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Fascículo 8 - LITERATURA E ARTES PLÁSTICAS: GRUPOS CLÃ E SCAP

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CURSO 8
Vera Lúcia Albuquerque de Moraes 
e Anderson Sousa
Literatura 
e Artes Plásticas
Grupos Clã e Scap
Realização
c
e
a
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e
n
s
e
1.
NO MESMO 
CALDEIRÃO
studante de letras, ouvia profes-
sores falarem sobre o “grupo CLÔ 
e pensava: “Mas isso não é um 
pleonasmo?”
Nessa época, já existia uma 
revista para as publicações desse 
grupo eclético, múltiplo e bem re-
presentativo da intelectualidade 
cearense: a Revista Clã.
Poucos, entretanto, a conhe-
ciam. Com números escassos na biblioteca, 
os próprios professores/autores não levavam 
os exemplares para as salas de aula, nem fa-
lavam de seu conteúdo para os alunos.
Então, anos mais tarde, ao cursar o mes-
trado em Teoria da Literatura na Universi-
dade Federal do Rio de janeiro (UFRJ), meu 
orientador, Mário Camarinha da Silva, fez 
com que eu mudasse meu projeto origi-
nal para estudar uma revista do moder-
nismo cearense, convencendo-me de que 
eu estaria prestando uma contribuição mui-
to maior ao meu campo de estudos e ao Ce-
ará, desvendando aos leitores essa revista 
de grande qualidade estética que precisava 
de uma chance para vir à tona e projetar-se. 
E o que havia de especial em seu conteúdo?
Voltamos a 1942, em plena Segunda 
Grande Guerra Mundial. Muitos eram contrá-
rios a festividades e celebrações, como con-
gressos de escritores, congressos da poesia, 
entre outros, pela situação dramática que o 
mundo estava passando naquele momento.
Contudo, no Ceará havia um grupo de 
jovens intelectuais representantes de vá-
rias áreas – literatura, teatro, cinema, artes 
plásticas – que se reunia, frequentemente, 
nos cafés da cidade, nos bancos de praça, 
para falar de seus projetos artísticos e de-
fender seus pontos de vista a respeito de 
qualquer coisa. Não se limitavam à políti-
ca ou a ideologias, mas, principalmente, 
voltavam-se às artes. Embora jovens, eram 
pessoas reconhecidas nos meios acadêmi-
cos, teatrais, informativos, sociais, existin-
do grande amizade entre eles.
Dito isso, como estivéssemos também 
pegando um ventinho sentados em banco de 
praça, vamos conhecer um pouco do vasto 
território e legado dessa geração, não apenas 
de escritores, mas de artistas plásticos – ou 
ambos – em um Ceará há mais de 70 anos. 
Vera Lúcia de Moraes
114 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
2.
CLAM OU CLÃ?
“CLA”, como sairia na experimental e 
primeira Revista CLÃ, a de número “0”, de 
dezembro de 1946, significava “Clube de 
Literatura e Arte”, como queria Antônio 
Girão Barroso, daí “CLA”, sem o til. Otacílio 
Colares explica que, sobre a ideia original 
de Barroso, pensou-se em “Clube de 
Literatura e Arte Moderna”, ou seja, “CLAM”, 
ficando então “CLÔ, fato confirmado por 
Mozart Soriano Aderaldo.
Raymundo Netto, em Centro: 
um coração malamado.
formação do CLÃ, segun-
do Sânzio de Azevedo, é 
interessante: “O grupo CLÃ 
se foi formando tão es-
pontaneamente que seus 
componentes não tinham 
claramente consciência 
do grupo. Isso me parece 
claro se folhearmos o livro 
de Abdias Lima Falam os 
intelectuais do Ceará, publicado em 1946 
com entrevistas feitas de julho de 1944 a fe-
vereiro de 1945, onde se encontram depoi-
mentos de quatro membros do CLÃ (Braga 
Montenegro, Joaquim Alves, Artur Eduardo 
Benevides e Eduardo Campos) e não há a 
menor referência ao grupo CLÔ.
São, entretanto, considerados sócios-
-fundadores do CLÃ, de acordo com o ar-
tigo 9º de seu estatuto: Aluízio Medeiros, An-
tônio Girão Barroso, Antônio Martins Filho, 
Artur Eduardo Benevides, Braga Montenegro, 
Eduardo Campos, Fran Martins, João Clíma-
co Bezerra, José Stênio Lopes, Lúcia Fernan-
des Martins, Milton Dias, Moreira Campos, 
Mozart Soriano Aderaldo e Otacílio Colares.
Azevedo diz que, embora aparente 
ser uma agremiação longeva, 
considerando o período de publicação 
de sua revista, não consta registros 
que o “grupo” se reunisse, pelo 
menos não enquanto grupo CLÃ, 
“apenas cada um se dizia membro 
daquele grêmio, que nunca chegou 
oficialmente a se dissolver”.
Quando do surgimento do CLÃ e 
durante a publicação de sua revista, 
além de uma visita pessoalmente de 
Orígenes Lessa (durante o I Congresso 
Cearense de Escritores, em 1947), 
diversas personalidades escreveram 
artigos elogiando a Clã. Entre elas: 
Guilherme Figueiredo, Sérgio Milliet, 
José Lins do Rego, Otto Maria 
Carpeaux e R. Magalhães Jr.
MALACA 
CHETAS
BOLACHINHAS
CURSO literatura cearense 115
Sem dúvida, um dos motivos da 
razoável longevidade da Clã se 
deu pelo apoio recebido de seus 
“patrocinadores”, entre eles: o 
Instituto do Ceará (1 ao 14 e 20 e 21), a 
Universidade Federal do Ceará (do 15 
ao 29, com exceção do 20, 21 e 28) e 
da Secretaria da Cultura e do Desporto 
do Ceará (nº 28), além de diversos 
anunciantes ao longo de sua trajetória.
3.
ABRINDO 
A REVISTA
Revista CLÃ, periódico que 
divulgou, reuniu e movimen-
tou as ideias da época, teve o 
seu número ZERO compos-
to e impresso pela Coope-
rativa Edições CLÃ Ltda., 
em caráter experimental, 
em 1946, tendo como dire-
tores os poetas Antônio 
Girão Barroso, Aluízio Medeiros e o ro-
mancista João Clímaco Bezerra, e, em 
1948, lançou, oficialmente, o seu primeiro 
número, desta vez, sob a direção perpétua 
de Fran Martins e, como secretário, Aluízio 
Medeiros. O objetivo era se manter aberta 
à colaboração de escritores de talento que 
não encontravam um veículo de propa-
gação de suas ideias, de sua arte. Além 
de literatura, cinema, teatro, música, 
política (e não “partidarismo”, como 
diziam), entre outros, destinava-se a 
apresentar os pintores cearenses, 
como Aldemir Martins, Antônio Bandeira, 
Barbosa Leite, Zenon Barreto, Barrica e o 
maranhense Floriano Teixeira, o que carac-
terizaria o movimento não simplesmente 
como literário, mas cultural, como defende 
Mozart Soriano Aderaldo, também do CLÃ.
Eram revistas volumosas – com exceção 
da número zero –, beirando 120 páginas, 
embora algumas chegassem a quase 250. 
