog/orcamento-empresarial 12 Existem diversos fatores e estratégias que podem ser utilizados na formação dos preços de venda, tais como: preços psicológicos (1,99), pacote promocional, preço flexível, etc., mas não nos ateremos a eles. No cenário atual, a fidelização das marcas está se reduzindo e o nome do produto, serviço ou da empresa já não é o principal motivo de venda em alguns segmentos. E em alguns casos, o próprio mercado é que determina o preço de venda e ainda deseja qualidade e prazo, aceitando renunciar um pouco sua exigência de qualidade, caso a diferença de preço compense. Para a definição da estratégia do preço de venda, é sempre interessante respondermos a algumas questões: • O mercado é quem determina o preço? • O que fazer para decidir o preço do produto/serviço? • Quanto o mercado está disposto a pagar? • Quais são os preços praticados pela concorrência? • Qual é o seu público alvo e seus costumes? • Seu produto é diferenciado? Respondendo a essas perguntas se terá uma noção maior dos aspectos de mercado para se adotar uma estratégia de preços. A formação de preço de venda, normalmente, objetiva: • Proporcionar o maior lucro possível no longo prazo, adaptando os custos da empresa com a prática de preços aceitáveis pelos clientes; • Adequar a demanda dos produtos a determinado nível de preços com a maximização da capacidade produtiva, evitando ociosidade e desperdícios operacionais; • Selecionar as linhas de produtos ou serviços com maior e menor margem de contribuição para decisões estratégicas voltadas aos clientes e concorrência; • Maximizar o retorno sobre o capital empregado, obtendo o melhor retorno possível nas vendas dos produtos ou serviços. Entretanto, em nosso tema, discutiremos mais a fundo apenas abordando a visão de custo, assim como do resultado desejado. Existem três métodos principais de formação do preço de venda: baseado no custo, baseado na concorrência e baseado na demanda. 13 Baseado no custo: é a técnica mais simples e a mais utilizada. Basicamente toma-se como base os custos, as despesas e a margem desejada para se chegar ao preço final. Nesse caso, a soma dos custos, despesas e da parcela de lucro desejada permite o cálculo rápido do preço de venda líquido (sem impostos sobre venda). Assim, a partir do preço de venda líquido, incluem-se os impostos sobre vendas para obtenção do preço projetado de vendas. PREÇO DE VENDA = CUSTOS + DESPESAS + LUCROS Figura3 Por exemplo, se o gasto unitário for de R$62,50 e o percentual de margem determinado for de 60%, então o preço líquido será 62,50 + (60% x 62,50) = 62,50 + 37,50 = R$ 100,00. Portanto nosso preço líquido é de R$100,00 por unidade. E agora, como calcular o preço de venda final? Primeiro devemos conhecer as alíquotas de impostos sobre vendas. Para o exemplo, consideraremos apenas o ICMS de 18%.Basta adicionar 18% nos R$100,00, mesma coisa que multiplicarmos R$100,00 x 1,18. O preço será R$118,00. Se tirarmos 18% do preço de venda R$118,00 quanto teremos? R$96,76. Isso significa que ao pagar o ICMS, nos sobraria R$96,76, diferente dos R$100,00 que gostaríamos e que possuía nossa margem de 60%. Sendo o preço de venda final de R$118,00 nossa margem é menor do que os 60% que acreditávamos que fosse. Lembrem-se que o ICMS é um imposto sobre o valor da venda, só que os R$100,00 não são meu preço de venda final. Por isso, podemos resolver esse “dilema” com uma regra de três ou usando a expressão: 14 Regra de três: 100% está para x (preço de venda final) 82% está para R$100,00 (nosso preço sem o ICMS) Resolvendo multiplicando cruzado: 82%.x = 100%.100 X = 100 / 0,82 = R$121,95 Ou ainda pela expressão formada pela própria regra de três: Preço final = Preço líquido / (1 – Alíquota do imposto) Portanto nosso preço final com o ICMS seria de R$121,95. Existem muitas empresas que desconhecem isso e erram na hora de formar seu preço de venda. Baseado na concorrência: é a técnica que se baseia nos preços praticados pelas empresas do mesmo setor ou mercado (concorrentes). Ela pode ser considerada quando os custos são difíceis de mensurar, ou ainda, quando não se possui uma previsão definida da reação da concorrência. Esse método apresenta alguns desafios: incluem a dificuldade das pequenas empresas em cobrar preços equivalentes aos das grandes empresas (devido aos ganhos de escala destas últimas), a diferença dos serviços como um fator limitante para a comparação (já que nem sempre o serviço executado por uma empresa é exatamente igual ao executado por outra) e o fato de que talvez os preços estipulados não reflitam valor para o cliente. Figura 4 Baseado na demanda: técnica que sustenta a definição de preços de modo coerente com o valor percebido pelos clientes, ou seja, os preços são estipulados no que os clientes estão dispostos a pagar (preço justo). Existem alguns fatores que criam essa percepção de valor pelo cliente. Por exemplo: a imagem que os clientes possuem sobre a qualidade do produto ou serviço, a confiabilidade na empresa, a