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OS TEMAS TRANSVERSAIS COMO PROPOSTA PARA AS ATIVIDADES PEDAGÓGICAS DO PROFESSOR EVENTUAL NA ESCOLA PÚBLICA

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225 
 
 
 
REB Volume 7 (2): 225-240, 2014 
ISSN 1983-7682 
 
OS TEMAS TRANSVERSAIS COMO PROPOSTA PARA AS ATIVIDADES 
PEDAGÓGICAS DO PROFESSOR EVENTUAL NA ESCOLA PÚBLICA. 
 
TRANSVERSE THEMES AS PROPOSAL FOR EVENTUAL TEACHER’S 
PEDAGOGICAL ACTIVITIES IN PUBLIC SCHOOL 
 
Mariana Guilger¹ 
Prof. Dr. Heitor Zochio Fischer² 
 
1. Graduanda em Ciências Biológicas, Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde. 
PUC-SP. Rua Hermínio Leroy, 44, Bambu, Porto Feliz, SP, Brasil. 18.540-000. 
Contato: marianaguilger26@hotmail.com. 
2. Chefe do Departamento de Ciências do Ambiente na Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo, Campus Sorocaba/SP. Contato: hfischer@pucsp.br 
 
RESUMO 
Este trabalho teve por objetivo investigar a frequência com que os professores 
eventuais, de uma escola pública, atuaram ao longo de um ano letivo e propor a 
utilização dos Temas Transversais como estratégia para a melhor qualidade de suas 
aulas. Por meio de entrevistas com professores que atuam ou já atuaram nessa condição, 
foi possível constatar que a maioria deles se sentiu despreparada ao entrar em sala de 
aula por vários fatores, sendo o principal, o fato de serem chamados de imediato, sem 
ter tempo para a elaboração das aulas. A partir da frequência de atuação dos professores 
eventuais e da análise das entrevistas, concluiu-se que uma intervenção nessas aulas 
seria algo positivamente significativo para a escola. Desse modo, foram elaboradas 
aulas, baseadas nos temas transversais, destinadas ao ensino fundamental ciclo II e 
ensino médio, as quais são modelos para que se possa dar continuidade ao projeto. 
Palavras-chave: temas transversais; professor eventual; escola pública. 
 
mailto:marianaguilger26@hotmail.com
mailto:hfischer@pucsp.br
226 
 
 
 
ABSTRACT 
This work aims to investigate the frequency in which eventual teachers from a public 
school worked during a scholar year and to propose the use of the transverse themes as a 
strategy for a better quality of their classes. Through interviews with teachers who work 
and already worked in this condition it was possible to realize that most of them felt 
unprepared when entering into the classroom because of many factors, being the main, 
the fact that they are called immediately, without having time to prepare the classes. 
Through the frequency of eventual teachers’ work and the analysis of the interviews it 
was concluded that an intervention in these classes would be something positively 
significant for the school. So some classes were prepared based on transversal themes 
destined to elementary school and high school which will be models to continue the 
project. 
Keywords: transverse themes; eventual teacher; public school. 
INTRODUÇÃO 
O presente projeto de pesquisa “Os Temas Transversais como proposta para as 
atividades pedagógicas do professor eventual na escola pública” surgiu a partir de 
minhas primeiras experiências como professora eventual em uma escola pública no 
município de Porto Feliz - SP. 
Nos primeiros dias de atuação na escola, já me ofereceram seis aulas, sendo 
essas em diferentes disciplinas, totalizando a carga didática que havia sido combinada. 
Além de mim, a escola contava com três professores eventuais, sendo que um fazia 
plantão na escola todos os dias e os outros dois compareciam alguns dias na semana. 
A frequência da atuação dos professores eventuais, devido à ausência dos 
professores titulares, me chamou bastante a atenção, o que não é uma crítica à escola, 
nem aos professores, os quais têm direito às faltas garantidas por lei, mas sim um 
importante fato a ser analisado visto que, em tal situação, o que está em jogo é a 
formação dos alunos. 
Como professora, passei por algumas situações bastante constrangedoras, nas 
quais os alunos fizeram perguntas que não fui capaz de responder com a exatidão 
desejada. Há quem diga que o professor eventual não tem obrigação de dominar todos 
os conteúdos. Realmente não tem, assim como nenhum ser humano comum tem, mas e 
os alunos? Como ficam nessa situação? Sem a resposta desejada? 
227 
 