Sua periodicidade foi semestral, anual e bi-
mestral, dependendo da ajuda dos colabo-
radores (entidades culturais, sociais, comer-
ciais etc). Por diversas vezes, houve grandes 
hiatos nessa periodicidade. 
Na década de 1980, contudo, surgiram 
três novos números, sendo o último, o nº 
29, em 1988. Este número homenageava 
o cronista Milton Dias, falecido em 1983. 
Chamaram essa revista de “Milton não mor-
reu”, profetizando que, em breve, sairia o 
30° número da Clã, o que de fato, não acon-
teceu. Ou seja, ao todo, foram 30 edições, 
considerando a de número zero.
BOLACHINHAS
116 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
Entre a Clã nº 0 e a Clã nº 1 houve 
um jornalzinho literário Clã, que 
“apareceu, perdoem-nos desta vez 
o trocadilho, de maneira quase 
clandestina”. Ambos, revista e 
jornal, tiveram alguma repercussão, 
mas que morreram, “como tudo 
o que é bom tem morrido aqui no 
Ceará”. (seção “Vento Sul, Vento 
Norte...”, Clã nº 1, 1948)
O I Congresso de Poesia do Ceará 
teve início em 1º de agosto de 1942, no 
Theatro José de Alencar, com o discurso 
de abertura do poeta Filgueiras Lima, 
representando os “modernistas de 28”, 
a “geração Maracajá” (a revista publica-
da em 1929). O autor do “Manifesto do 
Congresso”, a ser lido por Eduardo Cam-
pos, seria o veterano Mário Sobreira 
de Andrade (o Mário de Andrade do 
Norte). Entretanto, período de guerra, o 
Congresso não pôde ser finalizado, pois, 
em 18 de agosto se deu uma grande 
passeata realizada por estudantes do 
curso de Direito contra os países aliados 
do Eixo: Itália, Alemanha e Japão. A ma-
nifestação, a princípio pacífica, resultou 
num selvagem “quebra-quebra”, na qual 
manifestantes exaltados incendiaram, 
depredaram e mesmo saquearam os 
estabelecimentos comerciais e residen-
ciais pertencentes a pessoas originá-
rias dos países envolvidos no conflito. 
Todavia, como resultado do Congresso: 
a fundação da Cooperativa de Letras 
e Artes, a iniciativa de realização do I 
Congresso Cearense de Escritorese a 
formação do CLÃ. Aliás, o CLÃ e a Scap 
teriam uma parceria que seria definitiva 
para o desenvolvimento de ambos.
Chamou-nos a atenção a repetição do 
slogan, em todos os números, que repro-
duzia o objetivo da revista e sintetizava a 
proposta primordial do grupo: CLÃ: revista 
de cultura – e, na quarta capa dos números 
11 ao 25, CLÃ: uma revista do Ceará para o 
Brasil. Como podemos ver, o slogan retrata-
va, fielmente, o pensamento de seus reda-
tores e organizadores: exportar a cultura 
cearense aos outros estados do Brasil e, 
até mesmo, ao exterior. 
Na Clã n° 1, Fran Martins (1913-1996) de-
clara: “De uma coisa, estávamos certos: não 
tínhamos intenção nenhuma de criar um gru-
po, como a Padaria Espiritual ou a chamada 
Academia Francesa ou o Centro Literário. Não 
éramos na verdade criadores de movimento, 
éramos movimento, isto é, agíamos espon-
taneamente, inconformados, com ou sem 
razão, rebeldes, mesmo sem uma causa apa-
rente para a rebeldia, sobretudo libertos de 
preconceitos, ideológicos ou literários: cada 
um trabalhando em seu ofício”.
A organização da revista era muito elo-
giada pelos recortes, como eram desenvol-
vidas suas ideias. Também, porque a Clã foi, 
aos poucos, abrindo mão dos espaços sobre 
cinema, política, música e passando a ser 
uma revista essencialmente literária (a 
partir da nº 10). A sua seção de abertura, “O li-
vro de CLÔ, mostrava sempre um fragmento 
da literatura cearense: poemas, novelas, con-
tos, ensaios etc. É a seção de maior espaço 
da revista e sempre vem em primeiro lugar. 
Há uma seção final, “Vento Sul, Vento 
Norte...”, que tece comentários sobre os mo-
vimentos do complexo mundo dos livros – 
eventos, lançamento, congressos, seminá-
rios –, principalmente se atentarmos que o 
vento soprava do Sul para o Norte, trazendo 
informações, apresentando novos escrito-
res e discutindo muitas novidades.
A partir do seu 3º número, a Clã manteve 
representantes de diversos estados brasi-
leiros, como Amazonas (Aldo Moraes e Se-
bastião Norões), Pará (Haroldo Maranhão), 
Maranhão (Bandeira Tribuzi), Pernambuco 
(Mauro Mota), Bahia (Wilson Rocha), São 
Paulo (Domingos Carvalho da Silva), Minas 
Gerais (Bueno de Rivera), Paraná (Dalton 
Trevisan), Rio Grande do Norte (Veríssimo 
de Melo), Espírito Santo (F. Gomes da Silva).
SABATINABOLACHINHAS
CURSO literatura cearense 117
Sãnzio de Azevedo afirma, em 
Literatura Cearense (1976, p.429), que 
“O Clube de Literatura e Arte [que no nº 
0 da revista é mencionado não como 
CLÃ, mas como C.L.A.], fundado por 
Antônio Girão Barroso, não é porém, 
a rigor, o que viria ser conhecido 
como grupo CLÃ, embora seus 
componentes dele fizessem parte”.
4. 
NASCE A CLÃ 
FILHA DO CLÃ
Revista Clã foi uma conse-
quência do I Congresso 
Cearense de Escritores, 
cuja pretensão era lutar 
em favor da autonomia de 
intelectuais e artistas lo-
cais. Para tanto, tornava-se 
necessário reunir esforços 
no sentido de projetar a 
cultura cearense no cenário nacional e, 
quem sabe, internacional. Inegavelmen-
te, tratava-se de uma aspiração arrojada 
e otimista. Os ânimos da época encontra-
vam-se bastante inflamados, especialmen-
te depois da repercussão lograda com o 
mencionado congresso e com o I Congres-
so de Poesia, também realizado, embora 
não encerrado, em Fortaleza.
Todos esses movimentos e manifes-
tações acirraram o empenho de um gru-
po de intelectuais, cuja tendência natu-
ral sempre foi a de reunir-se em grupos, 
culminando, assim, com a formação 
do grupo CLÃ. 
Sem sede definida, os escritores reu-
niam-se em cafés, em bancos de praças 
ou no ateliê do pintor Mário Baratta, 
uma vez que existia grande afinidade 
entre o CLÃ e os pintores da Sociedade 
Cearense de Artes Plásticas, a Scap. 
Esse fato pode ser comprovado por 
meio da leitura de atas que registraram 
as sessões preparatórias do I Congresso 
de Poesia, redigidas pelo poeta Aluízio 
Medeiros e publicadas, posteriormente, 
nas páginas da Revista Clã, em formato 
de deliciosas crônicas bem-humoradas.
O pessoal do CLÃ estava disseminado em 
várias instituições, como na universidade, na 
Academia Cearense de Letras, no Instituto do 
Ceará, na Casa de Juvenal Galeno, na Casa 
de José de Alencar, entre outras, constituin-
do um grupo de prestígio cultural e social. 