impressão sobre o atendimento, etc. LUCRO = PREÇO DE VENDA – CUSTOS – DESPESAS 15 Figura 5 Como todos os métodos possuem suas vantagens e desvantagens, é possível criar métodos híbridos, considerando um pouco de cada método ou inclusive um peso para cada precificação, formando assim o preço final influenciado pelos três métodos. Além desses três métodos, muitas empresas varejistas utilizam o mark- up. De acordo com Megliorini (2011), o mark-up é uma margem, normalmente representada por um índice ou percentual, que é acrescentada ao custo dos produtos. Podemos considerar que com o mark-up o preço de venda pode ser representado pela seguinte expressão: Preço de venda = Custo da mercadoria x Índice Mark-up multiplicador Leitura recomendada: livro da disciplina, p. 217 a 226. TEMA 5: TOMADA DE DECISÕES BASEADAS EM CUSTOS Bem queridos alunos, chegamos ao nosso último tema ao longo de uma grandiosa jornada. Acredito que todos “enjoaram” um pouco de tanto ouvir e ler sobre custos. Bom, agora partindo para a reta final vamos conversar sobre a tomada de decisões. Como já conversamos, gestores devem tomar decisões baseadas em informações alinhadas com o planejamento estratégico e objetivos da organização. E vimos que a gestão de custos nos traz diversas informações relevantes que possibilitam tomadas de decisões que envolvem otimização de processos, redução de linhas de produto, terceirização ou internalização, melhorias de performance, formação do preço de vendas e muitas outras. Todas essas decisões possuem o intuito de um só ponto: o aumento dos resultados da empresa. Por isso, é de se pensar, que um bom profissional, proativo, que planeja cenários e antevê problemas futuros, gerando assim redução de prejuízos ou 16 aumento nos lucros, pode e deve ser muito valorizado. Imaginem vocês, iniciando há poucos meses em uma empresa e você percebe que poderiam ser implementadas diversas otimizações e terceirizações na logística atual da empresa. Claro, após pensar nas soluções você as coloca dentro de um estudo (documento) que comprove que suas otimizações e terceirização gerarão resultado para a empresa, inclusive um aumento no nível de serviço. Como a empresa possui um grande faturamento, você percebe que ao final você e suas propostas geraram um acréscimo de R$3.000.000,00 por ano no resultado da empresa. Se você fosse diretor ou proprietário de uma empresa assim, quanto você pagaria de salário para um profissional desses? Dez mil reais por mês? Vinte mil? Independentemente do valor, o resultado gerado é muito maior e, claro, esse profissional deve ser valorizado. Outro caso que podemos pensar, principalmente quando se existe redução de demanda, é na ociosidade da capacidade produtiva ou de infraestrutura (uma frota, por exemplo). A ociosidade também pode gerar um custo, pois existe capital imobilizado sem gerar receita e retorno. Nesse caso, o gestor precisará convergir seus esforços unindo ideias, informações e conhecimento para encontrar uma solução para essa ociosidade. Imaginem que no orçamento implementado para o ano que vem nossa estrutura operacional possuirá 40% de ociosidade, ou seja, poderíamos produzir ou prestar muito mais serviços, entretanto não teremos demanda. Uma das possíveis soluções para esse problema é buscar um cliente específico para utilizar essa capacidade, mas oferecendo nossos produtos por um menor preço de venda. Pensem assim, se nosso produto custa R$1.000,00 e no orçamento venderemos 1.000 unidades, sendo que nele já se contemplam os gastos fixos, podemos fazer um preço diferenciado para utilizar nossa capacidade produtiva e vender 1.200 unidades, por exemplo. Podemos considerar que essas 200 unidades adicionais não precisarão ter em seu preço de venda todos os gastos fixos. Elas só precisam ter a margem de contribuição positiva (cobrir gastos variáveis) que já aumentarão o resultado operacional da empresa. Então, poderíamos negociar com o cliente um preço de, por exemplo, R$800,00 por unidade. Com isso, resolveríamos uma parte do problema de ociosidade. Notem que o gestor só conseguiria realizar isso se tiver informações precisas sobre os “números” da empresa, para assim tomar a melhor decisão. 17 Praticando a gestão de custos para tomada de decisões, podemos criar orçamentos e cenários, assim como acompanhar os indicadores, tal como o ponto de equilíbrio. Com essa visão ampliada da empresa, podemos prever problemas que aconteceriam meses ou anos a frente. E como sabemos de um problema futuro com meses de antecedência, tomamos decisões para solucioná-lo hoje e evitar que ele surja lá na frente. Assim fica muito mais fácil gerir e evitar o tal “apagar incêndio”. Tudo que é tratado em momentos de “calmaria” pode ser melhor negociado que no momento da necessidade. Pensando em um exemplo bem simples. Vamos supor que sabemos hoje que não teremos dinheiro para pagar um fornecedor cuja a conta vencerá daqui três meses. Ora, podemos tomar diversas soluções, tais como, renegociar o prazo com esse