Relatório psicológico pdf

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Laudo psicológico 
 
1.Identificação 
Nome da interessada: B. Sexo: Feminino Estado civil: Solteira Idade: 22 anos 
Profissão: pedagoga 
Solicitante: B. 
Finalidade: elaborar um laudo psicológico com propósito de psicoterapia 
Autor: 
2.Descrição da demanda 
A cliente buscou atendimento psicológico com a queixa de Transtorno do 
Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDHA), por segundo ela, apresentar 
sintomas de desatenção e falhas de memória. No entanto, no primeiro 
atendimento já relatou também insegurança, medo de enfrentar muitas situações 
e os abusos sexuais sofridos na adolescência. 
3. Procedimento 
Foram realizadas nove sessões de avaliação com duração de 50 minutos 
cada. No processo de avaliação inicial da cliente utilizou-se de entrevistas 
semiestruturadas, entrevista com familiar e aplicação de testes psicológicos. 
3.1 Técnicas principais 
- Entrevista inicial e de anamnese, com o objetivo de avaliar aspectos do 
desenvolvimento infantil, bem como aprofundar na demanda. 
- Instrumentos utilizados 
Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção - (BPA) - (RUEDA, 2013) 
A BPA tem como objetivo mensurar a capacidade geral de atenção, avaliando 
três tipos de atenção específicos, concentrada, dividida e alternada. A Atenção 
Concentrada (AC) indica a capacidade de uma pessoa em selecionar apenas 
uma fonte de informação diante de vários estímulos distratores em um tempo 
pré-determinado. A Atenção Dividida (AD) indica a capacidade de uma pessoa 
para procurar dois ou mais estímulos simultaneamente em um tempo pré-
determinado, sendo que os mesmos estão distribuídos aleatoriamente entre 
vários distratores. A Atenção Alternada (AA) Indica a capacidade de uma pessoa 
em focar sua atenção e selecionar ora em um estímulo, ora outro, diante de 
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vários estímulos distratores por um determinado período de tempo. A bateria foi 
considerada está com parecer de favorável no Sistema de Avaliação dos Testes 
Psicológicos (SATEPSI), desde janeiro de 2013. 
Bateria Fatorial de Personalidade - (BFP) (NUNES; HUTZ; NUNES, 
2010). A BFP permite identificar tendência de comportamentos, bem como 
padrões mais prováveis de atitudes e crenças. O instrumento é composto por 
126 itens que descrevem sentimentos, opiniões e atitudes. Os itens contemplam 
cinco grandes fatores, o neuroticismo, extroversão, socialização, realização e 
abertura. As respostas são registradas em uma escala Likert de 7 pontos (1 a 7), 
de acordo com o quanto o sujeito se identifica com cada sentença. 
Segundo a descrição do manual, o fator Neuroticismo diz respeito ao nível 
de ajustamento emocional e instabilidade, envolvendo especificamente a 
vulnerabilidade à opinião dos outros, instabilidade de humor, presença de 
sintomas depressivos e comportamentos passivos ou falta de energia para agir 
em situações importantes. O fator Extroversão refere-se à quantidade e à 
intensidade das interações interpessoais preferidas, nível de atividade, 
necessidade de estimulação e capacidade de alegrar-se. 
A dimensão Socialização, embora também represente uma dimensão 
interpessoal, avalia o interesse pelo bem-estar dos outros, confiança nas 
pessoas e adesão a regras ou normas sociais. O fator Realização faz referência 
ao grau de organização, persistência, controle e motivação para alcançar 
objetivos. Enquanto o último fator, denominado Abertura, reflete em 
comportamentos exploratórios e de reconhecimento da importância de vivenciar 
novas experiências, novas ideias e busca por novidades. A bateria BFP foi 
considerada favorável pelo SATEPSI, em agosto de 2009. 
HTP (teste do desenho da Casa, Árvore, Pessoa) - (BUCK, 2003) É um 
teste projetivo utilizado como avaliação inicial ou como parte de uma intervenção 
terapêutica em andamento, através de sua aplicação é possível que o avaliador 
realize interpretações frente ao conteúdo trazido pelo cliente. Sendo uma técnica 
de desenhos não verbal, que em que o indivíduo tem que desenhar uma casa, 
uma árvore e uma pessoa, em folhas separadas. O teste é útil na análise de 
certos traços de personalidade, áreas de conflitos, sentimentos, pensamentos e 
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comportamentos distorcidos. O teste HTP foi considerado favorável pelo Sistema 
de Avaliação dos Testes 
Psicológicos (SATEPSI), em janeiro de 2004. 
Escalas Beck - (CUNHA, 2001) No caso da avaliação da presente cliente, 
foram utilizados os inventários BDI e BAI. O BDI é constituído por 21 questões 
sobre diversos sintomas depressivos: irritabilidade, cognições de culpa e 
punição, sintomas físicos de fadiga, alterações de apetite, sono,etc. Enquanto, 
que o BAI é constituído por 21 questões sobre diversos sintomas comuns em 
ansiedade. Para a obtenção dos escores totais (soma dos escores dos itens) foi 
considerada a intensidade dos sintomas, sendo classificado como mínimo, leve, 
moderado e grave. As Escalas de Beck são aprovadas pelo SATEPSI, desde 
abril de 2003. A presente avaliação ocorreu quando ainda as Escalas Beck 
tinham o parecer de favorável pelo SATEPSI. 
 