O conselho de redatores foi composto, 
inicialmente, por Joaquim Alves, Stênio Lo-
pes, Antônio Girão Barroso, Mozart Soriano 
Aderaldo e João Clímaco Bezerra. A partir do 
número 6, iniciaram sua colaboração na Clã 
os seguintes escritores: Artur Eduardo Bene-
vides, Braga Montenegro, Eduardo Campos, 
Moreira Campos e Otacílio Colares. Stênio Lo-
pes esteve ausente a partir do quinto número, 
reaparecendo no número 11, quando Eduar-
do Campos foi eleito diretor comercial da Clã.
Estreou nas páginas de Clã uma nova 
escritora de contos e novelas: Lúcia Fer-
nandes Martins, a única voz feminina do 
grupo – que também escreveu sob pseu-
dônimo “Sandra Lacerda” – esposa de Fran 
Martins. No número 16, o cronista Milton 
Dias também passou a integrar o quadro 
de colaboradores, sendo considerado o úl-
timo dos “antigos” escritores do grupo – o 
mais velho seria Joaquim Alves, razão pelo 
qual era denominado, “guardadas as pro-
porções”, por Sânzio de Azevedo de “o Gra-
ça Aranha do CLÔ –, observando-se que, a 
partir do número 23, a revista começou a 
promover e divulgar a geração dos “novíssi-
mos” escritores do Ceará. Entre eles: Horá-
cio Dídimo, Sânzio de Azevedo, Linhares Fi-
lho, Pedro Lyra, entre outros. Na década de 
MALACA 
CHETAS
118 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
Um dos objetivos da rapaziada no 
I Congresso de Poesia do Ceará 
seria criar, além de outras coisas, 
um ateliê. E por quê? Explica Fran 
Martins: “o ateliê seria um lugar 
onde os artistas pudessem trabalhar 
mais à vontade, pois no momento o 
ponto de encontro maior de todos 
era o acanhado ateliê do pintor 
Mário Baratta, localizado nos altos 
de um cinema, depois numa esquina 
familiar, causando incômodos morais 
às famílias da vizinhança, porque lá, 
pela primeira vez nesta terra, [...] havia 
modelos vivos que [...] posavam nuas 
para os outros artistas – modelos que 
eram, diziam-se, mulheres da vida”.
Na revista Clã número zero, 
encontramos a informação de que no 
ano seguinte (1947) o CLÃ, juntamente 
com a Scap, realizaria o III Salão de 
Abril em Fortaleza.
1980, depois da publicação dos primeiros 
25 números da Clã, aderiram ao grupo os 
escritores Pedro Paulo Montenegro, Cláudio 
Martins e Durval Aires.
Durante sua formação, o grupo CLÃ 
recebeu influência direta da geração de 
1930, de certa forma antecipando-se à 
produção literária de escritores que 
apareceriam com a geração de 45. 
Podemos observar que, na ficção, o 
grupo se afinou mais com as carac-
terísticas temáticas e estilísticas de 
30 e, na poesia, com a estética de 45. 
A geração cearense reunida em torno 
do grupo CLÃ surgiu quando o Moder-
nismo consolidava suas diretrizes, daí 
porque sua função não foi tanto de re-
novação, mas de afirmação de valo-
res já vigentes em seu tempo. 
Sem preocupação de renovação es-
tética ou manifestações de protesto à 
geração anterior, o CLÃ procurou enfa-
tizar uma integração entre a arte e a vida, 
consolidando de forma definitiva a 
implantação do Modernismo no Ceará, 
conforme nos afirma Sânzio de Azevedo. 
SABATINA BOLACHINHAS
CURSO literatura cearense 119
expressões formais, vigiando a emoção 
por um esforço de objetivismo e inte-
lectualismo. Essa característica não se 
restringe aos elementos da geração de 45, 
mas se revela, também, entre os poetas 
da geração anterior, a exemplo de Carlos 
Drummond de Andrade, Cassiano Ricardo 
e Jorge de Lima. Abrir caminho para o re-
encontro com a essência, possibilitando a 
transmissão de uma mensagem de sólido 
humanismo ao leitor, constitui o compro-
misso do escritor com seu espaço vital. 
Os poetas do CLÃ procuram fugir à ideia 
da desumanização, à ideia do homem exilado 
no interiorde uma solidão coletiva, perdido 
entre semelhantes, afastado pelo individualis-
mo da concorrência pela vida, principalmente 
nas grandes cidades. Entre os poetas do gru-
po, o único a cultivar o soneto, na linha apu-
rada dos neoclássicos, foi o escritor Otacílio 
Colares. Por sua formação humanista, conti-
nuou a assumir as normas fixas do verso, com 
grande segurança, registrando, de modo sen-
sível, sua realidade interior, sem limitar as pos-
sibilidades expressivas do poema. Toda sua 
produção poética é de um lirismo fortemente 
marcado pela confidência, pela plenitude dos 
sentidos, pela visão familiar do mundo. 
De acordo com o livro Poesia cearense 
e realidade atual do escritor Pedro Lyra, a 
primeira fase de Otacílio Colares como po-
eta, contém vinte sonetos líricos, quase to-
dos de amor, oscilando entre a serenidade 
do “Soneto em tons menores” e a exalta-
ção do “Estudo em nu”, sintetizadas essas 
atitudes no ideal amoroso do belo “Soneto 
de Nove de Outubro”: 
Vai longe o tempo? Nem sei bem, só vejo
que, quanto mais e mais se faz distante
a hora do amor nascente, mais desejo
estar junto de ti, amigo e amante.
Otacílio continuou a escrever seus belos 
sonetos, compondo o que chamou de “Co-
roa de Sonetos”. Isso aconteceu no número 
26 da revista, sendo antecedido por uma 
análise crítica do professor, historiador e 
crítico literário Sânzio de Azevedo. 
Antônio Girão Barroso destacou-se 
como autêntico líder dos empreendimen-
tos levados a efeito no Ceará, em favor das 
letras e das artes. Sua participação ativa 
no I Congresso Cearense de Escritores e na 
publicação da Revista Clã evidencia o es-
critor voltado para as renovações que se 
processavam no mundo artístico. É um dos 
autores, de Os hóspedes, obra que reuniria 
Artur Eduardo Benevides, Aluízio Medeiros 
e Otacílio Colares.
Segundo Pedro Lyra, a escassa poe-
sia de Antônio Girão Barroso é o legado 
cearense mais identificado com o mo-
vimento renovador de 22, apesar da de-
fasagem sofrida: seu livro de estreia é de 
1938, quando o Modernismo já superara a 
fase localista e consolidava a reconstrução 
empreendida pela geração de 30. Sua lin-
guagem se apresenta como literatização 
da linguagem popular, de expressões 
coloquiais, singularizando-se por constru-
ções como as que transcrevemos de seu 
livro Alguns poemas, publicado em 1938: 
“O trem passa pinicando sordades”
“Vem danado pra chegá”
“Um bando de colegiais tão fazendo 
sururu na rua”
“Minha noiva foi simbora”
Em todos esses casos, observamos uma 
fixação do autor à tradição oral do portu-
guês do Brasil, através da incorporação 
dos vulgarismos mais usuais à lingua-
gem literária, procurando sintonizar a 
5.
O GRUPO CLÃ 
EM VERSOS
Como as árvores, que já andam 
carregadas de frutos, os meus bolsos 
estão carregados de poemas.