fornecedor, buscar uma linha de crédito, aumentar nossas vendas ou preços de venda e assim por diante. Mas caso esperarmos no dia em que vence a cobrança para resolver ou conversar com nosso fornecedor, o que irá acontecer? Primeiro, o “incêndio” começou para apagar. Nosso fornecedor não estava preparado e aguarda muito o recebimento do recurso e não renegociará o prazo a não ser em cima de multa e juros. Caso recorramos ao banco, este cobrará uma taxa de juros mais alta devido à urgência e nossa falta de caixa. Ou seja, tudo ficará mais difícil.Por isso, um bom gestor está sempre antevendo os problemas e os solucionando, sem deixar que eles surjam de fato. TROCANDO IDEIAS Caso tenham visto algum termo ou algo que não ficou muito claro ou desconhecem o significado, busquem aprender e descobrir. Hoje vivemos com acesso quase total aos diversos tipos de informações e podemos explorar tudo isso. Quem quer aprender sobre Marte basta procurar no Google que até várias fotos e vídeos poderão ilustrar melhor a explicação. No que tange a gestão de custos e a logística também. Sempre busquem conhecer! 18 Outro ponto que merece atenção e vejo acontecer muito em micro e pequenos negócios é com relação à formação de preços. Um pequeno empresário, em alguns casos, só considera o custo das matérias-primas e no máximo o salário da mão de obra. Os custos indiretos e despesas, como gás, água, combustível e outros, não são considerados. Isso oferece um grande risco para a empresa. Além disso, já vi empresários que só controlam o custo da matéria-prima e precificam de acordo com a concorrência. Por menor que seja o negócio, é de extrema valia gerir e controlar os gastos, assim como apurar o resultado. NA PRÁTICA Após inserir todo o controle de custos na empresa, a Family S.A. está construindo o orçamento do ano seguinte e pretende formar o novo preço de venda do produto, devido ao aumento do nível de serviço que resultou em aumento de custos. Para isso, os gestores querem avaliar se utilizarão o método baseado em custos para precificar seus produtos. Por isso, você precisa formar o novo preço de venda, assim como informar quais são os impostos que estarão inseridos no preço para que analisem se existe algum benefício fiscal. 16% de impostos sobre o preço de venda 25% de lucro Embalagem: R$ 10,00 Custo do produto: R$ 120,00 Despesas por produto: R$ 14,00 Proposta da prática Formar o preço de venda baseado no custo e descrever os impostos incidentes. Gastos por produto: R$ 120,00 (custo) + R$ 10,00 (embalagem) + R$ 14,00 (despesas por produto) = R$144,00 por produto. Conhecer qual é o percentual sobre o preço de venda, tanto de impostos quanto margem de lucro: 16% (impostos) + 25% (margem de lucro) = 41%. 19 Agora, para calcularmos o preço de venda, devemos formar a seguinte expressão (sendo x o preço de venda): x = 41%.x + 144 = 0,41x +144 => 0,59x = 144 => x = 144 / 0,59 = 244,07 O preço de venda deverá ser R$ 244,07, para garantir que a empresa tenha uma margem de lucro de 25%. Por ser uma indústria, os impostos que devem ser recolhidos e ser considerados na formação do preço de venda são: IPI, ICMS, PIS, COFINS, IRPJ e CSLL (os dois últimos, dependendo do regime tributário serão requeridos apenas se houver lucro). SÍNTESE Vimos que os regimes tributários possuem características particulares e que se simularmos cenários poderemos identificar qual será o regime mais vantajoso para a empresa. Se pensarmos em grandes operações, o bom enquadramento pode gerar um grande aumento no resultado da organização. E aumentar resultado é o objetivo de todo gestor, incluindo o gestor logístico, que por meio da gestão dos custos logísticos visa otimizar processos, estudar possibilidades sempre trabalhando para realizar o equilíbrio das relações entre custo logístico total e nível de serviço. Ou seja, buscando o menor custo logístico total oferecendo o maior nível de serviço possível. Uma das formas de planejamento seria a construção de orçamentos que são projeções das receitas e gastos, para assim o gestor se preparar quanto a níveis de estoque, capacidade logística sem perda do nível de serviço e por aí vai. Além disso, vimos que o controle dos gastos é fundamental para a formação de preços e que existem alguns métodos que nos auxiliam a chegar ao preço final do nosso produto ou serviço. E para finalizar, todas essas possibilidades e informações devem ser analisadas por gestores, para que a tomada de decisão seja embasada em fundamentos, garantindo assim sua maior assertividade e contribuindo para a perenidade da organização. 20 REFERÊNCIAS JORGE, R. K. Gestão de custos, riscos e perdas. São Paulo: Pearson, 2016. MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 3 ed. São Paulo: Pearson, 2011. PEREZ JÚNIOR, J. H. Gestão estratégica de custos: textos e testes com as respostas. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2012. SCHIER, C. U. C. Gestão de custos. Curitiba: Intersaberes, 2013.
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