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PROVA CASO CONCRETO ESPECIAL RESPOSTA COM DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA

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CASO CONCRETO ESPECIAL RESPOSTA COM DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA
Vence 13 de maio de 2020 21:00
Instruções
CASO ESPECIAL
DIREITO ADMINISTRATIVO I
 
 
O prefeito do município “P", conhecido como João do P, determinou que, em todas as placas de inauguração das novas vias municipais pavimentadas em seu mandato na localidade denominada E, fosse colocada a seguinte homenagem: “À minha querida e amada comunidade E, um presente especial e exclusivo do João do P, o único que sempre agiu em favor de nosso povo!”
 
O Ministério Público estadual intimou o Prefeito a fim de esclarecer a questão.
Na qualidade de procurador do município, você é consultado pelo Prefeito, que insiste em manter a situação.
Indique o princípio da Administração Pública que foi violado e por que motivo. Fundamente a sua resposta.
Meu trabalho
O nome do prefeito ficaria estampado em todas as placas promovendo não a ação do governo, mas sim a ação da pessoa física, João do P, de quando estava investido no cargo de prefeito. Isso é marketing pessoal com o dinheiro público. O prefeito violou o princípio da impessoalidade, conforme Art. 37, caput, CF. O qual estabelece o dever de imparcialidade na defesa do interesse público, impedindo privilégios a particulares no exercício da função administrativa. A atuação dos agentes públicos e as realizações não devem ser atribuídas à pessoa física do agente público, mas ao Estado. Artigo 2 º, parágrafo único, III, da Lei n º 9.784/ 99
LPA - Lei nº 9.784 de 29 de Janeiro de 1999
Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito;
II – atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei;
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição ;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;
VIII - observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados;
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
Jurisprudência: 
Processo: ADI 3745 GO
Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Partes: PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, GOVERNADOR DO ESTADO DE GOIÁS, ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS
Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-148 DIVULG 31-07-2013 PUBLIC 01-08-2013
Julgamento: 15 de Maio de 2013
Relator: Min. DIAS TOFFOLI
Cuida-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Procurador-Geral da República, em 16 de junho de 2006, tendo por objeto o parágrafo único do art. 1º da Lei nº 13.145/1997 do Estado de Goiás, o qual cria hipóteses de exceção à cláusula de vedação de nepotismo. A norma está assim redigida: “Art. 1º - É vedado a membro de Poder ou a quem couber a prática dos atos de provimento em qualquer dos Poderes do Estado, nomear ou admitir cônjuge, companheiro ou parente consangüíneo ou afim até o terceiro grau civil, em linha reta ou colateral, incluídos os de seus pares e subordinados até o terceiro escalão de hierarquia, para exercer cargo em comissão ou função gratificada no âmbito do Legislativo, Executivo ou Judiciário[,] ou permitir a permanência de servidores em desacordo com o disposto neste artigo. Parágrafo único – Excluem-se da proibição a nomeação, admissão e/ou a permanência de até dois parentes das autoridades referidas no 'caput' deste artigo, além do cônjuge do Chefe do Poder Executivo.” 
O processo processo ADI 3745 GO causa espécie ao verificarmos que um governador cometa tamanho disparate em utilizar o poder legislativo de seu Estado beneficiando-se da elaboração de uma constituição Estadual suficiente para nomear sua esposa em cargo público alegando que o devido processo legal, de elaboração da lei, constante na Constituição Estadual foi feita e promulgada dentro dos tramites legais conforme se extrai: 
“A Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, em suas informações (fls. 80/84), ressaltou que foi observado o devido processo legislativo, bem como que o projeto foi aprovado com a chancela do controle prévio de constitucionalidade dos Poderes Legislativo e Executivo locais. A teor da certidão emitida pela Secretaria, à fl. 85, deixou o Governador do Estado de Goiás de prestar as informações solicitadas.”
E mais pasmados ficamos em ver que o governador foi blindado de prestar informações, ou seja se eximiu a sua culpabilidade diante esse absurdo jurídico. Mesmo existindo a súmula vinculante n 13 de 29/08/08 que vá havia pacificado a vedação do nepotismo pois incorre em contrariedade aos princípios constitucionais da igualdade, da eficiência e da impessoalidade.
Doutrina:
A impessoalidade, na visão de Celso Antônio Bandeira de Mello, traduz-se na “ideia de que a Administração tem que tratar a todos os administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismo nem perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação administrativa e muito menos interesses sectários de facções ou grupos de qualquer espécie. O princípio em causa não é senão o próprio princípio da igualdade ou isonomia” (Curso de direito administrativo, 30a. ed, p. 117). Seguindo-se a tal princípio, emerge a moralidade administrativa, consistente em exigir da Administração uma atuação ética. É-lhe vedado comportamento astucioso, eivado de malícia, produzido de maneira a confundir e não esclarecer. Encontram-se os princípios da lealdade e da boa-fé (ob.cit., p. 122/123).
Fonte: Bandeira de Mello, Celso Antonio, Editora M, Curso de Direito Administrativo - 32 ed./2015 (Português) – 19 Fevereiro 2015

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