Antônio Girão Barroso, 
em “O poeta” (1950)
mesmo Sânzio, em sua Lite-
ratura Cearense, conta que 
“essa agremiação surgiu, 
portanto, quando já havia 
passado a fase primitivista 
do Modernismo e os poe-
tas entravam em outra fase 
chamada por alguns de 
construtivista. Despontava, 
portanto, a geração de 45, quando o CLÃ, já 
com alguns livros publicados, começou a pro-
jetar-se”, o que é ratificado pelo depoimento 
do poeta Antônio Girão Barroso:
Depois, muito tempo depois, falou-se 
numa geração de 45. Se ela existiu, se-
gundo os justos desejos de um Lêdo Ivo 
e de Domingos Carvalho da Silva, não 
soubemos na época, o que não deixa de 
ser lamentável. A verdade é que, pelo me-
nos alguns de nós – estreados em livro na 
década de 30 ou um pouco depois de 40 
– funcionamos aqui como uma espécie 
de ponte entre o modernismo e algo que 
talvez só esteja surgindo agora. 
Essa geração representa uma volta da 
poesia à sua depuração formal e à res-
tauração de certos gêneros fixos como o 
soneto e a ode. Existe uma certa preocu-
pação no sentido de selecionar temas e 
120 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
Muitos são os poemas sobre Fortaleza, 
exaltando as jangadas, a praia de 
Iracema, os bairros, as serestas, os 
mistérios da noite [...] Até mesmo 
artistas plásticos, como Antônio 
Bandeira, escreveram seus poemas 
sobre Fortaleza na revista [Clã]. 
(Moraes, revista Clã., 2008)
prática poética com o gosto popular. 
A sátira é um dos pontos fortes de sua po-
ética: satiriza o versejar empolado e o tom 
oratório de alguns poetas com suas frases 
de efeito e expressões bombásticas. Esse 
tributo a 22 se manifesta claramente na afi-
nidade de Antônio Girão Barroso com Ma-
nuel Bandeira – o poema “Estação de ferro” 
é uma paródia do famoso “Trem de ferro”.
Sânzio de Azevedo afirma sobre Barroso: 
“começou ainda influenciado pelo poema-
-piada dos primeiros tempos do Modernis-
mo; depois, evoluiu para os versos livres lon-
gos, novos, mas com uma cosmovisão mais 
ou menos romântica”. (MORAES, 2008, p.30)
Aluízio Medeiros, apesar de ter partici-
pado de antologias do conto, não se destaca 
exatamente por sua condição de contista, 
mas de poeta. Trata-se de um escritor essen-
cialmente lírico, de uma extraordinária fineza 
e de pura expressão artística. Seu lirismo está 
ligado à vida cotidiana e suas manifestações, 
daí o porquê da insistência da temática so-
cial em seus versos. Não sucumbiu às ideias 
de um lirismo decadente e sem perspecti-
va, antes fixou-se na realidade circundante 
como motivação de sua criatividade literária.
Seu livro de poemas Os objetos coloca o 
autor em posição singular dentro do grupo. 
Aprofunda-se em pesquisas de temática fe-
nomenológica, chegando, algumas vezes, 
ao hermetismo profundo. Assume posi-
ção de vanguarda na Literatura Cearense, 
sem, contudo, desligar-se de suas contin-
gências culturais. No primeiro poema do re-
ferido livro, o autor procura tornar explícitos 
seus procedimentos poéticos, procurando 
efetuar uma decifragem do homem:
Poderia dizer que sou um Deus;
que as estrelas aureolam a minha 
cabeça imaginativa;
que a todo instante posso criar
tantos mundos ao sabor 
dos meus desejos.
Mas sou, como os outros, telúrico 
e humano,
uso o silêncio de galocha, grito,
trabalho e sinto fome, oceânico e lúbrico,
ando com a barba por fazer.
Do grupo dos poetas do CLÃ, Aluízio foi 
o que chegou mais perto da estética mo-
derna, tanto no que se refere à conteudísti-
ca, quanto à parte formal. 
Artur Eduardo Benevides tem vasta 
obra publicada e premiada, quase toda no 
âmbito da poesia, embora tenha escrito en-
saios. Benevides se classifica como um po-
eta “essencialista”, que percebe a poesia 
como “algo de substancial, universal, subjeti-
vo e intemporal, uma atitude de espírito, um 
valor supremo”. Seus poemas refletem acen-
tuada influência do poeta Augusto Frederico 
Schmidt e do simbolismo de Mallarmé. 
Por que não jazermos o que nos 
torna plenos?
Por que não realizarmos o que
mais amamos?
Por que sermos indigentes de nós mesmos
e sentirmos a penúria da
alma despojada de seus próprios sonhos?
Observamos que os poetas do CLÃ re-
velaram-se abertos a várias tendências po-
éticas: ora continuaram a apresentar um 
lirismo clássico com características ne-
oparnasianas e simbolistas, através da 
versificação em forma de soneto – como é 
o caso do escritor Otacílio Colares –, ora 
viajaram em voos metafísicos e trans-
cendentes, como na poesia de Artur Edu-
ardo Benevides. Também expressaram-
-se de forma mais popular, próxima à 
oralidade, com Antônio Girão Barroso e, 
por vezes, ousaram romper com a tradição 
acadêmica, instaurando novos procedi-
mentos temáticos e escriturais, como no 
poema de Aluízio Medeiros.
Hermetismo
Saber oculto, 
esotérico, reservado a 
poucos; aquilo que é 
difícil de compreender 
e/ou interpretar.
SABATINA
CURSO literatura cearense 121
SABATINAO mais representativo romancista do grupo CLÃ é, sem dúvida o escritor Fran Mar-
tins, o diretor perpétuo da revista Clã, pela 
natural liderança que possuía nos meios inte-
lectuais brasileiros. A sua importância para a 
longeva duração do movimento era tanta, queArtur Eduardo Benevides dizia “o Clã é Fran”.
No romance Dois de ouros (1966), que 
versa sobre uma perseguição da polícia a 
um cangaceiro, o autor desce às profunde-
zas de uma consciência desesperada, ofe-
recendo-nos um dos mais autênticos tipos 
da moderna ficção brasileira. Na opinião de 
Moreira Campos, é a mais amadurecida e 
equilibrada obra literária de Fran Martins. O 
repisar dos mesmos sentimentos, das mes-
mas memórias, formando uma “narrativa 
circular”, constitui outro procedimento lite-
rário a que o autor recorre continuamente. 
E por falar em Moreira Campos, é ele o 
mais notável contista do grupo.
Os críticos consideram que a prosa de fic-
ção caracteriza mais a rigor a geração do gru-
po CLÃ do que a poesia, merecendo alguns 
contistas citações em várias antologias de 
contos brasileiros. Moreira, em seu livro de 
estreia, Vidas marginais (1949), caracteriza-se 
por conter uma notável dose de sentimento 
humano, sem fazer literatura engajada, preo-
cupa-se em criar um conto novo, que não se 
resuma numa só leitura, mas que convoque 
o leitor para um processo de recriação da 
obra. Em Puxador de terço (1969), a lingua-
gem é, sem dúvida, o elemento de maior sig-
nificação da obra: límpida, correta, espontâ-
nea, em períodos curtos e incisivos.