 
 
Por que não procurar por uma estratégia pela qual se possa enriquecer o 
conhecimento dos alunos e facilitar o trabalho do professor eventual? 
Pensando nessa direção, os temas transversais podem ser uma estratégia para a 
melhoria da qualidade das atividades pedagógicas do professor eventual? 
O objetivo principal desta investigação foi verificar se a utilização dos Temas 
Transversais, como conteúdo, poderia contribuir para a melhoria das atividades 
pedagógicas do professor eventual da escola pública. 
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
A ausência dos professores titulares das disciplinas é algo muito comum no 
cotidiano das escolas pública do estado de São Paulo. O Estatuto dos Funcionários 
Públicos Civis dispõe,mediante a Lei complementar 883/00, que o encontro entre 
professor titular e alunos, em situações legais, pode deixar de ocorrer por um dia ou por 
uma sequência de dias. Além disso, existem também resoluções, decretos, emendas, 
portarias e pareceres estaduais e federais que possibilitam o afastamento do professor da 
sala de aula. 
É nesse momento de absenteísmo dos professores titulares e consequente 
desorganização da rotina escolar que surge uma personagem que muitas vezes é 
ignorada por grande parte do alunado e que soluciona, ao menos momentaneamente, tal 
situação, o professor eventual. 
O professor eventual geralmente é um profissional recém-formado ou até mesmo 
estudante dos últimos anos de um curso de licenciatura, que ingressa na escola, na 
maioria das vezes, selecionado pelo próprio diretor (BASÍLIO, 2010), fazendo um 
cadastramento, sem ter sua aptidão avaliada. 
A função do professor eventual é assumir salas de aula na ausência dos 
professores titulares e dar continuidade ao conteúdo; porém nem sempre isso é possível. 
Conforme explicitado no trabalho de Passos et. al. (2005), há certa polêmica sobre a 
atuação de professores recém-formados e estudantes de licenciatura como eventuais. 
Estariam esses preparados? Teriam todo o conhecimento necessário? E quanto à 
experiência? 
Essas perguntas poderiam ser respondidas com outras perguntas: Como exigir 
experiência se é algo que só se atinge com a prática? Mas ao mesmo tempo, como 
confiar? 
228 
 
 
 
Conforme o determinado, o professor eventual deve lecionar apenas em sua área 
de atuação, entretanto, ainda segundo Passos et. al. (2005), cumprir com esse requisito é 
difícil, devido à frequência com que os professores titulares se ausentam. Desse modo, 
por exemplo, o mesmo profissional que dá aulas de Matemática no 3º ano do Ensino 
Médio, dá aulas de Educação Física no 6º ano do Ensino Fundamental. 
Na maioria das vezes, o educador que leciona em caráter eventual é tido como 
um meio de manter os alunos em sala de aula e evitar o descumprimento dos dias letivos 
(GUESQUI, 2008). Daí a importância de apoiar e estimular esse profissional. 
Uma proposta para a melhoria da qualidade das aulas do professor eventual seria 
a utilização dos Temas Transversais da Educação em suas aulas, os quais muitas vezes 
são deixados de lado por professores adeptos aos métodos tradicionalistas. 
Segundo Araújo (2003), os Temas Transversais da Educação são um conjunto de 
assuntos pertinentes à realidade dos estudantes, que devem ser trabalhados de forma 
conjunta às disciplinas curriculares de modo que os alunos sejam preparados tanto para 
a vida profissional como social. Em nosso país, os temas estipulados pelo Ministério da 
Educação e Cultura (MEC),integrados nos Parâmetros Curriculares Nacionais da 
Educação (PCNs), são Ética, Saúde, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Pluralidade 
Cultural e Trabalho e Consumo. Porém, nada impede que outros assuntos também sejam 
trabalhados, tudo dependente da realidade da escola e da comunidade na qual está 
inserida. 
Os Temas Transversais poderiam ser umrecurso para facilitar a atuação do 
professor eventual e proporcionar aos alunos o contato e a compreensão de assuntos 
que, além de envolverem as disciplinas do currículo de forma geral, estão presentes em 
sua vivência e necessidades cotidianas. 
É evidente que para por em prática tal ideia seria necessário um processo de 
capacitação para os eventuais. O trabalho com questões sociais exige que os educadores 
estejam preparados para lidar com ocorrências inesperadas do cotidiano (BRASIL, 
1997); porém, isso seria bem mais simples que submetê-los a lecionar todas as 
disciplinas em todos os ciclos. 
229 
 