4. Análise 
Resultados 
4.1 A cliente é B., mulher possui Ensino Superior Completo em 
Pedagogia. Com base na anamnese realizada com a irmã mais velha, a 
gestação de B. e sua irmã gêmea foi tranquila e muito desejada, a família ficou 
feliz com a chegada das gêmeas. Na hora do parto houve complicações 
médicas, a sua irmã nasceu de parto normal e depois foi preciso realizar cesárea 
de emergência para retirada de B. Os pais tiveram cinco filhos, mas segundo 
relato de B. e da irmã, a cliente sempre foi tratada como a filha e irmã caçula. 
A cliente relatou que tinha bom desempenho acadêmico, era popular na 
escola e entre os amigos, e praticava esportes quando adolescente. Aos 13 anos 
sofreu quatro episódios de abusos sexuais, por um familiar, não tendo coragem 
de denunciar, guardou segredo de todos da família. Apresentou dificuldades em 
falar sobre o assunto, pois segundo ela, teve bloqueios de memória entre os 
episódios. . No entanto, a cliente relatou não sofrer com o acontecimento e nem 
percebe ou sente prejuízos nos seus relacionamentos amorosos 
Sobre seus relacionamentos amorosos, a cliente relatou que se iniciaram 
no início da adolescência com uma mulher 11 anos mais velha, por um período 
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de tempo de aproximadamente dois anos. No entanto, esse relacionamento não 
era aceito pelos seus pais. Aos 15 anos questionou-se sobre seus sentimentos 
e desejo heterossexual, a partir de então, começou a relacionar-se com homens. 
Dentre esses relacionamentos, relatou ter sofrido outro abuso sexual, omitindo-o por medo de magoar as pessoas próximas e sentindo-se culpada pela 
situação. 
A cliente namorou por dois anos um rapaz que, segundo ela, sempre a 
desmotivava e a desvalorizava, gerando assim, ansiedade em situações sociais, 
necessidade de aprovação, esquivas em situações de decisões, medo de não 
ser aceita, gerando dependência e sacrifícios em troca de carinho e atenção, 
com constantes conflitos financeiros. Após o término do namorado, conheceu 
um rapaz em um aplicativo de relacionamentos e novamente, sofreu outro abuso 
sexual. Relatou que não registrou boletim de ocorrência, pois se sentia culpada 
pela situação. 
B. relatou que teve vários relacionamentos amorosos heterossexuais, 
procurando “emendar um no outro”, sempre na necessidade de ter alguém 
devido ao medo de ficar sozinha. Atualmente, tem um relacionamento amoroso 
com uma jovem que conhece desde a adolescência, que é amiga da família. 
Neste momento, elas moram em uma casa no mesmo lote de seus pais, os quais 
agora aprovam o seu relacionamento. 
4.2 Área cognitiva 
Na avaliação do estado mental verificou-se boa higiene pessoal, vestia-
se com calça jeans e camiseta, mostrou-se cooperativa, bem orientada em 
relação a si e ao seu meio, com capacidade adequada para manter-se 
concentrada nas atividades solicitadas, com capacidade mnemônica para 
lembrar-se de fatos autobiográficos e aspectos da memória de recente e de curto 
prazo. Apresentava discurso coerente, altamente elaborado, com fluxo 
adequado. Apresentou em sua maioria, o humor estável, mas com dificuldades 
no que se refere ao afeto, especificamente, sentimento de culpa, inadequação, 
vergonha, ambivalência e certa rigidez. 
Na entrevista realizada com a irmã da cliente, foram confirmadas 
informações sobre a conduta sexista e patriarcal do pai, proporcionando 
privilégios materiais e comportamentais aos filhos, com atribuição de menos 
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importância às mulheres da família. Motivos, que segundo a irmã, a levaram sair 
de casa. Nas entrevistas iniciais, foi possível estabelecer algumas das crenças 
e pensamentos automáticos da cliente, tais como “tenho o dedo podre para 
relacionamentos”, “sou culpada”, “as pessoas me fazem de bobas”, “sou burra”, 
“sou incapaz porque não consigo tomar decisões sozinha”, “eu não consigo fazer 
nada certo”. Relatando ainda, sentimento de insegurança, tristeza, medo e 
angústia. 
Testes Psicológicos 
A bateria BPA utilizada para verificar atenção, indicou níveis atencionais 
acima da média para a faixa etária da cliente. Este resultado foi condizente com 
as informações obtidas com a cliente e observadas na entrevista. 
No Palográfico a cliente apresentou traços de ansiedade, insegurança, 
baixa autoestima, instabilidade emocional, retraimento, traços de imaturidade ou 
vivências traumáticas, impulsividade e necessidade de gratificação imediata. No 
BFP – Bateria Fatorial de Personalidade utilizando dos cinco grandes fatores, 
podemos compreender um olhar amplo para com a personalidade da paciente. 
Apresentando nas escalas as seguintes informações: Neuroticismo: muito baixo, 
indicando boa estabilidade emocional. 
Extroversão: baixo, condizentes com pessoas mais caladas e reservadas. 
Socialização: muito baixo, podendo ser uma pessoa mais desconfiada com os 
demais, podendo apresentar dificuldades de adaptação. Realização: baixo, 
possuindo uma maior propensão na dificuldade em enfrentar tarefas complexas, 
apresentando dificuldade em realizar tarefas que o leve aos seus objetivos. 
Abertura: muito baixo, demonstrando ser conservadora perante as suas crenças 
e escolhas, demonstrando certa rigidez. 
Estes resultados condizem com as informações relatadas pela cliente 
durante os atendimentos, pois de modo geral, ela dizia sentir-se ansiosa e com 
retraimento em situações de exposições sociais. 
Com base nos dados da cliente, foi possível verificar comportamentos de 
dependência e anulação, baseados na sua percepção distorcida acerca de 
situações que exigem autonomia em sua vida de modo geral, principalmente, 
nos seus relacionamentos afetivos. As crenças de desvalor, propiciam 
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pensamentos automáticos que remetem a sua baixa autoestima, motivando 
sentimentos de ansiedade e tristeza. 
Frente a isso, toda vez que é ela se depara com situações estressantes 
no trabalho, quando amigos se negam a fazer uma atividade de seu interesse, 
quando ela se sente sozinha, tais pensamentos e sentimentos são ativados (não 
sou importante, sou incompetente, não consigo fazer nada sozinha, não sei ficar 
sozinha), e suas estratégias compensatórias que são de aceitação, submissão, 
com a necessidade de agradar os outros, fazendo tudo pelas pessoas e se 
anulando frente a situações sociais, além de solicitar constantemente opiniões e 
conselhos de pessoas significativas para o enfrentamento de suas dificuldades. 
 