Merecem destaque outros escritores: 
Milton Dias, por excelência, na crônica 
(Cunhãs e Ilha do homem só), Lúcia Mar-
tins (Nada de novo sob o sol), João Clí-
maco Bezerra – no conto, no romance e 
também na novela (Não há estrelas no céu, 
Longa é a noite, A vinha dos esquecidos). 
Na crítica literária, Braga Montenegro é a 
maior referência, acompanhado de Mozart 
Soriano Aderaldo e José Stênio Lopes. 
Fran Martins assumiu a presidência 
da Associação Brasileira de Escritores 
seção Ceará. Uma de suas primeiras 
ações foi criar uma editora-distribuidora 
denominada “edições CLÔ, cujo 
livro inaugural seria uma plaqueta 
intitulada Três discursos, de autoria de 
Mário Sobreira de Andrade, Eduardo 
Campos e Antônio Girão Barroso.
O teatro seria devidamente contem-
plado pelo teatrólogo, contista e folclo-
rista Eduardo Campos (1923-2007), que 
escreveu e encenou o “Morro do Ouro”, 
na qual retrata as dificuldades da vida 
dos habitantes de uma favela nordestina. 
Obra premiada em Barcelona. “A rosa do 
lagamar”, “O demônio e a rosa” e muitas 
outras peças obtiveram sucesso. 
O autodidata Braga Montenegro, nascido 
em Maranguape, iniciou-se nas letras 
no Amazonas, sob o pseudônimo “Léo 
Silva”, como nos informa Sânzio de 
Azevedo, que também o considera um 
dos expoentes da crítica literária 
brasileira, tendo colaborado, entre 
outros, com o suplemento literário d’O 
Estado de S. Paulo. Embora seja mais 
citado como crítico, seu livro de estreia, 
Uma chama ao vento, é de contos, 
ganhador do Prêmio Aequitas (1945) 
e Prêmio Afonso Arinos da Academia 
Brasileira de Letras (1947). Edigar de 
Alencar o considera parte, juntamente 
com Rocha Lima e Araripe Jr., 
da tríade maior da crítica.
6.
O CLÃ TODO 
PROSA 
“Clã não é, apenas, uma revista de 
literatura. É, antes, uma revista de 
todo o Ceará mental. Aqui, na medida 
do possível, recolheremos o trabalho 
dos nossos homens de letras e de 
pensamento, pois a pretensão que 
nos anima é sermos porta de saída da 
melhor produção intelectual da gente 
cearense, de tal modo que ela possa 
aparecer lá fora, nítida na sua pureza, 
numa demonstração convincente de que 
a gloriosa província de Alencar continua 
a viver, a se agitar, na procura sempre 
insatisfeita de rumos novos para a cultura 
brasileira”. (Revista Clã, nº Zero, 1946)
destaque dos romancistas 
do CLÃ revelou-se, antes de 
tudo, na tendência de fun-
dir e conciliar o universa-
lismo e o regionalismo: a 
valorização da cultura bra-
sileira – nossa terra, nossa 
gente –, uma grande dose 
de nativismo, a abordagem 
de temas folclóricos, o estudo da fala popular 
etc. Importante destacar que os regionalis-
tas nordestinos diferem bastante uns dos 
outros, quanto ao estilo e à multiplicidade de 
suas experiências e suas áreas de origem.
Iremos perceber que os escritores do 
CLÃ ainda baseiam sua obra na estrutura-
ção tradicional do romance e a sua lingua-
gem, também distinta, é pessoal, social, 
portadora da história da sociedade, suas 
regras e suas crenças.
MALACA 
CHETAS
122 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
SABATINA
O autodidata pintor Otacílio de 
Azevedo era também poeta e foi 
membro da Academia Cearense de 
Letras. Sua obra é composta de livros 
de poesia e de um livro de crônicas, 
Fortaleza Descalça, referência nos 
estudos historiográficos no estado. É 
pai do poeta, historiador e pesquisador 
Sânzio de Azevedo, do astrônomo, 
quadrinista, pintor e escritor Rubens 
de Azevedo e do historiador, 
musicólogo e colecionista Miguel 
Ângelo de Azevedo, o “Nirez”.
CONFEITOS
7.
DOS LIVROS 
PARA OS ATELIÊS 
E ESTÚDIOS 
DE FOTOGRAFIA
Descobrimos todo um inquieto número 
de pintores e desenhistas que se escondia 
numa suja e pequena sala do último andar 
de um velho prédio ali da Praça do Ferreira. 
Mas que embora escondido, trabalhava sem 
interrupção. Aos pintores nos juntamos. Eles 
vieram também para o Congresso [de Poesia].
Aluízio Medeiros, em Crítica 2ª série (1946-1948).
té aqui abordamos sobre os 
escritores do grupo CLÃ e da 
revista homônima. Como já 
sabemos, os escritores do 
CLÃ tinham uma relação 
muito próxima com os artis-
tas plásticos da época, daí 
nos preocuparmos em tra-
tar um pouco das ações em 
conjunto desenvolvidas por esses dois gru-
pos: o CLÃ e a Scap. 
O início das atividades da Sociedade 
Cearense de Artes Plásticas (Scap) data 
do ano de 1944. No entanto, consideramos 
necessário discorrer sobre o movimento 
artístico que antecede à sua criação, pois a 
sociabilidade entre os artistas plásticos e os 
intelectuais da literatura já era vivenciada 
nos anos e nas décadas anteriores. Nesse 
contexto, destacamos a importância dos 
estúdios de fotografia e dos ateliês. 
Barbosa Leite (1920 – 1996) foi 
desenhista, pintor, escritor e um dos 
fundadores do Centro Cultural de Belas 
Artes (CCBA), em 1941, e da Sociedade 
Cearense de Artes Plásticas (Scap), 
em 1944. Escreveu o livro Esquema da 
pintura no Ceará em 1949. Participou 
e foi premiado em diversas edições 
do Salão de Abril, em Fortaleza 
(MONTEZUMA, 2003, p.21).
Barrica (1908 – 1993) foi desenhista, 
pintor e ceramista. Iniciou nas artes 
plásticas nos anos de 1920, tendo 
aulas de pintura com Gérson Faria. Foi 
também um dos fundadores do CCBA 
e da SCAP. Em Fortaleza, participou 
e foi premiado em diversas edições 
do Salão de Abril. Inaugurou, com 
uma mostra individual, o Centro de 
Artes Visuais Casa Raimundo Cela, 
em 1967. No cenário nacional, figurou 
em exposições de outras regiões do 
Brasil, especialmente em galerias 
de São Paulo e do Rio de Janeiro 
(MONTEZUMA, 2003, p.21).
Os estúdios de fotografia surgidos na 
segunda metade do século XIX, mas prolife-
rados nas primeiras décadas do século XX, 
foram espaços de aprendizagem e de atua-
ção profissional dos pintores de Fortaleza, 
em razão da crescente prática da técnica 
do retratismo (PONTE, 2014). Entre esses 
estúdios, mencionamos o Foto Walter e o 
Photo Ribeiro, pertencentes, respectiva-
mente, a Walter Severiano e a J. Ribeiro, 
onde predominavam a tradição dos retratos 
a óleo ou a crayon (MARQUES, 2007, p.38-
39). Os artistas cearenses Barbosa Leite e 
Clidenor Capibaribe, o "Barrica", traba-
lharam nesses estúdios de fotografia. 