 
 
2 MARCO TEÓRICO 
2.1 Professor Eventual 
A ausência de professores da rede pública do estado de São Paulo em relação a 
suas atividades no magistério tem sido algo bastante frequente. Não se sabe ao certo a 
causa de tantas faltas, mas está claro que a realidade desses profissionais não é 
animadora, tanto em termos de condições de trabalho, como de remuneração. 
Em tal situação, faz-se necessária a atuação de um substituto, que pode ser 
qualquer um dos professores inseridos na categoria de “não habilitados”. Essa categoria 
engloba professores com diferentes níveis de formação, graduados ou graduandos em 
licenciatura, ou profissionais de outras áreas com nível superior sem nenhum curso que 
envolva educação. Essa categoria envolve os professores eventuais, objeto de estudo e 
análise da presente pesquisa. 
O professor eventual, de acordo com Aranha (2007), é aquele profissional que 
por algum motivo não está apto a ministrar aulas continuamente, devido ao fato de ser 
iniciante ou não ter atingido a pontuação necessária em concurso ou processo seletivo. 
O professor eventual, por vezes valorizado e por outras vezes ignorado pela 
escola, foi legalmente aceito por meio do artigo 10 do decreto 24.948 de 03 de abril de 
1986, que diz: 
Para a regência de classe ou ministração de aulas nos 
impedimentos eventuais de titular de cargo ou de ocupante de 
função-atividade da série de classes de docentes, por período de 
01 (um) até 15 (quinze) dias, inocorrendo a substituição de que 
trata o artigo 3.º ou inexistindo estagiários, poderá haver 
admissão de docente, nos termos do artigo 1.º, inciso I, da Lei 
nº 500, de 13 de novembro de 1974, através de Portaria 
Especial de Admissão. SÃO PAULO (Estado), Artigo 10, 
Decreto 24948/1986) 
 
Desse modo, os professores eventuais são responsáveis pela regência das aulas 
quando os professores se ausentam por um ou poucos dias, fato que muitas vezes é 
entendido, pelos alunos, como um período de liberdade no qual é desnecessário cumprir 
com as obrigações. 
230 
 
 
 
O Estatuto do Magistério Paulista dispõe que os professores titulares de 
disciplinas das escolas públicas têm direito a dar 6 faltas abonadas, 12 faltas justificadas 
nas escolas, 12 faltas justificadas nas Diretorias de Ensino e 12 faltas justificadas em 
última instância na Secretaria Estadual de Educação (SEE), anualmente. 
Os professores em início de carreira estão cada vez mais desmotivados e 
despreparados. Devido a uma hierarquia bastante antiga no sistema educacional, os 
professores recém-formados são submetidos às mais difíceis condições de trabalho. Um 
exemplo dessa realidade é o fato de que nos processos seletivos realizados pela 
Secretaria Estadual de Educação (SEE), mesmo que o professor recém-formado obtenha 
uma boa pontuação em relação ao professor efetivo, não é admitido porque não tem 
tempo de experiência. Na maioria das vezes, quando ocorrem situações como essa, o 
profissional acaba se registrando em alguma unidade escolar para atuar como professor 
eventual, tendo dessa forma, sua primeira experiência com a educação. 
Em 2003, a SEE, no parágrafo 17, artigo décimo da Resolução 134, determinou 
que professores eventuais podem ser admitidos para ministrar disciplinas para as quais 
não há professor titular, desde que terminado o processo inicial de atribuição de aulas: 
 
Ao término do processo inicial, a Comissão de Atribuição de 
classes e aulas divulgará e coordenará a atribuição de vagas 
para admissões em caráter eventual, aos inscritos no referido 
processo, que tenham interesse e condições de suprir as 
unidades escolares com carência de professores para iniciar o 
ano letivo, atribuição esta, cuja admissão não caracterizará 
vínculo empregatício e se fará pelos Diretores de Escola, 
observando o campo de atuação relativo à vaga, a 
habilitação/qualificação dos inscritos, bem como a ordem de 
classificação em nível de Diretoria de Ensino. 
 