Conclusão 
Diante da avaliação feita foi possível observar que B. possui os processos 
cognitivos de inteligência, atenção, memória, linguagem preservadas, porém 
seus problemas são de cunho emocional, afetivo, devido os abusos que sofreu 
ao longo de sua vida. 
Os abusos sofridos levaram-na a ter crenças distorcidas sobre si. 
Segundo Beck (1997), as crenças distorcidas que uma pessoa pode ter sobre si 
mesmo dividem-se em três categorias que são: desamparo, desamor e desvalor, 
que se desencadeiam em: 
• Na crença de DESAMPARO a pessoa tem uma certeza 
(irracional/inconsciente) de que é incompetente e sempre será um 
fracassado. 
• Na crença de DESAMOR a pessoa tem a certeza 
(irracional/inconsciente) de que será rejeitada. 
• Na crença de DESVALOR a pessoa acredita ser inaceitável, sem 
valor algum. 
Pode se observar esses aspectos na pelos testes feitos e no discurso de 
B como se percebia ao longo do tempo. Portanto, descartasse a possibilidade 
do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade TDAH, demanda que 
ela traz para avaliação psicológica. 
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Como vemos, os resultados obtidos no BAI indicaram na primeira sessão 
de intervenção, sintomas de ansiedade classificados como mínimo (4 pontos), 
dois meses depois, sintomas mínimos (0 ponto), mantendo-se na última 
aplicação o mesmo resultado. O BDI, na primeira sessão de intervenção, os 
sintomas de depressão foram classificados como leves (17 pontos), dois meses 
depois os sintomas foram classificados como mínimo (1ponto) e mantiveram na 
última aplicação em mínimo (0 ponto). 
Encaminhamento/sugestões 
Sugere-se para a cliente, um acompanhamento psicoterapêutico a fim de 
serem trabalhados os pensamentos automáticos e emocionais. Sugere-se 
também terapia familiar com todos membros de sua família, pois grande parte 
da construção negativa que B fez de si mesma, parte desta família. 
Eu como psicólogo, baseados na Resolução 06/2019 do Conselho 
Federal de Psicologia (CFP), que prioriza a escritura de documentos 
psicológicos por psicólogos,informo que este Laudo é sigiloso, com uso para 
fins terapêutico, respeitando o código de ética da Resolução CFP n°10/2005, 
sendo utilizado para cunho de informação da paciente. Caso ocorra de outras 
pessoas o manusearem me abstenho da responsabilidade. 
 
 
 
Curitiba, 07 de abril de 2020 
 
 
_______________ _______________________________ 
 
 Judix José Chiyaya 
 (CRP 08/12345) 
 
 
 
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Referencias 
Beck, J. (1997). Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed. 
CAPOVILLA, A.; ASSEF, H. C. S.; COZZA, H. F. P. Avaliação 
neuropsicológica das funções executivas e relação com desatenção e 
hiperatividade. Avaliação psicológica, v.6 n.1 51-60, 2007. 
RUEDA, F.. Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção – BPA. São 
Paulo: Vetor, 2013. 
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