Para saber mais sobre a história do 
Minimuseu Firmeza, legado do artistas 
Estrigas e Nice Firmeza, conhecer o seu 
acervo e as suas salas de exposições, 
confira: minimuseufirmeza.org
BOLACHINHAS
CURSO literatura cearense 123
SABATINA
MALACA
CHETAS
Estrigas (1919 – 2014) foi artista 
plástico e memorialista das artes 
plásticas no Ceará. Iniciou nas artes 
plásticas como aluno do Curso livre 
de Desenho da Scap, em 1950. Além 
de ter participado em diversos salões 
e mostrasde arte, deu importante 
contribuição ao publicar diversas 
obras sobre a história e a memória 
das artes cearenses. Juntamente com 
sua esposa, a artista Nice Firmeza, 
criaram o Minimuseu Firmeza, em 1969. 
Deste então, o Minimuseu abriga um 
importante acervo e documentação 
sobre as artes plásticas no Ceará. 
(MONTEZUMA, 2003, p.34).
O carioca Mário Baratta (1914 – 
1983) mudou-se para Fortaleza em 
1932 quando ainda era estudante de 
Direito. Aproximou-se dos grupos de 
artistas plásticos e intelectuais da 
literatura, tendo exercido papel de 
liderança na criação do CCBA e da 
Scap. Como artista, figurou em diversas 
mostras e salões de arte de Fortaleza, 
especialmente o Salão de Abril 
(MONTEZUMA, 2003, p.71)
Estrigas menciona, no fragmento ao 
lado, o Salon Regional como a primeira 
mostra de arte com maior expressão 
em Fortaleza. Dos cinco artistas exposi-
tores, a maioria frequentava o Ateliê de 
Clóvis Costa. Este foi um espaço de apren-
dizado, no qual os artistas produziam suas 
obras e as submetiam à apreciação e co-
mentários dos outros frequentadores. Em 
sua maioria, reuniam-se no mencionado 
ateliê, os artistas e escritores: Rubens de 
Azevedo, Otacílio de Azevedo, Gérson Fa-
ria, Pretextato Bezerra (o “TX”), Barrica e 
Milton Rodrigues. O grupo se reunia, geral-
mente, aos domingos para praticar e deba-
ter sobre arte. Recebiam visitas de outros 
artistas já estabelecidos, entre eles, Rai-
mundo Cela (AZEVEDO, 1996, p.141-143). 
Segundo Rubens de Azevedo, na obra 
Memórias de um caçador de estrelas, outro 
ateliê importante foi o de Delfino Silva, 
que funcionou no decorrer dos anos de 
1930 ao início da década de 1940. 
Antes da criação de espaços mais específi-
cos para exposições de artes, os artistas fa-
ziam uso das vitrines das lojas para expor 
seus trabalhos (ESTRIGAS, 2009, p.23).
Devido à atuação dos pintores nos estú-
dios, estes foram incentivados a organizar 
exposições com os seus trabalhos.
Dessas mostras, ao que parece, a primeira a 
realizar-se com maior grau de interesse e ex-
pressão foi a que se denominou Salon Re-
gional, de 1924, da qual participaram cinco 
artistas: Otacílio de Azevedo, Clóvis Costa, 
Walter Severiano, J. Queiroz e Eme Guilher-
me. Teve como local a foto Walter, na rua Ba-
rão do Rio Branco, de propriedade de Walter 
Severiano, e ali estiveram expostos mais de 
cinquenta trabalhos. (ESTRIGAS, 2009, p. 23) 
Acreditamos que esse movimento, em 
torno dos estúdios de fotografia e dos ate-
liês, tenha contribuído para a estrutura-
ção do campo das artes plásticas no Cea-
rá. Desse modo, no ano de 1941, foi criado 
o Centro Cultural de Belas Artes (CCBA). 
Vários nomes da história das artes plásticas 
estiveram envolvidos com a sua fundação, 
entre eles: Gérson Faria, Barrica, Barbosa Lei-
te, Afonso Bruno, Raimundo Campos, Otacílio 
de Azevedo, Rubens de Azevedo (LEITE, 1949, 
p.8). Contudo, Mário Baratta foi um dos 
principais responsáveis pela iniciativa 
em se criar o CCBA (ESTRIGAS, 2004, p.21).
124 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
SABATINA BOLACHINHAS
8.
A SOCIEDADE 
CEARENSE 
DE ARTES 
PLÁSTICAS (SCAP)
A 27 de agosto de 1944, funda-se a Scap, 
que representou a mais forte contribuição 
ao nosso desenvolvimento artístico. A 
Scap mantinha uma Escola de Arte da qual 
fizemos parte, lecionando perspectiva de 
anatomia. Ensinara nela os escultores Honor 
e Angélica Torres, formados pela Academia 
de Belas Artes do Rio de Janeiro, Chabloz, 
Mário Baratta e outros. Os intelectuais da 
terra aderiram e podiam lá ser vistos, como 
os escritores Artur Eduardo Benevides, 
Otacílio Colares, Mozart Soriano Aderaldo, 
João Clímaco Bezerra, Eduardo Campos, 
Aluízio Medeiros, Antônio Girão Barroso e 
Fran Martins. (AZEVEDO, 1996, p. 148)
citação acima é bastante elu-
cidativa no que diz respeito 
ao estreitamento das re-
lações entre artistas plás-
ticos e escritores, através 
da formação da Scap. Os es-
critores mencionados, como 
você já deve ter percebido, 
faziam parte do CLÃ, cuja tra-
jetória já foi destacada neste 
fascículo. De acordo com o Diário Oficial do 
Estado do Ceará, de 6 de dezembro de 1944, 
as principais finalidades da Scap, segundo 
os seus estatutos, foram: (1) Realização perió-
dica de Salões de artes plásticas; (2) Manter 
uma Galeria de arte; (3) Concursos de moti-
vos e (4) Criação de uma Escola de arte. 
Os estatutos da Scap também indica-
vam como funcionaria a associação, a sua 
composição hierárquica, as funções entre 
os membros associados, sendo que “a co-
missão elaboradora dos estatutos foi com-
posta por: Raimundo Cela, Mário Baratta, 
Raimundo Vieira Cunha, Melo Machado e 
Fran Martins” (SILVA, 2015, p.52).
Entre as principais atividades desenvol-
vidas pela Scap, mencionamos o tradicional 
Salão de Abril de Fortaleza. Entre os anos 
de 1946 e 1958 a entidade realizou, anual-
mente, o Salão. Por se tratar de uma mostra 
competitiva, em cada edição alguns artistas 
eram premiados e recebiam menções hon-
rosas da comissão julgadora, formada, majo-
ritariamente, por membros da própria Scap. 
O artista visual e pesquisador Roberto 
Galvão em A escola invisível: artes plásticas 
em Fortaleza (1928 – 1958) analisa a Scap 
como uma escola (invisível) para os artistas, 
pois não havia em Fortaleza nenhuma es-
cola formal de arte no período. Nesse sen-
tido, as atividades desenvolvidas pela Scap 
proporcionaram uma formação em arte. 