Quando atua sob essa condição, o professor eventual tem a vantagem de poder 
se programar para as aulas. Porém, o convívio com os mesmos alunos torna-se mais 
frequente e, caso não se tenha boas estratégias didáticas, os alunos podem tornar-se 
intolerantes. 
231 
 
 
 
Assim como evidenciado no estudo de Zanardi (2009), é grande a dificuldade 
dos professores eventuais em dominar todo o conteúdo de todas as séries e ao mesmo 
tempo é frustrante não saber dar respostas ao ser questionado. Desse modo, é atribuição 
das políticas públicas rever essa situação de desmotivação, evitando o afastamento dos 
jovens interessados em seguir o magistério. 
A relação entre professores eventuais e titulares também é algo a ser analisado. 
Apesar da diferença evidente na própria legislação, o envolvimento entre os professores 
de forma igualitária, independente da função, é importante não só para que o professor 
eventual esteja melhor inserido no cotidiano da unidade escolar, bem como em 
beneficio dos alunos, que terão um ensino de melhor qualidade, o qual pode ser 
interdisciplinar. 
Segundo Aranha (2007), o professor eventual atua como “plantonista” ou 
“delivery”, quando não tem apoio pedagógico da equipe escolar. Acaba por realizar 
apenas tarefas de um ajudante geral polivalente e multifuncional. 
2.2 Os Temas Transversais 
Os Temas Transversais foram criados como uma estratégia paraintegrar os 
conteúdos curriculares a assuntos de necessidade e interesse geral da sociedade(Araújo 
2003). Desse modo, devem ser trabalhados juntamente com as disciplinas do currículo, 
para que essas possam ser associadas ao cotidiano e melhor desenvolvidas. 
Além de contribuir para a melhor compreensão das disciplinas curriculares, os 
Temas Transversais também têm como funçãodespertar a capacidade de expressar seu 
senso crítico, essencial para a formação de cidadãos conscientes em relação às questões 
sociais. 
Os critérios de escolha dos Temas Transversais pelo MEC (Ministério de 
Educação e Cultura) foram aanálise geral das condições de vida e das necessidades 
essenciais de conhecimento de todo o alunado nacional. Porém, existem situações 
específicas, por isso pode-se criar novos temas transversais de acordo com a realidade 
dos alunos (ARAUJO, 2003). 
Ao se tratar dos Temas Transversais fala-se também em cidadania devido ao fato 
da mesma estar diretamente ligado ao conceito de obtenção de conhecimento e 
participação nas causas relacionadas à humanidade como um todo. Além disso, para a 
prática da cidadania, designada como cumprimento de deveres e recebimento de 
232 
 
 
 
direitos, é preciso que se esteja inserido na realidade social, caso contrário, que Deveres 
cumprir e por quais Direitos cobrar? 
A educação, como processo de formação e transformação do cidadão e, 
conseqüentemente da sociedade, não deve se ater apenas aos conteúdos curriculares. De 
acordo com Araújo (2003), os Temas Transversais dão essa capacidade de 
transformação, principalmente se forem oferecidas possibilidades da união dos 
conhecimentos formais com os necessários. 
2.3 O Professor Eventual e os Temas Transversais 
No geralas escolas não conseguem trabalhar os temas transversais ao longo do 
ano letivo, pois se detêm às disciplinas tradicionais (ARAÚJO, 2003), não se 
utilizandoda interdisciplinaridadecomo umaestratégia eficiente a ser utilizada na 
aprendizagem (BRASIL, 1997). 
Segundo Araújo (2003), a aprendizagem é despertada no aluno quando este sabe 
quando o conteúdo poderá seraplicado e, preferencialmente, se faz parte do seu 
cotidiano, e é transmitido numa linguagem familiar. 
Devido ao aspecto “facilitador e interessante” dos Temas Transversais, esses 
poderiam ser um instrumento adequado para as aulas do professor eventual. 
Sabe-se que para isso é exigidodo Professor Eventual um processo autodidata de 
pesquisa e leitura, além do apoio dos professores titulares e da Coordenação da escola, 
que estão mais envolvidos com os requerimentos e novidades da SEE, mas sabemos 
também que tal atitude poderiaenriquecer a ação do professor eventual, ao mesmo 
tempo que cumpre o papel de trabalhar os Temas Transversais. 
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
O presente estudo foi realizado em uma escola estadual inserida na 
Coordenadoria de Ensino do Interior do Estado de São Paulo, na Diretoria de Ensino 
Regional de Itu. 
Trata-se de uma escola antiga, pela qual já passaram várias gerações de alunos. 
Sua fundação deu-se por meio do decreto 05, publicado em 07 de março de 
1953.Quanto às modalidades de ensino, a escola oferece o Ensino Fundamental Ciclo II 
e o Ensino Médio, cujas aulas são distribuídas nos períodos manhã, tarde e noite. 
O corpo discente é composto por alunos dos mais diferentes níveis sócio 
econômicos, provenientes do próprio bairro e vindos da zona rural. A parcela de 
233 
 
 
 
crianças e jovens provenientes da zona rural são, geralmente, filhos de pessoas de 
assentamento, empregados de fazendas, sítios, haras e chácaras da redondeza e os 
alunos do próprio bairro são de nível socioeconômico predominantemente baixo, sendo 
a maioria dos pais assalariados, de baixo poder aquisitivo. 
Alguns alunos apresentam carência afetiva e material, o que influencia no 
processo ensino-aprendizagem. Além destes, também são atendidos alunos interessados, 
alguns com dificuldades e outros não. 
O corpo docente é composto em sua maioria por professores efetivos de 
formação específica na área em que lecionam, com licenciatura plena. Além desses 
docentes, a escola também tem em seu quadro 4 professores eventuais que atuam na 
ausência dos professores titulares distribuídos nos três períodos. 
Os professores dessa unidade escolar são delineados pelos próprios gestores da 
escola como “profissionais da educação, em sua maioria, compromissados, responsáveis 
e ainda idealistas, por serem agentes de transformação social”. 
Quanto ao corpo administrativo e técnico-pedagógico, a escola possui uma 
diretora e uma vice-diretora, uma secretária, dez agentes de organização escolar, dentre 
os quais cinco trabalham na secretaria e cinco na inspetoria, e quatro agentes de serviços 
escolares. Além disso, tem uma professora-coordenadora para o ensino fundamental e 
um professor-coordenador para o ensino médio. 
São atendidas 27 classes nos três períodos de funcionamento da escola. 
Entre as ações da escola, está a capacitação profissional dos docentes, que é 
realizada por meio de palestras, dinâmicas de grupo e troca de experiências, projeto de 
recuperação e de reforço, reuniões de pais e mestres, eventos envolvendo a comunidade 
e projetos como: Ler é viver, Prevenção também se ensina, Fanfarra, Prevenção do 
Meio Ambiente, Escola da Família etc. 
Apesar de apresentar um corpo docente bastante esforçado e compromissado 
com a escola, assim como na maioria das escolas públicas os professores se ausentam 
com certa frequência. Essas ausências variam entre um dia, ou um período, por falta 
médica, e até mesmo vários dias ou meses. 
Nessas ocasiões é que se faz necessária a atuação do professor eventual, tema 
principal do presente estudo, cujo objetivo foi analisar as atividades pedagógicas 
realizadas por este professor, conhecer suas experiências nesse cargo e propor 
estratégias para solucionar possíveis dificuldades. 
234 
 
 
 