A primeira edição do Salão de Abril 
foi realizada pela Secretaria de Arte da 
União Estadual dos Estudantes (UEE), 
em 1943. Em seguida, houve o primeiro 
intervalo na história do Salão. Entre 1946 
e 1958, a Scap realizou o Salão. Após 
um segundo intervalo em sua história, o 
Salão de Abril ressurge no cenário artístico 
de Fortaleza em 1964, passando a ser 
de responsabilidade da Prefeitura de 
Fortaleza a sua realização. Quem estiver 
interessado em conhecer mais sobre a 
história do Salão de Abril, confira: O Salão 
de Abril em dois momentos: Sociedade 
Cearense de Artes Plásticas e Prefeitura 
Municipal de Fortaleza (1944-1970), de 
SILVA, Anderson de Sousa, dissertação 
(mestrado em História), pela Universidade 
Federal do Ceará, Fortaleza, 2015, em 
nossa Biblioteca Virtual do AVA.
A seguir, destacamos, a partir de matérias 
de jornais, algumas iniciativas da Scap em 
relação à organização de escolas e cursos de 
arte, especificamente em 1955 e 1956:
O Correio do Ceará, em 29 de janeiro 
de 1955, trata do Curso Livre de Desenho 
e Pintura da Scap, realizado no início da 
década de 1950. Esse curso revelou impor-
tantes nomes da história das artes plásticas 
cearenses, como Estrigas, Heloísa Juaçaba 
e Nice Firmeza (SILVA, 2015, p. 67). A mesma 
matéria destaca que este curso passou a ser 
chamado, anos depois, de Curso de Dese-
nho e Pintura Vicente Leite e, em seguida, 
de Escola de Belas Artes do Ceará (Ebac). 
O Gazeta de Notícias, de 6 de maio de 
1956, divulgou que a Escola de Belas Artes 
do Ceará (Ebac) ofertava um curso de arte 
com extensa grade curricular e nomeava 
seus professores: Francisco Matos (Desenho 
Artístico), Angélica Torres (Modelagem), Car-
los Ribeiro Pamplona (Anatomia e Fisiologia 
Artística), José Eduardo Pamplona (Geome-
tria Descritiva), Roberto Vilar (Arquitetura 
Analítica), J. Leopoldino (Perspectiva), Mário 
Baratta (Pintura), Honor Torres (Escultura). A 
Ebac tencionava ainda acrescentar História 
da Arte, que seria ministrada por Araken Car-
neiro; Estética, por Artur Eduardo Benevides; 
Psicologia aplicada, por João Vasconcelos 
César; Filosofia da Arte, por Lauro Oliveira, e 
Didática, por Hipólito Oliveira. 
O Salão de Abril, em sua trajetória, passou 
por algumas mudanças e permanece 
vivo até os dias atuais. Configura-se como 
uma das mais importantes mostras de 
artes visuais do país, sendo que neste ano 
(2020) ocorrerá sua 71º edição. A Prefeitura 
de Fortaleza alimenta um site, no qual 
estão disponíveis a maioria dos catálogos 
das edições do Salão de Abril, entre outras 
informaçõesacerca da tradicional mostra 
de arte. Confira: salaodeabril.com.br.
CURSO literatura cearense 125
9.
A CRÍTICA 
DE ARTE NA CLÃ
Acho que o ponto alto da Clã, no tocante às 
artes plásticas, foi a possibilidade de registrar, 
com muito zelo, eventos importantes das 
nossas artes, principalmente o movimento 
conhecido como escapiano de artistas 
integrantes da Scap.
Descartes Gadelha, para Clã: 
revista de cultura, 2008.
os primeiros tópicos des-
te fascículo, o(a) cursista 
teve acesso a um pouco 
da história do grupo CLÃ 
e da sua revista com ên-
fase na produção de pro-
sa, poesia e teatro desses 
escritores. Entretanto, a 
Clã era uma revista de 
cultura, como anunciava, e seus redato-
res tratavam de diversas linguagens. Aqui, 
nos deteremos a algumas contribuições 
para as artes plásticas cearenses, enten-
dendo ser notória a parceria entre os 
escritores do CLÃ e os artistas da Scap 
que, inclusive, ilustravam o periódico.
Nas suas primeiras edições, os textos 
sobre artes plásticas encontravam-se na 
seção denominada “Artes Plásticas”. Em ou-
tras edições, na seção denominada “Vento 
Sul, Vento Norte...” e/ou no “Caderno de Ar-
tes Plásticas” (SILVA, 2015, p.68). 
É tão estranha a força que caracteriza as 
obras de BARRICA que, se não o tivésse-
mos acompanhado na evolução porque 
acaba de passar, difícil nos seria acredi-
tar que o autor de certo quadro de nossa 
coleção, - de época mais remota, fosse o 
mesmo que, hoje, assina “Vila suburbana”, 
menção honrosa no Salão de Abril 1947, 
“Casebres”, da Coleção do Dr. Aderbal 
Freire e outros mais que se encontram na 
posse de colecionadores como o Dr. Jonas 
de Miranda e o Sr. Alcides Santos. Como 
pintor, consideramos Barrica o maior no 
Ceará, dentro da escola para a qual se in-
clinou, a expressionista. (Barbosa Leite. 
Clidenor Capibaribe – Barrica. Revista 
Clã, n. 4, agosto de 1948, p. 101 e 102).
O fragmento acima é um bom exemplo 
do formato dos textos que eram escritos 
sobre os artistas plásticos. Nesse sentido, 
defendemos a ideia de que a revista Clã con-
tribuiu para a formação de um campo 
para a crítica de arte no Ceará. A trajetória 
dos artistas era acompanhada por esses in-
telectuais do CLÃ, que pontuavam a “evolu-
ção” do artista. Também era uma forma de 
divulgar as obras expostas no Salão de Abril, 
assim como a prática do colecionismo. 
“Barrica” não estudou pintura, não frequen-
tou cursos de desenho. Nisto aliás não leva 
vantagem a qualquer outro dos nossos pinto-
res ora em evidência, esses jovens que come-
çaram a aparecer nos Salões de Abril, desde 
Antônio Bandeira a Aldemir Martins, desde 
Carmélio a Barbosa Leite. A atual geração de 
pintores do Ceará, para honra sua e sua gló-
ria maior no futuro, não fez pintura porque 
o papai quis e a mamãe achou interessante. 
Foi para pintura por tendência e seu primeiro 
contato com a arte caracterizou-se logo pelo 
manejo do pincel e o uso das tintas. A pintura 
para eles foi fenômeno que se verificou de fora 
para dentro, se assim podemos dizer. (Otacílio 
Colares. Considerações em torno de Barrica. 
Revista Clã, n. 7, fevereiro de 1949, p. 143).
O nome de Barrica apareceu mais uma 
vez, agora num texto de autoria do escritor 
Otacílio Colares. Percebemos o formato 
semelhante ao do texto de Barbosa Leite 
destacado anteriormente. A crítica de arte 
na Clã apontava elementos como o autodi-
datismo, a visibilidade a partir do Salão de 
Abril, além de atribuir certa aura de “heroís-
mo”, dando a entender que, de algum modo, 
os artistas estavam “predestinados” a per-
tencerem e se firmarem no campo da arte.
BOLACHINHAS
O artista Barbosa Leite, além de cola-
borar na escrita da Revista Clã, também 
publicou um livro pelo selo Edições Clã, 
Esquema da pintura no Ceará, lançado na 
quinta edição do Salão de Abril, em 1949.