Os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas e relatos de 
caso de quatro professores eventuais que estavam registrados e atuando na unidade 
escolar no período de desenvolvimento do projeto e quatro professores titulares, que 
iniciaram suas carreiras como eventuais. 
Obtendo as informações por meio das entrevistas semi-estruturadas, foi possível 
fazer comparações com os resultados dos trabalhos de ARANHA (2007), ARAÚJO 
(2003) e BASILIO (2010), autores referenciados ao longo deste projeto. Desse modo, 
foram obtidos relatos semelhantes aos apresentados pelos autores e foi possível propor a 
utilização dos temas transversais nas aulas dos professores eventuais da escola aqui 
evidenciada. 
A proposta foi aceita, e então, foi preparado um acervo de materiais baseado nos 
Temas Transversais. Os professores foram convidados a contribuir semanalmente com 
materiais relacionados à sua disciplina tais como revistas, jornais, músicas, filmes, 
apresentações de slides, jogos, entre outros, e os pais também puderam participar da 
escolha dos temas considerados importantes. Além disso, os professores eventuais 
passaram a se preparar para ministrar tais aulas estudando assuntos da importância da 
comunidade escolar, auxiliados pelos professores titulares. 
Esperava-se, como resultado deste projeto, conhecer as possíveis dificuldades 
enfrentadas pelos professores eventuais, e contribuir, por meio das ideias aqui 
apresentadas, para que estas fossem solucionadas. Esperava-se também uma aceitação e 
contribuição dos professores titulares quanto aos conteúdos dos temas transversais a 
serem ministrados, bem como na elaboração e atualização de um arquivo de materiais 
diferenciados aqui já citados. 
Ao término do desenvolvimento deste projeto, concluiu-se que a utilização de 
temas transversais é, como proposto, uma solução adequada que leva a promoção de 
aulas de melhor qualidade ministradas pelos professores eventuais. 
4 RESULTADOS E ANÁLISE 
4.1 Entrevistas 
Os professores eventuais da escola aqui estudada atuam nessa função por um 
período que varia entre 3 meses e 13 anos, sendo que 50% deles começaram a atuar 
após sua formação e 50% ainda estudantes. 
235 
 
 
 
A análise das entrevistas permite constatar, que atuar como professor eventual, 
sem nenhuma metodologia específica para isso, devido a diversos fatores, é uma tarefa 
considerada difícil pelos professores. Ao serem questionados sobre sua primeira 
experiência lecionando a caráter eventual, a grande maioria (86,15%), tanto os 
professores eventuais como os titulares que iniciaram suas carreiras como eventuais, 
declararam ter enfrentado alguma dificuldade, enfatizando a questão do despreparo, 
principalmente ao lecionar disciplina que não a de sua formação. 
Em relação à falta de tempo para o preparo das aulas, devido a serem informados 
sobre as substituições e entrarem na sala de imediato, os professores dizem procurar um 
conteúdo qualquer naquele exato momento, recorrendo a recursos como o livro didático, 
e transmitir aos alunos sem nenhuma análise prévia. Informou-se também que essa 
situação ocorre frequentemente. Ao contrário da maioria, uma professora fez o seguinte 
relato: “Ficava calma, pois trazia comigo os Temas Transversais”. De acordo com 
Guesqui (2008), tal situação, que resulta em uma sequência de atividades não 
planejadas, leva a uma educação cuja função é apenas a manutenção do aluno na escola, 
de modo que o tempo disponível para o encontro entre professor e alunos é utilizado de 
maneira inadequada, levando à desorganização da vida escolar. 
Entre as metodologias utilizadas em situações de despreparo, os professores 
citaram dinâmicas, curiosidades, conteúdos da internet, textos que abrangessem o maior 
número de disciplinas, o que indica a inexistência de algum método padronizado a ser 
utilizado nessas ocasiões. Outros disseram não ter nenhum tipo de metodologia,sendo 
que um dos professores declarou ficar “totalmente perdido” nessas situações. A maioria 
dos professores disse que uma metodologia padronizada para essas aulas contribuiria 
muito. 
Todos os professores eventuais declararam ter se sentido despreparados para 
explicar algum assunto em alguma ocasião, principalmente ao tratar-se de questão 
referente à aula do professor titular o qual estavam substituindo. Em seu estudo, Zanardi 
(2009), põe em questão a possibilidade de que essa situação de despreparo, que resulta 
em inquietações, insegurança e desânimo, venha a afastar os potenciais professores da 
carreira docente, além de inviabilizar a aquisição de conhecimento profissional dos 
iniciantes. 
Quando questionados sobre os Temas Transversais, todos os professores 
declararam conhece-los, sendo que a maioria os considera importantes, porém alguns 
236 
 
 
 
acreditam que apesar de tratar-se de algo bem elaborado na teoria, na prática os 
resultados podem não ser tão satisfatórios. Além disso, também se relata a questão de 
que nem sempre sobra tempo para que estes sejam aplicados nas aulas dos professores 
titulares: “Conheço um pouco, nada aprofundado. Acho que são ótimos temas para 
serem trabalhados na escola, só que como os professores sempre estão no limite para 
vencer a proposta seria uma ótima ideia que os professores eventuais, enquanto não 
estão lecionando, substituindo, preparem projetos com esses temas [...]”. 
Entre os pontos positivos de se atuar como eventual, os mais citados foram a 
possibilidade de se adquirir experiência quando ainda não se pode lecionar como titular 
e o contato com os alunos. Entre os pontos negativos foram colocados a falta de tempo 
para preparar as aulas, o desrespeito dos alunos e de alguns professores titulares, e a 
impossibilidade de dar continuidade ao conteúdo. 
Os episódios da carreira considerados marcantes pelos professores foram 
diversos, a maioria deles relacionados aos alunos, alguns positivos e outros negativos. 
Em um dos relatos, um professor falou sobre como se sentia quando atuava como 
professor eventual, apontando sua opinião em relação à realidade da escola: “É uma 
experiência de parar em algum momento e refletir muito, tem hora que dá vontade de 
largar tudo e tomar outro rumo, optar por outro serviço, não temos respaldo algum, é 
desanimador, os alunos não querem nada com nada, muita falta de respeito, falta de 
família presente na escola, principalmente nas reuniões, principalmente os pais que 
mais precisam referente aos seus filhos que não se adequam à responsabilidade com o 
comprometimento e a responsabilidade com os estudos”. 
4.2 Levantamento da atuação dos professores eventuais 
A presença dos professores eventuais em sala de aula é uma realidade e 
compreendeu, na escola onde esse estudo foi realizado, em média 7,06% das aulas 
dadas no ano de 2011. No Ensino Fundamental a porcentagem de atuação desse 
profissional foi em média de 8,04% das aulas, com porcentagens que variaram de 3,83 a 
14,8% das aulas. No Ensino Médio a atuação desse profissional foi um pouco menos 
requisitada, sendo em média 6,17% das aulas, com porcentagens que variaram de 4,39 a 
9,70% das aulas. 
De forma geral os professores eventuais foram mais atuantes entre março e maio 
e entre agosto e outubro. 
237 
 
 
 
Figura 1. Atuação do professor eventual no ano letivo de 2011 – Ensino 
Fundamental 
 
Fonte: Dados da pesquisa. Autoria dos pesquisadores. 
Figura 2. Atuação do professor eventual no ano letivo de 2011 – Ensino 
Médio 
 
Fonte: Dados da pesquisa. Autoria dos pesquisadores. 
Os resultados encontrados representam muito bem a situação da escola no 
período de estudos; porém estamos cientes de que este estudo necessita de mais 
informações, de forma a representar as várias realidades, tanto do estado quanto do país. 
4.3 Aulas baseadas nos Temas Transversais 
Foram elaborados 5 modelos de aulas para cada série, do 6º ano do ensino 
fundamental ao 3º ano do ensino médio, totalizando 35 aulas. As aulas foram 
0
20
40
60
80
100
120
140
F ev Mar Abr Mai J un J ul Ago S et Out Nov Dez
Meses
A
u
la
s
/M
ê
s
Total de Aulas /Mês Aulas E ventual 6º Ano Aulas E ventual 7º Ano
Aulas E ventual 8º Ano Aulas E ventual 9º Ano
0
20
40
60
80
100
120
140
160
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Meses
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Total de Aulas /Mês Aulas E ventual Iº Ano Aulas E ventual II.º Ano Aulas E ventual IIIº Ano
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organizadas em fichas, algumas das quais podem estar acompanhadas de anexos, e 
apresentam os seguintes itens: Tema Transversal, sub-tema, objetivo, conteúdos, 
metodologia e avaliação, conforme modelo da Tabela 1. 
 Tabela 1. Modelo de ficha de aula 
Nome da Escola 
Série: 9º ano 
 