126 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
10.
FECHANDO 
A REVISTA
alar da Scap como um dos capítu-
los que compõem a historiografia 
da Literatura Cearense é reconhe-
cer que as linguagens artísticas 
trabalham mais próximas do que 
distantes umas das outras e isso 
vem a contribuir com o fortaleci-
mento da arte, dos artistas e, no 
âmbito geral, da cultura. 
A Revista Clã é um bom exemplo, como vi-
mos. Os escritores tinham a oportunidade de 
apresentar seus trabalhos no campo da lite-
ratura e, em paralelo, também atuavam como 
críticos de arte através dos textos que divul-
gavam, além de promover nossos artistas e 
refletir sobre a sua trajetória e renovação. 
O poeta Francisco Carvalho, na revista Clã 
de nº 30 – na verdade, uma homenagem ao 
grupo CLÃ realizada em 2008 –, nos diz: “Não 
há exagero em afirmar que o grupo CLÃ revi-
talizou gradativamente o status da produção 
intelectual no Ceará, ao longo das últimas 
cinco décadas do século XX. [...] na esteira de 
suas realizações e iniciativas, foi abrindo ca-
minho para o acesso das novas gerações, se-
dentas de espaço e de liberdade para as suas 
criações nos domínios das letras e das artes”. 
Assim, para encerrar o nosso módulo, 
propomos as seguintes reflexões e questio-
namentos: quais são os intelectuais que es-
crevem sobre arte no Ceará, atualmente? Isso 
vale também para você, em qualquer outro 
estado do país. E como se configura o diálogo 
e as fronteiras entre a literatura e as artes vi-
suais na produção artística contemporânea? 
No próximo módulo, fique de olhos bem 
abertos: literatura em encruzilhadas!
REFERÊNCIAS 
ALENCAR, Edigar de. Variações em tom 
menor: letras cearenses. Fortaleza: edições 
UFC/Proed, 1984.
AZEVEDO, Sânzio de. Literatura Cearense. 
Fortaleza: ACL, 1976.
AZEVEDO, Rubens de. Memórias de um 
caçador de estrelas. Fortaleza: Editora 
UFC, 1996. 
ESTRIGAS. Nilo Firmeza. Arte Ceará: Mário 
Baratta: o líder da renovação. Fortaleza: 
Secult-CE (Museu do Ceará), 2004. 
______________. O Salão de Abril: 1943 
– 2009. 2° Edição. Fortaleza: La Barca 
Editora, 2009.
LEITE, Barbosa. Esquema da pintura no 
Ceará. Fortaleza: Edições CLÃ, 1949.
LIMA, Roberto Galvão. A Escola Invisível: 
Artes Plásticas em Fortaleza 1928 – 1958. 
Fortaleza: Quadricolor Editora, 2008.
MARQUES, Kadma. Autonomização do 
campo artístico e singularização da 
experiência estética: A instituição do lugar 
social da arte e do artista em Fortaleza. In: 
Revista de Ciências Sociais (Universidade 
Federal do Ceará), vol. 38, n. 1. Fortaleza, 2007. 
MEDEIROS, Aluízio. Crítica 2ª série (1946-
1948). Fortaleza: Edições Clã, 1956.
MONTEZUMA, Luciano. Dicionário de artes 
plásticas do Ceará. Fortaleza: Centro 
Cultural Oboé, 2003. 
MORAES, Vera Lúcia A. de. Clã: trajetórias 
do modernismo em revista. Fortaleza: 
Edições Demócrito Rocha, 2004.
MORAES, V.L.A de; GUTIERREZ, A. e 
REMÍGIO, A. (org) Clã: revista de cultura 
– homenagem aos 6º anos. Fortaleza: 
Imprensa Universitária do Ceará – UFC.
PONTE. Sebastião Rogério. Fortaleza 
Belle Époque: reforma urbana e controle 
social 1860-1930. 5. ed. Fortaleza: Edições 
Demócrito Rocha, 2014.
SILVA. Anderson de Sousa. O Salão de 
Abril em dois momentos: Sociedade 
Cearense de Artes Plásticas (SCAP) e 
Prefeitura Municipal de Fortaleza (1944-
1970). 2015. Dissertação (Mestrado em 
História). Universidade Federal do Ceará, 
Fortaleza, 2015.
CURSO literatura cearense 127
Realização
Apoio
Patrocínio
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR)
João Dummar Neto Presidente
André Avelino de Azevedo Diretor Administrativo-Financeiro
Marcos Tardin Gerente Geral
Raymundo Netto Gerente Editorial e de Projetos
Aurelino Freitas, Emanuela Fernandes 
e Fabrícia Góis Analistas de Projetos
UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE)
Viviane Pereira Gerente Pedagógica
Marisa Ferreira Coordenadora de Cursos
Joel Bruno Designer Educacional
CURSO LITERATURA CEARENSE
Raymundo Netto Coordenador Geral, 
Editorial e Estabelecimento de Texto
Lílian Martins Coordenadora de Conteúdo
Emanuela Fernandes Assistente Editorial
Amaurício Cortez Editor de Design e Projeto Gráfico
Miqueias Mesquita Diagramador
Carlus Campos Ilustrador
LuísaDuavy Produtora
ISBN: 978-65-86094-22-0 (Coleção)
ISBN: 978-65-86094-19-0 (Fascículo 8)
Este curso é parte integrante do programa 
Circuito de Artes e Juventudes 2019, Pronac nº 190198, 
processo nº 01400.000464/2019-94, em parceria com a 
Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania.
Todos os direitos desta edição reservados à:
Fundação Demócrito Rocha
Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora 
CEP: 60.055-402 - Fortaleza-Ceará 
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AUTORES
Vera Lúcia Albuquerque de Moraes 
É graduada em Letras pela Universidade Federal do 
Ceará (UFC), com mestrado em Letras (Ciência da 
Literatura) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro 
(UFRJ), doutorado em Sociologia pela Universidade 
Federal do Ceará (UFC) e pós-doutorado em Literatura 
Comparada pela Universidade de São Paulo (USP). Atuou 
como professora da Universidade Federal do Ceará. É 
autora de Clã: trajetórias do modernismo em revista (EDR), 
além de outras obras de ensaios e de poemas.
Anderson Sousa
É mestre em História Social pela Universidade Federal 
do Ceará (UFC), com a dissertação sobre o Salão de 
Abril e a Sociedade Cearense de Artes Plásticas (Scap). 
Doutorando em História pela Universidade Federal 
de Pernambuco (UPFE). Atualmente, atua como 
pesquisador em projeto, desenvolvido pela Galeria 
Multiarte, sobre a História das Exposições de Arte e dos 
Espaços Expositivos de Fortaleza. É também professor 
do curso de bacharelado em Direito da Faculdade 
Princesa do Oeste (FPO), em Crateús-CE.
ILUSTRADOR
Carlus Campos 
Artista gráfico, pintor e gravador, começou a 
carreira em 1987 como ilustrador no jornal O POVO. 
Na construção do seu trabalho, aborda várias técnicas 
como: xilogravura, pintura, infogravura, aquarelas 
e desenho. Ilustrou revistas nacionais importantes 
como a Caros Amigos e a Bravo. Dentro da produção 
gráfica ganhou prêmios em salões de Recife, São Paulo, 
Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.