Tema Transversal: Ética 
Sub-Tema: Declaração Universal dos Direitos Humanos 
Objetivo: Comparar os dizeres da declaração universal dos 
direitos humanos com a realidade de nossa sociedade nos dias atuais 
Conteúdos: 
1. Artigos da “Declaração Universal dos Direitos Humanos” 
Metodologia: 
1. Ler os artigos junto com os alunos; 
2. Orientar os alunos para que se dividam em 8 grupos de 
modo que cada grupo discuta um dos artigos e faça uma 
dissertação sobre ele, fazendo comparações entre o que é 
proposto e a realidade atual. 
3. Terminadas as dissertações, cada grupo deve ler a sua. 
Avaliação: 
Os alunos serão avaliados durante a apresentação de suas 
dissertações. 
 Fonte: Autoria dos próprios pesquisadores 
Procurou-se elaborar as aulas de modo que estas se tornassem diferenciadas em 
relação às aulas do dia-a-dia, abordando assuntos de interesse dos alunos e da 
comunidade de uma maneira dinâmica e crítica. A Tabela 2 apresenta as diferentes 
formas de composição das aulas. É importante salientar que as aulas que foram 
preparadas são apenas sugestões para que a escola de continuidade no projeto, de modo 
que a composição das aulas poderá variar de acordo com a realidade de cada sala de 
aula. 
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Tabela 2. Composição das aulas propostas 
 Texto Dinâmica Exercício Multimídia 
E
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si
n
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 F
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n
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en
ta
l 6° Ano x x x 
7º Ano x x x 
8º Ano x x x x 
9º Ano x x x x 
E
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si
n
o
 M
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 Iº Ano x x x x 
IIº Ano x x 
IIIº Ano x x x x 
 Fonte: Autoria dos próprios pesquisadores. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Este trabalho demonstrou que a atuação dos professores eventuais na escola 
onde foi realizado ocorre com certa frequência, e que na maioria das vezes esses 
profissionais não se encontram preparados, pelo fato de não saberem com antecedência 
para que série e disciplina irão lecionar. Tal resultado nos permitiu concluir que nossa 
proposta inicial, os temas transversais, pode contribuir para a melhor qualidade dessas 
aulas. Assim, propõe-se que, com base nas aulas já preparadas, não só os professores 
eventuais, mas também os titulares de cargo, deem continuidade nas ideias aqui 
apresentadas. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
1. ARANHA, W.L.A. Professores eventuais nas escolas estaduais paulistas: ajudantes 
de serviço geral da educação? 2007. 102f. Dissertação (Mestrado em Educação) 
Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2007. 
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2. ARAUJO, U. F. Temas Transversais e a Estratégia de Projetos. São Paulo: 
Moderna, 2003. 
3. BASILIO, J. R. Professor Eventual: Bico e Desemprego na Escola Pública Paulista. 
In:VII SEMINÁRIO DO TRABALHO: TRABALHO, EDUCAÇÃO E 
SOCIABILIDADE, 2010, Marília. Anais...Marília, 2010. Disponível 
em:www.estudosdotrabalho.org/anais-vii-7-seminario-trabalho-
ret2010/juliana_regina_basilio_professor_eventual_bico_e_desemprego_escola_pub
lica_paulista.pdf. Acesso em 22 mar. 2011. 
4. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros 
Curriculares Nacionais: apresentação dos Temas Transversais: 
Ética.Brasília:MEC/SEF, 1997. 
5. BRASIL. Lei deDiretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN). Lei 9394/96. 
6. GUESQUI, L. C. Formação e Condições de Professores Eventuais Atuantes na Rede 
Pública Estadual. 2008. In: 32ª REUNIÃO ANUAL DA ANPED. SOCIEDADE, 
CULTURA E EDUCAÇÃO: NOVAS REGULAÇÕES. Caxambu, 2009. 
Disponível em: www.anped.org.br/reunioes/32ra/arquivos/trabalhos/GT08-5304--
Int.pdf. Acesso em 17 mar. 2011. 
7. PASSOS, C. L. B. Os Dilemas vividos pelos Professores Eventuais de Matemática. 
Revista de Educação PUC-Campinas, Campinas, n.18, p.53-59, 2005. 
8. ZANARDI, G. S. Professor Eventual e Desprofissionalização da Carreira Docente. 
UNESP. Disponível em: 
<www.simposioestadopoliticas.ufu.br/imagens/anais/pdf/DC41.pdf> Acesso em: 02 
abr. 2011.

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